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Planejamento Tributação Internacional Marcos Vinicius Neder

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Page 1: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Planejamento Tributação Internacional

Marcos Vinicius Neder

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Principais discussões em relação aoplanejamento tributário internacional

1. Transferência de lucros para subsidiárias

2. Compartilhamento de custos

3. Utilização de Tratados Internacionais

4. Pagamento dos serviços ao exterior

5. Estrutura para repatriação de recursos ao exterior

6. Estruturas de financiamento dos investimentos

7. Aquisição de empresas no Brasil por empresas

sediadas no exterior – aproveitamento de ágio

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Normas Antiabusivas

Normas Gerais (GAAR) Normas Específicas (operações internacionais)

� Art. 116, par. 1º do CTN

� Preços de Transferência � Regulamentação anti-paraíso fiscal� Regras de capitalização mínima� Regras CFC

Planejamentos tributário e normas antielisivas

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Conceitos fundamentais naTributação de lucros no exterior

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Tributação em Bases Universais Histórico Legislativo

5

Universalidade da renda

• Tributação automática dos lucros

Lei 9.249/95

IN 38/96

• Tributação no momento da disponibilização do lucro

• Disponibilizar: pagar ou creditar

• “legalizou” o conteúdo da IN 38/96

Lei 9.532/97

LC 104/01 • Introduz §§1 e 2º art. 43 CTN -Lei definirá

momento da

disponibilidade

dos lucros

• Tributação automática dos lucros na data do balanço

• ADN 2.588 foi ajuizada

MP 2.158/01

IN SRF 213/02

• Regulamenta art. 74

• Regras específicas para controladas, coligadas e filiais (diferimento e consolidação)

MP 627/13

Lei 12.973/14

• Conversão da MP 627/13

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6

Competência impositiva

• Art. 153. Compete à União instituir impostos

sobre:

III – renda e proventos de qualquer natureza;

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POSIÇÃO DO SUJEITO ALCANCE ABSTRATO DAS NORMAS

NÃO RESIDENTES QUE PRODUZEM RENDIMENTOS NO TERRITÓRIO TERRITORIALIDADE (FONTE)

RESIDENTES QUE PRODUZEM RENDIMENTOS NO EXTERIOR INDIFERENTE

POSIÇÃO DO SUJEITO ALCANCE ABSTRATO DAS NORMAS

NÃO RESIDENTES QUE PRODUZEM RENDIMENTOS NO TERRITÓRIO TERRITORIALIDADE (FONTE)

RESIDENTES QUE PRODUZEM RENDIMENTOS NO EXTERIOR

EXTRATERRITORIALIDADE (CONEXÃO PESSOAL)

TERRITORIALIDADE

UNIVERSALIDADE

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8

Validade de norma

Norma tributária que institui tributo

– Fundamento de validade (formal)

• Obedecerem ao procedimento legislativo

• Expedidas por órgão competente;

– Fundamento de validade (material)

• a norma inferior obedece aos conteúdos de significação da norma superior

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9

MP 2.158/01 - tributa o lucroapurado em balanço não distribuídode empresa no exterior

MP 2.158/01 - tributa o lucroapurado em balanço não distribuídode empresa no exterior

Art 43 do CTNArt 43 do CTNArt 43 do CTNArt 43 do CTN ---- Aquisição de Aquisição de Aquisição de Aquisição de disponibilidade econômica e disponibilidade econômica e disponibilidade econômica e disponibilidade econômica e jurídicajurídicajurídicajurídica

Art 43 do CTNArt 43 do CTNArt 43 do CTNArt 43 do CTN ---- Aquisição de Aquisição de Aquisição de Aquisição de disponibilidade econômica e disponibilidade econômica e disponibilidade econômica e disponibilidade econômica e jurídicajurídicajurídicajurídica

Renda e proventos de Renda e proventos de Renda e proventos de Renda e proventos de qualquer natureza qualquer natureza qualquer natureza qualquer natureza

(art. 150, III)(art. 150, III)(art. 150, III)(art. 150, III)

Renda e proventos de Renda e proventos de Renda e proventos de Renda e proventos de qualquer natureza qualquer natureza qualquer natureza qualquer natureza

(art. 150, III)(art. 150, III)(art. 150, III)(art. 150, III)

Hierarquia material

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10

Controle material realizado pelo Poder Judiciário

• Voto da Min Ellen Grace do STF na ADI 2588 no sentido deque não há disponibilidade jurídica dos lucros auferidos pelacoligada estrangeira antes da distribuição efetiva desses lucros.Decidiu pela inconstitucionalidade da MP 2.158 apenas da

expressão "ou coligada” por ofensa ao disposto no art. 146, III,a, da CF, que reserva à lei complementar a definição de fatogerador.

