avaliaÇÃo ambiental do sistema de coleta e disposiÇÃo...

41
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL RONALDO CHERUBINI AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE FARROUPILHA - RS Caxias do Sul 2008

Upload: others

Post on 23-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL

RONALDO CHERUBINI AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE

FARROUPILHA - RS

Caxias do Sul

2008

Page 2: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

RONALDO CHERUBINI AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE FARROUPILHA - RS

Relatório de estágio supervisionado apresentado como parte dos requisitos para obtenção da aprovação na disciplina de Estágio Supervisionado em Engenharia Ambiental, sob a supervisão e coordenação acadêmica da Profa. Ms. Neide Pessin.

Caxias do Sul 2008

Page 3: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

RONALDO CHERUBINI

Relatório de estágio supervisionado apresentado como parte dos requisitos para obtenção da aprovação na disciplina de Estágio Supervisionado em Engenharia Ambiental do Curso de Engenharia Ambiental na Universidade de Caxias do Sul. Caxias do Sul, 16 de julho de 2008. Avaliadores do Seminário _________________________________ Profa. Ms. Neide Pessin (UCS) _________________________________ Profa. Ms. Juliano Rodrigues Gimenez (UCS)

Page 4: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

RESUMO

O aumento da quantidade de resíduos sólidos urbanos (RSU) associado à crescente preocupação com a qualidade ambiental, à saúde da população e à inexistência de um modelo adequado de gestão nas prefeituras, tem induzido a busca de tecnologias que atendam um padrão de sustentabilidade econômica, ambiental, técnica e social. A coleta seletiva e a reciclagem são uma solução indispensável para a redução do volume de resíduos para disposição final em aterros. O fundamento deste processo é a separação, pela população, dos materiais recicláveis (papéis, plásticos, vidros e metais) do restante, que é destinado a aterros ou usinas de compostagem. Este relatório integra as atividades desenvolvidas durante o Estágio Supervisionado em Engenharia Ambiental, realizado junto à empresa responsável pelos serviços de limpeza urbana, operação da reciclagem, tratamento e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município de Farroupilha. O estágio teve como objetivo retratar uma análise ambiental do sistema de coleta e disposição de resíduos sólidos urbanos, com foco na vida útil do aterro sanitário. Também foi realizada a sistematização dos dados de gerenciamento de resíduos e a avaliação da eficiência do processo de triagem de resíduos sólidos urbanos realizados em esteira, propondo sugestões e melhorias ao sistema. A gestão adequada dos resíduos sólidos oferece melhores condições de saúde e bem estar da população, melhorando a qualidade de vida da geração atual e garantindo a existência das gerações futuras, aderindo ao conceito de sustentabilidade.

Palavras-chave: Resíduos sólidos urbanos. Aterro sanitário. Unidade de triagem.

Page 5: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................5

2 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS...........................................................................7

2.1 Classificação dos resíduos sólidos urbanos........................................................8

2.2 Caracterização dos resíduos sólidos...................................................................9

2.3 Problemas decorrentes dos RSU......................................................................11

2.3.1 Poluição do solo.......................................................................................11

2.3.2 Poluição das águas..................................................................................11

2.3.3 Poluição do ar...........................................................................................12

2.4 Formas de tratamento de resíduos sólidos urbanos.........................................12

2.4.1 Aterro sanitário.........................................................................................12

2.4.2 Reciclagem...............................................................................................13

2.4.3 Compostagem..........................................................................................14

2.4.4 Incineração...............................................................................................15

2.5 Gestão de resíduos sólidos...............................................................................15

2.5.1 Metodologias de coleta seletiva...............................................................16

2.5.1.1 Segregação total na fonte............................................................16

2.5.1.2 Separação em centrais de triagem...............................................17

2.5.1.3 Coleta multi-seletiva.....................................................................17

2.5.1.4 Coleta seletiva porta-a-porta........................................................18

2.5.1.5 Coleta seletiva voluntária.............................................................18

3 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO................................................................19

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS...........................................................................25

5 AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL DOS

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS............................................................................25

5.1 Coleta e triagem................................................................................................26

5.2 Disposição final.................................................................................................32

5.2.1 Vida útil do aterro.....................................................................................34

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................37

REFERÊNCIAS..........................................................................................................39

Page 6: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

5

1 INTRODUÇÃO

Entre os diversos problemas ambientais existentes, os Resíduos Sólidos

Urbanos (RSU) têm-se tornado um dos maiores desafios da atualidade. O

crescimento acelerado da população demanda a produção de bens e serviços, que

por sua vez, à medida que são produzidos e consumidos, geram cada vez mais

resíduos, os quais, coletados ou dispostos inadequadamente, trazem significativos

impactos à saúde pública e ao meio ambiente.

O destino dos resíduos sólidos é um grave problema do saneamento

ambiental, sendo conseqüência da concentração de população em aglomerados

urbanos, independente de sua localização, tamanho e níveis de desenvolvimento da

comunidade.

O aumento da quantidade de resíduos sólidos urbanos (RSU) associados à

crescente preocupação com a qualidade ambiental, a saúde da população e a

inexistência de um modelo adequado de gestão nas prefeituras, tem induzido a

busca de tecnologias que atendam um padrão de sustentabilidade econômica,

ambiental, técnica e social.

Existem algumas alternativas técnicas para o solucionar o problema da

destinação dos resíduos sólidos. O ideal é, sem dúvida, a redução na fonte, seguido

do reaproveitamento e da reciclagem, porém enquanto não forem criadas condições

favoráveis à destinação desses resíduos sólidos, a alternativa mais usada tem sido

os aterros sanitários, ou ainda, nos indesejáveis lixões.

Na atividade de disposição final são realizadas três etapas, respectivamente:

a implantação onde são realizadas todas as obras projetadas para que se possibilite

a segunda etapa que é a operação, onde os resíduos são recebidos e aterrados de

maneira sanitariamente adequada e, finalmente, a manutenção necessária para

manter em funcionamento os elementos do aterro sanitário.

Page 7: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

6

Vários resíduos sólidos podem ser reciclados ou até mesmo reaproveitados

dentre eles estão os papéis, plástico, metal, vidros, alumínio, papelão e dentre

outros. Diversos materiais podem servir como matéria-prima para novos produtos.

Para que ocorra a reutilização desses materiais é necessário a implantação

de um programa capaz de selecionar os resíduos desde a fonte geradora até o

destino final dos mesmos. O programa capaz de minimizar os problemas

relacionados aos resíduos é a implantação da coleta seletiva no qual garante melhor

qualidade dos resíduos sólidos, redução em quantidades a serem dispostos

inadequadamente e uma melhor qualidade dos resíduos a serem reciclados

Uma vez que Reduzir, Reutilizar e Reciclar os resíduos sólidos urbanos

constitui–se, atualmente, na principal estratégia para a redução do passivo

ambiental decorrente da disposição inadequada desses resíduos, é de grande

importância o correto entendimento de métodos e técnicas que envolvam a coleta

seletiva de resíduos, como também de componentes técnicas, econômicas e sociais

envolvidas nessa etapa da gestão dos resíduos sólidos.

