avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos...

74
UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Odontologia HELDER NASCIMENTO DE AZEVEDO AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS ESTABELECENDO UM PROTOCOLO DE PREVENÇÃO ODONTOLÓGICO Á OSTEONECROSE Bragança Paulista 2012

Upload: dinhnhu

Post on 07-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO Curso de Odontologia

HELDER NASCIMENTO DE AZEVEDO

AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS

EM IDOSOS ESTABELECENDO UM PROTOCOLO DE

PREVENÇÃO ODONTOLÓGICO Á OSTEONECROSE

Bragança Paulista

2012

Page 2: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

HELDER NASCIMENTO DE AZEVEDO – RA:001200801293

AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS

EM IDOSOS ESTABELECENDO UM PROTOCOLO DE

PREVENÇÃO ODONTOLÓGICO Á OSTEONECROSE

Monografia apresentada ao Curso de Odontologia da Universidade São Francisco, como requisito parcial para obtenção do título de Cirurgião Dentista. Orientadora Temática: Profª Ms. Silvia Cristina Mazeti Torres. Orientadora Metodológica: Profª Valdinéia Maria Tognetti.

Bragança Paulista

2012

Page 3: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

RESUMO

Os bisfosfonatos constituem um grupo de substâncias com atividade anti-reabsortiva, que inibe a atividade osteoclástica. Estes medicamentos têm assumido um papel predominante no tratamento da osteoporose e das alterações do metabolismo ósseo associadas a neoplasias malignas. Em pacientes usuários crônicos deste medicamento vem sendo descrita uma importante complicação denominada de osteonecrose dos maxilares, provocada, após procedimentos invasivos, cujo tratamento é complexo. Este presente trabalho teve o objetivo de avaliar as condições e situações de risco para a ocorrência da osteonecrose dos maxilares e mandíbula em pacientes idosos da Clínica de Odontologia da Universidade São Francisco de Bragança Paulista - SP e ressaltar a falta de consciência dos CD’s e médicos oncologistas e a falta de informamção com os paciente que fazem ou já fizeram a terapia com os BF’s. Para isto uma pesquisa quantitativa e qualitativa foi realizada, com pacientes acima de 60 anos, usuários crônicos dos bisfosfonatos na Clínica Odontológica da Universidade São Francisco de Bragança Paulista – SP - Brasil. O questionário aplicado buscou investigar os pacientes com osteoporose e que fazem tratamento, a falta de informação destes quanto aos efeitos colaterais do bisfosfonatos. Esta presente pesquisa entrevistou 119 pacientes em tratamento na Clínica Odontológica da USF. Os dados foram tabulados e submetidos à análise e, nesse sentido pode-se verificar que 6,8% dos pacientes afirmaram fazer uso do bifosfonato, sendo 87% destes pacientes desconheciam os efeitos colaterais desta medicação, tendo as demais opções de informação, bula do medicamento e médico responsável. Todavia, apenas 13% destes pacientes receberam informações do seu médico alertando dos efeitos colaterais. É fundamental relatar aos profissionais da saúde que lidam com estes pacientes da importância da avaliação odontológica, pois essas considerações são importantes na intervenção clínica.

Palavra Chave: Osteonecrose. Bisfosfonatos. Prevenção.

Page 4: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

ABSTRACT

Bisphosphonates are a group of substances with anti-reabsortiva activity, which inhibits the osteoclástica activity. These medications have assumed a predominant role in the treatment of osteoporosis and bone metabolism changes associated with malignant neoplasms. In patients chronic users of this medicine has been described a major complication called osteonecrosis of the jaws, caused after invasive procedures, whose treatment is complex. This work has had the goal of assessing the conditions and situations of risk for the occurrence of osteonecrosis of JAWS and jaw in elderly patients of the clinic of Odontology at the University San Francisco de Bragança Paulista-SP and highlight the lack of awareness of CD's and medical oncologists and the lack of informamção with the patient who do or have done the therapy with the BF 's. To this quantitative and qualitative research was conducted with patients above 60 years, chronic users of bisphosphonates in University Dental Clinic San Francisco de Bragança Paulista-SP-Brazil. The applied questionnaire sought to investigate patients with osteoporosis and who make treatment, the lack of information regarding the side effects of bisphosphonates. This present research interviewed clients in treatment in 119 dental clinic of USF. The data was tabulated and subjected to analysis and can verify that 6.8% of patients said that they make use of bisphosphonate, 87% of these patients were not being the side effects of this medication, taking the remaining options, information leaflet and doctor in charge. However, only 13% of these patients received information from your doctor warning of side effects. It is essential to report to health care professionals who deal with these patients the importance of dental evaluation, because these considerations are important in clinical intervention

Keyword: Bisphosphonates. Osteonecrosis. Prevention.

Page 5: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

Dedico a Deus, pela fé, pela proteção, pela vida, por esta oportunidade.

Aos meus pais, que nunca mediram esforços para que eu completasse

essa jornada. São os grandes responsáveis por essa minha

conquista, pois sem o apoio, o carinho, o amor, a

compreensão, o incentivo e a dedicação que

me deram, nada disso seria possível

Page 6: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

Agradecimento

Ao todo criador, Deus, que está acima de todas as coisas deste mundo. Concebendo

sempre os nossos desejos e vontades, mesmo quando de forma oculta.

Ao meu pai Helcio Lopez de Azevedo,

que me ensinou, a ética e o respeito e amor pelo próximo o meu

agradecimento e ainda pelo seu incansável apoio intelectual, emocional e pelo

estímulo que me deu durante todo o curso. Sempre me guiando no caminho certo

que, por conseguinte, me levará ao sucesso.

A minha mãe Walquiria Nascimento de Azevedo,

pela inspiração e orgulho que sinto dela hoje, foi quem me ensinou a

disciplina e a honestidade, teu exemplo de força e perseverança, que me ajuda a

transpor todas as barreiras que surgem ao longo do caminho. E nenhum momento

deixando faltar os sentimentos de amor, proteção e carinho.

A minha orientadora Profª Ms. Silvia Cristina Mazeti Torres.

por todo o apoio, amizade disponibilidade, incentivo e carinho demonstrado

ao longo deste período de trabalho, o meu mais sincero agradecimento pela sua

orientação exemplar. Por acreditar e me convencer de que era possível atingirmos

nossas metas.

A professora da disciplina de TCC, Profª. Valdinéia Maria Tognetti

que abraçou a carreira docente, conquistou seus alunos e conseguiu

transmitir para todos, a disciplina “Trabalho de Conclusão de Curso”, de forma clara.

Page 7: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

Aos professores do Curso de Graduação em Odontologia da USF

que foram responsáveis pelo meu crescimento pessoal, habilidade e

conhecimento dentro da carreira que optei em seguir em minha vida em especial tenho um

grande admiração, respeito e gratidão aos professores.

Altamiro Yutaka Fujino, Alvaro Yukio Ueta, Cristiane Franco Pinto, Ewerton Garcia de

Oliveira Mima, Hiroshi Furukawa, Leonardo Caldas Vieira, Luiz Alexandre Thomaz, Marcelo

Zillo Martini, Miguel Simão Haddad Filho, Murilo Fernando Neuppmann Feres, Nelsa Akemi

Ishimoto, Silvia Cristina Mazeti Torres e Valdinéia Maria Tognetti.

Devo destacar, os professores que convivi esse último semestre,

que me auxiliaram no aprendizado, que confiaram em mim e me ofereçam

muitas oportunidades de crescimento pessoal e profissional,

Cristiane Franco Pinto, Leonardo Caldas Vieira, Miguel Simão Haddad Filho e Silvia

Cristina Mazeti Torres.

À todos os meus professores, futuros colegas e acima de tudo amigos, pois eles

fizeram com que eu persistisse e chegasse até onde cheguei. Muito obrigado.

Aos professores integrantes da banca examinadora,

por dedicarem o seu tempo e emprestarem seus conhecimentos para à

análise deste trabalho.

. Aos colegas de turma,

pelo convívio, pelas parcerias, trocas de experiência e amizade, ao longo dos

anos em que passamos juntos.

Aos meus grandes amigos,

pela companhia e amizade eterna, onde, sempre juntos, conciliamos horas de estudo e diversão.

Aos pacientes,

que são atendidos na Faculdade, os quais contribuíram para o

enriquecimento dos nossos conhecimentos.

Page 8: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

Aos funcionários da Clínica Odontológica,

pela atenção, disponibilidade e amizade, que nos auxiliou desda da limpeza e

organização das clínicas, auxiliou na distribuição de material de consumo,

esterilização até o agendamento dos pacientes.

Page 9: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

“É melhor prevenir do que remediar” Provérbio brasileiro

Page 10: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Estruturas químicas do ácido pirofosfórico e do bifosfonato..............................17

Figura 2- Estrutura química dos bisfosfonatos, demonstrando que a estrutura básica

alterará a atividade biológica e o poder do fármaco..........................................................18

Figura 3 - Modelo patobiológico para o desenvolvimento da osteonecrose associada a

bisfosfonatos.......................................................................................................................28

Figura 4: Presença de úlcera com exposição óssea em rebordo alveolar posterior

esquerdo em mandíbula.....................................................................................................32

Figura 5: Área radiolúcida difusa e com áreas mostrando fratura em região posterior da

mandíbula do lado esquerdo..............................................................................................33

Figura 6: Aspecto tomográfico evidenciando a fratura patológica em mandíbula do lado

esquerdo.............................................................................................................................34

Page 11: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

LISTA DE TABELAS LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1: Total de pacientes entrevistados com relação ao uso de

bisfosfonato.......................................................................................................................50

GRÁFICO 2: Incidência da Osteonecrose divididos de acordo com o gênero e em relação

ao uso dos bisfosfonatos...................................................................................................51

GRÁFICO 3: Análise do conhecimento do paciente quanto aos efeitos colaterais dos

medicamentos a base de BF's...........................................................................................51

GRÁFICO 4: Distribuição dos tipos de bisfosfonatos relatados pelos pacientes e sua

relação com a informação dos efeitos colaterais..............................................................52

GRAFICO 5: Tempo de uso dos bisfosfonatos distribuído entre os 8 pacientes da

pesquisa..............................................................................................................................53

GRÁFICO 6 – Distribuição dos pacientes usuários de prótese de acordo com o tipo

utilizado...............................................................................................................................53

GRÁFICO 7: Pacientes que utilizam o BF’s para tratamento da osteoporose, associado a

fatores de risco que pode desencadear a osteonecrose....................................................54

GRÁFICO 8: Relato dos pacientes quanto aos hábitos alimentares e vício do tabaco......55

Page 12: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – Relação dos medicamentos bisfosfonatos e sua via de

administração.........................................................................................................................20

TABELA 2 – Bisfosfonatos frequentemente utilizados (vias de administração, dosagem,

indicações e potências relativas associadas à presença da cadeia R2

nitrogenadas)..........................................................................................................................22

TABELA 3 – Fatores de risco relacionados com osteonecrose associado aos

bisfosfonatos...........................................................................................................................36

TABELA 4 – Classificação dos doentes de acordo com o risco de desenvolverem

osteonecrose e medidas terapêuticas a instituir de acordo com esse

risco........................................................................................................................................40

Page 13: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BF’s – Bisfosfonatos CD’s – Cirurgiões dentistas

PRP – Plasma rico em plaquetas

ONMAB – Osteonecrose da maxila associado ao bifosfonato

ON - Osteonecrose

OMIB - Osteonecrose dos maxilares induzida por bifosfonato

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PT – Prótese Total

FDA – Food and Drug Administration

PPR – Prótese Parcial Removível

PPF – Prótese Parcial Fixa

OAB – Osteonecrose associada ao bifosfonato

OMS – Organização Mundial da Saúde

MEEM - Mini Exame do Estado Mental

SUS – Sistema Único de Saúde

USF – Universidade São Francisco

Page 14: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14

2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................. 16

2.1 Bifosfonato....................................................................................................... 16

2.1.1 Mecanismo de Ação..................................................................................... 16

2.1.2 Via de Administração.................................................................................... 19

2.1.3 Indicações Terapêuticas............................................................................... 21

2.1.4 Medicamentos Alternativos para Osteoporose............................................. 23

2.2 Osteonecrose.................................................................................................. 25

2.2.1 História e Diagnóstico................................................................................... 25

2.2.2 Mecanismo Etiopatogênico.......................................................................... 27

2.2.3 Epidemiologia da Osteonecrose................................................................... 29

2.3 Diagnóstico Diferencial.................................................................................... 30

2.4 Aspecto Clínico................................................................................................ 31

2.5 Aspecto Imaginológico.................................................................................... 32

2.6 Características Histológicas............................................................................ 34

2.7 Fatores de Risco............................................................................................. 35

2.8 Tratamento da Osteonecrose.......................................................................... 37

2.9 Tratamentos Alternativos................................................................................. 42

2.10 Interrupção do uso do Bifosfonato................................................................. 43

2.11 Conscientizar o paciente, cirurgião dentista e oncologista................................ 44

2.12 Ausência de informações nas Bulas dos Medicamentos a base

de bifosfonato............................................................................................................

45

2.13 Protocolo de Conduta Preventivo...................................................................... 46

3. MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................... 49

4. RESULTADOS...................................................................................................... 50

5. DISCUSSÃO.......................................................................................................... 56

6. CONCLUSÃO........................................................................................................ 62

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 63

ANEXOS................................................................................................................... 68

Page 15: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

14

1 INTRODUÇÃO

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo

2000, os idosos são hoje 14,5 milhões de pessoas, o que equivale a 8,6% da população

total do Brasil.

Segundo classificação do IBGE são consideradas pessoas idosas todas aquelas com

60 anos ou mais, mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da Saúde

(OMS) para os países em desenvolvimento.

Os bisfosfonatos (BF’s) constituem um grupo de substâncias farmacológicas

sintéticas análogas ao pirofosfato inorgânico, com grande afinidade com o cálcio.

Desaparecem rapidamente do sistema circulatório, pois são aderidos a matriz óssea

mineralizada do nosso organismo. Durante a reabsorção óssea, os bisfosfonatos são

libertados a partir do osso e podem ser reincorporados em osso recém-formado,

ocasionando perda da capacidade do osteoclasto em reabsorver osso, atividade anti-

reabsortiva, inibindo a atividade osteoclástica.

Os bisfosfonatos têm-se mostrado eficazes na redução da dor da metástase óssea

do câncer da mama, da incidência de novas metástases, fraturas patológicas, compressão

da medula, desenvolvimento e progressão de dor óssea, bem como da necessidade de

irradiação ou cirurgia óssea em mulheres com câncer da mama avançado e com evidência

clínica de metástases.

Desde 1996 os bisfosfonatos têm assumido um papel predominante no tratamento

da osteoporose e das alterações do metabolismo ósseo associadas a neoplasias. Devido ao

fato de não serem metabolizado no organismo, a sua concentração a nível ósseo é mantida

por um longo tempo (RUGGIERO et al., 2004).

Em 2003, segundo Martin (2009), foram descritos os primeiros casos de

osteonecrose dos maxilares associada aos bisfosfonatos, que é uma condição irreversível

na qual o tecido ósseo não sofre remodelação e necrosa. A osteonecrose pode ser isolada

ou em associação com uma infecção da cavidade oral, trauma ou quimioterapia sistêmica.

Preferencialmente os cirurgiões dentistas, endocrinologistas e oncologistas deveriam

adotar uma conduta preventiva, antes do tratamento com bisfosfonatos. O paciente deveria

passar por um exame completo da cavidade bucal, se necessário, realizar todos os

Page 16: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

15

procedimentos invasivos, como exodontias, cirurgias periodontais, colocação de implantes e

uma boa saúde oral deveria ser alcançada.

Caso seja necessária a realização desses procedimentos invasivos, o início da

terapia deveria ser adiado pelo menos um mês para permitir a cicatrização óssea adequada

com auxilio de uma antibioticoterapia.

Considerando-se a dificuldade do manejo de pacientes que fazem uso do bifosfonato

e a importância da osteonecrose dos maxilares e da mandíbula, o desenvolvimento de um

protocolo de conduta preventivo e terapêutico para estes pacientes é de extrema

importância.

