aula de processo alexandre

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Rio de Janeiro, 02 de setembro de 2013. DIREITO PROCESSUAL CIVIL ALEXANDRE CÂMARA EXECUÇÃO AULA 01 1. TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO Execução, que no processo civil em juízo é forçada, decorre da execução voluntária, instituída no direito civil (direito das obrigações). O devedor tem dever jurídico de realizar uma ação, executando uma atividade (pagamento, sinônimo de execução) outorgando ao credor bem jurídico de valor econômico. A partir do momento em que o devedor não paga voluntariamente, o credor deve buscar em juízo a execução forçada, conforme art. 580, CPC. Art. 580. A execução pode ser instaurada caso o devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e exigível, consubstanciada em título executivo. Execução forçada é atividade jurisdicional do estado, que tem por fim realizar o direito do credor produzindo resultado prático equivalente ao do adimplemento (tentando sempre a atividade que deveria ser feita se o devedor

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Anotações da primeira aula desse brilhante professor.

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Rio de Janeiro, 02 de setembro de 2013.DIREITO PROCESSUAL CIVILALEXANDRE CMARAEXECUOAULA 011. TEORIA GERAL DA EXECUOExecuo, que no processo civil em juzo forada, decorre da execuo voluntria, instituda no direito civil (direito das obrigaes).O devedor tem dever jurdico de realizar uma ao, executando uma atividade (pagamento, sinnimo de execuo) outorgando ao credor bem jurdico de valor econmico.A partir do momento em que o devedor no paga voluntariamente, o credor deve buscar em juzo a execuo forada, conforme art. 580, CPC.Art. 580. A execuo pode ser instaurada caso o devedor no satisfaa a obrigao certa, lquida e exigvel, consubstanciada em ttulo executivo.Execuo forada atividade jurisdicional do estado, que tem por fim realizar o direito do credor produzindo resultado prtico equivalente ao do adimplemento (tentando sempre a atividade que deveria ser feita se o devedor tivesse cumprido voluntariamente mesmo resultado prtico).Segundo Francesco Carnelutti, a ideia ser como deveria ser.A atividade jurisdicional principalmente patrimonial. Ainda tem alguns resqucios da execuo sobre a pessoa (execuo do devedor de alimentos). O professor Daniel Assumpo entende que este posicionamento adotado pelo Prof. Alexandre Cmara equivocado, pois a execuo no recai sobre o corpo do devedor, mas sim lhe imposta uma medida coercitiva para que ento ceda parte do seu patrimnio para o credor.A execuo pode se dar por coero (imprpria ou indireta) ou sub-rogao (prpria ou direta). Nesta, o Estado substitui o devedor cumprindo a obrigao, mesmo que haja inrcia do devedor (penhora on line). Naquela, utiliza-se mecanismos que visam pressionar psicologicamente o devedor, forando-o a praticar os atos necessrios para satisfazer o direito (astreintes). Mesmo na execuo por coero, a incidncia sobre o patrimnio, salvo a hiptese de priso por inadimplemento da obrigao de alimentos (crtica efetuada acima).O que confere legitimidade execuo o ttulo executivo, ou seja, este pressuposto da execuo, no existindo a execuo sem um ttulo.Observao! Art. 618, CPC possui uma impropriedade, pois no nula a execuo sem ttulo, mas sim inexistente, j que nulla quer dizer inexistente. Houve erro de traduo.CONCEITO DE TTULO EXECUTIVO (3 CORRENTES)1C. Ttulo executivo documento que atua como prova legal (teoria que estabelece a valorao preestabelecida das provas tarifao da prova) da existncia do direito de crdito (teoria documental). O ttulo de crdito resqucio da prova tarifada. Crtica: documento algo que tem a finalidade de produzir prova. O objeto da prova o fato e no direito, logo como provar um direito desta maneira? Esta teoria confunde prova do ato jurdico com a forma deste. A forma modo pelo qual praticado o ato jurdico e a prova meio pelo qual se demonstra que o ato jurdico foi praticado. Exemplo.: cheque no ttulo executivo o que ttulo a ordem de pagamento vista comprovada por meio do cheque (documento).2C. O ttulo executivo um ato jurdico, o qual recebe da lei eficcia executiva. Somente a lei pode estabelecer quais atos jurdicos so ttulos executivos.Lei em sentido lato, pois