A coleta seletiva e a reciclagem são uma solução indispensável, por permitir a

redução do volume de resíduos para disposição final em aterros. O fundamento

deste processo é a separação, pela população, dos materiais recicláveis (papéis,

plásticos, vidros e metais) do restante, que é destinado a aterros ou usinas de

compostagem.

Diante deste cenário, o presente trabalho teve por objetivo retratar uma

análise ambiental do sistema de coleta e disposição de resíduos sólidos urbanos do

município de Farroupilha, com foco na vida útil do aterro sanitário. Ao mesmo tempo

também foi realizado a sistematização dos dados de gerenciamento de resíduos, e a

avaliação da eficiência do processo de triagem de resíduos sólidos urbanos

realizados em esteira, propondo sugestões e melhorias ao sistema.

Page 8: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

7

2 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU’s), popularmente chamados de lixo

urbano, são resultantes da atividade doméstica e comercial das povoações.

A definição de lixo urbano, segundo Lima (2004), é difícil de ser feita, devido à

sua origem e formação estarem relacionadas a vários fatores. Assim, “é comum

definir como lixo todo e qualquer resíduo que resulte das atividades diárias do

homem na sociedade” (LIMA, 2004, p.11).

A norma NBR 10.004 (ABNT, 2004), que trata de classificação dos resíduos

sólidos, também traz uma definição:

Resíduos sólidos são resíduos nos estados sólido e semisólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam inclusos nesta última definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.(ABNT, 2004, p.1).

São muitos os fatores que influenciam a origem e formação dos resíduos

sólidos no meio urbano, como:

- variações sazonais;

- condições climáticas;

- área relativa de produção;

- número de habitantes do local;

- nível educacional;

- poder aquisitivo;

- hábitos e costumes da população;

- segregação na origem;

- sistematização na origem;

- tipo de equipamento de coleta;

- leis e regulamentações especas.

Page 9: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

8

É interessante ressaltar que um dos fatores mais importantes é a componente

econômica. Ocorrendo variações na economia de um sistema, pode-se perceber

imediatamente seus reflexos nos locais de disposição e tratamento dos resíduos

sólidos.

2.1 Classificação dos resíduos sólidos urbanos

Devido a grande diversidade de materiais que fazem parte da composição

dos resíduos sólidos, surgiram algumas formas de classificá-lo: por sua origem, por

sua natureza física, por sua composição química, ou pelos riscos que oferece ao

meio ambiente.

A norma NBR 10.004 (ABNT, 2004) traz uma classificação dos resíduos

sólidos quanto aos riscos que oferecem ao meio ambiente, conforme mostrado no

Quadro 1.

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS

Classe I

Perigosos

Apresentam riscos à saúde pública ou ao meio ambiente, ou possuem uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade.

Classe IIA

Não Inertes

Não se enquadram na definição de resíduos classe I, tampouco na classe IIB. Podem ter

propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água.

Classe IIB

Inertes

Não possuem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos

padrões de potabilidade de água. Quadro 1: Classificação de resíduos sólidos segundo NBR 10.004. Fonte: ABNT (2004).

A classificação dos resíduos sólidos quanto a sua origem, é apresentada no

Quadro 2.

Page 10: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

9

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS Domiciliar Originado diariamente nas residências,

composto por restos de alimentos, produtos deteriorados, papel higiênico, fraldas

descartáveis, embalagens diversas, papéis, papelões, plásticos, vidros, trapos, etc.

Comercial Originado em estabelecimentos comerciais, como supermercados, restaurantes, lojas,

bares, empresas, hotéis, bancos, etc. Público Originado de serviços de limpeza pública

urbana, como varrição, podas, limpeza de praias, galerias pluviais, de arroios, praças, áreas de feiras livres, terrenos baldios, etc.

Serviços de saúde Constituem resíduos que são potencialmente patogênicos oriundos de locais como

farmácias, postos de saúde, hospitais, clínicas odontológicas, veterinárias, laboratórios, etc.

Portos, aeroportos, terminais rodoviários e ferroviários

Também são considerados resíduos potencialmente patogênicos, pois se

constituem basicamente de materiais de higiene, asseio pessoal e restos de alimentos que podem veicular doenças provenientes de

outras cidades, estados ou países. Industrial Originado das atividades dos diversos ramos

da indústria. Grande parte dos resíduos considerados tóxicos inclui-se nesta categoria.

Agrícola Resíduos provenientes das atividades agrícolas e da pecuária. Incluem embalagens de fertilizantes e defensivos agrícolas, rações,

restos de colheita, etc. Entulho Resíduos da construção civil, composto por

restos de obras, materiais de demolições, solos de escavações, etc. Alguns materiais

podem lhe conferir toxicidade, como restos de tinta, solventes e metais.

Quadro 2: Classificação de resíduos sólidos de acordo com sua origem. Fonte: D’ Almeida e Vilhena (2000, p. 29), Pessin, Mandelli e Slompo (1991, p. 70).

2.2 Caracterização dos resíduos sólidos

O conhecimento das características dos resíduos sólidos (biodegradabilidade,

peso específico, composição, umidade e poder calorífico) é de grande importância

quando da definição dos procedimentos do tipo de coleta e de disposição final. A

diferença das características dos resíduos verifica-se entre os municípios e os seus

bairros, bem como em diferentes períodos do ano. Os resíduos sólidos, geralmente,

são constituídos por dois tipos de componentes, sendo eles:

Page 11: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

10

• Resíduos orgânicos – composto por restos de cozinha (ex. verduras, frutas,

restos de comida, borra de café), limpeza do terreno (ex. grama, folhas e

galhos), papéis em geral, entre outros. Apresentam grau de biodegradação

variando entre facilmente (ex. restos de alimentos) a moderadamente

degradáveis (ex. papel e papelão).

• Resíduos inorgânicos – chamado de resíduo reciclável ou seco. É composto

de vidros (ex. garrafas, potes, espelhos, copos, lâmpadas e cacos de vidro),

papel e papelão (ex. revistas, jornais, caixas, livros e sacos), metais (ex. latas,

tampas de garrafas, pregos, pilhas e papel alumínio), plásticos (ex.

embalagens plásticas, sacolas de supermercado, copos descartáveis e

garrafas plásticas).

As análises comumente realizadas em RSU são: teor de umidade, teor de

material seco, densidade e composição física dos resíduos. Esta última consiste em

definir as porcentagens das várias frações do resíduo, como papel, papelão,

madeira, plástico, metais, matéria orgânica, etc.