• O ministro Joaquim Barbosa, julgou a ADI parcialmenteprocedente em 10/4/2013, entendendo que o texto somente seaplica à tributação das pessoas jurídicas sediadas no Brasil

cujas coligadas ou controladas estejam em “paraísos fiscais”.

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ADIN nº 2.588 – STF – constitucionalidade do art. 74 da MP 2.158/01

• Ministro Nelson Jobim – ADI 2588

• “(...) a incorporação de resultados, no

balanço da investidora brasileira, por meio

do MEP, independe de eventual controle

que esta exerça sobre a investida

estrangeira, pois, de acordo com a Lei das

S/A, basta a existência de investimentos

relevantes em sociedade coligada e, antes

da distribuição dos lucros, a investidora

brasileira já experimenta benefícios reais

decorrente da repercussão, no mercado, do

acréscimo patrimonial, expresso em seu

balanço, por via daquele método”.

RE 541.090/SC – Min Teori Zavascki

• É certo, portanto, que a DISPONIBILIDADEECONOMICA não exige o repasse físicodos recursos para o patrimimônio docontribuinte.

• Com a DISPONIBILIDADE ECONÔMICAdá-se o acréscimo, mesmo que contábil,desses recursos ao patrimônio docontribuinte.

• É exatamente essa a disciplina que a MP2.158/01 concede aos recursos erendimentos apurados no exterior porBrasileiras submetidas, pela lei societária,ao MEP.

• Com a aplicação do princípio dauniversalidade e da transparência fiscal daempresa do exterior, considera-se lucrodisponibilizado aquele apurado no balançoda empresa ESTRANGEIRA , naproporção da participação daBRASILEIRA e já considerado no balançodesta.

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12

STF – Lucros auferidos no exterior

ADI 2588

Inconstitucionalidade:

• Min. Ricardo Lewandowski

• Min. Marco Aurélio

• Min. Sepúlveda Pertence

• Min. Celso de Mello

Parcialmente constitucional:

• Min. Elen Gracie:

Inconstitucional apenas para o lucro das coligadas

Constitucionalidade:

• Min. Eros Grau

• Min. Nelson Jobim

• Min. Ayres Brito

• Min. Cesar Peluso

Inconstitucionalidade fora de

Paraiso Fiscal

Min. Joaquim Barbosa

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13

ADI nº 2588 – Supremo Tribunal Federal

Controlada Coligada

Regime de Tributação Regular

Constitucional Inconstitucional e Vinculante

Paraíso Fiscal Constitucional e Vinculante

Constitucional

Tratados contra a Bi-Tributação

Indefinido Inconstitucional e Vinculante

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JULGAMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

• ADI 2588

• RE 611.586 – COAMO -controlada em Paraiso Fiscal (Aruba)

• RE 541.090 – EMBRACO controlada na Italia e China

• Inconstitucional para coligada fora de paraiso fiscal• Constitucional controlada em paraiso fiscal

• Constitucional para controlada em paraíso fiscal

• Constitucional controlada fora de paraíso fiscal

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Argumentos adicionais do Min Teori

RE 541.090 – EMBRACO – controlada na Italia e China

• Tratados não protegem a tributação do lucro no Brasil � não há bitributação

• Há a possibilidade de compensação dos tributos pagos no exterior

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Passagem (separação do patrimônio)

Aquisição da disponibilidade

Situação 1 Situação 2

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Método da equivalência patrimonial - MEP

Valor do investimento avaliado pelo MEP

=

% das ações possúídas pela

Investidora

x

PL daInvestida

Investimento80 =

80 %x

PL100

Investimento120 =

80 %x

PL150

momento X

momento X+1

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PL da Investida

X1 X2

Capital ... 280 280

Lucros ... ____ 70

280 350

Ajuste na Investidora

X1 X2

Total PL 280 350

Perc Part 60% 60%

Investimento 168 210

Investidora B

Res Equiv Patrimonial

42 (1)

Equivalência Patrimonial

Investidora B

Investimento .