h ttulo executivo inclusive na constituio art. 71, 3, CRFB Supremo Tribunal Federal, com base no princpio na simetria estendeu a executividade das decises aos tribunais de contas estaduais.Eficcia executiva aptido para produzir efeitos. Este efeito tornar possvel a responsabilidade patrimonial. O ttulo executivo torna possvel a agresso patrimonial.O ttulo executivo tem natureza de proteger o devedor (demandado), com base no art. 5, LI, CRFB (protege o patrimnio, somente autorizando a agresso patrimonial aps devido processo legal).3C. Teoria mista entende que ttulo executivo formalmente um documento e materialmente ato jurdico com eficcia executiva.Os ttulos executivos podem ser judiciais (art. 475-N, CPC) e extrajudiciais (art. 585, CPC).Judicial vem do latim judicium, que significa processo. Ou seja, se o ttulo se forma por meio de um processo, i. , resultado de um processo. O extrajudicial, a contrario sensu, o formado sem um processo.No deve confundir judicial com judicirio. Por isso a sentena arbitral ttulo executivo judicial, mas no judicirio. Tambm h ttulo judicirio que no judicial (execuo de deciso interlocutria ou por sentena do juiz que reconhece crdito ao auxiliar da justia honorrios do perito).Observao! o direito processual civil no estuda todos os ttulos executivos, mas somente os judiciais. Com ttulo extrajudicial, instaura-se um processo s para efetuar a execuo. Por isso o nome processo de execuo (Livro II). O Livro I (conhecimento) aplicvel ao processo de execuo de forma subsidiria (art. 598, CPC).A execuo do ttulo judicial, se o ttulo estiver em inciso mpar, a execuo ser apenas fase complementar do mesmo processo em que o ttulo foi criado, chamado de fase de execuo (cumprimento de sentena). Se o ttulo estiver em inciso par, haver a necessidade de instaurar um processo de execuo.A execuo por ttulo judicial regida pelo livro I. o Livro II aplicado subsidiariamente (art. 475-R, CPC).Quem define que h necessidade de novo processo de execuo, embora seja com base em ttulo executivo judicial, o art. 475-N, PU, CPC, que exige uma citao (informar algum que se inicia um processo) para iniciar a execuo. No cumprimento, intima-se o devedor para cumprir a sua obrigao.Na execuo extrajudicial, o pagamento deve ser em trs dias. Na judicial, o pagamento deve se dar em 15 dias. Nesta incide multa, enquanto naquela, no. Naquele a defesa se d por embargos, enquanto neste por mera impugnao.Qual a funo de um ttulo? 1C. Tornar certa a existncia da dvida. Este entendimento est incorreto, caso contrrio, o devedor no poderia se defender alegando que a dvida no existe. Por isso, nem a sentena transitada em julgada pode afirmar com certeza se h dvida. Prova que naquele momento havia a dvida. H uma forte presuno da dvida.2C. Demonstrar quem tem legitimidade para iniciar uma execuo.3C. O ttulo executivo o ato que forma a condio da ao interesse de agir, pois o ttulo o meio necessrio, adequado para iniciar uma execuo. Por isso, no possvel um processo de conhecimento se existe um ttulo executivo formado, pois lhe falta adequao para satisfazer o direito. Hoje j existem decises que admitem parte demandar pelo processo de conhecimento, mesmo com ttulo executivo, renunciando a este, pois no h prejuzo ao demandado.Para que a execuo possa se desenvolver, preciso que o ttulo executivo represente dvida certa, lquida e exigvel, conforme art. 586, CPC. Certa quer dizer bem delineada. Seus elementos constitutivos esto determinados. So eles credor, devedor e objeto. Se a obrigao for de dar coisa fungvel, no bastara que a obrigao seja certa, mas tambm lquida. Ela precisa ser quantificada, pois elas podem ser substitudas por outras do mesmo gnero, quantidade ou qualidade. A quantificao conhecida como liquidez. Efetua-se a liquidao por meio de um incidente conhecido como liquidao de sentena.No existe liquidao incidental em ttulo executivo extrajudicial, pois somente h ttulo se houver liquidez (quantidade expressa). No pode se buscar os elementos que quantificam, ou seja, do liquidez obrigao fora do ttulo executivo.A obrigao exigvel quando o seu cumprimento no est sujeito a termo ou condio (art. 614, III, CPC).Exemplo de sentena sem exigibilidade a que decorre da coisa julgada pautada em lei declarada posteriormente inconstitucional.