idosos ativos

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DESDE 1992 folhauniversal.com.br TIRAGEM 1.811.000 De 28 de outrubro a 3 de novembro de 2012 Ano 20 Nº 1.073 EDIÇÃO NACIONAL Velho é o preconceito Hora de fortalecer os casais Em 3 de novembro, próximo sábado, será realizada a 2 a Caminhada do Amor. É um momento para os casais conversarem ao ar livre e assim se fortalecerem. PÁG. 12i Pelo fim da violência dentro de casa Evento vai lembrar que agressões físicas contra a mulher são inaceitáveis. Por isso, é necessário romper o silêncio PÁG. 5i FOTOLIA DEMETRIO KOCH Beneficiados pelos avanços da medicina e da tecnologia, os vovôs modernos se cuidam mais, fazem exercícios diários, realizam passeios, enfim, levam vida ativa, quebrando tabus e ampliando seus limites PÁG. 12 FOTOLIA

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A reportagem apresentou números da população idosa no mundo e no Brasil, mostrou exemplos de pessoas que ignoram o preconceito com a idade e quebram tabus, pois praticam esportes, fazem aulas de ginástica, dançam, passeiam e estão sempre dispostas a viver mais e melhor. Além de mostrar idosos ativos, a reportagem apresentou dicas de exercícios que podem ser feitos em casa e ouviu educadores físicos sobre o melhor caminho para uma vida longa e saudável.

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DesDe 1992 folhauniversal.com.br

TIRAGEM 1.811.000De 28 de outrubro a 3 de novembro de 2012 Ano 20 Nº 1.073 EDição NAcioNAl

Velho é o preconceito Hora de fortalecer os casaisEm 3 de novembro, próximo sábado, será realizada a 2 a Caminhada do Amor. É um momento para os casais conversarem ao ar livre e assim se fortalecerem. pág. 12i

Pelo fim da violência dentro de casaEvento vai lembrar que agressões físicas contra a mulher são inaceitáveis. Por isso, é necessário romper o silêncio pág. 5i

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DOMINGO, 28 DE OUTUBRO DE 2012 -

EM FORMA: Aos 91 anos, o goiano Tércio Mariano Rezende é o jogador de futebol mais velho do mundo, segundo o "Guiness Book"

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Velhice modernaMais ativos que os vovôs de antigamente, os idosos de hoje quebram tabus, praticam esportes, fazem aulas de ginástica, dançam, passeiam e estão sempre dispostos a viver mais e melhor

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- DOMINGO, 28 DE OUTUBRO DE 2012

Fernando [email protected]

O mundo terá 1 bi-lhão de idosos em 10 anos e mais de 2 bilhões em 2050, se-

gundo estimativa do Fundo de População das Nações Unidas, órgão ligado à ONU. No Brasil, a expectativa é que a população com mais de 60 anos represen-te cerca de 30% dos brasileiros em 2050, o equivalente a 64 mi-lhões de pessoas.

Atualmente, vivem no País 21 milhões de idosos, muitos deles sexualmente ativos, eco-nomicamente independentes, fisicamente saudáveis e com energia suficiente para fazer inveja a muitos jovens.

Tércio Mariano de Rezen-de é um exemplo de como a longevidade pode ser bem aproveitada. Aos 91 anos e citado no “Guiness Book”, o livro dos recordes, como o jogador de futebol mais velho de mundo, ele caminha dia-

riamente cerca de 4 quilômetros,

suporta tranquilamente os dois tempos de 45 minutos dos jogos, diz que faz bons passes e cruzamentos e não perdeu o faro de gol. “Jogo na ponta direita e gosto de atacar”, conta Tercião, como é conhecido. “Vou sempre na área. Se pingar, a gente bota no fundo da rede”, diz o veterano do Goiandira, no interior de Goiás, onde atua ao lado do filho Ênio, de 48

anos, e de dois netos, An-dré Luiz e Ênio

Júnior, de 24 e 25 anos, res-pectivamente.

