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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL – PPGA
AVALIAÇÃO DO CULTIVO MIXOTRÓFICO DA Spirulina
platensis (ARTHROSPIRA PLATENSIS) UTILIZANDO SORO
DE QUEIJO MOZARELLA DE BÚFALA COMO FONTE
DE CARBONO ORGÂNICO
MARIA IZABEL BATISTA PEREIRA
MACAÍBA/RN – BRASIL
AGOSTO/2017
ii
MARIA IZABEL BATISTA PEREIRA
AVALIAÇÃO DO CULTIVO MIXOTRÓFICO DA Spirulina
platensis (ARTHROSPIRA PLATENSIS) UTILIZANDO
SORO DE QUEIJO MOZZARELLA DE BÚFALA COMO
FONTE DE CARBONO ORGÂNICO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Produção Animal da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como requisito para obtenção do
título de mestre em Produção Animal.
Orientador: Prof. Dr. Adriano Henrique do
Nascimento Rangel
Co-Orientadora: Dra Bruna Maria
Emerenciano Chagas
MACAÍBA/RN – BRASIL
AGOSTO/2017
iii
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede
Pereira, Maria Izabel Batista.
Avaliação do cultivo mixotrófico da spirulina platensis (arthrospira platensis) utilizando soro de queijo mozarella de
búfala como fonte de carbono orgânico / Maria Izabel Batista Pereira. - 2017.
75 f.: il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Programa de Pós Graduação em Produção Animal. Macaíba, RN, 2017.
Orientador: Prof. Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel.
Coorientadora: Drª Bruna Maria Emerenciano Chagas.
1. Microalga - Dissertação. 2. Biomassa - Dissertação. 3. Soro
de leite - Dissertação. I. Rangel, Adriano Henrique do
Nascimento. II. Chagas, Bruna Maria Emerenciano. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 639.64
iii
MARIA IZABEL BATISTA PEREIRA
AVALIAÇÃO DO CULTIVO MIXOTRÓFICO DA Spirulina
platensis (ARTHROSPIRA PLATENSIS) UTILIZANDO
SORO DE QUEIJO MOZZARELLA DE BÚFALA COMO
FONTE DE CARBONO ORGÂNICO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós Graduação em Produção Animal da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como requisito para obtenção do
título de mestre em Produção Animal.
APROVADA EM 18/08/2017
BANCA EXAMINADORA:
______________________________________________________________
Prof. Dr. Adriano Henrique do Nascimento Rangel (UFRN)
(Orientador)
______________________________________________________________
Dra. Bruna Maria Emerenciano Chagas (UFRN)
(Co- Orientadora)
____________________________________________________________
Prof. Dr. Guilherme Fulgêncio (UFRN)
(Examinador)
________________________________________________________________
Prof. Dr. Roberto Sassi (UFPB)
(Examinador)
iv
A DEUS, Aos meus amados Pais, Manoel & Ana
e irmãos, Paulo Emanuel & Maria Estela
Dedico!
v
“O impossível só torna-se impossível, para aqueles que não
enxergam neles a possibilidade da mudança, do recomeço, do
acreditar. Acreditar sempre, até torná-lo possível”
vi
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus pela oportunidade de simplesmente existir e
por me tornar uma pessoa mais forte em momentos difíceis;
Aos meus amados pais Ana Lúcia & Manoel Pereira por sempre, sem ao
mesmo entender muitas decisões tomadas, pelo apoio, paciência, amor, carinho e
incentivo a tornar-me sempre uma pessoa de bem.
Aos meus irmãos Paulo Emanuel & Maria Estela, pelo amor incondicional.
As minhas tias Rita, Carmen e “Pequena”, pelo carinho, apoio e amor.
A família Marinho, Tia Edneuza, Andreza, Artur, Seu Lula (in memorian),
Katara e Biro, por me acolherem como filha e amiga, pelos puxões de orelha
quando necessários, por tantos momentos de alegria compartilhados, pelo amor e
carinho a mim cedida e por nunca medir esforços para comigo, serei eternamente
grata todos vocês, muito obrigado, levarei vocês em meu coração.
A Jeska e família (seu Bôsco, dona Cida, Juan, Marialdo e Maria Alice),
pelo carinho e acolhimento.
Ao meu orientador, Adriano Rangel, pela oportunidade a mim concedida,
confiança e apoio para com a pesquisa.
A Bruna Maria, minha co-orientadora, muito obrigado pelo imenso apoio,
dedicação, paciência, entusiasmo e incentivo durante todo o trabalho de
dissertação, não tenho palavras para agradecer tamanha gratidão para contigo,
imensamente obrigada Bruna.
Ao querido professor Guilherme, pelo apoio para comigo durante o período
inicial da minha pesquisa acadêmica, sempre gentil, o meu muito obrigado.
Ao professor Emerson pelo apoio durante todo o trabalho de dissertação e
disponibilidade do laboratório para a condução do experimento e análises.
Ao professor Rodrigo pelo apoio durante a execução do experimento e pela
disponibilidade do liofilizador.
Ao querido professor Roberto Sassi, pelo apoio para comigo durante todo o
período de minha pesquisa acadêmica, imensamente grata ao senhor.
As professoras Stela Urbano e Andreza Marinho, pelo apoio de sempre e por
nunca medir esforços para comigo, muito obrigada.
Ao grupo de pesquisa LABOLEITE, Stela, Emanuelle, Edine, Araina,
Joadilza, Yhêlda e Gustavo, muito obrigado por tornar os dias mais agradáveis,
vii
pelo apoio, carinho, brincadeiras e tantos momentos de descontração, muito obrigado a
todos vocês.
Aos que fazem parte do Laboratório de Nutrição Animal, Luís, Chico, Lourdes,
Jéssica, Maximila, Aninha, Joedson muito obrigada pelos momentos de descontração,
alegrias e tantos bons momentos compartilhados.
As amigas e integrantes da melhor república “PERNAMBUCANA”, Edine,
Andreza, Joelma, Claudiana, Aline “Guedes”. Serei grata eternamente a todos vocês
pelo acolhimento, alegrias e tantos bons momentos compartilhados durante esses dois
anos de mestrado, mais acima de tudo pelos bons momentos vividos. Sem esquecer a
“Juju” (síndica) por sempre torcer pelo crescimento de todas as meninas, sempre alegre
para com todas, muito obrigada.
Aos amigos da turma de mestrado, Edine, Claudiana, Aline, Aninha, Nathália e
Marcel, foi muito bom conhecer e conviver com vocês.
As minhas amigas do coração, Cydianne & Brenna, que mesmo distante
fisicamente, sempre estiveram presente, me apoiando, dando força, pelo
companheirismo, carinho e por tantos momentos de alegria.
A todos que de forma direta e/ou indiretamente, contribuíram para este momento,
muito obrigado.
viii
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................... 12
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 16
CAPITULO I ............................................................................................................................... 19
CULTIVO DE MICROALGAS EM RESÍDUOS AGROINDUSTRIAIS:
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................................. 19
RESUMO .................................................................................................................................... 20
ABSTRACT ................................................................................................................................ 21
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 22
2. MICROALGAS .................................................................................................................. 24
3. APLICAÇÕES DAS MICROALGAS ................................................................................ 25
3.1. Biotecnológicas ........................................................................................................... 26
3.2. Ambientais .................................................................................................................. 28
4. CULTIVOS DE MICROALGAS ....................................................................................... 29
4.1. Sistemas de cultivo ...................................................................................................... 29
4.2. Metabolismos .............................................................................................................. 30
5. CULTIVOS DE MICROALGAS UTILIZANDO RESÍDUOS DA AGROINDÚSTRIA . 31
5.1. Soro de leite ................................................................................................................. 32
6. DESAFIOS E PERSPESCTIVAS ...................................................................................... 33
8. REFERÊNCIA .................................................................................................................... 35
CAPÍTULO II ............................................................................................................................. 41
CULTIVO MIXOTRÓFICO DA SPIRULINA PLATENSIS COM SORO DE QUEIJO
BUBALINO: EFEITO NA PRODUÇÃO DE BIOMASSA E COMPOSTOS BIOATIVOS .... 41
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 44
2. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 45
2.1 Micro-organismo e meio de cultura ............................................................................ 46
2.3 Determinação da concentração celular ........................................................................ 48
2.4 Parâmetros do crescimento .......................................................................................... 49
2.5 ANÁLISES QUÍMICAS ............................................................................................. 49
2.5.1 Matéria seca......................................................................................................... 49
2.5.2 Cinzas .................................................................................................................. 49
2.5.3 Proteínas totais .................................................................................................... 50
2.6 Atividade antioxidante ................................................................................................ 52
2.6.1 Compostos fenólicos ........................................................................................... 52
2.6.4 Análise estatística .................................................................................................... 53
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 53
ix
3.1 Curva de crescimento das Spirulina platensis ............................................................. 55
3.2 Controle de pH ............................................................................................................ 58
3.3 Composição bioquímica .............................................................................................. 59
4. CONCLUSÃO .................................................................................................................... 67
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 68
ANEXO 1 .................................................................................................................................... 73
ANEXO 2 .................................................................................................................................... 75
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Fluxograma do preparo do soro de queijo bubalino para utilização em
cultivos.
Figura 2. Período de adaptação dos cultivos iniciais.
Figura 3. Distribuição experimental dos cultivos adaptados.
Figura 4. Curva de Crescimento da S.platensis cultivada em meio autotrófico Zarrouk e
meio mixotrófico complementado com soro de queijo bubalino (Desvio
padrão da triplicata).
Figura 5. Produtividade da S.platensis cultivada em meio autotrófico Zarrouk e meio
mixotrófico complementado com soro de queijo bubalino (Desvio padrão da
triplicata) no 4° dia de crescimento.
Figura 6. Controle de pH, monitorado a cada 24h nos cultivos de S.platensis cultivada
em meio autotrófico Zarrouk e meio mixotrófico complementado com soro de
queijo bubalino (Desvio padrão da triplicata).
Figura 7. Influência do percentual do soro na síntese de carboidratos e proteínas pela
S.platensis.
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Composição química do meio Zarrouk (1966).
Tabela 2.Distribuição e descrição dos tratamentos utilizados.
Tabela 3.Concentração de biomassa máxima (Xmáx), produtividade maxima (Pmáx) e
velocidade especifica maxima de crescimento (µmáx) da cianobactéria
S.platensis cultivada em meio autotrófico Zarrouk e meio mixotrófico
complementado com soro de queijo bubalino.
Tabela 4. Influência do percentual do soro na síntese de carboidratos e proteínas pela
S.platensis.
Tabela 5. Perfil dos ésteres metílicos de ácidos graxos presentes na biomassa da
S.platensis cultivada em meio controle e meio mixotrófico com adição de
soro de queijo bubalino.
Tabela 6.Teores de fenólicos extraíveis totais.
Tabela 7.Atividade antioxidante da S.platensis pelo método de Captura do Radical
Livre - ABST•+ (ácido 2,2´-azino-bis (3-etilbenzotiazolin)-6-ácido sulfônico) e
Redução do Ferro FRAP.
