aula dia 08 09-14 - dra. karem jureidini

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Revisão Fiscal no Planejamento Tributário Karem Jureidini Dias 08/09/2014 [email protected]

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Revisão Fiscal no

Planejamento Tributário

Karem Jureidini Dias

08/09/2014

[email protected]

Valor no Fato e Valor do Fato

Valor do Fato

Valor do

Fato

(Valor no fato)

FATO

JURÍDICO

TRIBUTÁRIO

Norma Geral

e Abstrata

NORMA FUNDANTE

Subsunção de

conceitos

Norma Revisada: imediatamente

vinculante

Regra-matriz de

ICMS circulação

de mercadoria

Regra de

substituição

tributária

Regra do

direito ao

crédito

FJT {M (e . t) (Bc x Al) . (Sa . Sp)}

Paradoxo do

Planejamento Tributário

– FJT { competência . (SF . SF2 . SF3,4...)}

SFm SFm SFm SFm

Sf Sf

– FJT { competência . (receita . despesa. receita...)}

venda compra venda

Contrato1 Contrato2

Suporte Fático

“Quando a norma é ‘posta em vigor’, vale antecedentemente em relação aos fatos

sobre os quais incidirá: o que era nuamente fato-do-mundo, suporte factual sem

qualificação jurídica (Bobbio) senão todo ele, de corpo inteiro, mas uma porção,

maior ou menor, entra para compor o fato jurídico; e o que era conduta, regrada

por outros universos normativos, passa a antecedentes ou consequências

juridicamente qualificadas”.

(Lourival Vilanova. Estruturas Lógicas e o Sistema do Direito Positivo, 3ª ed., São

Paulo, Noeses, 2005, p. 152)

Fato Jurídico Tributário

FATO

JURÍDICO

TRIBUTÁRIO

Enunciação

Agente Competente

Procedimento

Norma Geral

e Abstrata

Subsunção

Proposição

Consequente

Coerência

Tradução

Suportes

Fáticos

Intranormativa

Revisão sem Negação

FJT {[SFc (e.t.)]. SFr . SFcn [FJT1 . (SaRSp)]}

• FJT = Fato jurídico tributário em ato de revisão;

• SFc = Suportes fáticos de constatações complementares;

• (e.t.) = Coordenadas de espaço e tempo dos suportes fáticos de constatações

complementares;

• “.” = Conectivo lógico aditivo;

• SFr = Enunciação revisada (suporte fático de revisão);

• SFcn = Suporte fático de constatação correspondente à situação jurídica

anterior, cujos efeitos foram recebidos sem negação pelo ato de revisão;

• [FJT1 . (SaRSp)] = Representação da situação jurídica anterior;

• FJT1 = Fato jurídico revisto que assume a posição de suporte fático de

constatação; e

• (SaRSp) = Objeto da relação jurídica (R) revista, entre sujeito ativo (Sa) e

sujeito passivo (Sp), que assumem a posição de suporte fático de constatação.

Revisão com Negação

FJT {SFrn -[FJT1 . (SaRSp)] . SFr . [SFc(1,2,3...) (e.t)]}

• FJT = Fato jurídico tributário constituído em ato de revisão;

• SFrn = Suporte fático de revisão correspondente à situação jurídica anterior,

cuja negação é pressuposto da constituição do novo fato jurídico tributário;

• “-” = Negação;

• FJT1 = Fato jurídico revisto que assume a posição de suporte fático de revisão;

• (SaRSp) = Objeto da relação jurídica (R) revista, entre sujeito ativo (Sa) e

sujeito passivo (Sp), que assumem a posição de suporte fático de revisão;

• “.” = Conectivo lógico aditivo;

• SFr = Enunciação que se apresenta como suporte fático de revisão;

• SFc(1,2,3...) = Suportes fáticos de constatação; e

• (e.t.) = Coordenadas de espaço e tempo dos suportes fáticos de constatação.

Revisão com Negação

Uma vez que há a constituição de fato jurídico integralmente

novo, pode ser que se verifique alteração de sujeitos e a

nova relação jurídica seja diversa não só quanto ao aspecto

quantitativo, mas também de sujeição ativa, de sujeição

passiva, ou de ambas, assim esquematizando-se:

{FJTr → (Sa’R’Sp) v (SaR’Sp’) v (Sa’R’Sp’)}, sendo que ‘v’

significa alternativa excludente.

