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UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO Faculdade de Odontologia
AVALIAÇÃO COMPARATIVA DA AGRADABILIDADE FACIAL DE PACIENTES COM MÁ-OCLUSÃO DE
CLASSE II TRATADOS COM COMPENSAÇÃO DENTÁRIA OU CIRURGIA ORTOGNÁTICA
ROBERTO SIMONETTI CARVALHO
São Bernardo do Campo 2007
ROBERTO SIMONETTI CARVALHO
AVALIAÇÃO COMPARATIVA DA AGRADABILIDADE FACIAL DE PACIENTES COM MÁ-OCLUSÃO DE
CLASSE II TRATADOS COM COMPENSAÇÃO DENTÁRIA OU CIRURGIA ORTOGNÁTICA
Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo, como parte dos requisitos para obtenção do título de MESTRE pelo Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Área de concentração em Ortodontia.
Orientadora: Prof.ª Dra. Liliana Ávila Maltagliati
São Bernardo do Campo 2007
FICHA CATALOGRÁFICA Carvalho, Roberto Simonetti Avaliação comparativa da agradabilidade facial de pacientes com má-oclusão de classe II tratados com compensação dentária ou cirurgia ortognática / Roberto Simonetti Carvalho. São Bernardo do Campo, 2007. 126 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Metodista de São Paulo, Faculdade de Odontologia, Curso de Pós-Graduação em Ortodontia. Orientação : Liliana Ávila Maltagliati 1. Má oclusão 2. Compensação dento-alveolar 3. Cirurgia ortognática I. Título
D. Black D4
Dedicatória
Aos meus pais Antônio e Hélia, exemplos de caráter e determinação que, com muito sacrifício, possibilitaram minha formação. A vocês devo uma singular palavra de gratidão.
II
Dedicatória
À minha esposa Elisabete que sempre me apoiou e incentivou.
Ao meu filho Leandro que está cursando o segundo ano de Odontologia. Ao meu filho Rodrigo, já formado em Odontologia. Vocês são motivo de muito orgulho para mim. Espero que nunca parem de estudar. Abracem com todas as forças a profissão que escolheram e sejam felizes com sua escolha. Eu amo vocês.
III
Agradecimento
À orientadora, Profª Dra. Liliana Ávila Maltagliati.
Pela orientação e dedicação na realização deste trabalho. Embora subscrito por mim, ele não existiria sem sua participação e elevada contribuição. A você sou muito grato.
IV
Agradecimento
Ao coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, área de concentração Ortodontia, Prof. Dr Marco Antonio Scanavini,
obrigado.
V
Agradecimento
Aos Mestres
Prof. Dr Danilo Furquim Siqueira,
Prof. Dr Eduardo Kazuo Sannomiya,
Prof.ª Dra Fernanda Angeliere,
Prof.ª Dra Fernanda Cavicchioli Goldenberg,
Prof.ª Dra Liliana Ávila Maltagliati
Prof. Dr Marco Antonio Scanavini,
Prof.ª Dra Maria Helena Ferreira Vasconcelos,
Prof.ª Dra Silvana Bommarito.
Meu muito obrigado por toda a dedicação com que todos me auxiliaram durante o curso.
VI
Agradecimento
Aos colegas de turma Anelise, Brito, Cláudia, Fernando, Juliana, Marco Antonio, Mauro, Rafael,
Ricardo, Thais, Yasushi.
Obrigado pela agradável convivência durante esses meses.
VII
Agradecimento
Ao meu amigo e sócio de tantos anos Luis Roberto pela disponibilidade em me substituir em nossa clínica nos dias em que necessitei me ausentar para poder estar
na Metodista. Sem sua ajuda não seria possível essa realização. Muito obrigado.
Aos amigos
Ana Paula, Ana Regina, Célia, Edílson e Marilene.
Meu muito obrigado por estarem sempre disponíveis em cada momento que precisei
de seu auxílio.
VIII
Agradecimento
Aos pacientes que fizeram parte dessa amostra.
Aos amigos de outras turmas do Programa de Pós Graduação em Odontologia, agradeço a disponibilidade em me auxiliar como avaliadores neste trabalho.
Agradeço também aos amigos que fizeram parte do corpo de avaliadores “Leigos” neste trabalho.
Aos amigos do CEDEFACE que abriram as portas da instituição, em especial: Dr. Roberto Dela Coleta
Dra Lílian Dr. Marco Antonio Lorenzetti
Ao professor Dr Eduardo Sant’ana por ter fornecido parte da amostra dos casos cirúrgicos.
IX
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ..………….…………………………………………………… XII LISTA DE TABELAS ………………….……………………………………………..…… XIV RESUMO ……………………………….………………………………………………… .XVII ABSTRACT …………………………….………………………………………………... XVIII 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 1 2 REVISÃO DA LITERATURA .......................................................................... 4 3 PROPOSIÇÃO .............................................................................................. 40 4 MATERIAL E MÉTODO ............................................................................... 42 4.1 SELEÇÃO DA AMOSTRA ...................................................................... 43
4.2. MÉTODO ............................................................................................... 46
4.2.1. Obtenção das Fotografias .............................................................. 46
4.2.2. Grupos de Avaliadores ................................................................... 48
4.3 MÉTODO ESTATÍSTICO ....................................................................... 49
5 RESULTADOS ............................................................................................. 51 5.1 AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE LEIGOS E ORTODONTISTAS...53
5.2 AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE AS FASES PRÉ E PÓS- TRATAMENTO ........................................................................................ 62
5.3 AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE PACIENTES COMPENSATÓRIOS
E CIRÚRGICOS ..................................................................................... 71 6 DISCUSSÃO ................................................................................................ 80
X
7 CONCLUSÃO ............................................................................................... 96 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 99 ANEXOS ........................................................................................................ 106
APÊNDICES .................................................................................................. 110
XI
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 4.1 – Fotos pré e pós-tratamento, em norma frontal e lateral do grupo 1, cirúrgico ............................................................................................... 44
Figura 4.2 – Fotos pré e pós-tratamento, em norma frontal e lateral do grupo 2,
compensatório...................................................................................... 46 Figura 4.3 – Ficha de avaliação................................................................................... 49 Figura 5.1 – Comparação entre leigos e ortodontistas no grupo compensatório em
norma frontal, nas fases pré e pós-tratamento.. .................................. 55 Figura 5.2 – Comparação entre leigos e ortodontistas no grupo compensatório em
norma lateral, nas fases pré e pós-tratamento lateral............................. 57 Figura 5.3 – Comparação entre leigos e ortodontistas no grupo cirúrgico em norma
frontal, nas fases pré e pós-tratamento................................................... 59 Figura 5.4 – Comparação entre leigos e ortodontistas no grupo cirúrgico, em norma
lateral, nas fases pré e pós-tratamento................................................... 61 Figura 5.5 – Comparação entre as fases pré e pós-tratamento, no grupo
compensatório em norma frontal, para ortodontistas e leigos.................................................................................................. 64
Figura 5.6 – Comparações entre as fases pré e pós-tratamento, no grupo
compensatório em lateral, para ortodontistas e leigos.................................................................................................. 66
Figura 5.7 – Comparação entre as fases pré e pós-tratamento, no grupo cirúgico em
norma frontal, para ortodontistas e leigos.............................................. 68 Figura 5.8 – Comparação entre as fases pré e pós-tratamento, no grupo cirúrgico em
norma lateral, para ortodontistas e leigos................................................ 70 Figura 5.9 – Comparação entre os grupos compensatório e cirúrgico na fase pré-
tratamento em norma frontal, para ortodontistas e leigos.................... 73 Figura 5.10 – Comparação entre os grupos compensatório e cirúrgico, na fase pré-
tratamento, em norma lateral, para ortodontistas e leigos.................... 75
XII
Figura 5.11 – Comparação entre os grupos compensatório e cirúrgico, na fase pós-
tratamento, em norma frontal, para ortodontistas e leigos .................. 77 Figura 5.12 – Comparação entre os grupos compensatório e cirúrgico, na fase pós-
tratamento em norma lateral, para ortodontistas e leigos..................... 79
XIII
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1 - Avaliação estatística e da correlação entre o julgamento de ortodontistas e leigos para todos os parâmetros avaliados, pelos testes de Mann-Whitney e Spearman............................................................................ 53
Tabela 5.2 - Média dos valores de avaliação de pacientes compensatórios, em norma
frontal, pré e pós-tratamento. Comparação entre leigos e ortodontistas......................................................................................... 54
Tabela 5.3 - Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de leigos x ortodontistas dos pacientes compensatórios, em norma frontal, nas fases pré e pós tratamento............................................................................................. 55
Tabela 5.4 - Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de leigos x ortodontistas dos pacientes cirúrgicos, em norma frontal, nas fases pré e pós tratamento............................................................................................... 56
Tabela 5.5 - Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de leigos x ortodontistas dos pacientes compensatórios, em norma lateral, nas fases pré e pós tratamento............................................................................................... 57
Tabela 5.6 - Média dos valores de avaliação de pacientes cirúrgicos, em norma frontal,
pré e pós-tratamento. Comparação entre para leigos e ortodontistas........................................................................................... 58
Tabela 5.7 - Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de leigos x ortodontistas dos pacientes cirúrgicos, em norma frontal, nas fases pré e pós tratamento............................................................................................... 59
Tabela 5.8 - Média dos valores de avaliação de pacientes cirúrgicos, em norma lateral,
pré e pós-tratamento. Comparação entre leigos e ortodontistas........................................................................................... 60
Tabela 5.9 - Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de leigos x ortodontistas dos pacientes cirúrgicos, em norma lateral, nas fases pré e pós tratamento.............................................................................................. 61
Tabela 5.10 - Avaliação estatística e da correlação entre o julgamento de ortodontistas
e leigos para todos os parâmetros avaliados, pelos teste de Mann-Whitney e de Spearman........................................................................ 62
XIV
Tabela 5.11 - Média dos valores de avaliação de pacientes compensatórios, em norma frontal, por ortodontistas e leigos. Comparação entre as fases pré e pós-tratamento..................................................................................... 63
Tabela 5.12 - Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de pré x pós-tratamento dos pacientes compensatórios, em norma frontal, nas fases pré e pós tratamento........................................................................................... 64
Tabela 5.13 - Média dos valores de avaliação de pacientes compensatórios, em norma
lateral, por ortodontistas e leigos. Comparação entre as fases pré e pós-tratamento............................................................................................ 65
Tabela 5.14– Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de pré x pós-tratamento dos pacientes compensatórios, em norma lateral, nas fases pré e pós tratamento............................................................................................ 66
Tabela 5.15- Média dos valores de avaliação de pacientes cirúrgicos, em norma
frontal, por ortodontistas e leigos. Comparação entre as fases pré e pós-tratamento................................................................................... 67
Tabela 5.16– Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de pré x pós-tratamento dos pacientes cirúrgicos, em norma frontal, nas fases pré e pós tratamento............................................................................................ 68
Tabela 5.17- Média dos valores de avaliação de pacientes cirúrgicos, em norma
lateral, por ortodontistas e leigos. Comparação entre as fases pré e pós-tratamento................................................................................... 69
Tabela 5.18– Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de pré x pós-tratamento dos pacientes cirúrgicos, em norma lateral, nas fases pré e pós tratamento............................................................................................ 70
Tabela 5.19 - Média dos valores de avaliação dos pacientes em norma frontal, por
ortodontistas e leigos, na fase pré-tratamento. Comparação entre pacientes cirúrgicos e compensatórios............................................... 72
Tabela 5.20– Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de compensatório x cirúrgico, em norma frontal, na fase pré-tratamento............................................................................................ 73
Tabela 5.21- Média dos valores de avaliação dos pacientes em norma lateral, por
ortodontistas e leigos, na fase pré-tratamento. Comparação entre pacientes cirúrgicos e compensatórios............................................... 74
XV
Tabela 5.22– Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de compensatório x cirúrgico, em norma lateral, na fase pré-tratamento............................................................................................. 75
Tabela 5.23 - Média dos valores de avaliação dos pacientes em norma frontal, por
ortodontistas e leigos, na fase pós-tratamento. Comparação entre pacientes cirúrgicos e compensatórios................................................ 76
Tabela 5.24– Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de compensatório x cirúrgico, em norma frontal, na fase pós-tratamento............................................................................................. 77
Tabela 5.25- Média dos valores de avaliação dos pacientes em norma lateral, por
ortodontistas e leigos, na fase pós-tratamento. Comparação entre pacientes cirúrgicos e compensatórios................................................ 78
Tabela 5.26– Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação
pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de compensatório x cirúrgico, em norma lateral, na fase pós-tratamento............................................................................................. 79
XVI
CARVALHO, R. S. Avaliação comparativa da agradabilidade facial de pacientes com má-oclusão de classe II tratados com compensação dentária ou cirurgia ortognática. São Bernardo do Campo, 2007. p. 132. Dissertação (Mestrado em Odontologia) Faculdade de Odontologia, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2007.
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar, por meio de fotografias em norma
frontal e lateral, a agradabilidade facial obtida com o tratamento de pacientes
portadores de má oclusão de classe II. Foram selecionados dois grupos de
pacientes que receberam abordagens diferentes de tratamento, um submetido
à cirurgia ortognática e o outro à compensação dentária. As fotografias em
norma lateral e frontal obtidas ao início e final do tratamento foram distribuídas
aleatoriamente e dispostas em apresentação de multimídia para serem
submetidas à avaliação subjetiva de indivíduos leigos e ortodontistas, em uma
escala linear crescente. Os resultados foram avaliados comparativamente entre
os grupos leigos e ortodontistas, entre os estágios inicial e final do tratamento
e entre os grupos tratados com a abordagem cirúrgica e compensatória, com o
intuito de estabelecer qual das duas abordagens oferece maior agradabilidade
facial. Concluímos que houve proximidade entre as avaliações de leigos e
ortodontistas quanto à agradabilidade facial, sendo os leigos mais críticos.
Tanto leigos quanto ortodontistas deram escores significativamente maiores
para as fotos pós-tratamento nos casos compensatórios e cirúrgicos; os casos
cirúrgicos em norma lateral obtiveram os resultados melhores.
Palavras-chave: Classe II; compensação dento-alveolar; cirurgia ortognática.
XVII
CARVALHO, R. S. Comparative evaluation on the facial attractiveness of class II
malocclusion patients treated by means of either orthognatic surgery or dentoalveolar
compensation. 126 p. Dissertação (Mestrado em Odontologia). Faculdade de
Odontologia Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2007.
ABSTRACT
The purpose of this study was to evaluate, using frontal and lateral
photographs, the facial attractiveness obtained after treatment of class II
malocclusion. Two patients groups were selected, each having received a
distinct treatment approach. One group of patients was treated by orthognatic
surgery and the other by orthodontic camouflage. The profile photographs taken
previously to treatment and the ones taken after treatment were randomized
and distributed to be submitted to the appreciation of orthodontists and lay
people, who scored them on a linear crescent scale. The results were
compared, taking into consideration the group of evaluators, whether the
photograph score was final or inicial, and wether the treatment received by the
patients was surgery or orthodontic compensation, aiming at stablishing which
one out of the two treatment approaches lead to a greater facial attractiveness.
We concluded that both groups of evaluators mostly agreed in their
evaluations referring to facial attractiveness, except for the fact that lay people
were more critical. Both groups has given higher scores to the post treatment
photographs and surgical cases profile photographs got better results.
Key words: Class II; dento-alveolar compensation; orthognatic surgery.
XVIII
2
1 INTRODUÇÃO
A má-oclusão de Classe II acomete uma parcela significante da
população e representa uma das mais freqüentes alterações oclusais
existentes 45.
Por suas características antiestéticas, esta má-oclusão é também
a que ocorre em maior porcentagem entre os pacientes que buscam
tratamento ortodôntico e, dependendo de sua severidade, pode trazer
dificuldades de relacionamento em um contexto psicossocial44.
Nos pacientes em crescimento, a correção ortopédica auxilia na
redução da discrepância maxilo-mandibular e na correção dentária da
classe II. Entretanto, em pacientes com crescimento finalizado, a correção
da discrepância só é possível cirurgicamente ou com o chamado
tratamento compensatório, que consiste na movimentação dentária, em
ambos os arcos, visando camuflar a discrepância esquelética, suavizando
os sinais faciais da deficiência mandibular e/ou excesso maxilar. Existem
dois tipos de correções possíveis para pacientes na fase pós-puberal:
compensação dentária e cirurgia ortognática. A compensação dento-
alveolar é a estratégia de tratamento mais utilizada. Os dentes anteriores
da maxila são retraídos e seus antagonistas proclinados para a redução
da sobressaliência e estabelecimento de uma relação de Classe I de
caninos. A extração de dentes, geralmente os primeiros pré-molares, é
freqüente na arcada superior, para eliminar apinhamentos e providenciar
espaço para a compensação37. A segunda possibilidade, o tratamento
cirúrgico, envolve uma preparação ortodôntica, com a finalidade de
3
posicionar corretamente os dentes em suas respectivas bases ósseas
para posterior avanço mandibular. Após o ato cirúrgico, resta finalização
ortodôntica, para obtenção da oclusão funcional43.