No Brasil, é elevada a quantidade de materiais orgânicos na composição dos

resíduos sólidos urbanos, correspondendo a cerca de 55 % do peso. Segundo

CEMPRE (2008):

Isso pode ser explicado em parte pela ausência de embalagens adequadas, principalmente para a distribuição dos alimentos – fato este que se repete em vários países da América Latina. Nos Estados Unidos, produtos feitos com papel e papelão ocuparam o primeiro lugar na lista de resíduos gerados em 2001 (81,9 milhões de toneladas). (CEMPRE, 2008).

A Tabela 1 representa a composição dos resíduos sólidos urbanos, referentes

ao ano de 2004.

Tabela 1: Composição dos resíduos sólidos urbanos.

Orgânico Metais Plásticos Papel/Papelão Vidro Outros

Brasil 55% 2% 3% 25% 2% 13%

México 42,6% 3,8% 6,6% 16,0% 7,4% 23,6%

Estados

Unidos

11,2% 7,8% 10,7% 37,4% 5,5% 27,4%

Fonte: CEMPRE (2008).

Page 12: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

11

2.3 Problemas decorrentes dos RSU

A disposição inadequada dos RSU está diretamente relacionada com os

problemas causados por estes resíduos no solo, nas águas e no ar.

2.3.1 Poluição do solo

Quando dispostos inadequadamente, sem qualquer tratamento, os RSU

podem poluir o solo, alterando as características físicas, químicas e biológicas,

constituindo-se num problema de ordem estética e, mais ainda, numa séria ameaça

à saúde pública. Por conter substâncias de alto teor energético e, por oferecer

disponibilidade simultânea de água, alimento e abrigo, os resíduos se tornam

criadouro de vetores de doenças, como roedores, moscas, bactérias e vírus.

2.3.2 Poluição das águas

Existe local onde é feita a disposição incorreta de resíduos, que são lançados

diretamente em corpos hídricos, ou que os lixiviados dessa massa de resíduos,

disposta no solo, contaminam os cursos d’água.

Os principais efeitos da presença dos RSU em corpos hídricos são: elevação

da demanda bioquímica de oxigênio (DBO), redução dos níveis de oxigênio

dissolvido, formação de correntes ácidas, maior carga de sedimentos, elevada

presença de coliformes, aumento da turbidez, intoxicação de organismos presentes

naquele ecossistema, incluindo o homem, quando este utiliza água contaminada

para consumo.

Page 13: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

12

2.3.3 Poluição do ar

No processo de decomposição dos RSU ocorre a geração de gases como

metano (CH4), óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos de enxofre (SOx), e dióxido de

carbono (CO2). A presença desses gases na atmosfera contribui para fenômenos

como a chuva ácida e o efeito estufa, além de serem tóxicos para diversos

organismos. Esses gases são liberados diretamente na atmosfera, quando não há

tratamento ou disposição adequada dos resíduos.

2.4 Formas de tratamento de resíduos sólidos urbanos

Há diferentes formas de tratamento e disposição dos RSU, visando um

destino final adequado ao resíduo sólido urbano. Os mais utilizados são: aterro

sanitário, reciclagem, compostagem e incineração.

2.4.1 Aterro sanitário

O aterro sanitário, segundo CETESB (apud LIMA, 2004, p. 46):

O aterro sanitário é definido como um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo, particularmente o lixo domiciliar, que fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, permite uma confinação segura, em termos de controle da poluição ambiental e proteção ao meio ambiente. (CETESB apud LIMA, 2004, p. 46).

A definição para aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos, segundo a

norma NBR 8.419 (ABNT, 1993) é:

Consiste na técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza os princípios de engenharia para confinar os resíduos sólidos ao menor volume permissível, cobrindo-os

Page 14: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

13

com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de trabalho ou à intervalos menores se for necessário. (ABNT, 1993, p. 1).

São inúmeras as vantagens de utilizar-se o processo de aterro sanitário para

a disposição de resíduos sólidos, porém o relativo baixo custo que envolve esta

prática é o que a torna interessante. Algumas vantagens, além desta, são:

• disposição do resíduo sólido de forma adequada;

• capacidade de absorção diária de grande quantidade de resíduos;

• condições especiais para a decomposição biológica da matéria orgânica

presente no resíduo sólido.

São basicamente quatro os fatores limitantes deste método: condições

climáticas de operação durante todo o ano; a disponibilidade de material de

cobertura diária; a disponibilidade de grandes áreas próximas aos centros urbanos

que não comprometam a segurança e o conforto da população e a escassez de

recursos humanos habilitados em gerenciamento de aterros.

2.4.2 Reciclagem

Reciclagem, segundo DUSTON (apud CALDERONI, 2003, p. 52):

É um processo através do qual qualquer produto ou material que tenha sido para os propósitos a que se destinava e que tenha sido separado do lixo é reintroduzido no processo produtivo e transformado em um novo produto, seja igual ou semelhante ao anterior, seja assumindo características diversas das iniciais. (DUSTON apud CALDERONI, 2003, p. 52).

Para o melhor desempenho do processo, deve-se implantar no município um

programa de coleta seletiva, onde os resíduos recicláveis são separados dos demais

na fonte geradora, ou seja, nas residências, indústrias e comércio, e coletados

separadamente, para após serem encaminhados a indústrias recicladoras.

Alguns dos materiais que podem ser reciclados são:

Page 15: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

14

• plásticos;

• metais;

• vidros;

• papeis;

• papelão;

• entulho da construção civil;

• matéria orgânica.

2.4.3 Compostagem

“A compostagem pode ser definida como o ato ou ação de transformar os

resíduos orgânicos, atreves de processos físicos, químicos e biológicos, em uma

matéria biogênica mais estável e resistente à ação das espécies consumidoras”

(LIMA, 2004, p. 73).

O composto nada mais é do que a denominação genérica dada ao fertilizante

orgânico resultante do processo de compostagem.

Alguns dos objetivos da compostagem são:

• alternativa exeqüível técnica e econômica;

• reter o máximo de nutrientes;

• redução do volume de material;

• transformar a matéria orgânica presente nos resíduos em um material estável;

• produzir um composto que possa ser utilizado na preparação e recuperação

de solos;

• destruir patógenos que possam estar presentes nos resíduos.

Page 16: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

15

2.4.4 Incineração

Consiste no tratamento térmico do resíduo a altas temperaturas, convertendo-

o em material inerte (cinza) que deve ser aterrado. Alternativa altamente intensiva

em investimento e custos operacionais, necessita de um pequeno aterro de inertes

(OJIMA, 1991).

