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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA CAMPUS CAPITÃO POÇO CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL ANTONIA LUZINETE DA SILVA ROMÃO RAYNARA BARRETO BESERRA AVALIAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃODA FEIRA DA AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA SOLIDÁRIA NO MUNICÍPIO DE CAPITÃO POÇO-PA CAPITÃO POÇO - PA 2019

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA

CAMPUS CAPITÃO POÇO

CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

ANTONIA LUZINETE DA SILVA ROMÃO

RAYNARA BARRETO BESERRA

AVALIAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃODA FEIRA DA

AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA SOLIDÁRIA NO

MUNICÍPIO DE CAPITÃO POÇO-PA

CAPITÃO POÇO - PA

2019

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ANTONIA LUZINETE DA SILVA ROMÃO

RAYNARA BARRETO BESERRA

AVALIAÇÃO DA COMERCIALIZAÇÃO DA FEIRA DA

AGRICULTURA FAMILIAR E ECONOMIA SOLIDÁRIA NO

MUNICÍPIO DE CAPITÃO POÇO-PA

CAPITÃO POÇO – PA

2019

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao curso de Engenharia

Florestal da Universidade Federal

Rural da Amazônia, como requisito

para obtenção do título de Engenheira

Florestal.

Orientador: Prof. Dr. José Sebastião

Romano de Oliveira.

Coorientadora: Msc. Ana Paula Dias

Costa.

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Ficha Catalográfica

Biblioteca Maria Auxiliadora Feio Gomes / UFRA - Capitão Poço

R 756 Romão, Antonia Luzinete da Silva

Avaliação da comercialização da feira da agricultura familiar e economia solidária

no município de Capitão Poço-Pa. / Antonia Luzinete da Silva Romão, Raynara

Barreto Beserra. - Capitão Poço, 2019.

37 f.

Orientador Dr. José Sebastião Romano de Oliveira; Coorientador Msc. Ana Paula

Dias Costa

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação – Engenharia Florestal) – Universidade

Federal Rural da Amazônia, Capitão Poço, 2019.

1. Agricultura familiar – avaliação socioeconômica – Capitão Poço, Pará. 2. Produção

familiar – feiras livres – comercialização. I. Beserra, Raynara Barreto. II. Oliveira,

José Sebastião Romano de, orient. III. Título

CDD: 23 ed. 381.186098115

Bibliotecária-Documentalista: Sheyla Gabriela Alves Ribeiro CRB-2/1372

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família, meus pais Antonio Ferreira Romão e Maria

Ocilene da Silva Romão, meus irmãos Maria Luzirene da Silva Romão e Higor da Silva

Romão e minha sobrinha Laura Romão Leite por não desistirem de mim e por estarem sempre

me incentivando e ajudando a enfrentar essa caminhada. Carinhosamente dedico a minha

sobrinha que veio alegrar meus dias e mesmo sem saber, não me deixou fraquejar nos

momentos mais difíceis.

Antonia Luzinete da Silva Romão

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente а Deus, autor do meu destino, por me manter

sempre com fé e saúde até aqui. A minha família, minha mãe Dilene Barreto Lira da Silva,

aos meus dois pais Ronaldo Miguel Beserra (pai biológico) e Salomão lira da Silva (pai de

criação), aos meus irmãos Renan Thales Barreto Luna e Raissa Maria Barreto Beserra, a

minha tia Diedja Maglione Roque Barreto e aos meus avós maternos (in memoriam) Divani

Cavalcante Roque Barreto e Francisco de Assis Alves Barreto que mesmo não mais presente

hoje entre nós sonharam junto comigo essa conquista. Todos sempre me motivando com

muito carinho е apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa da minha

vida.

Raynara Barreto Beserra

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AGRADECIMENTOS

À Deus por ter me dado saúde e força para vencer mais essa batalha em minha vida.

À minha família como verdadeiros alicerces que me incentivaram, acreditaram e

apostarem em mim, sendo eles os principais protagonistas da minha vida acadêmica e por

sempre acreditaram no meu potencial.

A minha colega de trabalho Raynara Barreto Beserra pelo esforço na construção desse

trabalho.

Agradeço também a todos meus amigos e amigas que estiveram sempre ao meu lado

ao longo desses cinco anos e por sempre compreenderem o meu “não posso hoje, tenho prova

amanhã, trabalho, seminário...”, deixando de estar com eles e também minha família para

poder estudar, mas que todos contribuíram de forma positiva com a realização do meu sonho,

agradeço também aos colegas de curso por todo aprendizado.

Ao Orientador professor Dr. José Sebastião Romano de Oliveirapelo carinho e

atenção,em especial a professora e CoorientadoraMsc. Ana PaulaDias Costa pelo carinho,

atenção e dedicação às atividades realizadas nesse trabalhoe aos demais professores ao longo

do curso.

A todos os funcionários efetivos e terceirizados da Universidade Federal Rural da

Amazônia que trabalham em conjunto para formação de profissionais qualificados.

Antonia Luzinete da Silva Romão

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AGRADECIMENTO

Primeiramente sou grata a toda minha família, meus pais, meus irmãos, meus avós,

meus amigos, em especial a minha mãe que tanto lutou pela minha educação, abrindo muitas

vezes mão dos seus sonhos para tornar os meus realidade, que sempre acreditou no meu

potencial e nunca me deixou perder a fé nos momentos difíceis.

A minha querida tia e paraninfa Diejda Maglione, que mesmo a distância permitiu que

eu participasse dos congressos acadêmicos me ajudando financeiramente.

A minha colega e dupla de trabalho Antonia Luzinete da Silva Romãopor toda

dedicação, paciência e esforço na construção desse trabalho.

Ao meu namorado Rodolfo Barbosa por toda compressão, paciência, carinho e acima

de tudo, por sempre me fazer sorrir nos momentos de mais estresses.

Ao meu Orientador professor Dr. Jose Sebastião Romano de Oliveira por todo carinho

e atenção, em especial a professora e Coorientadora Msc. Ana Paula Dias Costa por

praticamente de última hora ter nos aceitado como orientadas, e com todo carinho, atenção

nos ajudou na realização das atividadesdesse trabalho e aos demais professores que

contribuíram para a minha formação ao longo do curso.

Por fim, manifesto aqui a minha gratidão à Deus, que me deu força, fé e saúde para

realizar esse meu sonho.

Raynara Barreto Beserra

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Leve na sua memória para o resto de sua vida, as coisas boas que surgiram no meio das

dificuldades. Elas serão uma prova de sua capacidade em vencer as provas e lhe darão

confiança na presença divina, que nos auxilia em qualquer situação, em qualquer tempo,

diante de qualquer obstáculo.