A escolha entre uma ou outra modalidade de tratamento toma
como referência a severidade da má-oclusão, as limitações na mecânica
de movimentação dentária e o impacto negativo que a discrepância tem
na face28. Entretanto, não existe na literatura, uma definição clara do que
seria a linha divisória entre um caso tratável compensatoriamente,
daquele que, necessariamente, deveria receber a correção cirúrgica.
Assim sendo, a análise facial subjetiva, que avalia a desagradabilidade e
o impacto negativo na aparência estética é que tem norteado a decisão
por um ou outro método terapêutico, partindo-se da premissa que para
corrigir efetivamente o defeito ósseo, o tratamento cirúrgico traz maiores
benefícios estéticos e melhora a agradabilidade facial.
Em face da escassez na literatura de trabalhos que avaliem a
superioridade de um ou outro método, julgou-se propício verificar a
avaliação da estética facial obtida com o tratamento cirúrgico e
compensatório, tanto por profissionais ortodontistas quanto por leigos.
5
2 REVISÃO DA LITERATURA
ANGLE (1899)1 apud GURGEL; ALMEIDA; PINZAN (2000)21
definiu que a má-oclusão de Classe II consiste em um posicionamento
normal da maxila enquanto a mandíbula encontra-se subdesenvolvida ou
retruída.
Observando a harmonia facial, ANGLE (1907)2 destacou a
importância dos tecidos moles e considerou a boca como a área mais
importante na beleza e caracterização facial. Para o autor, a oclusão
normal era determinante para o equilíbrio, harmonia e proporcionalidade
facial.
CASE (1922)8 foi um dos primeiros a se preocupar com a estética
facial. Realizou um estudo utilizando modelos em gesso da face de
pacientes, para analisar a relação da má-oclusão com as alterações
existentes na harmonia facial e para observar os resultados possíveis de
serem alcançados após o tratamento ortodôntico. Estudou as estruturas
do perfil facial como o mento, a proeminência do osso zigomático, a testa
e o nariz, verificando a harmonia existente entre eles como a relação
entre o mento e o lábio inferior, do lábio superior com o inferior, dos lábios
em repouso, durante o sorriso e a fala.
HELLMAN (1922)23; apud GURGEL; ALMEIDA; PINZAN (2000)21
por meio de observações antropométricas, revelaram uma retroposição
tanto da maxila quanto da mandíbula na má-oclusão de classe II.
6
WUERPEL (1937)56 sustentou que embora as faces fossem
diferentemente proporcionais, poderiam ser consideradas belas,
ressaltando que deveria existir o equilíbrio, ou seja, harmonia de todas as
partes em um todo, sem que nenhuma se sobressaísse. Declarou não
existir regra universal para o tratamento ortodôntico e que ele poderia
variar conforme as características faciais de cada um. O autor
demonstrou uma série de figuras de faces e fez considerações sobre
cada uma delas. Concluiu que o objetivo final do tratamento consiste em
melhorar a aparência da face, considerando o tipo e suas características
faciais e a natureza de cada indivíduo. O autor citou um diálogo seu com
Angle, no qual após perceber o efeito indesejável de seu tratamento em
um paciente, afirmou: “Há mais a ser pensado do que a mera oclusão”.
Ao final do artigo, salientou que devemos levar em consideração
primeiramente o bem-estar do paciente, em segundo lugar o equilíbrio do
tratamento com o tipo facial do paciente e conseqüentemente a
realização pessoal com os resultados, tanto para o profissional quanto
para o paciente.
FISK (1953)19 diferenciou a Classe II divisão 1 em seis tipos: 1)
base óssea maxilar e os dentes superiores situados anteriormente em
relação ao crânio; 2) dentes superiores localizados anteriormente em
suas bases ósseas; 3) mandíbula subdesenvolvida; 4) mandíbula com
tamanho normal, mas posteriormente localizada; 5) dentes inferiores
posicionados posteriormente na base óssea; e 6) qualquer combinação
dos fatores anteriores.
7
STONER (1955)50 comentou sobre o fato da melhoria das formas
faciais ser um dos primeiros requisitos para uma terapia ortodôntica
satisfatória, afirmando que os ortodontistas já não eram mais meros
“alinhadores de dentes”. Apresentou uma análise que denominou de
Análise Fotométrica do Perfil Facial, método de avaliação do contorno
facial ao redor da boca, que utilizava medidas angulares diretamente na
fotografia de perfil e cujas normativas foram definidas a partir de uma
amostra de 34 fotografias de perfil cujos indivíduos apresentavam faces
8
algumas modificações que ocorreram em estruturas do perfil tegumentar
(nariz, lábios e mento) com o crescimento.
SASSOUNI (1970)46 descreveu tipos faciais classificados como
relativos à Classe II, alertando para as variações esqueléticas da maxila e
mandíbula, nos sentidos horizontal e vertical. Afirmou que no diagnóstico
poderiam ser encontrados 128 tipos de Classe II.
PECK; PECK (1970)35 revisaram a literatura sobre a estética
facial desde a época pré-histórica, passando pela cultura egípcia, grega e
romana, até a época atual. Criticaram a utilização dos padrões normais
cefalométricos como essenciais no diagnóstico e plano de tratamento,
pois retratariam não a média da população, mas uma média mais próxima
ao melhor da população, analisando oclusões e faces consideradas
satisfatórias a excelentes e não simplesmente medianas. Ao realizarem
este estudo, obtiveram uma amostra de radiografias cefalométricas e
fotografias faciais frontais e laterais de 52 indivíduos adultos jovens
leucodermas (49 mulheres e 3 homens) entre modelos profissionais,
ganhadores de concurso de beleza e artistas, que de algum modo já
teriam sido aclamados pelo público em geral como possuidores de
qualidades faciais agradáveis. Realizaram traçados cefalométricos de
Downs, Margolis e Steiner concluindo que os leigos admiram uma relação
dentofacial mais protrusa do que os padrões de normalidade
cefalométricos.
MCNEILL; WEST (1977)30 alertaram que o tratamento das más-
oclusões de Classe II divisão 1 devem ser finalizados com a correção das
alterações identificadas no diagnóstico. Na presença do retrognatismo
10
Períodos longos de tratamento ortodôntico são contra-indicados em
virtude do alto índice na relação entre a incidência e a extensão da
reabsorção radicular. Os procedimentos cirúrgicos para o aumento
mandibular não comprometem o centro de crescimento do côndilo e não
interferem com o desenvolvimento facial subseqüente. Na realidade, a
eliminação precoce do retrognatismo mandibular severo pode prevenir a
distorção do crescimento vertical maxilar, que normalmente acompanha
tal deformidade da face. Alguns ortodontistas são hesitantes em
incorporar procedimentos cirúrgicos ao tratamento da retrusão mandibular
severa, pois consideram essa terapia radical. Entretanto, a experiência
indica que a correção cirúrgica de deformidades esqueléticas que estão
fora do alcance da correção ortodôntica convencional pode, no final, ser
mais conservadora quando se avalia a saúde periodontal, a oclusão
funcional e os benefícios cosméticos para o paciente. A integração entre
os tratamentos cirúrgicos e ortodônticos leva ao aproveitamento máximo
do diagnóstico clínico e do plano de tratamento.
SCHENDEL; EPKER (1980)47 estudaram os resultados clínicos e
a estabilidade após a cirurgia de avanço mandibular em 87 indivíduos,
sendo 27 homens e 60 mulheres, com média de idade 22,3 anos. Os
pacientes foram examinados pelo menos 12 meses após a cirurgia,
realizando radiografias cefalométricas laterais do pré e pós-operatório
imediatos e de acompanhamento. A estabilidade dentária e esquelética
foi avaliada por uma técnica morfométrica computadorizada e os
resultados clínicos determinados pela reconvocação dos pacientes. A
análise de múltiplas variáveis cefalométricas foi realizada para a
11
determinação dos fatores que contribuíram para a otimização dos
resultados do tratamento e recidivas, após o avanço mandibular. No
momento da cirurgia, todos os pacientes selecionados apresentavam
idade superior ou igual a 16 anos e não houve intervenção simultânea na
maxila. Porém, foram aceitos casos nos quais a genioplastia e os
procedimentos mandibulares sub-apical anterior foram realizados
simultaneamente com o avanço mandibular. Os procedimentos cirúrgicos
constaram de 72 osteotomias sagitais do ramo e 15 osteotomias no corpo
da mandíbula. Foram realizadas genioplastias em 23 pacientes, além de
duas reduções e sete aumentos de mento. Em dois pacientes foram
realizados procedimentos sub-apicais anterior de mandíbula. Os
pacientes foram divididos em três grupos: Grupo 1 – apresentaram
estabilidade excelente (menos de 25% de mudanças pós-operatórias).
Grupo 2 – estabilidade moderada (25% a 50% de mudança). Grupo 3 –
recidiva severa (mais de 50% de mudança, considerado como resultado
inaceitável). Os Grupos 1 e 2 obtiveram média de avanço de 10,1mm. No
Grupo 3, os avanços foram em média 8,5mm. O tratamento ortodôntico
pré-operatório foi realizado em 65 pacientes e durou em média 11,8
meses. A fixação maxilo-mandibular foi realizada com duração média de
sete semanas, variando de cinco a 11 semanas. Em 49 casos, realizou-se
sobrecorreção, com média de 0,7 mm de avanço e 1,1 mm de abertura de
mordida posterior. Segundo os autores, os pacientes do Grupo 1,
submetidos à maior média cirúrgica de avanço mandibular, apresentaram
os resultados mais estáveis, porém foram observadas recidiva e
resultados inaceitáveis em todos os tipos de avanço. A partir desses
12
dados, concluíram que não é a natureza da deformidade que determina o
sucesso ou falha, mas a maneira específica como a cirurgia é realizada. A
mandíbula pode ser avançada com sucesso em todos os tipos de
deficiência mandibular. O posicionamento do segmento proximal e a
utilização da fixação esquelética foram importantes na prevenção da
recidiva.
KIYAK et al. (1981)26 pesquisaram aspectos de personalidade de
uma amostra de 74 participantes que responderam a um questionário pré-
operatório (97% o fizeram no pós-operatório imediato). O estudo focou as
variações de personalidade quanto à imagem pessoal, auto estima,
neurose e extroversão. Os pacientes foram orientados a descrever os
motivos que os levaram à cirurgia e os aspectos de vida que a cirurgia iria
alterar. Os resultados incluíram problemas funcionais, dor, insensibilidade
e satisfação com a cirurgia. Foram utilizados, quando possível, critérios
psicológicos padronizados. Em virtude da falta de medições para o “bem-
estar” pós-operatório, foi necessário desenvolver métodos relevantes para
os pacientes ortognáticos. Em cada questionário pós-cirúrgico, os
pacientes foram orientados a graduar qualquer dificuldade funcional
durante a mastigação, fala, respiração, etc. Foram também orientados a
graduar a intensidade da dor e insensibilidade, assim como os resultados
da cirurgia de um modo geral e suas expectativas. Apesar das mulheres
relatarem, com mais freqüência, mais motivos relacionados à aparência
para procurar a cirurgia do que os homens, as diferenças não foram
estatisticamente significantes. A estética foi um fator importante para o
sexo masculino e feminino seguida somente pela indicação profissional.
13
Os motivos relacionados à função e à saúde foram igualmente
importantes para as mulheres e para os homens. As mulheres
demonstraram ter mais dor pós-operatória e os homens mais problemas
sinusais. Os resultados sugeriram que as motivações e a personalidade
dos pacientes são variáveis importantes na adaptação pós-cirúrgica. Com
o decorrer do tempo, os pacientes tornaram-se mais satisfeitos com o
resultado. Essa constatação sugere que os pacientes devem ser
esclarecidos durante o aconselhamento pré-operatório de que as maiores
mudanças irão ocorrer gradualmente. A deglutição após a cirurgia, a dor e
as dificuldades na mastigação e fala irão melhorar sobremaneira dentro
de quatro meses. As semelhanças entre as personalidades e motivações
dos pacientes ortognáticos homens e mulheres indicam que a preparação
educativa e o aconselhamento não devem diferir para os sexos.
HOLDAWAY (1984)24 enfatizou a importância da análise dos
tecidos moles no diagnóstico ortodôntico e das possíveis alterações que
esses tecidos podem sofrer com a terapia ortodôntica, além do impacto
que essas mudanças causam na face do paciente ao final do tratamento.
O autor comentou a interdependência existente entre os incisivos
inferiores, a convexidade facial e o perfil facial, principalmente os lábios,
ressaltando ser importante no planejamento ortodôntico, a análise das
mudanças nas estruturas moles da face, estabelecendo a melhor posição
para estes tecidos e somente depois, computando o movimento dos
dentes necessário para se chegar àquele perfil ideal, indicando, para isso,
o VTO (visualização dos objetivos do tratamento). Lembrou que existem
muitas variações de perfil facial aceitáveis, distribuídas na população.
14
De SMITH; DERMAUT (1984)15 investigaram a influência da
relação ântero-posterior maxilo-mandibular, da altura facial anterior
inferior e da forma do dorso do nariz no perfil, em 27 sombras do perfil
fotográfico, que foram submetidas à atribuição de notas, por meio de
avaliação subjetiva de dois grupos de examinadores (estudantes de
Odontologia com e sem conhecimento Ortodôntico). Não houve diferença
estatisticamente significante entre os grupos de avaliadores na
preferência estética. Observaram que o perfil reto com padrão vertical
normal foi o preferido, seguido pelo perfil reto com altura facial anterior
inferior reduzida. Os perfis faciais com altura facial anterior inferior
aumentada foram os menos apreciados. A alteração da forma do dorso
do nariz só foi significante nos perfis convexos com padrão vertical
normal, dos quais, o nariz convexo foi considerado o menos agradável.
Os autores concluíram que na avaliação do perfil, o padrão vertical foi
mais importante que a característica sagital.
FLANARY; BARNWELL; ALEXANDER (1985)21 em estudo
retrospectivo realizado com pacientes submetidos à cirurgia ortognática
investigaram: 1) suas motivações e preocupações pré-operatórias; 2) sua
preparação pré-operatória; 3) suas impressões quanto aos resultados da
cirurgia. Foram identificados 93 pacientes cirúrgicos nos arquivos do
Departamento de Cirurgia Bucal e Maxilo-Facial da Faculdade de
Medicina do estado de Virgínia. Todos os pacientes foram orientados a
completar dois questionários. Um deles consistiu de 23 perguntas para
respostas diretas; o outro continha questões similares, mas permitiu
respostas abertas, caso o participante desejasse elaborar qualquer
15
comentário em particular. Desse modo, a resposta poderia oferecer uma
explicação para qualquer uma das respostas diretas do primeiro
questionário. Dos 93 pacientes contatados, 90 devolveram os
questionários. Os participantes totalizavam 24 mulheres (26,7%) e 66
homens (73,3%). As idades no momento da cirurgia variaram de 14 a 60
anos, com média de 23,8 anos. O tempo entre os procedimentos
cirúrgicos e a administração do questionário variou de dois meses a 14
anos e três meses. Sessenta e seis pacientes tiveram tratamento
combinado. Uma forte relação foi encontrada entre algum imprevisto
durante o curso pós-operatório e a resistência do paciente em reeleger o
mesmo tratamento cirúrgico. Um conjunto de informações para o paciente
cirúrgico e familiares foi sugerido para ajudar a melhorar a preparação
pré-operatória do paciente. As informações devem ser verbalizadas, junto
com um manual de informações para reforçar o que foi dito. Para
melhorar a visualização do curso pré-operatório, uma série de fotografias
dos vários estágios pré e pós-operatórios de vários pacientes podem ser
especialmente úteis para os seus familiares. É consenso entre os autores
que quanto mais informados estiverem os pacientes e familiares, mais
bem aceitos serão os ajustes pós-operatórios, e serão mais realistas
quanto aos resultados da cirurgia.
CAPELOZZA et al. (1989)7 observaram que os casos de
discrepâncias dento-esqueléticas exigem análise facial além da análise
cefalométrica convencional. A avaliação baseada nos ângulos SNA, SNB
e ANB não é confiável quando há alteração da altura facial inferior. Os
autores concluíram que apesar da avaliação de Wits apresentar boa
16
capacidade de leitura, esta deve ser complementada por análises
adicionais, por não localizar a origem exata das deformidades.
KERR; O’DONNELL (1990)25 avaliaram a influência da má-
oclusão na análise do tratamento ortodôntico e do treinamento do
observador na percepção da estética da face, nas vistas frontal e lateral.
Fotografias do perfil facial, pré e pós-tratamento ortodôntico de 60
indivíduos (30 homens e 30 mulheres), igualmente distribuídos pelas
más-oclusões de Classe I, Classe II divisão 1 e Classe III, foram
avaliados por 16 indivíduos (ortodontistas, estudantes de Odontologia,
estudantes de artes e leigos), em muito boa aparência, boa aparência,
mediano, desarmonioso e muito desarmonioso. Para cada imagem
fotográfica, o avaliador teria 10 segundos. Cada avaliação recebeu, após
a classificação, escores de 5 (para a melhor aparência) a 1 (para o mais
desarmonioso). Geralmente as fotografias em vista frontal foram
classificadas como mais atraentes quando comparadas ao perfil facial,
com exceção para a má-oclusão de Classe I e as faces dos indivíduos
com más-oclusões de Classe II e III foram consideradas esteticamente
menos agradáveis que as dos indivíduos com má-oclusão de Classe I. Os
ortodontistas e estudantes de Odontologia foram mais críticos na
avaliação da agradabilidade e mais sensíveis às mudanças ocorridas
após o tratamento ortodôntico do que leigos e estudantes de arte, embora
todos os grupos tenham percebido melhora após o tratamento ortodôntico
no grupo de indivíduos com má-oclusão de Classe II divisão 1.
