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  • 7/21/2019 Aula LinguaFaladaLinguaEscrita

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    DLCV FFLCH / USP

    FLC0115 Introduo aos Estudos da Lngua Portuguesa IIProfa: Flaviane R. Fernandes Svartman

    AULA1:ADICOTOMIALNGUAFALADA/ LNGUAESCRITA

    1. Ilari & Basso (2009) Variao diamsica: variao da lngua associada aos

    diferentes meios ou veculos1

    Lngua falada e lngua escrita H diferena? Tradio escolar: mais ateno escrita, gerando o

    pensamento equivocado que se fala da mesmamaneira que se escreve

    As profundas diferenas que se observam entre a lngua

    falada e a lngua escrita: Diferenas esto alm da forma das palavras, mas

    principalmente com relao ao planejamento Texto escrito:

    Avaliao de formulaes alternativas (ordemdas partes, por exemplo)

    Possibilidades de correo e modificao,

    gerando uma estrutura linear quase semretornos e redundncias

    1Outros tipos de variao: variao diatpica variao geolingustica (dialetal);variao diacrnica variao da lngua ao longo do tempo; variao diastrtica variao sociolingustica.

    O texto escrito no exige necessariamente, porparte do destinatrio, o conhecimento dasituao em que o texto foi produzido

    Texto falado:

    Dispensa a necessidade de descrever osobjetos e as pessoas que esto presentes naateno dos interlocutores

    So planejados medida em que soproduzidos

    o Grande nmero de reformulaessucessivas e sempre parciais de ummesmo contedo

    o Processo de correes, acrscimos ereformulaes

    o Oposio ao desenvolvimento retilneodo texto escrito

    o Desenvolvimento mais tpico do textofalado: espiral que atropela a siprpria

    O que se entende por lngua falada: No so exemplos de lngua falada: o telejornal,

    discurso de conveno poltica, conversas telefnicasde telemarketing

    Exemplos de lngua lida lngua que foiescrita para ser posteriormente falada

    Lngua falada: especificidades prprias

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    Exemplo: Ilari & Basso (2009:182-183) Caractersticas do texto falado do exemplo:

    Falsos comeos Marcas de hesitao preenchimento de

    silncio para segurar o turno Muitas reformulaes a fala executada em

    tempo real Partculas como n" viu? monitoramento

    da ateno do interlocutor Expresses como (eu) acho ou sei l

    modalizao da fala, evitando categorizaesexcessivas

    Expresses intercaladas como bom eagora mudana de tpico

    A gramtica do falado no coincide com a gramtica doescrito

    2. Castilho (2010) Lnguas naturais: dialgicas

    Controle por um interlocutor presente ou ausente

    I. Caracterizao da LF Pontos de caracterizao da lngua falada:

    o Lngua falada resulta de um dilogo em presena,imediato ou de um dilogo em ausncia (conversatelefnica)

    Descrever a lngua falada: identificar sinais dedialogicidade

    o Lngua falada documenta 2 momentos fundamentaisda linguagem:

    Momento de planejamento pr-verbal (cartercognitivo) e momento de execuo verbal(carter scio-interacional)

    o Sintaxe colaborativa1. Lngua falada como dilogo em presena:

    o Na lngua escrita necessrio explicitar ascoordenadas espao-temporais em que se movem aspersonagens, na lngua falada, estas coordenadas jso dadas pela situao de fala

    o Texto falado rico em descontinuaes e ointerlocutor deve preencher os vazios:

    L1 mas como t demorando hoje... hein?L2 s::... e quando chega... j vem todo sujo... fedorento...

    L1 Isso sem falar no preo... que sobe todo ms... sem nenhuma

    vantagem pra gente...