Chico Xavier

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RESUMO

Agricultura familiar é uma das grandes responsáveis pelo alimento que chega a mesa dos

consumidores no mundo todo, apesar das imensas dificuldades encontradas pelo agricultor,

tanto para produção quanto a venda dos produtos. As feiras livres são uma das principais

formas de comercialização dos produtos oriundos por esse tipo de agricultura.Diante disso,

este trabalho teve por objetivo realizar a avaliação socioeconômica e produtiva da feira da

agricultura familiar e economia solidária no município de Capitão Poço-PA. Para a realização

da pesquisa, foi aplicado um questionário contendo 15 perguntas fechadas. Os entrevistados

foram agricultores familiares de cinco localidades pertencentes ao município de Capitão Poço.

Com os dados, pôde-se observar que os agricultores possuem, no geral, baixa escolaridade e a

maioria tem mais de cinqüenta anos de idade. Todos são de Capitão Poço. Os auxiliares na

produção dos alimentos são em média 2,15 e que na venda apenas um integrante da família é

o responsável. É grande a diversidade dos produtos comercializados e durante o cultivo a

utilização de defensivos químicos é considerada mínima proporcionando uma produção mais

saudável. Portanto conclui-se que a renda dos agricultores que fazem uso da feira da

agricultura familiar e economia solidária para comercialização de sua produção aumentou

consideravelmente contribuindo positivamente com renda da família, mas que essa não é a

única fonte de renda familiar, pois o investimento na feira ainda é baixo e a necessidade de

parcerias para ampliá-la seria de grande valia para aumentar o sucesso da feira.

Palavras-Chave:Feiras livres; comercialização; produção familiar.

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ABSTRACT

Family farming is one of the main reasons that food exists on the consumers table worldwide,

despite the huge difficulties faced by farmers, both for the production and selling the

products. This way, free fairs are one of the main commercialization ways of the products

originated by this type of agriculture, this way, this work aimed to carry out a socioeconomic

and productive evaluation of the family agriculture fair and solidarity economy in the city of

CapitãoPoço-PA.To perform the research, a questionnaire containing up to 15 questions was

applied. The interviewees were family farmers from five localities belonging to the city.From

the data analyzed it could be assumed that farmers generally werepooreducated and the

majority are over fifty years old, the assistents in food production are on average 2.15 people

per family and that on sale only one family member is responsible for the marketing.There

was a great diversity of the products traded and during the cultivation the use of chemical

pesticides is considered minimal, thus producing a healthier final product.The products

transportation tothe fair is made by producers themselves using their own vehicles.Besides the

need for one more week day to hold the fair, it is necessary to encourage the city hall and

more citizen awareness about the fair that happens every Saturday in the main church square,

downtown.Therefore, it is concluded that the farmers income in family agriculture and

solidarity economy increased significantly, but that none of the them was confident to explain

the increased values, though, this increase contributes positively to family income, but that

this is not the only source of income. family income as the investment in the fair is still low

and it needs partnerships to expansion would be of great value to leverage the fair success.

Keywords: Free fair; commercialization; family production.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Localização do município de Capitão Poço, nordeste do Estado do Pará. ......................... 18

Figura 2 – Aplicação de questionário na feira da agricultura familiar e economia solidária. .............. 20

Figura 3 – Faixa etária dos agricultores entrevistados. ........................................................................ 23

Figura 4 – O representante familiar fazendo a comercialização. ......................................................... 24

Figura 5 – Grau de escolaridade dos produtores familiar. ................................................................... 25

Figura 6 –Relação dos agricultores no ambiente da Feira.................................................................... 27

Figura 7 – Fluxograma do circuito curto de comercialização. ............................................................. 28

Figura 8 – Relação dos agricultores e seus tipos de transporte ............................................................ 29

Figura 9 – Agricultores no local de venda e seus respectivos transportes ........................................... 30

Figura 10 – Produtos vendidos na feira. ............................................................................................... 33

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 14

OBJETIVO GERAL ........................................................................................................................... 15

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................ 15

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO ........................................................................................................... 15

2.1 Agricultura Familiar ..................................................................................................................... 15

2.2 As feiras como ponto de comercialização .................................................................................... 17

3 MATERIAL E MÉTODO ............................................................................................................... 17

3.1 Localização e Caracterização do Local de Estudo ........................................................................ 17

3.2 Sobre a Pesquisa ........................................................................................................................... 19

3.3 Coleta e Análise de Dados ............................................................................................................ 20

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................................................... 20

4.1 Aspectos sociais envolvidos na feira da agricultura familiar ........................................................ 20

4.1.1 Surgimento da feira .............................................................................................................. 20

4.1.2 Perfil dos agricultores ........................................................................................................... 22

4.1.3 Faixa etária ........................................................................................................................... 22

4.1.4 Colaboradores....................................................................................................................... 23

4.1.5 Escolaridade ......................................................................................................................... 24

4.1.6 Incentivo e apoio da prefeitura ............................................................................................. 25

4.1.7 Relação dos agricultores na feira .......................................................................................... 26

4.1.8 Intenção em continuar na feira ............................................................................................. 27

4.2 Os processos produtivos e econômicos na feira da agricultura familiar ....................................... 29

4.2.1 Transporte............................................................................................................................. 29

4.2.2 Aumento da renda ................................................................................................................ 30

4.2.3 Dia a mais de venda ............................................................................................................. 31

4.3 Produtos comercializados na feira ................................................................................................ 31

4.3.1 Produtos ................................................................................................................................ 31

4.3.2 Produção Orgânica ............................................................................................................... 33

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 35

ANEXO ................................................................................................................................................ 38

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14

1 INTRODUÇÃO

As feiras livres são um importante canal de comercialização de produtos,

principalmente de agricultores familiares.Esse contato direto do produtor com o consumidor

final, proporciona uma maior credibilidade e segurança para aqueles que consomem esses

produtos. As feiras, além de locais de comercialização, são locais de encontro,

confraternização e socialização. As mesmas são utilizadas como pontos de referência e fazem

parte da história de inúmeros municípios.

A feira da Agricultura familiar de Capitão Poço é um importante intermédio no quais

pequenos agricultores familiares utilizam como uma alternativa de geração de renda com a

venda dos seus produtos, garantindo não só um retorno econômico satisfatório para o

município como para as famílias de produtores, mas também beneficiando e proporcionando a

população local que busca cada vez mais uma qualidade de vida por meio de uma alimentação

saudável.

