avaliaÇÃo da eficÁcia terapÊutica de uma nova … · bilirrubina após esse período (dobbs e...

84
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA MODALIDADE DE FOTOTERAPIA UTILIZANDO DIODO EMISSOR DE LUZ - LED BIANCA DE MORAES REGO MARTINS RIO DE JANEIRO JUNHO, 2006

Upload: others

Post on 03-Dec-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE

UMA NOVA MODALIDADE DE FOTOTERAPIA

UTILIZANDO DIODO EMISSOR DE LUZ - LED

BIANCA DE MORAES REGO MARTINS

RIO DE JANEIRO

JUNHO, 2006

Page 2: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA

PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DA MULHER

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE

UMA NOVA MODALIDADE DE FOTOTERAPIA

UTILIZANDO DIODO EMISSOR DE LUZ - LED

BIANCA DE MORAES REGO MARTINS

ORIENTADOR

Dr. Manoel de Carvalho

CO-ORIENTADOR

Dra. Maria Elizabeth Lopes Moreira Dr. Saint Clair S Gomes Jr

Dissertação de Mestrado Apresentada à

Pós Graduação em Saúde da Criança e da Mulher

para obtenção de título de Mestre

JUNHO, 2006

Page 3: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

Dedicatória Dedico este trabalho à minha família.

À minha mãe e meu pai, pela minha formação, pelo incentivo

e pelo apoio (alicerce da minha vida).

Aos meus irmãos Pedro e Bruna, pelo amor que nos une.

Ao meu sobrinho João, pela felicidade que me proporciona.

Page 4: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

Agradecimentos

Ao Instituto Fernandes Figueira, que me permitiu conhecer e me interessar pela

pesquisa acadêmica de qualidade.

Ao meu orientador, Dr Manoel de Carvalho, por todo conhecimento, pela

oportunidade de ter realizado esta obra e pela compreensão durante o período do

mestrado.

À Dra Maria Elisabeth Lopes Moreira, minha co-orientadora, pelas opiniões e

pelo apoio.

Ao Saint Clair S Gomes Jr, meu co-orientador, pela grande ajuda na estatística.

Ao Dr José Maria de Andrade Lopes, pelo incentivo.

Ao Dr Alan Araújo Vieira, que também foi fundamental na análise estatística

inicial.

Aos residentes e plantonistas da Clínica Perinatal Laranjeiras, pela colaboração na

coleta dos dados.

Aos meus irmãos Pedro e Bruna, pela ajuda na informática.

Aos amigos do Departamento de Neonatologia do Instituto Fernandes Figueira,

pelo estímulo.

A todos que de maneira direta ou indireta contribuíram tornando possível a

finalização desta obra.

Page 5: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

Resumo

Objetivo: Avaliar a eficácia terapêutica de um sistema de fototerapia microprocessada

que utiliza diodos emissores de luz de alta intensidade (SuperLEDs) como fonte de luz

azul para o tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal de recém nascidos prematuros

com peso de nascimento maior do que 1000g e compará-la com a fototerapia que utiliza

lâmpada halógena (Bilispot®).

Material e Métodos: Trata-se de um estudo prospectivo, randomizado e controlado,

utilizando a fototerapia SuperLED no grupo experimental e duas fototerapias halógena

no grupo controle. Foram incluídos recém nascidos prematuros com peso de nascimento

maior do que 1000g, internados em UTI neonatal, com indicação de receber

fototerapia,segundo critérios de Bhutani et al de 2004. Foram excluídos os pacientes

com teste de Coombs positivo, equimoses extensas, malformações ou infecção

congênita. A duração da fototerapia e a queda nos níveis séricos de bilirrubina total nas

primeiras 24 horas de tratamento foram os principais desfechos analisados.

Resultados: Foram estudados 88 recém nascidos, 44 no grupo da fototerapia SuperLED

e 44 no grupo da fototerapia halógena. As características demográficas da população

foram semelhantes nos dois grupos. O nível sérico médio inicial de bilirrubina no grupo

submetido à fototerapia SuperLED (10,1 ± 2,4 mg%) foi semelhante ao do grupo

submetido à fototerapia halógena (10,9 ± 2,0 mg%). A queda percentual na

concentração sérica de bilirrubina total nas primeiras 24 horas de tratamento foi

significativamente maior (27,9% vs 10,7%, p<0,01) e a duração do tratamento foi

significativamente menor (36,8 h vs 63,8 h, p< 0,01) no grupo do SuperLED quando

comparado ao grupo submetido à fototerapia halógena. Após 24 horas de tratamento,

um número significativamente maior de recém nascidos recebendo fototerapia

Page 6: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

SuperLED atingiu níveis sericos de bilirrubina que permitiram a suspensão deste

tratamento(23 vs 10, p<0,01).

Conclusões: Os resultados sugerem que a eficácia da fototerapia SuperLED é

significativamente maior do que a da fototerapia halógena no tratamento da

hiperbilirrubinemia neonatal de recém nascidos prematuros com peso de nascimento

maior do que 1000g.

Page 7: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

Abstract

Objectives: To evaluate the efficacy of a micro processed phototherapy (PT) system

with high intensity gallium nitride light emitting diode (Super LED) in the treatment of

neonatal hyperbilirubinemia of premature infants with birth weight more than 1000g

and compare it with a halogen spotlight phototherapy.

Design/Methods: This is a prospective, randomized, controlled clinical trial using a

Super LED phototherapy in the study group and two halogen spotlight phototherapy in

the control group. We included in this study premature infants with birth weight (BW)

more than 1000g admitted to a neonatal intensive care unit who had criteria for

phototherapy, according with Bhutani et al, 2004. We excluded patients with positive

Coombs test, extensive extra vascular blood (bruising and cephalohematoma), birth

defects or congenital infections. The duration of phototherapy and the rate of decrease

of total serum bilirubin (TSB) concentration in the first 24 hours of treatment were the

main outcome measures.

Results: We studied 88 infants, 44 in the Super LED PT group and 44 in the halogen

spotlight PT group. The demographic characteristics of the patients were similar in both

groups. The mean initial serum bilirubin levels of infants in the SuperLED group (10, 1

± 2, 4 mg %) was similar to those receiving halogen spotlight (10, 9 ± 2, 0 mg %). The

decrease in total serum bilirubin levels after 24 hours of treatment was significantly

greater in the Super LED group (27, 9 vs 10, 7%, p<0, 01) and the duration of

phototherapy was significantly shorter in this group (36,8h vs 63, 8 h, p<0, 01). After 24

hours of treatment, a significantly greater number of patients receiving SuperLED

phototherapy reached serum bilirubin concentrations to allow withdraw of treatment (23

vs 10, p < 0, 01).

Page 8: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

Conclusions: The results suggest that the efficacy of Super LED phototherapy was

significantly better than the halogen phototherapy in treating hyperbilirubinemia of

premature infants with BW more than 1000g.

Page 9: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

Nota Esta dissertação apresenta, inserida no seu conteúdo, um artigo que será

submetido à publicação “Avaliação da eficácia terapêutica de uma nova modalidade de

fototerapia utilizando diodo emissor de luz - LED”.

A autora seguiu o regulamento da Pós-graduação do Instituto Fernandes

Figueira/ FIOCRUZ formatando essa dissertação conforme as normas do Caderno de

Saúde Pública do ano de 2004. Foi utilizada a opção do regulamento da Pós-graduação

do Instituto Fernandes Figueira/ FIOCRUZ, que diz que os candidatos têm o direito de

incluir como parte da tese o texto de um ou mais artigos submetidos ou a serem

submetidos à publicação na língua original em que foram escritos.

Page 10: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

Sumário

I - Introdução .................................................................................................................. XI

II - Referencial Teórico .................................................................................................. 13

Histórico ..................................................................................................................... 13

Mecanismo de Ação ................................................................................................... 15

Eficácia ....................................................................................................................... 18

Tipos de Fototerapia ................................................................................................... 35

III- Justificativa .............................................................................................................. 45

IV - Objetivos: ................................................................................................................ 46

V - Materiais e Métodos ................................................................................................. 47

VI – Artigo submetido à publicação:.............................................................................. 54

VII – Considerações Finais............................................................................................. 72

VIII - Referências Bibliográficas: .................................................................................. 73

IX - Apêndice I ............................................................................................................... 81

X - Apêndice II ............................................................................................................... 83

Page 11: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

11

I - Introdução

A população de pacientes vista nas unidades de tratamento intensivo (UTI)

neonatais de hoje é muito diferente daquela de 30-40 anos atrás. Existe um número

elevado de bebês prematuros e/ou doentes que agora sobrevivem em decorrência dos

avanços científico e tecnológico (Hansen, 1996).

Apesar da mudança no perfil desses pacientes, a icterícia neonatal continua

tendo freqüência elevada e representa um desafio para o neonatologista (Kopelman et

al, 2004).

A icterícia é resultado do desequilíbrio entre a produção e a eliminação de

bilirrubina sanguínea. Ocorre em praticamente todos os recém-nascidos (RN)

prematuros (Vreman et al, 2004) e estes são mais vulneráveis aos efeitos deletérios

neurotóxicos das altas concentrações de bilirrubina sanguínea (Bhutani et al, 2004).

O tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal é feito, na maioria dos casos, com

fototerapia, mas algumas vezes a exsanguineotransfusão é necessária (Hansen, 1996). A

fototerapia se usada apropriadamente é capaz de controlar os níveis séricos de

bilirrubina em quase todos os RN prematuros, com exceção dos casos de eritroblastose

fetal e naqueles com hematomas extensos (Maisels, 2003).

Desde a introdução da fototerapia em 1958 (Cremer et al, 1958), investigações

clínicas e laboratoriais têm se concentrado na busca da melhoria da sua eficácia.

Existem diversas modalidades de fototerapia, que utilizam diferentes fontes de

luz (fluorescente, halógena e LED-light emitting diode).

A fototerapia LED foi lançada nos Estados Unidos no final da década de 90 e os

estudos, tanto in vitro (Vreman et al, 1998; Rosen et al, 2005), como in vivo (Seidman et

al, 2000,2003) sugerem sua eficácia terapêutica no tratamento da hiperbilirrubinemia

neonatal.

Page 12: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

12

A fototerapia LED convencional não está disponível no Brasil, mas um aparelho

de fabricação nacional, utilizando SuperLED como fonte de luz azul (Bilitron®), foi

desenvolvido .Sua potência irradiante é ainda maior do que o LED convencional.

O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia clínica desta nova modalidade de

fototerapia no tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal de recém nascidos prematuros

com peso de nascimento maior do que 1000g e compará-la a fototerapia halógena..

Page 13: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

13

II - Referencial Teórico O quadro teórico que vem adiante é referente à fototerapia. Isso inclui um breve

histórico, seu mecanismo de ação, fatores que interferem na sua eficácia e tipos de

aparelhos disponíveis no mercado brasileiro. Foi dado maior destaque ao LED e à nova

fototerapia LED, Bilitron®. Não entramos em detalhes sobre a fisiopatologia da

icterícia ou outras formas de tratamento.

HISTÓRICO:

A descoberta da influência da luz no tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal

aconteceu no ano de 1956, após a observação da enfermeira J. Ward, chefe da unidade

de prematuros do Rochford General Hospital, em Londres, de que os recém-nascidos

ictéricos, quando expostos à luz solar, apresentavam-se menos amarelados nas áreas

expostas ao sol do que nas não expostas. Nessa mesma época, uma amostra de sangue

de um recém nascido ictérico foi deixada acidentalmente exposta à luz solar no

laboratório deste hospital e observou-se uma redução significativa dos níveis séricos de

bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001).

Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores a investigar

mais cuidadosamente os efeitos da luz solar no metabolismo da bilirrubina. Eles

conduziram um estudo em recém nascidos ictéricos e observaram que a exposição à luz

do sol realmente diminuía os níveis séricos de bilirrubina nesses pacientes. A partir daí,

realizaram inúmeras análises laboratoriais e verificaram que o mesmo efeito poderia ser

alcançado com a luz fluorescente azul. Construíram então o primeiro aparelho de

fototerapia para o tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal, composto com oito

Page 14: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

14

lâmpadas fluorescentes azuis montadas em uma calha de alumínio refletora (Cremer et

al, 1958).

Apesar da comprovada eficácia e da publicação em uma revista médica de

prestígio,em 1958, a fototerapia só foi universalmente aceita após a publicação dos

estudos da literatura americana, de Lucey et al, dez anos mais tarde.

Desde então, inúmeros trabalhos demonstraram a eficácia e a segurança da

fototerapia para o tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal. Isso pode ser visto pela

dramática redução no número de exsanguineotransfusões após a introdução da

fototerapia em diferentes instituições (Maisels, 2001).