Apresenta soluções satisfatórias, do ponto de vista do tratamento, porém os

aspectos relacionados aos efluentes gasosos devem ser considerados. Na

combustão, há liberação de gases como dióxido de enxofre (SO2), dióxido de

carbono (CO2) e nitrogênio (N2), água, formação de cinzas e escória, constituída de

materiais como metais não ferrosos, vidro, pedras, etc.

A energia complementar do sistema é consumida, na forma de combustível

auxiliar para combustão inicial do resíduo, porém permite o aproveitamento de parte

desta energia na forma de calor residual, desde que se instalem equipamentos

adicionais.

2.5 Gestão de resíduos sólidos

O conceito de gestão de resíduos sólidos abrange atividades referentes à

tomada de decisões estratégicas com relação aos aspectos administrativos,

operacionais, institucionais, financeiros e ambientais, envolvendo políticas,

instrumentos e meios.

Já o termo gerenciamento de resíduos sólidos refere-se aos aspectos

tecnológicos e operacionais da questão, envolvendo fatores administrativos,

gerenciais, econômicos, ambientais e de desempenho: produtividade e qualidade.

Relaciona-se, por exemplo, à prevenção, redução, segregação, reutilização,

Page 17: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

16

acondicionamento, coleta, transporte, tratamento, recuperação de energia e

destinação final de resíduos sólidos.

O gerenciamento integrado de resíduos sólidos segundo a concepção de

Lima (2000, p. 22) é:

Gerenciar os resíduos de forma integrada é articular ações normativas, operacionais, financeiras e de planejamento que uma administração municipal desenvolve, apoiada em critérios sanitários, ambientais e econômicos, para coletar, tratar e dispor o lixo de uma cidade, ou seja: é acompanhar de forma criteriosa todo o ciclo dos resíduos, da geração à disposição final (“do berço ao túmulo”), empregando as técnicas e tecnologias mais compatíveis com a realidade local. (LIMA, 2000, p. 22).

2.5.1 Metodologias de coleta seletiva

Existem diversas formas de operar um sistema de coleta seletiva de RSU.

Entre essas, destaca-se a segregação total na fonte e a separação em centrais de

triagem, a coleta multi-seletiva, a coleta seletiva porta-a-porta e também a coleta

seletiva voluntária.

2.5.1.1 Segregação total na fonte

A separação na fonte geradora dos diferentes tipos de materiais recicláveis

presentes nos resíduos sólidos promove inúmeros ganhos nas etapas posteriores.

Estes custos estão associados a triagem, lavagem, secagem, transporte, entre

outros (VILHENA, 1999).

A segregação do resíduo é feita pelo próprio morador que acondiciona os

recicláveis separadamente. Deve-se prever, portanto, local disponível para

armazenamento.

Page 18: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

17

Um exemplo é a separação entre resíduo seco (plásticos, papel, vidro, metais,

longa-vida, pneus, etc), do resíduo úmido (resíduos orgânicos tais como restos de

alimentos, cascas de frutas e legumes, etc) e eventualmente, outros (rejeito).

2.5.1.2 Separação em centrais de triagem

Dependendo da quantidade e do tipo de resíduo coletado, pode ser mais

interessante do ponto de vista técnico e econômico fazer a coleta regular do resíduo

e destiná-la à uma central de triagem, onde haverá separação de todos os materiais

recicláveis, inclusive a fração de orgânicos que será destinada à compostagem.

As centrais de triagem e compostagem, além de representarem uma alternativa sustentável de manejo dos resíduos sólidos, tem desdobramentos econômicos e sociais. A quantidade de resíduos que pode deixar de ser levado aos aterros sanitários é significativa, contribuindo assim para o aumento da vida útil de um aterro e para a redução da geração de lixiviados. (FERNANDES, et al. 2007, p. 1).

A triagem do resíduo pode ser feita manualmente ou mecanicamente. A

triagem manual é executada em esteiras transportadoras onde os operários,

dispostos de cada lado da esteira, retiram manualmente os resíduos de maior

interesse econômico (vidros, plásticos, metais, papeis, etc). A triagem mecânica é

feita por equipamentos especiais como peneiras rotativas e vibratórias, eletro-ímã,

aspiradores, ciclones, flutuadores, etc. Ela é mais eficiente e resulta em maior

produção de reciclados. Porém, envolve custos elevados na aquisição e

manutenção dos equipamentos.

2.5.1.3 Coleta multi-seletiva

Neste tipo de coleta, os diferentes tipos de materiais recicláveis são coletados

simultaneamente, mas com separação rigorosa entre todos os tipos já na fonte

Page 19: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

18

geradora. Para a sua implantação, deve-se levar em conta uma série de aspectos

técnicos e econômicos. Entre as barreiras técnicas a serem transpostas destacam-

se:

• necessidade de veículos coletores especiais;

• espaço físico para armazenamento dos materiais em separado;

• maior freqüência (dias) de coleta;

• capacidade de escoamento (venda) de todos os materiais;

• necessidade de uma campanha educativa mais detalhada.

2.5.1.4 Coleta seletiva porta-a-porta

Semelhante ao procedimento clássico de coleta normal de resíduos sólidos,

porém com algumas variações que caracterizam a coleta seletiva. Os veículos

coletores percorrem as residências em dias e horários específicos que não

coincidam com a coleta normal. Os moradores colocam então os recicláveis nas

calcadas, acondicionados em containeres distintos.

Esse modelo varia caso a caso. É comum a separação entre resíduo úmido

(orgânicos) e resíduo seco (recicláveis). O material coletado é destinado a galpões

de triagem onde é feita então uma segunda separação em esteiras ou bancadas.

2.5.1.5 Coleta seletiva voluntária

Em alguns casos, utilizam-se containeres ou mesmo pequenos depósitos,

colocados em pontos fixos pré-determinados da “malha” urbana, denominados

PEV’s (Postos de Entrega Voluntária) ou LEV’s (Locais de Entrega Voluntária), onde

o cidadão, espontaneamente, deposita os recicláveis. Cada material deve ser

Page 20: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

19

colocado num recipiente específico (com nome e cor). A combinação usual entre

cores e materiais está apresentada no Quadro 3.

COR MATERIAL

Azul Papel/Papelão

Vermelho Plástico

Verde Vidro

Amarelo Metal

Preto Madeira

Laranja Resíduos Perigosos

Branco Resíduos ambulatoriais e de

serviços de saúde

Roxo Resíduos radioativos

Marrom Resíduos orgânicos

Cinza Resíduo geral não reciclável ou

misturado, ou contaminado não

passível de separação.

Quadro 3: Padrão de cores adotado pelo CONAMA. Fonte: BRASIL (2001).

3 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio foi realizado junto à empresa responsável pelos serviços de limpeza

urbana, operação da reciclagem, tratamento e destinação final de resíduos sólidos

urbanos do município de Farroupilha. As atividades desenvolvidas pela empresa

atendem às regulamentações e normas vigentes.