Esse trabalho foi desenvolvido na sede do município de Capitão Poço, onde em

parceria com a Universidade federal Rural da Amazônia – UFRA e agricultores do Sindicato

dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Capitão Poço – STTR/Capitão Poço iniciou uma

abertura que possibilitou aos agricultores familiares do município a comercializarem seus

produtos diretamente ao consumidor final, inicialmente os consumidores eram os próprios

alunos, professores, gestores e moradores próximos ao campus. O sucesso das vendas, de

certa forma entusiasmou os agricultores a expandirem e buscarem um local onde os mesmos

tivessem mais visibilidade e acesso a toda a população, essa expansão os levaram até praça da

igreja matriz onde permanecem até hoje.

Por mais que os benefícios sejam ainda superiores a todas as dificuldades enfrentadas

pelos agricultores familiares, a feira ainda trás consigo inúmeras desvantagens a serem

melhoradas em prol do progresso da feira. Dentre as desvantagens que afetam a feira podemos

destacar as que mais refletem de forma negativa: Falta de incentivo e apoio do poder público,

Dificuldade no transporte dos produtos do local de produção para o local de comercialização;

Falta de divulgações da existência da feira dentro do município e falta de uma estrutura mais

adequada para exposição dos produtos na feira

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OBJETIVO GERAL

Avaliar os processos de comercialização e circulação da produção da feira da

agricultura familiar e economia solidária de Capitão Poço.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Compreender os aspectos sociais envolvidos na feira da agricultura familiar.

Verificar os processosde comercialização e econômicos na feira da agricultura

familiar.

Identificar e caracterizar os produtos comercializados na feira.

2REFERÊNCIAL TEÓRICO

2.1 Agricultura Familiar

O debate sobre a importância e o papel da agricultura familiar no desenvolvimento

brasileiro vem ganhando força ao longo do tempo, impulsionado, principalmente, pela

concepção de desenvolvimento duradouro, geração de emprego e renda, segurança alimentar e

desenvolvimento local (FAO/INCRA, 2000).

Segundo a Secretaria Especial de Agricultura Familiar de Desenvolvimento Agrário, a

agricultura familiar tem dinâmica e características distintas em comparação à agricultura não

familiar. Nela, a gestão da propriedade é compartilhada pela família e a atividade produtiva

agropecuária é a principal fonte geradora de renda. Ainda segundo a secretaria, mais de 84%

dos estabelecimentos agropecuários brasileiros pertencem a grupos familiares.

Para Wanderley(2004), a agricultura familiar carrega uma tradição baseada não

somente na centralidade familiar,mas também nas formas de produzir e na sua maneira de

viver. Na medida em que se encontram inseridos em um contexto social globalizado, necessita

se adaptar às novas formas de produção e de vida em sociedade.

Guanziroli e Cardim (2000) revelam que mesmo diante da escassez de crédito, a

agricultura familiar consegue ser mais eficiente do que a agricultura patronal. Produzindo

mais com menos, o agricultor familiar, embora explorado pelo modo de produção capitalista,

consegue intensificar o uso da terra,aproveitando ao máximo a área total de que dispõe,

destinando aos sistemas intensivos de produção maior parte de sua área.

O reconhecimento da agricultura familiar no país é muito recente, e se deve a três

fatores. O primeiro tem relação com o movimento sindical, o segundo com o trabalho dos

mediadores e intelectuais, e o terceiro fator tem relação com o trabalho do Estado e de

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políticas públicas que começaram a reconhecer esse fator e deram possibilidade de

crescimento e incentivos a partir da criação do PRONAF – Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar (SCHNEIDER; CASSOL, 2013).

A afirmação da agricultura familiar no cenário social e político brasileiro

estãorelacionados à legitimação que o Estado lhe emprestou ao criar, em 1996, o PRONAF.

Esse programa, formulado como resposta às pressões do movimento sindical rural desde o

início dos anos de 1990, nasceu com a finalidade de prover crédito agrícola e apoio

institucional às categorias de pequenos produtores rurais que vinham sendo alijados das

políticas públicas ao longo da década de 1980 e encontravam sérias dificuldades de se manter

na atividade.A partir do surgimento do PRONAF, o sindicalismo rural brasileiro, sobretudo

aquele localizado nas regiões Sul e Nordeste, passou a reforçar a defesa de propostas que

vislumbrassem o compromisso cada vez mais sólido do Estado com uma categoria social

considerada específica e que necessitava de políticas públicas diferenciadas (juros menores,

apoio institucional etc) (SCHNEIDER, 2003).

Para a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário, a

geração e as oportunidades de negócios para a agricultura familiar vêm sendo eixos

estratégicos. A inserção de milhares de agricultores familiares nos processos de

comercialização tem dado a visibilidade que essas famílias sempre almejaram no meio rural.

Além disso, garantem a geração de renda e abertura de novas oportunidades, na medida em

que ocorre a inserção da produção familiar, em mercados de compras públicas, como o

Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar

(Pnae).

O PNAE, PAA e as feiras livres são algumas das alternativas para vendas dos produtos

agrícolas oriundos da agricultura familiar. Para Chaves (2011), no Brasil as feiras livres

surgiram desde a época da colonização portuguesa. No período colonial, a população sentia a

necessidade de comercializar vários gêneros tropicais, metais preciosos e produtos das mais

variadas espécies. Dessa forma, as pessoas se reuniam em locais pré-determinados durante

certo período para suprir suas necessidades comerciais, mas também realizar atividades

socioculturais. Foi assim que as feiras livres no Brasil se consolidaram como uma das mais

antigas e tradicionais formas de comércio, lazer, e, sobretudo, como centros de sociabilidade

das cidades.

De acordo com Almeida e Kudlavicz (2011), terra é sinônimo de vida e trabalho e,

sem dúvida, os agricultores familiares vêm trabalhando arduamente para conquistarem uma

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17

vida digna no meio rural. Mediante as culturas por eles cultivadas, buscam diferentes

estratégias, como a diversificação, para a geração de renda.

2.2 As feiras como ponto de comercialização

As feiras livres são consideradas uma importante estrutura de suprimento de alimentos

das cidades, especialmente as interioranas, pois promovem o desenvolvimento econômico e

social, fomentando a economia dessas pequenas cidades. Oferecem produtos sempre frescos e

permitem uma relação restrita entre consumidores e produtores e o poder de barganha

exercido por eles (COUTINHO; NEVES; SILVA, 2006).

Segundo Andrade (2015), a feira livre está presente na cultura e costumes populares

desde a Antiguidade, como modelo de mercado periódico mais antigo e tradicional no mundo,

exercendo grande importância para o desenvolvimento econômico, social e cultural. Um

marco na passagem do modo feudal para o modelo capitalista. Ainda segundo a autora, a feira

livre teve papel importante para a formação de núcleos urbanos, como as famosas e

tradicionais feiras de gado, uma vez que, no início da colonização, tornaram-se responsáveis

pela constituição de povoamento no interior dos Estados.

