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Queimaduras Dra. Carmen Maria Würtz Dra. Maria Aparecida de Castro Batista

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Queimaduras

Dra. Carmen Maria WürtzDra. Maria Aparecida de Castro Batista

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Queimaduras Resultantes da exposição a chamas ou líquidos

quentes, contato com objetos quentes, exposição a atritos ou fricção, corrosivos químicos, radiação, contato com corrente elétrica.

Um dos acidentes mais comuns da infância. Trauma físico, psicológico e social. Aproximadamente 85% dos casos pediátricos de

queimaduras ocorrem no domicílio. Terceira causa de morte em menores de 14 anos.

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Fisiopatologia

Alterações teciduais de intensidade variável. Fase aguda: baixo débito cardíaco,

hipovolemia, acidose metabólica. Fase hipermetabólica crônica (intensidade

máxima em 7 a 10 dias, diminuindo gradativamente a medida que a lesão se fecha o que demora de 1 a 3 meses).

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Fisiopatologia Hipoperfusão tecidual – permeabilidade

capilar aumentada, seqüestro de líquidos nas células, destruição eritrocitária, efeitos diretos no tecido queimado.

Perda de líquidos para o espaço intersticial resultando em edema, hipoperfusão tecidual e isquemia - ação de mediadores químicos liberados nas áreas agredidas.

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Fisiopatologia As alterações hemodinâmicas são evidentes nas

queimaduras extensas. A terapia hídrica precoce reduz o efeito depressor

sobre a função miocárdica. Desequilíbrios hidroeletrolíticos e metabólicos são

evidentes no decorrer da evolução clínica. Tendência a hiperglicemia na fase inicial e

hipoglicemia na fase tardia. Hipercalemia na fase inicial ou hipocalemia na fase

tardia devido a excreção aumentada.

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Lesões inalatórias

Alterações respiratórias decorrentes das lesões inalatórias – lesão direta com processo irritativo ou necrose tecidual.

Quanto menor a criança, menor o calibre das vias aéreas, aumentando o risco de estreitamento das vias pelo edema – intubação traqueal ou cricotireoidotomia.

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Lesão por inalação Envenenamento por monóxido de carbono:

hipóxia tecidual. Os níveis de 40 a 60% de carboxiemoglobina podem causar perda da consciência, de 15 a 40% causam graus variados de disfunção do sistema nervoso central. PaO2 não é afetada (pode não haver cianose nem taquipnéia) sendo necessário determinar o nível de carboxiemoglobina.

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Lesão por inalação Lesão por inalação propriamente dita: - Insuficiência respiratória aguda – broncoespasmo,

obstrução alta das vias aéreas, lesão do parênquima pulmonar.

- Edema pulmonar – inicia até 2 a 4 dias após a queimadura.

- Broncopneumonia – obstrução inflamatória dos bronquíolos terminais e necrose da mucosa brônquica. Complicação infecciosa 3 a 10 dias após a queimadura.

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Lesão por inalação Classificação de acordo com a região anatômica

comprometida: - Acima da glote – lesão de faringe e laringe, edema

que pode obstruir as vias aéreas superiores. - Abaixo da glote – sintomas de angústia respiratória

e obstrução brônquica (eritema, edema e ulceração da mucosa, espasmo de brônquios e bronquíolos), responde a reposição hídrica. Monitorização nas primeiras 24 horas, mesmo se assintomático.

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Classificação das queimaduras

As queimaduras podem ser classificadas de acordo com a etiologia, intensidade, profundidade ou extensão das lesões.

a) Etiologia: escaldantes, químicas, elétricas, causadas por fogo ou origem inalatória.

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Classificação das queimaduras

b) Intensidade: 1º, 2º e 3º graus. - 1º grau: envolvimento somente da

epiderme com aspecto seco, hiperemia intensa, dor e calor local, discreto edema, sem formação de bolhas. As principais causas são a escaldadura e exposição à luz solar. Cura em 3 a 4 dias. Sem cicatriz.

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Classificação das queimaduras

b) Intensidade: 1º, 2º e 3º graus. - 2º grau: superficial ou profundo. . Superficial: epiderme e uma fina camada da

derme com formação de bolhas ou flictemas. Nervos sensoriais parcialmente danificados, sendo dolorosas, cicatrizam em 7 a 21 dias.