A fototerapia se consagrou como a forma de tratamento mais utilizada para

hiperbilirrubinemia neonatal (Fanaroff, 1992).

Page 15: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

15

MECANISMO DE AÇÃO:

O mecanismo de ação da fototerapia é a utilização de energia luminosa na

transformação da bilirrubina em produtos mais hidrossolúveis (Ennever, 1986). O

sucesso da fototerapia depende da transformação fotoquímica da bilirrubina nas áreas

expostas à luz.

Sob a ação da luz, a molécula de bilirrubina pode sofrer três tipos de reação

fotoquímica (Figura 1):

1- Foto-oxidação: Acreditava-se, inicialmente, que esse era o processo

responsável pela eliminação de bilirrubina do recém nascido ictérico.

Entretanto, sabe-se hoje em dia, que a foto-oxidação é um processo muito

lento e que contribui muito pouco para o catabolismo da molécula de

bilirrubina. (Fanaroff, 1992; Ennever, 1986)

2- Isomerização configuracional ou geométrica: O isômero geométrico

forma-se rapidamente, mas a sua excreção é extremamente lenta e ele é

reversível à molécula de bilirrubina que lhe deu origem. Sua formação

depende do comprimento de onda (cor) da luz utilizada para irradiação. De

uma maneira geral, quanto maior o comprimento de onda da luz utilizada,

menor é a formação do fotoisômero geométrico. A intensidade de luz

(irradiância) da fototerapia não interfere na sua formação (Costarino e col,

1984; Ennever, 1986).

3- Isomerização estrutural ou lumirrubina: A formação do isômero

estrutural, também chamado de LUMIRRUBINA, é mais lenta do que a do

isômero geométrico. Contudo, ele é rapidamente excretado pela bile e,

principalmente, pela urina sem a necessidade de conjugação hepática e

essa reação é irreversível.

Page 16: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

16

A formação da lumirrubina é considerada, atualmente, o principal mecanismo

pelo qual a fototerapia diminui os níveis séricos de bilirrubina em recém nascidos

ictéricos (Ennever, 1987).

Ao contrário do que ocorre com o isômero geométrico, a formação da

lumirrubina é influenciada pela irradiância emitida pela fototerapia e não pelo

comprimento de onda. Quanto maior a irradiância, maior a formação do isômero

estrutural.

Figura 1 - Reação fotoquímica da molécula de bilirrubina.

Deve-se notar, contudo, que nem todo fóton tem a mesma probabilidade de ser

absorvido pela bilirrubina. Essa probabilidade depende do seu comprimento de onda

(cor) e do espectro de absorção de luz pela molécula de bilirrubina.

Bilirrubina

Isomeração (configuração)

Isomeração (estrutural)

Foto-oxidação

LUZ

Page 17: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

17

O espectro de absorção de luz pela bilirrubina compreende a faixa de 400 a

500nm, com pico o redor de 460nm (Brown e Mc Donagh, 1980) (Figura 2).

Comprimento de Onda (nm)

Abso

rção

Comprimento de Onda (nm)

Abso

rção

Figura 2 - Curva do espectro de absorção de luz pela bilirrubina

Portanto, a luz mais efetiva na isomerização da bilirrubina é aquela que emite

luz num comprimento de onda relativamente estreito (400 a 500nm).

.

Page 18: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

18

VARIÁVEIS DO RECÉM NASCIDO CONCENTRAÇÃO

SÉRICA INICIAL DE BILIRRUBINA

TIPO DE LUZ

EFICÁCIA DA

FOTOTERAPIA

DOSE DE

IRRADIÂNCIA DISTÂNCIA ENTRE A FONTE LUMINOSA E

O PACIENTE

VARIÁVEIS DO RECÉM NASCIDO CONCENTRAÇÃO

SÉRICA INICIAL DE BILIRRUBINA

TIPO DE LUZ

EFICÁCIA DA

FOTOTERAPIA

DOSE DE

IRRADIÂNCIA DISTÂNCIA ENTRE A FONTE LUMINOSA E

O PACIENTE

EFICÁCIA:

A eficácia da fototerapia depende de uma série de fatores (Figura 3):

Figura 3 – Fatores que interferem na eficácia da fototerapia

- Concentração sérica inicial de bilirrubina

A eficácia da fototerapia depende da concentração sérica inicial de bilirrubina

antes do tratamento.

Cremer, já no seu primeiro artigo sobre a influência da luz na

hiperbilirrubinemia dos recém nascidos, observou que quanto mais alto era o nível

sérico inicial de bilirrubina, maior e mais rápida era a sua queda (Cremer et al, 1958).

Weise, através de fórmula matemática, demonstrou que a dose de fototerapia

necessária para diminuir a concentração sérica de bilirrubina de 20 para 7 mg% foi a

mesma para promover a queda de 10 para 5 mg% (Weise e Ballowitz, 1984).

Page 19: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

19

- Dose de irradiância

Irradiância é a potência óptica da luz emitida pela fototerapia, ou seja, é a

quantidade de energia luminosa incidente sobre o recém-nascido. A unidade usual de

medida é o microwatts por centímetro quadrado (µW/cm²).

Quando a irradiância é medida sobre uma determinada porção do espectro de

radiação (por exemplo, a do espectro azul é de aproximadamente 425 a 475 nm), ela é

chamada de irradiância espectral e a unidade de medida é µW/cm²/nm. Considera-se

poder ou potência espectral a média da irradiância espectral em uma determinada

superfície corporal e sua unidade de medida é mW/nm (Maisels, 1996).

Não existe consenso a respeito dos valores que definiriam um aparelho de

fototerapia como eficiente, quanto à sua irradiância, variando desde níveis

extremamente baixos como 4 e 6 µW/cm²/nm até valores extremamente altos (60 a 80

µW/cm²/nm) (Facchini, 2001).

Radiômetro é o equipamento utilizado para medição da irradiância dos aparelhos

de fototerapia. O mais utilizado é o de faixa fixa, que se compõe basicamente de um

sensor com filtro que deixa passar apenas a energia que se deseja medir. A leitura do

radiômetro é feita em irradiância espectral (µW/cm²/nm).

É importante que haja a maior correspondência possível entre a faixa de emissão

de energia que pretendemos medir e a captada pelo radiômetro. Como, até o momento, a

faixa aceita como ideal para a interação da luz com a molécula de bilirrubina é a situada

entre 425 e 475 nm, seria desejável que todos os radiômetros lessem a energia emitida

nesse intervalo do espectro. Na prática, tal fato infelizmente não ocorre (Facchini,

2001). Radiômetros com faixas de leituras muito largas assinalam energia não

transformadora de bilirrubina e outros, com bandas muito estreitas, deixam de registrar

energia que pode ser utilizada na fotoisomerização da mesma. Por isso, radiômetros

Page 20: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

20

com faixas de leituras diferentes podem atribuir irradiâncias diferentes a um mesmo

aparelho de fototerapia. O ideal seria que se pudesse adotar um radiômetro de

referência, com uma tabela de conversão da irradiância obtida com diferentes

radiômetros.

A eficácia da fototerapia está na dependência direta da quantidade de energia

liberada na faixa de onda correspondente a absorção da bilirrubina. Inúmeros trabalhos

demonstram que quanto maior é a energia luminosa nessa faixa, maior e mais rápida é a

queda na concentração sérica de bilirrubina. (Mims et al, 1973; Tan,1977; Maisels,

1996).

Baseado nesse conceito tem-se procurado desenvolver aparelhos de fototerapia

que emitam altas doses de irradiância. Porém, deve-se ter em mente que a irradiância

não depende somente da potência da fonte óptica, mas também da distância entre a luz e

o paciente. Ela diminui rapidamente com o aumento da distância (Maisels, 1996).

- Distância entre a fonte luminosa e o paciente

Aproximando-se a fonte luminosa do paciente, aumenta-se a quantidade de

energia que atinge o recém-nascido e, desta forma, a eficácia da fototerapia. Entretanto,

a aproximação da fonte luminosa faz com que a irradiância seja distribuída de forma

heterogênea, de maneira que o centro receba irradiância consideravelmente maior do

que a periferia (Eggert P et al, 1984) e, nem todos os tipos de luz podem ser colocados

próximos ao paciente, pelo risco de queimaduras.

- Superfície corporal exposta à luz

Como a fototerapia age na pele do recém nascido, pode-se deduzir que a

superfície corporal exposta à luz é uma determinante importantíssima na sua eficácia.

Page 21: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

21

Quanto maior a área irradiada, maior a eficácia terapêutica (Maisels, 2001; Vreman,

2004).

Uma maneira de aumentar a superfície corporal exposta à luz é a utilização de

focos adicionais de fototerapia (fototerapia dupla).

Um estudo realizado por De Carvalho comparou a eficácia da fototerapia

convencional com lâmpada fluorescente com uma fototerapia de fibra óptica

(Biliblanket®) que utiliza lâmpada halógena de tungstênio de alta intensidade de luz e

verificou equivalência clínica entre os aparelhos. Apesar da irradiância emitida pelo

Biliblanket® ser 4,5 vezes maior do que a da fototerapia convencional, a luz incide

numa área de superfície corporal significantemente menor. Como a dose total de luz que

um recém nascido recebe em fototerapia é igual ao produto da irradiância pela área

corporal exposta, pode-se concluir que a dose total de luz foi semelhante em ambos os

grupos (De Carvalho et al,1992; Weise e Ballowitz, 1982).

O mesmo autor, em 1993, realizou um estudo prospectivo e randomizado,

comparando a resposta terapêutica em recém nascidos de risco, ictéricos, tratados com

um ou dois aparelhos de fototerapia halógena. Demonstrou que a fototerapia dupla foi

mais eficaz em reduzir os níveis séricos de bilirrubina, já que a área de superfície

corporal exposta à luz era bem maior nos pacientes que recebiam fototerapia dupla do

que nos que recebiam fototerapia única (De Carvalho et al, 1993).

A superfície corporal exposta à luz e a irradiância emitida pelo aparelho de

fototerapia, em associação com o tipo de luz, são os principais fatores que interferem na

eficácia da fototerapia. Por isso, faz mais sentido expressar a dose de fototerapia em

relação ao poder espectral que alcança o paciente. Ele é o produto da superfície corporal

exposta à luz com a irradiância espectral nessa área corporal (Maisels, 1996).

Page 22: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

22

- Tipo de luz

A luz, segundo o físico James Maxwell, é uma modalidade de energia radiante

que se propaga através de ondas eletromagnéticas.

O espectro eletromagnético (conjunto de ondas eletromagnéticas) apresenta

vários tipos de ondas eletromagnéticas: ondas de rádio, microondas, radiação

infravermelha, luz visível, ultravioleta, raios x e raios gama. As ondas diferem entre si

pela freqüência e o comprimento de onda e se propagam com a mesma velocidade da

luz no vácuo.

O espectro de luz visível pode assumir diversas cores, desde violeta até

vermelho, em função do comprimento de onda: violeta (380-440nm), azul (440-490nm),

verde (490-565nm), amarelo (565-590nm), laranja (590-630nm) e vermelho (630-

780nm) (Figura 4).

Figura 4 - Espectro eletromagnético

Page 23: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

23

O evento primário da fototerapia é a absorção da luz pela molécula de

bilirrubina. A luz mais efetiva na isomerização da bilirrubina é aquela que emite luz

num comprimento de onda relativamente estreito (400 a 500nm), com pico ao redor de

460nm.

Portanto, a eficácia da fototerapia vai depender do comprimento de onda (cor)

da luz utilizada. Por exemplo, a luz com comprimento de onda de 450nm (luz azul) tem

uma alta probabilidade de interagir com a bilirrubina e a luz com 510nm (luz verde) tem

uma probabilidade um pouco menor. (Ennever, 1993).

A maioria dos estudos sugere que a luz azul é aquela que mais se aproxima do

espectro de absorção da bilirrubina e por isso espera-se que seja a mais eficaz na

fotoisomerização da bilirrubina (Vreman et al, 2004).

Tan, em 1988, realizou um estudo comparativo entre três tipos de lâmpadas

fluorescentes (azul especial, branca e verde) e observou que a queda dos níveis séricos

de bilirrubina foi significantemente maior no grupo exposto à luz azul.

O inconveniente da luz fluorescente azul é que ela pode causar tonteira, náusea e

vômitos, após exposição prolongada, na equipe de saúde. Além disso, o recém nascido

parece intensamente cianótico quando sob essa luz, o que dificulta sua avaliação clínica.

A luz verde, apesar de ter comprimento de onda maior do que o da absorção da

molécula de bilirrubina, parece ser eficaz na sua fotoisomerização.