Para Santos et al. (2014) a escolha do canal de distribuição para a venda dos produtos,

pelos agricultores familiares, passa a ser, um dos principais elementos da estratégia de

comercialização, para o autor, as feiras livres têm ganhado destaque para a comercialização de

produtos provenientes da agricultura familiar, em relação ao varejo tradicional por apresentar

uma relação mais direta com o consumidor e uma melhor rentabilidade dos produtos

comercializados nesse canal.

As feiras livres também possibilitam o acesso dos agricultores ao mercado, gerando

renda para compra de produtos para consumo familiar, de forma a ser considerada uma

importante política distributiva, possibilitando que a renda da população permaneça no

município contribuindo para seu desenvolvimento (SILVESTRE et al., 2006).

Cabe dizer que o desenvolvimento local é baseado nos agentes locais, sendo

relacionado a iniciativas inovadoras da coletividade, encadeando as potencialidades locais nas

condições dadas pelo contexto. Para que esse processo de desenvolvimento seja duradouro, é

preciso elevar as oportunidades sociais e a competitividade da economia local, aumentando a

renda (BUARQUE, 1999).

3MATERIAL E MÉTODO

3.1Localização e Caracterização do Local de Estudo

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18

O município de Capitão Poço (Figura 1) está localizado na mesorregião do nordeste

paraense e microrregião do Guamá possuindo uma área de 1.714,85 km² e limita-se ao norte

com Ourém a leste com Santa Luzia do Pará e Garrafão do Norte ao sul com Ipixuna e Nova

Esperança do Piriá e ao oeste com Aurora do Pará, Mãe do Rio e Irituia com distância de 226

km da Capital Belém IBGE (2008).

Figura 1– Localização do município de Capitão Poço, nordeste do Estado do Pará.

Fonte:Sistemas de Informações Territoriais (STI).

A origem desse município data de 1943, com a chegada das primeiras 14 famílias

nordestinas que se instalaram às proximidades do Igarapé Capitão Poço. A partir daí, o

crescimento populacional e econômico dessa área foi tão expressivo que, em 23 de dezembro

de 1961, foi aprovada a sua emancipação e seis dias após, sancionada a Lei 2.460 de criação

do município de Capitão Poço (Pará, 1992).

A economia de Capitão Poço se apóia fundamentalmente na atividade agrícola. Da sua

colonização até os dias atuais, a agricultura do município passou por um importante processo

de transformação compreendendo diferentes estádios: inicialmente a exploração agrícola

voltou-se para os cultivos temporários, com destaque para o arroz, milho, feijão mandioca e

malva. Posteriormente, na década de 70, com a pimenta-do-reino, inaugura-se um novo

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19

período na agricultura do município, caracterizados pela introdução dos chamados insumos

modernos (fertilizantes, corretivos, defensivos e herbicidas). Ao lado da pimenta-do-reino

surge o algodão, reintroduzido na região por conta do Projeto Algodão, resultado de uma

parceria entre a Secretaria de Estado de Agricultura e Linhas Correntes S/A. Em 1977, pela

iniciativa pioneira do técnico agrícola e produtor Antônio Soares Neto, tem início o cultivo da

laranja no município. As perspectivas positivas da cultura atraíram o apoio da Secretaria de

Estado de Agricultura e da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará –

Emater que, através do Projeto de Desenvolvimento da Citricultura, estabeleceram as bases

para a difusão e consolidação da cultura no município. (VILAR E COSTA, 2000).

Capitão Poço é um município de grande importância agrícola para o Estado e o mundo

através das suas exportações de citros, os agricultores familiares são grandes responsáveis por

tal importância, pois são eles, em conjunto, um dos maiores produtores no município. O

estudo foi desenvolvido com os agricultores da feira da agricultura familiar e economia

solidária, realizada todos os sábados no período matutino na praça da igreja matriz na

Avenida 29 de dezembro no município de Capitão Poço.

3.2 Sobre a Pesquisa

Segundo Gil (2007, p. 17), pesquisa é definida como:

(...) procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar

respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por um

processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a

apresentação e discussão dos resultados.

A pesquisa foi fundamentada em métodos participativos de natureza qualitativa que

segundo Turato (2005) as pesquisas que utilizam o método qualitativo devem trabalhar com

valores, crenças, representações, hábitos, atitudes e opiniões. Não tem qualquer utilidade na

mensuração de fenômenos em grandes grupos, sendo basicamente úteis para quem busca

entender o contexto onde algum fenômeno ocorre. Ao invés da medição, seu objetivo é

conseguir um entendimento mais profundo e, se necessário, subjetivo de estudo, sem se

preocupar com medidas numéricas e análises estatísticas. Adentrando na subjetividade dos

fenômenos.

A pesquisa ocorreu através de aplicação de questionário, que segundo Cervo &

Bervian (2002, p. 48) o questionário “[...] refere-se a um meio de obter respostas às questões

por uma fórmula que o próprio informante preenche”. Ele pode conter perguntas abertas e/ou

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fechadas. As abertas possibilitam respostas mais ricas e variadas e as fechadas maior

facilidade na tabulação e análise dos dados. Esse questionário foi semiestruturado contendo

quinze perguntas, conforme anexo, onde se realizou um levantamento social, econômico e

produtivo dos entrevistados cadastrados na feira, a aplicação do questionário aconteceu para

as 13 famílias, sendo esse o total de participantes que fazem uso do espaço entorno da igreja

matriz.

3.3 Coleta e Análise de Dados

Foram utilizados três sábados consecutivos (10, 17 e 24 de novembro de 2018) para

aplicação do questionário (Figura 2), no qual as famílias não se alteram em relação à

quantidade, permanecendo os mesmos entrevistados em todas as visitas. Os dados obtidos

foram analisados posteriormente à coleta.

Figura 2 – Aplicação de questionário na feira da agricultura familiar e economia solidária.

Fonte: Autoras, 2018.

4RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Aspectos sociais envolvidos na feira da agricultura familiar

4.1.1 Surgimento da feira

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A proposta da Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidária surgiu a partir de

uma demanda foram demanda dos agricultores filiados ao Sindicato dos Trabalhadores e

Trabalhadoras Rurais de Capitão Poço – STTR/Capitão Poço, partindo da necessidade de se

criar estratégias que forneçam oportunidades para que o agricultor possa vender seus produtos

diretamente para o consumidor, a um preço justo, e que houvesse a relação de confiança e a

troca de saberes entre os sujeitos envolvidos.