Segundo PANCHERZ; FACKEL (1990)33 parece não ser
apropriado corrigir a má-oclusão de Classe II divisão 1, decorrente de
17
maxila protruída, lutando contra parâmetros cefalométricos esqueléticos,
uma vez que, do ponto de vista estético, a protrusão maxilar não
influencia a aparência facial e, portanto, o tratamento às custas do avanço
mandibular parece ser mais apropriado.
PROFFIT; PHILLIPS; DANN (1990)39 revisaram os dados de
exames clínicos de mais de mil pacientes na Clínica Dentofacial da
Universidade da Carolina do Norte, para determinar quais os pacientes
com determinadas características foram mais receptivos a procurar e
receber tratamento cirúrgico. As mulheres procuraram duas vezes mais a
avaliação que os homens e foram mais receptivas a receber tratamento
cirúrgico. Indivíduos com alongamento da face ou problemas esqueléticos
de Classe III parecem procurar mais a avaliação do que aqueles com
deficiência mandibular ou comprimento facial curto ou normal. Entretanto,
a decisão entre aceitar ou rejeitar a recomendação para cirurgia não
pareceu estar relacionada com características morfológicas. Durante a
avaliação inicial, os pacientes receberam exame clínico que incluiu
avaliação da proporção facial, relação entre os maxilares, características
dentárias, relações oclusais, saúde periodontal, tecidos moles e função
da articulação têmporo-mandibular. Os dados indicaram que os negros
foram menos receptivos a receber tratamento cirúrgico após a avaliação
que os brancos e não há razão para acreditar que a prevalência de
deformidade dentofacial é significantemente menor em negros, pois eles
apresentaram menor representação na amostra. A proporção de 2:1 da
predominância de pacientes do sexo feminino é típica para o tratamento
ortodôntico e não foi diferente para os problemas ortodônticos mais
18
severos. A maioria dos pacientes que receberam tratamento cirúrgico
estava na faixa etária de 15 a 29 anos. Como era esperado, quase todos
os pacientes com alterações dentofaciais apresentavam algum tipo de
má-oclusão, decorrente de discrepâncias maxilares. Um terço do grupo
apresentava mordida cruzada posterior, e em 25% dos pacientes foi
encontrada assimetria facial mandibular, sendo que 83% apresentavam
assimetria facial. A presença de assimetrias não afetou a decisão de
aceitar ou rejeitar a cirurgia. Em pouco mais da metade dos pacientes foi
diagnosticada deficiência mandibular, enquanto somente 1% dos
pacientes possuía desenvolvimento ântero-posterior excessivo da maxila.
Dos problemas esqueléticos de Classe III, 17% apresentaram deficiência
maxilar, 20% excesso mandibular e 10% ambos. Indivíduos com má-
oclusão de Classe III severa e face longa demonstraram estar mais
inclinados a procurar avaliação clínica e serem mais receptíveis ao
tratamento cirúrgico do que aqueles que apresentam apenas deficiência
mandibular severa. As características psicológicas, mais do que as
morfológicas, provavelmente são a maior influência na decisão individual
de aceitação do tratamento cirúrgico.
O objetivo do estudo de PHILLIPS; TRENTINI; DOURVARTZIDIS
(1992)36 foi examinar as alterações esqueléticas e faciais em pacientes
adultos com má-oclusão de Classe II, tratados com compensação
dentária ou cirurgia ortognática. Foram selecionados 136 pacientes
maiores de 17 anos. Destes, apenas 90 puderam fazer parte da pesquisa,
sendo 33 tratados com compensação dentária e 57 com cirurgia
ortognática. As faces dos pacientes foram submetidas à avaliação de 3
19
grupos de examinadores: Grupo 1 – Ortodôntico (composto por 13
residentes em ortodontia e 10 em cirurgia ortognática). Grupo 2 –
Cirúrgico (composto por 14 cirurgiões buco-maxilo-faciais). Grupo 3 –
Estudantes (composto por 33 estudantes de Odontologia que cursavam o
primeiro semestre). Os examinadores foram instruídos a dar valores para
a imagem em diapositivos de cada face, utilizando uma escala visual de
100 mm de comprimento, com graduações variando de “face não atraente
(0 mm) a face muito atraente (100 mm). As apresentações foram
conduzidas em 3 ocasiões diferentes. Para cada grupo foram exibidos
simultaneamente os diapositivos frontal e de perfil de cada paciente por
15 segundos. Os estudantes tenderam a ser mais críticos e atribuíram
valores mais baixos, enquanto os cirurgiões e ortodontistas atribuíram
valores significantemente mais altos. Contudo, não houve diferença entre
os grupos com respeito ao julgamento da quantidade de alteração
estética ocorrida entre o pré e o pós-tratamento para todos os grupos,
tampouco no julgamento sobre a diferença na agradabilidade facial entre
os 2 grupos antes e depois do tratamento completado. Os pacientes da
compensação dentária foram avaliados como significativamente mais
atraentes que os pacientes cirúrgicos antes do tratamento. Os pacientes
cirúrgicos foram avaliados com melhora significativa na estética facial.
PHILLIPS; TULLOCH; DANN(1992)37 realizaram um trabalho
comparativo da avaliação da atratividade facial, realizada por 3 grupos de
indivíduos com diferentes níveis de formação profissional (leigos,
ortodontistas e estudantes de odontologia) e, ao mesmo tempo avaliar a
preferência dos observadores por uma das 3 diferentes vistas do paciente
20
(frente sorrindo, frente e perfil). Os pesquisadores verificaram que houve
diferença entre os 3 grupos de avaliadores, sugerindo que qualquer
estudo semelhante deveria utilizar um grupo heterogêneo de avaliadores,
composto por pessoas de diferentes níveis de formação. As notas dadas
21
duas diferenças entre o grupo cirúrgico e o grupo ortodôntico. O grupo
cirúrgico apresentou sobressaliência aceitável em 95% dos casos e ANB
aceitável em 81%. O grupo ortodôntico exibiu sobressaliência aceitável
em 74% e ANB aceitável em 52%. A melhora da estética dos pacientes
foi avaliada por ortodontistas e cirurgiões comparando-se os tratamentos
cirúrgicos e os ortodônticos. Observaram que não houve discrepâncias
significativas entre as avaliações dos cirurgiões e ortodontistas e que as
mudanças estéticas nos casos tratados ortodonticamente foram sutis e
ocorreu melhora do perfil, mas também houve piora em alguns casos. Já
os casos tratados cirurgicamente tiveram melhora significativa do perfil
facial.
PROFITT; PHILLIPS; DOUVARTZIDIS (1992b)40 apresentaram
dados de um estudo retrospectivo sobre os efeitos e a eficácia do
tratamento ortodôntico ou cirúrgico, da má-oclusão de Classe II, em
pacientes adultos. O grupo ortodôntico foi formado por 33 pacientes, com
média de 22,2 anos de idade. O grupo cirúrgico foi constituído por 57
pacientes, apresentando média de idade de 30,5 anos. A determinação
dos efeitos pré e pós-tratamento foi realizada por meio de modelos
obtidos antes e após o tratamento. Foram avaliados o posicionamento
dos incisivos, a medida do trespasse horizontal, a intercuspidação
vestibular (distância da ponta da cúspide vestibular do segundo premolar
superior até o ponto de contato entre o primeiro molar e o segundo
premolar inferior), presença ou ausência de mordida cruzada, distância
intermolares e intercaninos, medida do trespasse vertical e mordida
aberta. As radiografias cefalométricas em norma lateral foram
22
digitalizadas e as grandezas mensuradas, a partir de um sistema de
coordenadas. A determinação da eficácia do tratamento foi dividida em
aceitável e não aceitável, segundo valores atribuídos a determinadas
medidas: ANB, plano mandibular, incisivos, diferença dos pontos AB do
tecido mole, trespasse vertical e horizontal, alinhamento dos maxilares,
intercuspidação vestibular e mordida cruzada. As alterações estéticas
foram analisadas por meio de fotografias frontais e de perfil, julgadas por
13 ortodontistas que as avaliaram com uma escala analógica visual de
100 mm de comprimento, variando de face pouco agradável até muito
agradável. Os resultados foram submetidos à análise estatística de
Wilcoxon e nível de significância aceito de 0,01%. A maior diferença
encontrada entre os dois grupos quanto aos efeitos do tratamento foi
extração de prémolares, 92% do grupo ortodôntico contra 38% do
cirúrgico. No grupo ortodôntico, tanto o ponto A esquelético como do
tecido mole foi retraído e inferiorizado, enquanto o ponto B esquelético e
de tecido mole moveram-se para posterior e inferior, os incisivos
superiores retraíram 3 mm e os inferiores avançaram 2 mm. No grupo
cirúrgico, as mesmas alterações foram observadas, com exceção do
movimento dos incisivos e menor angulação do plano mandibular. Foram
considerados como tratamentos aceitáveis, 95% dos casos cirúrgicos e
74% dos ortodônticos. Os autores concluíram que o tratamento
ortodôntico foi mais efetivo em pacientes com estética facial inicial boa.
Quanto mais severa a deficiência mandibular, maiores foram às
vantagens advindas da cirurgia ortognática.
23
PROFFIT et al. (1992a)41 verificaram os efeitos do tratamento
ortodôntico e os compararam aos efeitos do tratamento cirúrgico, em
adolescentes com trespasse horizontal excessivo. O grupo 1 incluiu 40
adolescentes com trespasse horizontal superior a seis milímetros,
tratados com cirurgia ortognática e trespasse final menor do que quatro
milímetros. O grupo 2 incluiu 40 adolescentes com as mesmas
características do grupo anterior e tratados somente com ortodontia. O
grupo 3 incluiu 21 adolescentes com tratamento ortodôntico não
satisfatório. Para estes pacientes, foi oferecido tratamento cirúrgico. Os
10 pacientes que aceitaram a opção cirúrgica alcançaram os efeitos
desejados. Medidas lineares e angulares foram realizadas sobre
telerradiografias laterais pré e pós-tratamento. Na média, a idade do
grupo ortodôntico foi a menor. Houve menos extrações de prémolares
superiores no grupo cirúrgico. No arco inferior ocorreram extrações com
freqüência similar nos grupos 1 e 2. O Grupo 3 foi o que apresentou maior
número de extrações. Os pacientes cirúrgicos apresentavam deficiência
mandibular mais severa e altura facial excessiva. O grupo cirúrgico que
recebeu apenas avanço mandibular apresentou aumento na angulação
do plano mandibular e os que foram operados na mandíbula e na maxila
apresentaram diminuição da inclinação do plano mandibular. O
tratamento ortodôntico provocou aumento da altura facial, ligeiro aumento
do corpo mandibular e as maiores alterações foram no posicionamento
dos dentes. Os autores concluíram que o crescimento em adolescentes
com tratamento ortodôntico bem sucedido deve ser considerado no
planejamento. Em pacientes onde não se conta com o crescimento, a
24
mecânica ortodôntica geralmente gira a mandíbula no sentido horário e
piora a relação maxilo-mandibular.
CZARNECKI; NANDA; CURRIER (1993)13 chamaram atenção
para o fato da aplicação de parâmetros de diagnóstico empregados em
adultos jovens não ser apropriado para crianças pré-adolescentes, devido
ao crescimento de tecido mole remanescente, em especial nas áreas de
nariz, lábios e queixo. Salientaram que o tratamento ortodôntico deve
objetivar a aquisição de traços faciais equilibrados e harmoniosos, em vez
da obediência rígida a padrões esqueléticos e dentários.
CASSIDY et al. (1993)9 estudaram os efeitos do tratamento
ortodôntico e cirúrgico em pacientes com má-oclusão de Classe II.
Selecionaram 108 pacientes que apresentavam casos limítrofes, ou seja,
poderiam ser tratados de ambas as formas, dos quais 50 foram tratados
com cirurgia e 58 ortodonticamente. A análise envolveu 53 variáveis,
dentre as quais, cinco foram consideradas as mais importantes: idade,
distância do incisivo inferior à linha ponto A – pogônio (L1-Apog),
distância da espinha nasal posterior ao ponto A na maxila (ENP-A),
discrepância do comprimento do arco inferior e ângulo do eixo Y. Os
pacientes mais jovens tenderam a ser tratados ortodonticamente e os
mais velhos, cirurgicamente. Após as consultas de retorno, de três e seis
meses, e registro de dados, somente 27 pacientes ortodônticos e 26
cirúrgicos fizeram parte do grupo final estudado. Os casos ortodônticos
foram tratados pela técnica do arco contínuo, com ou sem extrações. A
cirurgia foi basicamente de avanço mandibular. Os resultados indicaram
que ambos os grupos possuíam morfologia similar antes do tratamento.
25
Porém, após a conclusão do tratamento, os pacientes ortodônticos
possuíam lábios e incisivos superiores significativamente retraídos,
seqüela vertical da mecânica de Classe II e redução no comprimento do
arco maxilar. Entretanto, as recidivas foram mais freqüentes no grupo
cirúrgico. Os autores concluíram que ambos os tratamentos melhoraram
os perfis, sem diferenças significativas na função temporomandibular e
estabilidade dos incisivos, sugerindo que a cirurgia deveria ser opção
para pacientes com más-oclusões mais severas.
Segundo TULLOCH; PHILLIPS; DANN (1993)54, o tratamento
ortodôntico freqüentemente é realizado para melhorar a aparência facial.
Porém, a contribuição dos componentes da má-oclusão na percepção da
atratividade não está clara. Os autores reali zaram um estudo com
fotografias faciais e cefalogramas de 18 indivíduos, selecionados por
possuírem graus diferentes de discrepância de classe II. Três grupos de
observadores (estudantes universitários, estudantes de Odontologia e
residentes de Ortodontia) avaliaram as fotografias por meio da escala
visual análoga, com o objetivo de associar estas percepções subjetivas
de atratividade facial com as medidas cefalométricas sagitais, como
trespasse horizontal, ANB, SNA e SNB. Foram encontradas correlações
consistentes e semelhantes entre as medidas ântero-posteriores e o grau
de atratividade facial para todos os grupos, sendo o trespasse horizontal
fortemente associado com o grau de atratividade.
EPKER; STELLA; FISH. (1995)17 afirmaram que a melhora da
face não necessariamente seria obtida apenas com as medidas
cefalométricas normais e como a melhora da face deve ser objetivo
26
principal do tratamento ortodôntico, há que se desprender um pouco dos
valores cefalométricos e dar mais importância aos tecidos moles, quando
da avaliação de uma radiografia cefalométrica em norma lateral. Os
autores mediram a distância entre o lábio superior, o lábio inferior e o
pogônio mole até a linha subnasal perpendicular (linha perpendicular ao
plano horizontal de Frankfurt passando por subnasal) e estabeleceram
como valores de distância normais, para o lábio superior, 0 mm; para o
lábio inferior, 2 mm e para o pogônio, 4mm.
THOMAS (1995)51 alertou para a quantidade da discrepância
oclusal posterior, ou disto-oclusão, relatando que não deveria ultrapassar
o tamanho de um prémolar, uma vez que freqüentemente a correção da
sobressaliência se dá às custas da retração anterior após a extração de
dentes. Além disso, a relação molar estará comprometida. O autor seguiu
a premissa de que a não extração de dentes na arcada inferior é
desejável, sempre que possível. Frente a um pequeno ou moderado
apinhamento inferior, verticalização dos incisivos e boa saúde periodontal,
o arco inferior pode ser expandido e os incisivos inclinados para vestibular
durante o alinhamento e nivelamento. Esta conduta ortodôntica reduz a
sobressaliência e conseqüentemente, a quantidade de retração. Frente a
uma curva de Spee acentuada, assimetria esquelética com linha média
desviada, apinhamento inferior severo com os incisivos já inclinados,
muito provavelmente serão necessárias também as extrações de
prémolares inferiores. Porém, a retração inferior irá contra a correção da
sobressaliência e este dado necessita ser criteriosamente avaliado, caso
a opção do tratamento seja a compensação dentária. A estética facial
27
está intimamente relacionada à proporção entre nariz, lábios e queixo,
além da linha queixo-pescoço. A retração labial salienta o tamanho do
nariz e uma linha queixo-pescoço curta, alterando o perfil facial do
indivíduo. Esses fatos indicam que uma avaliação da face pós-tratamento
ortodôntico precisa ser considerada. A retração dos incisivos superiores é
refletida no lábio em maior ou menor intensidade, dependendo da
quantidade de retração e também da espessura labial. O autor advogou
que, de forma resumida, um candidato à compensação dentária deve
apresentar as seguintes características: disto -oclusão de no máximo uma
cúspide, altura facial normal ou curta com alguma sobremordida, pequeno
ou moderado apinhamento inferior, incisivos inferiores não compensados,
saúde do periodonto de sustentação, curva de Spee não acentuada e
tecido mole razoavelmente proporcional, o que responderá
favoravelmente à movimentação dentária.