A explicação para esse fato é que os estudos de absorção da luz pela bilirrubina

foram feitos in vitro, no qual a bilirrubina encontra-se ligada a albumina e a situação in

vivo é um pouco diferente (Ennever, 1986).

In vivo, ácidos graxos ligam-se à albumina e este complexo liga-se, por sua vez,

a bilirrubina. A ligação de ácidos graxos faz com que o espectro de absorção da luz pela

molécula de bilirrubina se incline na direção de comprimentos de onda maiores, isto é,

Page 24: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

24

em direção à porção verde do espectro visível de luz. Além disso, a penetração da luz

através da pele aumenta à medida que se aumenta o comprimento de onda (Ennever,

1986).

Embora, em menor freqüência do que as lâmpadas fluorescentes azuis, as

lâmpadas verdes podem causar eritema no recém nascido, além de náuseas e tonteiras

nos profissionais de saúde.

A luz branca, muito utilizada nos aparelhos de fototerapia convencionais brasileiros,

tem espectro de emissão muito amplo (380 a 770nm) e a irradiância emitida na faixa

correspondente a absorção da bilirrubina é baixa.

Diversos estudos clínicos têm demonstrado a baixa eficácia de fototerapias

convencionais equipadas com lâmpadas fluorescentes tipo luz do dia nacionais (De

Carvalho, 1991, 1992).

Page 25: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

25

Existem alguns aparelhos de fototerapia disponíveis no mercado brasileiro e a

principal diferença entre eles é a fonte de luz utilizada. A seguir é feita uma breve

explicação do tipo de lâmpada e o funcionamento de cada uma delas.

- Lâmpada fluorescente

É um tubo de vidro que contem argônio e vapor de mercúrio rarefeitos no seu

interior. Em cada extremidade do tubo há um eletrodo sob a forma de filamento,

revestido com um óxido (Figura 5). Quando se liga a lâmpada, os filamentos se

aquecem e emitem elétrons, que provocam a ionização do gás e produção de radiação

ultravioleta. A radiação ultravioleta ao se chocar com o revestimento do tubo (fósforo),

produz luz visível. A tonalidade da coloração emitida dependerá da mistura aplicada à

camada de fósforo.

A vida útil dessa lâmpada é de dez a vinte mil horas.

Figura 5 - Lâmpada fluorescente

A lâmpada fluorescente azul especial é a mais utilizada nos aparelhos de

fototerapia dos Estados Unidos (Vreman et al, 2004). No Brasil ela não está disponível e

por isso, a mais utilizada é a lâmpada fluorescente branca. Entretanto, emite irradiância

bem menor do que a da luz azul.

Luz visível

Luz ultra violeta

filamento fósforo

elétron átomo

Page 26: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

26

- Lâmpada halógena

Ela é um bulbo de vidro com filamento de metal (geralmente tungstênio) no seu

interior e condutores em cada extremidade (Figura 6). A corrente elétrica aquece o

filamento, emitindo calor e luz visível.

Seu funcionamento segue o mesmo princípio da lâmpada incandescente, da qual

é considerada uma versão mais evoluída. A diferença está no fato de que o gás

halogênio no interior do bulbo devolve ao filamento as partículas de tungstênio que se

desprendem com o calor. Assim, ela ganha estabilidade de fluxo luminoso e um

aumento de durabilidade que pode chegar a 5 mil horas.

A lâmpada dicróica é uma lâmpada halógena com um refletor de material

dicróico, que reflete parte da radiação e absorve a parte infravermelha. Ela emite menos

calor para o ambiente.

Figura 6 - Lâmpada halógena/ dicróica

A vida útil dessa lâmpada é de 500 a 800 horas.

Page 27: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

27

- LED

LED é a sigla em inglês de light emitting diode, um tipo especial de diodo

semicondutor, que emite luz quando conectado a um circuito elétrico.

O processo de emissão de luz pela aplicação de uma fonte elétrica de energia é

chamado eletroluminescência.

O que existe dentro de um LED?

Diodo é um dispositivo constituído pela junção de dois materiais

semicondutores, impregnados ou dopados com impurezas para criar uma estrutura

chamada junção p-n. O material do tipo p tem predomínio de cargas elétricas positivas,

enquanto o do tipo n tem predomínio de cargas elétricas negativas (Figura 7). A

corrente elétrica flui facilmente da região p ou anodo (A), para a região n ou catodo (K),

mas não na direção inversa (fenômeno de retificação). Diferente das lâmpadas

fluorescente e incandescente, a maior parte da energia emitida está no espectro visível

de luz e praticamente não gera calor.

Figura 7 - Desenho de um LED

Page 28: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

28

O que faz o LED emitir luz e o que determina a cor da luz?

Quando uma quantidade suficiente de energia é aplicada ao semicondutor a

corrente de fluxo acontece e os elétrons da região p têm energia necessária para

atravessarem em direção à região n. A movimentação desses elétrons resulta na

produção de luz num determinado comprimento de onda.

A luz emitida é monocromática e a sua cor depende do material semicondutor

inorgânico que forma a junção p-n.

LEDs são construídos a partir de uma variedade da materiais semicondutores,

produzindo as seguintes cores:

- arsenieto de gálio e alumínio - vermelho e infravermelho

- fosfeto de gálio e alumínio - verde

- fosfeto de gálio - vermelho, amarelo e verde

- nitreto de gálio - verde e azul

- nitreto de gálio e índio – azul

- diamante - ultravioleta

Os LEDs existem numa variedade de tamanho, formas e cores (Figura 8). Todas

as dimensões são em milímetros.

Eles operam com voltagens relativamente baixas, aproximadamente entre 1 e 4

volts, e já que não tem filamento para queimar, como os outros tipos de lâmpada, têm

meia-vida bem maior (50000 horas).

Page 29: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

29

Figura 8 – LEDs de diferentes cores e tamanhos

Como foi o desenvolvimento do LED?

Os primeiros diodos emissores de luz comerciais foram desenvolvidos no

começo da década de 60 e eram capazes apenas de produzir a luz invisível,

infravermelha. Foram utilizados em sensores e nas aplicações foto - elétricas.

Em seguida, vieram os LEDs visíveis (vermelhos), produzidos ainda na década

de 60. Na década de 70 os LEDs verde e amarelo passaram a ser disponíveis, mas

tinham pouco brilho.

Na década de 80, foi feita a primeira linha de diodos emissores de luz super-

brilhantes, inicialmente em vermelho, a seguir em amarelo e finalmente em verde.

Os primeiros LEDs com emissão de luz azul apareceram na década de 90.

Page 30: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

30

Quais as aplicações do LED?

Inicialmente os LEDs tinham um brilho suficiente somente para serem usados

como indicadores ou no display de antigas calculadoras e relógios digitais (Figuras 9

e10). Mais recentemente o processo de produção foi melhorado e agora existem LEDs

com luz mais brilhante, nas cores de todo o espectro possível e com uma variedade de

aplicações. Muito em breve, os diodos emissores de luz serão brilhantes o bastante para

iluminar também nossas casas, escritórios e mesmo nossas ruas.

Figura 9 - LED em controle-remoto Figura 10 - LED no display de relógios

digitais

A tecnologia LED é brilhante o bastante para permitir seu uso na indústria do

entretenimento. É a solução para iluminação em estúdios de filmes, teatros, cenários,

boates e parques temáticos. A iluminação do chão, das molduras e colunas também é

completamente possível. Combina potencialidades da cor com segurança, vida longa e

permitem soluções inovadoras por serem menores.

LEDs também têm sido cada vez mais utilizados na fabricação de semáforos de

trânsito, na iluminação interna de automóveis e em uma série de outros aparelhos de

sinalização (Figuras 11 e 12).

Page 31: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

31

A tecnologia em estado sólido do LED oferece muitas vantagens sobre outras

tecnologias de iluminação: não contêm nenhum tubo de vidro e por isso, não existe o

problema da ruptura causada pelo tempo, pelo transporte e pelo vandalismo; operam em

baixas tensões, seguras contra fogo, e são fáceis de instalar.

Figura 11 – LED em indicações luminosas de rodovias

Figura 12– LED em semáforos de trânsito

O LED é ideal para suprir as diversas aplicações de luz portáteis (Figura 13). A

tecnologia do estado sólido resulta em uma luz extremamente forte e o seu tamanho

pequeno permite o projeto de um produto compacto. Pode ser usado em lanternas, nas

Page 32: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

32

lâmpadas de bicicleta, de controles remotos e em sensores de movimento, como mouse

de computadores.

Figura 13 - LED em indicadores luminosos

Fianalmente, o LED pode ser utilizado em aparelhos de fototerapia. Estudos com

LEDs como fonte de luz para o tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal começaram a

ser realizados no final da década de 90. Inicialmente, foi conduzido um experimento in

vitro para determinar e comparar a eficácia entre LEDs de diferentes comprimentos de

onda (azul, azul-verde, verde e branco) e as lâmpadas fluorescente e halógena na

isomerização da molécula de bilirrubina. A figura 14 mostra o espectro de emissão das

várias fontes de luz utilizadas: os LEDs azul, azul-verde e verde têm estreito espectro de

emissão de luz, enquanto o LED branco tem um largo espectro de luz. O espectro de

emissão de luz das lâmpadas fluorescente azul especial e branca também é largo, com

um pico de emissão de mercúrio. O espectro de absorção da bilirrubina é fornecido para

que se possa fazer comparações.

Os resultados mostraram que o LED azul foi o mais eficaz na fotoisomerização

da bilirrubina, seguido pelo LED azul-verde (Vreman et al, 1998).

Page 33: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

33

Figura 14 – Espectro de emissão de várias fontes de luz de fototerapia: A= LED azul, B= LED azul-verde, C= LED verde, F= LED branco, D= lâmpada fluorescente branca, E= lâmpada fluorescente azul especial. -G= espectro de absorção de luz pela bilirrubina

A partir desses resultados, foi desenvolvido um aparelho de fototerapia com seis

focos de luz, contendo 100 LEDs azul cada, gerando uma irradiância maior do que 100

µW/cm²/nm quando colocada a uma distância de 20cm do paciente.

Um estudo prospectivo e randomizado com recém nascidos a termo foi realizado

com o objetivo de avaliar a eficácia terapêutica da fototerapia LED (Seidman et al,

2003). Para poder emitir irradiância semelhante à fototerapia convencional com

lâmpada halógena (5-8 µW/cm²/nm), a fototerapia LED foi colocada a 50 cm do

Page 34: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

34

paciente. Foram analisados 114 recém nascidos e não houve diferença estatística

significante entre a duração do tratamento e a queda dos níveis séricos de bilirrubina

total nos dois grupos. O aparelho de fototerapia com LED azul foi tão eficaz quanto o

convencional na isomerização da bilirrubina.

Depois desse estudo, outros utilizando fototerapia com LED azul com

irradiâncias maiores mostraram-se mais eficazes em diminuir os níveis séricos de

bilirrubina quando comparados com a fototerapia com lâmpada halógena (Chang et al,

2005; Rosen et al, 2005).

Quais as vantagens do LED?

- Emissão de luz no espectro desejado, dispensando o uso de filtros para

radiações indesejáveis.

- Meia-vida longa, maior do que qualquer outra fonte de luz, já que não tem

filamento para queimar.

- Maior durabilidade, já que é construído com material sólido. É resistente à

vibração e choques.

- Menor tamanho

- Menor consumo de energia

- Praticamente não gera calor

Quais as desvantagens do LED?

A principal desvantagem é o custo, que é relativamente alto. Entretanto, deve -

se levar em consideração todas as vantagens listadas anteriormente, já que é em longo

prazo que as economias são feitas.

Page 35: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

35

TIPOS DE FOTOTERAPIA:

Desde a introdução da fototerapia para o tratamento da hiperbilirrubinemia

neonatal, em 1958, diversos aparelhos têm sido desenvolvidos com o objetivo de

melhorar a sua eficácia terapêutica. Atualmente, os aparelhos de fototerapia disponíveis

no mercado brasileiro são:

1- Fototerapia Convencional

Usualmente composta de 6 a 7 lâmpadas fluorescentes posicionadas a 35 cm do

paciente (Figura 15).

Figura 15 – Fototerapia Convencional

A luz fluorescente branca (daylight) tem espectro de emissão de luz muito amplo

(380 a 770nm) e a irradiância emitida na faixa correspondente a absorção da molécula

de bilirrubina é baixa (cerca de 4 µW/cm²/nm). A área de superfície corporal exposta à

luz, apesar de grande, não compensa essa baixa irradiância.