A primeira feira da agricultura familiar e economia solidária aconteceu nocampus da

Universidade Federal Rural da Amazônia UFRA/Capitão Poço, no mês de dezembro de 2015

e contou com o envolvimento de 10 comunidades rurais, tendo uma frequência de uma vez ao

mês. Após cinco meses, o número de agricultores e agricultoras se expandiu.Estes observaram

a necessidade de ocupar novos espaços, tornando a feira mais visível à comunidade. Este

grupo de agricultores em parceria com o Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em

Agricultura Familiar e Agroecologia - NEA/UFRA realizaram uma reunião junto ao pároco

da cidade, para que o mesmo cedesse o espaço entorno da Paróquia Santo Antonio Maria

Zacarias para que os agricultores, através da feira livre, comercializassem seus produtos.Após

essa parceria, a feira passou a ocorrer todos os sábados.Isso ampliouo universo dos

agricultores para a comercialização e tornaram suas produções mais visíveis.

Inicialmente, os agricultores familiares cadastrados vieram de 15 comunidades rurais

vinculadas ao STTR/Capitão Poço dentre elas: Associação Rede Bragantina de Economia

Solidária Artes e Sabores do Nascisa, Associação dos Pequenos Produtores do Barro

Vermelho, Assentamento Carlos Lamarca, Jararaca, Associação do Revesso, Santa Luzia do

Induá, Aldeia Yrapé-CP, Cooperativa D‟Irituia e discentes da UFRA vinculados ao

NEA/UFRA. A comercialização era bem diversificada, desde artesanatos, óleos, alimentos

processados, verduras, hortaliças, mudas, entre outros, além da venda, havia um espaço de

música, poesia e um momento de trocas solidárias de produtos entre os feirantes.

Atualmente, os agricultores ainda permanecem na praça da igreja e passaram a atender

a população de forma mais acessível, tendo em vista que o local anterior da feira restringia

somente ao público acadêmico. Porém, é perceptível um decréscimo na quantidade de

famílias participantes da feira, totalizando apenas cinco comunidades: Nova Colônia,

Jararaca, Boca Velha, Santa Luzia do Induá e Assentamento Carlos Lamarca e treze família.

Isso pode ser explicado pelo fato de não haver apoio aos agricultores, principalmente em

relação à necessidade de um transporte adequado, haja vista que os pequenos produtores não

possuem veículo apropriado para o transporte de suas mercadorias.

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Ao serem questionados sobre o surgimento da feira, os feirantes não souberam

responder o real surgimento, apenas afirmaram que foi uma parceria entre o representante

deles (Antonio Marcos) e a UFRA. Apenas o casal Maria Acineia e Antonio Marcos soube

responder, sendo esses os maiores interessados e idealizadores da feira.

4.1.2 Perfil dos agricultores

Com os resultados obtidos verificou-se que todos os agricultores, com exceção de

dois, possuem baixa escolaridade, o que é típico dos agricultores da região (Figura 3). A baixa

formação pode ser explicada pelo fato de terem que deixar de estudar para ajudarem seus pais

na roça e voltarem posteriormente a estudar ou por vezes nem retornam mais a escola.Essa

estatística é uma realidade comprovada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –

IBGE que diz que a maior parte dos produtores rurais do país tem baixa escolaridade.

O casal de agricultores Maria Acineia Reis e Antonio Marcos Moreira de Lima, ensino

médio e superior com 36 e 38 anos respectivamente, são os únicos a terem uma formação

mais elevada, o restante com ensino fundamental incompleto e apenas uma agricultora com

ensino fundamental completo, conforme gráfico abaixo.

4.1.3 Faixa etária

As idades analisadas dos entrevistados foram dividas em duas partes e observadas que,

até 50 anos corresponde a 76,92% dos entrevistados e acima de 50 anos com 23,07% (Figura

3). Em pesquisa semelhante Sales, Rezende e Sette(2011), encontraram resultados diferentes

com uma variação significativa de idade entre 20 e 40 anos nas feiras livres de Lavras/MG.

A faixa etária dos agricultores apresentou uma variação relativamente significativa

entre eles, estando todos entre 36 e 60 anos e a minoriadeles entre 55 e 60 anos. Esse

acontecimento pode ser explicado pelo fato de alguns agricultores não possuírem outra fonte

de renda e, atrelado, a uma idade mais avançada buscarem na feira livre uma renda antes da

aposentaria e essa se tornar uma renda complementar após ela. Em relação ao maior

percentual de feirantes com idades entre 36 e 49 anos, entre os agricultores podemos explicar

pela baixa escolaridade apresentadas entre eles, consequentemente as oportunidades de

trabalhosem outros mercados, empresas são menores, mas o fator principal desse grupo que

representa a grande partedos agricultores da feira é que essa renda para eles é complementar,

pois o fato da feira ser realizada aos sábados não impossibilitam os agricultores de exercerem

outras atividades durante a semana, mesmo que voltado à comercialização de outras formas.

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Figura 3 – Faixa etária dos agricultores entrevistados.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.

4.1.4 Colaboradores

Quando indagamos os entrevistados sobre a quantidade de pessoas que ajudam na

produção dos alimentos, desde o preparo do solo passando pelo plantio até a colheita, e venda

dos alimentos, os feirantes responderam que todos os colaboradoresdesses processossão

apenas membros da própria família deles. Desta forma, todo o dinheiro arrecadado com a

venda dos produtos na feiraéutilizado para atender as necessidades dos familiares e investir na

nova produção dos alimentos para a próxima safra. Essa questão abordada é semelhante e de

acordo com a pesquisa realizada por Andrade (2015) onde encontrou dados similares a esse

ponto dessa pesquisa.

Devido à diversidade de integrantes familiares encontrados, para um melhor

entendimento essa pesquisa retirou a média que ficou de 2,15 pessoas por família que

representa a quantidade total de colaboradores que auxiliam na produção dos alimentos.

Já na comercialização dos produtos, apenas um integrante por família vai à feira

vender os produtos (Figura 4) com exceção do casal Maria Acineia e Antonio Marcos, que

ambos têm suas mesas de comercialização separadas, mas na hora da venda um auxilia o

outro dependendo do fluxo de clientes em cada mesa de produtos.

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Figura 4– O representante familiar fazendo a comercialização.

Fonte: Autoras, 2018

4.1.5 Escolaridade

Esse estudo no quesito escolaridade mostra uma realidade que se faz presente por todo

o país, revelando que a falta de oportunidade e acesso a educação desvia o futuro da nação. A

maior quantidade de agricultores num total de (10) conforme (Figura 5) possuem apenas o

ensino fundamental incompleto, destacando que alguns agricultores cursaram somente até a

quarta série do ensino fundamental e pararam com os estudos.