O presente trabalho teve o objetivo de avaliar as condições e situações de risco para

a ocorrência da osteonecrose dos maxilares e mandíbula em pacientes idosos da Clínica de

Odontologia da Universidade São Francisco e ressaltar a falta de consciência dos CD’s e

médicos oncologistas da falta de informação dos paciente que fazem ou já fizeram a terapia

com os BF’s.

Esclarecimentos à população e aos profissionais de saúde inclusive os cirurgiões-

dentistas devem ser realizados, já que as extrações dentárias, comuns em países em

desenvolvimento como o Brasil, são condições de risco ao desenvolvimento desta patologia.

Ademais, é fundamental conscientizar e informar profissionais da saúde que lidam

com estes pacientes da importância da avaliação odontológica.

Page 17: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

16

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Bifosfonatos

A síntese pioneira ocorreu em 1865 na Alemanha, por Menschutkin. As primeiras

utilizações dos pirofosfatos e bisfosfonatos foram industriais, como anticorrosivos,

emolientese preventivos da deposição de carbonato de cálcio em encanamentos. Depois,

comprovou-se que eram efetivos no controle da formação e dissolução do fosfato de cálcio,

bem como na mineralização e reabsorção óssea, iniciando-se sua utilização terapêutica. Em

1960, foi descrito, pela primeira vez na literatura, que os BF’s podiam inibir a reabsorção

óssea (CASTRO; FERREIRA, A.; FERREIRA, E., 2004).

Após três décadas de pesquisas, os bisfosfonatos tornaram-se indispensáveis no

tratamento de doenças ósseas benignas e malignas (BERRUTI et al., 2001).

Desde 1996 os bisfosfonatos têm assumido um papel predominante no tratamento

da osteoporose e das alterações do metabolismo ósseo associadas a neoplasias. Com

efeito, desde a sua introdução no mercado, têm sido fármacos de eleição na terapêutica de

patologias como o mieloma múltiplo e prevenção e terapêutica de metástases ósseas

associadas entre outros a tumores sólidos como o carcinoma da mama, o carcinoma da

próstata, o carcinoma do pulmão (BILEZIKIAN, 2006).

O uso dos bisfosfonatos aliviava dores e reduzia a atividade de lesões ósseas com

atividade lítica e a ocorrência de fraturas ósseas, levando a uma melhora na qualidade de

vida dos pacientes. (ROSEN et al, 2001).

2.1.1 Mecanismo de Ação

No esqueleto humano há de 1 a 3 milhões de pontos de reabsorção com unidades

osteorremodeladoras ativas. Nestes pontos, alternam-se momentos de reabsorção com

outros de neoformação óssea, promovendo a renovação do esqueleto em um espaço de

Page 18: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

17

tempo que varia de 2 a 10 anos, conforme o local do corpo, faixa etária dos pacientes e

outros fatores condicionantes, como o estilo de vida, gênero e outros (CASTRO;

FERREIRA, A.; FERREIRA, E., 2004).

O tecido ósseo adulto é caracterizado pela presença de fosfato e cálcio, na forma de

cristais de hidroxiapatita, que incorpora em sua estrutura outros íons e sais, sendo o

principal componente mineral constituinte do osso e o elemento essencial responsável pela

função de apoio mecânico (CASTRO; FERREIRA, A.; FERREIRA, E., 2004).

Os bisfosfonatos são análogos químicos de uma substância endógena denominada

ácido pirofosfórico que, no organismo, se encontra sob a forma de pirofosfato. Este

composto é um inibidor natural da reabsorção óssea. No entanto, essa substância não pode

ser utilizada como agente terapêutico no tratamento de doenças ósseas, pois sofre uma

rápida hidrólise enzimática. Os bisfosfonatos são seus análogos sintéticos, onde o átomo

central de oxigênio é substituído por um de carbono (Figura 1). Essa modificação faz com

que os bisfosfonatos sejam mais resistentes à degradação enzimática e possuam uma semi-

vida biológica maior e, assim, uma capacidade suficiente para influenciar o metabolismo

ósseo (DANNEMANN; ZWAHLEN; GRATZ, 2006).

Figura 1: Estrutura química do bifosfonato e pirofosfato Fonte: Castro et al. (2004)

A internalização da droga pelos osteoclastos altera o tráfego vesicular, levando a

diminuição da apoptose (Ficarra et al. 2005) e hipercalcemia reduzindo desta forma

episódios de dor, fraturas e a necessidade de radiação no tratamento oncológico

melhorando a qualidade de vida dos pacientes (SAAD; CLARKE; COLOMBEL, 2006).

Os BF’s afetam o remodelamento ósseo em vários níveis, apesar dos mecanismos

exatos ainda não terem sido completamente elucidados (RODAN; FLEISCH, 1996).

Page 19: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

18

No nível tecidual, os BF’s inibem a reabsorção óssea, diminuindo o remodelamento

ósseo, podendo alterar o grau de formação óssea. No nível celular, os BF’s alteram os

osteoclastos inibindo sua função de várias maneiras, tais como: inibição do recrutamento e

diminuição do tempo de vida dos osteoclastos e inibição da atividade osteoclástica na

superfície óssea (HUGHES et al., 1995).

A análise entre a estrutura do bifosfonato e a potência antirreabsortiva sugere que

essa característica depende de duas propriedades da sua molécula. Os dois grupos

fosfonatos juntamente com o grupo hidroxila (OH) da cadeia lateral R1 conferem alta

afinidade ao mineral ósseo e agem como um “gancho” nos ossos, o que permite

direcionamento eficiente e rápido dos BF’s no osso. Uma vez localizado no osso, a estrutura

e a conformação tridimensional da cadeia lateral R2 (Figura 2) determinam a atividade

biológica da molécula e influenciam na capacidade dos fármacos de interagir com alvos

específicos (CASTRO; FERREIRA, A.; FERREIRA, E., 2004).

Figura 2 - Estrutura química dos bisfosfonatos, demonstrando que a estrutura básica alterará a atividade biológica e o poder do fármaco.

Fonte: Migliorati, Siegel,Elting. (2006).

Os BFs são divididos em dois grupos: a primeira geração, como o etidronato, que

tem sido usado há mais de 30 anos, este grupo possui um lado da cadeia com um carbono

central com fracas ações na reabsorção óssea. A segunda geração corresponde aos

bisfosfonatos nitrogenados - aminobifosfonatos - como o pamidronato e o alendronato, que

possui um lado alifático adicional da cadeia que contem um átomo de hidrogênio. O

zoledronato corresponde ao mais potente da segunda geração, com 2 átomos de nitrogênio,

aumentando sua eficácia (BOONYAPAKORN et al., 2008).

Page 20: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

19

Essas drogas são divididas em duas classes: bifosfonatos nitrogenados e não

nitrogenados. Os bifosfonatos não nitrogenados atuam competindo com a adenosina

trifosfato nos osteoclastos e ativando o processo de apoptose dessas células. Por ser

rapidamente metabolizado, seu potencial de ação é reduzido. Os bisfosfonatos

nitrogenados, por sua vez, além de induzir o processo de apoptose, inibem a ação da

farnesil difosfato sintase, uma enzima necessária à síntese de lipídios isoprenólicos,

interrompendo a cadeia de ligações proteicas necessárias para a função osteoclástica. Por

apresentarem nitrogênio em sua estrutura molecular, essas drogas não são metabolizadas e

se acumulam no tecido ósseo agindo por longos períodos; portanto, são mais potentes que

os compostos não nitrogenados (BELL, B.M.; BELL, R.E. 2008).

Os BF’s que contêm um átomo de nitrogênio primário em uma cadeia alquílica

(pamidronato e alendronato) podem ser de 10 a 100 vezes mais potentes que o etidronato e

o clodronato, enquanto os derivados destes compostos que contêm um nitrogênio terciário

(ibandronato e olpadronato) são, geralmente, mais potentes em inibir a reabsorção óssea,

(RUSSELL et al., 1999).

Entre os BF’s mais potentes que inibem a reabsorção óssea estão aqueles contendo

o átomo de nitrogênio em um anel heterocíclico (risedronato e zoledronato), (RUSSELL et

al., 1999).

2.1.2 Via de Administraçâo

A decisão do clínico, em relação à via de administração do bifosfonato, depende do

tipo de doença a ser tratada (SARIN; DEROSSI, 2008).

De acordo com a sua indicação, essas drogas podem ser administradas por via oral,

principalmente quando prescritas para o tratamento de osteoporose, ou por via endovenosa

em pacientes oncológicos sob tratamento quimioterápico (Tabela 1) (WESSEL; DODSON;

ZAVRAS, 2008; SENEL et al., 2007).

Page 21: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

20

TABELA 1 – Relação dos medicamentos bisfosfonatos e sua via de administração.

Drogas Categoria Administração Nome Comercial

Laboratório

Pamidronato Nitrogenado Via Endovenosa Aredia Novartis

Zoledronato Nitrogenado Via Endovenosa Zometa Novartis

Alendronato Nitrogenado Via Oral Fosamax Merck

Residronato Nitrogenado Via Oral Actonel Procter&Gamber

Etidronato Ñ Nitrogenado Via Oral Didronel Procter&Gamber

Clodronato Ñ Nitrogenado Via Oral Bonefos Anthra

Tiludronato Ñ Nitrogenado Via Oral Skelid Sanofr Aventis

Fonte: Ferrari, S. et al. (2008).

Os BF’s denominados de endovenosos são os utilizados em pacientes oncológicos e

os de uso oral para tratamento de outras doenças que ocasionam lise óssea, dentre elas a

osteoporose. Os endovenosos incluem o pamidronato (Aredia), um bifosfonato de segunda

geração e o ácido zoledrônico (Zometa), o mais potente bifosfonato de uso clínico, de última

geração. Em comparação com o pamidronato, o ácido zoledrônico é significantemente mais

efetivo no controle da hipercalcemia maligna e na redução do número de eventos

relacionados às complicações ósseas (BERENSON et al., 2002),

O fármaco, quando administrado por via oral, sofre pouca absorção, sendo esta

ainda afetada pela alimentação, particularmente pelo leite. Uma vez livre no plasma, é

excretado, em sua forma inalterada, pelo rim (RANG et al., 2004).

A via de administração também é importante, pois a via endovenosa tem uma

absorção mais acelerada, estando o fármaco muito mais rapidamente disponível para se

depositar no osso e ter ação farmacológica (FERNANDES C.; LEITE; LANÇAS, 2005).

Os bisfosfonatos orais, como potentes inibidores dos osteoclastos, estão

particularmente indicados para o tratamento da osteoporose e Doença de Paget, sendo

menos eficientes no tratamento de metástases ósseas associados a doenças malignas. Por

outro lado, os bisfosfonatos intra-venosos estão indicados em doentes com cancro da

mama, com metástases ósseas, miéloma múltiplo, hipercalcemia maligna e metástases

ósseas de tumores sólidos (FERNANDEZ, N.P.; FERSCO; URIZAR, 2006).

No caso dos bisfosfonatos orais, os efeitos digestivos mais frequentemente relatados

são úlceras gástricas, esofagites e osteomalacia (VERA et al., 2007).

Page 22: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

21

Os efeitos adversos gerais dos bisfosfonatos intravenosos são similares aos orais,

tendo sido também descritos alguns casos de flebites. Há também casos de frebrículas e

síndromes pseudogripais, fadiga, anemia, debilidade, edemas (VERA et al., 2007).

Os bisfosfonatos, independentemente da sua forma de administração, por via

endovenosa (pamidronato e zoledronato) ou por via oral (mesmo os de baixa toxicidade –

alendronato), ligam-se aos cristais minerais da superfície óssea (NASE; SUZUKI, 2006).

Bisfosfonatos são administrados por via oral ou intravenosa. Em condições ideais,

cerca de 1% da dose administrada por via oral é absorvida. Até 50% da dose absorvida ou

administrado por via intravenosa é rapidamente retomado pelo esqueleto. O restante da

droga sofre excreção renal sem metabolismo. Bisfosfonatos têm uma meia-vida longa

residual (anos) no tecido ósseo. A droga retida no esqueleto tem relativamente pouco efeito

desde aquela droga é enterrada por osso recentemente formado e isolada de osteoclastos

(RODAN; FLEISCH, 1996).

Todos os BF’s possuem propriedades fisico-químicas e farmacocinéticas similares.

Geralmente esses compostos são fracamente absorvidos a partir do trato gastrointestinal

por serem pouco lipofílicos. Os BF’s circulantes desaparecem rapidamente do plasma e

aproximadamente a metade é capturada pelo osso, sendo o restante excretado sem

modificações pelos rins. Essa classe de drogas não é metabolizada pelo fígado (BERRUTI

et al., 2001).

2.1.3 Indicações Terapêuticas

No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza os bisfosfonatos para o

tratamento da osteogênese imperfeita obtendo resultados favoráveis devido à diminuição de

fraturas ósseas (AAOMS, 2007).

Atualmente, há nove BF’s aprovados para o uso clínico pela FDA, como ilustrado na

(Tabela 2). Esses medicamentos são formulados por rotas de ministração intravenosa e

oral, mas é difícil compará-los porque cada um possui características físico-químicas e

biológicas distintas (SARIN; DEROSSI, 2008).

Page 23: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

22

TABELA 2 – Bisfosfonatos frequentemente utilizados (vias de administração, dosagem, indicações e potências relativas associadas à presença da cadeia R2 nitrogenadas).

Genérico Comercial

Nitro VIA Indicação Dose Potencia

Etidronato Didronei Não IV Paget 5mg/kg, 400mg/dia

1 x

Tiludronato Skelid Não O Neoplasia 400mg/dia 10 x

Clodronato Dissódico

Bonefos Não IV/OV 300mg/dia-IV

10 x

Pamidronato Aredia Sim IV Paget/Neoplasia

60mg 100 x

Fosamex

Alendil

Revalfe

Endrox P/ osteoporos

e

Cleveron 70mg/semana

Osteoral 10mg/dia

Alendronato Osteoform

Sim VO Osteoporose

500 x

Osteonan

Paget P/ Paget

Osteotrat

40mg/dia 6 meses

Osteofar

Bonalen

Minusorb

Ibandronato Bodronat bovina

Sim IV/VO Osteoporose

150mg/mês 1000x

Residronato Actonei Sim VO Osteoporose

35mg/sem 5mg/dia

2000 x

Zolendronato Zometa aciasta

Sim IV Paget/Neoplasia

5mg/dose única

1000 x

Nit= Bisfosfonato Nitrogenado IV= Intravenosa * Potencia relativa ao Etidronat

Fonte: R. Periodontia – v.17 n.3, p.24-30.

Page 24: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

23

Nas metástases ósseas associadas ao câncer de mama e próstata, os bisfosfonatos

reduzem a dor, a incidência de novas metástases, a ocorrência de fraturas patológicas e o

risco de hipercalcemia (VASCONCELLOS; DUARTE; MAIA, 2004).

Na osteoporose os bisfosfonatos reduzem a reabsorção óssea de maneira dose-

dependente, principalmente ao inibirem o recrutamento e promoverem a apoptose dos

osteoclastos, além de estimularem a atividade osteoblástica (RANG et al., 2004).

Na Doença de Paget, para aumentar a morfologia óssea e reduzir a dor (VERA et al.,

2007).

Algumas revisões sistemáticas têm demonstrado que o uso em pacientes portadores

de mieloma múltiplo reduz a freqüência de fraturas vertebrais (HOMIK, et al., 2004).

Combater a osteólise na hipercalcemia maligna é fundamental, e os bisfosfonatos

são os medicamentos mais eficientes para esse fim, pelo seu reconhecido efeito apoptótico

e antiproliferativo sobre os osteoclastos (STEWART, 2005).

O medicamento mostrou-se eficaz, também, na prevenção e no tratamento da perda

óssea mineral da coluna vertebral lombar induzida pelo uso crônico de corticosteróide

(DJULBEGOVIC, et al., 2004).