Page 36: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

36

Quando equipada com lâmpada fluorescente azul especial, a fototerapia emite

irradiância, medida sobre a pele do recém nascido, em torno de 24 µw/ cm²/nm.

Entretanto, como essa lâmpada não é fabricada no Brasil, poucos serviços a utilizam.

Diversos estudos clínicos têm demonstrado a baixa eficácia de fototerapias

convencionais equipadas com lâmpadas fluorescentes nacionais (De Carvalho et al,

1991 1992a, 1992b). A explicação para tal fato deve-se ao número insuficiente de

lâmpadas que equipam os aparelhos comercializados no Brasil e à própria característica

da lâmpada fluorescente nacional, que emite uma irradiância cerca de 25% menor na

faixa do azul do que similares internacionais.

A fototerapia convencional poderia ser colocada mais próxima do paciente para

aumentar a sua irradiância, mas existem alguns inconvenientes: bloqueio da visão do

paciente pelo profissional de saúde, dificuldade no manuseio do recém nascido, sobre

aquecimento e o fato do recém nascido não poder estar na incubadora, uma vez que a

cúpula da incubadora (32 cm) é um fator limitante.

2- Fototerapia equipada com lâmpada fluorescente posicionada muito

próxima do paciente (Biliberço®)

É uma fototerapia de alta intensidade que utiliza sete lâmpadas fluorescentes

brancas (daylight) dispostas na base de um berço de acrílico (60cm de

comprimento/35cm de largura). Para se aproveitar a luz periférica que normalmente

seria perdida, existe na abertura superior a sobreposição de uma lâmina arqueada de

acrílico, com a superfície interna também recoberta por um filme refletor de modo a

jogar a luz que normalmente escaparia e se perderia de volta para o corpo do paciente

(Figura 16).

Page 37: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

37

Figura 16 - Biliberço®

O calor gerado por esse conjunto de lâmpadas é dissipado através de um sistema

de ventiladores e exaustores.

A irradiância direta emitida por esse aparelho é de cerca de 19µW/cm²/nm.

Um estudo realizado por De Carvalho et al,em 1998, demonstrou que a eficácia

do Biliberço® é semelhante à de fototerapias que utilizam lâmpada fluorescente azul

especial importada, específica para o tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal, e é

significativamente maior do que aquelas fototerapias convencionais equipadas com

lâmpadas fluorescentes brancas (daylight).

Esse tipo de fototerapia não é adequado para o RN de muito baixo peso, que não

consegue manter sua temperatura corporal fora da incubadora. Mas uma grande

vantagem deste aparelho é a possibilidade de utilizá-lo em associação à fototerapia

superior convencional ou halógena, pois aumenta a superfície corporal exposta á luz e,

consequentemente, a eficácia da fototerapia.

Page 38: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

38

3- Fototerapia halógena

Sua fonte de luz é a lâmpada de quartzo-halógena com refletor dicróico (Figura

17). A luz é emitida em forma de spot ou foco com diâmetro de 18 cm, quando colocada

a 50 cm do paciente. O facho luminoso atravessa um filtro para ondas infravermelho e

ultravioleta e a irradiância emitida na faixa do azul é alta (25-35µW/cm²/nm).

Entretanto, a distribuição da energia radiante não é uniforme e decresce

significativamente do centro para periferia do foco (De Carvalho et al, 1993).

Figura 17 - Bilispot®

Quando esse tipo de lâmpada produz luz, também gera calor. Para evitar

problemas de aquecimento e queimaduras, a fototerapia halógena não pode ser colocada

próxima ao paciente. Recomenda-se que esse tipo de fototerapia seja posicionado a 50

cm do recém nascido (Maisels, 2001).

Page 39: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

39

Devido ao intenso calor gerado pelo filamento, estas lâmpadas têm vida média

ao redor de 500 a 800 horas, quando a queda na irradiância emitida é de 35%.

Em 1993, De Carvalho demonstrou que para o tratamento da hiperbilirrubinemia

em recém-nascidos com peso inferior a 2500g, fototerapias com lâmpada de quartzo-

halógena, são mais eficazes do que fototerapias convencionais, especialmente com os

recém-nascidos de muito baixo peso. Nesses recém nascidos a área de superfície

corporal iluminada pela fototerapia halógena englobava quase todo o corpo, o que

tornou a sua eficácia ainda maior (De Carvalho et al, 1993).

.

4- Fototerapia equipada com LED (Bilitron®)

A fototerapia LED convencional não está disponível no Brasil, mas a indústria

nacional desenvolveu uma fototerapia que utliza um conjunto de LEDs com composição

físico-química diferenciada (nitreto de índio e gálio) que emitem luz azul de alta

intensidade. A adição do índio ao elemento semicondutor conferiu a este LED potência

irradiante significativamente superior aquelesque utilizam apenas o nitreto de gálio.

Além disso, através da nanotecnologia, foi possível agrupar diversos destes LEDs em

pequenas cápsulas de cerca de 1cm2. A esta cápsula convencionou-se chamar de

SuperLED.

Figura 18 - Comparação do Super LED com o LED convencional

Page 40: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

40

Esta nova modalidade de fototerapia, Bilitron®, é composta de 5 cápsulas

SuperLED, controladas por tecnologia microprocessada e agrupadas numa pequena

caixa com 11cm de largura, 23cm de comrimento e 5cm de altura.

A curva de irradiância espectral do SuperLED, feita no Laboratório de Óptica do

Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, apresentou isenção de

radiações ultravioleta e infravermelho, concentrando seu espectro de radiação

justamente na faixa de 400 a 500nm (simetricamente distribuída em torno de 450 nm),

faixa da luz azul, altamente benéfica para e eficácia do tratamento da

hiperbilirrubinemia (Figura 19).

Curva de Irradiância para Bilitron

0,00E+00

5,00E-03

1,00E-02

1,50E-02

2,00E-02

2,50E-02

3,00E-02

3,50E-02

4,00E-02

280

300

320

340

360

380

400

420

440

460

480

500

520

540

560

580

600

Comprimemto de onda (nm)

Irrad

iânc

ia

E (W

/cm

2 nm

)

Figura 19 - Curva de irradiância espectral da fototerapia SuperLED

Sendo um componente eletrônico com irradiação centrada no espectro de

450nm, o consumo de energia do Bilitron® é pequeno, pois toda luz produzida é

aproveitada para o tratamento.

Page 41: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

41

O Bilitron®, diferentemente dos aparelhos com LED convencional, que são

construídos com cerca de 300 lâmpadas (Figura 20), utiliza apenas cinco SuperLEDs

como fonte irradiante de luz azul. Dessa forma, seu custo é menor e tem um tamanho

extremamente reduzido (Figuras 21 e 22).

Figura 20 - Fototerapia equipada com LED convencional

(Neo Blue LED Phototherapy, comercializada nos Estados Unidos).

Page 42: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

42

Figura 21 - Fototerapia equipada com SuperLED (Bilitron®).

Figura 22 - Vista anterior e posterior do módulo com 5 SuperLED

A fototerapia Bilitron® proporciona um foco de luz com intensidade média de

30 µW/cm²/nm a uma distância de 50 cm da fonte em seu ponto mais intenso e com

foco elíptico de aproximadamente 50 x 40 cm (Figura 23).

Page 43: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

43

Distância

refletor- paciente

D(mm)

Radiação

(centro do foco

luminoso-µW/cm²/nm)

foco elíptico

Distância Radiação A(mm) B(mm)

300 40-50 380 270

400 35-40 400 300

500 20-35 500 370

Figura 23 – Irradiância e dimensões do foco luminoso do Bilitron® de acordo

com a distância entre a fonte luminosa e o paciente.

Para o melhor aproveitamento da luz sobre o paciente recomenda-se que o foco

luminoso seja ajustado para se obter uma forma elíptica, ou seja, a luz deverá incidir

desde o tórax até a raiz das coxas do recém nascido.

A vida média esperada de uma lâmpada eletrônica SuperLED é de cerca de

50.000 horas, mas recomenda-se o constante acompanhamento da sua irradiância.

Um estudo comparativo entre a curva de absorção de luz pela molécula de

bilirrubina e as curvas de absorção da luz emitida pelo SuperLED e pela fototerapia

halógena, demonstrou que a curva do SuperLED praticamente se sobrepõe à da

bilirrubina. Entretanto, grande parte da energia luminosa produzida pela fototerapia

halógena encontra-se fora do espectro de absorção de luz pela molécula de bilirrubina

(Figura 24).

Page 44: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

44

Figura 24 - Comparativo entre o espectro de emissão de luz emitida pela fototerapia SuperLED e Halógena Certificações Técnicas do Bilitron

- Registro da ANVISA: 10224620049

- Registro INPI: 8302354-2

- Marca registrada: 82616777-2

400 550

SuperLED Halógena Curva de absorção de luz pela bilirrubina

460

ABSORÇÃO

COMPRIMENTO DE ONDA nm

Page 45: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

45

III- Justificativa

A freqüência elevada da icterícia no período neonatal, as conseqüências danosas

que o aumento excessivo da bilirrubina pode causar ao sistema nervoso dos recém

nascidos e a descoberta da fototerapia para o seu tratamento têm proporcionado e

estimulado diversos estudos sobre o tema.

A fototerapia é a modalidade terapêutica mais utilizada para o tratamento da

icterícia neonatal (Maisels, 1996). Desde sua descoberta, novos e mais eficazes

aparelhos têm sido introduzidos no mercado.

O Brasil tem contribuído para o estudo desses aparelhos desde a década de 60,

com as pesquisas do professor Zacarias de Carvalho utilizando fototerapia com

lâmpadas fluorescentes. Na década de 80 foi desenvolvido o Bilispot®, aparelho de

fototerapia que utiliza lâmpada halógena dicróica como fonte de luz e na década de 90

foi desenvolvido o Biliberço®, fototerapia de aproximação que utiliza lâmpadas

fluorescentes como fonte de luz (De Carvalho et al, 1983, 1998). Estes aparelhos

representaram grandes avanços para o tratamento fototerápico nacional.

Recentemente, foi lançada no mercado brasileiro uma fototerapia construída com

tecnologia nacional, o Bilitron®, que utiliza SuperLED (light emitting diode) como

fonte de luz. Apesar de ter registro na ANVISA (Agência Nacional de Vigilância

Sanitária), no INPI (Instituto Nacional de Produtos Industriais) e já estar sendo usado

em algumas UTIs, não existem estudos clínicos analisando a sua eficácia.

O propósito desse trabalho é descrever essa nova modalidade de fototerapia,

avaliar sua eficácia no tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal de recém nascidos

prematuros, que são mais suscetíveis aos efeitos deletérios da bilirrubina no sistema

nervoso central (Bhutani et al, 2004), e compará-lo com a fototerapia halógena

(Bilispot®)

Page 46: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

46

IV - Objetivos:

-Geral: Avaliar a eficácia terapêutica de uma nova modalidade de fototerapia

utilizando diodos emissores de luz (SuperLED/Bilitron®) como fonte de luz no

tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal de recém nascidos prematuros com peso de

nascimento maior do que 1000g.

-Específico:

1. Comparar a eficácia terapêutica da fototerapia SuperLED (Bilitron®) com a

fototerapia halógena.

2. Determinar a queda na concentração sérica de bilirrubina total após 24 horas

de tratamento.

3. Determinar o tempo total de tratamento.

Page 47: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

47

V - Materiais e Métodos

V.1- Local do Estudo

O estudo foi realizado na UTI neonatal da Clínica Perinatal Laranjeiras

(CPL), uma maternidade privada, com cerca de 4500 partos/ano, localizado na

cidade do Rio de Janeiro.

V.2 - População do Estudo - Critérios de Inclusão: recém nascidos prematuros com peso de nascimento

(PN) >1000g que necessitassem de fototerapia.

Foi escolhida essa faixa de peso como ponto de corte, pois, em geral, os recém

nascidos com PN<1000g são submetidos à fototerapia de forma profilática neste

serviço.

Os critérios utilizados para indicação da fototerapia estão na Tabela 1 e são

baseados na concentração sérica de bilirrubina total para diferentes faixas de peso de

nascimento (Bhutani et al, 2004).

Tabela 1 - Níveis séricos de bilirrubina indicativos de fototerapia

Peso nascimento (g) Bilirrubina total (mg%)

1000-1500 6 a 8 1501-2000 8 a 10

2001-2500 10 a 12

>2500(prematuro) 12 a 14

>2500(a termo) >15 Fonte: Seminars in Perinatology 2004; 28: 319-25.

Page 48: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

48

- Critérios de Exclusão: recém nascidos mal formados, com infecção congênita,

com icterícia hemolítica (teste Coombs positivo), colestase (bilirrubina direta >2mg%)

ou equimoses extensas.