TUCKER (1995)53 verificou que, além da oclusão funcional e da
estética facial, outros fatores necessitam ser avaliados na execução do
plano de tratamento para a correção da má-oclusão de Classe II por
deficiência mandibular. A compreensão do paciente pode ser um fator
significante no resultado de qualquer tipo de tratamento, pois alguns tipos
de tratamento requerem maior colaboração por parte do paciente para
que os objetivos propostos sejam alcançados. A retração maxilar, por
exemplo, depende do uso do aparelho extrabucal em uma boa parcela
dos casos tratados ortodonticamente, com o objetivo de eliminar a
sobressaliência. Este aparelho necessita ser usado por várias horas
diárias e por um longo período para que seus efeitos sejam eficazes. Em
28
muitos casos, os pacientes preferem se submeter à correção cirúrgica a
aceitar este tipo de terapia. Pacientes que se submetem apenas ao
tratamento ortodôntico podem ter seu tempo de terapia aumentado
comparado ao tratamento combinado. Um exemplo é quando o
tratamento ortodôntico requer extrações para a terapia de compensação
com retração e fechamento de espaços. O mesmo paciente poderia ser
tratado mais rapidamente sem extrações desde que associado à cirurgia.
Entretanto, os riscos cirúrgicos precisam ser considerados e confrontados
com os benefícios, pois cirurgias serão sempre associadas com alguma
dor, inchaço, além da possibilidade de sangramento durante e após o ato
cirúrgico. Outra complicação é a diminuição ou perda da sensibilidade
que pode ocorrer após a intervenção. É importante que o paciente esteja
ciente destas informações. A correção cirúrgica da má-oclusão de Classe
II, associada à deficiência mandibular, oferece melhores resultados
quando combina tratamento ortodôntico e cirurgia ortognática. O autor
propõe algumas considerações para a correção cirúrgica, que podem ser
baseadas nas questões seguintes: A expectativa do paciente com o
tratamento inclui melhora do perfil facial? A movimentação ortodôntica
necessária encontra suporte ósseo suficiente? A ortodontia combinada
com cirurgia ortognática poderá diminuir o tempo de tratamento? Existe
adequada motivação do paciente para o tratamento? Os riscos da cirurgia
são aceitáveis, se comparados aos benefícios?
CHANG; CHEN; SHIAU (1997)10 enumeraram algumas
informações básicas para o correto planejamento do tratamento
ortodôntico em adultos. Os autores apresentaram quatro casos clínicos
29
com a finalidade de demonstrar a importância da determinação correta do
posicionamento da mandíbula antes do tratamento. As informações
básicas que devem ser tomadas do paciente são: 1) perfil facial, incluindo
fotografias frontal, lateral e lateral oblíqua; 2) fotografias intrabucais; 3)
modelos dentários; 4) telerradiografia lateral; 5) radiografia panorâmica; 6)
radiografia de mão e punho para pacientes em crescimento e 7)
radiografia da articulação têmporo-mandibular. Se a opção for pela
extração dentária, os fatores mais importantes a serem considerados são:
1) suficiência ou não de espaço; 2) grau de protrusão dos incisivos; 3)
relação sagital e vertical dos maxilares; 4) estágio de crescimento; 5)
presença de cáries dentárias e 6) morfologia dentária. Comentou que, em
alguns casos, grandes mudanças clínicas na oclusão são observadas,
que não podem ser explicadas somente pelo tratamento ortodôntico. Isto
se deve ao fato da posição da mandíbula e côndilo, não terem sido
corretamente determinados antes do início do tratamento em relação
cêntrica. Em três pacientes dos pacientes por eles analisados, o
diagnóstico foi feito depois da determinação correta do posicionamento da
mandíbula e revelou aumento dos valores que caracterizavam a má-
oclusão de Classe II. À proposta inicial de extração dos quatro primeiros
prémolares feita para estes pacientes, foi acrescentada outra também
com extração de prémolares, mas associada à cirurgia de avanço
mandibular. O quarto paciente, caracterizado por má-oclusão de Classe
III, apresentava várias interferências oclusais, que depois de removidas,
indicou que a má-oclusão era de Classe I. Portanto, se no planejamento
ortodôntico a posição correta da mandíbula e côndilos não for
30
determinada, pode haver deslocamento mandibular posterior durante o
tratamento que tende a piorar o trespasse horizontal. Assim, os autores
determinre a osição do côandlor dntror a fossa articbula.
.197) 27
tratamentoortodôatici, eujoesobjetivosr dvem sverresecíficisa dar cnad
d cresciament, neceAsstariram(d um controld ) Tj 0 -25 TD -0.2085 Tc 218428 Tw p(reiso do (tratamentoue ecopanhtamentoecoe ) Tj 705 0 TD 0.2973 Tc 188431 Tw outrosrresecialistasl. s ) Tj-2705 -27.75 TD -0.245 Tc .35475 Tw (rsolução dosa roblemas queinecoodramoepacidntr,eineluindo al T3açõres ) Tj 0 -27.75 TD 0.0613 Tc 2.8295 Tw es quléticasa, lantooelusal, linhtso édiasa,ulagduroueforma dosaarcis,s
tratament.
.197)
31
norma frontal e o perfil do paciente devem ser analisados na primeira
consulta, com a cabeça em posição natural. Fotografias e cefalometrias
são auxiliares na análise facial, mas não substituem o exame clínico
adequado, devendo ser utilizadas para registrar parâmetros
confiavelmente avaliados. A dimensão transversal normalmente não tem
implicações com problemas estéticos, mas há um grande número de
características estéticas que estão envolvidas. A simetria e o equilíbrio
são obtidos com a coincidência das linhas médias dentárias e facial,
associada à obtenção de uma oclusão ótima, que nem sempre é possível.
OKUYAMA; MARTINS (1997)32 avaliaram a preferência estética
facial de ortodontistas, leigos e artistas plásticos (9 em cada grupo),
mediante a classificação em “bom”, “regular” ou “deficiente”, de 180 perfis
pertencentes a 60 jovens leucodermas, 60 melanodermas e 60
xantodermas, sendo 30 de cada sexo, dos 17 aos 35 anos. O teste de
concordância adotado no estudo não foi significante, demonstrando que
os critérios estéticos dos avaliadores foram de caráter eminentemente
subjetivos e personalistas. Analisando as medições realizadas nos 21
perfis considerados bons, concluíram que os planejamentos ortodônticos
deveriam contemplar uma suave convexidade facial, maior para os
melanodermas e xantodermas femininos que para o sexo masculino,
sendo que os leucodermas ocuparam posição intermediária, porém não
apresentaram dimorfismo sexual. Uma protrusão nasal maior foi
encontrada para o sexo masculino e maior protrusão labial para os
melanodermas, seguido pelos xantodermas e menor para os
leucodermas.
32
AUGER; TURLEY (1999)3 utilizaram 25 fotografias do perfil facial
feminino, obtidas de revistas de moda publicadas entre os anos de 1900 a
1992. Essas fotografias foram padronizadas para que todas
apresentassem tamanhos semelhantes e nelas foram realizadas 14
medidas faciais. Comparando os grupos, chegaram à conclusão de que o
padrão de estética facial do perfil das mulheres brancas não é estático,
mostrando tendência durante o século a valorizar lábios mais protrusos e
volumosos no decorrer do século.
RUF; PANCHERZ (1999)44 conduziram um estudo prospectivo a
respeito da utilização do aparelho Herbst. Analizaram as mudanças
sagitais dentárias e esqueléticas no tratamento de classe II em adultos
jovens, bem como as alterações na convexidade óssea e tegumentar.
Adolescentes que haviam sido tratados na dentição permanente foram
utilizados como grupo controle. O tratamento nos adultos jovens durou 8
meses e meio, e nos adolescentes 7 meses. Foram obtidas
telerradiografias antes e depois, nos dois grupos. Todos os pacientes
foram tratados no mínimo até atingirem a classe I, ou sobrecorrigidos.
Nos dois grupos, as alterações sagitais, tanto em incisivos quanto em
molares, foram obtidas mais por mudanças dentárias do que
esqueléticas, que se mostraram menores no grupo dos adultos (22% e
25% respectivamente) do que no grupo dos adolescentes (39% e 41%
respectivamente). A convexidade, tanto tegumentar quanto óssea, foi
reduzida nos dois grupos. O resultado desse estudo mostrou que o
aparelho de Herbst é bastante efetivo no tratamento de classe II em
33
adultos jovens e sugere-se que seja um método alternativo à cirurgia
ortognática em casos limítrofes.
REIS (2001)42 realizou uma pesquisa para definir como os perfis
faciais de indivíduos são qualificados por meio da análise facial subjetiva,
seja por ortodontistas, por artistas ou por leigos. Para este fim, utilizou-se
de fotografias padronizadas de 100 adultos jovens, brancos, 50 do sexo
masculino e 50 do sexo feminino, excluindo-se da amostra indivíduos com
falta de selamento labial passivo e assimétricos. Os avaliadores deram
notas de 1 a 9, o que classificou os indivíduos da amostra em agradável
(notas 9, 8, 7), aceitável (notas 6, 5, 4) ou desagradável (3, 2, 1).
Também determinou padrões médios dos valores da Análise Facial
Numérica do Perfil para a mesma amostra e a relação oclusal sagital
(classificação de Angle, 1899). Na Análise Facial Subjetiva do Perfil, 89%
da amostra se enquadrou como esteticamente aceitável 3%
esteticamente agradável e 8% esteticamente desagradável. O nariz e o
mento foram as estruturas do perfil facial relatadas com maior freqüência
pelos avaliadores, como responsáveis pela aparência estética
desagradável. A avaliação da relação oclusal sagital revelou que no grupo
agradável, 33,3% dos indivíduos possuía má-oclusão de Classe I e 66,7%
de Classe II divisão 1. No grupo esteticamente aceitável foi observado
7,9% com oclusão normal, 49,4% com má oclusão de Classe I, 33,6% de
Classe II divisão 1, 5,6% de Classe II divisão 2 e 3,5% de má-oclusão de
Classe III. No grupo esteticamente desagradável, 37,5% possuía má-
oclusão de Classe I, 50% de Classe II divisão 1 e 12% de Classe II,
divisão 2.
34
BAILEY et al. (2001)4 lançaram mão de documentações de mais
de 2000 indivíduos tratados na Universidade da Carolina do Norte no
E.U.A. para avaliar o perfil dos pacientes que procuraram o serviço e
aceitaram tratamento cirúrgico. Nos primeiros anos, a grande maioria dos
pacientes eram mulheres brancas e esta quantidade permaneceu
constante numa proporção de 2:1 nos anos 90. A proporção de não
caucasianos aumentou significantemente depois de 1995, com a chegada
de hispânicos e asiáticos. A proporção de negros americanos, que
representam 22% da população clínica total, permaneceu constante em
10%. Indivíduos com classe III e face longa procuraram mais avaliação do
que os com Classe II, mas os últimos foram os que mais aceitaram o
tratamento, talvez pelo fato de que os mesmos só procuram cirurgia
quando a discrepância é realmente severa. Mais de 1/3 da população
clínica tinha certo grau de assimetria, mas a presença dela pareceu não
ter influenciado a decisão de se fazer a cirurgia. As características
dentárias e esqueléticas daqueles que fizeram a cirurgia foram similares
às dos que não fizeram, sugerindo que a decisão de se eleger uma
cirurgia foi influenciada por outros motivos que não as características
clínicas.
Em 2003, FERNANDES-RIVEIRO et al.18 analisaram,
digitalmente, o perfil facial tegumentar de uma amostra de 212 adultos
jovens (18 a 20 anos) leucodermas, europeus, por meio de medidas
lineares realizadas em fotografias padronizadas em posição natural da
cabeça. O teste t de Student mostrou dimorfismo sexual nas áreas dos
35
lábios, nariz e mento. No geral, o sexo masculino obteve maiores alturas
e comprimentos, bem como maior proeminência nas três áreas citadas.
RODRIGUEZ (2003)43 descreveu as características principais das
más- oclusöes de classe II, em pacientes adultos a serem submetidos à
cirurgia ortognática. Realizou uma revisäo bibliográfica sobre o preparo
ortodôntico pré-cirúrgico para a correção das relações ântero-posteriores,
das relações verticais e transversais e salientou que, freqüentemente, a
mecânica ortodôntica empregada é oposta, em todas as três dimensões,
daquelas que poderiam ser usadas em casos tratados por meio de
métodos ortodônticos convencionais.
COLLIN; PROFFIT; PHILLIPS, em (2003)12, convocaram, após 5
anos de tratamento, 31 adultos com má oclusão de classe II, tratados
unicamente com ortodontia, para avaliar a estabilidade cefalométrica e
oclusal e também a satisfação com os resultados dos tratamentos. Os
dados foram comparados com os de pacientes com problemas severos
de classe II, que tiveram correção cirúrgica com avanço de mandíbula,
impacção maxilar, ou uma combinação das duas. Nos pacientes com
compensação, ocorreram pequenas mudanças nas posições dos pontos
cefalométricos em longo prazo, porém bem menores que as que
ocorreram nos pacientes cirúrgicos. A percepção dos resultados, por
parte dos pacientes, foi altamente positiva nos dois grupos - ortodôntico e
cirúrgico, sendo que os pacientes que tiveram suas mandíbulas
avançadas foram significativamente mais positivos a respeito de sua
36
imagem dentofacial. O grupo ortodôntico compensatório relatou menos
problemas funcionais de ATM que os pacientes cirúrgicos.
Com relação ao resultado estético pós-tratamento, SHELL;
WOODS (2003)48 estudaram 60 pacientes classe II divisão 1 tratados, 28
durante o crescimento com ativador e aparelhos fixos e 32 após o final do
crescimento, com aparelhos fixos e cirurgia. Utilizando uma escala visual,
14 juízes deram notas para a agradabilidade facial pré e pós-tratamento,
em fotos frontais e laterais. A análise estatística por dois critérios mostrou
que, na média, a estética melhorou com os dois tipos de tratamento.
Houve, entretanto, considerável variação individual do grau de melhora,
mesmo considerando que em alguns houve piora da estética.
Independente da forma de tratamento observou-se que nem a média de
notas pré e pós-tratamento e nem a mudança na nota da estética foi
significante nos dois grupos. Embora as decisões devam ser clínicas e
individuais, os achados deste estudo sugerem que as melhoras estéticas
são consideráveis nas duas abordagens terapêuticas.
CHEN (2004)11 afirmou que as modalidades para tratamento da
classe II com comprometimento esquelético são compensação dentária e
terapia ortodôntico-cirúrgica e que a escolha do tratamento depende da
idade do paciente e do potencial de crescimento. As considerações sobre
o tratamento incluem o perfil facial, o padrão esquelético, o potencial de
crescimento e a severidade da má oclusão.
37
ECKHARDT; CUNNINGHAM (2004)16 objetivaram, por meio de
pesquisa cefalométrica retrospectiva, comparar a habilidade de predizer,
acuradamente, os resultados do tratamento cirúrgico ortognático, usando
traçados predictivos manuais e computadorizados com ênfase no perfil
mole. A amostra constou de 70 adultos que foram divididos em 2 grupos,
não específicos para sexo ou idade. No grupo 1, pacientes classe III
tinham se submetido à cirurgia bimaxilar, e no grupo 2, pacientes classe II
se submeteram à cirurgia de avanço mandibular. Os resultados
mostraram que foi grande a variação individual entre os traçados manual
e computadorizado. No grupo mandibular, os dois traçados mostraram
acurácia semelhante. Entretanto, no grupo bimaxilar o traçado manual se
mostrou mais eficiente. Portanto, os resultados mostraram que os
traçados predictivos devem ser empregados com precaução.
SARVER; YANOSKY (2005) ressaltaram que a rinoplastia
associada à cirurgia ortognática pode trazer ao paciente Classe II um
ótimo resultado estético, proporcionando ao perfil uma agradável
harmonia. Segundo os autores, a expectativa dos pacientes quanto à
estética facial tem sofrido grande alteração nos anos recentes. Os
ortodontistas necessitam estar consciente dessas mudanças e quando o
paciente precisar de correção cirúrgica, devem trabalhar
multidisciplinarmente para dar a eles o melhor resultado estético possível.
Recentemente, VAN LIERDE et al. (2006)55 fizeram uma análise
detalhada da articulação vocal, da ressonância e da voz nasalada antes e
depois da cirurgia de avanço mandibular bilateral para o tratamento de
classe II. Utilizaram técnicas objetivas e subjetivas como avaliação
38
perceptiva, índice de severidade de disfonia e índices de nasalância. Os
resultados indicaram que as mesmas desordens articulares que foram
observadas antes da cirurgia foram observadas após, com padrão
idêntico de articulação e que o avanço mandibular não mostrou impacto
na nasalidade. O cirurgião maxilofacial e o fonoaudiólogo devem estar
conscientes da persistência destes erros de articulação pós-cirurgia.
Em 2006, NETO; PAIVA31 realizaram um trabalho para determinar
a preferência do perfil tegumentar masculino e feminino, considerando a
avaliação de ortodontistas, cirurgiões bucomaxilofaciais, cirurgiões
plásticos, profissionais ligados à estética facial e leigos. Foram
selecionados dois indivíduos brasileiros, leucodermas, um do gênero
feminino (29 anos) e outro do masculino (24 anos) com os perfis dos
tecidos moles da face equilibrados. Fotografias coloridas do perfil direito
foram obtidas dos dois indivíduos em posição natural da cabeça. As
imagens foram manipuladas e o contorno dos lábios e mento foram
modificados no sentido horizontal e vertical, com incrementos de 4mm.