Paradoxo do

Planejamento Tributário

Vaguidade e ambiguidade do termo “Planejamento Fiscal”

Vs.

Tradução dos suportes fáticos nos atos de revisão

Marco Aurélio Greco

Liberdade, salvo simulação: Liberdade absoluta em função da qual o

indivíduo pode agir para dispor de seus negócios, desde que por meio de

atos lícitos.

Liberdade, salvo patologias: O abuso de direito e a fraude à lei também

passam a contaminar o planejamento.

Liberdade com capacidade contributiva: Liberdade temperada pela

solidariedade social inerente à capacidade contributiva.

Vs.

Prova nos Atos de Revisão

Relação de

Intersecção Normativa

• Não importa a denominação que se tenha atribuído ao fato,mas o conjunto de elementos conotativos do regime jurídico.

• A análise do evento está submetida ao regime jurídico dopróprio fato imponível.

• O agente cognoscente deverá verificar se os elementos dofato ocorrido no mundo fenomênico denotam o ato, negócio oufato previsto como fato imponível na norma geral e abstrataque prevê a tributação.

Relação de

Intersecção Normativa

• O suporte fático é aquele vertido em linguagem competente.

• A vontade não externada não é suporte fático.

• A intenção não é suporte fático.

• “quando fatos jurídicos são elementos de suporte fático, nãodeixam de ser fatos jurídicos, não volvem a ser, apenas,elementos de fato […]” (Pontes de Miranda).

Relação de

Intersecção Normativa

Lei Complementar nº 95/98

“Art. 11. As disposições normativas serão redigidas com clareza, precisão

e ordem lógica, observadas, para esse propósito, as seguintes normas:

I - para a obtenção de clareza:

a) usar as palavras e as expressões em seu sentido comum, salvo quando

a norma versar sobre assunto técnico, hipótese em que se empregará a

nomenclatura própria da área em que se esteja legislando;”

Decreto-lei nº 70.235

Art. 30. Os laudos ou pareceres do Laboratório Nacional de Análises, do

Instituto Nacional de Tecnologia e de outros órgãos federais congêneres

serão adotados nos aspectos técnicos de sua competência, salvo se

comprovada a improcedência desses laudos ou pareceres.

Vícios nos atos jurídicos

Nulidade (artigos 166 e 167 do

Código Civil):

• Pessoa absolutamente incapaz

• Objeto ilícito, impossível ou indeterminável

• Ilicitude do motivo determinante, comum a

ambas as partes

• Ausência de forma prescrita em lei, ausência

de alguma solenidade que a lei considere

essencial para sua validade

• Objetivo de fraudar lei imperativa

• Taxativamente prevista em lei

• Simulação

Anulabilidade (artigo 171 do Código

Civil):

• Incapacidade relativa do agente

• Vício resultante de:

– Erro

– Dolo

– Coação

– Estado de perigo

– Lesão

– Fraude contra credores

Relação entre os vícios do negócio

jurídico e o fato jurídico tributário

• Os vícios não podem ser causa de tributar.

• O negócio jurídico viciado não impede a configuração do fato jurídicotributário.

• O vício na prova do negócio jurídico torna o negócio inoponível ao fisco.

Relação entre os vícios do negócio

jurídico e o fato jurídico tributário

A contraprova do vício na prova depende da demonstração dautilização de critérios jurídicos que não representemantinomia, mas convergência com a norma tributária, bemcomo que existe diferença de tributo devido.

• PROVA Negócios Formais

Negócios Causais

Intertextualidade Intrasistêmica

Questão de suficiência da prova:

Negócios Jurídicos Abstratos

“Aquele cujos efeitos jurídicos se produzem independentemente de causa; ele

tem, portanto, causa, mas sua causa é juridicamente irrelevante para a

validade ou a eficácia; ele se caracteriza pela forma, e não pelo conteúdo; tem

forma típica” (Antônio Junqueira de Azevedo)

Negócios Jurídicos Causais

O “elemento categorial objetivo” consiste numa referência à causa, integra a

estrutura do negócio jurídico e fixa o regime jurídico próprio,

independentemente da denominação.