12
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1
2
O cultivo de microalgas é uma atividade consolidada devido a grande 3
importância socioeconômica que representa. Atrelado ao elevado potencial de produção 4
de biomassa e biocompostos oriundos dessa matéria-prima, a cadeia produtiva ainda 5
carece de maior viabilização dos processos inseridos dentro do sistema, principalmente 6
relacionados aos custos operacionais elevados, o que limita maior expansão das plantas 7
produtoras, otimização de produção e consequente reflexo nos preços de mercado. 8
Estima-se que a produção mundial das microalgas Spirulina e Chlorella 9
desidratada supere 5000 e 2000 toneladas respectivamente, e a valorização seja em 10
torno de $ 40 milhões/ano (Milledge, 2012; Spolare et al, 2006). Apesar do mercado 11
cada vez mais aquecido pela produção e comercialização desses organismos, os custos 12
inseridos nesses processos são altos, o que leva as indústrias a buscarem soluções para 13
reduzi-los e viabilizar o processo industrial . A utilização de resíduos como precursor de 14
substratos de baixo custo e de acesso livre, se destaca como alternativa para os cultivos 15
microalgais, o que tem levado o desenvolvimento de muitas pesquisas a esse respeito 16
nos últimos anos (ZHOU et al, 2014; WU et al, 2014; LI et al, 2011) 17
A utilização de efluentes de diversos segmentos industriais na produção de 18
microalgas vem crescendo e tornando uma interessante ferramenta disponível para 19
otimizar os índices produtivos, minimizando os custos operacionais, além da 20
importância para abordagem de questões de caráter econômico e ambiental 21
(CHRISTENSON, L.; SIMS, R., 2011). 22
Estão em andamento pesquisas sobre o uso de resíduos agroindustriais de vários 23
segmentos, entre eles, resíduos lácteos (Hena et al., 2015 ), resíduos da suinocultura 24
( Zhu et al., 2013 ), resíduos e efluentes do processamento da cana-de-açúcar ( Ramirez 25
et al. , 2014 ), esgoto doméstico ( Kligerman e Bouwer, 2015 ), resíduos de cervejarias 26
( Farooq et al., 2013 ) fabricação de tapetes ( Chinnasamy et al., 2010 ) e processamento 27
de óleo de palma ( Lam e Lee, 2011 ), os quais podem ser utilizados pelas microalgas 28
para produção de biomassa de qualidade, acarretando na diminuição dos custos, 29
mantendo a qualidade dos produtos obtidos. Apesar disso, há um aumento considerável 30
na procura por fontes residuais alternativas de nutrientes devido os custos de aquisição 31
serem inferiores aos usualmente utilizados na escala de produção, falta de aplicação 32
13
destes resíduos pelas próprias indústrias, as quais em sua maioria não dispõem de 33
tratamento e descarte adequado, ocasionando problemas de cunho ambiental. 34
O próprio reuso da água oriunda dos cultivos já contribuiria para a minimização 35
dos custos por representar um ponto importante no sistema de produção. A produção 36
microalgal detém de um processo de elevada exigência de corpos d’água, devido a 37
densidade de material algáceo ser baixa. Estima-se que para produção de 1 Kg de 38
microalga, necessite de aproximadamente 1000 Kg de água, podendo haver variações 39
devido as concentração de biomassa no raceway, bem como nas etapas subsequentes do 40
processo industrial (TU et al, 2016; MURPHY, C. F.; ALLEN, D. T., 2011; 41
SUBHADRA, B. G.; EDWARDS, M., 2011). Contudo, a reciclagem da água oriunda 42
de cultivos microalgais possibilita reduções em 84% nos custos com novas demandas de 43
água e em 55% os custos com nutrientes (YANG et al, 2011). 44
A inserção dos resíduos agroindustriais nos sistemas de produção enaltece a 45
possibilidade de redução dos custos operacionais do setor, considerado elevado. Por 46
outro lado, os investimentos feitos em prol de pesquisas com o intuito de estudar a 47
aplicabilidade destes resíduos, domínio das tecnologias empregadas nos processos, e a 48
viabilidade destes dentro do segmento produtivo, são fundamentais para o sucesso da 49
produção, bem como para a qualidade dos produtos obtidos. 50
A geração de efluentes pelas indústrias laticinistas apresentam elevadas 51
concentrações de demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de 52
oxigênio (DQO), amônia, fosfatos, compostos tóxicos ao meio ambiente e componentes 53
(lactose, gordura e proteínas) com elevada contribuição com a poluição ambiental 54
(MARKOU & GEORGAKAKIS, 2011). 55
Inserido na gama de produtos lácteos oriundos do processamento do leite 56
bubalino, destaca-se o queijo tipo mozzarela, o qual possui mercado estabelecido e 57
futuro promissor no Brasil, devido à possibilidade de acrescentar maior valorização em 58
comparação com o queijo oriundo do leite bovino. Portanto, é crescente o número de 59
indústrias que fazem uso do leite de búfalo para processamento e fabricação de produtos 60
lácteos, sendo o queijo mozzarella o de maior destaque entre os produtos gerados 61
(Associação Brasileira de criadores de búfalos, 2014; TONHATI et al, 2011). 62
Sendo um importante resíduo gerado pelas indústrias laticinistas, o soro de leite 63
obtido através da precipitação e remoção das caseínas do leite durante o processamento 64
do queijo tem suas características variadas de acordo com o a qualidade do leite obtido, 65
14
tipo de processamento adotado e tecnologia empregada (MARSHALL, 2004; 66
SMITHERS, 2008; MURARI et al., 2011). 67
O leite de búfalo se destaca por apresentar características importantes que atribuem 68
maior rendimento ao processamento do leite para fabricação de queijos em geral. O 69
quantitativo de leite utilizado para produzir 1Kg de queijo mozzarela equivale a 10 70
litros de leite bovino, já em relação ao leite bubalino, seriam necessários 71
aproximadamente 5 litros, evidenciando a rentabilidade no sistema de produção. 72
O quantitativo de resíduos gerados pela produção de queijos varia em relação ao 73
volume utilizado, função e forma das técnicas inseridas no processo. Em média gera-se 74
aproximadamente 10 litros de soro para cada quilo de queijo produzido (ALMEIDA; 75
TAMINE; OLIVEIRA, 2008; BARBOSA et al., 2010). 76
De acordo com departamento de agricultura dos Estados Unidos (USDA, 2012) 77
a produção de queijos no Brasil foi de 670.000 toneladas em 2011, sem levar em 78
consideração a produção oriunda de indústrias ilegais que, segundo a Associação 79
Brasileira de Indústrias de Queijo (ABIQ, 2012), representa 40% do total produzido no 80
Brasil. 81
Possuindo uma elevada DBO, cerca de 175 vezes maior que o esgoto 82
doméstico, o soro de queijo caracteriza-se como potencial poluente e que em um 83
passado recente, levou os órgãos governamentais e outras autoridades reguladoras à 84
estabelecer restrições e /ou proibir o escoamento desse resíduo não tratado. Mesmo o 85
soro apresentando características potenciais como precursor para elaboração de outros 86
produtos, muitas indústrias laticinistas ignoram essa característica e acabam por 87
descartá-lo. No Brasil, ainda há resistência no uso do soro na alimentação humana, 88
sendo muitas vezes utilizado para alimentação animal e/ou adulteração de produtos, ao 89
contrário do que ocorre na Europa e América do Norte ( BALDISSERA et al, 2011). 90
Embora o soro seja considerado um alimento rico em nutrientes e cerca de 91
quatro vezes mais barato do que o leite, ainda é tido como resíduo por parte das 92
indústrias lácteas, caracterizando-se como um problema ambiental, visto a elevada DBO 93
que possui (NEELIMA et al., 2013). 94
CHAVES et al, 2012, utilizando Spirulina platensis como alternativa para o 95
tratamento de resíduos oriundos de laticínios, observaram reduções de até 93,6% de 96
DQO, além de demonstrar ser uma alternativa viável para o tratamento dos efluentes 97
gerados bem como produção de biomassa e seus derivados com valor comercial. 98
15
A produção de microalgas no Brasil está em crescente expansão, porém não 99
possui competitividade quando comparada com a produção de outros países. Entretanto 100
o país possui características favoráveis á produção em larga escala e consequente 101
expansão destes cultivos, podendo tornar-se competitivo no mercado internacional. 102
O Brasil possui potencial e condições favoráveis ao desenvolvimento 103
tecnológico para exploração de microalgas, com destaque para o nordeste brasileiro, 104
pela tendência a apresentar custos produtivos inferiores em relação a outras regiões do 105
país, devido ás condições geográficas e climáticas favoráveis. Entretanto, a falta de 106
financiamento e subsídios por parte de órgãos governamentais, agências de fomento 107
entre outros órgãos, impõe barreiras na adoção e ampliação deste segmento (ADENLE 108
et al, 2013; LUTHRA, S. et al, 2015; BRASIL, B. S. A. F; SILVA, F. C. P.; 109
SIQUEIRA, F. G, 2016). 110
Por mais que a geração dos efluentes agroindustriais seja uma preocupação 111
recorrente por parte desses setores, se faz necessário pesquisas que avaliem a inserção 112
deste resíduo na geração de co-produtos. A escassez de pesquisas que avaliem a 113
aplicação de efluentes advindos das diversas etapas de processamento dessa matéria-114
prima para o cultivo de microalgas é uma oportunidade de investigação do potencial de 115
recuperação desses nutrientes, produção de compostos valiosos, bem como a aplicação 116
comercial como matéria-prima para produção de compostos bioativos, nutracêuticos, 117
cosméticos, farmacêuticos, geração de bio-óleo, bioetanol e produção de 118
biocombustíveis a partir do cultivo da biomassa. 119
Portanto a importância do uso alternativo de resíduos agroindústrias com 120
destaque para o soro de queijo bubalino pode contribuir como meio alternativo de 121
cultivo para produção de S.platensis, auxiliando na redução dos custos produtivos desta 122
microalga, bem como na viabilização dos produtos oriundos deste cultivo, aliado aos 123
benefícios ambientais em função da diminuição dos resíduos gerados pelo setor , 124
contribuindo positivamente para o controle e melhoria do meio ambiente, e 125
possibilidade de agregar valor comercial aos resíduos de forma geral. 126
Apesar da S.platensis poder ser denominada como microalga e/ou cianobactéria, 127
neste trabalho a mesma será referenciada apenas como microalga. 128
129
130
16
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 131
132
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227
228
229
230
231
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262
CAPITULO I 263
CULTIVO DE MICROALGAS EM RESÍDUOS 264
AGROINDUSTRIAIS: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 265
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290
291
292
20
RESUMO 293
294
A demanda por novas fontes de alimentos vem crescendo aceleradamente ao 295
longo dos anos. Pesquisas têm sido desenvolvidas em busca de alimentos funcionais 296
com alto valor nutricional e tecnologia de produção de baixo custo. Atualmente, as 297
microalga vêm sendo muito estudadas em virtude das vantagens oferecidas por esses 298
organismos, sendo uma alternativa viável para elaboração de novos produtos, além de 299
agregar valor comercial. A Spirulina platensis (Arthopsira platensis) é uma microalga 300
que apresenta alta eficiência fotossintética quando comparada a plantas tradicionais, 301
sendo capaz de produzir grande quantidade de biomassa em curto intervalo de tempo. 302
Apesar destas vantagens, o custo de produção da biomassa de Spirulina ainda é muito 303
alto, em virtude disto, pesquisas envolvendo fontes alternativas de cultivo tem mostrado 304
que é possível cultivar a Spirulina platensis em diversos efluentes industriais tornando 305
possível a redução dos custos de produção. Diante deste cenário, os resíduos 306
agroindustriais se inserem como alternativa por apresentarem entre outros componentes, 307
alto teor de carbono em sua composição podendo ser aproveitados nos cultivo de algas e 308
microalgas. Esses organismos promovem a biofixação deste carbono disponível no 309
meio, transformando-o em metabólitos valiosos que podem ser utilizados na indústria 310
de alimentos, química e farmacêutica. A utilização dos resíduos agroindustriais também 311
contribui com a redução de impactos ambientais causados pelo seu descarte de forma 312
incorreta. Portanto, a utilização desses resíduos para o cultivo de microalgas é um 313
processo sustentável capaz de agregar valor aos processos industriais e originar 314
produtos de alto valor de mercado. 315
316
Palavras-chaves: Agroindústria, composição bioquímica, microalgas, resíduo alternativo 317
318
319
320
321
322
323
324
21
ABSTRACT 325
326
The requirement of functional foods by the population has been accelerating 327
over the years, which makes significant the incentive of companies and research organs 328
in the development of technologies capable of enabling the formulation of foods with 329
high nutritional value, bringing health benefits and improving the quality of life. 330
Nowadays, algae and microalgae have been greatly studied because of the advantages 331
offered by these organisms, being a viable alternative to the elaboration of new 332
products, In addition to aggregating business value. Spirulina (Arthopsira platensis) is a 333
microalgae that features high efficiency photosynthetic when compared to traditional 334
plants, being able to produce biomass in a short time interval. Despite these advantages, 335
the cost of producing the biomass of Spirulina platensis is still very high, because of 336
this, research involving alternative sources of cultivation has shown that it is possible to 337
cultivate the Sprulina platensis in various industrial effluents making it possible to 338
reduce production costs. In the face of this scenario, the residues agroindustrial are 339
inserted as an alternative to presenting among other components, high carbon content in 340
their composition can be used in the cultivation of algae and algae. These organisms 341
promote biofixation of this available carbon in the middle, transforming it into valuable 342
metabolites that can be used in the food, chemical and pharmaceutical industry. The use 343
of agroindustrial waste also contributes to the reduction of environmental impacts 344
caused by its disposal in an incorrect way. Therefore, the use of these residues to 345
cultivate microalgae is a sustainable process capable of aggregating value to industrial 346
processes and originating high market value products. 347
Keywords: Agribusiness, biochemistry composition microalgae, alternative residue 348
349
350
351
352
353
354
355 356 357 358 359 360
22
1. INTRODUÇÃO 361
362
A exigência de alimentos funcionais pela população vem crescendo 363
aceleradamente ao longo dos anos, o que torna significativo o incentivo de empresas e 364
órgãos de pesquisas no desenvolvimento de tecnologias capazes de viabilizar a 365
formulação de alimentos com alto valor nutricional, trazendo benefícios à saúde e 366
melhorando a qualidade de vida. Além disso, é de suma importância que os produtos 367