V.3 - Tipo de Estudo Foi realizado um ensaio clínico, prospectivo, controlado e randomizado (Altman

et al, 2001). A randomização foi feita em blocos, utilizando envelopes selados. Cada

bloco era formado por quatro indivíduos, dois recebiam o tratamento experimental e

dois recebiam o tratamento controle, de tal forma que houvesse um número igual de

participantes em cada grupo:

- grupo experimental = submetidos à fototerapia com Super LED- Bilitron®,

colocada a 30 cm do paciente.

- grupo controle = submetidos a dois aparelhos de fototerapia com lâmpada

halógena - Bilispot® , colocados a 50 cm do paciente, cujos halos luminoso eram

dispostos tangencialmente.

O grupo controle foi tratado com dois Bilispot®, procedimento que é rotina

neste serviço, e evitou que a área corporal exposta à luz fosse um fator de

confundimento no momento da análise, especialmente nos RN maiores de 2500g.

Em ambos os grupos, os recém nascidos receberam fototerapia completamente

nus, com exceção de uma pequena fralda descartável cortada de tal maneira que

cobrisse apenas a região perineal. Todos receberam uma venda de tecido protegendo os

olhos durante o tratamento.

Page 49: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

49

V.4 - Tamanho da Amostra

O tamanho da amostra foi definido considerando uma diferença sérica de

bilirrubina total de 25% entre os grupos após 24 horas de tratamento, com nível de

significância de 5% e um poder de 80%.

Desta maneira, o número total de recém nascidos foi calculado em 88, sendo 44

em cada grupo.

V.5 - Dosagem sérica de bilirrubina total (BT) A partir do momento que o recém nascido entrava no estudo, era colhido sangue,

por punção do calcanhar, em dois tubos capilares heparinizados de microhematócrito

para dosagem da BT, por micrométodo (American Optical UNISAT bilirubinometer).

Nas primeiras 24 horas de tratamento essa coleta era feita a cada 8 horas e após

esse período, a cada 12 horas até a interrupção do mesmo.

A maior freqüência da coleta de BT nas primeiras 24 horas de tratamento é

decorrente da necessidade do maior controle dos níveis séricos de bilirrrubina nesse

período, para avaliar se não estaria havendo um aumento muito rápido a ponto de ser

necessário tratamento adicional. Como esse risco diminui com o passar das horas e para

evitar o inconveniente de furar/espetar o recém nascido, aumentamos o intervalo de

tempo após as primeiras 24 horas de tratamento.

O desenho do estudo é mostrado na figura 25.

Page 50: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

50

Figura 25 – Desenho do Estudo.

V.6 - Determinação da irradiância emitida pela fototerapia A irradiância foi determinada através de um irradiômetro modelo 2620 da

FANEM, que mede a luz na faixa de onda de 400 a 500 nanômetros.

Nos dois tipos de fototerapia a irradiância foi medida sobre a pele do recém

nascido, sobre a região torácica anterior, numa área correspondente ao centro do foco de

luz do aparelho, pelo menos uma vez durante o tratamento.

V.7 - Suspensão da fototerapia Não existe na literatura consenso quanto ao nível sérico de bilirrubina para se

interromper a fototerapia. Observamos no estudo piloto que quando utilizávamos o

valor de bilirrubina 20% menor do que o inicial para suspender o tratamento, a

freqüência de rebote (aumento dos níveis séricos de bilirrubina) era grande. Por isso

2 Spot halógeno (n=44)

Super LED (n=44)

RN prematuro > 1000g (indicação de fototerapia)

Page 51: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

51

optamos, no nosso estudo, em suspender a fototerapia quando os níveis séricos de

bilirrubina total atingissem um valor 30% menor do que os níveis séricos iniciais.

Determinamos ainda que o tempo mínimo de fototerapia seria de 24 horas para

todos os recém nascidos envolvidos no estudo. Isto teve como objetivo evitar um rebote

da bilirrubina elevado com necessidade de retorno para fototerapia.

V.8 - Falha do tratamento Consideramos falha do tratamento quando o nível sérico de BT continuava

aumentando, apesar do tratamento, e atingia um valor 20% mais baixo do que o

indicativo de exsanguineotransfuão (EXST). Esse também foi um valor arbitrário que

determinamos, pois julgamos que nesse momento o risco para o paciente seria maior do

que o benefício do estudo. Portanto, o recém nascido sairia do estudo e o neonatologista

poderia tomar a conduta clínica que julgasse mais apropriada.

O critério utilizado no estudo para indicação de EXST está na Tabela 2. Ele é

baseado no valor de BT em relação ao peso de nascimento (Bhutani et al, 2004).

Tabela 2 - Níveis séricos de bilirrubina total indicativos de Exsanguineotransfusão

(EXST)

Peso no Nascimento (g) Bilirrubina Total (mg%)

1000-1250 >13

1251-1500 >15

1501-2000 >17

2001-2500 >19

> 2500 (prematuro ou a termo doente) >20

> 2500 (a termo saudável) >22 Fonte: Seminars in Perinatology 2004; 28:319-25

Page 52: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

52

V.9 - Medidas da eficácia terapêutica

As variáveis utilizadas para determinar a eficácia da fototerapia foram:

- Queda nos níveis séricos de BT nas primeiras 24 horas e ao longo do tratamento

(valores absolutos e percentuais)

- Duração do tratamento fototerápico (horas)

- Número de pacientes que necessitaram retornar para fototerapia após a sua

suspensão (rebote)

- Número de pacientes com falha de tratamento

As duas primeiras variáveis foram consideradas os desfechos principais.

V.10 - Outras variáveis analisadas: Construímos uma planilha para coleta de informações a respeito do parto e das

condições do recém nascido no momento do início da fototerapia com o objetivo de

avaliar fatores que pudessem estar contribuindo/interferindo no desenvolvimento da

icterícia, tais como a nutrição e a necessidade de assistência ventilatória (Apêndice 1).

Também fez parte da análise a temperatura axilar e o peso do RN, diariamente,

durante o tratamento.

V.11- Análise estatística

Os resultados foram expressos em termos de média e desvio padrão (para

características quantitativas) e em percentuais (para características qualitativas). A

significância estatística das diferenças observadas para ambos os grupos foi verificada a

partir do teste t-Student (variáveis numéricas) e teste Qui-Quadrado (variáveis

categóricas). O pacote estatístico SPSS versão 13 foi utilizado para a construção da base

de dados e a obtenção dos resultados.

Page 53: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

53

V.12 – Aprovação do Estudo

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto

Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ). Ele atende aos requisitos

fundamentais da resolução do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde

196/96 item VIII-4 onde constam as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas

envolvendo seres humanos. O projeto também foi aprovado pela diretoria da Clinica

Perinatal Laranjeiras.

Antes da randomização do recém-nascido no estudo, um dos responsáveis lia e

assinava o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”. Este documento encontra-se

na sessão de “Apêndice”.

Page 54: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

54

VI – Artigo submetido à publicação:

“Avaliação da eficácia clínica de uma nova modalidade de fototerapia utilizando

diodos emissores de luz -LED”

Page 55: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

55

“Avaliação da eficácia clínica de uma nova modalidade de fototerapia utilizando diodos emissores de luz -LED” Bianca MR Martins, Manoel de Carvalho, Maria E Moreira

Resumo

Objetivo: Avaliar a eficácia de um sistema de fototerapia microprocessada que utiliza

diodos emissores de luz azul (SuperLEDs/Bilitron®) de alta intensidade para o

tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal de recém nascidos prematuros com peso de

nascimento maior do que 1000g e compará-la com a da fototerapia que utiliza lâmpada

halógena (Bilispot®).

Material e Métodos: Trata-se de um estudo prospectivo, randomizado e controlado,

utilizando a fototerapia SuperLED no grupo experimental e a fototerapia halógena no

grupo controle. Foram incluídos recém nascidos prematuros com peso de nascimento

maior do que 1000g, internados em UTI neonatal, com indicação de receber fototerapia

segundo os criterios de Bhutani et al de 2004. Foram excluídos os pacientes com teste

de Coombs positivo, equimoses extensas, malformações ou infecção congênita. A

randomização foi realizada em blocos, atraves do sorteio de envelopes selados. A

duração da fototerapia e a queda nos níveis séricos de bilirrubina total nas primeiras 24

horas de tratamento foram os principais desfechos analisados.

Resultados: Foram estudados 88 recém nascidos, 44 no grupo da fototerapia SuperLED

e 44 no grupo da fototerapia halógena. As características demográficas da população

foram semelhantes nos dois grupos. O nível sérico médio inicial de bilirrubina total nos

pacientes submetido a fototerapia SuperLED (10,1 ± 2,4 mg%) foi semelhante ao dos

pacientes submetidos a fototerapia halógena (10,9 ± 2,0 mg%). A queda percentual na

concentração sérica de bilirrubina total nas primeiras 24 horas de tratamento foi

Page 56: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

56

significativamente maior (27,9% vs 10,7%, p<0,01) e a duração do tratamento foi

significativamente menor (36,8 h vs 63,8 h, p< 0,01) no grupo submetido a fototerapia

SuperLED quando comparado ao grupo submetido a fototerapia halógena. Após 24

horas de tratamento um número significativamente maior de recém nascidos recebendo

fototerapia SuperLED atingiu níveis de bilirrubina que permitiram a suspensão da

fototerapia (23 vs 10, p<0,01).

Conclusões: Os resultados sugerem que a eficácia da fototerapia SuperLED é

significativamente maior do que a da fototerapia halógena no tratamento da

hiperbilirrubinemia neonatal de recém nascidos prematuros.

Abstract Objectives: To evaluate the efficacy of a micro processed phototherapy (PT) system

with five high intensity gallium nitride light emitting diode (Super LED) in the

treatment of neonatal hyperbilirubinemia of premature infants and compare it with a

halogen spotlight phototherapy.

Design/Methods: This is a prospective, randomized, controlled clinical trial using a

Super LED phototherapy in the study group and two halogen spotlight phototherapy in

the control group. We included in this study premature infants with birth weight (BW)

greater than 1000g admitted to a neonatal intensive care unit who had criteria for

phototherapy, according with Bhutani et al, 2004. We excluded patients with positive

Coombs test, extra vascular blood (bruising and cephalohematoma), birth defects or

congenital infections. A blocked randomization was performed. The duration of

phototherapy and the rate of decrease of total serum bilirubin (TSB) concentration in the

first 24 hours of treatment were the main outcome measures.

Page 57: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

57

Results: We studied 88 infants, 44 in the Super LED PT group and 44 in the halogen

spotlight PT group. The demographic characteristics of the patients were similar in both

groups. The mean initial serum bilirubin levels of infants in the SuperLED group (10, 1

± 2, 4 mg %) was similar to those receiving halogen spotlight (10, 9 ± 2, 0 mg %). The

decrease in total serum bilirubin levels after 24 hours of treatment was significantly

greater in the Super LED group (27, 9 vs. 10, 7%, p<0, 01) and the duration of

phototherapy was significantly shorter in this group (36,8h vs. 63,8 h, p<0, 01). After 24

hours of treatment, a significantly greater number of patients receiving SuperLED

phototherapy reached serum bilirubin concentrations to allow withdraw of treatment (23

vs 10, p < 0, 01).

Conclusions: The results suggest that the efficacy of Super LED phototherapy was

significantly better than the halogen phototherapy in treating hyperbilirubinemia in

premature infants.

Page 58: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

58

Introdução:

A fototerapia é a modalidade terapêutica mais utilizada para o tratamento da

hiperbilirrubinemia neonatal (1). Desde sua introdução, em 1958, investigações clínicas

e laboratoriais têm se concentrado na melhoria da sua eficácia (2).

A eficácia terapêutica da fototerapia depende da dose de irradiância emitida pelo

aparelho, da emissão espectral da fonte de luz utilizada e da superfície corporal exposta

à luz (3,4). O espectro azul da luz visível, por coincidir com o espectro de absorção da

bilirrubina, é considerado o mais eficaz para o tratamento da icterícia neonatal (5,6).

Existem vários aparelhos de fototerapia no mercado, os quais utilizam diferentes

fontes de luz: lâmpada fluorescente, lâmpada halógena e LED (light emitting diode)

(7,8,9,10,11,12).

LED é um tipo especial de diodo semicondutor que emite luz quando conectado

a um circuito elétrico. Esta luz geralmente é monocromática e sua cor dependerá do

material semicondutor utilizado. Em geral, tem dimensões bem pequenas (0,5 a 1cm de

diâmetro) e, comercialmente, são muito utilizadas em display de relógios digitais,

calculadoras e sinais luminosos.