Dentre as drogas pertencentes a essa classe destacam-se o pamidronato e o ácido

zoledrônico, sendo o último considerado como droga de escolha devido a sua maior rapidez

de infusão e melhores resultados em relação a eventos esqueléticos indesejáveis

(WISINTAINER; AMORIN; MIELE, 2007).

2.1.4 Medicamentos Alternativos para Osteoporose

Protos® (Ranelato de estrôncio 2g) está disponível no mercado brasileiro desde

26/12/2005 na forma de saches de 4,0g. É apresentado na forma de um pó granulado de

coloração amarela para suspensão num copo de água. É um medicamento já

exaustivamente investigado, com acompanhamento de pacientes por mais de oito anos.

Devido ao seu inovador e exclusivo mecanismo de ação, Brennan et al. (2009), relatam que

a dupla ação no metabolismo ósseo, favorece a formação do osso e reduz a absorção

óssea, reduzindo o risco de fraturas vertebrais e do quadril em mulheres pós-menopausa. O

tratamento altamente eficaz numa gama variada de perfis de pacientes com osteoporose.

Page 25: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

24

Estudos mais recentes, utilizando tecnologia, sugeriram que o ranelato de estrôncio

age mais rapidamente e é mais eficaz na formação de osso novo cortical e trabecular do

que o alendronato, além de não desencadear a osteonecrose espontânea ou associada

algum trauma na cavidade oral (BRENNAN et al., 2009),

Num pequeno estudo, o ibandronato, outro bifosfonato muito potente, não se

associou à osteonecrose (BAMIAS et al., 2007).

O Bonviva® (ibandronato de sódio) é um bifosfonato de terceira geração altamente

potente, pertencente ao grupo dos bisfosfonatos nitrogenados, que age sobre o tecido ósseo

inibindo especificamente a atividade osteoclástica, sem interferir com o recrutamento de

osteoclastos. A ação seletiva do ibandronato de sódio sobre o tecido ósseo baseia-se na

elevada afinidade desse composto pela hidroxiapatita, que representa a matriz mineral do

osso. O ibandronato de sódio reduz a reabsorção óssea sem nenhum efeito direto sobre a

formação óssea. Em mulheres pós-menopáusicas, reduz a taxa elevada de remodelamento

ósseo para os níveis de pré-menopausa, levando a ganho progressivo de massa óssea

(MILLER et al., 2005).

Page 26: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

25

2.1 Osteonecrose

2.2.1 História da Osteonecrose e Diagnóstico

A Osteonecrose dos maxilares induzida por bifosfonato (OMIB) é uma condição nova

e relativamente desconhecida, descrita pela primeira vez por Marx e Stern, em 2002

(MIGLIORATI; SIEGEL; ELTING, 2006; WANG; GOODGER; POGREL, 2003).

Esta complicação é caracterizada pela exposição de osso da maxila ou mandíbula,

persistindo por mais de oito semanas em um paciente que é atualmente, ou já foi, submetido

a algum tipo de tratamento com bifosfonato. Clinicamente essa doença se apresenta como

exposição do osso alveolar, a qual pode ocorrer espontaneamente ou devido a um

procedimento cirúrgico invasivo, como, exodontia, cirurgia periodontal ou cirurgia de

implante dental, porém pode-se citar também como fator predisponente ao desenvolvimento

dessa doença, trauma oral, infecção, além da má higiene oral (KOS et al., 2010).

A osteonecrose tem recebido diversas sinonímias. Termos como necrose avascular

dos maxilares, maxilar bifosfatado, osteonecrose por bifosfonato e osteoquimionecrose por

bisfosfonatos têm sido usados na literatura. Apesar de haver alguns estudos sobre

osteonecrose causada por esteroides, esta forma é diferente da osteonecrose por

bisfosfonatos, no sentido de que a osteonecrose induzida por esteroides não causa

exposição óssea (GUTTA; LOUIS, 2007).

Filleul, Crompot e Saussez (2010) realizaram uma revisão de todos os casos

descritos na literatura de janeiro de 2003 (ano do primeiro relato) a setembro de 2009,

avaliando-se, para cada caso, as informações de relevância clínica, como o diagnóstico

primário e o tipo de tratamento. Encontraram 2.408 casos, 88% dos quais estavam

associados à terapia intravenosa de bisfosfonatos, sendo o zoledronato o mais usado. 89%

do total dos casos estavam associados ao tratamento de uma condição de malignidade,

particularmente o mieloma múltiplo, este em 43% dos casos. De todos os casos de

osteonecrose induzida por bisfosfonatos, 67% ocorreram após uma extração dental e

apenas 35% dos pacientes foram curados. Segundo os autores, a prevenção é melhor que o

tratamento, devendo-se priorizar o estabelecimento de uma meticulosa higiene oral e a

Page 27: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

26

realização, se necessário, de procedimentos cirúrgicos antes do inicio do tratamento com

bisfosfonatos.

As modificações da vascularização inerentes à ONB explicam, em parte, por que a

mandíbula é mais afetada do que a maxila, uma vez que a primeira possui anatomicamente

menos vascularização que a segunda. Os ossos gnáticos, assim, em especial a mandíbula,

seriam locais de eleição para a ONB porque são os únicos ossos suscetíveis à

microtraumatismos constantes em função da presença dos dentes, o que estimula a

remodelação ósseo constante. Os dentes, por sua vez, constituem porta de entrada de

micro-organismos patogênicos via endodôntica ou periodontal, o que facilita a instalação de

focos infecciosos e inflamatórios cujo reparo é prejudicado pelos BF’s (KUMAR et al., 2008).

Atualmente, algumas teorias têm sido levantadas para explicar a osteonecrose

associada ao BF’s. Tem sido proposto que os ossos da maxila e da mandíbula possuem alta

suscetibilidade à osteonecrose por diversos fatores (MARX et al., 2005).

Primeiramente, BF’s se acumulam quase exclusivamente em locais esqueléticos que

possuem alta atividade de remodelação óssea, como a maxila e mandíbula. A segunda

hipótese explica que a mucosa oral fina pode ser facilmente traumatizada durante

procedimentos cirúrgicos, permitindo o desenvolvimento da osteonecrose (KUMAR et al.,

2008).

A osteonecrose foi definida como exposição óssea espontânea ou feridas não

cicatrizantes de extrações dentárias que podem ou não envolver infecção, fistulação ou

fratura (CLARKE et al., 2007).

A presença dessas lesões complica o manejo oncológico, nutricional e bucal dos

pacientes afetados (MIGLIORATI et al., 2005).

Segundo Bamias e cols. (2007), a osteonecrose é referida como a necrose do osso,

como resultado de um ineficaz suprimento sanguíneo das áreas afetadas, o que pode

aparecer após o início do tratamento com bisfosfonatos (4 meses), como pode se revelar seis

anos após o início do mesmo.

Esta doença é manifestada somente nos ossos maxilares e na mandíbula, até hoje

não foi reportada em nenhum outro local do esqueleto humano (MARX et al., 2005).

Os fatores de risco que influenciam no desenvolvimento da osteonecrose estão

relacionados com o tipo de BF’s, duração da terapia, fatores agressores locais,

demográficos e sistêmicos, dentre outros (AAOMS, 2007).

Page 28: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

27

2.2.2 Mecanismo Etiopatogênico

O mecanismo etiopatogênico que induz a osteonecrose dos maxilares associada ao

tratamento com bisfosfonatos é desconhecida (ODVINA, et al., 2005).

Acredita-se que a ONMAB resulte de uma interligação entre metabolismo ósseo

alterado pelos bisfosfonatos, trauma local, aumento da necessidade de reparo ósseo,

infecção e hipovascularização (RUGGIERO, 2009).

A remodelação óssea é uma função fisiológica que ocorre nos ossos normais. O

osso é removido e substituído por tecido ósseo recém-formado. Esta função ocorre no

interior de pequenos compartimentos denominados “Unidades Multicelulares Ósseas”

(FERNANDES C. et al., 2005).

Estas unidades são compostas por osteoblastos (células de pré-produção óssea),

osteoclastos (células de reabsorção óssea) e vasos sanguíneos. Os bisfosfonatos unem-se

ao osso e incorporam-se na matriz óssea. Durante a remodelação óssea, o fármaco é

absorvido pelos osteoclastos e incorporado no citoplasma celular, onde inibe a função

osteoclástica, induzindo a morte celular (GRIPPO, 1992).

Segundo Hewitt; Farah, (2007), a necrose óssea seria o resultado da incapacidade

do tecido ósseo afetado em reparar e se remodelar frente a quadros inflamatórios

desencadeados por estresse mecânico (mastigação), exodontias, irritações por próteses ou

infecção dental e periodontal. Em alguns casos de pacientes a tomar bisfosfonatos, o osso é

incapaz de responder a esse aumento de necessidades, devido não só a sua reduzida

capacidade de remodelação e regeneração, mas também devido à hipovascularidade, o que

resulta numa osteonecrose.

Outros fatores podem estar igualmente implicados, mas a extensão da sua influência

ainda tem de ser determinada. Podem ser fatores sistêmicos, tais como a presença de

diabetes mellitus, a extensão do tumor e o estágio da doença; a extensão do envolvimento

esquelético; a saúde sistêmica geral do paciente; o grau de imunossupressão; a história do

paciente no que diz respeito ao transplante de células estaminais; e o uso anterior e atual do

paciente de outras medicações, tais como agentes quimioterapêuticos ou corticosteroides.

Além disso, os pacientes como mieloma múltiplo são tratados com outros agentes

antiangiogênicos (ABDALLA; MAHALLAWY; DAVIDSON, 2002).

Page 29: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

28

A necessidade de reparação e remodelação sofre um grande aumento quando existe

uma infecção no maxilar ou na mandíbula e/ou quando há uma extração. Em alguns casos

de pacientes a tomar bisfosfonatos, o osso é incapaz de responder a esse aumento de

necessidades, devido não só à sua reduzida capacidade de remodelação a regeneração,

mas também devido à hipovascularidade, o que resulta numa osteonecrose. Assim sendo, a

OAB resultam de uma complexa interação entre metabolismo ósseo, trauma local, uma

necessidade acrescida de reparação óssea, infecção e hipovascularização (ABDALLA

ABDALLA; MAHALLAWY; DAVIDSON, 2002) (Figura 3).

FIGURA 3 - Modelo patobiológico para o desenvolvimento da osteonecrose associada a bisfosfonatos. Fonte: (MIGLIORATI et al., 2005).

Os bisfosfonatos, isoladamente ou em associação com uma infecção da cavidade

oral, trauma ou quimioterapia sistêmica podem provocar a necrose das células e morte

celular. Na fase inicial da osteonecrose não se detecta manifestações radiográficas e nem

sintomáticas, porem, pode desenvolver dor intensa, logo o osso pode infectar. A sequência

de acontecimentos seria a diminuição da reabsorção óssea e a diminuição da ativação das

unidades multicelulares dos ossos, o que levaria a uma menor atividade óssea e a um

redução do fluxo sanguíneo. Nesta situação, a remodelação óssea fica seriamente

Page 30: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

29

comprometida. Todas estas situações combinadas predisporiam os ossos dos

maxilares/mandíbula à osteonecrose (Figura 3) (MIGLIORATI, SIEGEL, ELTING, 2006).

2.2.3 Epidemiologia da Osteonecrose

Segundo Marx et al. (2005), a incidência real da osteonecrose dos maxilares

associada aos bisfosfonatos não é verdadeiramente conhecida e é muito difícil de determi-

nar, uma vez que a utilização dos bisfosfonatos e feita por milhões de pessoas, e a

osteonecrose dos maxilares é uma reação adversa muito recentemente descrita e

frequentemente não reconhecida.

Marx et al. (2005) relataram uma das maiores séries de casos publicada, que

descreveram 119 casos de osteonecrose dos maxilares associada aos bisfosfonatos. A

maioria dos doentes recebia tratamento oncológico, sendo, para o mieloma múltiplo (52,1%),

cancro da mama (42%) e cancro da próstata metastáticos (3,4%). Apenas uma pequena

minoria recebia tratamento para a osteoporose (2,5%). Relativamente ao bifosfonato

utilizado 26% recebiam pamidronato IV, 40,3% zoledronato IV, 30,2% pamidronato IV e

alteraram para zoledronato IV e apenas 2,5% alendronato oral. Praticamente todos os

doentes apresentavam comorbilidades médicas e 59,7% estavam medicados com

corticosteróides. A mandíbula foi o local mais afetado (68,1%) e poucos doentes

apresentaram lesões em ambos os maxilares (4,2%). Apenas 25,2% dos casos surgiram

espontaneamente, tendo a maioria sido precipitados por uma cirúrgica dento-alveolar

(46,2%) ou doença periodontal significativa (28,6%).

Carlson; Basile, (2009) examinaram o sucesso da ressecção do osso necrótico na

mandíbula e na maxila de pacientes com osteonecrose dos maxilares induzida por

bisfosfonatos (OMIB). Os autores identificaram 103 locais de OMIB em 82 pacientes, 32 na

maxila e 71 na mandíbula. Do total de pacientes, 30 estavam tomando medicação com

bifosfonato oral, enquanto 52 estavam tomando medicação com bifosfonato intravenoso.

Realizou-se a ressecção em 95 locais de osteonecrose em 74 pacientes, deixando sem

ressecção oito locais em oito pacientes.

Page 31: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

30

Realizou-se a ressecção em 27 locais com OMIB em pacientes em tratamento com

bisfosfonatos orais e em 68 locais com OMIB em pacientes em tratamento com

bisfosfonatos intravenosos. Dos 95 locais de ressecção, 87 (91,6%) cicatrizaram de forma

aceitável com a resolução da doença. De 27 locais recepcionados em pacientes tomando

medicação de bifosfonato oral, 26 (96,3%) cicatrizaram satisfatoriamente, com o

desenvolvimento de recidiva em um local. De oito locais reseccionados em pacientes

recebendo bifosfonato intravenoso, 61 (89,7%) cicatrizaram de forma satisfatória, com o

desenvolvimento de recidiva em sete locais. Todos os 29 pacientes (100%) que foram

submetidos a ressecção da maxila evoluíram satisfatoriamente, independentemente da

forma de medicação (oral ou parenteral). A recidiva dos oito pacientes aconteceu nos 7 a

250 dias pós-operatórios (em média 73 dias). Dos oito locais de recidiva, seis se

desenvolveram após uma ressecção marginal da mandíbula com OMIB. Desenvolveu-se no

pós-operatório novas lesões de OMIB em três locais de dois pacientes, ambos tomando

bifosfonato intravenoso (CARLSON; BASILE, 2009).

2.3 Diagnóstico Diferencial

Para distinguir osteonecrose induzida por BF’s de outra condição de cicatrização

atrasada, osteorradionecrose, alguns critérios foram adotados pela AAOMS. O diagnóstico

dessa complicação induzida por BF’s deve ser realizado se as seguintes características

estiverem presentes: tratamento atual ou precedente com BF’s, osso necrosado exposto na

região maxilofacial que persiste por mais de oito semanas e nenhuma história de

radioterapia na região maxilofacial (KUMAR et al., 2008).

Na osteorradionecrose, o dano tecidual é caracterizado por hióxia, hipocelularidade e

hipovascularização, que é reversível em certo grau com a revascularização óssea, ao

contrário da osteonecrose induzida por bisfosfonatos, na qual a alteração no metabolismo

ósseo é tamanha que somente a revascularização não é suficiente para alterar o curso das

lesões, porque os bisfosfonatos não são metabolizados e têm a capacidade de

permanecerem no osso indefinidamente (MELO; OBEID, 2005).

Page 32: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

31

Com uma incidência que varia entre 0,8% e 12,5%, a osteonecrose é mais frequente

em mulheres. A maior frequência de mieloma múltiplo e de carcinoma da mama nas

mulheres podem também explicar a maior frequência de osteonecrose neste sexo. As

lesões de osteonecrose induzida por bisfosfonatos surgem, geralmente, como ulcerações na

mucosa com exposição óssea subjacente e com dor associada, embora num 1/3 seja

indolor (BILEZIKIAN, 2006).