168

(1) 42

210

A B

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07-A19

• A contrapartida do ajuste da equivalência, contabilizada em conta de resultado, não será computada na determinação do lucro real.

Resultado daEquivalência

(+) Exclusão do LL

(-) Adição ao LL

Neutralidade da Equivalência Patrimonial

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STJ – Caso Vale –TratadosSTJ (Resp 1.325. 709) – Voto Ministro Ari Pargendler (favorável)

� O Art. 74 da MP 2.158 possui fundamento de validade no § 2º do Art. 43 do CTN

� Existe disponibilidade econômica e jurídica (econômica em virtude do acréscimo de valor para a controladora e jurídica porque a controladora já possui título jurídico para pleitear esse valor)

� Reconhece a aplicação do Art. 7º dos Tratados quando não há estabelecimento permanente (competência exclusiva para tributar os lucros do Estado de Residência da Controlada) – Exceto nos casos de aplicação de normas CFC (com a finalidade de evitar abusos causados por paraísos fiscais)

� O Art. 74 da MP 2.158 não alterou o regime fiscal vigorante desde o Art. 23 do DL 1.598, qual seja, o de que o resultado da equivalência patrimonial é neutro sob o ponto de vista fiscal (cita o Ar. 25, §6º da Lei No. 9.249/95)

� O Art. 7º da IN 213/01 ( que determina a tributação do resultado positivo da equivalência patrimonial) extrapolou a legislação fiscal, que não incorporava, à época da IN 213, a equivalência patrimonial como hipótese de tributação20

Page 21: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Marcos Vinicius Neder

Art. 73 A parcela do ajuste do valor do investimento emcontrolada, direta ou indireta, domiciliada no exteriorequivalente aos lucros por ela auferidos antes do impostosobre a renda, excetuando a variação cambial, deverá sercomputada na determinação do lucro real e na base de cálculoda Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL dapessoa jurídica controladora domiciliada no Brasil, observado odisposto no art. 72.

Principais alterações da Lei 12.973/14

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Alteração da Lei 12.973/14 para Controladas no Exterior

Empresa holding em jurisdição com tratado não é mais uma possibilidade para diferir ou evitar a tributação dos lucros auferidos por controladas indiretas

22

BRASIL

France CO.

Swiss CO.

JURISDIÇÃO TRATADO

MP 2.158/01

Consolidação de

resultados no 1º

nível

Brasil

Exterior

Distribuição

automática

evitada pelo

Tratado

BRASIL

France CO.

Swiss CO.

JURISDIÇÃO TRATADO

Lei nº 12.973/14

Brasil

Exterior

Só será

protegido o

resultado da

holding!

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Consolidação do lucro na matriz Brasileira

BRASIL

EXTERIOR

Canada

CO.

BRASIL

France

CO.

Swiss

CO.

Cayman

CO.

EUA

Rep Tcheca

CO. √√

√√

X

Consolidação = resultado de renda ativa > 80%

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Condições para consolidar

1

• Acordo para troca de informações ou disponibilização da contabilidade societária emmeio digital

2• Não estar em paraíso fiscal, regime fiscal privilegiado ou

regime subtributação

3• Não ser controlada por PJ em paraíso fiscal, regime fiscal

privilegiado ou regime de subtributação.

4• Renda ativa própria >80% do total do resultado

Se não utilizados no próprio ano calendário, os

prejuízos acumulados só poderão ser compensados

com lucros das mesmas PJs que lhe deram origem

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Novos Conceitos: Renda Ativa e Renda Total

– Relevante na determinação da:

i. Tributação diferida para o momento da disponibilização, no caso de coligadas

ii. Possibilidade de consolidação de resultados na controladora brasileira no caso de controladas e filiais

iii. Possibilidade de diferimento do pagamento no caso de controladas e filiais (regra de 80% de renda ativa se aplica aos casos ii e iii)

– O que não é considerado renda ativa:i. Royalties

ii. Juros

iii. Dividendos

iv. Rendimentos de participações societárias

v. Aluguéis

vi. Ganhos de capital, salvo a alienação de participações societárias ou ativos de caráter permanente após holding period de 2 anos

vii. Aplicações e intermediação financeiras

– Itens (ii) e (vii) não são aplicáveis à instituições financeiras autorizadas a funcionar no país de origem!