Os demais (1) com ensino fundamental completo, (1) com nível médio e (1) com nível

superior. Em pesquisa semelhante, Santos et al.(2009) encontram números similares a essa

A

B

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pesquisa em relação a quantidade de pessoas com ensino fundamental incompleto serem

maiores que os demais quanto a escolaridade, sendo o maior número de feirantes

entrevistados cerca de 41% com nível fundamental incompleto.

Figura 5–Grau de escolaridade dos produtores familiar.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.

Orepresentante do grupo dos feirantes ter uma renda mais elevada que os demais,pode

estaratreladoao seu nível de escolaridade e as oportunidades que esse teve em relação ao

demais, pois o mesmo tem um acesso maior a informações, cursos e programas que o

auxiliam na produçãoda agricultura.Esse favorecimento e aquisição de amplo conhecimento

possibilita uma experiência maior quanto à diversidade e tipos de produção,

consequentemente maior renda.

4.1.6 Incentivo e apoio da prefeitura

As opiniões sobre a existência de incentivo e apoio da prefeitura para a feira foram

negativas.Todos os entrevistados afirmaram que não recebem nenhum apoio por parte do

poder público local.Uma parte dessa negatividade pode ser percebida quando os produtores

relataram sobre a necessidade de um transporte para conduzir as mercadorias da comunidade

até o local de vendas, uma vez que nem todos dispõem de veículo apropriado para tal

transporte. Para Ribeiro et al. (2003), em pesquisa semelhante, embora reconhecendo a

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importância da agricultura familiar e a existência de consumidores para a prática da feira

livre, as mesmas não recebem apoio e muito menos atenção dos programas relacionados ao

governo ou programas de desenvolvimento rural, no qual poderiam contar com auxílio para

poder transportar suas mercadorias.

Uma vez que, a simples solução desse problema iria influenciardiretamente na

melhoria da feira e consequentemente do desenvolvimento econômico local.A deficiência da

estrutura disponível para os comerciantes da feira na exposição dos alimentos vendidos foi

outro ponto expostos pelos feirantes, sendo que os comerciantes da feira dispõem apenas de

mesas de plástico para comercialização dos produtos, não sendo essa a maneira mais

confortável e atraente de venda.

Nota-se também a carência dos comerciantes da feira com relação à falta de apoio nas

divulgações da sua existência dentro do município, uma vez que, a feira se localiza

praticamente no centro da cidade e passa despercebida pela população. Coutinho et al. (2006)

ressaltam em seu trabalho que, a presença de uma feira em cidades interioranas são de grande

relevância a população que usufruem desses tipos de produtos.

A classe dos agricultores familiares contribui diretamente com o dinheiro que circula

dentro da cidade. Os agricultores conseguem expor suas produções e conversar diretamente

com o consumidor final transmitindo segurança alimentar e confiabilidade a quem compra,

concordando com os autores a seguir que falam que, as feiras livres também possibilitam o

acesso dos agricultores ao mercado, gerando renda para compra de produtos para consumo

familiar, de forma a ser considerada uma importante política distributiva, possibilitando que a

renda da população permaneça no município contribuindo para seu desenvolvimento

(SILVESTRE et al. 2006). Além disso, o desenvolvimento de feiras livres tem o potencial

para agregar valor às vendas dos produtores diminuindo a cadeia de suprimentos, além do

potencial para gerar benefícios sociais e ambientais para a comunidade (HUNT, 2007).

4.1.7 Relação dos agricultores na feira

A questão da relação dos agricultores que trabalham na feira pode-se pensar na relação

de comércio como algo antropológico, um aspecto social, que as pessoas que vendem não,

estão ali isoladas, mas interagem entre si, formando uma pequenacomunidade, o que torna

esse tipo de negócio mais informal, diferente da competitividade dos grandes comerciantes, os

pequenos por mais que sejam poucos, trabalham em harmonia.

No que diz respeito à relação de convivência entre cada feirante no seu ambiente de

trabalho, verifica-se conforme (Figura 6) que o maior percentual dos

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agricultorescorrespondente a (58%) definem a relação entre eles como boa e (28%) dos

entrevistados consideram a relação entre eles como regular e não havendo relatos negativos

quanto a relação entre os agricultores na feira, (14%) definemcomo muito boa. “Aqui a gente

se ajuda como pode, um carrega a mesa, o outro carrega as cadeiras, já o outro ajuda no

descarregamento dos produtos mesmo que não sejam seus, e por ai vai” relatou um dos

entrevistados. Tal resultado confirma o fato explanado por Kiyota e Gomes (1999) onde falam

que a reciprocidade existente entre as famílias de agricultores cria uma identidade entre

eles,incompreensível para aqueles que tentam entendê-la apenas pelo viés econômico, pois ela

determina uma relação de troca que não deixa ver a família vizinha como concorrente em um

negócio, mesmo que estejam atuando na mesma atividade.

Figura 6–Relação dos agricultores no ambiente da Feira.

Fonte:Autoras, 2018.

4.1.8 Intenção em continuar na feira

Quando questionados sobre a intenção em continuar na feira, os entrevistados de

forma satisfeita evidenciaram que almejam continuar com as vendas, fato que corrobora a

hipótese de que a negociação sem atravessadores, feita de produtor pra cliente, pode ser mais

rentável e satisfatória.A respeito disso, Kiyota e Gomes (1999) declaram:

á uma evidencia em rela o aos preju os causados aos produtores quando estes

vendem seus produtos a atravessadores. comum a presen a desses intermediários

na comercialização realizada pelos agricultores nordestinos. Os

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agricultores/produtores recebem o menor valor do seu trabalho agregado no produto,

enquanto os intermediários têm ganhos mais significativos sobre ele.

Para Gomes Júnior, Silva e Aly Júnior (2008), as formas tradicionais de

comercialização, baseadas em relacionamento individual com intermediários (dotados de

infraestrutura de comercialização) são responsáveis pela baixa renda das atividades na

agricultura familiar.A Figura 7 mostra o fluxograma com o circuito de comercialização, onde

o produtor repassa diretamente ao local da feira e o feirante, que por vezes é o próprio

agricultor, vende ao consumidor final, esse ciclo dispensa a intervenção do atravessador.

Neste caso,o fluxograma representa um circuito curto.Segundo Guzzatti, Sampaio e Turnes.

(2014) o circuito curto pode ser definido como a comercialização de produtos agrícolas, que

visam o estabelecimento de relações mais diretas entre agricultores e consumidores. Os

autores esclarecem ainda que possa ocorrer de forma direta, ou indireta, com a interferência

de apenas um intermediário.