Apresentam localização predominante na mandíbula (65% dos casos reportados),

embora também existam relatos de casos na maxila (26%), em ambos (9%), e no palato

(FRESCO; FERNÁNDEZ; URIZAR, 2006). Esta localização preferencial parece estar

relacionada com as características anatômicas e fisiológicas da mandíbula, designadamente

a sua menor vascularização, bem como o caráter terminal da artéria mandibular (ESCOBAR

et al., 2007).

2.4 Aspectos Clínicos

De acordo com a Associação Americana de Cirurgiões Orais e Maxilofaciais, a

osteonecrose dos maxilares associada ao uso de bisfosfonatos (ONMAB) se caracteriza

clinicamente por exposições ósseas na região maxilofacial persistentes por mais de oito

semanas, com história médica de uso de bisfosfonatos e sem história de radioterapia nos

maxilares. A ONMAB pode ficar assintomática por várias semanas, meses ou anos. Alguns

sinais e sintomas podem ser identificados antes do desenvolvimento clínico da ON tais

como: dor, mobilidade dental, aumento de volume da mucosa, eritema, ulceração, drenagem

de secreção em boca, exposição óssea, osteomielite e fratura patológica (BAMIAS et al., 2007).

Os sinais clínicos da doença na cavidade oral são inúmeros. Geralmente apresenta

osso necrótico exposto na maxila e/ou mandíbula, rodeado por mucosa inflamada, podendo

existir infecção secundária. Outro achado frequente é um odor fétido, característico de

necrose, principalmente em doentes com grandes áreas de exposição óssea, o que pode

até dificultar a vida destes doentes em sociedade (PIRES et al., 2005) (FIGURA 4).

Page 33: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

32

Figura 4: Presença de úlcera com exposição óssea em rebordo alveolar posterior esquerdo em mandíbula

FONTE: Disciplina de Estomatologia da Universidade São Francisco

Ruggiero (2009) propos uma classificação clínica da ONMAB em três estágios:

Estágio 1 se caracteriza pela exposição e necrose óssea associada a dor e infecção;

Estágio 2, por exposição e necrose óssea assintomática, associada a dor e infecção;

Estágio 3, mostrando tecido ósseo necrótico e exposto em paciente com dor, infecção,

fratura patológica, fístula extraoral e extensa osteólise

2.5 Aspectos Imaginológicos

Nas fases iniciais da osteonecrose, não se detectam manifestações radiográficas

porém, numa fase mais avançada, a osteonecrose dos maxilares é possível ser identificada

radiograficamente. Quando a osteonecrose está instalada pode observar-se uma área

osteolítica mal definida com destruição da cortical e perda da trabeculação esponjosa e

densidade óssea (imagem típica de osteomielite). A osteonecrose menos avançada ou

restrita a pequenas áreas de exposição óssea (<1cm) podem ser indetectáveis em

Page 34: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

33

radiografias panorâmicas, mas em tomografias computorizadas já se pode averiguar os

sinais de destruição óssea decorrentes deste processo (KUMAR et al., 2008) (Figura 5).

Figura 5: Área radiolúcida difusa e com áreas mostrando fratura em região posterior da mandíbula do lado esquerdo

FONTE: Disciplina de Estomatologia da Universidade São Francisco

Alterações radiográficas não são evidentes até que se tenha um extenso

envolvimento ósseo. De qualquer forma, radiografias periapicais e panorâmicas podem não

revelar significantes modificações em estágios iniciais da ON. Alterações tardias podem

mimetizar patologias clássicas periapicais como espessamento do ligamento periodontal,

osteomielites ou doença óssea primária (mieloma) ou metastática. Após longo período de

tempo de uso dos BFs, pode ser observada osteoesclerose óssea, especialmente na lâmina

dura. Tomografias computadorizadas auxiliam no diagnóstico e planejamento cirúrgico dos

casos de ONMAB (MIGLIORATI et al., 2005).

A aparência radiográfica interna da estrutura é complexa e resulta numa combinação

de exclerose óssea e destruição ao redor dos dentes e crista alveolar. O padrão mais

radiopaco e esclerótico é prevalente. A tomografia computadorizada ajuda no diagnóstico

diferencial das metástases ósseas, revelando a exata extensão das alterações ósseas e

estrutura interna e a presença de sequestros (SAAD; CLARKE; COLOMBEL, 2006).

Page 35: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

34

A tomografia computadorizada é útil no fornecimento de informações sobre a cortical

e o osso trabecular. Ela se torna imprescindível como exame complementar nos casos de

osteonecrose por ser superior à radiografia panorâmica na detecção das alterações e sinais

radiográficos (BRIANCHI et al., 2007) (Figura 6).

Figura 6: Aspecto tomográfico evidenciando a fratura patológica em mandíbula do lado esquerdo.

FONTE: Disciplina de Estomatologia da Universidade São Francisco

2.6 Aspectos Histológicos

Histologicamente, a osteonecrose caracteriza-se pela presença de um extenso

infiltrado inflamatório (de PMN’S), típico de uma reação tecidular a uma inflamação/infecção.

O osso necrótico normalmente está relacionado com a contaminação com actinomyces, não

mostrando sinais de malignidade (AAOMS, 2007).

Microscopicamente são observadas osteítes condensantes associadas com a

presença de linfócitos e presença de granulócitos, agregados bacterianos e não há

evidência de metástase óssea. A análise microbiológica detectou em alguns casos a

presença de Candida albicans, um fungo oportunista, e actinomicetos na área da lesão.

Entretanto, como esses microrganismos são reconhecidos por sua grande capacidade de

tolerar condições ambientais desfavoráveis e são membros da microbiota normal da

Page 36: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

35

cavidade bucal, torna-se problemático associar a sua presença ao processo de

desenvolvimento da lesão e outros estudos deverão ser realizados para caracterizar a

microbiota anaeróbia dessas lesões, visto que esses microrganismos seriam os maiores

favorecidos pelas alterações vasculares produzidas pelos BF’s (MERIGO, 2005).

Trabalhos apontam o papel das infecções bacterianas na ONB sendo detectadas

colonizações por Actinomyces, Staphylococcus aureus, Streptococcus sp e por bactérias da

flora normal da cavidade oral. Nesse sentido, a terapia com antibióticos é fundamental para

o controle da doença. Cofatores não estão descartados na patogenia da ONB, tais como

fumo, diabetes, uso de esteroides e outros medicamentos, anemia, hipóxia e disfunções

renais (RUGGIERO, 2009).

2.7 Fatores de Risco

Em 2007, a American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons (AAOMS)

definiu a Osteonecrose da Mandíbula Associada ao uso de Bifosfonato como a existência

simultânea de três critérios: a) tratamento com bisfosfonatos atual ou prévio; b) necrose

óssea na região maxilofacial que persista por mais de 8 semanas; c) inexistência de história

de radioterapia local.

Segundo AAOMS (2007), para o diagnóstico preciso de OMAB é necessário

distingui-la de outras entidades mais comuns, nomeadamente sinusite,

gengivite/periodontite, cáries, osteíte alveolar, patologia periapical, alterações da articulação

temporomandibular, tumor primário da mandíbula, metástase tumoral e osteomielite da

mandíbula.

O mecanismo preciso que leva à indução da osteonecrose associada com

bisfosfonatos é desconhecido. Porém, os fatores de risco para o desenvolvimento de

osteonecrose associada aos bisfosfonatos podem dividir-se em 3 grupos: fatores de risco

relacionados com o consumo do fármaco, fatores de risco locais e fatores de risco

demográficos (Tabela 3) (MARX et al,. 2005).

Page 37: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

36

TABELA 3 – Fatores de risco relacionados com osteonecrose associado ao bisfosfonatos.

Extensão do fator FATORES DE RISCO

de risco

Relacionados com Modo de administração

consumo de fármaco

Duração da terapia

Cirurgia dentoalveolar (extracções dentárias)

Implantes dentários, cirurgia periapical

LOCAIS Manipulação óssea cirúrgica

Trauma causado por próteses

Presença de infecção oral

Má higiene oral

SISTÉMICOS

Uso intravenososo de bisfosfonatos

(pamidronato e ácido zoledronato)

Mieloma múltiplo

Diabetes

Imunodeprimidos

Fonte: (Adaptação: Migliatoris C. et al., 2005).

Em 2007, a American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons (AAOMS)

definiu os fatores de risco relacionados ao aparecimento da osteonecrose, que são

enumerados abaixo:

Fatores de risco relacionados com o fármaco: a potência do bifosfonato (zoledronato

> pamidronato > bifosfonatos orais), relatando que quanto maior a potência maior o risco e a

duração da terapêutica (quanto maior a duração da terapêutica maior o risco).

Fatores de risco locais: A cirurgia dento-alveolar (extracções dentárias, implantes

dentários, cirurgia peri-apical) aumenta o risco de OMAB em 7 vezes e a anatomia local: as

lesões são mais frequentes na mandíbula relativamente ao maxilar superior (2:1), em

regiões com mucosa menos espessa sobre proeminências ósseas (tórus lingual, crista

milohioideia, tórus palatino) e pacientes com doença oral concomitante: os doentes com

doença inflamatória dentária concomitante têm 7 vezes mais risco de desenvolverem

OMAB.

Fatores de risco locais adaptação insatisfatória de próteses: Grecca et al. (2002)

relacionaram o uso de próteses com o aparecimento de lesões orais em 30 pacientes

Page 38: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

37

usuários de prótese total e constataram a existência de candidíase, hiperplasias

mucogengivais e úlceras traumáticas em 84% dos indivíduos que possuíam próteses com

adaptação insatisfatória.

Fatores de risco sistémicos e demográficos: idade: aumento do risco em 9% por

cada década de vida, raça: risco maior nos caucasianos, tipo de neoplasia maligna: risco

maior nos doentes com mieloma múltiplo seguido do cancro a mama,

osteopenia/osteoporose diagnosticada concomitantemente com neoplasia maligna.

Fatores de risco considerados prováveis: corticoterapia, diabetes, consumo de

tabaco, consumo de álcool, higiene oral deficiente e quimioterapia.

Bamias et al. (2007), observaram que a incidência de ONMAB aumenta em 1,5%

entre pacientes tratados por 4-12 meses e em 7,7% nos pacientes tratados com BF’s

durante 37 a 48 meses. A média de ocorrência de ONMAB nos pacientes em tratamento

com ácido zoledrônico é de 16 meses, nos tratados com pamidronato é de 34 meses e com

BF’s orais de 54 meses.

Na cavidade bucal também estão descritos vários efeitos adversos do tabagismo no

tecido osso. Sendo assim, fumantes apresentam um risco acrescido de perda óssea

alveolar, mobilidade dentária e perda dentária precoce, reabsorção da crista alveolar, atraso

na cicatrização da ferida pós extração dentária, doença periodontal, mobilidade em enxertos

ósseos e falência na osteointegração de implantes (PEREIRA; COSTA; FERNANDES,

2005).

2.8 Tratamento da Osteonecrose

No tratamento de paciente com diagnóstico ou não de osteonecrose há que ter em

conta se o doente já se encontra em tratamento com bisfosfonatos ou se ainda o vai iniciar.

Essas considerações são mandatórias na intervenção clínica do médico dentista que terá

principalmente duas vertentes: uma mais preventiva e outra mais terapêutica (AAOMS,

2007).

Consultas preventivas têm sido recomendadas previamente ao tratamento com

bisfosfonatos, com o intuito de eliminar potenciais focos de infecção. Um criterioso exame

Page 39: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

38

extra e intrabucal deve ser realizado acompanhado de exame radiográfico completo. O

paciente deverá ser submetido à terapia periodontal para que alcance níveis de saúde

satisfatórios. Extrações dentárias estratégicas, adequação do meio bucal, bem como a

adaptação satisfatória das próteses dentárias são necessárias para evitar possíveis

complicações. Cabe ao cirurgião-dentista a realização de anamneses criteriosas e

investigativas quanto ao uso de bisfosfonatos por seus pacientes. Os pacientes que por

ventura estiverem fazendo uso destas drogas deverão ser monitorados quanto à higiene

bucal e os demais fatores predisponentes (MIGLIORATI; SIEGEL; ELTING, 2006).

Deste modo, podemos dividir os pacientes sujeitos a tratamento com bisfosfonatos

em quatro grupos, em relação à ocorrência de osteonecrose associada com bisfosfonatos:

pacientes sem risco (0), pacientes baixo risco (I), médio risco (II) e alto risco (III) (AAOMS,

2007).

Segundo Ruggiero (2009), o tratamento pode limitar-se a promover analgesia e

controlar a progressão da doença.

Ruggiero (2009), numa tentativa de definir a melhor estratégia terapêutica para cada

estágio da patologia, classificam dos doentes de acordo com o risco de desenvolverem

osteonecrose, bem como as medidas terapêuticas a instituir de acordo com esse risco,

como relatado a seguir: (Tabela 4)

Em risco. Os doentes assintomáticos e sem lesões ósseas medicados com

bisfosfonatos não necessitam de realizar qualquer tratamento, apenas devem cumprir as

recomendações referi-das anteriormente para a prevenção da osteonecrose dos maxilares.

Estágio 0. Os pacientes expostos aos bisfosfonatos que apresentem sintomas não

acompanhados de lesões de osteonecrose devem receber tratamento conservador para

fatores locais, como cáries dentárias ou doença periodontal. Adicionalmente, devem ser

medicados com fármacos sistêmicos conforme necessário, incluindo tratamento analgésico

para a dor e antibioticoterapia para o controlo de infecções. (TABELA 4).

Estágio 1. Os doentes que apresentam lesões ósseas assintomáticas beneficiam de

tratamento conservador apenas com cuidados locais de higiene e bochechos com soluções

antissépticas, como clorexidina a 0,12%. Não está indicado tratamento cirúrgico. Deve ser

revista a necessidade de manutenção da terapêutica crônica com bisfosfonatos (TABELA 4).

Estágio 2. Os pacientes com lesões de osteonecrose dos maxilares sintomáticas

devem receber tratamento com analgésicos para controlar a dor e bochechos de

antissépticos orais combinados com antibioticoterapia sistêmica. O desbridamento

Page 40: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

39

superficial da lesão óssea pode ser realizado para reduzir a irritação dos tecidos moles

(TABELA 4).

Estágio 3. Naqueles doentes que se apresentam com lesões de osteonecrose

acompanhadas por outras complicações locais está indicado o tratamento preconizado para

o estagio anterior com desbridamento adicional da lesão óssea (TABELA 4).

Page 41: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

40

TABELA 4 – Classificação dos doentes de acordo com o risco de desenvolverem osteonecrose e medidas terapêuticas a instituir de acordo com esse risco.

CLASSIFICAÇÃO

Parâmetros Tratamento

Doentes ON DOR INFECÇÃO FRAT/FÍSTUL

Estágio 0 Sim

(Não)

Não

Não

Não

Educação do paciente

Sem tratamento indicado

Em risco

Estágio I

Sim

Não

Não

Não

Bochechos solução com

antissépticos

Educação do paciente

Consultas de 3 em 3 meses

Baixo

risco

Estágio II

Sim

Sim

Sim

(Não)

Não

Soluções de bochecho antisséptica

Antibióticos orais

Controle da dor

Desbridamentos superficiais para

aliviar irritação

Médio

risco

Estágio III

Sim

Sim

Sim

Sim

Soluções de bochecho antisséptico

Antibióticos orais

Controlo da dor

Desbridam./Ressecção cirúrgicas

Alto risco

Fonte: Adaptado: American Association of Oral and Maxilofacial Surgeons (2007).

Page 42: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

41

A preservação da qualidade de vida através da educação do paciente, controle da

dor, controle da infecção secundária, prevenção da extensão da lesão e desenvolvimento de

novas áreas de necrose, deve ser também uma prioridade no tratamento de pacientes com

osteonecrose (MIGLIORATI et al., 2005).

Pacientes com exposições ósseas assintomáticas podem ser tratados com irrigação

com soluções antimicrobianas, como a clorexidina, rigoroso controle clínico e radiográfico, e

uso de antibióticos sistêmicos, como penicilina ou clindamicina. Em alguns casos tem sido

utilizado antibiótico sistêmico para prevenir infecção secundária (HEWITTI; FARAH, 2007).