Page 26: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Diferimento da tributação do lucro em 8 anos

Marcos Vinicius Neder

Art. 86. À opção da pessoa jurídica, o imposto sobre a renda e a CSLL devidosdecorrentes do resultado considerado na apuração da pessoa jurídica domiciliada noBrasil, nos termos dos arts. 73 a 76 e 78, poderão ser pagos na proporção dos lucrosdistribuídos nos anos subsequentes ao encerramento do período de apuração a quecorresponder, observado o oitavo ano subsequente ao período de apuração para adistribuição do saldo remanescente dos lucros ainda não oferecidos a tributação,assim como a distribuição mínima de 12,50% (doze e meio por cento) no primeiroano subsequente.(...)§ 4º O valor do pagamento será acrescido de juros calculados com base na taxaLondon Interbank Offered Rate - LIBOR, para depósitos em dólares dos EstadosUnidos da América pelo prazo de doze meses, referente ao último dia útil do mês civilimediatamente anterior ao vencimento, acrescida da variação cambial dessa moeda,definida pelo Banco Central do Brasil, pro rata tempore, acumulados anualmente,calculados na forma definida em ato do Poder Executivo, dedutíveis na apuração dolucro real e da base de cálculo da CSLL.

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Ajustes de Preço de transferência e Subcapitalização

Marcos Vinicius Neder

Art 82Poderão ser deduzidos do lucro real e da base de cálculo da CSLL os valores referentesàs adições, espontaneamente efetuadas, decorrentes da aplicação das regras depreços de transferência, previstas nos arts. 18 a 22 da Lei nº 9.430, de 1996, e dasregras previstas nos arts. 24 a 26 da Lei nº 12.249, de 11 de junho de 2010, desdeque os lucros auferidos no exterior tenham sido considerados na respectiva base decálculo do Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ e da CSLL da pessoajurídica controladora domiciliada no Brasil ou a ela equiparada, nos termos do art. 79 ecujo imposto sobre a renda e contribuição social correspondentes, em qualquer dashipóteses, tenham sido recolhidos.§ 1º A dedução de que trata o caput:I - deve referir-se a operações efetuadas com a respectiva controlada, direta ou indireta,da qual o lucro seja proveniente;II - deve ser proporcional à participação na controlada no exterior;III - deve estar limitada ao valor do lucro auferido pela controlada no exterior; eIV - deve ser limitada ao imposto devido no Brasil em razão dos ajustes previstos nocaput.

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Transferência de lucros para subsidiárias

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Estrutura de investimento

Financiamento de

Aquisição

Propriedade

IntelectualTrading

BraCo

Holding

BR

Exterior

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BRAZIL

EXTERIOR

LUCRO

BRAZIL

CanadaCO.

France CO.

Swiss CO.

Cayman CO.

Regra abrangente – independe da localização e da espécie de renda

LUCRO LUCRO

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ESTRUTURA PARA TRIBUTAÇÃO DE LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR

BRAZIL

EXTERIOR

BRAZIL

CanadaCO.

France CO.

Swiss CO.

Cayman CO.

JURISDIÇÃOTRATADO

2. VENDA AOS CLIENTES2. VENDA

2.2.

3. LUCRO 3. LUCRO

3. LUCRO

3. DIFERIMENTO ATÉ EFETIVA DISTRIBUIÇÃOPARA O BRASIL

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O sistema europeu de isenção de participação

� Regra geral: isenção total do Imposto de Renda das empresas em relação aos dividendos recebidos de subsidiárias em outro País

� Requisitos impostos por cada país para que seja caracterizada a isenção de participação

� Suíça condiciona:� a que a subsidiária seja uma empresa ou cooperativa; � que a holding detenha, no mínimo, 10% do capital nominal da subsidiária, � que detenha participação com um valor justo de mercado de no mínimo 1 milhão de Francos Suíços ou que tenha direito a no mínimo 10% do lucro ou reservas da subsidiária

� Particularidades do regime: Bélgica, Itália, França e Alemanha tributam 5% dos dividendos recebidos no país; Hungria tributa 2% dos dividendos; Irlanda tributa dividendos mas concede crédito do imposto

� Extensão do regime para ganho de capital na alienação das ações das subsidiárias

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Questionamentos da estrutura de investimentoscom a utilização de holdings no exterior