A utlização de LED em aparelhos de fototerapia teve início no final da década de

90 e são poucos os estudos clínicos sobre a sua eficácia. Estes aparelhos, já disponíveis

no mercado internacional, são compostos de 100 a 300 LEDs que utilizam o nitreto de

gálio como material semicondutor.

Recentemente, foi produzido no Brasil uma aparelho de fototerapia que utiliza

um conjunto de LEDs com composição físico-química diferenciada (nitreto de gálio e

índio) que emitem luz azul de alta intensidade. (13). A adição do índio ao elemento

semicondutor conferiu a este LED potência irradiante significativamente superior

aqueles que utilizam apenas o nitreto de gálio. Além disso, através da nanotecnologia,

Page 59: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

59

foi possível agrupar diversos destes LEDs em pequenas cápsulas de cerca de 1cm2. A

esta cápsula convencionou-se chamar de superLED.

O objetivo desse estudo foi avaliar a eficácia terapêutica deste novo aparelho de

fototerapia (Bilitron®) e compará-la com a da fototerapia halógena.

Materiais e Métodos:

Foram estudados recém nascidos prematuros com peso de nascimento maior do

que 1000g no período de junho de 2005 a fevereiro de 2006. O critério para indicação

de fototerapia foi baseado na concentração sérica de bilirrubina para diferentes faixas de

peso de nascimento, segundo Bhutani et al (14). Excluímos do estudo os recém nascidos

que apresentaram bilirrubina direta maior do que 2mg%, icterícia hemolítica (teste de

Coombs positivo), equimoses extensas, malformações ou infecção congênita.

O tamanho da amostra foi definido considerando uma diferença sérica de

bilirrubina total de 25% entre o grupo experimental e o grupo controle após 24 horas de

tratamento, com nível de significância de 5% e um poder de 80%.

Os pacientes que preencheram os critérios de entrada para o estudo foram

randomizados em blocos (15). Cada bloco era formado por quatro indivíduos, dois

recebendo o tratamento experimental e dois recebendo o tratamento controle, de modo

que cada grupo fosse composto pelo mesmo número de indivíduos. O sorteio era feito a

partir de envelopes selados.

Após a randomização formaram-se dois grupos: os recém nascidos submetidos a

fototerapia equipada com SuperLED e os recém nascidos submetidos a dois aparelhos

de fototerapia equipados com lâmpada halógena.

O aparelho de fototerapia SuperLED era equipado com uma bateria de 5

SuperLEDs, posicionada a 30 cm do paciente e produzia um foco luminoso elíptico de

Page 60: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

60

38 cm x 27cm de diâmetro. O aparelho de fototerapia halógena era equipado com uma

única lâmpada de quartzo-halógena com refletor dicróico, posicionada a 50 cm do

paciente e produzia um foco luminoso circular de 18 cm de diâmetro. Como a área de

superfície corporal exposta à luz em pacientes recebendo fototerapia SuperLED é quase

o dobro daqueles recebendo fototerapia halógena e tendo em vista que isto é um fator

importante na eficácia do tratamento, optamos por utilizar dois aparelhos nos pacientes

recebendo fototerapia halógena, cujos halos luminosos eram dispostos tangencialmente.

A irradiância emitida pelos dois tipos de fototerapia foi determinada pelo menos

uma vez durante o tratamento, utilizando um radiômetro modelo FANEM 2620 que

mede luz na faixa de onda de 400 a 500nm. A medida era feita na pele do recém

nascido, sobre a região torácica anterior, numa área correspondente ao centro do foco de

luz do aparelho.

O nível sérico de bilirrubina total (BT) foi determinado no início do tratamento e

a cada 8 horas nas primeiras 24 horas de tratamento. Após esse período, a determinação

foi feita a cada 12 horas até a interrupção do tratamento. As amostras de sangue foram

colhidas por punção do calcanhar do recém nascido e a dosagem da bilirrubina sérica

total foi feita por micro método (American Optical UNISAT Bilirubinometer).

A suspensão da fototerapia ocorria de acordo com a rotina do nosso serviço

quando os níveis séricos de bilirrubina total atingiam valores 30 % menores do que os

níveis séricos iniciais. Entretanto, independente dos níveis séricos de bilirrubina, o

tempo mínimo de tratamento de cada recém nascido era de 24 horas.

Falha de tratamento foi considerada quando o nível sérico de bilirrubina total

continuava a subir, apesar do uso da fototerapia e atingia valores 20 % menores do que

os indicativos para exsanguineotransfusão. Se isto acontecia, o recém nascido saía do

estudo e o neonatologista tomava a conduta que julgasse mais apropriada. O critério

Page 61: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

61

utilizado para indicação de exsanguineotransfusão foi baseado no valor de bilirrubina

total em relação ao peso de nascimento (14).

A queda nos níveis séricos de bilirrubina total nas primeiras 24 horas de

tratamento e a duração do tratamento (horas) foram as principais variáveis consideradas

para a comparação da eficácia terapêutica nos grupos estudados.

Os resultados foram expressos em termos de média e desvio padrão (para

características quantitativas) e em percentuais (para características qualitativas). A

significância estatística das diferenças observadas para ambos os grupos foi verificada a

partir do teste t-Student (variáveis numéricas) e teste Qui-Quadrado (variáveis

categóricas). O pacote estatístico SPSS versão 13 foi utilizado para a construção da base

de dados e a avaliação dos resultados.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Instituto Fernandes

Figueira (protocolo nº 035/04) e todos os responsáveis pelos recém nascidos envolvidos

assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido antes da randomização.

Resultados:

Os grupos analisados não apresentaram diferença estatística quanto o peso de

nascimento (PN), a idade gestacional (IG), o índice de Apgar no 5° minuto de vida, o

sexo ou o tipo de parto. No início do estudo, os grupos também foram semelhantes

quanto ao número de pacientes em dieta zero ou assistência ventilatória (oxyhood,

CPAP nasal ou ventilação mecânica), assim como quanto ao tempo de vida pós natal e

ao nível sérico inicial de bilirrubina total (Tabelas 1 e 2).

Page 62: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

62

Tabela 1. Características da população estudada.

SuperLED (n=44)

Halógena (n=44)

PN (g) 1965 ± 597 2032 ± 483

IG (sem) 33,4 ± 2,0 33,8 ± 1,8 Apgar 5° min 8,7 ± 0,7 8,8 ± 0,6 Início da fototerapia(horas)

65,4 ± 26 (17 - 144) *

70,8 ± 25 (29 -305) *

Nível sérico de BT (mg%) 10,1 ± 2,4 (6,2 - 16,2) *

10,9 ± 2,0 (6,1 -16,6) *

Média ± DP. Para todas as comparações, p > 0,05.

Tabela 2. Características da população estudada.

SuperLED (n=44)

Halógena (n=44)

Sexo (M/F) 28/16 30/14

Parto (cesáreo) 41/44 (93%)

40/44 (90%)

N° RN em dieta zero 19/44 (43%)

14/44 (32%)

N° RN em assistência ventilatória

18/44 (40%)

11/44 (25%)

Média ± DP * (variação). Para todas as comparações, p > 0,05.

A irradiância média (µW/cm²/nm) emitida pela fototerapia equipada com

lâmpadas Super LED foi significativamente maior do que a emitida pela lâmpada

halógena (37 ± 9 µW/cm²/nm vs 21 ± 6 µW/cm²/nm, p<0,01)(Figura1).

Page 63: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

63

Figura 1 – Irradiância média emitida pelo aparelho de fototerapia (µW/cm²/nm).

Ao longo das primeiras 24 horas de tratamento, a queda na concentração sérica

de BT foi significantemente maior nos pacientes que receberam fototerapia Super LED

do que naqueles que receberam fototerapia halógena (Tabela 3). Com 24 horas de

fototerapia um número significativamente maior de pacientes recebendo fototerapia

SuperLED havia atingido níveis séricos de bilirrubina que justificaram a interrupção do

tratamento ( 23 vs 10, p < 0, 01).

Tabela 3. Nível sérico de BT (mg%) nas primeiras 24 horas de tratamento.

BTinicial BT 8h BT 16h BT 24h

Super LED 10,1 ± 2,4 9,3 ± 2,5 * 8,1 ± 2,7 ** 7,2 ± 2,5 **

Halógena 10,9 ± 2,0 10,5 ± 2,1 9,4 ± 1,8 9,6 ± 2,4 Média ± DP * p<0,05 ** p<0,01

O tempo médio total de tratamento foi significativamente menor nos pacientes

tratados com fototerapia Super LED do que nos que foram tratados com fototerapia

halógena (36,8 ± 21 horas vs 63,8 ± 37 horas p< 0,01)(Figura2).

p < 0,01

37

21

05

10152025303540

Halógena

Irrad

iânc

ia (µ

W/c

m²/n

m)

SuperLED

Page 64: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

64

Figura 2 - Tempo médio total de fototerapia

Após as primeiras 24 horas, tempo mínimo de tratamento, observou-se que a

diferença no número de recém nascidos que ainda permanecia em fototerapia nos dois

grupos aumentava significativamente. Com 36 horas de tratamento o grupo que recebeu

fototerapia SuperLED tinha 21 recém nascidos e o grupo da fototerapia halógena 34,

resultando numa diferença de 38,2%. Em 48 horas de tratamento, essa diferença já era

de 57,1%, com 12 recém nascidos no SuperLED e 28 no grupo da fototerapia halógena

(Figura 3).

Figura 3 - Número (%) de pacientes em fototerapia durante as primeiras 48 horas.

**

* p< 0,01

p < 0,01

36,8

63,8

0

10

20

30

40

50

60

70

Halógena

Tem

po d

e tr

atam

ento

(hor

as)

SuperLED

0

20

40

60

80

100

24h 36h 48h

SuperLED Halógena

Paci

ente

s (%

)

Page 65: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

65

O número de pacientes com rebote de BT elevado e que necessitou retornar para

fototerapia foi maior no grupo do Super LED, entretanto esta diferença não foi

estatisticamente diferente entre os grupos (26,8% vs 18,2%, p = 0,43).

Da população estudada, nenhum paciente apresentou falha de tratamento ou

necessitou de exsanguineotransfusão.

Nenhum paciente apresentou instabilidade térmica. A temperatura axilar média

dos recém nascidos ao longo do estudo foi 36,6 ± 0,1°C no grupo da fototerapia

superLED e 36,7 ± 0,1 °C no grupo da fototerapia halógena (p=0,30).

O peso corporal médio no início (1821 ± 478g vs 1916 ± 440g) e no final

(1790 ± 445g vs 1910 ± 445g) do tratamento também foi semelhante nos 2 grupos

(p=0,33).

Discussão:

Estudos recentes têm sugerido que a fototerapia LED é eficaz no tratamento da

hiperbilirrubinemia neonatal (16,17). Entretanto, a maioria destes foi realizada in vitro e

apenas dois trabalhos envolveram recém nascidos (18,19).

Seidman et al, estudando recém nascidos a termo ictéricos tratados com

fototerapia LED (azul) e fototerapia convencional, ambas ajustadas para emitirem a

mesma irradiância, não mostraram diferença significativa quanto a velocidade de

decréscimo nos níveis séricos de bilirrubina ou na duração do tratamento (18,19).

Conduzimos o nosso estudo em recém nascidos prematuros porque eles são mais

suscetíveis aos efeitos deletérios dos altos níveis séricos de bilirrubina no sistema

nervoso central (20) e por serem a população que mais frequentemente requerem

fototerapia em nossa UTI neonatal.

Page 66: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

66

Como se tratava de estudo para testar a eficácia de um novo tipo de fototerapia,

houve a necessidade de arbitrar-se limites para os níveis séricos de bilirrubina a partir

dos quais o recém nascido seria retirado da pesquisa e tratado com medidas sabidamente

eficazes.

Optamos por determinar a eficácia após 24 horas de tratamento por ser esta uma

medida frequentemente utilizada na literatura (8, 9, 18, 21, 22,23).

Nossos resultados sugerem que a eficácia da fototerapia SuperLED no

tratamento da hiperbilirrubinemia de recém nascidos prematuros é maior do que a da

fototerapia halógena .

Oito horas após o início do tratamento, a queda nos níveis séricos de bilirrubina

total em recém nascidos tratados com a fototerapia SuperLED já era significativamente

maior do que naqueles tratados com a fototerapia halógena ( 7,9% vs. 3,6 %, p = 0,02).

Esta diferença se acentua ao longo do tratamento e com 24 horas de fototerapia, a queda

percentual nos níveis séricos de bilirrubina em recém nascidos recebendo fototerapia

SuperLED foi maior do que o dobro daqueles recebendo fototerapia halógena (27,9% vs

10,1%, p<0,01).