Ruggiero; Mehrotra; Rosenberg (2004), afirmaram que nos casos em que há

sequestro ósseo sintomático indica-se a remoção do osso necrótico, com menor agressão

tecidual possível tanto ao osso como para o tecido mole adjacente. A irrigação constante

com solução antimicrobiana e manutenção de antibioticoterapia por via oral pode ser o

tratamento de escolha até o momento.

Tratamento cirúrgico agressivo foi na maior parte dos casos ineficiente e

frequentemente exacerbou os quadros de exposição óssea afirma, Migliorati (2005).

Pacientes com drenagem em região sinusal e extensas áreas de exposição óssea ou

grandes sequestros podem necessitar de procedimentos cirúrgicos mais extensos. Nos

casos com drenagem de secreção purulenta, cultura e antibiograma devem ser realizados.

Para muitos pacientes, a cicatrização completa pode nunca acontecer e eles terão que se

resignar a viver com algum grau de exposição óssea (MARX et al., 2005).

O uso de antibiótico (amoxicilina + ácido clavulâmico, 2 gramas de 12 em 12 horas

durante 20 a 30 dias), e também de anti-inflamatórios (nimesulida, 100mg, 2 vezes ao dia,

durante 6 a 7 dias) deve ser considerado. Em caso de irritação lingual por contato com

áreas ósseas ou em caso de infecção secundária persistente, pode fazer-se osteotomia

limitada. Deve se evitar ao máximo, tratamentos muito invasivos (FICARRA et al., 2005).

Scoletta et al. (2010) avaliaram a taxa de sucesso de dois anos de manejo de

pacientes com osteonecrose associada a bisfosfonatos. Foram avaliados 37 pacientes,

sendo a extração dental o tratamento mais necessário, observado em 22 casos (59,5%);

então 13 pacientes (35,1%) foram submetidos à cirurgia e 24 (64,9%) realizaram apenas

terapia antibiótica. Após dois anos, 20 pacientes (54,1%) apresentaram pouca cicatrização

tecidual associada à exposição óssea, sem diferença entre gênero, idade, tipo de

bifosfonato ou modalidade de tratamento. O prognóstico parecia ser pior para lesões

espontâneas. A terapia antibiótica e posterior tratamento cirúrgico em pacientes que não

obtiveram resposta ao tratamento terapêutico, parece ser a melhor modalidade de

Page 43: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

42

tratamento para pacientes com osteonecrose associada ao uso de bisfosfonatos. Os

autores, porém, afirmam que esses resultados precisam ser confirmados com um número

maior de pacientes.

A osteonecrose associada com estes bisfosfonatos orais pode desenvolver-se

espontaneamente ou após o mínimo trauma. Em geral, este tipo de pacientes parecem ter

manifestações menos severas da osteonecrose e respondem mais facilmente à fase de

tratamento específico. A cirurgia dentoalveolar parece não estar contraindicada neste grupo

de pacientes (VERA et al., 2007).

2.9 Tratamentos Alternativos

O PRP é um concentrado autólogo de plaquetas humanas e uma fonte de variados

fatores de crescimento que podem melhorar a cicatrização dos tecidos e a reparação óssea.

Estes autores utilizaram o PRP em conjunto com medidas de debridamento cirúrgico,

irrigação local e antibioticoterapia em três casos de ONMAB com o intuito de envolver os

efeitos mecânicos da ressecção do osso necrótico combinado aos efeitos biológicos de

osteoindução do PRP. Os autores concluíram que esse protocolo de tratamento mostrou

resultados bastante satisfatórios, sendo que os casos tratados evoluíram com cicatrização e

cura da osteonecrose. Outra vantagem observada em relação ao tratamento conservador foi

a maior rapidez de resolução do problema e, com isso, uma melhor qualidade de vida aos

pacientes (CURI et al., 2007).

Epstein et al. (2010) afirmaram que em estudos, o uso da pentoxifilina e do tocoferol

em casos de osteorradionecrose dos maxilares mostrou-se eficaz nessas condições. Então

eles descrevem uma série de casos iniciais com o uso da pentoxifilina junto com o tocoferol

em pacientes com osteonecrose associada ao uso de bisfosfonatos. Em seis casos de

osteonecrose associada ao uso de bisfosfonatos, foram utilizados a pentoxifilina e o

tocoferol associados à terapia antibiótica, e foram acompanhados durante 10 meses em

média. Houve um decréscimo de 74% da área de exposição óssea, além do controle dos

sintomas como dor, eritema e secreção purulenta da região, em todos casos citados. A

pentoxifilina associada ao tocoferol represente talvez uma estratégia de tratamento da

Page 44: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

43

osteonecrose associada ao uso de bisfosfonatos, porém outros estudos devem ser

realizados para efeitos de comprovação.

De acordo com Martin (2009), o uso de oxigenação hiperbárica foi utilizada e

inicialmente não mostrou resultados efetivos no tratamento da ONMAB, entretanto, novas

evidências mostram alguns resultados promissores, demonstrando uma melhoria na

cicatrização e na dor.

2.10 Interrupção do Uso do Bifosfonato

Não há ainda na literatura estudos que comprovem o efeito positivo da interrupção

do tratamento com BF’s. A interrupção da terapia por poucos meses pode ter pequeno efeito

sobre o bisfosfonato já incorporado ao osso. Entretanto, outro efeito do bisfosfonato, como a

atividade antiangiogênica Ruggiero, (2009), pode ser reduzido, sendo este um fator

importante para a cicatrização da mucosa.

Segundo a AAOM (Migliorati et al. 2005) para pacientes que fazem uso há mais de

três anos ou se o associam ao uso de corticoides, é necessário interromper a administração

de BFs por, no mínimo, três meses antes do procedimento cirúrgico, e só retornar ao uso

após total e completa cicatrização dos tecidos envolvidos. Não há evidências científicas até

o momento que afirmem que a interrupção do tratamento por poucos meses pode vir a

aumentar desordens ósseas, como fraturas.

Os doentes oncológicos com alto risco de complicações ósseas ou secundárias à

hipercalcemia beneficiam bastante do efeito terapêutico dos bisfosfonatos, pelo que, deve

ser considerada a sua manutenção. Uma vez que os bisfosfonatos se ligam ao osso sem

serem metabolizados, os níveis ósseos do fármaco mantêm-se altos durante anos, assim,

Ruggiero; Fantasia; Carlson, (2006), consideraram pouco provável que a interrupção dos

bisfosfonatos altere o curso clínico da osteonecrose dos maxilares, podendo, no entanto,

resultar na recorrência da dor óssea, da progressão das lesões líticas e das metástases

ósseas.

Por outro lado, para Dimopoulos et al. (2009) se a condição sistêmica do doente

permitir a interrupção do fármaco, este beneficiará da estabilização das lesões de necrose

Page 45: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

44

dos maxilares, da redução do risco de novas lesões e da diminuição dos sintomas

relacionados com a osteonecrose dos maxilares. Quando se pretende reiniciar a terapêutica

com bisfosfonatos num doente que desenvolveu osteonecrose dos maxilares, a utilização de

pamidronato em vez de ácido zoledrónico pode ser uma atitude prudente, assim como a

redução da frequência da administração do fármaco e a modificação da via de

administração IV para oral, no entanto, não existe nenhuma evidência científica que apoie

estas medidas.

Na maior parte dos pacientes oncológicos, a manutenção do tratamento é primordial

para a sobrevida do paciente. A interrupção no tratamento com BF’s não assegura a

melhora do quadro já instalado de ONMAB porque esta droga pode persistir por vários anos

no tecido (AAMO, 2007).

Para o paciente obter um bom prognóstico no tratamento com o BF’s, deve-se ter

um acompanhamento rigoroso dos doentes sob terapêutica com bisfosfonatos para

detecção precoce de lesões de osteonecrose dos maxilares, num estágio inicial, permite

uma abordagem conservadora do paciente, que frequentemente estabiliza ou melhora com

a simples interrupção dos bisfosfonatos, se a situação clínica o permitir. A reintrodução dos

bisfosfonatos está associada a um maior risco de recorrência (GEBARA; MOUBAY, 2009).

2.11 Conscientizar o Paciente, Cirurgião Dentista e Oncologista

Segundo Migliorati et al, (2005), numa primeira consulta, deve ser efetuado um

exame exaustivo, extra e intra-oral. Uma série radiográfica completa e uma radiografia

panorâmica das arcadas dentárias irão auxiliar no diagnóstico de cárie e de doença

periodontal, na avaliação de terceiros molares e na identificação de metástases ósseas ou

qualquer outro tipo de patologia oral.

A informação que o médico dentista deve obter do doente e do médico

assistente/oncologista inclui uma revisão completa de toda a história médica, o diagnóstico

para o qual o paciente irá receber ou recebe terapia com BF’s, a história de tratamento de

cancro, a toxicidade esperada, resultante do regime de tratamento em vigor, uma análise de

sangue completa, o tipo de bisfosfonato que vai ser utilizado e o protocolo de administração

Page 46: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

45

(incluindo a duração prevista da terapia). Esta informação médica vai permitir ao médico

dentista estabelecer um plano de tratamento dentário baseado nas necessidades dentárias

do doente (CARTER; GOSS; DOECKE, 2005).

Os pacientes que não apresentam osteonecrose, mas são propensos a desenvolvê-

la, devem receber informações quanto ao risco, assim como os sinais e sintomas (NETTO et

al., 2007).

Segundo Lam et al., (2007), a ONMAB é uma importante complicação oral associada

ao uso dos BF’s que, apesar de ter sido descrita recentemente, já mostra vários casos

relatados na literatura. Esta necrose óssea tem mostrado um comportamento indolente, de

difícil controle, podendo levar a exposição óssea crônica e quadros infecciosos persistentes.

Desta forma, os cirurgiões dentistas e médicos devem estar familiarizados com esta

alteração e ter atenção especial no tratamento de todos os pacientes que fazem uso crônico

dos BF’s, tendo em vista que os mesmos alteram o remodelamento e reparo ósseo.

O não reconhecimento desta entidade pode conduzir a procedimentos cirúrgicos

desnecessários, que em último caso podem exacerbar a situação e deteriorar a qualidade

de vida do paciente (KADENAMI et al., 2006).

A falta de estratégias de tratamento uniformes conduz, frequentemente, à progressão

para extensa deiscência e exposição do osso. Deste modo, a melhor opção é a prevenção e

uma colaboração estreita entre o médico dentista e outros clínicos (MIGLIORATI; SIEGEL;

ELTING, 2006)

2.12 Ausência de informações nas Bulas dos Medicamentos a base

de Bifosfonato

Deve realçar que apenas em 2004 a Novartis, responsável pela introdução no

mercado dos bisfosfonatos pamidronato (Aredia®) e zoledronato (Zometa®), viria a alertar

os profissionais de saúde para os riscos associados ao desenvolvimento de osteonecrose

dos maxilares, fato alargado em 2005 a um mais amplo grupo de fármaco da mesma classe,

incluindo assim todos os bisfosfonatos, designadamente as formas orais, como potenciais

desencadeadores dos processos de osteonecrose (DURIE; KATZ; CROWLEY, 2005).

Page 47: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

46

A empresa Novartis, que possui o medicamento Aclasta (ácido zoledrônico),

informou por meio de sua assessoria de imprensa que tem acompanhado o debate sobre a

associação entre osteonecrose na mandíbula e o tratamento com bifosfonatos. Ela

destacou, entretanto, que dados da American Society for boné and mineral research

(ASBMR) revelam que este é um efeito limitado a 1 - 10 casos por 100 mil pacientes/ano. A

empresa mantém um monitoramente contínuo da terapia e fornece todas as informações

aos profissionais de saúde, incluindo dados de estudos clínicos e precauções, para que os

mesmos possam optar pelo melhor tratamento de acordo com a necessidade de seus

pacientes (PANTANO; FRANÇA, 2011).

2.13 Protocolo de Conduta Preventiva

Antes do tratamento com BF’s intravenoso, o paciente deve passar por um exame

oral completo, todos os dentes não tratáveis devem ser extraídos, todos os procedimentos

dentários invasivos devem ser concluídos e o paciente deve apresentar uma boa saúde

periodontal e as próteses devem estar bem adaptadas. Dessa forma, o risco de

osteonecrose dos maxilares é diminuído, porém não eliminado (BAMIAS et al., 2007).

Algumas orientações e protocolos para pacientes com risco de osteorradionecrose

parecem ser as mesmas para os pacientes com terapia de BF’s intravenosos. Quando

houver necessidade de cirurgia prévia, caso as condições sistêmicas permitam, deve-se

adiar o início da utilização dos BF’s até a completa cicatrização da mucosa na área operada

ou ainda, se possível, até completa reparação óssea (RUGGIERO, 2009).

Segundo AAOMS (2007), embora a porcentagem de pacientes que desenvolve a

osteonecrose espontaneamente seja pequena, a maioria deles apresenta essa complicação

após a cirurgia dento-alveolar. No caso de procedimentos conservadores, não é necessário

o atraso do início da terapia do BF’s.

Marx et al., (2005) recomendaram que o tratamento para eliminar e controlar o

quadro de dor, prevenindo a progressão da exposição óssea, deve ser através de

antibioticoterapia e enxágue bucal com clorexidina 0,12%. Os autores ainda alertaram que

Page 48: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

47

os tratamentos conservadores e não cirúrgicos são preferenciais, visando não expor os

limites de osso necrótico que possa não estar contaminado.

Segundo Ruggiero; Fantasia; Carlson, (2006); Marx et al (2005); Grecca et al. (2002),

um protocolo preventivo, com orientações e informações para os cirurgiões dentistas e

médicos oncologistas orientando como proceder com pacientes que vão iniciar ou já fazem

terapia com o bifosfonato é de extrema importância. A seguir são apresentadas

recomendações para o tratamento dentário desses pacientes preconizada pelos autores

acima:

A profilaxia deve ser executada, assim como devem ser dadas instruções para a

higiene oral. O paciente deve, receber informação sobre OAB e ficar consciente dos sinais e

sintomas que desencadeia esta patologia,

Deve ser realizado um exame exaustivo, extra e intra oral. Uma série radiográfica

completa e uma radiografia panorâmica para auxiliar no diagnóstico de cárie e de doença

periodontal, na avaliação de terceiros molares e na identificação de cancro metastático ou

outra patologia óssea.

Estado de saúde periodontal deve ser avaliado e se necessário alcançar uma plena

saúde periodontal com uma terapia adequada. E importante a eliminação de bolsas para

reduzir o acúmulo de placa, minimizar a inflamação periodontal crônica e as infecções

periodontais agudas.

A odontologia restauradora deve eliminar cáries e restaurações deficientes,

selamento de cavidades expostas ao meio bucal, arredondamente de dentes fraturados. As

coroas e os trabalhos de prótese fixa mais extensa podem não ter indicação em alguns

pacientes.

As próteses removíveis devem ser avaliadas no que respeita a adaptação,

estabilidade e principalmente oclusão. Devem ser feitos os ajustes necessários. Qualquer

dispositivo protético existente deve ser reavaliado para nos assegurarmos de que está bem

adaptado. Recomenda-se o reembasamento das próteses com um material mole, para

promover uma melhor adaptação e para minimizar o trauma dos tecidos moles assim como

pontos de pressão. Deve fazer consultas de seis em seis meses para verificar a adaptação e

oclusão da prótese para evitar injúrias a mucosa.

Dentes extensamente cariados devem ser considerados para tratamento

endodôntico. Deve-se utilizar esses dentes para instalação de próteses overdenture

Page 49: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

48

cortando os dentes a nível gengival, com o tratamento endodontico realizado, faz a

colocação de núcleo e dispositivo para grampear a prótese nesses respectivos dentes

tratados endodonticamente.

A exodontia deve ser efetuada logo que possível, preferencialmente antes de iniciar

a terapia com o BF’s. Após o início da terpia com os BF´s, evitar, se possível, exodontias, a

menos que o dente apresente uma mobilidade de grau 3. As exodontias devem ser feitas o

mais atraumático possível, os pacientes devem ter um acompanhamento semanalmente,

durante as primeiras 5 semanas após a extração dentária, e posteriormente mensalmente

ate a correta cicatrização do alveolar.