1. Substância da Holding

2. Tributação dos lucros do exterior auferidos por controlada indireta

3. Afastar as regras dos Acordos para evitar a dupla tributação de lucros firmados pelo Brasil no caso da tributação prevista no art. 74 da MP 2.158/01

Page 34: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Substância das holdings

Page 35: Aula dr. marcos neder   13-10-14

1- Substancia da Holding

• Instalações condizentes

• Pessoal adequado

• Autonomia administrativa

• Independência financeira

• Estrutura coerente com a atividade econômica

• Participações em outras empresas

Page 36: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Tributação das controladas indiretas diretamente no Brasil

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Eagle

CCBA Monthiers

Espanha

Uruguai

Jalua

Brasil

Brahmaco

Argentina

Gibraltar

Caso EagleDiscussão de caso: Acórdão n.º 101-97.070 do CARF

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Casos Eagle• Decisão da 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes(Eagle 2)

– A legislação espanhola não obriga o registro da equivalênciapatrimonial: a Jalua não teria contabilizado os lucros obtidospelas suas controladas (Monthiers e CBBA)

– Os lucros auferidos pelas controladas indiretas teriam sidoauferidos diretamente pela Eagle, sem “passar” pela Jalua• Afastamento da aplicação do Acordo Brasil-Espanha

Page 39: Aula dr. marcos neder   13-10-14

MP 2.158/2001Art. 74. Para fim de determinação da base de cálculo doimposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei no9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta MedidaProvisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada noexterior serão considerados disponibilizados para acontroladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qualtiverem sido apurados, na forma do regulamento.

Page 40: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Regulamentação da MP 2.158/2001

IN 213, de 2002Art 1, § 6º - Os resultados auferidos por intermédio de outra pessoajurídica, na qual a filial, sucursal, controlada ou coligada, no exterior,mantenha qualquer tipo de participação societária, ainda queindiretamente, serão consolidados no balanço da filial, sucursal,controlada ou coligada para efeito de determinação do lucro real e dabase de cálculo da CSLL da beneficiária no Brasil.

Page 41: Aula dr. marcos neder   13-10-14

MP 2.158/2001 c/ interpretação da IN 213 - Critérios Normativos

(Hipótese)

1: coligada ou controlada aufere renda / lucro no exterior

2: empresa brasileira

3: consolidação do lucro das participações indiretas na pessoa

jurídica com participação direta

Solução Normativa (Consequência)

Em 31 de dezembro do ano, inclusão dos lucros auferidos no exterior na apuração do lucro real

Page 42: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Estrutura societária vertical

Cálculo hipotético

Exterior

Brasil Lucro do exterior reconhecido no Brasil = $ 130

Alíquota IR/CSLL = 34%

Imposto pago no Exterior = $52

Crédito máximo no Brasil = 34% X 130 ou o valor pago no exterior (o que for menor) = $44.2

Empresa

Brasileira

Holding ALucro da Holding A (Holding D+ C+ B) = - 50+ 100 +80 = $ 130

Alíquota Imposto de Renda = 0% (Regime de Isenção de Lucros de Participações Societárias)

Imposto pago no exterior = $ 52

SUB BLucro da B= 80

Alíquota Imposto de Renda =40%

Imposto pago = $ 32

Prejuízo de D = - $ 50

Alíquota Imposto de Renda = 40%

Imposto pago = $ 0

SUB D

Lucro da C= 100

Alíquota Imposto de Renda = 20%

Imposto pago = $ 20SUB C

MEP

Page 43: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Nova interpretação para o vocábulo “controlada” do art 74 da MP 2.158/01

discutida no Caso Eagle

Page 44: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Caso Eagle: Ac. 101-97.070 (CARF)

EMENTALUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR POR INTERMÉDIO DE CONTROLADASINDIRETAS-Para fins de aplicação do art. 74 da MP n° 2.158-35, os resultados de controladasindiretas consideram-se auferidos diretamente pela investidora brasileira, e suatributação no Brasil não se submete às regras do tratado internacional firmado com opaís de residência da controlada direta, mormente quando esses resultados não foramproduzidos em operações realizadas no pais de residência da controlada, evidenciandoo planejamento fiscal para não tributá-los no Brasil.

Page 45: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Tributação no Brasil do lucro das controladas indiretas??

