automatização de processo de teste: qual o melhor momento?

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Automatização de Processo de Teste: Qual o melhor momento? Por Edwagney Luz Consideramos a área de automação de teste bastante interessante, e não nos surpreende que seja a menina dos olhos de muitas companhias quando se fala em implantação de processo de teste de software. Assim como em todo este nosso imenso país, estamos ainda engatinhando em relação à disciplina de Teste de Software e o mercado goiano não é diferente, o qual, em meu ponto de vista, está aquém do restante do país. Algo precisa ser feito rápido, caso os empresários queiram realmente fazer frente às demais empresas de software do país e principalmente do exterior. Histórica e culturalmente no Brasil, temos a idéia de que vamos encontrar uma ferramenta que resolverá todos os nossos problemas, e de um dia para o outro tudo estará solucionado sem grandes esforços ou investimentos. Mas a realidade é bem diferente disso. A automação é algo extraordinário e realmente faz com que a empresa tenha ganhos substanciais também no que tange ao processo de teste de software. Entretanto, se, e somente se, a empresa estiver preparada para tal. Certa vez assisti a uma palestra do consultor de empresas Waldez Ludwig, na qual afirmara que se um processo não é bem executado, a automatização somente faria com que esse mesmo processo continuasse sendo mal executado, só que de forma bem mais rápida. Acredito que não é exatamente esse o objetivo que almejamos para nossas empresas. Em algumas das empresas nas quais prestei consultorias, existia a crença de que a aquisição pura e simples de uma ferramenta para automatização do teste trará agilidade à empresa. Vejo isso com receios, pois se na organização não existir processo bem fundamentado, pessoas engajadas e conhecedoras desse processo, e não existir principalmente uma cultura voltada ao funcionamento e melhora contínua do processo, como vão conseguir agilidade simplesmente na aquisição de uma ferramenta de automação? Como vão conseguir agilidade em algo que ainda não sabem realmente como fazer? É preciso investir? É preciso ser ágil? A resposta é sim, entretanto investir de forma correta, com planejamento, cuidado e principalmente sabendo em que terreno estamos pisando. Quantificar o risco é fundamental quando falamos em implantar algo novo em uma empresa. Acreditamos firmemente que avançar sem sustentabilidade não seja o melhor caminho para se alcançar o objetivo almejado e atingir a tão sonhada agilidade. Recentemente li o livro "The Mythical Man-Month" sob autoria de Frederick P. Brooks Jr, onde faz ensaios sobre o processo de desenvolvimento e gerenciamento de projetos de software. Uma das analogias que chama a atenção foi a transcrição de um trecho do menu” de um restaurante de “New Orleans” (EUA): "Cozinhar bem leva tempo. Se fazemos você esperar é para servi-lo melhor e deixá-lo satisfeito." Essa frase faz todo sentido em um processo de software e podemos perfeitamente transcrevê-la para projetos de implantação de processos. Precisamos seguir com cuidado, analisando cada

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Automatização de Processo de Teste: Qual o melhor momento?