Figura 7–Fluxograma do circuito curto de comercialização.

Fonte:Autoras, 2018.

As principais características das cadeias curtas são: especificidade, aproximação entre

produção e consumo, e, enraizamento. Os autores esclarecem também que as cadeias curtas

são uma forma de comercialização que visa à eliminação da intermediação ao longo da cadeia

e que são uma maneira dos produtores recuperarem o controle sobre suas vendas e obter um

„justo‟ pre o pelos seus produtos. As cadeias curtas podem acontecer através dos produtos

produzidos nas pequenas agroindústrias rurais familiares ou em relações face a face, como

vendas a domicílio e feiras livres (Schneider & Ferrari, 2015).

FLUXO DE INFORMAÇÕES

Produtor Local da feira

Consumidor final

Consumidor final

Consumidor final

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4.2 Os processos produtivos e econômicos na feira da agricultura familiar

4.2.1 Transporte

A circulação da produção dos pequenos agricultores é o principal entrave na produção

familiar. Neste sentido, quando os feirantes foram indagados sobre o meio de transporte em

que deslocam suas mercadoriasda comunidade até a feira percebeu-se que grande parte dos

comerciantes é diretamente afetada por este problema.

Em geral, os agricultores entrevistados expuseram toda a sua dificuldade semanal

relacionada ao transporte dos produtos até o local de venda. “Em per odos chuvosos as vendas

dos produtos diminuem bastante, pois como utilizamos apenas moto algumas das vezes

emprestadas por amigos ou vizinhos para o transporte das mercadorias, acaba se tornando

difícil a ida até o local de comercialização consequentemente deixando de ganhar esse

dinheiro a mais.Talvez se a prefeitura nos ajudasse pelo menos com relação a isso, dando um

carro pra nós que trabalhamos com as vendas na feira, se responsabilizando de levar e trazer

nossos produtos com certeza mesmo em tempos chuvosos poderia deixar de perder dinheiro,

quando comparados ao ver o” relatou um dos feirantes entrevistados.

Figura 8–Relação dos agricultores e seus tipos de transporte

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.

Conforme a Figura 8,85% dos agricultores entrevistados possuem apenas

motocicleta.Esta é adaptada com carrocinha na parte de trás para poderem conseguir conduzir

os produtos até a praça da igreja matriz, tendo essa como única alternativa de transporte dos

produtos, o que gerarisco ao produtor e chegando a diminui a qualidade do produto devido à

falta inadequada de transporte.

Apenas 15% dos agricultores dispõem de carro próprio que por diversas vezes levam a

produção de outras famílias para poderem ajudar com o transporte.

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Figura 9–Agricultores no local de venda e seus respectivos transportes

Fonte: Autoras, 2018.

Em pesquisa semelhante, no jornal eletrônico Folha de Boa Vista (2019) um agricultor

da feira do Garimpeiro de Boa Vista – RR relata que além dos problemas dentro da feira,

existem outras barreiras na rotina diária dos feirantes, onde muitos não dispõem de condução

própria para transportar as suas mercadorias. “Chego aqui bem cedo, por volta das 6 horas.

Quando estou com o transporte em dia, eu chego 04h30. Tenho que trabalhar até 21 horas

para vender toda a mercadoria porque eu não tenho transporte próprio, então tem que pagar

alguém para transportar a carga. Seria interessante que a Prefeitura desse subsídio para ajudar

o produtor melhorar o escoamento dos produtos. Todos sairiam ganhando, tanto a cidade, que

geraria mais dinheiro, o consumidor que tem produtos de maior qualidade e o feirante que tem

como transportar a carga de forma imediata”, comentou Brito.

4.2.2 Aumento da renda

Quando interrogados sobre o aumento da renda familiar a partir da venda dos produtos

na feira, nenhum dos feirantes soube responder ao certo, em valores reais, o quanto que

aumentou sua renda após a comercialização dos produtos na feira. Esse fato pode ser

entendido como uma falta de um planejamento financeiro por parte dos próprios agricultores,

para seu próprio controle pessoal, o que está relacionado também com a baixa escolaridade

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dos agricultores fato comum em nosso país, mas afirmaram tanto os mais jovens que tem o

trabalho de venda na feira como uma espécie de renda complementar, uma vez que, devido a

sua melhor capacidade física podem atuar em mais de um seguimento. Nesse sentindo, a

função exercida na feira pode ser entendida por essa classe mais nova como uma espécie de

trabalho extra, gerando um considerável ganho financeiro. Quanto aos agricultores de faixa

etária mais alta que já exerceram algum tipo de trabalho que exigiu esforço físico muito

grande, e hoje se encontram em uma condição de desgaste físico maior em relação aos

agricultores mais jovens o que os impossibilita de exercer outro trabalho, tem-se a venda dos

produtos na feira como sua única fonte monetária, e apesar de não existir um planejamento

pessoal dos seus lucros para se definir em quanto foi esse aumento, afirmam que é com o

dinheiro das vendas na feira que mantém seus lares.

De acordo com Pereira et al. (2017) “É importante destacar a dificuldade de se aferir a

renda dos agricultores, devido a diversidade de fontes monetárias (rendas de programas

compensatórios, serviços prestados, vendas da produção, aposentadorias e pensões), a

diversidade e difícil mensuração da produção para o autoconsumo ou devido à própria

sazonalidade da produção. Portanto, qualquer tentativa de levantamento quantitativo da renda

de agricultores é limitada”.

4.2.3Dia a mais de venda

Quando foram trazidos questionamentos em relação à necessidade de mais um dia na

semana para venda dos produtos, foi possível observar que o dia estabelecido de vendas, no

caso aos sábados, não está sendo suficiente para o lucro significativo da semana. Onde a

maioria dos feirantes que corresponde a (85%) dos entrevistados sugerem mais um dia na

semana em específico a quarta-feira, para alcançar tal lucro e ao mesmo tempo possibilitar a

comunidade um dia a mais de fornecimento dos produtos. Apenas (15%) discordaram dessa

necessidade alegando a falta de tempo para produzir as mercadorias para dois dias.

4.3 Produtos comercializados na feira

4.3.1 Produtos

Todos os feirantes entrevistados moram nas localidades pertencentes ao município de

Capitão Poço. Esse município apresenta uma economia voltada para agricultura com foco à

parte cítrica (laranja Citruz sinensis), limão (Citrus limon), e tangerina (Citrusreticulata),

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portanto são normais os interioranos da região plantarem em suas terras essas culturas. A

tabela abaixo mostra a relação das comunidades participantes da feira e os produtos que por

elas são ofertados.

Tabela 1 – Relação das comunidades e produtos vendidos por cada uma.