Materialidade tipificada no ordenamento jurídico

Elementos essenciais, essentialia negotii; elementos naturais, naturalia

negotii; e elementos acidentais, accidentalia negotii (Washington de Barros

Monteiro)

A prova no suporte fático

• Linguagem do sistema que originalmente trata do fato recebida para os efeitos e com os

efeitos determinados pelo Direito Tributário

• Elementos Denotativos da compra e venda (Antonio Junqueira de Azevedo)

• Causa pressuposta:

– Preço

– Consentimento

– Objeto

– Elemento Acidental

– Consequência Natural

Negócios Jurídicos Causais

• O negócio jurídico indireto não diverge, quanto à sua tradução, de qualquer ato

jurídico, seja para impedir ou para reduzir a tributação, opondo-se ou não ao

fato jurídico tributário. O negócio jurídico, indireto ou não, há de ser oponível ao

fisco sempre que efetivamente ocorrido sob o manto do Direito Positivo, ou

seja, sempre que presente seus elementos essenciais, do que decorre a

possibilidade de verificação do exercício ou da ocorrência de seus efeitos

próprios.

• Não se desnatura o negócio quando conceitualmente típico para alcançar fim

ulterior prático - fenômeno empiricamente observável:

- Empresa veículo de investimento

- Holding Company

Planejamento

“Incorporação às avessas”

Favorável ao contribuinte:

“IRPJ – INCORPORAÇÃO ÀS AVESSAS – GLOSA DE

PREJUÍZOS – IMPROCEDÊNCIA – A denominada

“incorporação às avessas”, não proibida pelo ordenamento,

realizada entre empresas operativas e que sempre estiveram

sob controle comum, não pode ser tipificada como operação

simulada ou abusiva, mormente quando, a par da inegável

intenção de não perda de prejuízos fiscais acumulados, teve

por escopo a busca de melhor eficiência das operações entre

ambas praticadas.” (CSRF/01-05.413, sessão de 20/03/2006)

Planejamento

“Incorporação às avessas”

Desfavorável ao contribuinte:

INCORPORAÇÃO ATÍPICA – NEGÓCIO JURÍDICO INDIRETO – SIMULAÇÃORELATIVA – A incorporação de empresa superavitária por outra deficitária, emboraatípica, não é vedada por lei, representando um negócio jurídico indireto, na medida emque, subjacente a uma realidade jurídica, há uma realidade econômica não revelada.Para que os atos jurídicos produzam efeitos elisivos, além da anterioridade àocorrência do fato gerador, necessário se faz que revistam forma lícita, aí nãocompreendida hipótese de simulação relativa, configurada em face dos dados e fatosque instauram o processo.EVIDENTE INTUITO DE FRAUDE – A evidência da intenção dolosa, exigida na lei paraagravamento da penalidade aplicada, há que aflorar na instrução processual, devendoser inconteste e demonstrada de forma cabal.O atendimento a todas as solicitações do Fisco e observância da legislação societária,com a divulgação e registro nos órgãos públicos competentes, inclusive com ocumprimento das formalidades devidas junto à Receita Federal, ensejam a intenção deobter economia de impostos, por meios supostamente elisivos, mas não evidenciammá-fé, inerente à prática de atos fraudulentos.PENALIDADE – SUCESSÃO – A incorporadora, como sucessora, é responsável pelostributos devidos pela incorporada, até a data do ato de incorporação, não respondendopor penalidades aplicadas posteriormente a essa data e decorrentes de infraçõesanteriormente praticadas pela sucedida (CTN, art. 132).(Acórdão 103-21.046, sessão de 16/10/2002)

Ágio Fictício

• Fatos: A recorrente (“R”) tinha como sócios A, B e C. Os sócios A e B constituíram as empresas D e E,

conferindo a seu capital a participação na recorrente (“R”). Os sócios da recorrente tornaram-se então A,

D e E. Tais sócios reavaliam o investimento por seu valor justo e conferem esse valor a uma nova

empresa (M). O investimento em M passou a ser composto por um valor patrimonial e ágio. Menos de um

mês depois, houve a cisão total de M, com versão do investimento da recorrente para a nova empresa

decorrente da cisão (M’). A mais-valia da recorrente (“R”) foi deduzida por incorporação da controladora

M.

