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Marcos Vinicius Neder Experiência brasileira no tratamento dos planejamentos tributários abusivos e na regulamentação do art.116 do CTN: MP nº 66/2002.

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Page 1: Marcos neder experiencia_brasileira

Marcos Vinicius Neder

Experiência brasileira no tratamento dos planejamentos tributários abusivos e na

regulamentação do art.116 do CTN: MP nº 66/2002.

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Qualificação dos fatos

IBET Direito Tributário

Essência Forma

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Pronunciamentos Contábeis

Marcos Vinicius Neder

• Contabilização de acordo com a essência e realidade econômica das transações e não sua forma legal, podendo desconsiderar o negócio jurídico aparente ou planejado. (IFRS item 35 e Pronunciamento Básico CPC item 35)

• Combinação de negócios exige a transferência de negócios efetiva, sendo inaplicável no caso de controle comum

• Preço justo e análise da transferência de controle, riscos e benefícios

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ØUtiliza­se de cláusulas gerais, conferindo maiores poderes ao juiz para construir a interpretação no caso concreto.

Øprincípios gerais: moralidade, eticidade, função social do contrato, boa­fé;

Ø Ilicitude do motivo determinante, simulação e “fraude à lei” como causas de nulidade do negócio jurídico

Øo “abuso de direito” como ilícito;

CÓDIGO CIVIL DE 2002

DIREITO CIVIL DIREITO CIVIL

ØDisciplina plenamente as hipóteses normativas e os efeitos jurídicos, detalhando indicativos legais

Ø ampla liberdade de contratar, salvo na simulação;

Ø simulação é causa de anulabilidade do negócio jurídico;

Ønão restringe os negócios jurídicos realizados com abuso de direito e fraude a lei;

CÓDIGO CIVIL DE 1916

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Marcos Vinicius Neder

Dois momentos:

• análise das combinações de negócios sob o ponto vista estritamente formal

• a análise do planejamento passa a levar em conta a racionalidade e da substância econômica das operações societárias

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Visão mais formalista

Marcos Vinicius Neder

“ IRPJ – SIMULAÇÃO NA INCORPORAÇÃO – Para que se possa

materializar, é indispensável que o ato praticado não pudesse ser

realizado, fosse por vedação legal ou por qualquer outra razão. (…) Os

objetivos visados com a prática do ato não interferem na qualificação

do ato praticado. Portanto, se o ato praticado era lícito, as eventuais

conseqüências contrárias ao fisco devem ser qualificadas como casos

de elisão fiscal e não de evasão ilícita.

(AC – 101­94127/2003)

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Direito Tributário – Doutrina Formalista

Marcos Vinicius Neder

• Liberdade absoluta • Legalidade estrita • Tipicidade fechada • Proibição a analogia • Vedação a desconsideração de Negócio Jurídico • Lacunas na lei podem ser exploradas livremente

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Planejamento tributário

Ilegal Legal Limite

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Nova jurisprudência do CARF

Marcos Vinicius Neder

1) Licitude? 2) Sem simulação? 3)Há racionalidade econômica na operação societária?

Conduta lícita

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PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO COM DEBÊNTURES

“DESPESAS DE DEBÊNTURES. DEDUTIBILIDADE. A dedução das

despesas decorrentes das obrigações relativas a debêntures está

condicionada, entre outras, à efetiva captação de novos recursos

financeiros inerente à emissão desses títulos.” (AC. 103­21.543)

“DESPESAS COM REMUNERAÇÃO DE DEBÊNTURES. Restando

caracterizado o caráter de liberalidade dos pagamentos aos sócios,

decorrentes de operações formalizadas apenas “no papel” e que

transformaram lucros distribuídos em remuneração de debêntures,

consideram­se indedutíveis as despesas contabilizadas.” (AC. 101­94.986)

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COMAC COPES COFIS

SUFIS Como reagir um julgador diante de Como reagir um julgador diante de complexas relações econômicas em complexas relações econômicas em desacordo com o negócio jurídico? desacordo com o negócio jurídico?

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Negócio Jurídico 1

Subscrição de capital

Cisão total

Negócio Jurídico 2

Alienação de ativo

Evento econômico Evento econômico

Ativo subavaliado em A transferido pelo valor de

mercado para B

• assembléias • contratos • pagamentos • escrituras públicas

• tempo reduzido do negocio • falta de racionalidade econômica • informacão veiculada no mercado • provas testemunhais • valores desproporcionais • acordos com minoritários

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Consistência das Provas

Deve­se a ocorrência do fato gerador

Descrito no Livro Diário

Assembléias Pagamentos

Declarações

Contratos firmados

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Eventos Eventos

Descrição dos eventos

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15

Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias.