Pressupostos

1. O conceito de “controle” da legislação societária pode serutilizado para elastecer o alcance da norma de tributaçãode lucros no exterior prevista na MP 2.158/2001

2. A regulamentação pela IN 213/2002 prevê a consolidaçãodos lucros e tributos pagos no exterior na controlada direta,mas não permite a compensação de prejuízos entre ascontroladas.

Page 46: Aula dr. marcos neder   13-10-14

LEI SOCIETÁRIA

Caso Eagle: Ac. 101-97.070

Aplica o conceito de “controlada” da Lei Societária

Art 243 § 2º Considera-se controlada a sociedade na qual acontroladora, diretamente ou através de outras controladas, étitular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modopermanente, preponderância nas deliberações sociais e o poderde eleger a maioria dos administradores.

Lei 6.404/76 c/c Lei 11.638/07

Page 47: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Tributação “direta” da controlada indireta

Exterior

Brasil C - Lucro do exterior reconhecido no Brasil = $ 100

B - Lucro do exterior reconhecido no Brasil = $ 80

Alíquota IR/CSLL = 34%

Imposto pago no Exterior = $20 + 32 = $52

Crédito máximo no Brasil = 34% X (100 + 80)= $ 61,2 ou o valor pago no exterior (o que for menor) = $ 52

Empresa

Brasileira

Holding ALucro da Holding A (Holding D+ C+ B) = - 50+ 100 +80 = $ 130

Alíquota Imposto de Renda = 0% (Regime de Isenção de Lucros de Participações Societárias)

Imposto pago no exterior = $ 52

Prejuízo da D = - $ 50

Alíquota Imposto de Renda = 40%

Imposto pago = $ 0

D

BLucro da B= 80

Alíquota Imposto de Renda =40%

Imposto pago = $ 32

Lucro da C= 100

Alíquota Imposto de Renda = 20%

Imposto pago = $ 20C

Page 48: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Aplicação dos Tratados

Estrutura de Holdings

Page 49: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Utilização de Tratados para evitar a dupla tributação

� Tratados assinados pelo Brasil seguem modelo da OCDE

� Lista de países que possuem tratado com o Brasil:

África do Sul Irlanda do Norte Argentina IsraelÁustria Itália Bélgica JapãoCanadá Luxemburgo Chile MéxicoChina Noruega Colômbia ParaguaiCoréia Peru Dinamarca PortugalEquador Reino Unido Espanha República TchecaFilipinas (e Eslováquia) Finlândia RússiaFrança Suécia Holanda Trinidad e TobagoHungria Ucrânia Índia Venezuela

Page 50: Aula dr. marcos neder   13-10-14

Art 7º X Art 10 dos tratados

Acórdão nº 1402-00.391 – Caso Normus

Controladora

subsidiária

Hungria

Brasil 100%

Aplicação do Tratado Brasil-Hungria

1) Autuação dos resultados positivos auferidos pela subsidiária, localizada na Hungria e, controlada por empresa domiciliada no Brasil

2) Capitulação legal

- IRPJ: Art. 25, §§ 2º e 3º da Lei 9.249/95; Art. 16 da Lei 9.430/96; Art. 249, inciso II e 394 do RIR/99/ Art. 10, número 6 do tratado para evitar a bi-tributação celebrado entre Brasil e Hungria (decreto 53/1991); Art. 3º da Lei 9.959/00; Art. 74 da MP 2.158/01 (“MP”); e IN 213/02

Page 51: Aula dr. marcos neder   13-10-14

ART 7º LUCRO DAS EMPRESAS

“Os lucros de uma empresa de um Estado Contratante somente são

tributáveis nesse Estado, a não ser que a empresa exerça sua atividade

no outro Estado Contratante por meio de um estabelecimento permanente

nele situado. Se a empresa exercer a sua atividade na forma indicada, os

lucros atribuíveis ao estabelecimento permanente poderão ser tributados

no outro Estado Contratante”

CONVENÇÃO MODELO DA OCDE

ARTIGO 10 DIVIDENDOS

“1. Os dividendos pagos por uma sociedade residente de um Estado

Contratante a um residente do outro Estado Contratante são

tributáveis nesse outro Estado

2. Todavia, esses dividendos podem ser tributados no Estado Contratante

onde reside a sociedade que os paga, de acordo com a legislação desse

Estado, mas o imposto assim estabelecido não poderá exceder 15% do

montante bruto dos dividendos (...)”