• Acusação fiscal: Em todas as operações de reorganização societária realizadas (que não foram além da

elaboração de documentos), não houve qualquer pagamento pelas transferências das participações, e

tampouco custo financeiro para qualquer das pessoas físicas ou jurídicas envolvidas, que justificasse a

contabilização de despesas e a consequente redução da base de cálculo do IRPJ e da CSLL.

• Acórdão CARF – Voto do Relator:

• Não há validade jurídica dos atos praticados pelo grupo econômico – “não se reveste de validade

um ágio dentro de um mesmo grupo econômico”, sem qualquer desembolso.

• Utilização de empresa-veículo artificial para transferência do ágio.

• Autêntico abuso de direito

• Acórdão CARF - Declaração de voto (Conselheiro Marcos Takata):

• Ágio interno “criado” ou artificial ou sem causa, sem efetividade ou significado econômico (distinto do

ágio interno real ou efeito, a exemplo da incorporação de ações, aumento de capital, subscrição de

ações por alguns sócios, etc.)

• Negação à tese do abuso de direito

• A efetividade e os significado econômico seria dado pela tributação da mais-valia (ágio)

Análise jurisprudencial: o ágio e o

CARF – empresa veículo

Processo: 10425.720442/2011-08 Acórdão: 1402-001.409 (4ª Câmara/2ª T.O.) Sessão de

10 de julho de 2013

ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ

Ano-calendário: 2006, 2007, 2008

INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADE. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. ARTIGOS 7º E 8º DA LEI

Nº 9.532/97. PLANEJAMENTO FISCAL INOPONÍVEL AO FISCO. INOCORRÊNCIA.

A reorganização empresarial, sob amparo dos artigos 7º e 8º da Lei nº 9.532/97, mediante

a utilização de empresa veículo, desde que dessa utilização não tenha resultado

aparecimento de novo ágio, não resulta economia de tributos diferente da que seria

obtida sem a utilização da empresa veículo e, por conseguinte, não pode ser

qualificada de planejamento fiscal inoponível ao fisco. (g.n.)

Análise jurisprudencial: o ágio e o

CARF – ágio na subscrição de ações

Processo: 13839.001516/200664 Acórdão: 9101001.657 (1ª Turma) Sessão de 15 de maio de 2013

EMENTA DO ACÓRDÃO QUE JULGOU O RECURSO ESPECIAL DO PROCURADOR E DO CONTRIBUINTE

ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ

Anocalendário: 2001, 2002, 2003, 2004, 2005

ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES.

A operação societária de subscrição de ações equipara-se a uma aquisição. A subscrição de ações é uma formade aquisição e o tratamento do ágio apurado nessa circunstância é o previsto na legislação em vigor (artigos 7º.e8º. da Lei 9.532/1997).

Subscrição de ações e alienação de ações são duas operações que permitem a aquisição de participaçãosocietária.

CONCOMITÂNCIA MULTA ISOLADA

Não é cabível a cobrança de multa isolada quando já lançada a multa de ofício.

JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO

As multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos, estão sujeitas à incidência dejuros de mora equivalentes à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulosfederais, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao pagamento e de um por cento no mês dopagamento

Análise jurisprudencial: o ágio e o

CARF – ágio fictício

Processo: 10980.017128/200835 Acórdão: 110300.501 (1ª Câmara/3ª T.O.) Sessão 30 de junho de 2011

ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ

Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006

CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS. SERVIÇOS. COMPROVAÇÃO DOS VALORES.

Despesas operacionais são aquelas necessárias a atividade operacional da empresa e, no caso de prestação de serviços, d

evem ser comprovadas mediante documentos que permitam identificar os prestadores, sem o que procede a glosa fiscal.

CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS. OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS.

ENCARGO DE AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO GERADO COM UTILIZAÇÃO DE SOCIEDADE VEÍCULO. ÁGIO DE SI MESMO. A

BUSO DE DIREITO.