    L2 o tal negcio... sei l... entende?[DID RJ 18]

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    2. Lngua falada como planejamento e execuosimultneos:

    o Na lngua falada o planejamento (fase em queselecionamos o que vai ser dito) e a fase deexecuo (fase verbal) so simultneas

    o Com todos os usurios em presena na situaodiscursiva da lngua falada, h interferncia diretana execuo e na execuo dos atos de fala

    o Na lngua escrita, o leitor no tem acesso, nemcontrole sobre as estratgias de preparao dotexto (plano geral, diferentes verses, etc.)

    o Na lngua falada nada se apaga permitindo uma

    inspeo privilegiada da linguagem

    3. Sintaxe colaborativa:o Macrossintaxe: rejeio da sentena como

    unidade nica de anlise da oralidadeo Colaborativa: os vazios so preenchidos pelos

    interlocutores de forma colaborativa.

    o 3 reas principais: (i) elipse e anacoluto; (ii)segmentos epilingusticos; e (iii) repetioo Elipse e anacoluto: respectivamente,

    categorias vazias que vo sendopreenchidas de maneira colaborativa pelosinterlocutores (pg. 218 (2)) e restos

    (elementos lingusticos) que o locutor vaideixando para trs (pg. 218 (3))

    o Segmentos epilingusticos: segmentos queo falante conversa sobre a lngua, nosobre o assunto. Exemplos de parfraseslexicais deste tipo: como poderiachamar, digamos assim, vamos dizer,por outras palavras

    o Repetio: reativao dos itens lexicais,repetindo-os estratgia importante daestrutura funcional da sentena.

    II. Caracterizao da LEo Compreenso da lngua falada e da lngua escrita:

    ciso dos pesquisadores em 3 direes:a. Apenas a lngua falada tem estatuto prprio e

    a lngua escrita uma transposio daprimeira

    b. Lngua falada e lngua escrita so

    manifestaes autnomas da linguagem. Nalngua falada o sentido est no contexto(sentido construdo dialogicamente) e nalngua escrita o sentido est no texto

    c. Lngua falada e lngua escrita se dispem nuncontinuum de uso

    o Processos constitutivos da lngua escrita

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    i. Dilogo que ocorre na ausncia dointerlocutor

    ii. Planejamento e execuo ocorrem emmomentos distintos

    o (i)o Quanto a i.: a ausncia fsica do leitor obriga o

    desenvolvimento de estratgias (as expressestem que ser explcitas), no h ancoragem nafala. Lngua escrita se torna dependente doprprio texto

    o Uso de artifcios para trazer o leitor para o

    texto: o leitor torna-se sujeito da escrita(pressuposio de conhecimento do leitor)

    o (ii)o O planejamento e a execuo no ocorrem no

    mesmo momento: primeira redao, correo,etc.

    o Texto escrito mais elaborado, mas dissimula

    o processo lingustico

    o Processos que resultam da escrita: (a) pargrafo; (b)sintaxe especializada; (c) diversidade da escrita egneros discursivos

    o (a) pargrafo: unidade da lngua escrita; no se podeomitir o tpico; utilizao de marcadores orientadospara o leitor: primeiramente, em segundo lugar,etc.

    o (b) sintaxe especializada:o preferncia por estruturas sintticas mais

    elaboradas, tais como nominalizaes esubordinao

    o Construes sujeito-predicado predominamsobre as tpico-comentrio

    o Sentenas declarativas predominam sobreinterrogativas e imperativas

    o Uso abundante da voz passivao Maior frequncia de indicaes fricas:

    voltando ao que se disse anteriormenteo (c) Diversidades de escrita e gneros discursivos:

    o Lngua escrita corrente: fins utilitrios cartasfamiliares, correspondncia oficial,correspondncia comercial, linguagem

    jornalstica, escritura, testamento, carta dedoao, leis, ofcios, relatrios, mapas, etc.o Lngua literria: finalidade artstica,

    sustentada por projetos estticos. Eixos dalngua literria: da restrio infiltrao daoralidade, da discriminao aceitao dosregionalismos; do estilo formal para o estilo

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    coloquial, urbano, cotidiano; da gramtica doportugus europeu para a gramtica doportugus brasileiro

    III O continuum lngua falada- lngua escrita

    o Na verdade, lngua falada e escrita se dispemnum cotinuum indo da oralidade para aescrituralidade:

    Continuum LF e LE:

    LNGUAFALADA LNGUAESCRITA

    Conversa - Dilogo de pea teatral - Conferncia - Notcia de jornal - Ensaio

    Referncias bibliogrficasCASTILHO, A. T. de. Nova Gramtica do Portugus Brasileiro.So Paulo: Contexto, 2010, p. 212-223.ILARI, R. & BASSO, R. O Portugus da gente: a lngua queestudamos, a lngua que falamos.So Paulo: Contexto, 2009, p. 180-185.

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