tenham alta aceitabilidade pelos consumidores, baixo custo produtivo e retorno 368
financeiro satisfatório. Neste sentido, muitas pesquisas vêm sendo realizadas com o 369
objetivo de produzir, de forma economicamente viável, alimentos funcionais aplicados à 370
nutrição animal e humana. Nesta vertente, destaca-se o aproveitamento de subprodutos 371
agroindustriais agregando valor aos processos produtivos e reduzindo os custos. As 372
características nutricionais, a disponibilidade e o baixo custo de obtenção evidenciam a 373
possibilidade de utilização dos subprodutos nas linhas de produção. 374
As microalgas vêm sendo muito pesquisadas em virtude dos benefícios que 375
oferecem, portanto podem ser inseridas com destaque no contexto da alimentação 376
funcional por possuir em sua composição compostos que proporcionam benefícios a 377
saúde, bem como aplicações nutricionais, farmacêutica, ampla diversidade terapêutica, 378
redução dos riscos a problemas de saúde, além de possibilitar valorização comercial dos 379
resíduos. 380
As microalgas consistem em uma variedade de organismos autotróficos, 381
procarióticos ou eucarióticos, onde sua estrutura unicelular permite que a energia solar 382
seja facilmente convertida em energia química. Essa conversão bioquímica está sendo 383
aproveitada comercialmente para a obtenção de biomassa de microalgas e, 384
consequentemente, de produtos com aplicação comercial. As técnicas de cultivo de 385
microalgas mais utilizadas atualmente são as lagoas aeradas abertas e os 386
fotobiorreatores fechados (BRENNAN & OWENDE 2010, HARUN et al. 2010, Chen 387
et al. 2011, SINGH et al. 2011). 388
O sucesso do cultivo é influenciado pelas diferentes formas de metabolismo 389
energetico, destacando-se o fotoautotrofico, heterotrofico, mixotrofico e 390
fotoheterotrofico. A compreensao destas formas de metabolismo permite aplicar as 391
microalgas, estrategias de cultivos visando o aumento da producao de biomassa 392
microalgal e seus coprodutos em grandes escalas. 393
23
Uma das espécies mais utilizadas é a Spirulina (A. Platensis) como fonte 394
alternativa na alimentação humana e animal por apresentar alto teor de proteínas que 395
usualmente varia de 40 a 70% a depender das condições de cultivo. Esta microalga 396
caracteriza-se pela versatilidade, podendo oferecer aplicações nutricionais, terapêuticas, 397
farmacológicas, compostos de alto valor agregado como, por exemplo, formulação de 398
medicamentos, produção de pigmentos naturais, marcadores fluorescentes, probióticos e 399
prebióticos, além de ser fonte de nutrientes como vitaminas, proteínas e carboidratos. 400
Estudos mostram que o consumo de microalgas, além de resultar em atributos 401
terapêuticos significativos, como efeito redutivo nos teores de lipídeos no sangue, 402
redução de peso e consequentemente diminuição dos efeitos da obesidade, diabetes, 403
auxilia no combate a doenças intestinais, hipertensão, osteoporose, inibição da anemia e 404
melhoria do quadro imunológico de pacientes portadores do vírus HIV/AIDS (NGO-405
MATIP et al, 2015). 406
Apesar dos cultivos microalgais apresentarem vantagens em relação a não 407
competição por terras produtivas como a produção de alimentos e por poder ser 408
cultivada em diversos locais com características adversas, os custos operacionais 409
produtivos e tecnológicos ainda são considerados onerosos. Contudo, se faz necessário 410
o aprimoramento e domínio de tecnologias capazes de viabilizar os processos industriais 411
inseridos na produção de microalgas, a fim de aumentar os índices produtivos atuais 412
(TAHER, 2013). 413
Há diversas formas de obtenção de cultivos microalgais, dentre os usualmente 414
utilizados destaca-se o autotrófico, principal sistema utilizado para cultivos em larga 415
escala. Entretanto, existem outros sistemas que são utilizados, bem como os cultivos em 416
sistemas autotróficos, heterotróficos e mixotróficos (VIEIRA et al., 2014). 417
Os resíduos gerados pelas indústrias laticinistas além de apresentam elevadas 418
concentrações de DBO, DQO, amônia, fosfatos, sólidos suspensos nocivos ao meio 419
ambiente, como também os componentes dissolvidos como lactose, gordura e proteínas 420
originadas do leite, possuem contribuindo com a poluição do meio ambiente 421
(MARKOU ; GEORGAKAKIS, 2011). 422
A utilização de resíduo no cultivo de microalgas vem se consolidando ao longo 423
dos anos com o intuito de ampliar e diversificar de forma alternativa o controle e 424
combate ao descarte inadequado destes resíduos nas respectivas indústrias aliado a 425
perspectiva de minimização dos custos operacionais de microalgas em larga escala, os 426
quais são considerados elevados. Segundo CHAVES et al, 2012, utilizando S. platensis 427
24
como alternativa para o tratamento de resíduos oriundos de laticínios, observaram 428
reduções de até 93,6% de DQO, além de demonstrar ser uma alternativa viável para o 429
tratamento dos efluentes gerados, bem como produção de biomassa e derivados, 430
agregando valor comercial aos produtos gerados.. 431
Nesse contexto, os resíduos agroindústrias, com destaque para o soro de queijo 432
bubalino, se inserem como viés alternativo de minimizar os custos produtivos 433
microalgais, além de contribuir para produção de qualidade de biomassas e co-produtos 434
diversos, os quais podem ser inseridos nos mais diferentes segmentos industriais, 435
contribuindo para a valorização dos resíduos gerados e diversificando as possibilidades 436
de utilização. 437
438
2. MICROALGAS 439
Microalgas é um termo genérico comumente utilizado, que se refere a um grupo 440
amplamente diverso de microrganismos fotossintéticos (Sanchez-Silva et al., 2013). 441
Existem diversas espécies de microalgas, as quais são encontradas em diversos 442
ambientes aquáticos de água doce, salobra e salina (Scott et al. 2010). As microalgas em 443
geral possuem tamanhos microscópicos variados, realizam fotossíntese, utilizam o 444
dióxido de carbono como fonte de nutriente para o crescimento, além de desempenhar 445
papel fundamental nos ecossistemas (Suganya et al. 2016; Guedes et al 2011a, Guedes 446
et al 2011b). 447
Estima-se que existam cerca de 800 mil espécies de microalgas, das quais cerca 448
de 40 a 50 mil são de conhecimento científico, o que torna um recurso quase que 449
inexplorado, demonstrando a grande biodiversidade dessas algas (Oncel, 2013, Hu et 450
al., 2008). Além da maioria dessas microalgas não são conhecidas e dentre estas, 451
pouquíssimas são utilizadas para alguma finalidade. 452
Segundo Parmar et al, (2011), na estrutura celular desses organismos existe, 453
além da clorofila, outros pigmentos acessórios de proteção e captação de luz que 454
proporcionam elevada capacidade fotossintética que permitem a conversão de até 10% 455
da energia solar em biomassa, percentual mais elevado quando comparado com outras 456
plantas convencionais, cujos percentuais de conversão limitam-se a 1 e 5%, 457
respectivamente. A eficiência na utilização de luz solar, águas salinas e residuais, bem 458
como a adaptabilidade para terras improdutivas, torna-se um potencial a mais na 459
utilização de cultivo de microalgas para produção de alimentos, compostos de valores 460
25
comerciais e outros produtos finais (Draaisma et al. 2013). 461
As divergências existentes em relação à denominação “exata” da classificação 462
de microalgas e cianobactérias são bastante discutidas, uma vez que, esses 463
organismos fotossintéricos integram o grupo das bactérias pertencentes ao reino 464
Procaryotae com denominação de cianobactéria, que tem sido também considerada 465
como microalga (Carvajal, 2009). 466
Entre as espécies de microalgas muito estudadas, destaca-se a S.platensis, 467
pertencente ao grupo das cianobactérias, que teve origem há cerca de 3,5 bilhões de 468
anos, possuindo estrutura multicelular e filamentosa (Gershwin &Belay, 2007). São 469
organismos foto-autotróficos, crescem naturalmente em água salobra e salina, em 470
diferentes ambientes das regiões tropical e semi-tropical do mundo (Ciferri & Tiboni, 471
1985). 472
A produção de Spirulina tem sido realizada em diversos países do mundo, 473
além de suas propriedades de interesse comercial e outros fins, essa expressividade é 474
devido, em sua grande parte, pela flexibilidade que essas microalgas possuem em se 475
adaptar as adversidades de diferentes regiões, quanto a temperatura, alcalinidade, 476
nutrientes, expressando assim maior resistência quando comparadas a outras algas. 477
Fonte de luz, nutrientes abundantes e temperatura elevada são variáveis exigidas para 478
que ocorra uma produção significativa e de qualidade de Spirulina. As faixas de 479
temperatura ótima para o crescimento dessa espécie oscilam entre 35-38˚C, porém a 480
faixa mínima necessária para sustentar o crescimento é de aproximadamente 15-20˚C 481
(Gershwin & Belay, 2007). 482
Spirulina é conhecida mundialmente por utilizar luz solar como principal fonte 483
de energia através da realização de fotossíntese, apresentando crescimento rápido, alta 484
produtividade, elevado teor de proteínas variando de 40 a 70%, dependendo das 485
condições de cultivo, sendo geralmente utilizada na formulação de suplementos 486
nutricionais (Neofotis et al., 2016). 487
488
3. APLICAÇÕES DAS MICROALGAS 489
As microalgas englobam uma ampla diversidade de espécies, as quais se 490
distinguem umas das outras quanto as suas peculiaridades, contribuindo para melhoria 491
do meio ambiente, possuindo diversas aplicações, seja no tratamento de efluentes, no 492
em indústrias alimentícias, farmacêuticas, produção de biocombustíveis, nutrição 493
animal e humana, etc. 494
26
A crescente expansão dos produtos oriundos da produção de microalgas e o 495
destaque adquirido pelos inúmeros atributos existentes em sua composição e sua 496
aplicabilidade fazem parte de um amplo leque de utilidades inserida nos mais diferentes 497
nichos comerciais, ampliando as possibilidades de uso e agregando valor para o 498
mercado. 499
Segundo Brasil & Garcia (2016), a produção mundial anual de biomassas 500
microalgais triplicou entre os anos de 2004 a 2013, atingindo cerca de 15 mil 501
toneladas/ano (peso seco). Os gêneros Arthrospira (Spirulina) e Chlorella foram as 502
microalgas mais utilizadas na indústria de cosméticos na forma de pigmentos,na 503
aquicultura ou para a alimentação humana como suplementos protéicos. 504
Nos últimos anos diversas pesquisas foram feitas em busca de desenvolvimento 505
de tecnologias para elaboração e diversificação de produtos a base de microalgas, a fim 506
de ampliar e inovar as possíveis formas de aplicações desses produtos, como também 507
agregar valor e investimentos nesse setor.A aplicabilidade dessa biomassa é inserida no 508
preparo de inúmeros produtos, como, por exemplo, na forma de pigmentos (astaxantina, 509
ficcocianina) na nutrição humana e animal, como também na forma de cápsulas e/ou 510
comprimidos, como emulsificantes no preparo de sorvetes e cremes, carboidratos para 511
produção de etanol, bioplásticos, e outros químicos, lipídeos para serem aplicados para 512
produção de bio-óleo, bioquerosene, lubrificantes, etc, além de participar no combate e 513
tratamento de efluentes, aplicabilidade na aqüicultura e entre outros (Brasil e Garcia, 514
2016). 515
3.1. Biotecnológicas 516
517
O potencial biotecnológico que as microalgas possuem é gigantesco e cada vez 518
mais pesquisas estão sendo realizadas a fim de desenvolver e dominar tecnologias que 519
permitam conhecer e produzir microalgas de forma viável e eficaz, obtendo compostos 520
valiosos que possam ser aplicados em diversos segmentos da indústria (nutrição animal, 521
farmacêutica, cosméticos, uso terapêutico, biocombustíveis, materiais). 522
Quando comparadas com outras fontes de matérias-primas de origem agrícola, as 523
biomassas microalgais possuem importantes vantagens: possuem elevada produtividade, 524
realizam fotossíntese e seqüestro de CO2, boa adaptação a ambientes lacustres e 525
adversos, terras aráveis , independe da qualidade nutricional dos solos, fontes hídricas 526
não potáveis, podem ser produzidas durante todo o ano, não competem com produções 527
agrícolas, dependendo da espécie cultivada, as biomassas podem apresentar elevados 528
27
teores de proteína, carboidratos, lipídeos, ácidos graxos e outros compostos de elevado 529
valor agregado. Contudo, apesar dessas microalgas possuírem amplo potencial de 530
produção e aplicações, existe muitos obstáculos frente á biodiversidade dessas algas, 531
como domínio de tecnologias para produção, pesquisas de melhoramento genético de 532
cepas mais resistentes a patógenos, viabilidade econômica na produção em larga escala, 533
como também disponibilidade industrial que possa competir com produtos existentes no 534
mercado (Lam, M.K & Lee KT, 2012 ; Chen H et al, 2015). 535
Segundo Georgianna e Mayfield, (2012), apesar de promissora, o sucesso de 536
inserção de microalgas na elaboração de vários produtos depende principalmente de 537
dois fatores importantes: elevada produtividade e qualidade de biomassa, como também 538
custo- benefício de produção. 539
Estudos vêm sendo feitos utilizando diversos meios alternativos de cultivo como, 540
por exemplo, resíduos industriais provenientes de laticínios, cervejarias, sucroalcoleira, 541
pecuária com a finalidade de ampliar as formas de melhor utilizar esses resíduos, 542
evitando sua contribuição para poluição ambiental. O gás de combustão industrial, em 543
particular quando utilizado gás de cervejarias, fábricas de cimento e usinas a gás, tem 544
demonstrado ser eficientes no cultivo de microalgas, devido estes gases possuírem 545
baixos de níveis de óxidos de nitrogênio, SOx e o NOx, também conhecido como 546
dióxido de enxofre, é um gás proveniente de vulcões e processos industriais, os quais 547
são nocivos para o sistema respiratório, contrinuem para a ocorrência de chuvas ácidas e 548
eutrofização de rios ( Moreira e Pires, 2016). No caso do gás de conduto oriundo de 549
indústrias de carvão, o mesmo tem-se mostrado adequado para cultivo de microalgas, 550
quando primeiramente diluído com ar, ou inserido em pequenas proporções e 551
adicionado ao cultivo (Van Den Hende et al, 2012; Kao et al, 2014; Moheimani, 2015). 552
Devido o crescimento econômico, populacional e aumento da demanda por energias, é 553
cada vez maior a busca por combustíveis fósseis e derivados, o que acarreta problemas 554
mais agravantes com a crise energética e coincidentemente problemas de cunho 555
ambiental. Paralelamente, os processos oriundos de combustão para produção de 556
energia, proporcionam a formação de gases tóxicos, os quais contribuem para o 557
aumento do efeito estufa e consequente aquecimento global (Saratala et al, 2015). Uma 558
maneira de minimizar os impactos ambientais causados pelas energias usualmente 559