O ágio gerado em operações societárias, para ser eficaz perante o Fisco, deve decorrer de atos econômicos efetivamente e

xistentes. A geração de ágio de forma interna, ou seja, dentro do mesmo grupo econômico, sem a alteração do controle

das sociedades envolvidas, sem qualquer desembolso e com a utilização de empresa inativa ou de curta duração (

sociedade veículo) constitui prova da artificialidade do ágio e torna inválida sua amortização. A utilização dos formalismos in

erentes ao registro público de comércio engendrando afeiçoar a legitimidade destes atos caracteriza abuso de direito.

ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO

Data do fato gerador: 02/01/2009

JUROS SOBRE MULTA DE OFICIO.

A incidência de juros de mora sobre a multa de oficio, após o seu vencimento, está prevista pelos artigos 43 e 61, § 3º, da Lei

9.430/96.

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL

Ano-calendário: 2003, 2004, 2005, 2006

TRIBUTAÇÃO REFLEXA.

Subsistindo o lançamento principal, na seara do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica, igual sorte colhe o lançamento qu

e tenha sido formalizado em legislação que toma por empréstimo a sistemática de apuração daquele.

Caso Gerdau

Processo 10680.724392/2010-28 – Acórdão 1101-00.708 — 1ª. Câmara -1ª. Turma Ordinária

ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA – IRPJ

Ano-calendário: 2005, 2006, 2007, 2008

ÁGIO. REQUISITOS DO ÁGIO.

O art. 20 do Decreto-Lei nº 1.598, de 1997, retratado no art. 385 do RIR/1999, estabelece a

definição de ágio e os requisitos do ágio, para fins fiscais. O ágio é a diferença entre o custo de

aquisição do investimento e o valor patrimonial das ações adquiridas. Os requisitos são a

aquisição de participação societária e o fundamento econômico do valor de aquisição.

Fundamento econômico do ágio é a razão de ser da mais valia sobre o valor patrimonial. A

legislação fiscal prevê as formas como este fundamento econômico pode ser expresso (valor de

mercado, rentabilidade futura, e outras razões) e como deve ser determinado e documentado.

ÁGIO INTERNO.

A circunstância da operação ser praticada por empresas do mesmo grupo econômico não

descaracteriza o ágio, cujos efeitos fiscais decorrem da legislação fiscal. A distinção entre ágio

surgido em operação entre empresas do grupo (denominado de ágio interno) e aquele surgido

em operações entre empresas sem vínculo, não é relevante para fins fiscais.

• Possibilidade da comprovação do ato pretendido, por meio de raciocínio lógico-

presuntivo.

• Presunção deve ser:

• Grave: necessariamente aponta para a conclusão adotada;

• Precisa: só é possível caminhar para aquela conclusão; e

• Convergente: todos os indícios comprovados caminham para a mesma

conclusão.

• Verdade da Prova pela consistência e pela coerência

Verdade e Prova

Lançamento de

Ofício

Efeitos para

outros tributos

Desconstituição

de outras

relações

jurídicas

Imputação de

Pagamentos

Ato Jurídico

Planejamento – Sujeição Passiva

“Casa - Separa”

REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA - VERDADEIRA ALIENÇÃO DEPARTICIPAÇÃO COM GANHO DE CAPITAL — Se os atosformalmente praticados, analisados pelo seu todo, demonstram nãoterem as partes outro objetivo que não se livrar de uma tributaçãoespecífica, e seus substratos estão alheios às finalidades dos institutosutilizados ou não correspondem a uma verdadeira vivência dos riscosenvolvidos no negócio escolhido, tais atos não são oponíveis ao fisco,devendo merecer o tratamento tributário que o verdadeiro atodissimulado produz.

SUJEIÇÃO PASSIVA. ERRO. INEXISTÊNCIA — Se verificada agravidade, precisão e concordância nas conclusões da autoridadefiscal sobre a existência de atos dissimulados, todos devem serdesconsiderados para efeito de constituição do fato jurídico, elegendo-se por sujeito passivo o real contribuinte/responsável.(Acórdão nº 108-09.507, de 05/12/2007).

Planejamento – Sujeição Passiva

“Casa - Separa”

Empresa

D1

Empresa

D

Ações em

Tesouraria

Empresa

B

Empresa

A

Empresa

C

Empresa

B1

Empresa

B2(...)