A empresa chegou a Farroupilha em 2003. Em 2004, venceu a licitação do

contrato de concessão para os serviços de limpeza urbana e tratamento de resíduos

de Farroupilha, iniciando as obras de recuperação ambiental da área do lixão de

Page 21: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

20

Farroupilha, com o trabalho de remediação e construção de novo aterro sanitário,

além da execução de serviços de manutenção da central de triagem. Esta empresa

é subsidiária integral de outra organização, com sede em São Paulo, que está

presente em 23 cidades brasileiras e em Lima, no Peru, atendendo acerca de 12

milhões de pessoas.

A cidade de Farroupilha localiza-se na Serra Gaúcha, Latitude – 29°14’30’’,

Longitude – 51°26’20’’, numa altitude média de 783 metros. A área territorial do

município é de 359,30 km2, sendo 10,64 km2 de área urbana, e 348,66 km2 de área

rural. Sua população, segundo contagem pelo IBGE em 2007, foi de 59.871

habitantes. As principais atividades econômicas são: empresas metalúrgicas,

coureiro-calçadista, malhas e confecções, móveis e estofados. Farroupilha dista 18

km de Caxias do Sul e 110 km da capital do Estado, pela principal via de acesso que

é a RS-122.

O Aterro de Resíduos Sólidos Urbanos de Farroupilha situa-se a Sudeste do

centro urbano do Município, na Rua Alberto Matte, n° 895, no Bairro América. A área

total do aterro é de aproximadamente 20 hectares. Atualmente essa área

caracteriza-se como urbana, uma vez que já possui em seu entorno loteamentos

(regulares e irregulares). Porém, quando do início da disposição final de resíduos

sólidos urbanos no local, o próprio e seu entorno estavam situados em área rural. O

acesso ao local é feito através da RS-122, seguindo pela avenida André Colombo e

Rua Alberto Matte. A área possui um perímetro total de 1800 metros. Seu limite ao

Norte, na divisa com a Rua Alberto Matte possui uma extensão de 400 metros. Ao

Sul, o limite da área possui a mesma extensão, e os limites a Leste e a Oeste

possuem uma extensão de 500 metros.

Uma das células encerradas constitui-se na primeira célula de disposição

implantada na área. Essa célula está localizada ao Sul da área do Sistema.

Constitui-se em um depósito antigo, sem informações do período de operação.

Recebia os resíduos da coleta domiciliar convencional, sem reciclagem. Este aterro

encontra-se encerrado, com cobertura de solo e densa vegetação de porte médio.

Pelas informações fornecidas não constituiu-se em um aterro sanitário, mas sim em

Page 22: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

21

um lixão, pois não possui sistemas de impermeabilização e de drenagem (gás e

pluvial).

As células 02 (encerrada) e 03 (em operação), constituem-se no aterro

sanitário. Este possui em sua base, um sistema de drenagem de lixiviados

(chorume) acima de uma camada impermeável de polietileno de alta densidade –

PEAD, sobre uma camada de solo compactado para evitar o vazamento de material

líquido para o solo, evitando assim a contaminação de lençóis freáticos. O lixiviado é

enviado para lagoas de acúmulo de percolados. No interior do aterro, existe um

sistema de drenagem de gases provenientes da decomposição dos resíduos, os

quais são encaminhados até a superfície do aterro, onde são queimados na saída

dos drenos. Em sua superfície encontra-se um sistema de drenagem de águas

pluviais, evitando assim, a infiltração de águas de chuva para o interior do aterro.

A Figura 1 apresenta uma imagem aérea do aterro sanitário.

Os dados de área utilizada e disponível são:

• célula 01 (antigo lixão): 24.000 m2;

• célula 02 (encerrada): 10.000 m2;

• célula 03 (em operação): 12.000 m2;

• lagoas de acúmulo de lixiviados: 7.500 m2;

• unidade de triagem e pátio de estocagem: 2.300 m2;

• infra-estrutura predial, estacionamentos e pátios: 3.500 m2;

• acessos permanentes: 9.000 m2;

• área de preservação permanente: 61.500 m2;

• área prevista para ampliação do aterro (novas células): 26.000 m2;

Page 23: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

22

Figura 1: Imagem aérea do aterro sanitário. Fonte: GOOGLE (2008).

O sistema de destinação final dos RSU do Município de Farroupilha

contempla as seguintes unidades funcionais:

• guarita de entrada;

• balança e casa da balança;

• escritório administrativo;

• almoxarifado;

• vestiários;

• cozinha;

• garagem;

Page 24: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

23

• rampa de lavagem de veículos;

• unidade de triagem;

• área de estocagem de materiais;

• aterro municipal com 03 (três) células de disposição, estando 02 (duas)

encerradas e 01 (uma) em operação;

• sistema de tratamento de percolados por reatores biológicos.

Os serviços que a empresa presta para o município são:

• Coleta de resíduos sólidos domiciliares e seu transporte;

• Coleta de resíduos recicláveis e seu transporte;

• Operação e manutenção da unidade de triagem de materiais

recicláveis;

• Operação e manutenção dos destinos finais em aterro sanitário;

• Coleta de resíduos sólidos domiciliares e resíduos recicláveis quando o

transporte for além de 10 Km do aterro sanitário;

• Coleta de resíduos em containeres;

• Varrição de vias e logradouros públicos com transporte dos resíduos;

• Varrição de praças e largos pavimentados;

• Capina Mecanizada;

• Pintura de meio-fio;

• Aplicação de tinta rodoviária demarcatória a frio com micro esferas;

• Demarcação rodoviária com a colocação de tachinhas, padrão DAER;

• Demarcação rodoviária com a colocação de tachões, padrão DAER.

Para os serviços de coleta, são utilizados quatro caminhões toco compactador

com capacidade de 7,5 t cada. Na operação do aterro são utilizados dois caminhões

caçamba, um trator de esteiras para compactação e espalhamento dos resíduos, e

uma retro escavadeira para serviços gerais. A unidade de triagem é equipada com

três esteiras mecanizadas ligadas em série e duas prensas hidráulicas para fazer os

fardos de material reciclável. A empresa possui 55 funcionários repartidos nas áreas

de administração, varrição, coleta, triagem e aterro.

A Figura 2 representa o organograma da empresa.

Page 25: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

24

Figura 2: Organograma da Empresa. Fonte: Farroupilha Ambiental (2007).