utilizadas seria a produção em larga escala e adoção de energias renováveis “limpas”, 560
contribuindo para a melhoria do meio ambiente e saúde global. 561
Frente a este cenário as diversas possibilidades de utilização de ferramentas 562
28
biotecnológicas para o aprimoramento de tecnologias com uso de biomassas 563
microalgais são necessárias para alavancar a produção de microalgas, ampliar o leque 564
de utilidades que, a curto ou longo prazo, possam contribuir para melhoria de processos 565
industriais em larga escala, como também para redução da poluição ambiental gerados 566
pelas matérias-prima atualmente utilizadas. Porém é necessário cada vez mais 567
investimentos, desenvolvimento bem como o maior conhecimento dessas microalgas e 568
eficácia na sua utilização e geração de novos bioprodutos a partir de determinada 569
matéria-prima. 570
571
3.2.Ambientais 572
573
Atualmente o aquecimento global é um agravante que vem preocupando 574
ambientalistas em todo o planeta. As principais fontes de mudanças climáticas globais 575
são as concentrações crescentes de gases de efeito estufa, com destaque para o CO2 576
provenientes principalmente de atividades humanas e operações de usinas de energia. 577
Embora existam diferentes formas de captura de CO2, o método biológico se destaca 578
como uma alternativa potencialmente atrativa. As exigências para produção e obtenção 579
de biomassas oriundas de microalgas são basicamente CO2 e alguma fonte de luz seja 580
ela, natural ou artificial (Chen et al., 2011). O dióxido de carbono pode ser convertido 581
em matéria orgânica através da realização da fotossíntese utilizando a luz solar como 582
fonte de energia. Em se tratando de algas e microalgas a utilização de luz solar para 583
conversão de CO2 gera metabolitos orgânicos e oxigênio. Quando a disponibilidade de 584
luz é interrompida, esses organismos tendem a utilizar o oxigênio juntamente com a 585
matéria orgânica para produzir energia (Commault et al, 2014; Wu et al, 2013a; Wu 586
et al, 2013b). 587
As microalgas e cianobactérias apresentam uma maior eficiência para a fixação 588
de CO2 e maior taxa de produtividade (ton/ha/ano) quando comparadas ás plantas 589
terrestres. Além disso, a biofixação biológica de CO2 por microalgas pode ser 590
combinada com outros processos, como o tratamento de resíduos orgânicos, sendo 591
vantajoso em termos de viabilidade econômica e sustentabilidade ambiental. As 592
microalgas podem ser cultivadas em efluentes orgânicos rico em nutrientes, água 593
salgada e salobra diminuindo o uso de terra fértil e de água potável doce (Razzak et al., 594
2017). 595
29
A biomassa resultante pode ser utilizada como matéria-prima para a produção de 596
diversos produtos alimentícios e fármacos (Razzak et al. 2017). Outra vantagem 597
relevante é que as algas não seguem regime de safras, podendo ser produzidas durante o 598
ano todo, e o fator “tempo” para obtenção dessa biomassa é relativamente rápido 599
quando comparados ás plantas terrestres. Geralmente para obtenção de biomassa 600
microalgais são necessários aproximadamente de 7 a 10 dias, dependendo das condições 601
oferecidas para o crescimento e consequente produção de biomassa enquanto que para 602
biomassas oriundas da agricultura esse intervalo de tempo pode demorar meses para que 603
as plantas atinjam o ponto de corte ideal para serem utilizadas, como é o caso da soja, 604
milho e cana de açúcar por exemplo. 605
O setor industrial de cimento corresponde a cerca de 6% das emissões de CO2 606
no planeta, além dos gases de chaminés e águas residuais de origem industrial também 607
contribuem para os problemas ambientais, porém estes componentes podem tornar-se 608
ferramentas alternativas para produção de microalgas, uma vez que apresentam elevadas 609
concentrações de CO2 e nutrientes essenciais ao crescimento de microalgas, sendo, 610
portanto de relevância os estudos sobre os efeitos destas alternativas no sistema de 611
microalgas (Javier et al, 2016; Van oss, H. G. e Padovani, A , 2003; WBCSD, 2012). 612
Pesquisas buscam cada vez mais alternativas viáveis de utilização de resíduos 613
da agroindústria com o objetivo de reduzir os impactos causados pelo descarte incorreto 614
dos mesmos e consequentemente sanar problemas ambientais, além de contribuir para 615
redução dos custos operacionais os quais oneram bastante a produção e comercialização 616
de biomassa e bioprodutos. 617
618
4. CULTIVOS DE MICROALGAS 619
620
4.1.Sistemas de cultivo 621
622
Há uma diversidade nas formas de obtenção de cultivos, sejam eles oriundos 623
de sistemas abertos ou fechados, os quais são mais usualmente utilizados. A decisão de 624
escolha por qual sistema utilizar varia muito em função de diversos fatores, dentre eles 625
estão relacionados a espécie de microalga selecionada para o cultivo, forma de 626
metabolismo adotado, temperatura e tipo de biomassa de interesse (BRENNAN, L.; 627
OWENDE, P., 2010). 628
30
O tipo de sistema adotado dentro do próprio sistema de produção microalgal 629
em larga escala ainda é bastante discutido, uma vez em que ambos os sistemas 630
apresentam suas vantagens e desvantagens, cabendo ao pesquisador analisar as 631
características dos componentes envolvidos, direcionar e definir como será feito, se 632
baseando no objetivo do estudo (ANGELO et al. 2014). 633
A diferença existente entre os sistemas apesar das vantagens e desvantagens 634
está relacionada entre outros fatores, aos custos, além da facilidade de construção e 635
manutenção dos sistemas. Os cultivos abertos acabam sendo mais econômicos que os 636
fechados. Entretanto, apresentam algumas desvantagens quanto à exposição dos cultivos 637
a possíveis contaminações por outras microalgas ou organismos competidores de 638
substrato, influenciando os índices produtivos, perca de água e substrato por 639
evaporação. Já para os sistemas fechados, o isolamento dos cultivos devido ao tipo de 640
estrutura adotada, permite maior controle de produção, índice produtivo elevado, bem 641
como, disponibilidade de água e nutriente, além de exigir pequenas extensões de terras. 642
Em contrapartida, os custos de produção e manutenção destes sistemas são elevados, 643
elevando conseqüentemente os custos final de produção KLEIN, B. C.; BONOMI, A.; 644
FILHO, R. M.,2017). 645
O déficit de água perdido nos sistemas de cultivos fechados é inferior ao perdido 646
pelo sistema aberto, correspondendo a menos da metade do total utilizado (DAVIS, R.; 647
ADEN, A.; PIENKOS, P. T., 2011). 648
Existem também os sistemas denominados híbridos, o qual possui tanto 649
característica de sistema fechado quanto aberto. Existem ainda sistemas abertos 650
cobertos por membrana, permitindo a passagem de luz, tornando os custos operacionais 651
mais econômicos aos sistemas fechados ( KUMAR et al, 2015; LI, S.; LUO, S.; GUO, 652
R., 2013). 653
654
4.2.Metabolismos 655
656
As biomassas microalgais, dependendo das condições de cultivo e da espécie a 657
ser cultivada, podem ser ricas em proteinas, carboidratos, pigmentos e oleos com perfil 658
contendo diversos acidos graxos de interesse industrial. Esses organismos apresentam 659
diferentes formas de metabolismo energetico, destacando-se o fotoautotrofico, 660
heterotrofico, mixotrofico e fotoheterotrofico. A compreensao destes metabolismos 661
permite diversificar o sistema de cultivo visando o aumento da producao de biomassa e 662
31
de determinados metabólitos específicos. Usualmente os cultivos das microalgas são 663
fotoautotróficos, porém a produção de biomassa é baixa quando comparada aos sistemas 664
fotoheterotroficos e mixotroficos, tornando os custos produtivos muito elevados 665
(YANG et al., 2014). 666
As microalgas possuem diferentes formas metabólicas de crescimento, o que as 667
possibilitam tornar-se um microorganismo versátil. O metabolismo autotrófico ocorre 668
basicamente através da fotossíntese, onde os organismos fotossintéticos absorvem luz e 669
transforma essa energia em nutriente para realizar suas atividades metabólicas, de 670
crescimento e produção de biomassa. Diferentemente do autotrófico, os cultivos 671
heterotróficos ocorrem além da absorção de luz, a absorção de compostos orgânicos que 672
estão dissolvidos no meio de cultivo, tendo como principal destaque, os carboidratos, 673
acetato, glicerol e outros ácidos orgânicos disponíveis. Os cultivos microalgais oriundos 674
do metabolismo mixotrófico, o modelo de obtenção tanto de luz quanto de substrato são 675
semelhantes ao autotrófico e heterotrófico além de apresentarem produtividade de 676
biomassa superior em relação aos cultivos fotoheterotróficos (CHOJNACKA; 677
MARQUEZROCHA, 2004; YANG et al., 2014). Acontece que o metabolismo 678
mixotrófico caracteriza-se por unir os dois tipos de metabolismo anteriores, tanto o uso 679
de CO2 oriundo de fonte luminosa quanto substrato disponível de outro composto 680
utilizado em sistema de luz e escuro ( KLEIN, B. C.; BONOMI, A.; FILHO, R. 681
M.,2017). 682
683
5. CULTIVOS DE MICROALGAS UTILIZANDO RESÍDUOS DA 684
AGROINDÚSTRIA 685
686
Os resíduos gerados pelo setor agroindustrial são oriundos do processamento e 687
fabricação de vários produtos (alimentos, indústrias lácteas, sucroalcoleira, 688
biocombustíveis, vinícolas, agropecuária, etc.) o quem têm refletido em vários 689
problemas de cunho ambiental (contaminação de rios, lagos, lençóis freáticos, solos, ar, 690
atmosfera, etc.), uma vez que em sua grande maioria, as empresas não realizam 691
tratamento e/ou destinação correta desse material, o que contribui para o aumento da 692
poluição ambiental. A poluição causada por esses resíduos em sua grande parte é devido 693
possuírem elevadas concentrações de matéria orgânica e metais pesados e quando em 694
contato com o meio ambiente por exemplo, contribuem para poluição, contaminação, 695
eutrofização de corpos hídricos, morte de organismos aquáticos, vegetação local, 696
32
problemas de saúde para população, entre outros fatores. 697
Uma alternativa que vem sendo estudada e bastante discutida é o aproveitamento 698
dos resíduos agroindustriais para produção de microalgas, por possuírem elevada 699
concentração de nutrientes a fim de também contribuir para a redução dos custos de 700
produção desses organismos. Segundo KANG et al, 2015, existem diversos resíduos 701
derivados de processos industriais, que são propostas para o cultivo de microalgas como 702
estratégias de redução dos custos de produção de microalgas, como também diminuição 703
dos impactos ambientais. 704
705
5.1.Soro de leite 706
707
Dentre o leque de atividades agroindustriais, as indústrias lácteas se destacam, 708
possuindo um amplo leque de produtos derivados do leite: leite desnatado, integral, 709
iogurte, bebidas fermentadas, sorvetes, queijos entre outros, tendo contribuição 710
significativa para a economia (JERÔNIMO et al.,2012). 711
A produção nacional de leite em 2013 superou a marca de 33 bilhões de litros 712
produzidos, ocupando o 2° lugar na produção nacional, o leite bubalino vem ganhando 713
cada vez mais espaço no mercado (EMBRAPA, 2015). Cerca de 32% da produção 714
nacional de leites (aproximadamente 10,56 bilhões de litros) foram destinados a 715
fabricação de queijos, alcançando a marca de 1.032 mil toneladas, movimentando cerca 716
de R$ 18 bilhões de reais, e até o ano de 2020 a estimativa é que sejam produzidos 717
1.560 mil toneladas ( ABIQ, 2013). 718
A empresa Tapuio LTDA sediada no estado do Rio Grande do Norte, é pioneira 719
no setor de derivados lácteos bubalino, apresentando produção mensal de 720
aproximadamente 30 toneladas de queijo e tem como principal destaque, o queijo tipo 721
mozzarela. Levando em consideração o quantitativo de resíduo gerado para cada quilo 722
de queijo produzido, o montante de soro produzido ultrapassa os 104 milhões de litros. 723
Porém, a produção de queijos acarreta na geração de diversos resíduos, dentre eles, o 724
soro, que em sua maioria, não é aproveitado pelas indústrias, sendo descartado sem 725
tratamento correto, aumentando os problemas de cunho ambiental. 726
O soro de leite é um resíduo oriundo da fabricação de queijos, possui uma 727
coloração amarelada, representando cerca de 85-90% o volume do leite (SÁNCHEZ, et 728
al. 2011). Componente rico em nutrientes, e em sua maioria é descartado sem 729
tratamento adequado, tornando-se uma importante fonte poluente devido sua elevada 730
33
teor de demanda bioquímica de oxigênio (DBO), contribuindo de forma significativa 731
para o impacto ambiental (FAO, 2013). Nas indústrias lácteas parte do soro produzido é 732
utilizada para produção de derivados (bebidas láteas, iorgutes, coalhadas, etc.) e 733
utilizado na alimentação animal, entretanto, a maior parte desse resíduo não é tratado de 734
forma adequada e acaba sendo descartado no meio ambiente. 735
A composição do soro pode variar em função da qualidade do leite obtido, tipo 736
de queijo produzido e tecnologia adotada. Para cada Kg de queijo produzido, em média 737
9 Kg de soro são gerados (ALVES et al, 2014). Apesar de ser considerado um resíduo 738
pouco utilizado, o soro possui características nutricionais importantes, o qual pode ser 739
utilizado para desenvolvimento de novos produtos como suplementos, alimentos 740
funcionais, alimentação animal, entre outros. O soro de queijo incorpora cerca de 70 a 741
90% do volume do leite e compõe cerca de 50% dos sólidos presentes, tornando assim 742
uma importante ferramenta nutricional (FOX et al 2017; WALSTRA, WOUTERS, & 743
GEURTS, 2006). 744
Com o aumento crescente na produção de queijos e o elevado teor de material 745
orgânico que este possui, é importante a adoção de alternativas que reduzam os 746
impactos ambientais e de saúde causados (YADAV et al, 2015). Diversos estudos vêm 747
sendo realizados em prol de alternativas que possibilitem o desenvolvimento e 748
elaboração de tecnologias viáveis, aplicações de propriedades biológicas e nutricionais 749
do soro, ampliando os produtos gerados a partir dessa matéria-prima (GUYOMARC'H 750
et al., 2015; YADAV et al., 2015). 751
Uma alternativa promissora que vem sendo estudada é a utilização do soro de leite 752
como fonte de nutrientes para produção de microalgas, tendo em vista a quantidade de 753
material gerado, danos causados, com possibilidade de agregar subsídios devido às 754
características presente nesse resíduo, como elevado teor de matéria orgânica, 755
especificamente o carbono, o qual é utilizado como substrato pelas microalgas para 756
produção de biomassa de alto valor comercial. 757
758
6. DESAFIOS E PERSPESCTIVAS 759
Diante de todo cenário e dos investimentos realizados em pesquisas para produção 760
de biocompostos e viabilização dos processos alternativos a partir de microalgas, ainda 761
existem muitos caminhos a serem percorridos, tanto na parte de melhoramento genético, 762