Venda com

Ágio

Aumento de

Capital com

Subscrição

de Ações

Planejamento – Sujeição Passiva

“Casa - Separa”

Empresa

D1

Empresa B

Empresa A

Empresa C

Ações

Entrega

Entrega

O Ganho de Capital está em A ou em B?

Planejamento Fiscal

“Caso Debêntures”

1. Emissão de debêntures pela controlada, adquiridas pela controladora.

2. Entrega de nota promissória pro soluto pela controladora à controlada, correspondente ao montante total das

debêntures.

3. O fisco, a partir da tradução dos suportes fáticos (dentre outros, subscrição total pela controladora, com prêmio 100

vezes superior ao valor nominal e com 100% da participação nos lucros), constituiu fato jurídico tributário

correspondente a:

a) Aporte de capital na controlada pela controladora, o que implicou na glosa de despesa relativa ao pagamento do

prêmio das supostas debêntures pela controladora; e

b) Distribuição de dividendos pela controlada à controladora, gerando glosa de despesa relativa ao pagamentos da

remuneração das debêntures.

Controladora

Subscritora das

debêntures e

beneficiárias dos

lucros

Fisco: não é pagamento de

prêmio para aquisição de

debêntures, mas subscrição

de capital social.

Fisco: não é

pagamento de

remuneração de

debêntures, mas

distribuição de lucros.

Controlada

Emissora de

Debêntures

100%NP

pro soluto

Debêntures

3b

3a

2

1

Planejamento Fiscal

“Caso Debêntures”

“se afastados os efeitos do suposto pagamento de prêmio na subscrição de debêntures e

tributados pelo fisco os valores registrados como atribuídos à controladora a título de

participação, os valores assim registrados pela beneficiária devem nela ser tratados como

lucros recebidos da investida, sem tributação. Se referidos valores foram oferecidos à

tributação na beneficiária, porque titulados como rendimentos, devem ser agora deduzidos

do valor tributável decorrente da glosa das amortizações do prêmio, independentemente de

formalidades, pois não se trata de repetição de indébito ou de compensação de créditos, mas

sim de reclassificação dos fatos” .

Trecho do voto do Conselheiro Luiz Martins Valero prolatado no acórdão nº 107-09587,

sessão de 17 /12/2008, do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.

A coerência Intranormativa

Interproposicional

Independentemente da existência de erro de fato ou de erro de direito,

pode ocorrer um desalinho entre os enunciados do antecedente e do

consequente da norma individual e concreta. Esse desalinho é o que

denominamos de incoerência intranormativa interproposicional. É a

relação jurídica da norma individual e concreta que confirma ou infirma a

eficácia do fato jurídico tributário. Reportamo-nos, nesse sentido, tanto à

eficácia jurídica quanto à eficácia social (efetividade).

A coerência Intranormativa

Interproposicional

• “(II) [(p ] q) . p] q

• Parênteses e colchetes demarcam unidades de leitura. O que se diz entre os parênteses

é (I): assumindo ser dado “p” , então é dado “q”; o que se diz entre os colchetes é que

além de se saber que (I) é uma operação verdadeira, sabe-se também que ocorreu o

antecedente dessa operação verdadeiramente – e não apenas em tese, como em (I)

enquanto função.

• […]

• Esse é um esquema formal para a norma contida no art. 2º do Código Civil brasileiro. O

modus ponens expressa a enunciação de que, admitindo-se a regra “p ] q”, com o

específico conteúdo do art. 2º do C.C. e constatada concomitantemente a ocorrência

concreta de “p”, i.e. de um “nascimento com vida”, então, é de concluir-se ser verdadeiro

que se iniciou a “personalidade civil”, i.e., desse sujeito nascido com vida”.

Torquato Castro Júnior. A pragmática das nulidades e a teoria do ato jurídico inexistente,

São Paulo, Noeses, 2009, p.112-113.

A coerência Intranormativa

Interproposicional

Um conjunto de proposições é coerente se preenche os requisitos de (i)

consistência e de (ii) completude. Consistência porque não contém

contradição; completude porque possui todos os elementos e implica em

consequência lógica.