. Profunda: destruição total da epiderme e de grande parte da derme com conservação parcial dos folículos pilosos, glândulas sudoríparas e sebáceas. Causas principais: escaldamento, fogo, lesão química e elétrica. Evolução lenta (>21 dias), formação de cicatrizes imperfeitas.

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Classificação das queimaduras

b) Intensidade: 1º, 2º e 3º graus. - 3º grau: destruição da epiderme, derme e

tecido subcutâneo. Nervos sensoriais destruídos, havendo perda tátil. Pode destruir músculos, ossos e articulações. Causas principais: imersão, fogo, agentes químicos e eletricidade. Geralmente sem dor. Cura lenta, deixa cicatrizes importantes, evoluindo para enxertia.

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Classificação das queimaduras

c) Extensão: o tamanho da queimadura é expresso classicamente em percentagem de superfície corpórea (“Regra dos Nove”).

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Princípios básicos do atendimento Interromper o processo da queimadura,

removendo toda a roupa da área envolvida e lavar com jatos de água nas áreas em contato com produtos químicos.

Retirar do contato elétrico, remover anéis e relógios para prevenir efeito torniquete.

Controlar as vias aéreas. Controlar as condições circulatórias. Aliviar a dor.

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Princípios básicos do atendimento

Inserir sonda nasogástrica. Monitorizar a diurese. Providenciar suporte emocional para o

paciente e familiares. Detectar prováveis maus-tratos.

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Procedimentos iniciais específicos ao tipo de queimadura

Queimaduras térmicas: - cobrir a área com pano limpo e seco para inibir a dor,

nunca usar gelo diretamente (formação de úlcera). Lesões por eletricidade: - ter atenção à atividade elétrica cardíaca. Queimaduras químicas: - remover o produto químico com água corrente. Os

produtos químicos em pó devem ser retirados antes de lavar a superfície do corpo. As lesões nos olhos requerem irrigação contínua por pelo menos 8 horas.

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Critérios de internação Queimaduras de 2º grau envolvendo 10 a

20% da superfície corporal e de 3º grau com 2 a 10% SCQ.

Lesão respiratória por inalação. Queimaduras de 2º e 3º grau que envolvem

face, mãos, pés, períneo ou grandes articulações.

Queimadura elétrica. Queimadura química.

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Critérios de internação Pacientes com riscos adicionais por

apresentarem patologias de base como diabetes, cardiopatias, doenças imunossupressoras e anemia falciforme.

Criança com outro trauma associado. Suspeita de maus-tratos. Condições socioeconômicas desfavoráveis.

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Tratamento ambulatorial Limpeza da lesão com água e sabão ou soro

fisiológico. Não remover bolhas. Desbridamento cirúrgico precoce das áreas

necróticas. Aplicar pomadas como sulfadiazina de prata 1%,

acetato de mafenide, nitrato de prata 0,5%, associados ou não a antibióticos como a bacitracina.

Uso de analgésicos. Maior oferta de líquidos. Avaliar imunização antitetânica. Colocar talas nas áreas de flexão.

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Tratamento hospitalar Observação de acordo com as normas de

paciente traumatizado (ABC). Hidratação parenteral: - Fórmula de Parkland: % de SCQ X peso/Kg X 4 ml = total de

líquidos a serem administrados nas primeiras 24 horas, com metade sendo infundido nas primeiras 8 horas com SF 0,9% ou Ringer.

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Tratamento hospitalar Tratamento da ferida – promover a cicatrização

rápida e prevenir a infecção secundária. Analgesia e sedação (queimaduras leves:

acetaminofen, dipirona, paracetamol ou ibuprofeno / queimaduras moderadas e graves: morfina, meperidina, tramadol, fentanil).

Inibição da secreção gástrica ácida (hidróxido de alumínio, cimetidina, ranitidina, omeprazol).

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Tratamento hospitalar Antibioticoterapia de uso sistêmico

(cefalotina, oxacilina + aminoglicosídeo). Antibioticoterapia de uso tópico. Correção dos distúrbios metabólicos. Imunização antitetânica. Monitorização clínica e laboratorial.

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Complicações Respiratórias – aspiração, edema agudo de

pulmão, intoxicação por monóxido de carbono, edema de glote.

Complicações gastrintestinais – lesão aguda de mucosa e íleo paralítico.

Sepse. Distúrbios hidroeletrolíticos e metabólicos. Insuficiência renal e supra-renal. Choque.

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Obrigada!