(Dec. nº 70.235/72)

Livre convencimento do julgador

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Análise do negócio jurídico

adquirenteè objeto ç alienante

Relação Jurídica União R Alienante

Elementos essenciais: forma, objeto, coisa, preço e consentimento acidentais: a condição, termo e encargo

Ganho

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Análise do Negócio Jurídico

• Vontade

• Motivo

• Causa

• Forma

Art. 118 CTN. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo­se:I ­ da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos;

Art 166. III do Código Civil estabelece como causa da nulidade do Negócio Jurídico a ilicitude do motivo determinante

Causa é a finalidade prática que se quer do NJ Se a comprovada a ausência de causa ou a falsa causa, o NJ é simulado

Abuso de forma contribui para o convencimento do julgador com relação a inconsistência das provas apresentadas do NJ

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JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

OPERAÇÃO ÁGIO – SUBSCRIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO COM ÁGIO E SUBSEQÜENTE CISÃO – VERDADEIRA ALIENÇÃO DE PARTICIPAÇÃO – Se os atos formalmente praticados, analisados pelo seu todo, demonstram não terem as partes outro objetivo que não se livrar de uma tributação específica, e seus substratos estão alheios às finalidades dos institutos utilizados ou não correspondem a uma verdadeira vivência dos riscos envolvidos no negócio escolhido, tais atos não são oponíveis ao fisco, devendo merecer o tratamento tributário que o verdadeiro ato dissimulado produz. Subscrição de participação com ágio, seguida de imediata cisão e entrega dos valores monetários referentes ao ágio, traduz verdadeira alienação de participação societária.

Acórdão nº.: 101­ 95.537, 24 de maio de 2006

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COMAC COPES COFIS

SUFIS COMO SE TEM FEITO A PROVA? COMO SE TEM FEITO A PROVA?

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Planejamento tributário e Provas

• Comportamento concludente (todos os passos da operação) • Exame do contexto (motivo, causa, forma) • Evidenciar a vontade do conjunto de atos societários (benefício econômico)

• Identificar tipos especiais de cláusulas contratuais • Verificar se houve a vivência dos efeitos • Coerência das partes em declarações em outros ambientes (CADE, CVM, notas explicativas, imprensa, mercado acionário, Banco Central)

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Marcos Vinicius Neder

Art.116 do CNT e a tentativa de regulamentar o procedimento de

desconsideração de negócios jurídicos MP nº 66/2002.

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ART. 116 DO CTN ART. 116 DO CTN ­ ­ LEI COMPLEMENTAR LEI COMPLEMENTAR

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera­se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:

Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

Dissimular a ocorrência do fato gerador? Para De Plácido e Silva é mais propriamente indicado como

ocultar

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Exposição de motivos da MP 66/2002 Exposição de motivos da MP 66/2002

11. Os arts. 13 a 19 dispõem sobre as hipóteses em que a autoridade administrativa, apenas para efeitos tributários, pode desconsiderar atos ou negócios jurídicos, ressalvadas as situações relacionadas com a prática de dolo, fraude ou simulação, para as quais a legislação tributária brasileira já oferece tratamento específico. 12. O projeto identifica as hipóteses de atos ou negócios jurídicos que são passíveis de desconsideração, pois, embora lícitos, buscam tratamento tributário favorecido e configuram abuso de forma ou falta de propósito negocial. (...)14. Os arts. 15 a 19 dispõem sobre os procedimentos a serem adotados pela administração no tocante à matéria, suprindo exigência contida no p. único do art. 116 do CTN.

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Medida Provisória nº 66/2002 Medida Provisória nº 66/2002

Art. 13. Os atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência de fato gerador de tributo ou a natureza dos elementos constitutivos de obrigação tributária serão desconsiderados, para fins tributários, pela autoridade administrativa competente, observados os procedimentos estabelecidos nos arts. 14 a 19 e subsequentes.

Parágrafo único.O disposto neste artigo não inclui atos e negócios jurídicos em que se verificar a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

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TRANSAÇÕES SUJEITAS A TRANSAÇÕES SUJEITAS A DESCONSIDERAÇÃO DESCONSIDERAÇÃO

Art. 14. São passíveis de desconsideração os atos ou negócios jurídicos que visem a

• reduzir o valor de tributo, • evitar ou a postergar o seu pagamento ou • ocultar os verdadeiros aspectos do fato gerador ou real natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária.