“A integração com outras faixas etárias, principalmente com netos, influencia bastan-te na qualidade de vida”, diz a presidente da Sociedade Bra-sileira de Geriatria e Geronto-logia, Nezilour Lobato Rodri-gues. Para ela, uma longevidade saudável depende também de atitudes positivas em relação à vida e de projetos de engaja-mento social para um envelhe-cimento com independência e autonomia. “Depois dos 60 anos a vida continua e existe

ainda uma expectativa

Brasil tem HOJe

21 milHões de

idOsOs e deVe

ter 64 milHões

em 2050, segundO

estimatiVas

CONTADOR DE HISTÓRIAS: Jayme Jammik, de 80 anos, pratica pilates etai chi chuan e no tempo livre conta e escreve sobre suas aventuras

MOVIDO A ADRENALINA: Fernando Almeida prado, de 88 anos, em algumas de suas façanhas no ar e na água

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média de mais 20 anos para se-rem aproveitados.”

Aos 66 anos, Vera Lúcia Raimundo Lopes brinca como uma criança com os 19 netos e com a única bisneta, de 5 anos. Há 15 anos ela participa de ati-vidades com o Grupo Prima-vera, do Jardim Morganti, na zona leste de São Paulo. Dan-ça, faz ginástica e passeia, mas gosta mesmo é de jogar futebol. “Jogo com netos, bisnetos, le-vei até um tombo de costas no mês passado, mas não posso parar. Pretendo jogar todos os dias, mais 20 anos, não sei. Até com tataraneto”, comentou, en-

quanto chutava bola com o neto Enzo, de 5 anos.

A atenção familiar tam-bém impulsionou o engenhei-ro Fernando Almeida Prado a começar a correr. Aos 84 anos e debilitado numa fase de de-dicação exclusiva à mulher que sofrera um derrame, ele comentou com o filho o desejo de completar uma prova de São Silvestre, tradicional corrida de

15 km pelas ruas de São Pau-lo. Apaixonado por corrida, o médico Marcelo Almeida Pra-do consultou o educador físico Paulo Nogueira, com quem já havia treinado. Hoje, 4 anos depois, Prado pai já correu duas vezes a São Silvestre, uma meia maratona (de 21 km) e é o corredor mais velho do Grupo Corpore. “Ele tem saúde que pouquíssimas pessoas da idade dele têm. Nunca tinha corrido, mas sempre se exercitou e não foi tão difícil como seria se fosse obeso, sem exercício algum. Só precisou trabalhar em cima da

frequência cardíaca”, explica o educador físico Paulo Nogueira.

Mas o corredor que chama a atenção a cada participação em prova de 10 km, a sua prefe-rida, e que se exercita pelas ruas de Higienópolis correndo entre 4 km e 10 km por dia, surpreen-de ainda mais ao detalhar suas recentes aventuras, que incluem salto de paraquedas, travessias marítimas, passeios de esqui aquático, cavalgadas e muita pescaria. “Sempre fui bom de nado, me concentro muito a cada braçada, e faço o mesmo quando corro. É tão bom fazer exercício, superar cada desafio”, conta Fernando Prado.

O corredor conta que sem-pre se cuidou fisicamente, qua-se não ingeriu bebida alcoóli-ca, dorme pelo menos 8 horas por noite, acorda e deita cedo. “Sempre andei a cavalo, morei mais de 30 anos em fazenda, tive casamento estável com minha primeira namorada e ficamos

juntos por 62 anos, até eu ficar viúvo”, comenta. “Eu vou ao médico geriatra regularmente desde os 50 anos e faço exames anuais. O jovem tem que pensar no futuro, não beber, não fumar e fazer esporte”, orienta Prado, antes de revelar que tem na-morada e é sexualmente ativo. “Isso, com 88 anos, não é muito comum e eu gostaria que os jo-vens pensassem bem nisso.”