Os seguintes perfis foram obtidos: biprotrusão e birretrusão labial,
protrusão e retrusão do lábio superior, protrusão e retrusão do mento
mole e face longa. As dezesseis fotografias foram enviadas para 780
avaliadores, divididos em seis grupos: 130 ortodontistas, 130 cirurgiões
bucomaxilofaciais, 130 cirurgiões plásticos, 130 artistas plásticos, 130
profissionais ligados à estética e 130 leigos. Os perfis equilibrados,
masculino e feminino, foram considerados os mais atraentes por todos os
grupos de avaliadores; porém, os ortodontistas, cirurgiões
39
bucomaxilofaciais e cirurgiões plásticos foram mais críticos em
comparação com os demais avaliadores. No que diz respeito às
comparações entre as preferências estéticas dos grupos de avaliadores,
nem sempre as preferências estéticas embasadas cientificamente são
aceitas pelos pacientes. Portanto, é importante para os ortodontistas,
cirurgiões bucomaxilofaciais e cirurgiões plásticos, verificar se as
propostas de correção estética correspondem às expectativas dos
pacientes.
41
3 PROPOSIÇÃO
Com o intuito de contribuir com o estudo e a decisão terapêutica da
Classe II em adultos, este trabalho propôs efetuar uma comparação da
agradabilidade facial, analisada por leigos e ortodontistas, entre os grupos
tratados com cirurgia ortognática e com compensação dentária, nos
seguintes itens:
1) Agradabilidade facial entre leigos e ortodontistas para os grupos
compensação e cirurgia em norma frontal.
2) Agradabilidade facial entre leigos e ortodontistas para os grupos
compensação e cirurgia em norma lateral.
3) Agradabilidade facial entre as fases pré e pós-tratamento no grupo
compensação para leigos e ortodontistas.
4) Agradabilidade facial entre as fases pré e pós-tratamento no grupo
cirurgia para leigos e ortodontistas.
5) Agradabilidade facial entre os grupos compensação e cirurgia na
fase pré-tratamento para leigos e ortodontistas.
6) Agradabilidade facial entre os grupos compensação e cirurgia na
fase pós-tratamento para leigos e ortodontistas.
43
4 MATERIAL E MÉTODO
Para a realização deste estudo, o projeto de pesquisa foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Metodista
de São Paulo, protocolado sob número 103757/06.
4.1 SELEÇÃO DA AMOSTRA
A amostra consistiu de 136 fotografias iniciais e finais, em norma
lateral e frontal, obtidas de 34 indivíduos, compondo dois grupos
experimentais.
GRUPO CIRÚRGICO
Foram selecionadas fotografias de 19 indivíduos tratados,
adultos, sendo 8 do sexo masculino e 11 do feminino, com idade média
de 26,3 anos, com dentição permanente e portadores de má-oclusão de
Classe II, 1ª ou 2ª divisões, em consultórios de Cirurgiões Buco-Maxilo-
Faciais. A seleção foi baseada de acordo com os seguintes critérios pré-
estabelecidos, com o objetivo de obter um grupo mais homogêneo
possível.
1) ser brasileiros, do sexo masculino ou feminino, com faixa
etária compreendida entre 18 e 32 anos;
2) apresentar todos os dentes permanentes, exceto os terceiros
molares;
44
3) Apresentar, ao início de tratamento, má-oclusão de Classe II
de no mínimo três quartos de cúspide e sobressaliência de no mínimo
seis milímetros;
4) terem sido submetidos ao tratamento ortodôntico/cirúrgico,
com procedimento de avanço mandibular (Figura 4.1).
Figura 4.1 – Fotos pré e pós-tratamento, em norma frontal e lateral do grupo 1, cirúrgico.
45
GRUPO COMPENSATÓRIO
O grupo 2 foi constituído por 15 pacientes, com crescimento
ósseo definido, sendo 6 do sexo masculino e 9 do feminino, com idade
média de 17 anos cujas fotografias foram obtidas das documentações
pertencentes ao acervo do Departamento de Pós-Graduação da
Faculdade de Odontologia da Universidade Metodista de São Paulo,
obedecendo também aos seguintes critérios:
1) Brasileiros, do sexo masculino ou feminino, com faixa etária
compreendida entre 14 e 23 anos;
2) apresentar todos os dentes permanentes, exceto os terceiros
molares;
3) Apresentar ao início do tratamento, má-oclusão de Classe II,
1ª ou 2ª divisão de no mínimo três quartos de cúspide e sobressaliência
de no mínimo seis milímetros;
4) Terem sido submetidos a tratamento ortodôntico de
compensação dento alveolar da má-oclusão.
5) Apresentarem-se em estágio de maturação óssea nível 5 ou
mais, de acordo com o método proposto por Ozer, Kama e Ozer50
observado nas vértebras cervicais, das telerradiografias em norma lateral
iniciais (Figura 4.2).
46
Figura 4.2 – Fotos pré e pós -tratamento, em norma frontal e lateral do grupo 2,
compensatório.
4.2 MÉTODO
4.2.1 Obtenção das Fotografias
As fotografias que compuseram o grupo 1 foram adquiridas de
clínicas de Cirurgiões buco-maxilo-faciais e, portanto, foram obtidas em
centro de documentação e radiologia, obedecendo aos critérios
individuais de cada Centro. Não houve preocupação quanto à
padronização do tamanho fotográfico, pois se trata de uma avaliação
subjetiva de agradabilidade e não foram realizadas mensurações nas
fotografias. Entretanto, foram incluídas apenas aquelas nas quais o
47
paciente encontrava-se com a face bem posicionada, centralizada na foto,
conforme os requisitos descritos por PINZAN et al. (1997). O grupo 2,
composto por fotografias de casos tratados na clínica de pós-graduação
da Universidade Metodista de São Paulo apresentou padronização das
fotografias, pois foram obtidas no mesmo aparelho, disponíveis no
departamento. Este aparelho apresenta um dispositivo para a
padronização da posição da cabeça do paciente e da distância entre a
face do paciente e a câmara fotográfica de 1,10m. Utiliza um cordão preto
com peso de 2Kg preso a este, como referência externa e um espelho
fixado na parede, à frente do paciente, de dimensões 70cm x 90 cm para
posicionamento em posição natural da cabeça.
Foram eliminadas da amostra, todas as fotografias que
apresentassem interferência na face, como franja, barba, bigode,
acessórios estéticos, bem como que denotassem protações e inclinações
de cabeça.
Todas as fotografias foram digitalizadas em um scanner de mesa
da marca UMAX Powerlook 1000 com resolução de 300 dpi para a
apresentação e exposição aos avaliadores.
As imagens fotográficas digitalizadas foram emolduradas para que
somente a face ficasse à mostra eliminando influência importante de
cabelo e acessórios como brincos, colar, etc. As imagens foram tratadas
no programa Microsoft® PowerPoint® 2002, em ambiente windows, para
que ficassem na coloração de tons de cinza, para desta forma, eliminar
influências de avaliação como cor do cabelo e dos olhos e tonalidade de
pele. Todas as imagens fotográficas, dos pacientes cirúrgicos,
48
compensatórios, dos tempos inicial e final foram misturadas e,
aleatoriamente, dispostas em modo de apresentação no Programa
Microsoft® PowerPoint® 2002. Foi eleito um pano de fundo na cor preta,
onde as fotografias foram numeradas de 1 a 136 (canto inferior direito).
Todas as imagens das fotografias minturadas foram então submetidas à
avaliação subjetiva da agradabilidade facial, por dois grupos de
examinadores, por meio de projeção multimídia, numa sala com pouca
iluminação.
4.2.2 Grupos de Avaliadores
Dois grupos de avaliadores foram selecionados para
classificação das fotografias, um formado por Ortodontistas e outro por
Leigos:
- Grupo Ortodontia (GO): 25 alunos de pós-graduação, do curso
de mestrado, área de concentração Ortodontia da UMESP, sendo 7 do
sexo masculino e 18 do sexo feminino.
- Grupo Leigos (GL): 25 indivíduos, não Cirurgiões Dentistas
sendo 6 do sexo masculino e 19 do sexo feminino e leigos quanto a
qualquer parâmetro científico de avaliação de beleza facial. Foram
incluídos neste grupo indivíduos das mais diversas idades, grau de
escolaridade, profissão, classe social e descendência, para que este
grupo pudesse ser representativo de uma população maior.
49
Os dois grupos avaliaram as fotografias em norma frontal e
lateral, de forma subjetiva.
Os avaliadores de ambos os grupos receberam informações
sobre as regras do julgamento e tiveram no máximo 15 segundos para
avaliar cada foto. Utili zou-se uma escala analógica visual32 de 50 mm de
comprimento (Figura 4.3), onde o examinador realizava uma marca em
algum ponto da escala, considerando que o extremo esquerdo da linha
representava escore de face menos agradável indo de forma crescente
até o extremo direito, que representou escore de face mais agradável. Em
seguida, essas marcas foram medidas com a utilização de uma régua e
os dados foram tabulados para a avaliação estatística entre os grupos.
Figura 4.3 – Ficha de avaliação 4.3 MÉTODO ESTATÍSTICO
Inicialmente foi efetuado o teste de Kolmogorov-Smirnov5, para todas
as variáveis, em todos os momentos, nos dois grupos, para avaliação de
distribuição normal, o que não foi confirmado. Além disso, como as
1 2 3 4 5 6
50
variáveis foram obtidas através do uso de escala analógica, não se
procedeu à comparação das médias, que são parâmetros, mas sim das
distribuições45. Utilizou-se, portanto, teste estatístico não-paramétrico
para análise dos dados, o Teste de Mann-Whitney da mediana e o teste
de correlação de Spearman. O nível de significância utilizado em todos os
testes foi de 0,05.
Foram comparados, em termos globais, as notas dos ortodontistas e
dos leigos para as variáveis frente e perfil. Procedeu-se, em seguida, à
análise das diferenças entre as notas dadas pelos dois tipos de
avaliadores, ortodontistas e leigos, separando-se os grupos em casos
cirúrgicos e compensatórios, tanto no pré-tratamento quando no pós-
tratamento.
Após isso, foi comparado se haviam diferenças de frente e de perfil
nas notas dadas pelos ortodontistas e pelos leigos, em cada um dos
tempos e a correlação entre as notas dadas para frente e perfil tanto
pelos ortodontistas como pelos leigos.
Procedeu-se então à comparação entre os tempos pré e pós-
tratamento, tanto no grupo cirúrgico como compensatório, em normas
lateral e frontal. Por fim, foram comparados os tratamentos compensatório
e cirúrgico, nas fases pré e pós-tratamento, em normas frontal e lateral,
pelos grupos de avaliadores Leigos e Ortodontistas.
52
5 RESULTADOS
Os resultados foram dispostos em tabelas, de 5.1 a 5.26.
As tabelas de 5.1 a 5.9 dispõem os resultados comparativos entre
leigos e ortodontistas, dos grupos compensatório e cirúrgico, em normas
frontal e lateral.
As tabelas de 5.10 a 5.18 dispõem os resultados comparativos
entre pré e pós-tratamento em norma frontal e lateral dos grupos
compensatório e cirúrgico para leigos e ortodontistas.
As tabelas de 5.19 a 5.26 dispõem os resultados comparativos
entre os tratamentos compensatório e cirúrgico para leigos e ortodontistas
em norma frontal e lateral.
Os dados foram analisados por meio de tabelas e gráficos
contendo valores de média de avaliação e tabelas com medianas, valores
mínimo e máximo e quartis 1 e 3.
53
5.1 ANÁLISE DESCRITIVA E ESTATÍSTICA DA AVALIAÇÃO DA AGRADABILIDADE FACIAL ENTRE LEIGOS E ORTODONTISTAS
Primeiramente verificamos se a avaliação entre leigos e
ortodontistas apresentava diferença estatisticamente significante em
todos os parâmetros analisados, no intuito de verificar se poderiam ou
não ser considerados um único grupo de avaliadores.
Tabela 5.1 – Avaliação estatística e da correlação entre o julgamento de ortodontistas e leigos para todos os parâmetros avaliados, pelos teste de Mann-Whitney e Spearman.
FRENTE mediana
PERFIL mediana
Valor de “p”
ORTODONTISTAS 18 17 0,001* LEIGOS 14 15 0,001*
Coeficiente de Spearman
0,260 0,326
* Significante para p<0,01
As medianas dos grupos de ortodontistas e leigos foram
significativamente diferentes no teste de Mann-Whitney e apresentaram
baixa correlação no teste de correlação de Spearman, indicando que os
dois grupos julgavam diferentemente os indivíd uos, em todos os
parâmetros, sendo, portanto, necessário realizar a avaliação dos efeitos
da abordagem terapêutica separadamente. As tabelas a seguir
demonstram a comparação entre leigos e ortodontistas, divididos pelos
parâmetros avaliados (fase do tratamento, tipo de terapia e norma frontal
ou lateral) com os valores médios atribuídos e a comparação estatística
das medianas, por meio do teste não paramétrico de Mann Whitney.
54
Tabela 5.2 - Média dos valores de avaliação de pacientes compensatórios, em norma frontal, pré e pós-tratamento. Comparação entre leigos e ortodontistas
Pacientes Pré Tx ORTODONTISTAS Média (mm)
LEIGOS Média (mm)
2 14,60 18,00 7 17,84 13,28 10 20,92 15,60
14 06,60 04,84
16 14,68 19,08 17 07,20 02,88
19 16,56 16,36 21 11,44 07,12
24 12,96 10,96
28 24,16 23,04 30 38,76 31,96
32 13,60 10,56 37 08,32 08,12
39 27,08 24,64
68 23,96 24,72 Mediana 15 13
Pacientes Pós Tx 1 14,08 15,00
4 34,64 32,56
8 27,40 18,40 9 21,36 15,16
12 20,40 17,88 18 10,80 10,12
20 17,64 16,64
25 27,24 25,00 27 14,36 16,92
31 14,52 18,12 34 07,52 05,60
35 20,48 15,00
38 16,28 10,64 40 19,56 17,92
43 23,88 18,56
Mediana 19 17
55
Tabela 5.3 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na
comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de leigos x ortodontistas dos pacientes compensatórios, em norma frontal, nas fases pré e pós tratamento.
Pré-Tx Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Ortodontistas 1,0 9,0 15,0 23,0 50,0 0,003*
Leigos 1,0 4,0 13,0 24,0 49,0
Pós-Tx Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Ortodontistas 1,0 11,0 19,0 25,0 50,0 0,001*
Leigos 1,0 6,0 17,0 24,0 50,0 *Significante para p<0,01
Leigos x Ortodontistas Compensatório Frontal
0
5
10
15
20
25
Pré Pós
Ag
rad
abili
dad
e
OrtodontistaLeigos
Figura 5.1 – Comparação entre leigos e ortodontistas no grupo compensatório
em norma frontal, nas fases pré e pós-tratamento.
Na comparação em norma frontal, observamos que o grupo de
avaliadores leigos foi mais rígido, atribuindo valores menores para a
agradabilidade facial em relação ao grupo de Ortodontistas tanto nas
fases pré como pós-tratamento.
56
Tabela 5.4 - Média dos valores de avaliação de pacientes compensatórios, em norma lateral, pré e pós-tratamento. Comparação entre leigos e ortodontistas.
Pacientes Pré Tx ORTODONTISTAS Média (mm)
LEIGOS Média (mm)
77 17,84 21,64 82 20,48 26,04 83 24,76 26,48 85 15,76 15,40 90 06,92 08,12 91 14,12 10,36 113 08,24 09,76 114 11,84 12,32 115 24,08 31,68 116 04,76 03,22 120 19,12 10,52 122 21,56 31,20 124 08,24 08,64 125 06,88 06,00 128 20,88 12,16
Mediana 14 13 Pacientes Pós Tx
76 11,16 14,32 78 25,24 28,60 79 22,00 28,68 80 24,60 28,72 81 03,72 02,84 84 11,92 09,16 86 11,12 18,28 88 14,20 17,56 89 10,44 08,36 92 14,40 18,96 117 20,72 24,48 119 22,52 21,40 121 22,04 20,32 126 16,80 10,40 127 18,40 11,60
Mediana 16 16
57
Tabela 5.5 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de leigos x ortodontistas dos pacientes compensatórios, em norma lateral, nas fases pré e pós tratamento.
Pré-Tx Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Ortodontistas 1,0 7,0 14,0 21,0 50,0 0,1800
Leigos 0,0 3,0 13,0 23,0 50,0
Pós-Tx Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Ortodontistas 1,0 10,0 16,0 22,0 50,0 0,8289
Leigos 1,0 5,0 16,0 25,0 50,0
Leigos x OrtodontistasCompensatório Lateral
0
5
10
15
20
25
Pré Pós
Ag
rad
abili
dad
e
OrtodontistasLeigos
Figura 5.2 – Comparação entre leigos e ortodontistas no grupo compensatório
em norma lateral, nas fases pré e pós-tratamento lateral.