Por Edwagney Luz Consideramos a área de automação de teste bastante interessante, e não nos surpreende que seja a menina dos olhos de muitas companhias quando se fala em implantação de processo de teste de software. Assim como em todo este nosso imenso país, estamos ainda engatinhando em relação à disciplina de Teste de Software e o mercado goiano não é diferente, o qual, em meu ponto de vista, está aquém do restante do país. Algo precisa ser feito rápido, caso os empresários queiram realmente fazer frente às demais empresas de software do país e principalmente do exterior. Histórica e culturalmente no Brasil, temos a idéia de que vamos encontrar uma ferramenta que resolverá todos os nossos problemas, e de um dia para o outro tudo estará solucionado sem grandes esforços ou investimentos. Mas a realidade é bem diferente disso. A automação é algo extraordinário e realmente faz com que a empresa tenha ganhos substanciais também no que tange ao processo de teste de software. Entretanto, se, e somente se, a empresa estiver preparada para tal. Certa vez assisti a uma palestra do consultor de empresas Waldez Ludwig, na qual afirmara que se um processo não é bem executado, a automatização somente faria com que esse mesmo processo continuasse sendo mal executado, só que de forma bem mais rápida. Acredito que não é exatamente esse o objetivo que almejamos para nossas empresas. Em algumas das empresas nas quais prestei consultorias, existia a crença de que a aquisição pura e simples de uma ferramenta para automatização do teste trará agilidade à empresa. Vejo isso com receios, pois se na organização não existir processo bem fundamentado, pessoas engajadas e conhecedoras desse processo, e não existir principalmente uma cultura voltada ao funcionamento e melhora contínua do processo, como vão conseguir agilidade simplesmente na aquisição de uma ferramenta de automação? Como vão conseguir agilidade em algo que ainda não sabem realmente como fazer? É preciso investir? É preciso ser ágil? A resposta é sim, entretanto investir de forma correta, com planejamento, cuidado e principalmente sabendo em que terreno estamos pisando. Quantificar o risco é fundamental quando falamos em implantar algo novo em uma empresa. Acreditamos firmemente que avançar sem sustentabilidade não seja o melhor caminho para se alcançar o objetivo almejado e atingir a tão sonhada agilidade. Recentemente li o livro "The Mythical Man-Month" sob autoria de Frederick P. Brooks Jr, onde faz ensaios sobre o processo de desenvolvimento e gerenciamento de projetos de software. Uma das analogias que chama a atenção foi a transcrição de um trecho do “menu” de um restaurante de “New Orleans” (EUA): "Cozinhar bem leva tempo. Se fazemos você esperar é para servi-lo melhor e deixá-lo satisfeito." Essa frase faz todo sentido em um processo de software e podemos perfeitamente transcrevê-la para projetos de implantação de processos. Precisamos seguir com cuidado, analisando cada

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passo, cada resultado e avançar até atingirmos um produto realmente consistente, "saboroso". Vejam que não estamos falando de qual fogão, panela ou colher escolher para se fazer um belo e saboroso prato. Estamos falando primeiro de processo. Sem saber o como preparar e cozinhar o alimento, de que adianta termos um belo fogão e um belo aparelho de jantar? A necessidade em se ter excelência é antes de tudo conhecer bem o processo pelo qual usaremos para chegar ao nosso objetivo. À medida que aprimoramos esse processo, sentimos a necessidade de evolução, e é essa necessidade que nos remete à busca da agilidade, automatização. Precisamos compreender que as empresas são feitas e conduzidas por pessoas e sem elas o negócio não existe. E todos nós, como seres humanos, nascemos e crescemos em diferentes ambientes e isto, por si só nos faz adquirir hábitos e culturas diferentes. Assim também são as empresas, cada qual com seu ambiente e sua cultura. Ao adotarmos um processo, afetamos diretamente a cultura organizacional que deve ser trabalhada de forma contínua, sem atropelos e com todos engajados pela mudança. Somente assim conseguiremos atingir a maturidade na execução do processo e saberemos com maior assertividade escolher qual(is) ferramenta(s) de automatização processual mais se adequa(m) à organização, eliminando equívocos e principalmente gastos desnecessários. Atingimos então, a tão sonhada agilidade e porque não, a uma redução de custo. Mas o melhor de tudo isso é que chegamos a qualquer custo. Chegamos de forma consistente, sustentável, de forma sistemática e principalmente criteriosa. Diz o ditado, “Se não sabemos onde queremos chegar, qualquer caminho é um caminho válido.” O problema disso, é que às vezes o caminho pode ser longo e tortuoso. A escolha, no entanto, fica a critério de cada um. Edwagney Luz é Consultor em Tecnologia da Informação com ênfase em Qualidade e Teste de Software pela Qualyx Software e Soluções, professor dos cursos de Pós-Graduação em Qualidade e Gestão de Software e Governança de TI pela PUC Goiás, graduado em Ciência da Computação pela PUC Goiás, pós-graduado em Engenharia de Software pela Unicamp, Gerenciamento de Sistema de Informação pela PUC Campinas e MBA em Gestão da Tecnologia da Informação pela FIA-USP – [email protected]