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� Tratado Brasil–Austria

Artigo 23.2 - 2. Dividendos pagos pela empresa residente na Austria para uma empresa residente do Brasil e que possua pelo menos 25 por cento do capital social da empresa que paga os dividendos será isenta do imposto de renda no Brasil.

� Tratado Brasil-Espanha

Article 23.4 - 4. Quando um residente do Brasil recebe dividendos que, de acordo com a previsão dessa Convenção, são tributáveis na Espanha, o Brasil isentará tais dividendos de tributação.

� Tratado Brasil-Holanda

Protocolo FInal – Article 3. É entendido que o valor das ações emitidas pela empresa de um Estado Contratante e recebidas pelo residente de outro Estado Contratante não estarão sujeitas a tributação como renda em ambos Estados Contratantes

Tratamento dos dividendos pelos Tratados

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Afasta a aplicação do artigo 7º do tratado Brasil-Hungria:

1. veda dupla tributação jurídica, mas permite dupla tributaçãoeconômica.

2. O artigo 74 da MP 2.158 é norma anti-abusiva (CFC) e, como tal, podeimpor tributação no Estado do sócio ou acionista independentementeda existência de tratado (comentários ao art. 7º – §14 – e art. 10 – § 37)

3. s disponibilizados na forma do art. 74 da MP 2.158-35 são qualificadoscomo dividendos pagos e o tratado Brasil-Hungria prevê a isenção dedividendos

PRINCIPAIS ASPECTOS DO CASO NORMUS (Ac nº 1402-00.391)

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Comentários à convenção da OCDE ao art. 7 - Lucros das Empresas

• O propósito do parágrafo 1 é limitar o direito de um Estado Contratante de tributar os lucros das empresas do outro Estado Contratante.

• O parágrafo não limita o direito de um Estado Contratante de tributar seus próprios residentes segundo as disposições referentes a empresas estrangeiras controladas, constantes da sua legislação interna, ainda que o imposto desse modo aplicado a esses residentes possa ser calculado em função da parte dos lucros de uma empresa residente no outro Estado Contratante, imputável à participação desses residentes na referida empresa.

• O imposto exigido dessa forma por um Estado de seus próprios residentes não reduz os lucros da empresa do outro Estado e não se poderá, dizer que está sendo exigido sobre tais lucros

>>>>> Não interfere porque se está tributando os lucros ou parcelas atribuíveis ao estabelecimento controlador.

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OCDE e o Base Erosion and Profit Shifting

(“BEPS”)

• Identifica 15 ações específicas que “darão aos governos os instrumentos domésticos e internacionais para prevenir que as empresas paguem pouco ou nenhum tributo”:

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1. Endereçar os desafios tributários da economia digital;

2. Neutralizar os efeitos nocivos de estruturashíbridas;

3. Fortalecer as regras CFC;

4. Limitar a erosão de base por meio de deduções com juros e outras despesas financeiras;

5. Combater práticas tributárias nocivas de forma maiseficiente, levando-se em consideração a transparênciae a substância;

6. Prevenir abuso de Tratados;

7. Prevenir a fuga do status de “estabelecimentopermanente”

– Assegurar que os resultados de preços de transferênciaestão alinhados com a criação de valor em:

8. Intangíveis

9. Riscos e capital

10. Outras transações sensíveis

11. Estabelecer metodologias para obter e analizarinformações sobre BEPS e as contra-ações paraendereçá-las;

12. Determinar aos contribuintes que divulguem suasestruturas de planejamento tributário agressivo;

13. Re-examinar da documentação de preços de transferência;

14. Tornar os mecanismos de solução de controvérsiasmais efetivos

15. Desenvolver um instrumento multilareral

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Efeitos de estruturas híbridas

• Estruturas de dívida x juros sobre capital próprio

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Juros sobre Capital Próprio

Holanda

capital

mútuo

• Dedução Bra � 34%• IRRF no Bra�15% • Taxation NL � 25%• Tax sparing credit � 20%• “Benefício” fiscal +/- 14%

Juros sobre mútuo

• Dedução no Bra � 34%• IRRF no Bra � 15% • “Participation exemption” na Holanda

• “Benefício” fiscal +/- 19%

Estrangeira

Brasil

capital

capital

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Muito obrigado

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