Na comparação em norma lateral, observamos que o grupo de
avaliadores leigos foi mais rígido, atribuindo valores menores para a
agradabilidade facial no pré tratamento em relação ao grupo de
ortodontistas. Entretanto, esta diferença não alcançou significância
estatística.
58
Tabela 5.6 - Média dos valores de avaliação de pacientes cirúrgicos, em norma frontal, pré e pós-tratamento. Comparação entre leigos e ortodontistas
Pacientes Pré Tx ORTODONTISTAS Média (mm)
LEIGOS Média (mm)
41 23,92 17,32 42 18,80 13,60 44 17,16 20,80 45 16,68 14,32 47 18,00 14,84 48 17,16 19,60 50 14,84 11,20 55 15,48 09,36 56 13,44 11,84 59 22,08 23,36 60 09,92 08,48 62 14,40 10,60 66 18,52 14,08 69 20,04 10,88 70 23,60 19,04 71 16,00 11,32 73 11,64 11,60 74 14,60 11,08 5 18,44 15,04
Mediana 17,0 13,0 Pacientes Pós Tx
3 18,00 11,40 6 28,20 11,72
11 13,92 11,40 15 22,52 10,88 26 32,32 24,20 46 25,52 18,96 49 17,48 15,88 51 19,64 14,08 52 13,84 15,04 53 18,92 21,96 54 21,28 15,08 57 18,04 18,08 58 21,36 21,20 61 28,20 26,72 63 16,12 14,36 64 21,76 19,88 65 12,68 13,13 67 21,72 18,36 72 19,60 16,76
Mediana 20,0 17,0
59
Tabela 5.7 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de leigos x ortodontistas dos pacientes cirúrgicos, em norma frontal, nas fases pré e pós tratamento.
Pré-Tx Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Ortodontistas 1,0 11,0 17,0 22,0 50,0 p<0,0001
Leigos 1,0 4,0 13,0 22,0 50,0
Pós-Tx Ortodontistas 1,0 14,0 20,0 26,0 50,0 p<0,0001
Leigos 0,0 8,0 17,0 23,0 50,0
Leigos x Ortodontistas Cirúrgico Frontal
0
5
10
15
20
25
Pré Pós
Ag
rad
abili
dad
e
OrtodontistasLeigos
Figura 5.3 – Comparação entre leigos e ortodontistas no grupo cirúrgico em
norma frontal, nas fases pré e pós-tratamento.
Na comparação em norma frontal, observamos que o grupo de
avaliadores leigos foi mais rígido, atribuindo valores menores para a
agradabilidade facial em relação ao grupo de ortodontistas. E esta
diferença alcançou significância estatística.
60
Tabela 5.8 - Média dos valores de avaliação de pacientes cirúrgicos, em norma lateral, pré e pós-tratamento. Comparação entre leigos e ortodontistas
Pacientes Pré Tx ORTODONTISTAS Média (mm)
LEIGOS Média (mm)
95 08,12 11,88 96 14,20 14,46 97 08,44 07,32 100 14,68 14,32 104 12,52 13,32 106 12,16 12,80 107 14,92 15,60 108 30,56 17,16 109 23,00 32,44 110 25,80 23,88 111 11,52 05,12 130 29,60 28,44 134 09,32 07,32 135 19,40 21,44 137 11,80 10,36 138 26,60 22,64 139 08,12 11,68 141 11,84 10,88 146 08,84 05,64
Mediana 14 12 Pacientes Pós Tx
94 26,16 27,48 98 23,92 23,00 99 26,20 27,40 101 28,04 19,84 102 19,60 20,64 103 23,48 18,28 105 21,60 14,04 118 28,72 26,08 131 27,08 15,60 132 19,48 17,92 133 15,08 11,40 136 20,52 12,48 140 24,16 13,56 142 24,64 20,44 143 24,48 11,92 144 30,08 21,40 145 26,52 26,80 147 25,00 23,56 148 27,64 18,24
Mediana 23,0 21,0
61
Tabela 5.9 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de leigos x ortodontistas dos pacientes cirúrgicos, em norma lateral, nas fases pré e pós tratamento.
Pré-Tx Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Ortodontistas 1,0 9,0 14,0 22,0 50,0 P<0,0001
Leigos 0,0 3,0 12,0 23,0 50,0
Pós-Tx Ortodontistas 2,0 17,0 23,0 30,0 50,0 0,264
Leigos 1,0 8,0 21,0 28,0 50,0
Figura 5.4 – Comparação entre leigos e ortodontistas no grupo cirúrgico, em
norma lateral, nas fases pré e pós-tratamento.
Na comparação em norma lateral, observamos que o grupo de
avaliadores leigos foi mais rígido, atribuindo valores menores para a
agradabilidade facial em relação ao grupo de ortodontistas. Esta diferença
foi significativa na fase pré-tratamento, porém não alcançou significância
estatística no pós-tratamento.
Leigos x Ortodontistas Cirúrgico Lateral
0
5
10
15
20
25
Pré Pós
Ortodontistas Leigos
62
5.2 ANÁLISE DESCRITIVA E ESTATÍSTICA DA AVALIAÇÃO DA AGRADABILIDADE FACIAL NAS FASES PRÉ E PÓS TRATAMENTO
Primeiramente verificamos se a avaliação nas normas frontal e
lateral apresentava diferença estatisticamente significante nas fases pré e
pós-tratamento, no intuito de verificar se poderiam ser considerados
semelhantes e, portanto, agrupados em um único grupo de avaliação.
Tabela 5.10 – Avaliação estatística e da correlação entre o julgamento de
ortodontistas e leigos para todos os parâmetros avaliados, pelos teste de Mann-Whitney e de Spearman.
FRENTE Mediana
PERFIL Mediana
Valor de “p”
ORTODONTISTAS Compensatório, Pré-Tx
15 14 0,0121**
ORTODONTISTAS Compensatório, Pós-Tx
19 16 0,0004*
LEIGOS Compensatório, Pré-Tx
11 13 0,174
LEIGOS Compensatório, Pós-Tx
16 16 0,400
ORTODONTISTAS Cirúrgico, Pré-Tx
17 14 0,002*
ORTODONTISTAS Cirúrgico, Pós-Tx
20 23 p<0,001*
LEIGOS Cirúrgico, Pré-Tx
13 12 0,9578
LEIGOS Cirúrgico, Pós-Tx
17 20 0,0007*
Coef. Spearman – ORTO 0,354 Coef. Spearman – LEIGOS 0,186
* Significante para p<0,01 **Significante para p<0,05
As medianas obtidas nas normas frontal e lateral foram
significativamente diferentes em 5 dos 8 parâmetros analisados no teste
de Mann-Whitney e apresentaram baixa correlação no teste de
Spearman, indicando que o julgamento dos indivíduos foi diferente nas
normas frontal e lateral, sendo, portanto, necessário realizar a avaliação
separadamente. As tabelas a seguir demonstram a comparação entre as
fases pré e pós-tratamento, divididos pelos parâmetros avaliados (leigos e
ortodontistas, tipo de terapia e norma frontal ou lateral) com os valores
médios atribuídos e a comparação estatística das medianas, por meio do
teste não paramétrico de Mann Whitney.
63
Tabela 5.11 - Média dos valores de avaliação de pacientes compensatórios, em norma frontal, por ortodontistas e leigos. Comparação entre as fases pré e pós-tratamento.
Pacientes
PRÉ TRATAMENTO Média (mm)
PÓS TRATAMENTO Média (mm)
Pacientes
Avaliação
Leigos Avaliação
Leigos 2 14,60 14,08 1 7 17,84 34,64 4 10 20,92 27,40 8 14 06,60 21,36 9 16 14,68 20,40 12 17 07,20 10,80 18 19 16,56 17,64 20 21 11,44 27,24 25 24 12,96 14,36 27 28 24,16 14,52 31 30 38,76 07,52 34 32 13,60 20,48 35 37 08,32 16,28 38 39 27,08 19,56 40 68 23,96 23,88 43
Mediana 13,0 17,0 Mediana Avaliação
Ortodontistas Avaliação
Ortodontistas
2 18,00 15,00 1 7 13,28 32,56 4 10 15,60 18,40 8 14 04,84 15,16 9 16 19,08 17,88 12 17 02,88 10,12 18 19 16,36 16,64 20 21 07,12 25,00 25 24 10,96 16,92 27 28 23,04 18,12 31 30 31,96 05,60 34 32 10,56 15,00 35 37 08,12 10,64 38 39 24,64 17,92 40 68 24,72 18,56 43
Mediana 15,0 19,0 Mediana
64
Tabela 5.12 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de pré x pós-tratamento dos pacientes compensatórios, em norma frontal, nas fases pré e pós tratamento.
Ortodontistas Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Pré-Tx 1,0 9,0 15,0 23,0 50,0 0,0013* Pós-Tx 1,0 11,0 19,0 25,0 50,0
Leigos Pré-Tx 1,0 4,0 13,0 24,0 49,0 0,201 Pós-Tx 1,0 6,0 17,0 24,0 50,0
*Significante para p<0,01
Pré x Pós Tratamento Compensatório Frontal
0
5
10
15
20
25
Ortodontistas Leigos
Ag
rad
abili
dad
e
Pré-TratamentoPós-Tratamento
Figura 5.5 – Comparação entre as fases pré e pós-tratamento, no grupo
compensatório, em norma frontal, para ortodontistas e leigos.
Na comparação entre o pré e pós-tratamento, notamos que tanto
os ortodontista quanto os leigos atribuíram valores maiores no pós-
tratamento em norma frontal para o grupo compensatório.
65
Tabela 5.13 - Média dos valores de avaliação de pacientes compensatórios, em norma lateral, por ortodontistas e leigos. Comparação entre as fases pré e pós-tratamento.
Pacientes
PRÉ TRATAMENTO Média (mm)
PÓS TRATAMENTO Média (mm)
Pacientes
Avaliação
Leigos Avaliação
Leigos 75 8,6 11,16 76 77 17,84 25,24 78 82 20,48 22,00 79 83 24,76 24,60 80 85 15,76 03,72 81 90 06,92 11,92 84 91 14,12 11,12 86
113 08,24 14,20 88 114 11,84 10,44 89 115 24,08 14,40 92 116 04,76 20,72 117 120 19,12 22,52 119 122 21,56 22,04 121 124 08,24 16,80 126 125 06,88 18,40 127 128 20,88 23,12 129
Mediana 13 16 Mediana Avaliação
Ortodontistas Avaliação
Ortodontistas
75 10,24 14,32 76 77 21,64 28,60 78 82 26,04 28,68 79 83 26,48 28,72 80 85 15,40 02,84 81 90 08,12 09,16 84 91 10,36 18,28 86
(83) Tj587.75 0 TD 0 Tc 0.2895 Tw ( ) Tj3.5 0 TD -0.0789 Tc 0 Tw (07,36) Tj 24 0 TD 0 Tc 0.2895 Tw ( ) Tj 97.5 0 TD -0.0789 Tc 0 Tw 7,5,16 78
79 19,36
66
Tabela 5.14 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de pré x pós-tratamento dos pacientes compensatórios, em norma lateral, nas fases pré e pós tratamento.
Ortodontistas Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Pré-Tx 1,0 7,0 14,0 21,0 50,0 0,0078 Pós-Tx 1,0 10,0 16,0 22,0 50,0
Leigos Pré-Tx 0,0 3,0 13,0 23,0 50,0 0,0190 Pós-Tx 1,0 5,0 16,0 25,0 50,0
Pré x Pós Tratamento Compensatório Lateral
0
5
10
15
20
25
Ortodontistas Leigos
Ag
rad
abili
dad
e
Pré - TratamentoPós - Tratamento
Figura 5.6 – Comparações entre as fases pré e pós-tratamento, no grupo
compensatório em norma lateral, para ortodontistas e leigos.
Na comparação em norma lateral, observamos que os grupos de
avaliadores leigos e ortodontistas comportaram-se de forma semelhante,
denotando melhora no tratamento compensatório, com diferença
estatística significativa entre as fases pré e pós-tratamento.
67
Tabela 5.15 - Média dos valores de avaliação de pacientes cirúrgicos, em norma frontal, por ortodontistas e leigos. Comparação entre as fases pré e pós-tratamento.
Pacientes
PRÉ TRATAMENTO Média (mm)
PÓS TRATAMENTO Média (mm)
Pacientes
Avaliação
Leigos Avaliação
Leigos 41 23,92 18,00 3 42 18,80 28,20 6 44 17,16 13,92 11 45 16,68 22,52 15 47 18,00 32,32 26 48 17,16 25,52 46 50 14,84 17,48 49 55 15,48 19,64 51 56 13,44 13,84 52 59 22,08 18,92 53 60 09,92 21,28 54 62 14,40 18,04 57 66 18,52 21,36 58 69 20,04 28,20 61 70 23,60 16,12 63 71 16,00 21,76 64 73 11,64 12,68 65 74 14,60 21,72 67 5 18,44 19,60 72
Mediana 13,0 20,0 Mediana Avaliação
Ortodontistas Avaliação
Ortodontistas
41 17,32 11,40 3 42 13,60 11,72 6 44 20,80 11,40 11 45 14,32 10,88 15 47 14,84 24,20 26 48 19,60 18,96 46 50 11,20 15,88 49 55 09,36 14,08 51 56 11,84 15,04 52 59 23,36 21,96 53 60 08,48 15,08 54 62 10,60 18,08 57 66 14,08 21,20 58 69 10,88 26,72 61 70 19,04 14,36 63 71 11,32 19,88 64 73 11,60 13,13 65 74 11,08 18,36 67 5 15,04 16,76 72
Mediana 17,0 20,0 Mediana
68
Tabela 5.16 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de pré x pós-tratamento dos pacientes cirúrgicos, em norma frontal, nas fases pré e pós tratamento.
Ortodontistas Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Pré-Tx 1,0 11,0 17,0 22,0 50,0 p<0,001 Pós-Tx 1,0 14,0 20,0 26,0 50,0
Leigos Pré-Tx 1,0 4,0 13,0 22,0 50,0 p<0,001 Pós-Tx 1,0 14,0 20,0 26,0 50,0
Pré x Pós Tratamento Cirúrgico Frontal
0
5
10
15
20
25
Ortodontistas Leigos
Ag
rad
abili
dad
e
Pré - TratamentoPós - Tratamento
Figura 5.7 – Comparação entre as fases pré e pós-tratamento, no grupo
cirúrgico em norma frontal, para ortodontistas e leigos.
Na comparação entre as fases pré e pós-tratamento, no grupo
cirúrgico em norma frontal, observamos que os leigos foram mais críticos
do que os ortodontistas e tanto leigos quanto ortodontistas notaram
melhora significativa no pós-tratamento.
69
Tabela 5.17 - Média dos valores de avaliação de pacientes cirúrgicos, em norma lateral, por ortodontistas e leigos. Comparação entre as fases pré e pós-tratamento.
Pacientes
PRÉ TRATAMENTO Média (mm)
PÓS TRATAMENTO Média (mm)
Pacientes
Avaliação
Leigos Avaliação
Leigos 95 08,12 26,16 94 96 14,20 23,92 98 97 08,44 26,20 99
100 14,68 28,04 101 104 12,52 19,60 102 106 12,16 23,48 103 107 14,92 21,60 105 108 30,56 28,72 118 109 23,00 27,08 131 110 25,80 19,48 132 111 11,52 15,08 133 130 29,60 20,52 136 134 09,32 24,16 140 135 19,40 24,64 142 137 11,80 24,48 143 138 26,60 30,08 144 139 08,12 26,52 145 141 11,84 25,00 147 146 08,84 27,64 148
Mediana 12,0 21,0 Mediana Avaliação
Ortodontistas Avaliação
Ortodontistas
95 11,88 27,48 94 96 14,46 23,00 98 97 07,32 27,40 99
100 14,32 19,84 101 104 13,32 20,64 102 106 12,80 18,28 103 107 15,60 14,04 105 108 17,16 26,08 118 109 32,44 15,60 131 110 23,88 17,92 132 111 05,12 11,40 133 130 28,44 12,48 136 134 07,32 13,56 140 135 21,44 20,44 142 137 10,36 11,92 143 138 22,64 21,40 144 139 11,68 26,80 145 141 10,88 23,56 147 146 05,64 18,24 148
Mediana 14,0 23,0 Mediana
70
Tabela 5.18 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de pré x pós-tratamento dos pacientes cirúrgicos, em norma lateral, nas fases pré e pós tratamento.
Ortodontistas Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Pré-Tx 1,0 9,0 14,0 22,0 50,0 p<0,001 Pós-Tx 2,0 17,0 23,0 30,0 50,0
Leigos Pré-Tx 0,0 3,0 12,0 23,0 50,0 p<0,0001 Pós-Tx 1,0 8,0 21,0 28,0 50,0
Pré x Pós Tratamento Cirúrgico Lateral
0
5
10
15
20
25
Ortodontistas Leigos
Ag
rad
abili
dad
e
Pré - TratamentoPós - Tratamento
Figura 5.8 – Comparação entre as fases pré e pós-tratamento, no grupo
cirúrgico em norma lateral, para ortodontistas e leigos.
Na comparação entre as fases pré e pós-tratamento, no grupo
cirúrgico em norma lateral, observamos uma diferença estatisticamente
significativa tanto na avaliação dos leigos como dos ortodontistas.