Com termino da adequação do meio bucal, devem estabelecer consultas periódicas

de acompanhamento, a fim de reforçar a importância da manutenção da higiene oral e para

proceder a um novo exame.

Page 50: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

49

3 MATERIAL e MÉTODOS

A pesquisa foi realizada com os pacientes acima de 60 anos atendidos na Clínica de

Odontologia da Universidade São Francisco.

O pesquisador explicou aos voluntários os objetivos do trabalho e entregou o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 1). Apenas após a assinatura e orientação

ao voluntário procedeu-se a pesquisa, esta pesquisa obteve aprovação no CEP da USF, sob

n° de Protocolo 0342.0.142.000-11 (ANEXO 4).

Por se tratar de pacientes idosos, para a seleção da amostra foi realizada uma Pré-

Seleção, através da aplicação do questionário “Mini Exame do Estado Mental” (MEEM)

(ANEXO 2), que é um teste utilizado para avaliar a função cognitiva. É um exame rápido (em

torno de 10 minutos), de fácil aplicação, não requerendo material específico, sendo possível

avaliar se o idoso está apto a responder o questionário. Foi considerado apto o idoso que

atingiu o score maior ou igual a 27 pontos.

O questionário elaborado pelo pesquisador (ANEXO 3) foi aplicado na sala de espera

da Clínica Odontológica da USF enquanto o paciente aguardava o atendimento, com no

máximo 20 minutos de duração.

É bom dizer que nesta pesquisa não existe grupo controle ou placebo e que não

existe método alternativo para obtenção da informação.

Por se tratar de uma pesquisa sem riscos previsíveis, não houve previsão de

pagamento de indenizações aos voluntários da pesquisa.

Não havendo riscos previsíveis não houve previsão da suspensão da pesquisa, a

qual só será encerrada quando as informações desejadas forem obtidas.

As informações obtidas neste estudo serão confidenciais e os sujeitos da pesquisa

não são identificados quando o material do registro for utilizado, seja para propósitos de

publicação científica ou educativa.

Foi feita uma analise qualitativa e quantitativa, a partir dos resultados obtidos no

questionário.

Page 51: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

50

4 RESULTADOS

A pesquisa foi realizada no período de setembro de 2011 a março de 2012 e foram

entrevistados 119 pacientes acima de 60 anos que estavam em tratamento odontológico na

Clínica Odontológica da Universidade São Francisco – Bragança paulista – SP.

Destes, 8 pacientes relataram fazer uso do bisfosfonato ou já o fizeram para

terapêutica da Osteoporose ou Mieloma Múltiplo (GRÁFICO 1).

GRÁFICO 1: Total de pacientes entrevistados com relação ao uso de

bisfosfonatos.

Entre os pacientes entrevistados, 56% destes eram do gênero feminino, e todos os

pacientes que fizeram ou fazem o uso do bisfosfonatos estavam entre o grupo das

mulheres, o que correspondeu a 6% da amostra neste grupo (GRÁFICO 2).

.

Não fazem terapia com o BF's Fazem terapia com o Bf's

93,2%

6,8%

Page 52: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

51

GRÁFICO 2: Incidência da Osteonecrose divididos de acordo com o gênero e em relação ao uso dos bisfosfonatos.

Dentre os 8 pacientes, 7 (87,5%) relataram a falta de informações sobre os efeitos

colaterais dos BF’s e apenas 1 (12,5%) afirmou conhecer os efeitos (GRÁFICO 3).

GRÁFICO 3: Análise do conhecimento do paciente quanto aos efeitos colaterais dos medicamentos a base de BF's.

40%

53%

7%

Homens Mulher Mulheres que fazem o uso de bifosfonato

87%

0% 13%

Pacientes desconheciam o efeito colateral do uso do BF

Paciente conhecem do efeito colateral do uso do BF's

Page 53: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

52

Analisando o tipo de bisfosfonato informado pelos participantes da pesquisa, 75%

relataram fazer uso de Alendronato, 12,5% de Pamidronato e 12,5% de Zoledronato. A

tabela abaixo ainda relaciona o conhecimento dos efeitos colaterais dos medicamentos com

o tipo de bisfosfonato (GRÁFICO 4).

GRÁFICO 4: Distribuição dos tipos de bisfosfonatos relatados pelos pacientes e sua relação com a informação dos efeitos colaterais.

Sabendo-se que quanto maior a duração da terapêutica maior o risco dos efeitos

colaterais do uso dos bisfosfonatos, o gráfico 5 relaciona o tempo de uso dos bisfosfonatos

(em meses) entre os 8 pacientes que relataram o uso destes medicamentos (GRÁFICO 5).

0

1

2

3

4

5

6

Pacientes que faz uso

Desconhece o efeito colateral

Conhece o efeito

colateral

Alendronato (Fosamax) 6 5 0

Pamidronato (Aredia) 1 1 1

Zoledronato (Zometa) 1 1 0

Pac

ien

tes

qu

e a

dm

inis

tram

Page 54: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

53

GRAFICO 5: Tempo de uso dos bisfosfonatos distribuído entre os 8 pacientes da pesquisa

Quando da avaliação das condições da cavidade bucal, dos pacientes que usam os

bisfosfonatos, 7 fazem uso de algum tipo de prótese e um paciente não faz uso de prótese.

Destes, na pesquisa, 50% dos pacientes faz uso de PT superior e inferior, 37% dos

pacientes faz uso de PPR, 11% dos pacientes utilizam PPF e 11% dos pacientes não

utilizam prótese. (GRÁFICO 6).

GRÁFICO 6 – Distribuição dos pacientes usuários de prótese de acordo com o tipo

utilizado.

6 12 12

36

60

24

60

36

Tempo de administração (mêses)

45%

33%

11%

11%

Próteses

PT PPR PPF Não uiliza prótese

Page 55: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

54

Considerando os fatores de risco bucais que podem desencadear a osteonecrose

dos maxilares ou da mandíbula, 4 pacientes (50%) foram submetidos cirurgias

dentoalveolares (exodontia e implantes dentários), 5 (62,5%) tinham próteses com

condições inadequadas, incluindo adaptação e função e 4 (50%) ao exame clinico na

cavidade oral apresenta cálculo dental e na maioria dos casos dentes com mobilidade

(GRÁFICO 7).

GRÁFICO 7: Pacientes que utilizam o BF’s para tratamento da osteoporose, associado a fatores de risco que pode desencadear a osteonecrose.

Quando da avaliação dos hábitos e vícios dos pacientes que usam ou usaram

bisfosfonatos, 100% dos pacientes fazem alimentação rica em cálcio (leite e derivados) e

75% pacientes fazem uso de suplementos de cálcio (Vitamina D, Calcio Fort, entre outros).

Entre estes 8 pacientes, quando questionado o uso do tabaco, 2 confirmaram o uso, com

quantidade média por dia de 6 cigarros, os outros 6 negaram tabagismo (GRÁFICO 8).

Osteoporose e MM

Procedimentos cirurgicos

Proteses inadquadas

Higiene oral deficiente

Pacientes Fatores de risco

8

4

5

4

Page 56: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

55

GRÁFICO 8: relato dos pacientes quanto aos hábitos alimentares e vício do tabaco.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

Dieta Alimentos rico em cáclio

Suplementos em CA

Tabagismo Fumantes 6cig/dia

Não Fumantes

8 Pacientes

Série1 8 6 2 6

Page 57: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

56

5 DISCUSSÃO

Segundo Martin (2009), a terapia da osteonecrose associada à administração do

bisfosfonato é bastante complexa e diversos protocolos terapêuticos vêm sendo relatados

na literatura. Analisando estas dificuldades, a prevenção é fundamental. A osteonecrose

associada com bisfosfonatos orais ou intra-venosos pode desenvolver-se espontaneamente

ou após o mínimo trauma, e a maior parte dos casos é desencadeada por algum fator

traumático, quadros infecciosos que levam ao rompimento da mucosa oral, infecção,

exposição e necrose óssea, além dos fatores risco locais (manipulação óssea cirúrgica,

trauma causado por prótese e má condição oral) e sistêmicos.

Este presente trabalho realizou a pesquisa na Clínica Odontológica da Universidade

São Francisco – Bragança Paulista – SP. A Clínica Odontológica da USF é referência em

tratamento odontológico nas mais diversas especialidades para a região Bragantina e Sul de

Minas Gerais.

A pesquisa foi realizada no período noturno em horário acadêmico, onde possibilitou

a entrevista dos pacientes, pois os mesmo deslocaram até a Clínica Odontológica da

Universidade São Francisco – Bragança Paulista – SP para realizarem seus tratamentos

odontológicos. Estes pacientes entrevistados estavam recebendo o tratamento na Clínica de

Geriatria, Clínica Integrada Odontológica, Clínica de Prótese Total, Clínica de Reabilitação e

Clínica de Estomatologia.

A pesquisa avaliou o uso dos bisfosfonatos entre os pacientes da Clínica de

Odontologia da USF, analisando os fatores de risco, através de um exame clínico para

observar as condições bucais presentes e pesquisar tratamentos odontológicos anteriores

que os pacientes que fazem ou já fizeram uso do bifosfonato foram submetidos (cirurgias

dentoalveolares, por exemplo).

Os resultados encontrados foram preocupantes, pois aproximadamente 50% dos

pacientes que usaram ou ainda fazem uso dos bisfosfonatos receberam cirurgias

dentoalveolares e 62,5% apresentaram uma higiene oral precária. Isso, infelizmente,

confirma a falta de conhecimento dos cirurgiões dentistas e médicos quando o assunto é o

risco de desenvolvimento da osteonecrose associado ao bisfosfonato (MARTIN, 2009).

Dos pacientes que fazem uso dos bisfosfonatos avaliados neste trabalho, 60% fazem

uso do bifosfonato via oral (Alendronato) e 40% destes pacientes fazem uso do bifosfonato

via intravenosa, 20% (Pamidronato) e 20% (Zoledronato). Não foi encontrado nenhum caso

Page 58: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

57

de osteonecrose, mas o uso destes medicamentos coloca estes pacientes em risco de

desenvolver a doença.

Avaliando este risco, os CD’s e médicos oncologistas devem optar por

medicamentos que ofereça uma melhor qualidade de vida, prescrevendo aos seus pacientes

medicamentos recém-lançados no mercado brasileiro e exaustivamente investigados, como:

Protos® (Ranelato de estrôncio 2g). Este medicamento é altamente eficaz numa gama

variada de perfis de pacientes com osteoporose, que não se associam a osteonecrose

(BAMIAS et al., 2007).

De acordo com Bamias et al. (2007), o Ibandronato®, é outro medicamento que

segue nessa linha, é um bifosfonato muito potente, receitados para mulheres pós

menopausa, que reduz a taxa elevada de remodelamento ósseo para os níveis de pré-

menopausa, levando a ganho progressivo de massa óssea, não desencadeando a ON.

Desde 1996 os bisfosfonatos têm assumido um papel predominante no tratamento

da osteoporose e das alterações do metabolismo ósseo associadas a neoplasias, e segundo

Martin (2009), em 2003 foram relatados os primeiros casos de osteonecrose associado ao

uso de bifosfonato. Apenas em 2004 a Novartis, empresa farmacêutica responsável pela

introdução no mercado dos bisfosfonatos pamidronato (Aredia®) e zoledronato (Zometa®),

viria a alertar os profissionais de saúde para os riscos associados ao desenvolvimento de

osteonecrose dos maxilares, fato alargado em 2005 a um mais amplo grupo de fármacos da

mesma classe, incluindo assim todos os bisfosfonatos, designadamente as formas orais,

como potenciais desencadeadores dos processos de osteonecrose (DURIE; KATZ;

CROWLEY, 2005).

A presente pesquisa entrevistou 119 pacientes em tratamento na Clínica

Odontológica da Universidade São Francisco de Bragança Paulista –SP, onde 6,8% dos

pacientes afirmaram fazer uso do bifosfonato, sendo 87% destes pacientes desconheciam

os efeitos colaterais do BF’s, tendo as demais opções de informação, bula do medicamento

e médico responsável. Todavia, apenas 13% destes pacientes relataram que recebeu

informações do seu médico alertando dos efeitos colaterais do medicamento.

A etiopatogenia da osteonecrose continua em investigação, mas a relação entre o

uso de BF’s e o desenvolvimento da necrose óssea em tecidos bucais após manipulação ou

trauma tem ficado cada vez mais clara. Segundo, Bamias et al., (2007), os estudos indicam

ser pertinente a associação da ON com o tipo de bifosfonato.

Porém Tarassoff; Hei, (2005) discordaram da associação causal entre bisfosfonatos

e osteonecrose, visto que os pacientes que recebem terapia com esses fármacos

frequentemente tomam múltiplas drogas, como antineoplásicos e corticoides. Mas, Carlson;

Page 59: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

58

Basile, (2009) identificaram 103 locais de OAB em 82 pacientes, 32 na maxila e 71 na

mandíbula. Do total de pacientes, 30 estavam tomando medicação com bifosfonato oral,

enquanto 52 estavam tomando medicação com bifosfonato intravenoso.

Todavia, Marx et al. (2005) relataram uma das maiores séries de casos publicada,

que descreveram 119 casos de osteonecrose dos maxilares associada aos bisfosfonatos. A

maioria dos doentes recebia tratamento oncológico, sendo, para o mieloma múltiplo (52,1%),

cancro da mama (42%) e cancro da próstata metastáticos (3,4%). Apenas uma pequena

minoria recebia tratamento para a osteoporose (2,5%). Relativamente ao bifosfonato

utilizado 26% recebiam pamidronato IV, 40,3% zoledronato IV, 30,2% pamidronato IV e

alteraram para zoledronato IV e apenas 2,5% alendronato oral. Praticamente todos os

doentes apresentavam comorbilidades médicas e 59,7% estavam medicados com

corticosteróides. A mandíbula foi o local mais afetado (68,1%) e poucos doentes

apresentaram lesões em ambos os maxilares (4,2%). Apenas 25,2% dos casos surgiram

espontaneamente, tendo a maioria sido precipitados por uma cirúrgica dento-alveolar

(46,2%) ou doença periodontal significativa (28,6%).

Para o cirurgião dentista é importante a realização de um exame clínico exaustivo,

extra e intra oral, além de minuciosa anamnese. Uma série radiográfica completa e uma

radiografia panorâmica irão auxiliar no diagnóstico de cárie e de doença periodontal, na

avaliação de terceiros molares e na identificação de outras patologias ósseas, como

relatado no protocolo preventivo.

Esta pesquisa avaliou o uso dos bisfosfonatos entre os pacientes da Clínica de

Odontologia da USF, analisando os hábitos associados aos fatores de risco, entre estes 8

pacientes, quando questionado ao uso do tabaco, 2 confirmaram o uso, com quantidade

média por dia de 6 cigarros, os outros 6 negaram tabagismo. Sendo assim, fumantes

apresentam um risco acrescido de perda óssea alveolar, mobilidade dentária e perda

dentária precoce, reabsorção da crista alveolar, atraso na cicatrização da ferida pós

extração dentária, esses pacientes por sua vez possuem um potencial maior para

desencadeamento da ON (PEREIRA; COSTA; FERNANDES, 2005).

O uso do tabaco tem sido relacionado à prevalência e severidade da doença

periodontal, principalmente em relação à inflamação e perda óssea e também tem sido

considerado o maior fator de risco para doença periodontal crônica (PEREIRA; COSTA;

FERNÁNDES, 2005).

A pesquisa analisou a via de administração da terapia com bifosfonato dos

pacientes, onde observou 25% fazem uso via endovenosa e 75% fazem uso da via oral, a

Page 60: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

59

maior porcentagem dessa amostra de pacientes, possui menor potencial para desenvolver a

ON, devido a baixa absorção comparada a via endovenosa.