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CRITÉRIOS PARA DESCONSIDERAÇÃO DE NJ CRITÉRIOS PARA DESCONSIDERAÇÃO DE NJ

§ 1º Para a desconsideração de ato ou negócio jurídico dever­ se­á levar em conta, entre outras, a ocorrência de:

I ­ falta de propósito negocial; ou II ­ abuso de forma.

§ 2º Considera­se indicativo de falta de propósito negocial a opção pela forma mais complexa ou mais onerosa, para os envolvidos, entre duas ou mais formas para a prática de determinado ato.

§ 3º Para o efeito do disposto no inciso II do § 1º, considera­se abuso de forma jurídica a prática de ato ou negócio jurídico indireto que produza o mesmo resultado econômico do ato ou negócio jurídico dissimulado.

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PROCEDIMENTO PARA DESCONSIDERAÇÃO PROCEDIMENTO PARA DESCONSIDERAÇÃO

• Autoridade – Delegado da Receita Federal

Art. 15. A desconsideração será efetuada após a instauração de procedimento de fiscalização, mediante ato da autoridade administrativa que tenha determinado a instauração desse procedimento.

• Representação

Art. 16. O ato de desconsideração será precedido de representação do servidor competente para efetuar o lançamento do tributo à autoridade de que trata o art. 15.

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PROCEDIMENTO DO AUDITOR PROCEDIMENTO DO AUDITOR

§ 1 o Antes de formalizar a representação, o servidor expedirá notificação fiscal ao sujeito passivo, na qual relatará os fatos que justificam a desconsideração.

§ 2 o O sujeito passivo poderá apresentar, no prazo de trinta dias, os esclarecimentos e provas que julgar necessários.

§ 3 o A representação de que trata este artigo: I ­ deverá conter relatório circunstanciado do ato ou negócio praticado e a descrição dos atos ou negócios equivalentes ao praticado; II ­ será instruída com os elementos de prova colhidos pelo servidor, (...)

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MANIFESTAÇÃO DA DELEGADO MANIFESTAÇÃO DA DELEGADO

Art. 17. A autoridade referida no art. 15 decidirá, em despacho fundamentado, sobre a desconsideração dos atos ou negócios jurídicos praticados.

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IDENTIFICAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO IDENTIFICAÇÃO DO PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO

§ 1 o Caso conclua pela desconsideração, o despacho a que se refere o caput deverá conter, além da fundamentação: I ­ descrição dos atos ou negócios praticados; II ­ discriminação dos elementos ou fatos caracterizadores de que os atos ou negócios jurídicos foram praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência de fato gerador (...); III ­ descrição dos atos ou negócios equivalentes aos praticados, com as respectivas normas de incidência dos tributos; IV ­ resultado tributário produzido (...)

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PAGAMENTO DO TRIBUTO OBJETO DA OPERAÇÃO PAGAMENTO DO TRIBUTO OBJETO DA OPERAÇÃO

§ 2 o O sujeito passivo terá o prazo de trinta dias, contado da data que for cientificado do despacho, para efetuar o pagamento dos tributos acrescidos de juros e multa de mora.

Art. 18. A falta de pagamento dos tributos e encargos no prazo a que se refere o § 2 o do art. 17 ensejará o lançamento do respectivo crédito tributário, mediante lavratura de auto de infração, com aplicação de multa de ofício.

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PROCEDIMENTO PREVISTO NA MP 66/2002

REPRESENTAÇÃO MANIFESTAÇÃO DO CONTRIBUINTE

DECISÃO FAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE

AUTO DE INFRAÇÃO

DESPACHO DESFAVORÁVEL

DO DRF

Com Multa de Mora

FIM DO PROCEDIMENTO

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IMPUGNAÇÃO AO LANÇAMENTO IMPUGNAÇÃO AO LANÇAMENTO

§1o O SP será cientificado do lançamento para, no prazo de trinta dias, efetuar o pagamento ou apresentar impugnação (...)

§ 2 o A contestação do despacho de desconsideração dos atos ou negócios jurídicos e a impugnação do lançamento serão reunidas em um único processo, para serem decididas simultaneamente.

Art. 19. Ao lançamento efetuado aplicam­se as normas reguladoras do processo de determinação e exigência de crédito tributário.

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• Muito obrigado!!

• Marcos Vinicius Neder