Localidades Produtos

Nova Colônia Polpas de maracujá (Passiflora edulis), laranja

(Citruz x sinensis), banana (Musa sp), abacaxi

(Ananascomosus), tangerina (Citrusreticulata),

limão (Citrus x limon), macaxeira

(Manihotesculenta), feijão (Phaseolusvulgaris),

verduras.

Jararaca Cheiro verde (Petroseliumcrispum), jerimum

(Curcubita spp.), mamão (Caricapapaya), pimenta

(Piper nigrum), couve (Brassicaoleracea)

mel,peixes, ovos, plantas ornamentais e medicinais,

licores, farinha, coloral e galinha caipira.

Boca Velha Coco (Cocosnucifera), castanha de caju

(Anacardium occidentale), castanha do- Pará

(Berthollrtia excelsa), farinha, goma, farinha de

tapioca, café nescau.

Santa Luzia do Induá Mudas dejabuticaba (Plinia cauliflora), pupunha

(Bactrisgasipaes), manga (Mangífera indica), açaí

(Euterpeoleracea), goiaba branca (Psidiumguajava),

amora (Morus sp), pitanga (Eugenia uniflora), óleos

de andiroba(Carapaguianensis) e copaíba

(Copaiferalangsdorffii) e banha de galinha.

Assentamento Carlos

Lamarca

Maxixi(Cucumisanguria), cheiro verde

(Petroseliumcrispum), quiabo

(Abelmoshusesculentus), rúcula (Eruca

vesicaria)banana (Musa sp.), abacaxi

(Ananascomosus), cestas de verduras, ovoscaipira e

bolo de macaxeira (Manihotesculenta).

Fonte: Autoras, 2018

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Figura 10–Produtos vendidos na feira.

Fonte: Autoras, 2018.

4.3.2Produção Orgânica

A busca desenfreada por índices de produtividade cada vez mais altos, alavancada a

partir da década de 70, acelerou o processo de mecanização das práticas agrícolas e fez

emergir um mercado de alimentos produzidos a partir da utilização intensiva e desordenada de

insumos artificiais, como agrotóxicos e fertilizantes (SCHULTZ; NASCIMENTO;

PEDROSO, 2001). Entretanto, esse modelo de produção em massa, já mostra sua

insustentabilidade, tanto por seus efeitos econômicos e sociais, quanto pelos efeitos

ambientais (RICOTTO, 2002).

Todos os entrevistados afirmaram que seus produtos são parcialmente orgânicos como

eles próprios definiram, ou seja, que utilizam uma quantidade mínima de defensivos, apenas

para o controle do mato. Isso proporciona uma maior qualidade ao produto, deixando-o mais

saudável que os convencionais, além de agregar um valor a mais na comercialização. Silveira

(2001) comenta que:

As mudanças econômicas recentes refletiram um novo cenário para o homem do

campo. Considerando a produção agrícola, observa-se que passou a existir uma

preocupação maior com a não utilização de insumos químicos, valorizando uma

produção mais saudável.

A

B

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A pegada orgânica é uma alternativa para a expansão das feiras livres, pois os perfis

dos consumidores atuais são de hábitos alimentares mais saudáveis, buscando sempre

qualidade de vida e os produtos orgânicos se encaixem perfeitamente nessa linha.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa analisou a Feira da Agricultura Familiar e Economia Solidáriasob vários

aspectos sócio, econômico e produtivo e constatou-se quea renda e a qualidade de vida dos

agricultores da feira aumentaram significativamenteposteriores a criação e ampliação da feira,

além de aproximar a comunidade local da realidade do agricultor.

Constatou-se que ainda existem barreiras enfrentadas pelos agricultores, tais como a

dificuldade em transportar os alimentos até a feira, desorganização da estrutura local de

comercialização dos produtos o que torna pouco atraente ao público, necessidade de mais um

dia na semana para venda dos produtos e alcance do lucro desejado, falta de apoio e incentivo

da por parte da prefeitura. Apesar das dificuldades os feirantes se mantém firmes e confiantes,

pois o seu trabalho é uma fonte de geração de renda, além de ofertarem alimentos saudáveis

para a população urbana.

Em relação aos fatores motivadores, verificou-se, que ha boa relação de conveniência

entre os agricultores/produtores no seu ambiente de trabalho, a flexibilidade de horário de

vendas e a qualidade e frescor dos produtos, influenciam positivamente e engrandece ainda

mais o movimento, dando cada vez mais visibilidade aos produtos comercializados pelos

agricultoresde forma a aumentar as vantagens de se comprar em feiras livres.

A divulgação também é um fator de grande relevância e fundamental para o sucesso

das feiras, os integrantes da feira da agricultura familiar e economia solidária de Capitão Poço

ainda sofrem bastante com essa situação, acreditamos que a propaganda aumentará ainda mais

o sucesso da feira, portanto a união dos agricultores para custearem ao menos uma vez por

semana a divulgação será de extrema importância para que os consumidores possam buscar

cada vez mais a feira.

Feiras livres são pontos de referência, pontos turísticos, fazem parte da história de

inúmeros municípios, mas ainda necessitam de uma atenção maior do poder público,

diminuindo a precariedade do local e aumentando o incentivo da permanência dos

agricultores na feira.Diante de tantos benefícios proporcionados pela feira e uma parceria fixa

entre prefeitura e agricultores a feira da agricultura familiar e economia solidária em Capitão

Poço tem um grande potencial de crescimento, contribuindo significativamente com a renda

do município e a qualidade de vida dos consumidores de seus produtos.

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ANEXO

QUESTIONÁRIO

1- Nome do agricultor?

2- Idade?

3- Escolaridade?

4- Local de moradia?

5- Quantas pessoas colaboram na produção dos alimentos?

6- Como surgiu a feira e quem são os responsáveis?

7- Quantas pessoas trabalham na venda dos produtos na feira?

8- Quais os produtos vendidos na feira?

9- Os produtos são orgânicos?

SIM ( ) NÃO ( )

10- Como é feito o transporte dos produtos para a feira?

11- A renda familiar aumentou com a venda dos produtos na feira?

SIM ( ) NÃO ( ) Quanto?______________

12- Você tem intuito de continuar com as vendas na feira?

SIM ( ) NÃO ( )

13- Como é a relação entre os agricultores que trabalham na feira?

REGULAR ( ) BOA ( ) RUIM ( )

14 - Em sua opinião necessita-se de mais um dia na semana para venda dos produtos? Se SIM

qual dia da semana?

SIM ( ) NÃO ( ) Qual? ___________________

15 - Existe incentivo e apoio prefeitura na feira?

SIM ( ) NÃO ( )