Coerência

• Implicação Lógica

• Equivalência Lógica

Revisão sem Negação

Conclusões

(i) por implicação lógica, não há alteração de sujeito ativo e sujeito passivo;

(ii) por implicação lógica, a relação jurídica antes apresentada é totalmente

considerada para efeito de quantificação positiva ou negativa do crédito tributário

em ato de revisão; e

(iii) por decorrência lógica, a situação jurídica revisada, juntamente com a nova

constatação, atua sobre a apuração da obrigação tributária decorrente do ato de

revisão.

Revisão sem Negação

Conclusões

Hipótese de

Incidência

Relação Jurídica

Norma Revisada

Fato Revisado Constatação complementar

Nova Apuração

Norma de Revisão

Revisão sem Negação

Conclusões

N1: Norma individual e concreta, objeto de revisão

FJT: Fato Jurídico Tributário

FJT (revisão): Fato Jurídico Tributário, fruto de ato de

revisão, que apenas inova naquilo que acrescenta em

relação ao FJT anterior

FJT

?

Apuração do

IRPJ

N1Motivação

Omissão de

Receita

Revisão

Limitação de

tempo e

espaço

Complementação do

FJT pela inclusão da

receita omitida –

consideração da N1,

realidade existente

no ano-calendário

FJT (revisão)

Diferença a pagar ou

ajuste de prejuízo

fiscal e base de

cálculo negativa

Revisão sem Negação

Conclusões

“APURAÇÃO DE MATÉRIA TRIBUTÁVEL. RECOMPOSIÇÃO DO LUCRO REAL.

No lançamento de ofício realizado em razão de infrações à legislação do IRPJ,

deve ser recomposto o lucro real do período-base, levando em conta o prejuízo

fiscal apresentado na declaração de rendimentos. O mesmo ocorre em relação à

base de cálculo negativa da CSLL”. (Acórdão nº 107-09.141)

“IRPJ COMPENSAÇÃO DE OFÍCIO – REDUÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL –

Havendo prejuízo fiscal declarado, em montante superior ao do valor tributável

apurado em ação fiscal, cabe, tão-somente, proceder à redução do referido

prejuízo”.

(Acórdão 108-08.698)

Revisão sem Negação

Conclusões

Circulação de

mercadorias em

determinado

período Débito

(-) Crédito = Saldo

Credor de ICMS

N1

Glosa de

Crédito

Revisão

Reprodução

do FJT

N1 Revisada

pela glosa de

crédito

Motivação

Saldo Credor (-)

Crédito Glosado

Glosa de

Crédito

Crédito glosado

sem

consideração

da realidade

anterior

Motivação da

Revisão

Revisão

Fato Jurídico

não tributário - Tributação de fato ilícito

isolado

- Não tributação de fato

jurídico correspondente à

circulação de mercadoria pelo

próprio estabelecimento

contribuinte

Versus tributação sobre fato jurídico tributário (FTJ), que toma em consideração a

validade da norma individual e concreta anteriormente apresentada (N1), cuja

apuração dela decorrente foi apenas complementada:

Revisão com Negação

Conclusões

(i) por implicação lógica, pode haver ou não alteração de sujeito ativo, ou de sujeito passivo,

ou de ambos;

(ii) por implicação lógica, a norma revisada é considerada negativamente para efeito de

configuração do fato jurídico tributário em ato de revisão, ao passo que a nova

constatação determina a consideração de todos os elementos necessários à subsunção

da norma individual e concreta à norma geral e abstrata;

(iii) por decorrência lógica, a apuração anterior atua na consequência para implicar em direito

de imputação ou de restituição, em face da apuração da obrigação tributária decorrente

do ato de revisão; e

(iv) o direito de imputação ou de restituição deve ser analisado em face da alteração ou não

de sujeitos envolvidos nas relações jurídicas, negada e constituída em ato de revisão.

Revisão com Negação

Conclusões

Norma Revisada Norma de Revisão

Fato Revisado Nova constataçãoVersus

Relação Jurídica Hipótese de Incidência

Relação JurídicaImputação ou Restituição

Depende de

Competência

Revisão com Negação

Conclusões

FJT

Apuração pelo

regime de base de

cálculo reduzida

Não enquadramento

do FJT na hipótese

do regime e de base

de cálculo reduzida

FJT

Apuração pela regra

geral (Débito – Crédito)

N1 Motivação N2

Revisão

N1

Negativa

Pagamento X Pagamento Y

N1 = Norma individual e concreta, objeto de revisão

FJT = Fato Jurídico Tributário

N2 = Norma individual e concreta, produto do ato de revisão.