71
5.3 ANÁLISE DESCRITIVA E ESTATÍSTICA DA AVALIAÇÃO DA AGRADABILIDADE FACIAL ENTRE OS GRUPOS CIRÚRGICO E COMPENSATÓRIO
Em virtude da forma distinta como são avaliadas as fotografias
em norma frontal e lateral, bem como o julgamento de Ortodontistas e
Leigos, procedemos a comparação dos grupos Cirúrgico e
Compensatório, já considerando, separadamente, as normas frontal e
lateral e os grupos de avaliadores, Leigos e Ortodontistas.
72
Tabela 5.19 - Média dos valores de avaliação dos pacientes em norma frontal, por ortodontistas e leigos, na fase pré-tratamento. Comparação entre pacientes cirúrgicos e compensatórios.
Pacientes
COMPENSATÓRIO Média (mm)
CIRÚRGICO Média (mm)
Pacientes
Avaliação
Leigos Avaliação
Leigos 2 14,60 23,92 41 7 17,84 18,80 42 10 20,92 17,16 44 14 06,60 16,68 45 16 14,68 18,00 47 17 07,20 17,16 48 19 16,56 14,84 50 21 11,44 15,48 55 24 12,96 13,44 56 28 24,16 22,08 59 30 38,76 09,92 60 32 13,60 14,40 62 37 08,32 18,52 66 39 27,08 20,04 69 68 23,96 23,60 70 16,00 71 11,64 73 14,60 74 18,44 5
Mediana 13,0 13,0 Mediana Avaliação
Ortodontistas Avaliação
Ortodontistas
2 18,00 17,32 41 7 13,28 13,60 42 10 15,60 20,80 44 14 04,84 14,32 45 16 19,08 14,84 47 17 02,88 19,60 48 19 16,36 11,20 50 21 07,12 09,36 55 24 10,96 11,84 56 28 23,04 23,36 59 30 31,96 08,48 60 32 10,56 10,60 62 37 08,12 14,08 66 39 24,64 10,88 69 68 24,72 19,04 70 11,32 71 11,60 73 11,08 74 15,04 5
Mediana 15,0 17,0 Mediana
73
Tabela 5.20 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de compensatório x cirúrgico, em norma frontal, na fase pré-tratamento.
Ortodontistas Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Compensatório 1,0 9,0 15,0 23,0 50,0 p=0,3939
Cirúrgico 1,0 11,0 17,0 22,0 50,0
Leigos Compensatório 1,0 4,0 13,0 24,0 49,0 p=0,5271
Cirúrgico 1,0 4,0 13,0 22,0 50,0
Compensatório x Cirúrgico Pré-Tratamento Frontal
0
5
10
15
20
25
Ortodontistas Leigos
Ag
rad
abili
dad
e
CompensatórioCirúrgico
Figura 5.9 – Comparação entre os grupos compensatório e cirúrgico na fase pré-
tratamento em norma frontal, para ortodontistas e leigos.
Na comparação entre os grupos compensatório e cirúrgico na fase
pré-tratamento em norma frontal, notamos que não houve diferença
estatisticamente significante para ortodontistas e leigos, sendo que os
leigos foram mais críticos.
74
Tabela 5.21 - Média dos valores de avaliação dos pacientes em norma lateral, por ortodontistas e leigos, na fase pré-tratamento. Comparação entre pacientes cirúrgicos e compensatórios.
Pacientes
COMPENSATÓRIO Média (mm)
CIRÚRGICO Média (mm)
Pacientes
Avaliação
Leigos Avaliação
Leigos 77 17,84 08,12 95 82 20,48 14,20 96 83 24,76 08,44 97 85 15,76 14,68 100 90 06,92 12,52 104 91 14,12 12,16 106
113 08,24 14,92 107 114 11,84 30,56 108 115 24,08 23,00 109 116 04,76 25,80 110 120 19,12 11,52 111 122 21,56 29,60 130 124 08,24 09,32 134 125 06,88 19,40 135 128 20,88 11,80 137
26,60 138 08,12 139 11,84 141 08,84 146
Mediana 13,0 12,0 Mediana Avaliação
Ortodontistas Avaliação
Ortodontistas
77 21,64 11,88 95 82 26,04 14,45 96 83 26,48 07,32 97 85 15,40 14,32 100 90 08,12 13,32 104 91 10,36 12,80 106
113 09,76 15,60 107 114 12,32 17,16 108 115 31,68 32,44 109 116 03,21 23,88 110 120 10,52 05,12 111 122 31,20 28,44 130 124 08,64 07,32 134 125 06,00 21,44 135 128 12,16 10,36 137
22,64 138 11,68 139 10,88 141 05,64 146
Mediana 14,0 13,0 Mediana
75
Tabela 5.22 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de compensatório x cirúrgico, em norma lateral, na fase pré-tratamento.
Ortodontistas Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Compensatório 1,0 7,0 14,0 21,0 50,0 p=0,1567
Cirúrgico 1,0 9,0 14,0 22,0 50,0
Leigos Compensatório 0,0 3,0 13,0 23,0 50,0 p=0,8951
Cirúrgico 0,0 3,0 12,0 23,0 50,0
76
Tabela 5.23 - Média dos valores de avaliação dos pacientes em norma frontal, por ortodontistas e leigos, na fase pós-tratamento. Comparação entre pacientes cirúrgicos e compensatórios.
Pacientes
COMPENSATÓRIO Média (mm)
CIRÚRGICO Média (mm)
Pacientes
Avaliação
Leigos Avaliação
Leigos 1 14,08 18,00 3 4 34,64 28,20 6 8 27,40 13,92 11 9 21,36 22,52 15 12 20,40 32,32 26 18 10,80 25,52 46 20 17,64 17,48 49 25 27,24 19,64 51 27 14,36 13,84 52 31 14,52 18,92 53 34 07,52 21,28 54 35 20,48 18,04 57 38 16,28 21,36 58 40 19,56 28,20 61 43 23,88 16,12 63 21,76 64 12,68 65 21,72 67 19,60 72
Mediana 17,0 17,0 Mediana Avaliação
Ortodontistas Avaliação
Ortodontistas
1 15,00 11,40 3 4 32,56 11,72 6 8 18,40 11,40 11 9 15,16 10,88 15 12 17,88 24,20 26 18 10,12 18,96 46 20 16,64 15,88 49 25 25,00 14,08 51 27 16,92 15,04 52 31 18,12 21,96 53 34 05,60 15,08 54 35 15,00 18,08 57 38 10,64 21,20 58 40 17,92 26,72 61 43 18,56 14,36 63 19,88 64 13,13 65 18,36 67 16,76 72
Mediana 19,0 20,0 Mediana
77
Tabela 5.24 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de compensatório x cirúrgico, em norma frontal, na fase pós-tratamento.
Ortodontistas Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Compensatório 1,0 11,0 19,0 25,0 50,0 p=0,0592
Cirúrgico 1,0 14,0 20,0 26,0 50,0
Leigos Compensatório 1,0 6,0 17,0 24,0 50,0 p=0,9501
Cirúrgico 0,0 8,0 17,0 23,0 50,0
Compensatório x Cirúrgico Pós-Tratamento Frontal
15,516
16,517
17,518
18,519
19,520
20,5
Ortodontistas Leigos
Ag
rad
abill
idad
e
CompensatórioCirúrgico
Figura 5.11 – Comparação entre os grupos compensatório e cirúrgico, na fase pós-tratamento, em norma frontal, para ortodontistas e leigos.
Na comparação entre os grupos compensatório e cirúrgico na fase
pós-tratamento em norma frontal, notamos que não houve diferença
estatisticamente significante para os avaliadores ortodontistas, nem para
os leigos.
78
Tabela 5.25 - Média dos valores de avaliação dos pacientes em norma lateral, por ortodontistas e leigos, na fase pós-tratamento. Comparação entre pacientes cirúrgicos e compensatórios.
Pacientes
COMPENSATÓRIO Média (mm)
CIRÚRGICO Média (mm)
Pacientes
Avaliação
Leigos Avaliação
Leigos 76 11,16 26,16 94 78 25,24 23,92 98 79 22,00 26,20 99 80 24,60 28,04 101 81 03,72 19,60 102 84 11,92 23,48 103 86 11,12 21,60 105 88 14,20 28,72 118 89 10,44 27,08 131 92 14,40 19,48 132
117 20,72 15,08 133 119 22,52 20,52 136 121 22,04 24,16 140 126 16,80 24,64 142 127 18,40 24,48 143 129 23,12 30,08 144
26,52 145 25,00 147 27,64 148
Mediana 16,0 21,0 Mediana Avaliação
Ortodontistas Avaliação
Ortodontistas
76 14,32 27,48 94 78 28,60 23,00 98 79 28,68 27,40 99 80 28,72 19,84 101 81 02,84 20,64 102 84 09,16 18,28 103 86 18,28 14,04 105 88 17,56 26,08 118 89 08,36 15,60 131 92 18,96 17,92 132
117 24,48 11,40 133 119 21,40 12,48 136 121 20,32 13,56 140 126 10,40 20,44 142 127 11,60 11,92 143 129 14,20 21,40 144
26,80 145 23,56 147 18,24 148
Mediana 16,0 23,0 Mediana
79
Tabela 5.26 – Valores mínimos, quartis 1 e 3, mediana e valores de “p” na comparação pelo teste de Mann-Whitney da avaliação de compensatório x cirúrgico, em norma lateral, na fase pós-tratamento.
Ortodontistas Mínimo Q1 Mediana Q3 Máximo “p” Compensatório 1,0 10,0 16,0 22,0 50,0 p<0,0001
Cirúrgico 2,0 17,0 23,0 30,0 50,0
Leigos Compensatório 1,0 5,0 16,0 25,0 50,0 p=0,0070
Cirúrgico 1,0 8,0 21,0 28,0 50,0
Compensatório x Cirúrgico Pós-Tratamento Lateral
0
5
10
15
20
25
Ortodontistas Leigos
Ag
rad
abili
dad
e
CompensatórioCirúrgico
Figura 5.12 – Comparação entre os grupos compensatório e cirúrgico, na fase pós-tratamento em norma lateral, para ortodontistas e leigos.
Na comparação entre os grupos compensatório e cirúrgico na fase
pós-tratamento em norma lateral, notamos que tanto ortodontistas quanto
leigos observaram que as alterações dos casos cirúrgicos foram mais
positivas, com significância estatística.
81 6 DISCUSSÃO
A má-oclusão de Classe II tem sido muito estudada por suas
características anti-estéticas e considerável ocorrência na população, e
por estes fatos, os ortodontistas têm dado grande ênfase ao seu
diagnóstico e às formas de tratá -la. Notamos, durante a revisão da
literatura, que as más-oclusões de Classe II, quer sejam com
retrognatismo mandibular, ou com prognatismo maxilar, até pouco tempo,
eram tratadas quase que como uma entidade única, onde os
procedimentos para sua correção não sofriam grandes alterações entre
um paciente e outro. Segundo MARTIN (1958)29 e FISK (1953)19, a
maioria dos casos era tratada com um enfoque quase que total à maxila.
PROFFIT & ACKERMAN41, em 1994, descreveram três formas de
tratamento para a deficiência mandibular associada à Classe II dentária,
as quais incluíam avanço mandibular, compensação dentoalveolar e
cirurgia ortognática combinada com tratamento ortodôntico. Porém, não
estabeleceram limites que determinariam o uso de uma abordagem ou de
outra.
O objetivo deste trabalho foi procurar parâmetros que
distinguiriam um procedimento do outro, baseados na análise subjetiva da
estética facial. Discutimos os dados avaliados, dividindo-os em tópicos e
também a metodologia empregada.
Avaliamos se os ortodontistas utilizam os mesmos padrões de
agradabilidade facial que a sociedade, esta última sem parâmetros.
82
6.1 Aspectos Metodológicos
O método subjetivo foi o eleito por representar com maior
fidelidade, o resultado estético obtido com o tratamento. Utilizar
parâmetros numéricos, obtendo médias, não necessariamente
representaria que um ou outro método terapêutico promoveria o melhor
resultado estético, mas sim o que mais se aproximaria dos padrões de
normalidade numéricos, representativos de uma população.
O método por nós empregado foi uma avaliação subjetiva da face
em fotografias frontais e de perfil, feita por leigos e ortodontistas, a
exemplo de KERR; O’DONNELL (1990)25 que, num estudo sobre
agradabilidade pós-tratamento ortodôntico, com 60 indivíduos (30 homens
e 30 mulheres), usaram fotografias do perfil facial, iniciais e finais.
AUGER; TURLEY (1999) também utilizaram 25 fotografias do perfil facial
feminino, obtidas de revistas de moda publicadas entre os anos de 1900 a
1992. Outros autores também utilizaram este método de análise facial
para avaliar casos com e sem tratamento.
BELL (1985), PROFFIT; PHILLIPS; DANN (1990)39, PHILLIPS;
TRENTINI; DOUVARTZIDIS (1992)37, PAQUETE; BEATTIE; JOHNSTON
(1992)34 e PROFFIT et al. (1992)40 usaram a análise facial direta como
principal recurso para definir as formas de tratamento, concordando com
MARGOLIS (1997)28 que, em revisão da literatura, constatou que o
ortodontista deve avaliar a estética, focando simetria, proporção e
equilíbrio, identificando e quantificando discrepâncias que existam.
Segundo o autor, a fotografia e a cefalometria auxiliam a análise facial,
83 mas não substituem o exame clínico adequado, o qual deve ser feito com
a cabeça em posição natural.
Muitos estudos evidenciaram a importância de se basear o
diagnóstico e plano de tratamento na análise facial. Pacientes com má-
oclusão de Classe II severa, quando tratados compensatoriamente,
podem apresentar piora significativa no aspecto facial, pois a retração dos
incisivos superiores leva a uma retração labial e achatamento do terço
inferior da face. Em 1989, CAPELOZZA7 alertou para o fato de que os
dados cefalométricos recebiam uma grande importância dentro do
diagnóstico ortodôntico e que pouca importância era dada à análise facial
do paciente, o que fazia com que um número muito pequeno de pacientes
fossem eleitos para correção da má-oclusão de Classe II com um
tratamento combinado, utilizando ortodontia e cirurgia ortognática. O autor
enfatizou que os dados obtidos a partir das análises cefalométricas
devem estar sempre subjugados aos dados obtidos numa análise direta
da face do paciente. Complementando, em 2001, REIS 42 realizou uma
pesquisa para definir como os perfis faciais de indivíduos são qualificados
por meio da análise facial subjetiva, seja por ortodontistas, por artistas ou
por leigos. O nariz e o mento foram as estruturas do perfil facial relatadas
com maior freqüência pelos avaliadores como responsáveis pela
aparência estética desagradável.
Para a realização da avaliação subjetiva da agradabilidade facial,
utilizamos a escala analógica visual empregada por Phillips; Trentini;
Dourvartzidis36 em 1992, por ser de fácil utilização, definir parâmetros
numéricos que facilitam a comparação estatística e ser já um método
84 consagrado na literatura que aborda avaliação de estética facial
[PROFFIT; PHILLIPS; DOUVARTIDIS (1992b)39, TULLOCH; PHILLIPS;
DANN (1993)54, SHELL; WOODS (2003)48.
6.2 Avaliação entre Leigos e Ortodontistas
As fotografias foram submetidas à apreciação de indivíduos leigos
e ortodontistas para dar confiabilidade dos resultados e permitir conhecer
aspectos de preferência pessoal desses grupos de avaliadores. Outros
trabalhos enfatizaram a importância de ter um grupo heterogêneo de
avaliação para evitar desvios de interpretação influenciados por
preferência de um determinado grupo e eliminar a classificação definida
apenas por profissionais treinados como os ortodontistas (PHILLIPS et
al.37 1992, OKUYAMA; MARTINS32 1997, REIS 2001)42.
Inicialmente, realizamos a comparação da avaliação entre os
grupos leigos e ortodontistas para verificar a presença de diferença na
análise subjetiva da agradabilidade facial, pois se os grupos se
mostrassem similares, poderíamos agrupá-los em um único grupo de
avaliadores para proceder às comparações entre as fases do tratamento
e terapêutica empregada.
Trabalhos como o de NETO; PAIVA31 em 2006, que
determinaram a preferência do perfil tegumentar masculino e feminino,
considerando a avaliação de ortodontistas, cirurgiões bucomaxilofaciais,
cirurgiões plásticos, profissionais ligados à estética facial e leigos,
85 verificaram que ortodontistas, cirurgiões bucomaxilofaciais e cirurgiões
plásticos mostram-se mais críticos em relação aos demais avaliadores,
embora tenham corroborado na eleição dos perfis equilibrados, masculino
e feminino como os mais atraentes. PHILLIPS et al.36 (1992) estudaram a
comparação da avaliação da atratividade facial realizada por 3 grupos de
indivíduos com diferentes níveis de formação profissional (leigos,
ortodontistas e estudantes de odontologia) e, ao mesmo tempo, avaliaram
a preferência dos observadores por uma das 3 diferentes vistas do
paciente (frente sorrindo, frente e perfil). Verificaram que houve diferença
entre os 3 grupos de avaliadores e que as notas dadas às 3 vistas foram
significantemente diferentes. Não houve, entretanto, preferência de uma
sobre a outra.