Diretor Regional

Supervisor da Unidade

Encarregado Operações

Serviço Coleta Serviço varrição Líder Equipe

Capinação / Varrição

Aterro Usina Reciclagem

Coleta Domiciliar Auxiliar Operacional

Motorista Coletor

Coleta Seletiva

Motorista Coletor

Varredores Motorista Apontador

Ajudante Equipe Serviço Diversos

Separador Resíduos Operador Prensa

Administração

Departamento Pessoal Assistente Pessoal

Serviços Gerais

Controle Operacional Estagiário

Page 26: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

25

4 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Os trabalhos foram desenvolvidos junto a empresa responsável pelos

serviços de coleta e limpeza urbana, operação de reciclagem, tratamento e

disposição final de resíduos sólidos urbanos do município de Farroupilha, no período

de abril a junho. Inicialmente foi realizado o acompanhamento funcional da empresa,

observando na prática o fluxo dos resíduos desde sua coleta, passando pela

triagem, até seu destino final no aterro sanitário.

Com base nas observações feitas nos dias decorrentes do estágio, pode-se

realizar uma análise ambiental do sistema de coleta e disposição de resíduos,

sistematizar os dados de gerenciamento de resíduos, elaborar o balanço de massa

visando a quantidade de resíduos processada pelo sistema, avaliar a eficiência do

processo de triagem de resíduos sólidos urbanos realizados em esteira e estimar, a

partir destes dados, a vida útil do aterro sanitário. Os dados utilizados foram

retirados do relatório de controle operacional da empresa, no período de maio/07 a

abril/08.

5 AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO FINAL DOS

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS

Este trabalho tem como objetivo avaliar o sistema de coleta e disposição final

de RSU do município de Farroupilha com foco na unidade de triagem de resíduos

para reciclagem, no aterro sanitário, na coleta seletiva e domiciliar.

Page 27: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

26

5.1 Coleta e triagem

A coleta realizada pela empresa envolve os resíduos orgânicos, seletivos e de

capina. Não é feita a coleta de resíduos provenientes de serviços de saúde e

industriais.

Os resíduos orgânicos e seletivos são coletados de segunda a sábado nos

períodos da manhã, tarde e noite, em dezesseis setores (pontos da cidade). A coleta

é realizada por caminhões compactadores equipados de um motorista e de dois a

três coletores cada. Assim que o caminhão volta do seu percurso de coleta, é

direcionado para a balança onde é feita a pesagem dos resíduos. Se o resíduo for

orgânico é encaminhado diretamente para o aterro. Se for seletivo, é descarregado

na unidade de triagem, onde será processado.

O resíduo descarregado na unidade de triagem é previamente selecionado

por dois funcionários, que são encarregados de abastecer a esteira de catação. Eles

também realizam a separação dos resíduos de menor e maior tamanho, como por

exemplo, materiais de grande volume como fogões, colchões, canos, caixas, etc, os

quais não passam pela mesa de separação. O restante do resíduo que cai na esteira

é separado por quatro funcionários dispostos dois em cada lado da esteira,

responsáveis pela separação dos diferentes tipos de materiais (papel, papelão,

vidro, metal, plástico, etc.). Esses materiais são acondicionados em tambores, que

quando estão cheios, são encaminhados ao responsável pela prensa hidráulica, que

fará os fardos e os colocará no local de estoque para posterior comercialização.

Outro funcionário é encarregado de fazer as trocas de tambores e a separação dos

diferentes tipos de plásticos. Durante o período de estágio, eram oito funcionários

trabalhando na triagem. Observa-se, porém, que o número adequado de pessoal

para este setor é dez. Seria necessário aumentar o número de funcionários na mesa

de catação no sentido de melhorar a quantidade de resíduos triados, diminuindo o

rejeito enviado para o aterro.

Na Figura 3 está apresentada a mesa e esteira de segregação do sistema

avaliado.

Page 28: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

27

Figura 3: Mesa e esteira de separação.

O rejeito proveniente da triagem é encaminhado pelas esteiras até um

caminhão caçamba. Quando esgotada sua capacidade, o caminhão é pesado e o

resíduo encaminhado para o aterro. A composição do rejeito constitui-se de

materiais, como: sacolas plásticas, sapatos, tecidos, colchões, isopor, sacos de

ração, resíduo orgânico (observa-se que este resíduo constitui-se predominante

entre o rejeito da esteira), cacos de vidro, papéis coloridos, copos e pratos plásticos,

borracha, tampinha de garrafa, madeira, sucata tecnológica (impressoras,

computadores), pilhas e baterias de celular. Muitos desses materiais passam pelos

separadores, e o que poderia ser reciclado acaba indo para o aterro. Outro fator que

impossibilita a reutilização destes materiais é o estado em que se encontram, muitas

vezes sujos ou contaminados com resíduos orgânicos. Este problema pode ser

amenizado, se fosse possível utilizar caminhões com caçamba simples, do tipo baú,

para a coleta do resíduo seletivo, ao invés de caminhões compactadores que

acabam prejudicando a qualidade do resíduo reciclável.

Na Figura 4 está apresentado o rejeito após triagem executada pela equipe

de recicladores.

Page 29: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

28

Figura 4: Rejeito da triagem caindo na caçamba do caminhão.

A Figura 5 representa o fluxograma do processo de triagem.

No decorrer do período de estágio observou-se eventuais paradas no

processo de triagem, as quais ocasionaram atrasos no funcionamento do sistema,

acarretando acúmulo de resíduos seletivos. Uma destas paradas acontece quando o

caminhão vai até o aterro para descarregar os resíduos e fazer a pesagem. Isto

ocorre aproximadamente quatro vezes ao dia, durante 15 min cada. Outra é quando

há a necessidade de troca ou limpeza dos rolamentos da esteira, que ocorre em

menor freqüência.

Page 30: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

29

Figura 5: Fluxograma do processo de triagem.

A Tabela 2 mostra a quantidade de resíduos (orgânico, seletivo, rejeito e

capina) encaminhados para o aterro e triagem, provenientes da coleta seletiva.

Estes dados estão apresentados na Figura 6, expressos em forma de gráfico.

A população atendida pela empresa é de aproximadamente 61.700

habitantes, distribuídos na zona rural e urbana.

Coleta

Recepção

Pesagem

Pré-seleção de Volumosos

Mesa de Triagem

Rejeitos

Pesagem

Aterro Sanitário

Recicláveis

Materiais Recuperáveis

Comercialização

Page 31: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

30

Tabela 2: Quantidade de resíduos em toneladas, encaminhados mensalmente para o aterro sanitário e unidade de triagem.

Mês/Ano Seletivo (t/mês)

Rejeito (t/mês)

Orgânico (t/mês)

Capina (t/mês)

Mai/07 108,250 86,980 854,490 207,170

Jun/07 101,340 65,650 821,720 221,160

Jul/07 98,710 61,630 834,140 176,550

Ago/07 87,700 70,850 819,300 233,140

Set/07 95,200 48,670 784,120 110,770

Out/07 112,280 67,600 739,260 100,730

Nov/07 90,970 50,250 783,820 85,070

Dez/07 134,360 84,210 850,500 60,470

Jan/08 128,620 80,570 879,650 93,930

Fev/08 115,310 62,000 818,660 93,490

Mar/08 121,510 62,140 843,100 74,980

Abr/08 113,520 77,760 805,140 74,820

Total em 12 meses (t) 1307,770 818,310 9833,900 1532,280

Média 108,9808 68,1925 819,4917 127,69 Fonte: Farroupilha Ambiental (2008).