A eficácia de um aparelho de fototerapia é influenciada, principalmente, pela

área corporal exposta à luz e a irradiância medida sobre a pele do paciente (3,4). Na

fototerapia SuperLED utilizada em nosso estudo, a superfície corporal exposta à luz

(elipse de 38cm x 27cm) é maior do que a conseguida com a fototerapia halógena

(circunferência de 18cm). A fim de minimizar esta diferença, optamos por tratar os

recém nascidos alocados para a fototerapia halógena com dois aparelhos cujos focos

luminosos eram dispostos tangencialmente.

Em nosso estudo, a irradiância foi medida no centro do foco luminoso e mostrou

ser significativamente maior na fototerapia SuperLED do que na halógena (37 vs 21

Page 67: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

67

µW/cm²/nm, p<0,01). Entretanto, como a irradiância emitida por estas fototerapias não

é uniformemente distribuída na superfície iluminada (24), diminuindo

consideravelmente à medida que se afasta do ponto central do foco em direção as

bordas, diversas medidas em diferentes pontos do halo luminoso seriam mais

representativas da irradiância espectral média destas fototerapias.

Uma vez que em nosso estudo, a área corporal exposta à luz foi semelhante em

ambos os grupos e o mesmo não foi observado com a irradiância , podemos sugerir que

esta variável contribuiu para a maior eficácia da fototerapia SuperLED.

Outro ponto que merece consideração é a característica do espectro luminoso

emitido pelo LED: enquanto na lâmpada halógena, o comprimento de onda da luz

emitida situa-se numa faixa ampla, entre 380 a 600nm, no LED (azul) o comprimento

de onda da luz emitida situa-se uma faixa bem mais estreita , 420 a 500nm, com pico de

espectro de onda concentrando-se em 450nm.

A molécula de bilirrubina interage com luz de comprimento de onda entre 400 a

500nm, atingindo um máximo em torno de 460nm (27). Desta forma, podemos notar

que o espectro de emissão de luz pela fototerapia SuperLED sobrepõe-se ao do espectro

de absorção de luz pela bilirrubina. Na fototerapia halógena, grande parte do espectro

luminoso situa-se fora da área de interação entre a luz e a molécula de bilirrubina. Este

fato também parece colaborar para a melhor eficácia da fototerapia SuperLED na

fotoisomerização da bilirrubina.

Em resumo, nossos resultados sugerem que a fototerapia SuperLED é mais

eficaz do que a fototerapia halógena no tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal de

recém nascidos prematuros com peso de nascimento maior do que 1000g. A irradiância

significativamente maior da fototerapia LED e o tipo de espectro luminoso emitido por

este aparelho podem ser fatores determinantes dessa melhor eficácia.

Page 68: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

68

Referências:

1. Fanaroff AA, Martin R. Jaundice and Liver Disease. Neonatal Perinatal

Medicine; 1992, p.1075-1104.

2. Cremer RJ, Perryman PW, Richards DH. Influence of Light on the

Hyperbilirubinemia of Infants. The Lancet 1958; 1: 1094- 1096.

3. Maisels MJ. Phototherapy- Traditional and Nontraditional. Journal of

Perinatology 2001; 21:S93-S97.

4. Maisels MJ. Why Use Homeopathic Doses of Phototherapy? Pediatrics 1996;

98:283-287

5. Ennever JF, Sobel M, Mcdonagh AF, Speck W. Phototherapy for Neonatal

Jaundice: in Vitro Comparison of Light Sources. Pediatric Research 1984;

18(7):667-670.

6. Ennever JF. Phototherapy in a New Light. Pediatrics Clinics of North America

1986; 33(3):603-619.

7. De Carvalho M. Fototerapia: Nem Tudo que Ilumina Trata [Dissertação de

Mestrado]. Rio de Janeiro: Pós Graduação em Saúde da Criança e da Mulher,

Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz; 1990.

8. De Carvalho M, Goldani MP, Lopes JMA. Fototerapia com Lâmpada Halógena:

avaliação da eficácia. J. de Pediatr (Rio J.) 1993; 699(3): 186-192.

Page 69: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

69

9. De Carvalho M. Fototerapia de Alta Intensidade para o Tratamento de

Hiperbilirrubinemia Neonatal: Estudo de Eficácia Terapêutica [Tese de

Doutorado]. Rio de Janeiro: Pós Graduação em Saúde da Criança e da Mulher,

Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz; 1998.

10. Light Emitting Diode. Wikipedia.

http://en.wikipedia.org/wiki/Light_emitting_diode [acessado em 07/04/2006].

11. Light Emitting Diode. What is inside a LED?

http://acept.asu.edu/courses/phs110/expmts/exp13a.html [acessado em

18/12/2005].

12. Vreman HJ, Wong RJ, Stevenson DK. Phototherapy: Current Methods and

Future Directions. Semin in Perinatol 2004; 28:326-333

13. Manual do Usuário – FANEM® .São Paulo – Brasil, 2004. Bilitron® Modelo

3006. The SuperLED Phototherapy.

14. Bhutani VK, Johnson LH, Shapiro SM. Kernicterus in Sick and Preterm Infants

(1999-2002): A Need for an Effective Preventive Approach. Semin Perinatol

2004; 28:319-325.

15. Altman DG, Schulz KF, Moher D, Egger M, Davidoff F, Elbourne D et al. The

Revised CONSORT Statement for Reporting Randomized Trials: Explanation

and Elaboration. Ann Intern Med 2001; 134:663-694.

16. Vreman HJ, Wong RJ, Stevenson DK, Route RK, Reader SD, Fejer MM et al.

Light-Emitting Diodes: A Novel Light Source for Phototherapy. Pediatric

Research 1998; 44(5):804-809

Page 70: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

70

17. Chang YS, Hwang JH, Kwon HN, Choi CW, Ko Sy, Park WS, Shin SM, Lee M.

In Vitro and in Vivo Efficacy of New Blue Light Emitting Diode Phototherapy

Compared to Conventional Halogen Quartz Phototherapy for Neonatal Jaundice.

J Korean Med Sci 2005; 20:61-64.

18. Seidman DS, Moise J, Ergaz Z, Laor A, Vreman HJ, Stevenson DK et al. A New

Blue Light-emitting Phototherapy Device: A prospective randomized controlled

study. J Pediatr 2000; 136:771-774.

19. Seidman DS, Moise J, Ergaz Z, Laor A, Vreman HJ, Stevenson DK et al. A

Prospective Randomized Controlled Study of Phototherapy Using Blue and

Blue-Green Light-Emitting Devices, and Conventional Halogen-Quartz

Phototherapy. Journal of Perinatology 2003; 23:123-127.

20. Bhutani VK. Kernicterus: Epidemiological Strategies for Its Prevention through

Systems-Based Approaches. Journal of Perinatology 2004; 24:650-662.

21. De Carvalho M., Lins MFC, Goldani MPS, Lopes JMA. Ennever JF.

Comparação entre Fototerapia Convencional e de Fibra Óptica. J. de Pediatr

(Rio J.) 1992; 68(7/8): 289-292.

22. De Carvalho M, Cacho A, Neves EA, Lopes JM. Fototerapia Simples x Dupla

no Tratamento da Hiperbilirrubinemia em Recém-Nascidos de Risco. J.Pediatr

(Rio J.) 1996; 72(3): 151-154.

23. Tan KL. The Nature of Dose Response Relationship of Phototherapy for

Neonatal Hyperbilirubinemia. J Pediatr 1977; 90(3): 448- 452.

Page 71: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

71

24. Hart G, Cameron R. The Importance of Irradiance and Area in Neonatal

Phototherapy. Arch Dis Child Fetal Neonatal 2005; 90: F437- F440.

25. Facchini FP. Proposta de Padronização para Aferição de Equipamentos de

Fototerapia. J Pediatr (Rio J.)2001; 77(2): 67-74.

26. Torrão CT, Martin PQ, Assis MML, De Carvalho M, Lopes JM. High Humidity

in Incubators Reduces the Efficacy of Neonatal Phototherapy. Pediatric

Academic Society Annual Meeting. E-PAS 2006; 59: 5575.475.

27. Brown AK, Mc Donagh AF. Phototherapy for Neonatal Hyperbilirubinemia:

Efficacy, mechanism and toxicity. ADV Pediatr 1980; 27:341-380.

Page 72: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

72

VII – Considerações Finais

A fototerapia SuperLED é eficaz no tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal

de recém nascidos prematuros com peso de nascimento maior do que 1000g.

Nosso estudo sugere que a irradiância emitida pelo aparelho de fototerapia foi o

principal determinante para a maior eficácia da fototerapia SuperLED em relação a

fototerapia halógena, ou seja, quanto maior a irradiância, maior a fotoisomerização da

bilirrubina e, consequentemente, maior a eficácia da fototerapia.

Associado a isto, a qualidade da luz utilizada na fototerapia LED, com espectro

de emissão de luz estreito na faixa de absorção da bilirrubina parece interferir

positivamente na sua melhor eficácia.

O SuperLED, emitindo alta irradiância focada no espectro de absorção da

bilirrubina, produzindo pouco calor, consumindo pouca energia, com meia vida longa e

tamanho reduzido parece ser a fonte de luz ideal para os aparelhos de fototerapia no

tratamento da hiperbilirrubinemia neonatal em recém nascidos prematuros.

Estudos com recém nascidos a termo devem ser desenvolvidos para verificação

da eficácia da fototerapia SuperLED nesses pacientes.

Page 73: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

73

VIII - Referências Bibliográficas:

- Ahlfors CE, Wennberg RP. Bilirubin-Albumin and Neonatal Jaundice. Semin

Perinatol 2004; 28:334-339.

- Altman DG, Schulz KF, Moher D, Egger M, Davidoff F, Elbourne D et al. The

Revised CONSORT Statement for Reporting Randomized Trials: Explanation

and Elaboration. Ann Intern Med 2001; 134:663-694.

- American Academy of Pediatrics. Clinical Practice Guideline: Management of

Hyperbilirubinemia in the Newborn Infant 35 or More Weeks of Gestation.

Pediatrics 2004; 114 (1):297-316.

- Amin SB. Clinical Assessment of Bilirubin-Induced Neurotoxicity in Premature

Infants. Semin Perinatol 2004; 28:340-347.

- Bhutani VK. Kernicterus: Epidemiological Strategies for Its Prevention through

Systems-Based Approaches. Journal of Perinatology 2004; 24:650-662.

- Bhutani VK, Johnson LH, Shapiro SM. Kernicterus in Sick and Preterm Infants

(1999-2002): A Need for an Effective Preventive Approach. Semin Perinatol

2004; 28:319-325.

- Brown AK, Mc Donagh AF. Phototherapy for Neonatal Hyperbilirubinemia:

Efficacy, mechanism and toxicity. ADV Pediatr 1980; 27:341-380.

- Cashore WJ. Bilirubin and Jaundice in the Micropremature. Clinics Perinatology

2000; 27(1):171-179.

Page 74: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

74

- Chang YS, Hwang JH, Kwon HN, Choi CW, Ko Sy, Park WS, Shin SM, Lee M.

In Vitro and in Vivo Efficacy of New Blue Light Emitting Diode Phototherapy

Compared to Conventional Halogen Quartz Phototherapy for Neonatal Jaundice.

J Korean Med Sci 2005; 20:61-64.

- Costarino AT, Ennever JF, Baumgart S, Speck WT, Polin RA. Effect of Spectral

Distribution on Isomerization of Bilirubin in vivo. J Pediatr 1985; 107(1):125-

128.

- Cremer RJ, Perryman PW, Richards DH. Influence of Light on the

Hyperbilirubinemia of Infants. The Lancet 1958; 1: 1094- 1096.

- De Carvalho M, Lopes JMA. Fototerapia nos Hospitais Públicos do Rio de

Janeiro. Jornal de Pediatria 1991; 67(5/6): 157-162.

- De Carvalho M., Lins MFC, Goldani MPS, Lopes JMA. Ennever JF.

Comparação entre Fototerapia Convencional e de Fibra Óptica. J. de Pediatr

(Rio J.) 1992; 68(7/8): 289-292.

- De Carvalho M., Lins MFC, Goldani MPS, Lopes JMA. Lâmpadas

Fluorescentes para Fototerapia. J. de Pediatr (Rio J) 1992; 68(5/6):203-205

- De Carvalho M, Goldani MP, Lopes JMA. Fototerapia com Lâmpada Halógena:

avaliação da eficácia. J. de Pediatr (Rio J.) 1993; 699(3): 186-192.

- De Carvalho M, Cacho A, Neves EA, Lopes JM. Fototerapia Simples x Dupla

no Tratamento da Hiperbilirrubinemia em Recém-Nascidos de Risco. J.Pediatr

(Rio J.) 1996; 72(3): 151-154.