Segundo Ruggiero, (2009) a administração endovenosa parece conferir um risco

mais alto do que a administração oral. Em condições ideais, cerca de 1% da dose

administrada por via oral é absorvida. Até 50% da dose absorvida ou administrado por via

intravenosa é rapidamente retomado pelo esqueleto (RODAN; FLEISCH, 1996).

O fármaco, quando administrado por via oral, sofre pouca absorção, sendo esta

ainda afetada pela alimentação, particularmente pelo leite. Uma vez livre no plasma, é

excretado, em sua forma inalterada, pelo rim (RANG et al., 2004).

A presente pesquisa avaliou o uso dos bisfosfonatos entre os pacientes da Clínica de

Odontologia da USF, analisando a dieta dos pacientes que usam ou usaram bisfosfonatos,

100% dos pacientes fazem alimentação rica em cálcio (leite e derivados) sendo 75%

pacientes fazem o uso do BF’s por via oral, logo a terapia destes paciente é afetados pela

dieta, além de sofrer pouca absorção.

Segundo Hewitti; Farah, (2007) assim, a necrose óssea seria o resultado da

incapacidade do tecido ósseo afetado em reparar e se remodelar frente a quadros

inflamatórios desencadeados por estresse mecânico (mastigação), exodontias, irritações por

próteses mal adaptadas ou infecção dental e periodontal. Em alguns casos de pacientes a

tomar bisfosfonatos, o osso é incapaz de responder a esse aumento de necessidades,

devido não só à sua reduzida capacidade de remodelação e regeração, mas também devido

à hipovascularidade, o que resulta numa osteonecrose.

Esta pesquisa verificou que os pacientes que já foram ou são submetidos a terapia

com o BF’s, 89% utilizavam alguma tipo de prótese, sendo 50% dos pacientes faz uso de PT

superior e inferior , 37% dos pacientes faz uso de PPR , 11% dos pacientes utilizam PPF e

11% não utilizam prótese, em avaliação clinica a próteses devem ser trocadas ou ajustados.

Este é um dado importante, pois o paciente no seu entender, não procura o CD, pois

analisa que na ausência de dentes não é necessário uma avaliação da cavidade oral. Esses

pacientes podem desencadear a osteonecrose associado ao bifosfonato, por uso de

próteses mal adaptadas, que estejam causando injúrias a mucosa, além de reabsorção da

porção do osso da maxila ou da mandíbula que recebe a área basal da prótese, hiperplasias

mucogengivais, úlceras traumáticas entre outros. (GRECCA et al., 2002).

Atualmente, a suspensão dos bisfosfonatos é bastante discutida, deve ser avaliada

caso a caso, com discussão dos riscos e benefícios entre o CD e o medico oncologista. Se

as condições sistêmicas o permitirem, a suspensão do tratamento com bisfosfonatos

intravenosos por um período longo pode ser benéfica para a estabilização do quadro clínico,

Page 61: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

60

logo não certificado por pesquisa. Contudo, níveis ósseos do fármaco mantêm-se altos

durante anos, assim, Ruggiero; Fantasia; Carlson, (2006) consideram pouco provável que a

interrupção dos bisfosfonatos altere o curso clínico da osteonecrose, Entretanto deve-se

considerar se o benefícios serão maiores do que o risco, pois em pacientes oncológicos a

terapia com o BF’s é vital para o paciente.

Com uma incidência que varia entre 0,8% e 12,5%, a osteonecrose é mais frequente

em mulheres. A maior frequência de mieloma múltiplo e de carcinoma da mama nas

mulheres podem também explicar a maior frequência de osteonecrose neste sexo

(BILEZIKIAN, 2006).

Dentre os pacientes entrevistados que fazem uso do bifosfonato, 56% destes

pacientes são do sexo feminino, onde 6% são ou já foram submetidos a terapia com o BF’s,

resultado que coincide com a pesquisa de Bilezikian, (2006), além de que as pacientes

fazem a terapia para osteoporose e mieloma múltiplo.

Segundo, Bamias et al. (2007) e seus cols, a osteonecrose é referida como a

necrose do osso, como resultado de um ineficaz suprimento sanguíneo das áreas afetadas,

o que pode aparecer após o início do tratamento com bisfosfonatos (4 meses), como pode se

revelar seis anos após o início do mesmo. Os autores observaram que a incidência de ONMAB

aumenta em 1,5% entre pacientes tratados por 4-12 meses e em 7,7% nos pacientes

tratados com BF’s durante 37 a 48 meses. A média de ocorrência de ONMAB nos pacientes

em tratamento com ácido zoledrônico é de 16 meses, nos tratados com pamidronato é de 34

meses e com BF’s orais de 54 meses.

A presente pesquisa observou o tempo de terapia dos medicamentos Bf’s

administrados pelos pacientes, e observou uma média de 36 meses de terapia com

bifosfonato com administração via oral, e 9 meses de terapia com bifosfonatos com

administração via intravenosa, lembrando que o potencial para desencadear a osteonecrose

é maior quando sua via de administração é intravenosa, logo o tempo de terapia e um fator

importante que não deve ser deixado de lado. Pacientes submetidos a pesquisa que

administram ou já administram o BF’s por via oral estão menos propensos a desencadear a

ON espontaneamente ou associada a um trauma na mucosa ou cirurgia dentoalveolar e até

mesmo infecção na cavidade oral, do que os pacientes que administram o BF’s por via

endovenosa, quando o fator determinante para desenvolver a osteonecrose é o tempo da

terapia.

Migliorati (2005) ainda relatou que para pacientes que fazem uso há mais de três

anos ou se o associam ao uso de corticoides, é necessário interromper a administração de

Page 62: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

61

BF’s por, no mínimo, três meses antes do procedimento cirúrgico, e só retornar ao uso após

total e completa cicatrização dos tecidos envolvidos, ainda não comprovado por estudos.

Em suma, é fundamental conscientizar e informar aos profissionais da saúde que

lidam com estes pacientes da importância da avaliação odontológica. Essas considerações

são importantes na intervenção clínica do cirurgião dentista e médico que terá

principalmente duas vertentes: uma preventiva e outra mais terapêutica, se possível optar

pela preventiva seguindo um protocolo preventivo como proceder com esses pacientes em

risco, apresentando medicamentos que ofereçam uma melhor qualidade de vida, e

principalmente orientar o paciente quanto a higiene oral e riscos da osteonecrose.

Page 63: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

62

5 CONCLUSÃO

A partir do exposto neste trabalho pode-se concluir que:

O cirurgião-dentista deve estar alerta para identificar pacientes usuários crônicos de

BF’s e poder prevenir as complicações decorrentes do uso desta droga. Os oncologistas,

por outro lado, devem solicitar aos pacientes que façam avaliação odontológica prévia e

mantenham saúde oral adequada.

Considerando os fatores de risco bucais que podem desencadear a osteonecrose

dos maxilares ou da mandíbula, 4 pacientes (50%) foram submetidos cirurgias

dentoalveolares (exodontia e implantes dentários), 5 (62,5%) tinham próteses com

condições inadequadas, incluindo adaptação e função e 4 (50%) ao exame clinico na

cavidade oral apresenta cálculo dental e na maioria dos casos dentes com mobilidade

Analisando os fatores de risco, que deve ter uma atenção primordial para com pacientes

usuários de prótese verificando sua adaptação, função e oclusão, além do alto índice de

procedimento cirúrgicos dentoalveolares em pacientes que administram os BF’s, pois esses

eventos além de ser fatores importantes para os desenvolvimento da ON, influenciam na

qualidade de vida dos pacientes que já fazem terapia com os BF’s.

Os pacientes usuários crônicos do BF’s ainda estão desinformados quanto aos

efeitos colaterais do medicamento, Esta presente pesquisa entrevistou 119 pacientes em

tratamento na Clínica Odontológica da USF, pode-se verificar que 6,8% dos pacientes

afirmaram fazer uso do bifosfonato, sendo 87% destes pacientes desconheciam os efeitos

colaterais desta medicação, tendo as demais opções de informação, bula do medicamento e

médico responsável. Todavia, apenas 13% destes pacientes receberam informações do seu

médico alertando dos efeitos colaterais, para tal o paciente deve, receber informação sobre

OAB e ficar consciente dos sinais e sintomas que desencadeia esta patologia, Estado de

saúde bucal deve ser avaliado e se necessário uma saúde bucal deve ser alcançada antes

de iniciar o tratamento com BF’s.

O desenvolvimento de um protocolo de conduta preventivo é uma prioridade quando

o assunto é a OAB. Este protocolo possibilita ao paciente uma melhor qualidade de vida,

devido as informações e cuidados necessários.

Page 64: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

63

REFERÊNCIAS

AAOMS Position Paper: American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons Position Paper on Bisphosphonate-Related Osteonecrosis of the Jaws. J Oral Maxillofac Surg, v.65, p.339-376, 2007.

ABDALLA, A.L.; MAHALLAWY, S.E.; DAVIDSON, C.L. Clinical and sem evaluations of therr compomer systems in Class V carious lesions. J Oral Rehabil. v.200, n.29, p.7-9, 2002.

BAMIAS, A. et al. Osteonecrosis of the jaw in cancer after treatment with bisphosphonates: incidence and risk factors. J Clin Oncol, v.23, n.34, p.80-85, 2007.

BELL, B.M.; BELL, R.E.; Oral bisphosphonates and dental implants: a retrospective study. J Oral Maxillofac Surg, v.5, n.66, p.4-10, 2008.

BERENSON, J.R. et al. American Society of Clinical Oncology clinical practice guidelines: the role of bisphophonates em multiple myeloma. J Clin Oncol. v.20, n.17, p.36-37, 2002.

BERRUTI, A. et al. Metabolic bone disease induced by prostate cancer: rationale for the use of bisphosphonates J Urol , v.166, n.20 p.23-31, 2001.

BILEZIKIAN, J.J. Osteonecrosis of the Jaw – Do Bisphosphonates Pose a Risk N Engl, J Med , v.355, n.22, p.78-81, 2006.

BRENNAN, T.C. et al. Br J Pharmacol. n.157, p.1291-1300, 2009.

BRIANCHI, S.D. et al. Computerized tomographic findings in bisphosphonate associated osteonecrosis of the jaw in patients withi cancer. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. v.104, n.3, p.49-58, 2007.

BOONYAPAKORN, T. et al. Bisphosphonate-induced osteonecrosis of the jaws: Prospective study of 80 patients with multiple myeloma and other malignancies. J Oral Oncology. v.44, n.9 p.57-69. 2008.

CASTRO, L.F.; FERREIRA, A.G.; FERREIRA, E.l. Bisfosfonatos como transportadores osteotrópicos no planejamento de fármacos dirigidos. Quim. Nova, n.27, p. 456-460, 2004.

CARLSON E, R.; BASILE, J. D.; The role of surgical resection in the management of bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaws. J Oral Maxillofac Surg n.67, p.85-95, 2009.

CARTER, G.; GOSS, A. N.; DOECKE. C. Bisphosphonates and avascular necrosis of the jaw: a possible association. Med J Aust. n.182, v.8, p. 413, 2005.

CLARKE, B. M. et al., Biphosphonates and jaw osteonecrosis. The UAMS experience. Otolaryngol Head Neck Surg. v.136, p. 396-400, 2007.

CURI, M.M. et al. Treatment of avascular osteonecrosis of the mandible in cancer patients with a history of bisphosphonate therapy by combining bone resection and autologous platelet-rich plasma: Report of 3 cases. J Oral Maxillofac Surg. n.65, v.2, p.49-55. 2007

Page 65: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

64

DANNEMANN, C.; ZWAHLEN, R.; GRATZ, K. W. Clinical experiences with bisphopsphonate induced osteochemonecrosis of the jaws. Swiss Med Wkly. n.136, p. v.31, p. 4-9, 2006.

DJULBEGOVIC, B. et al, Bisphosphonates in multiple myeloma. Rev Cochrane Database Syst, p.2, 2004.

DIMOPOULOS, M.A. et al. Reduction of osteonecrosis of the jaw (ONJ) after implementation of preventive measures in patients with multiple myeloma treated with zoledronic acid. Ann Oncol n.20, p.17-20. 2009.

DURIE, B.G.; KATZ, M.; CROWLEY, J. Osteonecrosis of the jaw and bisphosphonates. J Med. N Engl, v.353, n.1, p.99-102, 2005.

ESCOBAR, L. et al.: Osteonecrosis de los maxilares associada a bisfosfonatos v.23, n.2, p.91-101, 2007.

EPSTEIN, A.S. et al. A single-institution (MSKCC) analysis of incidence and clinical outcomes in patients with thromboembolic events and exocrine pancreas cancer. J Clin Oncol. n.28, v,15, p.40-62, 2010.

FERNANDES, C.; LEITE, R. S.; LANÇAS. F. M. Bisfosfonatos: Síntese, Análises químicas e aplicações farmacológicas. Quim. Nova, v.28, n.2, p. 274-280, 2005.

FERNANDEZ, N.P.; FERSCO, R. E.; URIZAR, J. M. A. Bisphosphonates and oral pathology I. General and preventive aspects. Med Oral Patol Oral Cir Bucal, v.11, p.396-400. 2006.

FERRARI, S, et al. Fibula free flap with endosseous implants for reconstructing a resected mandible in bisphosphonate osteonecrosis. J Oral Maxillofac Surg, n.66, v.5, p.999-1003,

2008.

FICARRA, G. et al. Osteonecrosis of the jaws in periodontal patients with a history of bisphosphonates treatment. Journal of Clinical Periodontology, n.32, p.1123-1128, 2005.

FILLEUL, O.; CROMPOT, E.; SAUSSEZ, S. Bisphosphonate-induced osteonecrosis of the jaw: a review of 2,400 patient cases. J Cancer Res Clin Oncol, v136, p.1117–1124, 2010.

FRESCO, R.E.; FERNÁNDEZ, N.P.; URIZAR, J.M.A.:Bisphosphonates and Oral Pathology II. Osteonecrosis of the jaws: Review of the literature before 2005. Med Oral Patol Cir Bucal, n.11, p.56-61, 2006.

GEBARA, S.N.; MOUBAY, H. Risk of osteonecrosis of the jaw in cancer patients taking bisphosphonates. Am J Health Syst Pharm n.66, p.15-41, 2009.

GRECCA, K. A. M. et al. Uso de próteses totais e lesões em tecidos moles na terceira idade. PCL, Curitiba, v. 4, n. 22, p. 496-501, 2002.

GRIPPO, J.O.; Noncarious cervical lesions: the decision to ignore or restroe. J. Esthet Dente, p.55-64, 1992.

GUTTA, R.; LOUIS, P.J. Bisphosphonates and osteonecrosis of the jaws: science and rationale. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. v.104, n.2, p.186-193, 2007.

HEWITTI, C.; FARAH, C.S. Bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaws: a comprehensive review. J Oral Pathol, v.36, n.6, p.19-28, 2007.

Page 66: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

65

HOMIK, J. et al. Bisphosphonates for steroid induced osteoporosis. Rev Cochrane Database Syst, p.2, 2004.

HUGHES, D.E. et al Bisphosphonates promote apoptosis in murine osteoclasts in vitro and in vivo. J Bone Miner Res, v.10, p.78-87,1995.

LAM, D.K. et al. A review of bisphosphonate-associated osteonecrosis of the jaws and its management. J Can Dent Assoc, v.73, n.5, p.17-22, 2007.

KADENAMI, D. et al. Primary Surgical Therapy for Osteonecrosis of the Jaw Secondary to Bisphosphonates Therapy. Mayo Clinic Proc, n.81, p.100, 2006.

KOS, M. et al. Bisphosphonate – related osteonecrosis of the jaws: a review of 34 cases and evaluation of risk. J Craniomaxillofac Surg, v.38, n.4, p. 25, 2010.

KUMAR, V. et al. Bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaws: A report of three cases demonstrating variability in outcomes and morbidity. J Am Dent Assoc. n.138, p.602-609. 2008.

MARTIN, M.A.T. Hematol. Hemoter Rev. Bras. v.31, n.1, p.31-36, 2009.