quanto na estrutura de produção viável dessas microalgas, a fim de obter, em um futuro 763
próximo, produções mais significativas e potencial competidor de mercado, além de 764
34
alternativas mais econômicas e com menores impactos ao meio ambiente. Contudo é 765
crescente a busca e incentivo de órgãos e empresas em pesquisas para domínio de 766
tecnologias com microalgas, que, a longo prazo possam ser de grande valia para a 767
adequação dos sistemas produtivos atuais, possibilitando o aproveitamento dos resíduos 768
gerados, englobando todo o ciclo de produção, tornando as atividades mais sustentáveis, 769
minimizando os impactos causados ao meio ambiente e consequentemente os custos de 770
produção. 771
772
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 773
Contudo, estudos devem ser realizados a fim de melhorar o manejo destes 774
resíduos, bem como aperfeiçoar a produção em larga escala, explorando melhor o 775
potencial tecnológico e nutricional da biomassa obtida em meio a soro de queijo 776
bubalino. Além disso, a pesquisa realizada, incentiva, de forma direta, um melhor 777
aproveitamento do soro, contribuindo para a melhoria no desenvolvimento de 778
tecnologias viáveis em prol de melhor aproveitamento e aplicações deste e os demais 779
resíduos agroindustriais, enaltecendo a importância do tratamento e o respaldo positivo 780
na cadeia produtiva, agregando valor aos mesmos, diversificando as utilidades de 781
produtos derivados oferecidos ao mercado produtor e consumidor. 782
783
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796
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1062
CAPÍTULO II 1063
CULTIVO MIXOTRÓFICO DA SPIRULINA PLATENSIS 1064
COM SORO DE QUEIJO BUBALINO: EFEITO NA 1065
PRODUÇÃO DE BIOMASSA E COMPOSTOS BIOATIVOS 1066
1067
1068 1069 1070 1071 1072
1073 1074
1075 1076 1077 1078 1079 1080 1081 1082 1083 1084 1085
42
RESUMO 1086
Parâmetros de crescimento, composição bioquímica e capacidade antioxidante 1087
da S.platensis cultivada em meio mixotrófico com 2,5%, 5,0 e 10% de soro de queijo 1088
Mozarella de búfala como fonte de carbono orgânica, foram determinados e 1089
comparados com os dados obtidos no cultivo autotrófico (controle). A S.platensis em 1090
condições mixotrófica apresentou taxas de crescimento específica, produtividade de 1091
biomassa superior as condições autotróficas. A produção de biomassa máxima foi 2,98 1092
g/L no cultivo com 5,0% de soro. Além disso, quando o meio inorgânico foi 1093
suplementado com soro em todas as concentrações houve um aumento significativo do 1094
teor de carboidratos e uma queda no teor de proteínas e lipídios em relação ao controle. 1095
A concentração de compostos fenólicos foi a mesma para as biomassa obtidas nos 1096
cultivos controle e com 2,5% e 5,0% de soro (30,60-33,23mg ácido gálico/g) porém 1097
diminui quando o teor foi aumentado para 10% (22,37 mg ácido gálico/g). A atividade 1098
antioxidante foi avaliada pelos métodos ABST.+ e FRAP e foi observado que as 1099
biomassas obtidas nos cultivos mixotróficos apresentaram atividade antioxidante menor 1100
quando comparadas a obtida no meio autotrófico. O cultivo mixotrófico de S.platensis 1101
utilizando o soro, um subproduto da indústria de laticínios pode ser considerado uma 1102
alternativa viável para reduzir os custos da produção de biomassa de microalgas, 1103
diminuir o tempo de cultivo e produzir carboidratos, uma vez que não requer a adição 1104
de substratos caros ao meio de cultura ao mesmo tempo que trata o efluente considerado 1105
poluente, porém essa não é uma boa estratégia para induzir a síntese de compostos 1106
antioxidantes. 1107
1108
Palavras chave: Spirulina platensis, soro de queijo, mixotrófico, biomassa, Compostos 1109
bioativos 1110
1111
1112
1113
1114
1115
1116
1117
1118
1119
43
ABSTRACT 1120
Growth parameters and biochemical composition of Spirulina platensis 1121
cultivated under different mixotrophic conditions with 2.5%, 5.0% and 10% of buffalo 1122
mozzarella cheese whey production as organic carbon source were determined and 1123
compared to those obtained from a photoautotrophic culture (control).S.platensis under 1124
mixotrophic conditions presented specific growth rates, biomass productivity higher 1125
than autotrophic conditions. In the medium supplemented with 10% of chesee whey, the 1126
growth rate of S.platensis was the highest (2.04 d-1) reaching the stationary phase on 1127
the 4th day of growth. The maximum biomass production was 2.98 g / L in the culture 1128
with 5.0% of cheese whey. Furthermore, when the inorganic medium was supplemented 1129
with cheese whey at all concentrations there was a significant increase in carbohydrate 1130
content and a drop in protein and lipid content relative to control. The concentration of 1131
phenolic compounds was the same for the biomass obtained in control cultures and with 1132
2.5% and 5.0% of cheese whey (30,60-33,23 mg gallic acid/g ), but decreased when the 1133
concentration was increased to 10% (22.37 mg gallic acid/g). The antioxidant activity 1134
was evaluated by the ABST,+ and FRAP methods and it was observed that in all the 1135
mixotrophic cultures the antioxidant activity was lower when compared to the control 1136
culture. Mixotrophic cultivation of S.platensis using cheese whey, a pollutant by-1137
product of the dairy industry can be considered a viable alternative to reduce the costs 1138
of producing microalgae biomass, shorten cultivation time and produce carbohydrates 1139
since it does not require the addition Of expensive substrates to the culture medium in 1140
the same time the effluent is treated, but this is not a good strategy to induce the 1141
synthesis of antioxidant compounds. 1142
1143
Key words: S.platensis, cheese whey, mixotrophic, bioactive compounds 1144
1145
1146
1147
1148
1149
1150
1151
1152
1153
44
1. INTRODUÇÃO 1154
1155
Recentemente as microalgas têm sido muito estudadas por ser uma das fontes mais 1156
promissora de compostos bioativos funcionais. Esses seres estão inseridos em uma vasta 1157
diversidade e apresenta um grande potencial biotecnológico podendo ser aplicados em 1158
diversos seguimentos da indústria química, alimentícia, farmacêutica e de cosméticos 1159
(BRASIL et al., 2017). A biomassa das microalgas pode ser rica em proteínas, lipídios, 1160
carboidratos, vitaminas, pigmentos e enzimas, onde sua composição bioquímica 1161
depende da espécie e das condições de cultivo (SALLA et al. 2016, GOIRIS et al, 1162
2015). 1163
Recentemente, um grande interesse tem sido focado nos alimentos enriquecidos com 1164
compostos bioativos, geralmente, derivados de microalgas em virtude da segurança e 1165
eficácia no tratamento de muitas doenças humanas. Na verdade, a atividade antioxidante 1166
das microalgas provém de sua riqueza em inúmeras moléculas capazes de eliminar 1167
radicais livres (BARKALLAH et al. 2017) 1168
O alto custo do cultivo de microalgas tem sido um grande obstáculo para 1169
comercialização dos seus produtos. Uma das soluções viáveis para a redução de custos 1170
é acoplar o sistema de produção de biomassa rica em biomoléculas de alto valor para 1171
indústria ao tratamento de resíduos da agroindústria, uma vez que as microalgas são 1172
conhecidas por efetivamente eliminar uma variedade de poluentes em águas residuais, 1173
como nitrogênio, fosfatos, carbonos orgânicos, dentre outros (WANG et al., 2016) 1174
Um subproduto da indústria de laticínios no Brasil que tem repercussão é o 1175
soro,resíduo oriundo da fabricação de diversos tipos de queijo, iogurte, sorvete, 1176
manteiga, por meio de diferentes processos, tais como pasteurização, coagulação, 1177
filtração, centrifugação, refrigeração e etc. De acordo com a FAO (Food and 1178
Agricultural Organization), queijo é um dos principais produtos agrícolas do mundo, 1179
onde a geração de águas residuais de soro de queijo é cerca de quatro vezes o volume de 1180
leite processado (CARVALHO et al. 2013). 1181
Tem-se demonstrado que é possível à produção de biomassa de microalgas em 1182
cultivos mixotróficos com soro lácteo, uma vez que este resíduo proporciona substratos 1183
importantes como açúcares e dióxido de carbono para as microalgas que são capazes de 1184
auxiliar na eliminação de fósforo, nitrogênio e açúcares de diferentes efluentes 1185
industriais e produzir biomassa rica em carboidratos, lipídios, proteínas e compostos 1186
bioativos de alto valor comercial na indústria. 1187
45
GIRARD et al. 2014 cultivaram a Scenedesmus. obliquus com o soro de queijo e 1188
demonstraram que substituindo 40% (v/v) do meio de cultura padrão “Bold's basal 1189
medium (BBM)” por soro, a S. obliquus apresentou taxas de crescimento específicas e 1190
rendimentos de biomassa em condições mixotróficas maiores que os cultivos 1191
heterotróficos e fotoautotróficos. 1192
SALLA et al. 2016 estudaram o cultivo mixotrófico da cianobactéria Spirulina 1193
platensis em meio diluído Zarrouk com adição de resíduos de proteína concentrada do 1194
soro e altos teores de lactose. Eles observaram que houve um aumento na produtividade 1195
da biomassa e de carboidratos pela espécie em estudo. 1196
A Spirulina platensis é uma cianobactéria rica em proteínas (cerca de 60% 1197
proteínas digeríveis) sendo muito utilizada em todo o mundo na nutrição animal e 1198
humana por apresentar baixo teor de óleo e vitaminas e não conter colesterol, além 1199
disso, a Spirulina platensis pode apresentar elevados teores em biocompostos 1200
antioxidantes sendo de grande interesse para indústria farmacêutica e alimentícia 1201
(PATIL et al., 2015, EL-TANTAWY, 2016), porém seu custo de produção no Brasil 1202
ainda é muito alto. 1203
Foi comprovado cientificamente que a Spirulina platensis apresenta vários 1204
benefícios para a saúde, incluindo a prevenção e tratamento de várias doenças devido à 1205
sua composição bioquímica que inclui aminoácidos essenciais, ácidos graxos, 1206
vitaminas, minerais e enzimas essenciais. Além do seu valor nutricional, a Spirulina 1207
platensis apresenta exibe atividades antibacterianas e antifúngicas contra alguns 1208
patógenos humanos (BARKALLAH et al. 2017, AHSAN et al., 2015). 1209
O grande potencial da Spirulina platensis motiva o desenvolvimento de pesquisas 1210
para produzir biomassa rica em metabólitos de alto valor comercial com meios de 1211
cultivos alternativos, com o objetivo de reduzir custos em um sistema de produção 1212
sustentável. Uma vez que, o soro de queijo é um poluente potencial produzido em 1213
grandes volumes pelas indústrias de laticínios no Brasil, o objetivo deste trabalho é 1214
aproveitar o soro de queijo do tipo mozarela de búfala em cultivos mixotróficos da 1215
Spirulina platensis a fim de estudar a sua influência na produção de biomassa, 1216
velocidade de crescimento, composição bioquímica e atividade antioxidante por esta 1217
espécie. 1218
1219
2. MATERIAL E MÉTODOS 1220
1221
46
2.1 Micro-organismo e meio de cultura 1222
1223
Foi utilizada a cepa Spirulina platensis D9Z cedida pelo Banco de Microalgas da 1224
Universidade Federal da Paraíba – UFPB, Nordeste do Brasil. A espécie foi mantida em 1225
condições estéril, em tubos de ensaio com temperatura e irradiância (238 μmol m-2 s-1) 1226
com fotoperíodo (12 h claro/escuro) em meio de cultivo padrão Zarrouk (1966) (Tabela 1227
2.1): 1228
1229
Tabela 1. Composição química do meio Zarrouk (1966) 1230
Reagente g/L
NaHCO3. 16,8
K2HPO4 0,5
NaNO3 2,5
K2SO4 1
NaCl 1
CaCl2 0,2
MgSO4.7H2O 0,04
EDTA 0,08
ml/L
Solução aA5 1,0
Solução bB6 1,0 aSoluçãoA5– Composição em mg/L: H3BO3-2,86; MnCl2..4H2O-1,81; ZnSO4..7H2O-0,222; CuCO4.5H2O-1231 0,0395; MnO3-0,0150. bSoluçãoB6 – Composição em mg/L: BH4VO3-22,86; K2Cr2O7-75,35; 1232 NiSO4.6H2O-44,8;Na2WO4.2H2O-17,94; Co(NO3)2.6H2O-43,98). 1233 1234
Para os cultivos mixotróficos, foi utilizado o meio Zarrouk complementado com 1235
2,5%, 5,0%, 10% de soro de queijo mozzarela de búfala cedido pela indústria de 1236
produção de queijos, TAPUIO Agropecuária Ltda localizada no Rio Grande do Norte, 1237
Nordeste do Brasil. O soro foi coletado e armazenado em garrafas de plástico em 1238
freezer a temperatura de -20° até o preparo prévio antes do inóculo. Para a utilização 1239
nos cultivos, o soro foi clarificado, conforme etapas descritas na Figura 1: 1240
47
1241 Figura 1. Etapas de clarificação do soro de queijo para utilização nos cultivos 1242
mixotróficos de Spirulina platensis. 1243
1244
O soro foi descongelado em geladeira a 5°C e depois autoclavado (121°C, 15 1245
min), em seguida foi filtrado em tela de 20μm e centrifugado em centrífuga simplex II 1246
24 BT por 15 min a 1500 rpm para a remoção do material precipitado. Antes da adição 1247
nos cultivos, o soro foi esterilizado em autoclave para evitar possíveis contaminações. 1248
1249
2.2 Delineamento experimental 1250
O inoculo foi obtido através do cultivo em meio Zarrouk (1966). Foram feitos 1251
pré-cultivos de 1 L (Figura 2.2) em erlenmeyer nas mesmas condições dos cultivos para 1252
obter a quantidade de célula necessária para o inicio dos experimentos. Os cultivos 1253
foram realizados assepticamente em um dispositivo desenvolvido no Laboratório com 5 1254
lâmpadas fluorescentes de 45 W (Figura 2.3) com uma intensidade luminosa de 17 Klux 1255
medido na superfície externa do frascos usando um radiômetro quântico Q201 (Macam 1256
Photo-Metrics Ltd., Livingston, Escócia) com fotoperíodo de 12h claro/escuro sob 1257
aeração estéril constante promovida por bombas (JAD Air Pump S-510) a uma vazão 1258
específica de 0,5 vvm (volume de ar por/volume de meio por minuto). A concentração 1259
inicial de S. platensis variou de 0,2 a 0,3 g/L. Todos os ensaios foram realizados em 1260
48
triplicata. Quando os cultivos atingiram a fase estacionária, as biomassas foram colhidas 1261
por filtração em telas de 20 μm e lavadas em água destilada para retirar resquícios de 1262
sal, em seguida as biomassa foram liofilizadas em liofilizador e congeladas a -20°C em 1263
freezer até o momento das análises químicas. O pH dos cultivos foram monitorados a 1264
cada 24 horas até o final do experimento em pHmetro previamente calibrado 1265
1266
1267
Figura 2. Inoculo da S.platensis utilizados nos cultivos realizados neste trabalho (Fonte: 1268
Autor) 1269
1270
1271 Figura 3. Sistema dos cultivos autotróficos e mixotróficos da S. platensis realizados 1272 neste trabalho (Fonte: Autor). 1273
1274
2.3 Determinação da concentração celular 1275
A concentração celular foi monitorada diariamente até os cultivos atingirem a 1276
fase estacionária por um período de aproximadamente 17 dias. O crescimento da 1277
S.platensis nos cultivos foi feito por densidade ótica das culturas a 670 nm em 1278
espectrofotômetro (SP-22 biospectro) através de uma curva padrão relacionando peso 1279
49
seco e densidade óptica. Para quantificar a biomassa, um volume conhecido de cultura 1280