Apesar das vantagens de se levar uma vida regrada desde a juventude, muitos conseguem iniciar uma fase mais saudável depois de completar 60 anos. Em São Paulo e no Rio de Ja-neiro, por exemplo, 30% dos alunos matriculados em acade-mias são idosos, de acordo com a Associação Brasileira de Aca-demias, a Acad Brasil.

Como qualquer novo aluno que resolve praticar atividades físicas, o idoso passa por uma avaliação médica antes de co-meçar a se exercitar e, em geral, nota resultados em pouco tem-po. “Em dois meses, o idoso já vai sentir uma diferença absur-da de força, vai ganhar tônus muscular. É visível o resultado”, comenta o professor Kleber Pereira, presidente da Acad. Segundo ele, não há atividades específicas para pessoas da ter-ceira idade. “Depende do con-dicionamento físico e do histó-rico da pessoa, mas musculação e hidroginástica são atividades que ajudam quem preci-

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sa recuperar força para pegar o neto no colo, buscar uma roupa em um lu-gar alto”, exemplifica Pereira, acrescentando que o acompanhamen-to de um cardiologista deve ser considerado.

O personal trai-ner Flávio Naito, que fez pós-graduação em metodologia e ativida-de física para a terceira idade, salienta a necessi-dade de avaliação física e clínica e recomenda que os iniciantes evitem esportes de impacto ou com risco de queda. “A musculação é a atividade mais recomenda-da, pelos inúmeros benefícios que oferece”, diz Naito. “Cami-nhada, corrida, hidroginástica e ginástica, além da dança, que tem ótimo efeito no lado social”, acrescenta o personal trainer.

Para quem frequenta aca-demia, aulas de dança ou de

artesanato, solidão é uma pa-lavra que não faz parte do vo-cabulário. No bairro paulistano da Aclimação, na zona sul, por exemplo, há um espaço em que Eda Aste, de 67 anos, gosta de se exercitar e contar sobre as via-gens que adora fazer. No mes-mo endereço, Hermine Morei-ra Guimarães, de 91 anos, diz estar reaprendendo a viver após ter sido proibida de dirigir pelo médico, e Jayme Jammik, de 80 anos, esquece os “stents” que tem no coração cada vez que fala sobre as aventuras que em breve estarão em um livro.

Há 28 anos como professo-ra de ginástica para a terceira idade, Maria Helena Toledo Machado, de 54 anos, se diver-te com seus alunos. “A maioria mora sozinho e vem aqui pela distração, o exercício é leve. É como um recreio para eles”, comenta, relatando um aspecto de socialização também viven-ciado em outros locais de con-vivência de idosos visitados pela Folha Universal.

Em um dos núcleos da entidade Juntos, da zona leste paulistana, que entre outras atividades oferece aulas de ca-poeira a 360 idosos, os alunos

esbanjam animação desde o alongamento até as simula-ções de luta e a dança. Ao final da aula, o clima de descontra-ção continuava. Solony Alves Pereira, de 85 anos, dizia se sentir “um bebê” enquanto

tocava instrumentos musicais e ensaiava para o show que ela e as colegas apresentarão no fim do ano.

No dia seguinte, as mes-mas senhoras já estavam num encontro com mais de 700 idosos, uma festa com dança e concurso de miss e mister Primavera. Leolina Perei-ra dos Santos, de 80 anos, e Rodnei Machado, de 91 anos, foram os vencedores. Os dois disseram que o segredo para brilhar é estar sempre em ati-vidade. “Se não fosse ativa, en-ferrujaria”, disse a miss.

DISPOSIÇÃO DE BEBÊ: solony Alves pereira, de 85 anos, durante uma aula de capoeira só para idosos

ELEITOS: Rodnei Machado e leolina, após vencer concurso de mister e miss primavera

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