MARX, R.E. et al. Pinduced exposed bone (osteonecrosis/osteopetrosis) of the jaws: risk factors, recognition, prevention, and treatment. J Oral Maxillofac Surg v.63, n.15, p.67-75, 2005.

MELO, M. D.; OBEID, G, Osteonecrosis of the jaws in patients with a history of receiving biphosphonate therapy. J Am Dent Assoc, v.136, n.12, p.75-81, 2005.

MERIGO, E. Jaw bone necrosis without previous dental extractions associated with the use of bisphosphonates (pamidronate and zoledronate): a fourcase report. J Oral Pathol, v.34, n.10, p.7-13, 2005.

MILLER, P. et al. Monthly oral ibandronate therapy in postmenopausal osteoporosis: 1-year results from the MOBILE Study. Journal of Boné and Mineral Research; v.20, n.8, p13-22. 2005

MIGLIORATI, C.A. et al.Bisphosphonate-Associated of Mandibular and Maxillary Bone. An Emerging Oral Complication of Supportive Cancer Therapy. Cancer, v.104, n.1, p.83-93, 2005.

MIGLIORATI, C.A. SIEGEL MA, ELTING LS. Bisphosphonate-associated osteonecrosis: a long-term complication of bisphosphonate treatment. Lancet Oncol, v.7, n.50, p.8-14, 2006.

NASE, J.B.; SUZUKI, J. B. Osteonecrosis of the jaw and oral bisphosphonate treatment. J Am Dent Assoc, v.137, n.8, p.9-15, 69-70, 2006.

NETTO, H.D.M, et al. Osteonecrose mandibular após terapia por implantes osseointegrados decorrente do uso do bifosfonato: revisão de literatura e relato de caso. Implant news, n.4, v.4, p.27-30, 2007.

ODVINA, C. V. et al, Severely Supressed Bone Turnover: A Potential Complication of Alendronate Therapy. The journal of clinical Endocrinology and metabolism. v. 90, n.3, p. 1294-1301, 2005.

PANTANO, M.; FRANÇA, S. APCD JORNAL, v.46, n.454, p.18-19, outubro 2011.

Page 67: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

66

PEREIRA, M.L.L.; COSTA, M.A; FERNANDES, M.H.R. Efeito da nicotina na morfologia e proliferação de celular do osso alveolar em diferente fases de diferenciação. Revista Portuguesa de Estomatologia. Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial, v.46, n.2, p.81-91, 2005.

PIRES, F. R. et al. Oral avascular necrosis associated with chemotherapy and biphosphonate thrapy. Oral diseases, v.11, n.6, p. 365, 2005.

RANG, H.P. et al Farmacologia. Rio de Janeiro: Elsevier, v.5, n.6, p.903, 2004.

RODAN, G.A.; FLEISCH, H.A. Bisphosphonates: mechanisms of action. J Clin Invest, v.97, n.12, v.26, p.2-6, 1996.

ROSEN, L.S. et al. Zoledronic acid versus pamidronate in the treatment of skeletal metastases in patients with breast cancer or osteolytic lesions of multiple myeloma: a phase III, double-bind, comparative trial. Cancer J, n.7, p.377-387, 2001.

RUGGIERO, S.L.; FANTASIA, J.; CARLSON, E. Bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaw: background and guidelines for diagnosis, staging and management. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. n.102, v.4, p.33-41, 2006.

RUGGIERO, S.L.; MEHROTRA, B.; ROSENBERG, T.J. Engroff Sl Osteonecrosis of the jaws associated with the use of bisphosphonates: a review of 63 cases J Oral Maxillofac Surg, v.62, n.6, p.27-34, 2004.

RUGGIERO, S.L. Task Force on Bisphosphonate-Related Osteonecrosis of the Jaws, American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons. American Association of Oral and Maxillofacial Surgeons position paper on bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaw. J Aust Endod . v.35, n.3, p.19-30, 2009.

RUSSELL, R. G. G. et al. Bifosfonatos (BFs) como transportadores osteotrópicos no planejamento de fármacos dirigidos. Quim Nova n.25, p.97, 1999.

SAAD, F.; CLARKE, N.; COLOMBEL, M.; Natural history and treatment of bone complications in prostate cancer. Eur Urol. n.49, p.29–40, 2006.

SARIN, J.; DEROSSI, S.S.; Updates on bisphosphonates and potencial pathobiology of bisphosphonate-induced jaw osteonecrosis. Oral Diseases , v.14, n.2, p.77-85, 2008.

SCOLETTA, et al. Treatment outcomes in patients with bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaws: a prospective study. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod n.110, p.46 - 53, 2010.

SENEL, F.C. et al, Severe osteomyelitis of the mandible associated with the use of non-nitrogen-containing bisphosphonate (disodium clodronate): report of a case. J Oral Maxillofac Surg, v.65, n.3, p.562-5, 2007.

STEWART, A.F. Hypercalcemia associated with cancer N Engl J Méd, n.9, p.352-373, 2005.

TARASOFF, P.; HEI Y.J.; Osteonecrose da mandíbula e bisfosfonatos. N Engl J Med. n.102, v.3, p.53:99-102, 2005.

VASCONCELLOS, D.V.; DUARTE, M.E.L.; MAIA, R.C. Efeito anti-tumoral dos bisfosfonatos: uma nova perspectiva terapêutica. Rev Bras Cancerol, v.50, n.1, p.45-54, 2004.

Page 68: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

67

VERA, J. L. C. P. et al, Bisphosphonate-associated osteonecrosis of the jaw. Ver Esp Cir Oral y maxilofac, v.29, n.5, p.295-308, 2007.

WANG, J.; GOODGER, N.M.; POGREL, M.A. Osteonecrosis of the jaws associated with cancer chemotherapy. J Oral Maxillofac Surg, n.61, p.7-11, 2003.

WESSEL, J.H.; DODSON, T.B.; ZAVRAS, A.I.; Zoledronate, smoking, and obesity are strong risk factors for osteonecrosis of the jaw: a case-control study. J Oral Maxillofac Surg, v.66, n.4, p.25-31, 2008.

WISINTAINER, F.; AMORIN, G.; MIELE, L. Metástases ósseas e hipercalcemia. In: Boff RA, Wisintainer F, Amorin G. Manual de diagnóstico e terapêutica em mastologia. n.2, p.19-21, 2007.

Page 69: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

68

ANEXO 1

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

“PROTOCOLO PARA CONDUTA PREVENTIVA DE OSTEONECROSE DOS MAXILARES ASSOCIADO AO USO DE BISFOSFONATOS”

Nome: __________________________________________________ RG: ________________ CPF/MF: _____________________ Endereço: _________________________________N° ____________ Bairro: ____________________________ Cidade: ____________________ Estado: ________ Telefone: ( ___ ) _____________________ Sexo: ( ) M ( ) F Idade: _____________________

O presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido declara que a pesquisa será

realizada com os pacientes da Clinica Odontológica da Universidade São Francisco, por

meio dos pesquisadores, que explicaram nesta data, detalhadamente todas as perguntas do

questionário, sem qualquer dúvida a respeito do mesmo, bem como o informou de que:

1. O presente trabalho terá o objetivo de avaliar as condições e situações de risco para a ocorrência da osteonecrose dos maxilares e desenvolver um protocolo odontológico de conduta preventiva para estes pacientes.

2. O questionário será realizado na Clínica de Ensino em Odontologia na Universidade São Francisco, localizado na Av. São Francisco de Assis, 218, na cidade de Bragança Paulista/SP, pelo acadêmico Helder Nascimento de Azevedo e sob supervisão direta da orientadora Profª Ms. Silvia Cristina Mazeti Torres.

3. O paciente sempre será tratado com respeito e com direito ao resguardo de sua privacidade.

4. O questionário será aplicado aos pacientes acima de 60 anos que estão em tratamento odontológico na Clínica Odontológica da Universidade São Francisco.

5. O voluntário terá o direito de se negar a participar da pesquisa e poderá a qualquer momento abandoná-la, sem que isto cause qualquer impedimento em usufruir os atendimentos presentes ou futuros na Clinica Odontológica da Universidade São Francisco.

6. As documentações clínicas geradas poderão ser utilizadas pela Universidade São Francisco para pesquisa, publicação científica e/ou material didático, preservando a identidade do paciente por ocasião da exposição e/ou publicação da mesma.

7. O voluntário não terá gastos ou cobranças e não receberá qualquer tipo de remuneração para participação do estudo.

8. Poderá contatar os pesquisadores responsáveis através do telefone 11-4034-8296 e ao Comitê de Ética através dos telefones 11-2454-8028 ou 11-2454-8981, no horário comercial para quaisquer esclarecimentos que julgar necessário. Declara, estar ciente dos propósitos do questionário e do objetivo da pesquisa, aceita e autorizara, por meio de assinatura do presente Termo, a execução da pesquisa, comprometendo-se a cumprir as orientações do pesquisador e da sua orientadora temática. Por estarem informados e conscientes, assinam o presente Termo em duas vias de igual teor e forma.

Bragança Paulista, ___ de __________ de ____________.

__________________________________ __________________________________

(Paciente) (Pesquisador)

Page 70: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

69

ANEXO 2

Mini Exame do Estado Mental (MEEM) Descrição É o teste mais utilizado para avaliar a função cognitiva por ser rápido (em torno de 10 minutos), de fácil aplicação, não requerendo material específico. Deve ser utilizado como instrumento de rastreamento não substituindo uma avaliação mais detalhada, pois, apesar de avaliar vários domínios (orientação espacial, temporal, memória imediata e de evocação, cálculo, linguagem nomeação, repetição, compreensão, escrita e cópia de desenho), não serve como teste diagnóstico, mas sim pra indicar funções que precisam ser investigadas. Uso Teste de rastreamento e avaliação rápida da função cognitiva Apresentação do Exame 1. Orientação espacial (0-5 pontos): Em que dia estamos?

Ano ________________

Semestre ____________

Mês ________________

Dia _________________

Dia da Semana ________________ 2. Orientação espacial (0-5 pontos): Onde Estamos?

Estado ______________

Cidade ______________

Local _______________ 3. Repita as palavras (0-3 pontos):

Caneca ( )

Tijolo ( )

Tapete ( ) 4. Cálculo (0-5 pontos): O senhor faz cálculos? Sim (vá para a pergunta 4a) Não (vá para a pergunta 4b) 4a.Se de 100 fossem tirados 7 quanto restaria? E se tirarmos mais 7?

( ) 93

( ) 86

( ) 79

( ) 72

( ) 65

4b.Soletre a palavra MUNDO de trás pra frente

O ( )

D ( )

Page 71: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

70

N ( )

U ( )

M ( )

5. Memorização (0-3 pontos): Peça para o entrevistado escrever as palavras ditas há pouco.

________________

________________

________________ 6. Linguagem (0-2 pontos): Mostre um relógio e uma caneta e peça para o entrevistado para nomeá-los.

Relógio ( )

Caneta ( ) 7. Linguagem (1 ponto): Solicite ao entrevistado que repita a frase:

NEM AQUI, NEM ALI, NEM LÁ. ( )

8. Linguagem (0-3 pontos): Siga uma ordem de 3 estágios:

Pegue esse papel com a mão direita.

Dobre-o no meio.

Coloque-o no chão. 9. Linguagem (1 ponto): Escreva em um papel: "FECHE OS OLHOS". Peça para o entrevistado ler a ordem e executá-la. 10. Linguagem (1 ponto): Peça para o entrevistado escrever uma frase completa. A frase deve ter um sujeito e um objeto e deve ter sentido. Ignore a ortografia. ___________________________________________________________________________________ 11. Linguagem (1 ponto): Peça ao entrevistado para copiar o seguinte desenho. Verifique se todos os lados estão preservados e se os lados da intersecção formam um quadrilátero. Tremor e rotação podem ser ignorados.

Resultado:

______________________________________________________________________

Page 72: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

71

ANEXO 3

QUESTIONÁRIO

Gênero ( ) M ( ) F Idade: ___________ anos

1. Possui osteoporose / osteopenia? ( ) sim Não ( ) 2. Faz tratamento para osteoporose? ( ) sim Não ( ) (se sua reposta for sim, vá até a questão 7) 3. Já fez tratamento para osteoporose? ( ) sim Não ( )

4. Durante quanto tempo fez este tratamento? ( ) 1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 anos ( ) 4 anos ( ) 5 anos ou mais 5. Parou há quanto tempo? ( ) 1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 anos ( ) 4 anos ( ) 5 anos ou mais 6. Qual era o tipo de tratamento? ( )medicamentoso ( ) dieta ( ) dieta + medicamentos ( ) hormônios ( ) Outros. Especificar qual: ________________________________ 7. Se a sua resposta na questão 2 foi sim, há quanto tempo faz este tratamento? ( ) 1 ano ( ) 2 anos ( ) 3 anos ( ) 4 anos ( ) 5 anos ou mais 8. Qual o tipo de tratamento? ( ) medicamentoso ( ) dieta ( ) dieta + medicamentos ( ) hormônios ( ) Outros. Especificar qual: ________________________________ 9. Usa alguns desses medicamentos? Medicamento Via de Administração Caso sim/Duração Etidronato (Didronel) ( ) sim ( ) não Oral ______________ Tiludronato (Skelid) ( ) sim ( ) não Oral ______________ Alendronato (Fosamax) ( ) sim ( ) não Oral ______________ Residronato (Actonel) ( ) sim ( ) não Oral ______________ Ibandronato (Boniva) ( ) sim ( ) não Oral ______________ Pamidronato (Aredia) ( ) sim ( ) não Endovenosa ______________ Zoledronato (Zometa) ( ) sim ( ) não Endovenosa ______________

Outros medicamentos, quais?

________________________________Para________________Duração__________________ ________________________________Para________________Duração__________________

Page 73: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

72

________________________________Para________________Duração__________________ 10. Sabe dos efeitos colaterais do uso destes medicamentos: ( ) sim Não ( ) 11. Se sim, quem lhe informou: ( ) médico ( ) li bula ( ) farmacêutico ( ) outros (especificar quem): _____________ 12. Teve alguma dessas doenças/condições crônicas? Doença Paget ( ) sim ( ) não Hipercalcemia Maligna ( ) sim ( ) não carcinoma: pulmão ( ) mama ( ) Metástases ósseas ( ) sim ( ) não Miéloma Múltiplo ( ) sim ( ) não Hábitos que afetam os ossos

13. Toma suplementos de cálcio pelo menos 3 ou 4 vezes por semana ( ) sim ( ) não 14. Come alimentos ricos em cálcio todos os dias ( ) sim ( ) não 15. Consome produtos lácteos ( ) sim ( ) não 16. Fuma atualmente: ( ) sim ( ) não Quantos cigarros por dia? __________

17. Pratica atividade física? ( ) sim ( ) não 18. Quantas vezes pratica atividade física por semana? ( ) 1a 2 vezes ( ) 3 a 4

vezes ( ) 5 vezes ou mais

19. Fraturou algum osso nos últimos 5 anos? ( ) sim ( ) não 20. Caso positivo, que sso(s)_____________________________________________ 21. Como isso ocorreu?_________________________________________________

Fatores de risco – Locais e Sistêmicos 22. Realizou cirurgias dentoalveolares (extrações dentárias, implantes dentários) ( ) sim

( ) não 23. Sofreu algum trauma causado por prótese ( ) sim ( ) não

24. Visita o cirurgião dentista? ( ) sim ( ) não 25. Quando foi a última consulta?___________________________________________

Exame Clínico – realizado pelo Cirurgião Dentista.

26. Dentes com mobilidade ( ) sim ( ) não 27. Cálculo dentário ( ) sim ( ) não 28. Presença de biofilme ( ) sim ( ) não 29. Uso de próteses ( ) sim ( ) não 30. Tipo de Prótese: ( ) total removível ( ) ( ) total e removível

( ) fixa Obs.:____________________________________________________

Obrigado pelo seu tempo para completar esse questionário

Page 74: AVALIAÇÃO DO USO DE BISFOSFONATOS EM IDOSOS …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2414.pdf · avaliaÇÃo do uso de bisfosfonatos em idosos estabelecendo um protocolo

73

ANEXO 4