Quantidade de RSU

0,000100,000200,000300,000400,000500,000600,000700,000800,000900,000

1000,000

mai/0

7

jun/07

jul/07

ago/07

set/07

out/07

nov/07

dez/07

jan/08

fev/0

8

mar/0

8

abr/08

Data

Quantidade (t/mês)

Seletivo

Rejeito

Orgânico

Capina

Figura 6: Quantidade de RSU, encaminhada mensalmente para o aterro sanitário e unidade de

triagem.

Page 32: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

31

A quantidade total de resíduos coletados de maio/07 até abril/08 foi de

12.673,95t, o que corresponde a uma média diária de aproximadamente 34,72t de

resíduos na empresa. Desse total coletado, 77,60% são resíduos orgânicos, 10,32%

são resíduos seletivos e 12,08% são resíduos provenientes do serviço de capina.

Esses valores são apresentados na Figura 7.

10,32

77,60

12,08

Seletivo

Orgânico

Capina

Figura 7: Porcentagem de resíduos coletados no Município.

A quantidade de materiais recuperados na triagem no intervalo de tempo

mostrado na Tabela 2 é de:

Resíduo Seletivo – Rejeito = 1.307,77t – 818,31t = 489,46t

Com base nos dados apresentados, foram recuperadas 489,46t de material

reciclável no período de 12 meses. Isto significa que o processo de triagem recupera

37,43% do resíduo seletivo e 3,86% de todos os resíduos gerados. Este rendimento

poderia ser mais expressivo se o resíduo descarregado na unidade de triagem, fosse

oriundo de uma segregação na fonte mais eficiente.

A geração per capita de resíduos no município de Farroupilha é de

0,502kg/hab.dia. Segundo BRASIL (2006), a geração per capita para municípios

Page 33: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

32

brasileiros é de 0,760kg/hab.dia, sendo que para a faixa de 30.000 a 100.000

habitantes no qual se enquadra o município de Farroupilha, esse valor é de

0,680kg/hab.dia. Assim, é possível afirmar que a quantidade de RSU gerados no

município está abaixo da média brasileira, sendo, um ponto positivo, pois implica em

menores gastos para seu tratamento e disposição final. Ressalta-se que o dado de

geração per capita está baseado no total de resíduos coletados pela empresa.

5.2 Disposição final

O aterro sanitário do Município de Farroupilha atende todas as exigências

legais de projeto e operação. Por estar localizado em um terreno irregular, é

considerado um aterro de superfície, cujo método operacional empregado é o de

área.

O resíduo orgânico é encaminhado diretamente para o aterro sanitário,

especificamente na célula 03, que está em operação. Assim que o resíduo é

descarregado, um trator de esteiras faz o seu espalhamento e compactação. Uma

retro-escavadeira ajuda no serviço, construindo os taludes e recobrindo os resíduos

com argila. São dispostos diariamente aproximadamente 33,382t de resíduos

(orgânico, capina e rejeito) provenientes da coleta.

Na Figura 8 apresenta-se uma vista geral da célula 03 em operação no aterro

sanitário do Município de Farroupilha.

Page 34: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

33

Figura 8: Célula 03 em operação – Aterro Sanitário do Município de Farroupilha.

A base do aterro é constituída de um sistema de drenagem de lixiviados,

acima de uma camada impermeável de polietileno de alta densidade – PEAD, sobre

uma camada de solo compactado para evitar o vazamento de material líquido para o

solo. Este líquido é encaminhado para lagoas de acúmulo de lixiviados. No interior

do aterro existe um sistema de drenagem de gases provenientes da decomposição

dos resíduos, que são encaminhados até a superfície do aterro, onde são

queimados na saída dos drenos. Em sua superfície encontra-se um sistema de

drenagem de águas pluviais, para evitar assim, a infiltração de águas de chuva para

o interior do aterro.

Na Figura 9 apresenta-se um dreno de gás do aterro. Na Figura 10, uma

amostra da drenagem superficial e, na Figura 11 as lagoas de acúmulo de lixiviados.

Page 35: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

34

Figura 9: Dreno de gás Figura 10: Drenagem superficial.

Figura 11: Lagoas de acúmulo de lixiviados

5.2.1 Vida útil do aterro

A vida útil do aterro está diretamente relacionada com o volume de resíduo a

ser disposto. Assim sendo, uma vez definida a área de disposição, a vida útil poderá

ser alterada somente com a adoção de uma ou mais alternativas dentre as quais

destacam-se:

• redução na quantidade de resíduo gerado;

Page 36: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

35

• incremento na densidade do resíduo – compactação;

• triagem do resíduo com reciclagem e aterramento do rejeito.

O volume da célula 03 que está em operação é de 78.500m3. A Tabela 3

apresenta o volume de resíduo depositado no período de setembro/07 a abril/08,

bem como o volume ocupado por este resíduo na célula com sua porcentagem e o

índice de compactação.

Tabela 3: Volume depositado e ocupado na célula 03 do aterro sanitário.

Mês/Ano Volume

depositado (m3) Volume

ocupado (m3) Porcentagem ocupada (%)

Índice de compactação (t/m3)

Set/07 1258,08 49264,35 62,76 0,750

Out/07 1221,99 50364,98 64,16 0,830

Nov/07 1068,76 51433,74 65,52 0,860

Dez/07 1259,72 52689,50 67,12 0,790

Jan/08 1405,53 54095,00 68,91 0,750

Fev/08 1233,10 55328,10 70,48 0,790

Mar/08 1065,45 56393,55 71,84 0,920

Abr/08 997,62 57391,17 73,11 0,960 Fonte: Farroupilha Ambiental (2008).

Analisando a Tabela 3, percebe-se que até abril de 2008 o volume ocupado

na célula 03 é de 57391,17m3, representando 73,11% do total. Assim, subtraindo o

valor do volume total da célula com o volume ocupado tem-se o volume útil:

Volume útil = Vol. Total – Vol. Ocupado = 78.500m3 – 57391,17m3 = 21108,83m3.

Se considerarmos um valor médio do índice de compactação de 0,831t/m3 e

multiplicarmos pelo volume útil tem-se a quantidade de resíduo que pode ser

disposto:

Quantidade de resíduo = 0,831t/m3 x 21108,83m3 = 17541,44t

Dividindo este valor com a quantidade disposta diariamente no aterro, tem-se

sua vida útil da célula 03:

Page 37: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

36

Vida útil = 17541,44t / 33,382t/dia = 525 dias.