era filtrado em filtros de fibra de vidro de 40 μm de poro (Sartorius) e a biomassa obtida 1281
era seca em estufa a 80°C e quantificada por diferença de peso, conforme recomenda 1282
Lourenço, 2006. Os filtros utilizados foram previamente tratados em forno mufla a 400 1283
°C por 4h. 1284
1285
2.4 Parâmetros do crescimento 1286
1287
A taxa de crescimento máxima (µ) da S.platensis na fase exponencial do 1288
crescimento foi determinada de acordo com a Equação 2.1(MONOD, 1942): 1289
1290
1291
µ𝑥 =dX
dt (2.1) 1292
1293
ondeX é a concentração celular (gramas/L), t é o tempo (dias) e µ(d-1) é a taxa específica 1294
de crescimento. 1295
1296
Foram avaliadas a concentração máxima de biomassa (Xmáx, g/L) e a produtividade 1297
máxima (Pmáx, g/L.dia), obtida segundo a equação 2.2: 1298
1299
Pmáx = Xt−Xo
t−to ( 2.2) 1300
1301
1302
Onde Xt é a concentração de biomassa (g/L) no tempo t (dia), e X0 é a concentração de 1303
biomassa (g/L) no tempo t0(dia). 1304
1305
2.5 ANÁLISES QUÍMICAS 1306
1307
2.5.1 Matéria seca 1308
1309
A matéria seca foi determinada por secagem das amostras em estufa a 105°C até 1310
peso constante conforme AOAC (2005). 1311
1312
2.5.2 Cinzas 1313 1314
Determinada conforme recomenda AOAC (2005). Para determinação das cinzas, 1315
foram utilizados filtros de fibra de vidro previamente tratados descrito no item 2.3. Os 1316
50
filtros contendo a biomassa foram mantidos em forno mufla 1317
( GP Científica ) 500° por 24 horas. 1318
1319
2.5.3 Proteínas totais 1320
1321
O teor de proteína total foi determinado pelo método de Kjeldahl (AOAC, 1322
2005). Para as determinações foram utilizadas 200 mg de biomassa, que foi digerida em 1323
solução de ácido sulfúrico em bloco digestor e destilada em destilador de nitrogênio . 1324
Em seguida, as amostras foram tituladas com HCl 0,1 N. O teor total de proteína foi 1325
calculado multiplicando o valor para o nitrogênio total pelo fator de 4,78 de conversão, 1326
que é o fator recomendado para a conversão Nitrogênio-Proteína em microalgas 1327
(LOURENÇO et al., 2004). 1328
1329
2.5.4 Proteínas hidrossolúveis 1330
1331
A quantificação das proteínas hidrossolúveis foi determinada de acordo com LOWRY 1332
et al., (1951), adaptado por (DERNER, 2006). As determinações foram feitas utilizando 1333
5,0 mg de biomassa liofilizada submetidas à hidrólise alcalina com 2,0 mL de NaOH 1334
1,0 N a ±100 ºC em banho-Maria durante 1 hora. Depois as amostras foram 1335
centrifugadas a 3000 rpm durante 30 minutos. Retirou-se 1,0 mL do extrato alcalino e 1336
foram adicionadas 5,0 mL da Solução C* e 0,5 mL da Solução D*(ambas descritas no 1337
Anexo C), agitou-se em vortex e depois de 30 min de repouso as leituras foram feitas 1338
em espectrofotômetro (SP-22 biospectro) com absorbância de 750 nm. Soluções padrão 1339
de Soro Albumina Bovina (BSA, Sigma) com gradiente de concentração de 0-1340
400μg/mL foram utilizadas para construção da curva padrão. Para a elaboração da 1341
curva, foi realizado o mesmo procedimento analítico utilizado com as amostras. 1342
1343
2.5.5 Carboidratos totais 1344
A determinação de carboidratos totais foi realizada pelo método de KORCHET 1345
(1978) e adaptado por DERNER (2006). Foram utilizadas 5,0 mg de amostra liofilizada 1346
submetidas à hidrólise alcalina com 4 mL de NaOH1,0N a ± 100 °C em banho-maria 1347
por 1 h, em seguida as amostras foram centrifugadas a 3000 rpm durante 10 min. Após 1348
a centrifugação, retirou-se 0,5 mL do extrato e foram adicionados 1,0 mL de NaOH1N e 1349
0,5 mL de fenol a 4 %. Após trinta minutos em repouso foram acrescentados 2,5 mL de 1350
51
H2SO4e depois que as amostras esfriaram foram feitas as leituras em espectrofotômetro 1351
(Spectrum - Série SP 2100) a 485 nm de absorbância. A curva padrão foi preparada a 1352
partir de uma solução de glicose anidra com gradiente de concentração de 0 a 1353
450μg/mL. 1354
1355
2.5.6 Lipídios totais 1356
O teor de lipídios totais foi determinado de acordo com Bligh and Dyer (1959). 1357
Foram pesadas 50mg de biomassa seca e adicionados 3,0 mL de mistura de 1358
clorofórmio:metanol (1:2 v/v) e 2,0 mL de água destilada. Após a homogeneização em 1359
vortex, adicionou-se 1,0 mL de clorofórmio e 1,0 mL de HCl. O conteúdo foi 1360
centrifugado a 4000 rpm por 10 minutos, as fases(aquosa e orgânica) foram separadas 1361
por filtração sendo a fase orgânica depositada em recipiente previamente pesado. O 1362
solvente existente no recipiente foi evaporado em estufa a 100°C por 1 h e em seguida 1363
resfriado em dessecador por 1h. O teor de lipídios foi determinado por diferença de 1364
peso. 1365
1366
2.5.7 Perfil de ácidos graxos 1367
A extração e esterificação dos ácidos graxos presentes na biomassa foram 1368
realizadas de acordo com Menezes et al., 2013. Foram pesados cerca de 200,0 mg da 1369
biomassa de microalgas e adicionado 3,0 mL de uma solução de hidróxido de sódio 0,5 1370
M em metanol seco. A mistura foi aquecida em banho-maria a 90 °C por 10 min, depois 1371
de resfriada adicionou-se 9,0 mL da mistura esterificante (descrita no Anexo C).As 1372
amostras foram aquecidas novamente em banho-maria a 90 °C por 10 min. Depois de 1373
resfriadas, adicionou-se 5,0 mL de n-heptano e 2,0 mL de água destilada. Depois de 1374
agitação vigorosa, as amostras foram mantidas em repouso até a separação das fases. A 1375
fase orgânica foi removida e mantida em vidro âmbar em freezer a -20 °C até o 1376
momento da injeção no cromatógrafo gasoso. 1377
Para determinação do perfil de ácidos graxos foi usado um cromatógrafo gasoso 1378
(Thermo Scientific - CG/FID – FOCUS) com detector de ionização de chama (FID) e 1379
coluna capilar Supelco SP2560 (100m x 0,25mm x 0,2μm). Foi utilizado o nitrogênio 1380
como gás de arraste (1,2 mL/min). As temperaturas do injetor e detector foram 230 °C e 1381
270 °C, respectivamente. A programação da temperatura da coluna foi a seguinte: 1382
40°Cpor 3 min, em seguida foi aquecida a 180°C por 5min com uma taxa de 10°C/min, 1383
sendo novamente aquecida a 220°C por 3min com taxa de 10°C/min e por fim a 1384
52
temperatura chegou a 240 °C mantida por 25 min com taxa de 20°C/min. Nitrogênio foi 1385
usado como gás de arraste a 0,9 mL/min. O volume de amostra injetada foi de 1μL com 1386
razão Split de 10:1.Os picos foram integrados e comparados com um padrão de ácidos 1387
graxos SupelcoTM37 componente FAME MIX. 1388
1389
2.6 Atividade antioxidante 1390
As biomassas das microalgas liofilizadas foram submetidas a uma extração com 1391
metanol para a obtenção dos extratos de antioxidantes. Foram pesados 1,0 g de cada 1392
amostra, adicionado 40,0 mL de metanol e em seguida foram sonicadas em banho de 1393
gelo (Unique, modelo USC-1400A) por 20 min. Para a extração, a amostra foi agitada 1394
por três horas a 25 °C e centrifugada a 8000 rpm por 10 min. Os extratos foram secos 1395
em estufa de circulação de ar (SOLAB, modelo SL102) a 35 °C e armazenados, ao 1396
abrigo da luz, à temperatura ambiente até o momento de sua utilização. Cada extrato foi 1397
preparado com água destilada na concentração de 5,0 mg/mL e armazenados em frascos 1398
âmbar, sob refrigeração até à sua utilização. Todo o procedimento de extração foi 1399
executado em iluminação de 4,8 lux para evitar a fotodegradação. 1400
1401
2.6.1 Compostos fenólicos 1402
1403
Os teores de fenólicos extraíveis totais foram determinados pelo método 1404
colorimétrico Folin-Ciocalteau (SLINKARD AND SINGLETON, 1977). A 1405
concentração de compostos fenólicos foi estimada utilizando uma curva de calibração 1406
padrão com ácido gálico (Ver Anexo A). Os resultados foram expressos em mgEAG/g 1407
(miligrama de equivalente de ácido gálico por grama do extrato). 1408
1409
2.6.2 Capacidade antioxidante pelo método ABTS 1410
A capacidade antioxidante pelo método ABTS•+(2,2′-Azino-bis(3-ethyl 1411
benzothiazoline-6-sulfonicacid)), foi determinada conforme a metodologia descrita por 1412
RUFINO et al., (2007). A curva padrão foi preparada utilizando Trolox em 1413
concentrações de μM. Os resultados da capacidade antioxidante foram expressos em 1414
μMTrolox/g de extrato (capacidade antioxidante equivalente ao Trolox). 1415
1416
2.6.3 CAPACIDADE ANTIOXIDANTE PELO ENSAIO DO FRAP 1417
53
A capacidade antioxidante dos extratos de microalgas foi estimada pelo Método 1418
de Redução do Ferro (FRAP), que é baseado na capacidade de um antioxidante em 1419
reduzir o Fe3+ para oFe2+, seguindo a metodologia descrita por BENZIE & STRAIN 1420
(1996). Foram preparadas duas curvas padrão, uma utilizando Trolox e outra com 1421
Sulfato ferroso. Os resultados da capacidade antioxidante foram expressos em μM 1422
Trolox/g de extrato (capacidade antioxidante equivalente ao Trolox) ou μM sulfato 1423
ferroso/g de extrato (capacidade antioxidante equivalente ao Sulfato ferroso). 1424
1425
2.6.4 Análise estatística 1426
1427
As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o procedimento do 1428
programa Statistical Analysis System SAS® versão 9,0. Os resultados experimentais 1429
foram avaliados usando a análise de variância (ANOVA) e o teste de Tukey para 1430
comparar os meios dos parâmetros cinéticos. O estudo estatístico das variáveis, 1431
concentração máxima celular (Xmáx), produtividade (Px), velocidade específica de 1432
crescimento (µmáx) foi realizado pela técnica de análise de variância (ANOVA). A 1433
comparação entre os diferentes tratamentos foi conduzida utilizando o teste de tukey a 1434
5% de significância. 1435
1436
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 1437
1438
A composição do soro pode variar em função de diversos fatores, dentre eles a 1439
qualidade e composição do próprio leite, tecnologia inserida no processo de fabricação 1440
de queijos, além da manipulação da massa do queijo, sua eficiência e/ou rendimento 1441
fornecendo características específicas para o soro (SALES et al 2016). 1442
Segundo SERPA et al 2009, o soro de queijo representa cerca de 85 a 90% do 1443
volume de leite, contendo cerca de 55% dos nutrientes presentes no leite, com destaque 1444
para a lactose com valores em torno de 4 a 5% e proteínas com valores em torno de 0,6 1445
– 0,7%. A composição do soro residual da produção da mozzarella encontra-se na 1446
Tabela 1. 1447
As variações existentes os componentes do soro cru e soro clarificado podem ser 1448
explicados pela reação de Maillard, no qual ocorre desnaturação das características que 1449
pode ocorrer em alimentos e em organismos. 1450
54
Tabela 1 Composição do soro de queijo bubalino cru e clarificado utilizados para o 1451
cultivo de Spirulina platensis. 1452
Variáveis Soro Clarificado
Gordura (mg/ml) 0,02
Proteina total (mg/ml) 0,60
Lactose (mg/ml) 5,07
Sólidos totais (%) 6,77
Extrato seco desengordurado (%) 6,84
Umidade (%) 93,23
1453
SALES et al, 2016 , avaliando a composição percentual do soro de queijo 1454
mozzarela, observou valores para os componentes: gordura (0,36%), proteína (1,33), 1455
sólidos totais (4,87), extrato seco desengordurado (7,15) e lactose ( 6,78) para o leite 1456
cru, valores bem acima do observado neste trabalho. Para a variável lactose, apesar do 1457
processo térmico adotado, a variação desse componente foi menor quando comparado 1458
com gordura e proteína. 1459
As Proteínas do soro correspondem a 20% do total de proteínas presentes no 1460
leite de vaca e de búfala (AKHAVAN, et al. 2010) incluídas nesse total as β-1461
lactoglobulina (55%), α-lactoalbumina, imunoglobulinas (15%) e soro albumina (5%), e 1462
várias outras proteínas em menor proporção (lactoferrina, lactoperoxidase, lisozima, 1463
entre outras), se destacam de acordo com sua funcionalidade (EL-SALAM, et al. 2009), 1464
caracterizando-se pelo elevado valor nutricional, biológico e funcional (CONTRERAS, 1465
et al. 2011). SALES et al 2016, avaliando os constituintes do soro cru de queijo 1466
mozzarela, encontrou valores semelhantes ao encontrados neste estudo. 1467
SILVEIRA et al, 2013 avaliando três tipos de tratamento térmico, A (soro sem 1468
tratamento), B (soro pasteurizado) e C (soro tratado por vapor fluente) observou 1469
reduções de 17% nos teores de proteína em função do tratamento térmico adotado, 1470
variando de 0,84 (A), 0,67 (B) e 0,72 (C). Valores bem acima dos encontrados neste 1471
trabalho. Já para a lactose foram encontrados teores em torno de 3,04, 3,58,e 3,52 1472
respectivamente, valores inferiores aos encontrados neste trabalho que foi de 5,07.. As 1473
microalgas tendem a seqüestrar o CO2 disponível no meio e convertê-la em matéria-1474
prima para realização de fotossíntese e conversão em biomassa. 1475
As proteínas do soro possuem características funcionais e são muito utilizadas 1476
pela indústria de alimentos, para produção de leites fermentados, bebidas lácteas, 1477
sorvetes, fórmulas infantis, panificação, embutidos, e outras aplicações (HARAGUCHI 1478
et al., 2009; LIRA et al., 2009; XU, et al. 2011). 1479
55
3.1 Curva de crescimento das Spirulina platensis 1480
Os cultivos da Spirulina platensis controle (autotrófico) e mixotróficos com 1481
2,5%, 5,0% e 10,0% de soro realizados nesta pesquisa foram acompanhados durante 17 1482
dias consecutivos, quando todos atingiram a fase estacionária do crescimento a fim de 1483
avaliar os parâmetros cinéticos importantes tais como concentração máxima de 1484
biomassa, produtividade máxima e velocidade específica máxima de crescimento. 1485
A escolha das concentrações de soro nos cultivos foi baseada em estudos 1486
anteriores envolvendo o cultivo desta espécie em soro lácteo. Foi demonstrado que não 1487
há altos rendimentos de biomassa da S.platensis em concentrações de soro mais altas 1488
que 6% de acordo com MOURTHÉ (2010). Foi avaliado também o cultivo heterotrófico 1489
da S.platensis em ausência de luz, porém não houve crescimento possivelmente devido 1490
a toxidade e baixo pH do meio. 1491
A Figura 4 apresenta as curvas de crescimento da S.platensis nos cultivos 1492
realizados nesta pesquisa: 1493
1494 Figura 4 – Curva de Crescimento da S.platensis cultivada em meio autotrófico Zarrouk 1495
e meio mixotrófico complementado com soro de queijo bubalino (Desvio 1496
padrão da triplicata). 1497
1498
A produção de biomassa máxima para todos os cultivos foi obtida na fase 1499
estacionária do crescimento. O cultivo controle apresentou uma concentração de 1500
biomassa máxima de 1,75 g/L, sendo o menor valor de toda as condições estudadas 1501
(Tabela 3.2). Comparando com outros estudos, observa-se que Xmáx foi similar aos 1502
0.00
0.50
1.00
1.50
2.00
2.50
3.00
3.50
0 5 10 15 20
Co
nce
ntr
ação
de
Bio
mas
sa (
g/L)
Tempo (dias)
Meio Zarrouk2,5% de Soro5,0% de Soro10% de Soro
56
valores encontrados por KUMARI et al. 2014 (1,87 g/L) e superior aos valores 1503
encontrados por ANDRADE & COSTA (2007), (1,44 g/L), MOURTHÉ (2010), (1,01 1504
g/L). As condições de cultivo utilizadas neste trabalho tais como, temperatura, 1505