Page 75: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

75

- De Carvalho M. Aspectos Práticos no Uso da Fototerapia em Recém-Nascidos

Ictéricos. Pediatria Moderna 1998; XXXIV(4): 167-174.

- De Carvalho M. Fototerapia: Nem Tudo que Ilumina Trata [Dissertação de

Mestrado]. Rio de Janeiro: Pós Graduação em Saúde da Criança e da Mulher,

Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz; 1990.

- De Carvalho M. Fototerapia de Alta Intensidade para o Tratamento de

Hiperbilirrubinemia Neonatal: Estudo de Eficácia Terapêutica [Tese de

Doutorado]. Rio de Janeiro: Pós Graduação em Saúde da Criança e da Mulher,

Instituto Fernandes Figueira, Fundação Oswaldo Cruz; 1998.

- Dicken P, Grant LJ, Jones S. An Evaluation of the Characteristics and

Performance of Neonatal Phototherapy Equipment. Physiol.Meas 2000; 21:493-

503.

- Dobbs RH, Cremer RJ. Phototherapy. Arch Dis Child 1975; 50: 833-836.

- Eggert P, Stick C, Schroder H. On The Distribution of Irradiation Intensity in

Phototherapy: Measurements of effective Irradiance in an Incubator. Eur. J.

Pediatr 1984; 142:58-62.

- Ennever JF, Sobel M, Mcdonagh AF, Speck W. Phototherapy for Neonatal

Jaundice: in Vitro Comparison of Light Sources. Pediatric Research 1984;

18(7):667-670.

- Ennever JF. Phototherapy in a New Light. Pediatrics Clinics of North America

1986; 33(3):603-619.

Page 76: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

76

- Ennever JF, Costarino AT, PolinRA, Speck WT. Rapid Clearance of a Structural

Isomer of Bilirubin during Phototherapy. J Clin Invest 1987; 79: 1674-1678.

- Facchini FP. Proposta de Padronização para Aferição de Equipamentos de

Fototerapia. J Pediatr (Rio J.)2001; 77(2): 67-74.

- Fanaroff AA, Martin R. Jaundice and Liver Disease. Neonatal Perinatal

Medicine; 1992, p.1075-1104.

- Hammerman C, Eidelman AI, Lee K, Gartner LM. Comparative Measurements

of Phototherapy: A Practical Guide 1981; 67(3):368 – 372.

- Hansen TWR. Therapeutic Approaches to Neonatal Jaundice: An International

Survey. Clinical Pediatrics 1996; 35: 309-316.

- Hart G, Cameron R. The Importance of Irradiance and Area in Neonatal

Phototherapy. Arch Dis Child Fetal Neonatal 2005; 90: F437- F440.

- Introdução à Eletrônica – Guia de laboratório. www.valg.pt/~jmariano [acessado

em 18/12/2005]

- Johnson LH. System-based Approach to Management of Neonatal Jaundice and

Prevention of Kernicterus. J Pediatr 2002; 140:396-403.

- Johnson LH, BhutaniVK. Guidelines for Management of the Jaundice Term and

Near-Term Infant. Clinics in Perinatology 1998; 25(3):555-574.

- Kopelman BI, Santos AMN, Goulart AL, Almeida MFB, Miyoshi MH,

Guinsburg R. Diagnóstico e Tratamento em Neonatologia. São Paulo/Brasil:

Editora Atheneu; 2004.

Page 77: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

77

- Light Emitting Diode. What is inside a LED?

http://acept.asu.edu/courses/phs110/expmts/exp13a.html [acessado em

18/12/2005].

- Light Emitting Diode. Wikipedia.

http://en.wikipedia.org/wiki/Light_emitting_diode [acessado em 07/04/2006].

- Light Emitting Diodes.

http://wolfstone.halloweenhost.comTechBase/litled_LightEmittingDiodes.html

[acessado em 18/12/2005].

- Light Emitting Diode. What is a Diode?

http://electronics.howstuffworks.com/led1.htm [acessado em 07/04/2006]

- Light Emitting Diode. O que é LED? www.topled.com.br [acessado em

15/04/2006].

- Light Emitting Diode. http://nationmaster.com/encyclopedia/Light_emitting-

diode [acessado em 15/04/2006].

- Maisels MJ. Phototherapy- Traditional and Nontraditional. Journal of

Perinatology 2001; 21:S93-S97.

- Maisels MJ, Watchko JF. Treatment of Jaundice in Low Birth weight Infants.

Arch Dis Child Fetal Neonatal 2003; 88:F459-F463.

- Maisels MJ. Why Use Homeopathic Doses of Phototherapy? Pediatrics 1996;

98:283-287.

Page 78: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

78

- Manual do Usuário – FANEM®.São Paulo – Brasil, 2004. Bilitron® Modelo

3006. The SuperLED Phototherapy.

- McDonagh AF. Phototherapy: From Ancient Egypt to the New millennium.

Journal of Perinatology 2001; 21:S7-S12.

- Mims LC, Estrada M, Gooden DS, Caldweel RR, Kotas RV. Phototherapy for

Neonatal Hyperbilirubinemia – a dose: response relationship. J Pediatr 1973;

83(4): 658-662.

- Rosen H, Rosen A, Rosen D, Onaral B, Hiatt M. Use of a Light Emitting Diode

(LED) Array for Bilirubin Phototransformation. 2005.

- Seidman DS, Moise J, Ergaz Z, Laor A, Vreman HJ, Stevenson DK et al. A New

Blue Light-emitting Phototherapy Device: A prospective randomized controlled

study. J Pediatr 2000; 136:771-774.

- Seidman DS, Moise J, Ergaz Z, Laor A, Vreman HJ, Stevenson DK et al. A

Prospective Randomized Controlled Study of Phototherapy Using Blue and

Blue-Green Light-Emitting Devices, and Conventional Halogen-Quartz

Phototherapy. Journal of Perinatology 2003; 23:123-127.

- Sheridan SE. Parents of Infants and Children with Kernicterus. Journal of

Perinatology 2005; 25:227-228.

- Stark AR, Fork TF. Discussion: Therapies on the Horizon for Neonatal

Jaundice. Journal of Perinatology 2001; 21:S125-127.

- Stevenson DK, Fung R. Discussion: Treatment of Hiperbilirubinemia. Journal of

Perinatology 2001; 21:S104-107.

Page 79: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

79

- Stevenson DK, Dennery PA, Hintz SR. Understanding Newborn Jaundice.

Journal of Perinatology 2001; 21:S21-S24.

- Tan KL. Efficacy of Fluorescent Daylight, Blue, and Green Lamps in the

Management of Nonhemolytic Hyperbilirubinemia. J Pediatr 1989; 114:132-

137].

- Tan KL. The Nature of Dose Response Relationship of Phototherapy for

Neonatal Hyperbilirubinemia. J Pediatr 1977; 90(3): 448- 452.

- Tan KL. The Nature of Dose Response Relationship of Phototherapy for

Neonatal Hyperbilirubinemia. J Pediatr 1977; 90(3): 448- 452.

- Tan KL, Lim GC, Boey KW. Efficacy of High-Intensity and standard Daylight

phototherapy for Non-hemolytic hyperbilirubinemia. Acta Pediatr 1992; 81:870-

874.

- Torrão CT, Martin PQ, Assis MML, De Carvalho M, Lopes JM. High Humidity

in Incubators Reduces the Efficacy of Neonatal Phototherapy. Pediatric

Academic Society Annual Meeting. E-PAS 2006; 59: 5575.475.

- Vieira AA, Lima CLMA, De Carvalho M, Moreira MEL. O Uso da Fototerapia

em Recém-nascidos: Avaliação da Prática Clínica. Rev. Bras. Saúde Materno

Infant 2004; 4(4): 359-366.

- Vreman HJ, Wong RJ, Stevenson DK, Route RK, Reader SD, Fejer MM et al.

Light-Emitting Diodes: A Novel Light Source for Phototherapy. Pediatric

Research 1998; 44(5):804-809.

Page 80: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

80

- Vreman HJ, Wong RJ, Stevenson DK. Phototherapy: Current Methods and

Future Directions.Semin in Perinatol 2004; 28:326-333.

- Watchko JF, Maisels MJ. Jaundice in Low Birthweight infants: Pathobiology

and Outcome. Arch Dis Child Neonatal 2003; 88: F455-F458.

- Weise G, Ballowitz L. A Mathematical description of the temporal changes in

serum bilirubin concentration during phototherapy in newborn infants. Biol.

Neonate 1982; 42:222-226.

- Wu PYK, Berdahl M. Irradiance in Incubators under Phototherapy Lamps.

Pediatrics 1974; 84: 754-755.

Page 81: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

81

IX - Apêndice I

FOTOTERAPIA HALÓGENA (Bilispot®) X SUPERLED(Bilitron®)

Nome do RN: Reg RN: Nome da mãe: Reg. Mãe: Data/hora de nascimento: Tipo de parto: indicação: Apgar 1°min: 5°min: 10° min: Reanimação na sala de parto: ( ) Não ( ) Sim ( )O2 inalatório ( )VPPsob máscara ( )TOT Bolsa rota: ( ) no ato ( ) < 24 horas ( ) > 24horas _________ Sexo: ( ) M ( ) F Peso nascimento: Ballard: DUM: Gemelar: ( ) sim ( ) não Classificação: ( )AIG ( ) PIG ( ) GIG Tipo sanguíneo da mãe: do RN: CD: Condições clínicas do RN no momento da indicação da fototerapia: - dieta: zero ( ) SOG ( ) volume: VO/Seio materno ( ) HV ( ) NPT ( ) * evacuação 1ª 24 h: sim( ) não( ) - respiratório: ar ambiente ( ) hood ( ) CPAPnasal ( ) IMV ( ) - infeccioso: ATB - sim ( ) não ( ) - hemodinâmico: aminas – sim ( ) não ( ) Data e hora do início da fototerapia: Valor inicial indicativo de fototerapia: Tipo de fototerapia: halógena/bilispot ( ) super led/bilitron ( ) Data e hora da suspensão da fototerapia: Duração da fototerapia: BT rebote -24 horas após suspensão da fototerapia:

Page 82: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

82

Horas 0 8 16 24 36 48 60 72 84 96 108 BT

Hto

Variação Bb(mg%)

% queda

Irradiância(µW/cm²/nm)

Temperatura axilar (°C)

Peso(g)

Observações:

Page 83: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

83

X - Apêndice II

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E INFORMADO Nome do RN: ______________________________________ Prontuário: _________ Nome da Mãe: ________________________________________________________ Na qualidade de responsável pelo menor acima citado, fui informada que: a) A icterícia (pele amarela) é muito comum nos recém nascidos durante a primeira semana após o parto e, quando ela á mais intensa, precisa ser tratada. b) O tratamento inicial adotado é o banho de luz (fototerapia) e existem diversos tipos de aparelho de fototerapia c) Atualmente existe no mercado um novo tipo de fototerapia que utiliza 5 pequenas lâmpadas azuis. Este novo aparelho já foi testado no laboratório e aprovado para ser usado em bebês. d) O propósito desta pesquisa é comparar este novo aparelho de fototerapia com um outro modelo atualmente em uso no berçário. Para isso será necessário determinar, através de exame de sangue, se a icterícia está melhorando ou não. Serão colhidas 2 gotas de sangue do pé do meu bebê a cada 8 horas durante o período em que ele estiver recebendo banho de luz(procedimento que já é de rotina). Declaro que me foi explicado que, caso o meu bebê venha a utilizar este novo aparelho de banho de luz (fototerapia), ele será tratado igual ao que seria se estivesse utilizando qualquer outra fototerapia existente no berçário. Declaro que me foram explicados todos os procedimentos necessários para a realização dessa pesquisa. Declaro que li e entendi o que me foi explicado e autorizo voluntariamente a inclusão do meu bebê nesta pesquisa e, que também fui informada que posso retirar meu (minha) filho (a) do estudo a hora que desejar sem prejuízo para o tratamento do mesmo. Eu, ________________________________________________________________, na (nome do responsável) qualidade de _________________________________, identidade n°_______________, (grau de parentesco) autorizo a inclusão do menor ____________________________________ na pesquisa. Rio de Janeiro, _____ de __________________de 2005/06. Assinatura do responsável: ________________________________________________ Responsável pelo estudo: __________________________________________________

Page 84: AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA TERAPÊUTICA DE UMA NOVA … · bilirrubina após esse período (Dobbs e Cremer, 1975; McDonagh, 2001). Esses dois acontecimentos estimularam Cremer e colaboradores

84