Isto significa que levando em conta os dados apresentados, a vida útil do

aterro seria da ordem de 525 dias. Este valor pode ser aumentado, caso a operação

do sistema alterasse o principal fator que é o índice de compactação, juntamente

com a diminuição da quantidade de rejeito, provinda da triagem, enviada para o

aterro.

Para efeito de reflexão, se considerarmos um índice de compactação da

ordem de 1,0 t/m3 e duplicarmos a eficiência da triagem (75%), a vida útil do aterro

aumentaria para 659 dias, ou seja, 25,52% da vida útil prevista atualmente.

Page 38: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

37

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O período de estágio possibilitou conhecer os serviços prestados de coleta e

destinação final dos resíduos sólidos urbanos do Município de Farroupilha. Foi

observada diariamente a realidade de um aterro sanitário e uma unidade de triagem,

conhecendo, na prática, uma das atividades relacionadas à Engenharia Ambiental.

O município de Farroupilha, por possuir um sistema de manejo e tratamento

de resíduos sólidos, o qual utiliza tecnologias compatíveis com a realidade local, e

destino final ambientalmente seguro, mostra que é possível fazer a gestão integrada

de resíduos sólidos posicionando-se de maneira privilegiada se comparado com os a

maioria dos municípios brasileiros, em que as condições de saneamento e gestão de

resíduos sólidos ainda são precárias.

Algumas situações técnicas tornaram-se visíveis no decorrer do Estágio

Supervisionado, principalmente nos aspectos relacionados ao melhor

aproveitamento dos resíduos recicláveis que chegam na unidade de triagem, o que

permitiram apontar as seguintes recomendações:

• A promoção pela empresa, em parceria com o município, de programas

de educação ambiental, a fim de incentivar a melhor segregação dos

resíduos na fonte geradora;

• O desenvolvimento, pela empresa, de treinamentos que capacitem e

organizem as atividades dos responsáveis pela separação na triagem e

dos catadores de rua, aprimorando o aproveitamento do resíduo

reciclável;

• A utilização de caminhões com caçamba simples, do tipo baú, por

exemplo, para a coleta do resíduo seletivo;

• Aumento no número de funcionários na mesa de catação, a fim de

melhorar a quantidade de resíduos triados, diminuindo o rejeito enviado

para o aterro;

• A sistematização da coleta do rejeito e descarga dos resíduos,

evitando ou diminuindo paradas no processo de triagem.

Page 39: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

38

Visando o aumento de sua vida útil, sugere-se, em relação ao aterro sanitário

e aos resíduos encaminhados diariamente ao local:

• Minimização da geração de resíduos;

• Redução na quantidade de rejeito oriundo do processo de triagem;

• Incremento na densidade do resíduo (compactação);

• Viabilizar unidade de compostagem de resíduos orgânicos.

Foi observada uma preocupação do município e da empresa prestadora dos

serviços quanto à educação ambiental. Exemplo disso são as visitas realizadas no

aterro sanitário por escolas do município, em que alunos e professores interagem

com o sistema de disposição final, aprendendo sobre o seu funcionamento e sua

importância para o meio ambiente. Em se tratando de uma atividade que envolve o

cotidiano das famílias, as crianças com acesso à educação ambiental propõem e

colaboram para a separação de resíduos sólidos em suas casas, contribuindo para a

eficácia do processo. Dessa forma, essas visitas promovem a conscientização dos

habitantes do município quanto a sua participação na segregação dos resíduos

sólidos urbanos, essencial para maior aproveitamento do material reciclável.

A gestão adequada dos resíduos sólidos oferece melhores condições de

saúde e bem estar da população, melhorando a qualidade de vida da geração atual

e garantindo a existência das gerações futuras, aderindo ao conceito de

sustentabilidade.

Page 40: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

39

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 10004: resíduos sólidos – Classificação. Rio de Janeiro, 2004. _____. NBR 8.419: apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro, 1993. BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução n° 275, de 25 de abril de 2001. Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=273>. Acesso em: 6 maio 2008. BRASIL. MINISTÉRIO DAS CIDADES SECRETARIA NACIONAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL. PROGRAMA DE MODERNIZAÇÃO DO SETOR SANEAMENTO (SNSA). Diagnóstico do manejo de resíduos sólidos urbanos – 2004. Brasília, DF: 2006. CALDERONI, S. Os bilhões perdidos no lixo. 4. ed. São Paulo: Humanitas FFLCH/USP, 2003. COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM (CEMPRE). Composição dos resíduos sólidos urbanos. Disponível em: <http://cempre.tecnologia.ws/cempre_informa.php?lnk=ci_2004-0506_inter.php>. Acesso em: 5 maio 2008. D.ALMEIDA, M. L. O.; VILHENA, A. Lixo Municipal: manual de gerenciamento integrado. 2. ed. São Paulo: IPT/CEMPRE, 2000. FARROUPILHA AMBIENTAL. Organograma da Empresa. Farroupilha, 2007. _____. Relatório de controle operacional. Farroupilha, 2008. FERNANDES, F. et al. Avaliação do processo de triagem e do composto produzido com resíduos sólidos urbanos em uma cidade de porte médio. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 24., 2007, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte. ABES, 2007. 1 CD-ROM. GOOGLE. Área do aterro sanitário municipal de Farroupilha, 2008. Imagem de satélite. Sem escala. Disponível a partir do software GOOGLE EARTH. Acesso em: 27 maio 2008. LIMA, J. D. Gestão de resíduos sólidos urbanos no Brasil. João Pessoa: [s.n.], 2000.

Page 41: AVALIAÇÃO AMBIENTAL DO SISTEMA DE COLETA E DISPOSIÇÃO ...aune.rs.gov.br/downloads/meio_ambiente//residuos... · e destinação final de resíduos sólidos urbanos do município

40

LIMA, L. M. Q. Lixo – Tratamento e Biorremediação. 3. ed. São Paulo: Hemus Editora, 2004. OJIMA, M. K. Estudos de alternativas para a disposição de resíduos sólidos aterro de São Giácomo. In: MANDELLI, S. M. D. C. et al. (Org.). Tratamento de resíduos sólidos. 1. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 1991. p. 194-196. PESSIN, N.; MANDELLI, S. M. D. C.; SLOMPO, M. Determinação da composição física e das características físico-químicas dos resíduos sólidos domésticos da cidade de Caxias do Sul. In: MANDELLI, S. M. D. C. et al. (Org.). Tratamento de resíduos sólidos. 1. ed. Caxias do Sul: EDUCS, 1991. p. 68-83.

VILHENA, A. Guia da coleta seletiva de lixo. São Paulo: CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem, 1999.