irradiância e aeração foram baseadas em estudos prévios que descrevem as condições 1506
ótimas de cultivo da S.platensis (SHI et al. 2016; LANLAN et al. 2015) 1507
Nos cultivos mixotróficos de S.platensis com 2,5%, 5,0% e 10%de soro de 1508
queijo aumentaram na produção da biomassa, onde o valor máximo foi obtido no 1509
cultivo com adição de 5% de soro chegando a 2,98 g/L. Valores similares foram 1510
observado por SALLA et al. 2016 em cultivos da S.platensis utilizando concentrado de 1511
soro de queijo. Apesar das diferenças nas condições de cultivo, esse valor também foi 1512
similar ao encontrado por Andrade & Costa (2007) (2,8g/L) quando cultivaram a 1513
S.platensis em meio Zarrouk diluído com adição de melaço líquido, um subproduto da 1514
indústria sucroalcoleira, e sutilmente superior aos valores encontrados por Marquez et 1515
al. 1993 (2,5 g/L) e Chen & Zhang (1997) (2,4 g/L) quando utilizaram glucose, 1516
respectivamente, como substrato orgânico. 1517
1518
Tabela 2 - Concentração de biomassa máxima (Xmáx), produtividade maxima (Pmáx) e 1519
velocidade especifica maxima de crescimento (µmáx) da cianobactéria 1520
Spirulina platensis cultivada em meio autotrófico Zarrouk e meio 1521
mixotrófico complementado com soro de queijo bubalino. 1522
% Soro Xmáx(g.L-1) Pmáx(g.L-1.dia-1) µmáx(dia1)
0,0 1,75 0,101 0,183
2,5 2,16 0,120 0,258
5,0 2,98 0,179 1,024
10,0 2,18 0,158 2,048
1523
Observa-se que, as fases de crescimento da Spirulina platensis no cultivo com 1524
2,5% foram similares ao controle, porém a velocidade de crescimento e a produção de 1525
biomassa foram sutilmente maiores. Apesar da taxa específica de crescimento depender 1526
principalmente das condições de cultivo, trabalhos prévios publicados envolvendo o 1527
cultivo de Spirulina platensis mostraram resultados similares (Xue et al. 2011; 1528
Ravelonandro et al., 2011; Wuang et al. 2016; Rodríguez et al. 2017). 1529
Para todos os cultivos a fase lag ocorreu nas primeiras 24 horas, isto é 1530
esperando, uma vez que, utilizou-se inoculo em meio padrão. Para os cultivos com 1531
percentuais de soro acima de 2,5%, as taxas de crescimento foram muito altas nas 1532
57
primeiras 48 h, porém a Spirulina platensis no cultivo com 5,0% de soro continuou 1533
crescendo de forma mais lenta que os primeiros dias chegando ao maior rendimento de 1534
biomassa. O cultivo com 10% de soro apresentou o dobro da velocidade específica de 1535
crescimento do cultivo com 5% e atingiu a fase estacionária em 14° dia produzindo a 1536
maior quantidade de biomassa neste tempo, embora a partir daí não houve crescimento 1537
tão expressivo quanto os demais, o que pode ter sofrido limitação pela baixa penetração 1538
de luz devido à alta densidade e opacidade do cultivo. Porém, uma vez que, nos 1539
sistemas mixotróficos se utiliza carbono orgânico, então a energia da luz não é um fator 1540
limitante para o crescimento da cultura (Chang et al., 2011). As culturas mixotróficas 1541
mostram uma foto-inibição reduzida e taxas de crescimento maiores em relação às 1542
culturas autotrófica e heterotróficas, tendo como vantagem a independência em 1543
assimilar tanto substratos de crescimento e realizar a fotossíntese, pois o pool de acetil-1544
CoA será mantido tanto para fonte de carbono de fixação de CO2 (ciclo de Calvin) 1545
como também para o carbono orgânico extracelular. (Mohan et al. 2015). 1546
Mourthé (2010) cultivou a S.platensis com soro lácteo reconstituído nas 1547
concentrações de 3% e 6% e obteve um valor máximo de produção de biomassa de 1,7 1548
g/L quando utilizou 3% de soro, valor abaixo do encontrado neste trabalho. O cultivo 1549
com adição de 6% de soro apresentou valores de biomassa máxima de 1,22 g/L. 1550
A produtividade dos cultivos com 5% de soro foi maior que com 10%, porém 1551
no 4° dia o cultivo com 10% apresentou a maior produtividade em virtude da alta taxa 1552
de crescimento da S.platensis, conforme mostra Figura 5: 1553
1554
Figura 5 – Produtividade da S.platensis cultivada em meio autotrófico Zarrouk e meio 1555
mixotrófico complementado com soro de queijo bubalino (Desvio padrão da triplicata) 1556
no 4° dia de crescimento. 1557
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0 2.5 5 10
Pro
du
tiv
ida
de
do
4°
dia
de
Cre
scim
ento
(g
/L.d
ia)
% Soro adicionado
58
A utilização do soro com concentrações de 2,5% e 5,0% nos cultivos foi muito 1558
favorável a produção de biomassa, mostrando que esse seria um processo viável de 1559
aproveitamento deste soro, um resíduo altamente poluente produzido em larga escala 1560
pela indústria de laticínios no Brasil. A utilização de soro nos cultivos da S. Platensis 1561
diminui o custo de produção de microalgas ao mesmo tempo consome um efluente que 1562
é descartado ao meio ambiente produzindo quantidades de biomassa mais elevadas. 1563
Em um processo industrial seria relevante o cultivo com 10%, uma vez que o 1564
mesmo atinge a fase estacionária em curto intervalo de tempo produzindo a maior 1565
quantidade de biomassa. Neste período, é muito importante avaliar a composição 1566
bioquímica da biomassa para ver a viabilidade de produção de algum metabólito de 1567
interesse para indústria. Isto será feito em uma etapa posterior. 1568
1569
3.2 Controle de pH 1570
1571
O pH influência a solubilidade do CO2 e dos minerais no meio de cultivo 1572
interferindo diretamente ou indiretamente no metabolismo das algas sendo um dos 1573
parâmetros mais importantes do crescimento. O pH dos cultivos foi monitorado a cada 1574
24 h conforme mostra Figura 6: 1575
1576 Figura 6 – Controle de pH, monitorado a cada 24h nos cultivos de S.platensis cultivada 1577
em meio autotrófico Zarrouk e meio mixotrófico complementado com soro de queijo 1578
bubalino (Desvio padrão da triplicata) 1579
1580
Os cultivos mixotróficos apresentaram faixas de pH mais baixas que o cultivo 1581
controle, isto é esperado, uma vez que o soro é ácido. Nestes cultivos, os valores de pH 1582
8.50
9.00
9.50
10.00
10.50
11.00
11.50
12.00
12.50
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
pH
Tempo (dias)
Meio
Zarrouk2,5% Soro
5,0% Soro
10% Soro
59
do início ao fim do experimento apresentaram faixas similares, onde a mais baixa foi 1583
observada para o com 10% se soro. De forma geral a variação de pH foi mais 1584
pronunciada para o cultivo controle (9.3 – 11.8) com um aumento relevante nos 3 1585
últimos dias. Nos metabolismos autotróficos geralmente os meios são ricos em 1586
bicarbonato, onde o carbono inorgânico pode estar na forma CO2, H2CO3, HCO3-
1587
(bicarbonato) ou CO3- (carbonato) e suas proporções dependem do pH. Em pH básico, 1588
as proporções de HCO3- ou CO2
- aumentam, porém em meios com pH baixo predomina 1589
o CO2 que é a fonte de carbono utilizada pelas algas. 1590
A elevação gradativa do pH no meio de cultura indica o crescimento da cultura e 1591
esse aumento é justificado pelo consumo do carbono inorgânico pelas microalgas para o 1592
crescimento celular, reduzindo a sua concentração no meio, desta forma força o 1593
deslocamento do equilíbrio carbonato-bicarbonato no sistema tampão (Berenguelet al., 1594
2004). 1595
A faixa de temperatura ótima de crescimento de S. platensis é de 9,5 a 10,5 (Pelizer 1596
et al., 2003; Richmond & Grobbelaar, 1986). Comparando a variação de pH com o 1597
crescimento da S.platensis observa-se que apesar do pH não está na faixa de trabalho 1598
ótima, não houve limitação do crescimento quando se compara a produção de biomassa 1599
e taxa de crescimento da S.platensis cultivada neste trabalho com outras pesquisas 1600
reportadas na literatura discutidos no item 3.1. 1601
1602
3.3 Composição bioquímica 1603
1604
A S.platensis é uma das espécies de microalgas mais estudadas sendo muito 1605
utilizada como produto alimentar e suplemento dietético em virtude do seu perfil 1606
nutricional de qualidade e alta biodisponibilidade de nutrientes. De acordo com Habib et 1607
al., 2008, composição química básica da S.platensis é constituída por proteínas (50 - 1608
70%), carboidratos (15 – 25%), lipídios (6 – 8%) e minerais (7 – 13%), onde esses 1609
percentuais podem variar dependendo do tipo de cultivo. 1610
Observa-se que a biomassa obtida no cultivo padrão apresentou alto teor 1611
proteínas totais e percentuais mais baixos para os carboidratos, lipídios e cinzas sendo 1612
similar aos estudos encontrados por Madkour et al. (2012); Salla et al. 2016, porém 1613
esses estudos mostram teores de proteínas e carboidratos mais baixos que os 1614
encontrados neste trabalho. 1615
60
Madkour et al. (2012) mostraram que para S.platensis cultivada em Meio 1616
Zarrouk, os teores de proteínas e carboidratos foram 52.95% e 13.20%, 1617
respectivamente. Já Salla et al. 2016 encontram teores de 20 e 60%(carboidratos) e 1618
45.40%(proteínas). A composição bioquímica de microalgas sofre forte influência do 1619
meio de cultura, além da temperatura, aeração, irradiância, volume de cultivo, dentre 1620
outros (Salla et al. 2016)Como neste estudo, todas as variáveis foram mantidas 1621
constantes e apenas a composição do meio de cultura sofreu alterações, pode-se 1622
observar que esse parâmetro foi o responsável pelas mudanças nas composições 1623
bioquímicas das biomassa. 1624
1625
Tabela 3 – Composição bioquímica da biomassa da S.platensis cultivada em meio 1626 controle e meio mixotrófico com adição de soro de queijo bubalino. 1627
1628
Soro (%) Rep. MS (%) Pt (%) PH (%) EE (%) CHO (%) Cinzas (%)
0,0 1 95,47 64,38 39,21A 5,18A 27,94 5,89
0,0 2 92,48 67,71
25,36 5,75
0,0 3 93,00 64,55
28,21 6,47
Média
93,65 BA 65,55A
27,17C 6,04B
DP
1,60 1,88
1,57 0,38
2,5 1 91,17 60,94 37,78A 2,04D 22,81 14,24
2,5 2 91,81 60,58
25,01 14,18
2,5 3 92,32 60,34
22,04 14,21
Média
91,77 BA 60,62B
23,29C 14,21A
DP
0,58 0,30
1,54 0,03
5,0 1 90,21 44,73 30,13A 2,56C 48,70 13,96
5,0 2 90,34 43,75
47,18 13,94
5,0 3 91,16 45,21
47,60 14,20
Média
90,57 BA 44,56C
47,83A 14,03A
DP
0,52 0,74
0,78 0,14
10,0 1 96,01 39,41 51,57A 3,40B 44,17 6,40
10,0 2 94,65 39,41
36,87 6,23
10,0 3 94,09 40,04
40,90 6,45
Média
94,92A 39,62C
40,65B 6,36B
DP 0,99 0,36 3,66 0,12
Letras maiúsculas iguais na linha não diferem entre si. 1629
1630
Observa-se que devido a adição do soro aos cultivos, não somente a produção de 1631
biomassa foi maior, como também o percentual de carboidratos. É possível notar 1632
claramente uma relação direta, que à medida que o percentual do soro aumentou a 1633
síntese de proteínas totais, houve diminuição para todas as condições estudadas, 1634
enquanto o teor de carboidratos aumentou nos cultivos com adição de soro acima de 1635
2,5% conforme Figura 3.4. 1636
61
1637 1638
Figura 7 - Influência do percentual do soro na síntese de carboidratos e proteínas pela 1639
S.platensis. 1640
1641
É bem conhecido que a S.platensis produz altos teores de proteínas, o que 1642
justifica sua vasta aplicação comercial na atualidade e isto ocorre principalmente 1643
quando o meio de crescimento é rico em nutrientes, principalmente com nitrogênio 1644
disponível (Dismukes et al., 2008). Tem sido demonstrado que alguns tipos de 1645
microalgas acumulam carboidratos e outros biocompostos não nitrogenados quando 1646
uma fonte orgânica é adicionada ao meio de crescimento, então estes resultados são 1647
esperados. Vieira Salla et al. 2016 cultivaram a S.platensis utilizando resíduos 1648
concentrados de soro de queijo com concentração de 1,5% e 2,5% em meio Zarrouk 1649
diluído (20% e 30%). Eles observaram que a houve um aumento no teor de carboidratos 1650
de 20.60% (condição padrão – meio Zarrouk) para (21,82 – 44,02%) enquanto o teor de 1651
proteínas diminui de 45.40% para 18,96-41,30%dependendo da concentração de soro 1652
e/ou diluição do Zarrouk. Eles observaram que não houve aumento do teor de 1653
carboidratos quando eles cultivaram a S.platensis com meio Zarrouk 100% adicionado 1654
de 1,5% e 2,5% de concentrado de soro, porém o teor de proteínas diminuiu. Neste 1655
trabalho, mesmo com meio Zarrouk sem diluição e adição do soro houve aumento dos 1656
carboidratos e decréscimo do teor de proteínas. O teor de cinzas aumentou nos cultivos 1657
com 2,5% e 5,0% de soro. 1658
A S.platensis é uma espécie com baixo teor de lipídios quando cultivada em 1659
condições padrão, porém pode haver aumento deste percentual em função das condições 1660
de cultivo. 1661
15.00
25.00
35.00
45.00
55.00
65.00
75.00
0 2 4 6 8 10 12
% M
eta
bó
lito
s
% Soro nos cultivos
% Carboidratos
% Proteínas totais
62
Observa-se que nos cultivos mixotróficos da S.platensis houve um decréscimo 1662
na síntese de lipídios quando se compara ao cultivo controle, porém não houve 1663
diferenças significativas em função do percentual de soro adicionado. O perfil dos 1664
ésteres metílicos de ácidos graxos da S.platensis são listados na Tabela 3. Observa-se 1665
que não houve mudanças significativas no perfil, com exceção do cultivo com 10% de 1666
soro, em que o percentual do C18:1n9c diminuiu 70%. O éster de ácido graxo 1667
encontrado em maior percentual foi o C16:0(40,60 – 45,75%), seguido por C20:0, 1668
C18:2n6c e C18:1n9c. 1669
1670
Tabela 4 – Perfil dos ésteres metílicos de ácidos graxos presentes na biomassa da 1671
S.platensis cultivada em meio controle e meio mixotrófico com adição de soro de queijo 1672
bubalino 1673
Ácido graxo % Soro bubalino
0,0 2,5 5,0 10,0
C10:01 nd nd 0,70 - 0,73 0,62 - 0,69
C12:02 0,97 - 1,11 0,73 - 0,75 0,60 - 0,64 0,62 - 0,65
C13:03 1,43 - 1,51 1,01 - 1,03 0,74 - 0,92 0,92 - 0,93
C14:04 0,62 - 1,39 0,71 - 0,72 0,59 - 0,59 0,23 - 0,24
C14:15 0,89 - 0,96 0,69 - 0,69 0,48 - 0,48 0,50 - 0,51
C15:06 0,23 - 0,55 0,32 - 0,33 0,28 - 0,30 0,30 - 0,31
C15:17 0,66 - 0,68 0,62 - 0,63 0,58 - 0,60 0,50 - 0,67
C16:08 40,60 - 42,15 45,72 - 45,75 44,87 - 44,91 44,29 - 43,68
C16:19 1,67 - 1,76 2,04 - 2,23 2,29 - 2,31 2,82 - 2,87
C17:010 0,16 - 0,27 0,49 - 0,49 0,18 - 0,35 0,16 - 0,35
C17:111 0,25 - 0,28 0,22 - 0,23 nd 2,41 - 2,51
C18:012 2,31 - 4,42 2,28 - 2,39 2,45 - 2,55 0,24 - 0,25
C18:113 nd 0,63 - 0,67 0,69 - 0,74 0,68 - 5,53
C18:1n9c14 9,78 - 11,38 10,92 - 10,92 12,00 - 12,06 3,25 - 3,26
C18:1n9t15 nd 0,34 - 0,36 nd nd
C18:2n6c16 10,99 - 11,59 10,46 - 10,45 8,84 - 8,87 10,68 - 11,24
C18:2n617 nd nd nd nd
C20:018 14,54 - 15,15 16,09 - 16,13 17,25 -17,29 19,88 - 19,89
C20:219 0,16 - 0,19 nd nd Nd
C20:3n620 0,57 - 0,60 0,26 - 0,21 0,43 - 0,44 nd
1 – ácido capróico; 2 – ácido láurico; 3 – ácido tridecanóico; 4- ácido merístico; 5- ácido miristoléico; 6- 1674 ácido pentadecanóico; 7- ácido cis-10-pentadecanoico; 8- ácido palmítico; 9- ácido palmitoléico; 10- 1675 ácido heptadecanóico; 11- ácido cis-10- heptadecanóico; 12- ácido esteárico; 13- ácido eláidico; 14- ácido 1676 oléico; 15- ácido elaidico; 16- ácido linoleidico; 16- ácido linoléico; 17- ácido 9, 12 – octadecadienóico; 1677 18- ácido araquidônico; 19- ácido 11, 14- eicosadienoico 20- ácido y- linoléico. 1678 1679
Prates et al., 2015; Morais & Costa, 2008; Collaet al., 2004 reportaram que o 1680