Em nossa pesquisa, constatamos que as medianas dos grupos
de ortodontistas e leigos foram significativamente diferentes e
apresentaram baixa correlação, indicando que os dois grupos julgaram
diferentemente os indivíduos, em todos os parâmetros (Tabela 5.1), com
exceção da análise do perfil do grupo compensatório, nas fases pré e
pós-tratamento (Tabela 5.5). A diferença detectada em todos os demais
grupos definidos (cirúrgico e compensatório, pré e pós-tratamento e vistas
frontal e lateral) determinou a necessidade de avaliação dos efeitos das
abordagens terapêuticas, bem como da comparação entre elas,
separadamente.
KEER; O’DONNELL25 em 1990 verificaram que ortodontistas e
estudantes de Odontologia foram mais críticos na avaliação da
agradabilidade facial e mais sensíveis às mudanças ocorridas após o
86 tratamento ortodôntico do que leigos, embora os dois grupos tenham
percebido melhora após o tratamento.
Em nosso estudo, na comparação em norma frontal, o grupo de
avaliadores leigos foi mais rígido, tanto nas fases pré e pós-tratamento,
como nos grupos compensatório e cirúrgico, alcançando alta significância
estatística (Tabelas 5.3 e 5.7 e Figuras 5.1 e 5.3). Já na comparação em
norma lateral, não houve diferença estatisticamente significante entre os
avaliadores, demonstrando similaridade subjetiva. Apenas o grupo
cirúrgico, na fase pré-tratamento recebeu avaliações diferentes
estatisticamente, sendo que novamente os leigos atribuíram valores mais
baixos (Tabelas 5.5 e 5.9 e Figuras 5.2 e 5.4).
A maior rigidez de avaliação dos leigos pode estar associada a
utilização de referências estéticas distintas. Enquanto a população pode
estar baseada em parâmetros de beleza facial disponibilizados na mídia,
que representam uma superioridade de agradabilidade em relação a
média populacional, os ortodontistas se baseiam em parâmetros técnicos
de proporcionalidade e harmonia facial, que nem sempre representam
uma face bela. Já o fato de a diferença na avaliação subjetiva entre leigos
e ortodontistas ter ocorrido apenas em norma frontal, pode sugerir uma
incapacidade dos ortodontistas de analisar a face de frente com o mesmo
critério com que avalia o perfil, já que o diagnóstico e planejamento
ortodônticos privilegiam o estudo do perfil e os valores atribuídos pelos
leigos para ambas as normas fotográficas foram similares.
Entretanto, vale ressaltar que nem sempre as preferências
estéticas embasadas cientificamente são aceitas pelos pacientes.
87 Portanto, é importante para os ortodontistas, cirurgiões bucomaxilofaciais
e cirurgiões plásticos, verificar se as propostas de correção estética
correspondem às expectativas dos pacientes31.
6.3 Avaliação entre pré e pós tratamento
Realizamos a análise das medidas nas fases pré e pós-
tratamento, com o intuito de verificar a percepção que os avaliadores
Leigos e Ortodontistas tem, sobre o resultado dos tratamentos
compensatório e cirúrgico, ou seja, se são capazes de verificar alguma
alteração significativa na estética facial, decorrente de um ou outro
tratamento.
Como analisamos fotografias de frente e perfil, inicialmente,
comparamos as medidas das duas normas, para os dois grupos de
avaliadores, com o objetivo de verificar se havia diferença na análise
subjetiva da agradabilidade facial, a fim de possibilitar o agrupamento das
fotografias de frente e perfil. As medianas obtidas foram
significativamente diferentes para a maioria dos parâmetros, com exceção
da avaliação dos leigos, no grupo compensatório pré e pós-tratamento e
no grupo cirúrgico pré-tratamento e apresentaram baixa correlação,
indicando que o julgamento dos indivíduos foi diferente nas normas frontal
e lateral, devendo, portanto, analisá-las separadamente para comparação
entre as fases pré e pós-tratamento (Tabela 5.10).
Em uma análise global, os leigos e ortodontistas foram sensíveis
às alterações positivas quando comparando fotos pré e pós-tratamento,
88 porém os leigos deram notas menores tanto no pré como no pós-
tratamento, para os casos cirúrgicos e também compensatórios.
Ao analisarmos as avaliações dos Leigos em norma frontal,
observamos que, no grupo compensatório, a média das medidas pré e
pós-tratamento denotou, de forma geral, uma melhora no tratamento
decorrente da mecânica ortodôntica compensatória, entretanto, em 3
pacientes da amostra, que representa 20% do total, as médias foram
muito próximas e em outros 3, a média pós-tratamento obteve valor
menor em relação ao pré-tratamento. Para os ortodontistas,
interessantemente, embora tenham atribuído valores maiores de
agradabilidade na norma frontal em relação aos leigos, o número de
pacientes que piorou a estética facial com o tratamento compensatório foi
maior, ocorrendo em 6 pacientes, que corresponde a 40% da amostra
avaliada (tabela 5.11).
A análise estatística acusou significância apenas na comparação
pré e pós-tratamento dos avaliadores ortodontistas na norma frontal,
provavelmente, porque as medidas atribuídas àqueles pacientes que
melhoraram com o tratamento foi expressivamente maior que às obtidas
no pré-tratamento, embora 40% da amostra tenha, aos olhos dos
ortodontistas, sofrido prejuízo da estética facial frontal. No grupo dos
leigos, não houve diferença estatística significante das medianas pré e
pós-tratamento, pois os valores finais não foram tão discrepantes dos
iniciais e em 3 pacientes, as médias foram muito próximas e em outros 3,
piores na fase pós-tratamento (tabela 5.12, figura 5.5).
89
Nas fotografias laterais, o comportamento foi semelhante às
frontais, tanto para leigos como para ortodontistas. Entretanto, na visão
dos leigos, 4 e não 3 pacientes pioraram a estética facial com o
tratamento compensatório e apenas 2 mantiveram médias muito próximas
pré e pós-tratamento. Também para os ortodontistas, 4 pacientes
obtiveram valores de média menores no pós-tratamento, sendo que três
deles correspondiam aos mesmos pacientes da avaliação frontal. Apesar
desse resultado, a avaliação estatística demonstrou diferença significativa
entre as fases pré e pós-tratamento, pois em muitos pacientes o valor
obtido no pós-tratamento foi muito superior ao pré-tratamento, sendo
significativo mesmo que alguns pacientes da amostra tenham
demonstrado nenhuma melhora ou até piora da estética facial no perfil.
Esse resultado está de acordo com PROFFIT (1992), que comparou
casos tratados com compensação dentária, observando que houve
melhora sutil na estética e que em alguns casos, o perfil até piorou.
Os pacientes cirúrgicos obtiveram uma diferença maior entre as
notas dadas no pré e no pós-tratamento, comparados com os casos
compensatórios, tanto na avaliação dos leigos quanto dos ortodontistas,
evidenciando que o tratamento cirúrgico da má-oclusão de Classe II
proporciona um ganho estético mais acentuado. Entretanto, analisando o
comportamento das médias das medidas observamos que, na vista
frontal, na avaliação dos leigos, 4 pacientes pioraram com o tratamento e
2 receberam valores médios muito próximos, enquanto que na avaliação
dos ortodontistas, 5 pacientes pioraram e 1 manteve médias muito
parecidas (tabela 5.13). Novamente, totalizaram 40% da amostra. Em
90 norma lateral, o resultado foi ligeiramente melhor, já que apenas em 3
pacientes a média final foi inferior à inicial na avaliação dos leigos e 6
pacientes, na avaliação dos ortodontistas (tabela 5.17). Apesar disso, na
comparação das medianas pré e pós-tratamento, o teste estatístico
acusou diferença estatisticamente significante, provavelmente, pela maior
diferença entre as medianas pré e pós, nos casos que denotaram
melhora com o procedimento cirúrgico, que representou 60% da amostra
total. Essa significância estatística ocorreu tanto na avaliação dos
ortodontistas como dos leigos (tabela 5.18, figura 5.8).
Apesar dos pacientes que receberam notas inferiores no pós-
tratamento, a maioria denotou melhora, como demonstrado nas tabelas
5.11, 5.13, 5.15 e 5.17. Estes achados concordam com SHELL; WOODS,
(2003)48 que estudaram 60 pacientes classe II divisão 1, tratados
compensatoriamente ou com cirurgia ortognática. A análise estatística
mostrou que, na média, a estética melhorou com os dois tipos de
tratamento. Embora as decisões devam ser clínicas e individuais, os
autores sugeriram que as melhoras estéticas são consideráveis nas duas
abordagens terapêuticas. Por outro lado, PROFITT; PHILLIPS;
DOUVARTZIDIS (1992 b)40 apresentaram dados de um estudo
retrospectivo sobre os efeitos e a eficácia do tratamento ortodôntico ou
cirúrgico, da má-oclusão de Classe II, em pacientes adultos, analisando
as alterações estéticas por meio de fotografias frontais e de perfil,
concluindo que o tratamento ortodôntico foi mais efetivo em pacientes
com estética facial inicial boa, e que quanto mais severa a deficiência
mandibular, maiores foram os benefícios advindos da cirurgia ortognática.
91
Com base neste estudo e de acordo com os resultados do nosso
trabalho, em função de ambas as terapias terem proporcionado melhora
estética facial, em normas frontal e de perfil na maioria dos indivíduos e,
similarmente, terem também indivíduos com prejuízo da estética,
podemos ponderar que, conforme já mencionado por CASSIDY, em 1993,
a cirurgia ortognática estaria indicada para pacientes com más oclusões
mais severas, inclusive porque as médias obtidas no pós-tratamento
foram sensivelmente maiores em relação às obtidas no pré-tratamento,
naqueles pacientes que apresentaram melhora da estética facial.
6.4 Avaliação entre tratamento compensatório e cirúrgico
Na literatura encontramos autores preocupados em comparar os
resultados obtidos com tratamento cirúrgico e com tratamento
compensatório, como PHILLIPS; TRENTINI; DOURVARTZIDIS (1992)36
que examinaram as alterações esqueléticas e faciais em pacientes
adultos com má-oclusão de Classe II, tratados com compensação
dentária ou cirurgia ortognática. Os pacientes da compensação dentária
foram avaliados como significativamente mais atraentes que os pacientes
cirúrgicos antes do tratamento. Já CASSIDY et al. (1993)9, estudaram os
efeitos do tratamento ortodôntico e do cirúrgico em pacientes com má
oclusão de Classe II. Os autores selecionaram 108 pacientes que
apresentavam casos limítrofes, ou seja, que poderiam ser tratados de
ambas as formas, dos quais 50 foram tratados com cirurgia e 58
ortodonticamente. Similarmente, nosso estudo verificou que, do pondo de
vista estético e oclusal, ambos os grupos, compensatório e cirúrgico
92 poderiam ser tratados com uma ou outra terapia, já que foi critério de
inclusão na amostra, apresentar má oclusão de classe II, com, no mínimo,
¾ de cúspide de disto-oclusão e 6mm de trespasse horizontal e os
valores atribuídos à estética facial na fase pré-tratamento, tanto pelo
grupo de leigos como pelo de ortodontistas, em normas frontal e lateral,
não apresentaram diferença estatisticamente significante entre os
pacientes tratados com cirurgia ortognática e compensação (tabelas 5.20
e 5.22 e figuras 5.9 e 5.10). Esse dado demonstra que a seleção da
amostra foi coerente com a proposta do nosso trabalho, pois procuramos
casos limítrofes que aceitariam as duas abordagens de tratamento,
compensatório ou cirúrgico. Essa homogeneidade entre os grupos
permite avaliar, de forma mais fidedigna, a diferença de estética facial
obtida com ambos os tratamentos e sua influência na análise subjetiva
dos avaliadores.
Os resultados de CASSIDY et al. (1993)9 indicaram que ambos os
grupos possuíam morfologia similar antes do tratamento e que ambos os
tratamentos melhoraram os perfis, sem diferenças significativas na função
temporomandibular e na estabilidade dos incisivos, sugerindo que a
cirurgia deveria ser opção para pacientes com más oclusões mais
severas. Também nossa amostra denotou melhora em ambos os grupos,
com os dois tipos de terapia, porém, em nosso estudo o grupo cirúrgico
obteve notas significativamente mais altas no pós-tratamento em relação
ao grupo compensatório na análise do perfil, tanto para leigos, como para
ortodontistas (tabela 5.26, figura 5.12). Já na análise frontal, a
superioridade do tratamento cirúrgico só foi perceptível para os
93 ortodontistas e, ainda sim, sem significância estatística (tabela 5.24, figura
5.11).
A falta de percepção da mudança na estética facial em norma
frontal, nos faz ponderar sobre a utilização do perfil como norma
preponderante na decisão pelo procedimento cirúrgico na realização do
diagnóstico e planejamento, já que se trata de um tratamento mais
invasivo, pois em muitos pacientes, o resultado favorável do
reposicionamento mandibular pode não ser valorizado ou percebido pelo
paciente, já que estes tendem a se avaliar em frente ao espelho e não de
perfil. No entanto, COLLIN et al. (2003)12, em um estudo onde
convocaram pacientes adultos 5 anos após a conclusão de tratamento,
demonstraram uma percepção altamente positiva de pacientes adultos
que receberam correção cirúrgica com avanço de mandíbula e esta
percepção foi significativamente mais positiva a respeito de sua imagem
dentofacial que aqueles pacientes que foram tratados estritamente com
ortodontia compensatória, embora tenham também apresentado uma
percepção de melhora da estética facial com esta abordagem terapêutica.
Corroborando com COLLIN et al. (2003)12, o estudo de PHILLIPS;
TRENTINI; DOURVARTZIDIS (1992)36 revelou que os pacientes
cirúrgicos foram avaliados com melhora mais significativa na estética
facial. Na percepção de nossos avaliadores, ortodontistas e leigos, a
percepção do procedimento cirúrgico foi maior apenas em norma lateral e
na frontal ligeiramente maior entre os ortodontistas.
Parece razoável, portanto, a afirmativa de CASSIDY et al. (1993)9
de que a cirurgia deveria ser opção para pacientes com más oclusões
94 mais severas, pois quanto maior a severidade da má oclusão, maior a a
chance da percepção na melhora da estética facial.
Segundo THOMAS (1995)51, a estética facial está intimamente
relacionada à proporção entre nariz, lábios e queixo, além da linha
queixo-pescoço. A retração labial salienta o tamanho do nariz e uma linha
queixo-pescoço curta, alterando o perfil facial do indivíduo. Esses fatos
indicam que uma avaliação da face pós-tratamento ortodôntico precisa
ser considerada. A retração dos incisivos superiores é refletida no lábio
em maior ou menor intensidade, dependendo da quantidade de retração e
também da espessura labial. O autor advogou que, de forma resumida,
um candidato à compensação dentária deve apresentar as seguintes
características: disto-oclusão de no máximo uma cúspide, altura facial
normal ou curta com alguma sobremordida, pequeno ou moderado
apinhamento inferior, incisivos inferiores não compensados, saúde do
periodonto de sustentação, curva de Spee não acentuada e tecido mole
razoavelmente proporcional, o que responderá favoravelmente à
movimentação dentária.
Devemos salientar, entretanto, que os valores dados aos
pacientes, foram bastante divergentes, apresentando pacientes com
notas altas e outros com notas bem próximas de zero, tanto nas fase pré
como pós-tratamento, nas normas lateral e frontal e nos grupos
compensatório e cirúrgico (apêndices A a P). Isto reflete a natureza deste
estudo, de avaliação subjetiva. Observa-se a importância da condução de
mais estudos sobre o tema, com tamanhos de amostra maior, para
confirmação dos resultados do presente estudo, enfocando, se possível,
95 pacientes com avaliação estética similar não apenas em média e mediana
mas em valores numéricos, de forma a confirmar ou não os resultados
por nós encontrado.
97 7 CONCLUSÃO
Com base nos resultados obtidos e de acordo com a metodologia
empregada, concluímos que:
1) Não houve concordância entre as avaliações de leigos e
ortodontistas quanto a agradabilidade facial em norma frontal tanto
nos casos compensatórios, como nos cirúrgicos, sendo os leigos
ligeiramente mais críticos.
2) Em norma lateral, houve concordância entre as avaliações de
leigos e ortodontistas quanto à agradabilidade facial nos casos
compensatórios e cirúrgicos, com exceção da fase pré-tratamento
do grupo cirúrgico.
3) Quando relacionamos os resultados pré e pós-tratamento dos
casos compensatórios notamos que os ortodontistas deram
escores significativamente maiores para as fotos pós-tratamento
em norma frontal e lateral. Já os leigos não demonstraram
diferença entre os valores pré e pós-tratamento em norma frontal,
apenas em norma lateral.
4) Nos casos cirúrgicos, quando relacionamos os resultados pré e
pós-tratamento, leigos e ortodontistas notaram melhora significativa
no pós-tratamento.
5) A agradabilidade facial entre os grupos compensatório e cirúrgico
na fase pré-tratamento foi semelhante, tanto na avaliação de leigos
como de ortodontistas.
98
6) Na avaliação da agradabilidade facial entre os grupos
compensação e cirurgia na fase pós-tratamento, não houve
diferença significativa em norma frontal, somente em norma lateral.
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