Apuração não

cumulativa (Débito –

Crédito)

Realidade Jurídica

Constituída

Limitação

LógicaApuração pela

regra de base de

cálculo reduzida

Revisão

Realidade negada

Decorrência

LógicaImputação de

pagamento (Y – X)

Crédito Tributário

decorrente da revisão

Planejamento Fiscal

“Caso Debêntures”

Controladora:

Despesa de

pagamento de prêmio

e tributação do

rendimento das

participações, com

pagamento de X.

Controladora:

Glosa de despesa (apuração

do IRPJ, com verificação de

diferença a pagar de Y), e

recebimento de dividendo

isento (negativa da

tributação de X).

Realidade negada

Realidade Jurídica

Constituída

Crédito tributário = Y - X

Caso “Felipão”

Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Processo Administrativo nº

11020.003823/2003-26, Acórdão nº 106-14.244, sessão de 20/10/2004.

Rendimentos

recebidos pela Pessoa

Jurídica, e não

diretamente pelo seu

sócio.

IRPJ: pagamento de X

Serviço personalíssimo e

rendimento recebido pela

Pessoa Física (sócio).

IRPF: pagamento de Y

Realidade negada Realidade Jurídica

Constituída

Crédito tributário = Y - X

A sanção com relação ao

Fato Revisado

D{[h R’(Sa, Sp) . [- R’(Sa, Sp) R’’(Sa, Sp)]}.

Endonorma Perinorma

Essa relação de proporcionalidade a partir do fato jurídico tributário

pode ser vista sob o enfoque

(i) da calibração pelo princípio da boa-fé em razão do contexto em

que inserido o fato e

(ii) dos efeitos de reincidência do fato jurídico revisado.

Responsabilidade Subjetiva Boa Fé Objetiva

• O administrado confia no Estado e dele merece obter proteção. O Estado por seu turno

deve assumir a responsabilidade pela confiança gerada, sendo-lhe proibido venire contra

factum proprium. Ainda, sempre que houver uma declaração, uma informação do Estado,

é ele que deve assumir as consequências, da culpa in contraendo e da própria

responsabilidade pela falsidade de informações, relativamente à parte dependente, que

não tem o domínio do acontecimento, estando em situação mais frágil.

• Culpa in Contraendo do Estado vs. Culpa in vigilando do administrado

• Recurso Especial nº 1.148.444/MG: Superior Tribunal de Justiça, 1ª Seção, DJe de

24/04/2010.

Erro de Proibição Boa Fé Subjetiva

• Artigos 112 e 106 do CTN

• PENALIDADE QUALIFICADA – INOCORRÊNCIA DE VERDADEIRO INTUITO DE

FRAUDE – ERRO DE PROIBIÇÃO – ARTIGO 112 DO CTN – SIMULAÇÃO RELATIVA –

FRAUDE À LEI - Independentemente da patologia presente no negócio jurídico analisado

em um planejamento tributário, se simulação relativa ou fraude à lei, a existência de

conflitantes e respeitáveis correntes doutrinárias, bem como de precedentes

jurisprudenciais contrários à nova interpretação dos fatos pelo seu verdadeiro conteúdo, e

não pelo aspecto meramente formal, implica em escusável desconhecimento da ilicitude

do conjunto de atos praticados, ocorrendo na espécie o erro de proibição.” Acórdão 101-

95.537, da então Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes

Reincidência do Fato Jurídico

Tributário Absorção da Sanção

“APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA – Incabível a

aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do

período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A

infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do

ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é meio de execução da segunda.

A aplicação concomitante de multa de ofício e de multa isolada na estimativa implica em

penalizar duas vezes o mesmo contribuinte, já que ambas as penalidades estão relacionadas

ao descumprimento de obrigação principal que, por sua vez, consubstancia-se no

recolhimento de tributo”.

Acórdão CSRF nº 9101-00.281, de nossa relatoria (Processo Administrativo nº

10665.001640200417).

Obrigada!

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