ácido palmítico foi predominante no perfil de ácidos graxos da S.platensis. Esse ácido é 1681
uma importante fonte de energia na alimentação infantil, pois o leite materno contém de 1682
63
20 a 30% desse ácido graxo. No entanto, em adultos, ácidos graxos saturados têm sido 1683
associados com o aumento do risco de doenças cardiovasculares (Williset al., 1998). 1684
Além disso, ele é muito utilizado na indústria farmacêutica, de cosméticos e de 1685
surfactantes (Garlapati & Madras, 2010) 1686
1687
3.4 Atividade antioxidante 1688
1689
Os antioxidantes são compostos químicos capazes de inibir ou retardar a 1690
oxidação de um substrato oxidável tendo um papel relevante na saúde humana, uma vez 1691
que, essas biomoléculas protegem as células sadias do organismo contra a ação oxidante 1692
dos radicais livres (Barkallah et al., 2017). As espécies reativas de oxigênio atacam e 1693
danificam as moléculas nos sistemas biológicos levando a vários distúrbios e doenças. 1694
Assim, o estresse oxidativo desempenha um papel em muitas doenças, incluindo 1695
hipertensão, diabetes mellitus, esclerose e doença isquêmica (Wu et al. 2016). 1696
Microalgas têm sido apontadas como uma nova fonte sustentável de 1697
antioxidantes naturais apresentando várias aplicações. Atualmente, as principais 1698
espécies utilizadas comercialmente para a produção de antioxidante, a salina que é fonte 1699
de beta-caroteno e a pluviais para a produção de Astaxantina (Goiriset al., 2015). 1700
Nos últimos anos, a S.platensis vem atraindo cada vez mais interesse como fonte 1701
potencial de compostos farmacêuticos. Muitos estudos de pesquisa mostram que essa 1702
microalga possui numerosos benefícios para a saúde, incluindo antioxidantes, 1703
imunomoduladores, antiinflamatórios, anticancerígenos, anti-virais e atividades anti-1704
bacterianas, bem como efeitos positivos contra hiperlipidemia, desnutrição, obesidade, 1705
diabetes, toxicidade química induzida por metais pesados e anemia (Lee et al., 1998; 1706
Lorenz 1999; Hoseini et al.2013; Kulshreshtha et al. 2008, Wu et al. 2016). 1707
Recentemente vem sendo muito estudado a atividade antioxidante da S.platensis, 1708
muitos estudos in-vivo mostram que o tratamento com essa biomassa reduz 1709
significativamente o estresse oxidativo (Abdel-Daimet al. 2013; Wu et al. 2016). Os 1710
compostos fenólicos das microalgas têm sido reportados como potencial candidato para 1711
combater os radicais livres, que são prejudiciais a saúde e alimentação (Hanna et al., 1712
2009), sendo metabólitos secundários com atividade antioxidante que desempenham 1713
um papel fundamental na saúde humana atuando contra as espécies reativas de oxigênio 1714
e nitrogênio (Casazza et al. 2015). A atividade antioxidante dos compostos fenólicos é 1715
principalmente devido as suas propriedades redox. Eles agem como agentes redutores 1716
(terminadores de radicais livres), doadores de hidrogênio, neutralizadores de oxigênio 1717
64
singlete e quelantes de metais (Cook &Samman, 1996)Os compostos fenólicos, 1718
incluindo fenóis simples, flavonóides, fenilproponóides, taninos, ligninas, ácidos 1719
fenólicos e seus derivados, são partes de um mecanismo de defesa complexo contra uma 1720
ampla gama de estresses nas plantas e, portanto, acumulam-se em resposta a esses 1721
estresses(Dixon e Paiva, 1995 ). 1722
Como a S.platensis é uma das espécies de algas mais estudadas como fonte de 1723
antioxidantes, neste trabalho o teor de fenólicos totais e atividade antioxidante das 1724
biomassas foram quantificados em todas as biomassas obtidas nos cultivos, conforme 1725
mostram as Tabelas 5 e 6: 1726
1727
Tabela 5 - Teores de fenólicos extraíveis totais 1728
Amostra % Soro
0,0 2,5 5,0 10,0
Fenólicos (mg Ácido gálico/g)
32,16 30,85 32,87 22,51
33,53 30,85 33,58 22,39
33,90 30,10 33,24 22,22
Média 33,20a 30,60a 33,23a 22,37a
Desvio padrão 0,92 0,43 0,36 0,14
1729
Observa-se que a S.platensis apresentou um alto teor de compostos fenólicos 1730
chegando a no máximo 33,23 mg Ácido gálico/g. As concentrações de fenólicos totais e 1731
atividade antioxidante da biomassa de microalgas pode variar em função das condições 1732
de cultivo. Nos cultivos controle e mixotróficos com 2,5% e 5,0% de soro não houve 1733
diferenças significativas (< 0,0001) na concentração de compostos fenólicos, porém no 1734
cultivo com 10% houve uma redução de 33%. Goiris et al. 2015 investigaram a 1735
influência do estresse nutricional no teor de antioxidante das microalgas Phaeodactylum 1736
tricornutum, Tetraselmis suecica e Chlorella vulgaris. Eles observaram que quando o 1737
meio foi limitado com Nitrogênio, houve redução de antioxidantes. Os teores de 1738
compostos fenólicos e os carotenóides foram significativamente reduzidos, em contraste 1739
os níveis de ácido ascórbico e tocoferóis foram maiores em culturas com limitação de 1740
nutrientes (estresse), particularmente sob a limitação de P. Eles concluiram que o 1741
estresse nutricional não é uma estratégia efetiva para melhorar o conteúdo antioxidante 1742
geral em microalgas, embora possa ser útil aumentar a produção de alguns antioxidantes 1743
vitamínicos, como tocoferóis ou ácido ascórbico. 1744
No presente estudo, é provável que algum componentepresente no soro tenha 1745
inibido o estresseoxidativo responsável pela síntese de compostos antioxidantes, 1746
65
incluindofenólico sendo o efeito potencializado no cultivo com 10% de soro. Esse 1747
fundamento é embasado pelo estudo de Goiris et al. 2015b que descrevem o 1748
fundamento biológico 1749
Avaliando a atividade antioxidante das biomassas obtidas no presente estudo, 1750
pode-se observar que diferente da concentração de compostos fenólicos, a atividade 1751
antioxidante das culturas diminuiu quando o soro foi utilizado nos cultivos 1752
independente do percentual. A inibição do estresse oxidativo resultou na geração de 1753
algumas espécies de radicais livres nas células que reagiram e diminuiram a síntese dos 1754
antioxidantes, possivelmente, devido o meio proporcionar condições favoráveis aos 1755
organismos, não tendo influência em promover a produção de antioxidantes (Goiris et 1756
al., 2015). 1757
Em plantas terrestres, o aumento de compostso fenólicos é observado quando as 1758
espécies são expostas a várias formas de estresse oxidativo (Kovacik et al. 2010) já para 1759
as microalgas os compostos fenólicos até agora tem recebido pouca atenção. Embora 1760
não tenha estudos prévios reportando a influência do cultivo mixotrófico na sintése de 1761
oxidantes por microalgas, alguns trabalhos reportam que estresses ambientais tais como 1762
exposição a metais (Rico et al., 2013), estresse por exposição à luz uv (Kovacik et al. 1763
2010) aumentaram a síntese de compostos fenólicos enquanto Goiris et al. 2015 1764
demostraram que o estresse nutricional induziu a redução da síntese de fenólicos nas 1765
biomassas de microalgas. 1766
Comparando a concentração de compostos fenólicos das biomassas obtidas nesta 1767
pesquisa com outros trabalhos reportados na literatura, observa-se que a S.platensis 1768
cultivadanesta pesquisa apresentou elevada concentração de compostos fenólicos (22,37 1769
– 33,23mg/g) em relação aos estudos de Sousa e Silva et al. (2017) (1,65mg/g), Parisi 1770
et al. 2010 (4,22 - 4,41 mg/g), Colla et al. 2007 (0,0024 – 0,0049 mg/g). 1771
É importante ressaltar que a produção de antioxidantes depende das condições 1772
de cultivo e do método de extração para quantificação e neste estudo a produção de 1773
compostos fenólicos foi potencializada provavelmente em função da irradiância dos 1774
cultivos que foi muito alta (17 Klux). Um estudo realizado Kepekçi & Saygideger 1775
(2012) avaliou a influência da irradiância na síntese de compostos fenólicos pela 1776
S.platensis. Foi observado que a quantidade de compostos fenólicos aumentou de 6,32 1777
mg/g (60μ mol photons m−2s−1) para 49.83mg/g (120μ mol photons m−2s−1). 1778
1779
66
Tabela 6 – Atividade antioxidante da S.platensis pelo método de Captura do Radical 1780
Livre - ABST•+ (ácido 2,2´-azino-bis (3-etilbenzotiazolin)-6-ácido sulfônico) e Redução 1781
do Ferro FRAP. 1782
1783
% Soro Repetição FRAPsf (µmol
SF/g)
FRAPtx (µmol
Tx/g)
ABTS•+
(µmol Tx/g)
0,0 1 35,35 20,68 18,10
0,0 2 34,48 20,17 17,09
0,0 3 36,23 21,19 17,83
Média
35,35 20,68 17,67
Desvio padrão
0,87 0,51 0,52
2,5 1 15,25 8,95 14,73
2,5 2 15,32 8,99 14,80
2,5 3 15,17 8,90 15,00
Média
15,25 8,95 14,84
Desvio padrão
0,08 0,05 0,14
5,0 1 15,39 9,03 14,73
5,0 2 15,49 9,09 14,13
5,0 3 15,28 8,97 15,00
Média
15,39 9,03 14,62
Desvio padrão
0,1 0,06 0,45
10,0 1 14,54 8,54 11,64
10,0 2 14,68 8,62 11,57
10,0 3 14,40 8,45 11,84
Média
14,54 8,54 11,68
Desvio padrão 0,14 0,08 0,14
FRAP (Ferric Reducing Antioxidant Power; ABTS (2,2’-azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-ácido 1784 sulfônico). 1785
A Atividade antioxidante das biomassas foram avaliadas pelo método de captura 1786
do radical ABTS•+ (2,2’-azinobis (3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) e o ensaio que 1787
avalia o poder de redução do íon ferro, FRAP (Ferric Reducing Antioxidant Power), 1788
que se baseia na produção do íon Fe+2(forma ferrosa) a partir da redução do íon Fe+3 1789
(forma férrica) presente no complexo 2,4,6- tripiridil-s-triazina (TPTZ). Foi utilizado 1790
também o trolox com o padrão para o método FRAP. Para o cultivo controle, a 1791
atividade oxidante cresceu na seguinte ordem FRAPsf>FRAPTx> ABTS•+. Já para as 1792
culturas mixotróficas, observa-se a mesma performance para todas independente do 1793
percentual de soro de forma que a atividade antioxidante foi similar quando avaliadas 1794
pelos métodos ABTS•+ e FRAPsf com e menor para o FRAPtx. 1795
Não foram identificados quais os compostos antioxidantes que foram limitados 1796
sofrendo redução ficando como sugestão a investigação em trabalho futuro. De acordo 1797
com Halliwell (1996), os efeitos defensivos de antioxidantes naturais estão relacionados 1798
67
a três grandes grupos: ácido ascórbico e fenólicos como antioxidantes hidrofílicos e 1799
carotenóides como antioxidantes lipofílicos. 1800
Observa-se que a atividade antioxidante da S.platensis obtida neste estudo pelo 1801
método ABTS•+(11,68 – 17,67 µmol Tx/g)foi menor do que valores encontrados por 1802
Kepekçi & Saygideger, (2012)(31,41- 54,16μ mol Trolox g−1). A Atividade antioxidante 1803
pelo método FRAPtx do cultivo controle (20,68 µmol Tx/g) foi maior que o encontrado 1804
por Ibarz, 2016 (8,81 µmol Tx/g). 1805
Não foi encontrado na literatura dados de atividade antioxidante em condições 1806
de cultura similares aos estudos realizados nesta pesquisa. Muitos trabalhos tem 1807
avaliado a capacidade antioxidante de alimentos suplementados com S.platensis, tais 1808
como, iogurte (Barkallah et al. 2017), massa de trigo de pão (Rodríguez de Marco et al. 1809
2014), biscoito (Batista et al. 2017), dentre outros. Eles observaram que a capacidade 1810
antioxidante de todos os alimentos foi maior quando suplementados com a S.platensis. 1811
1812
4. CONCLUSÃO 1813
1814
Quando comparadas com a cultura fotoautotrópica, as microalgas mixotróficas 1815
cresceram mais rapidamente, proporcionando em um curto intervalo de tempo, maior 1816
produtividade de biomassa e maior teor de carboidratos, porém houve um decréscimo 1817
na produtividade de proteínas e lipídios. A concentração de compostos fenólicos não 1818
sofreu variações quando se comparou o cultivo autotrófico com os mixotróficos com 1819
2,5% e 5,0% de soro, porém quando houve adição de 10% de soro, a concentração dos 1820
compostos fenólicos diminui 37%. A atividade antioxidante avaliada pelos métodos 1821
FRAP e ABTS.+ foi reduzida em todas as biomassas obtidas nos cultivos mixotróficos 1822
em relação ao controle, porém não sofreu variações significativas em função do 1823
percentual de soro no meio. O cultivo mixotrófico de S.platensis utilizando soro de 1824
queijo mozarella de búfala pode ser considerado como uma estratégia viável para 1825
reduzir os custos da produção de biomassa de microalgas e carboidratos, ao mesmo 1826
tempo em que contribui para a solução do problema ambiental causado pela eliminação 1827
de soro nas indústrias leiteiras, embora não seja uma boa estratégia para induzir a 1828
síntese de compostos antioxidantes. 1829
1830
1831
1832
68
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1833
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73
ANEXO 1 2043
2044
Curvas padrão de crescimento 2045
2046
Curvas padrão das análises bioquímicas 2047
2048
2049 2050
Figura A1 – Curva padrão de Glicose para quantificação de carboidratos totais 2051
2052
2053
2054 2055
Figura A2 – Curva padrão de Ácido Gálico para quantificação de compostos 2056
fenólicos totais 2057
2058
2059
y = 0.0041x + 0.0071R² = 0.9965
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
1.8
0 100 200 300 400 500
Ab
sorb
ân
cia
(n
m)
Concentração de glicose (mg/mL)
Curva padrão de glicose
y = 0.0927x - 0.0055R² = 0.9984
0.000
0.500
1.000
1.500
2.000
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0
Ab
sorb
ân
cia
(n
m)
Concentração (µg/mL)
Curva Padrão de Ácido Gálico
74
2060 2061
Figura A3 – Curva padrão de Trolox para quantificação da atividade antioxidade 2062
(pelo método ABTS•+ (2,2-azinobis (3-etilbenzotiazolina-6ácido sulfônico)) 2063
2064
2065
2066 2067
Figura A4 – Curva padrão de Trolox para quantificação da atividade antioxidante 2068
pelo ensaio do FRAP 2069
2070
2071
2072 2073
y = -0.0003x + 0.6528R² = 0.9995
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0 500 1000 1500 2000 2500
Ab
sorb
ân
cia
(n
m)
Concentração µM (µmol/L)
Curva Padrão de Trolox
y = 0.0012x - 0.1058
R² = 0.9992
0.000
0.500
1.000
1.500
2.000
2.500
0 500 1000 1500 2000 2500
Ab
sorb
ân
cia
(n
m)
Concentração µM (µmol/L)
Curva padrão de Trolox (Tx)
y = 0.0007x - 0.0964
R² = 0.9995
0.000
0.200
0.400
0.600
0.800
1.000
1.200
1.400
0 500 1000 1500 2000 2500
Ab
sorb
ân
cia
(n
m)
Concentração µM (µmol/L)
Curva padrão de Sulfato ferroso
75
Figura A5 – Curva padrão de Sulfato Ferroso para quantificação da atividade 2074
antioxidante pelo ensaio do FRAP 2075
2076
2077
ANEXO 2 2078
2079
* Soluções utilizadas na determinação das Proteínas 2080
2081
Solução A: Na2CO3a 2% em NaOH 0,1 N; 2082
Solução B1: CuSO4. 5H2O a 0,5%; 2083
Solução B2: Tartarato de Sódio e Potássio a 1%; 2084
Solução C: Soluções A, B1eB2 em proporção igual a 100:1:1, respectivamente. 2085
Solução D: Folin-Ciocalteau comercial e água destilada na proporção de 1:1. 2086
2087
Mistura Esterificante 2088 2089
Adicionar 2,0 g de cloreto de amônio a 60 mL de metanol seguido da adição de 2090
3,0 mL de ácido sulfúrico concentrado. A mistura, contida em balão de fundo redondo, 2091
deve ser levada um condensador e mantida em refluxo sob agitação por 15 min. O 2092
reagente obtido deve ser estocado em balão de vidro com tampa de vidro. 2093