aula 27 a previdência social sob a mira dos fundos de pensão (economia brasileira)

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1ª Edição | 2010 | O Brasil sob a Nova Ordem A economia brasileira contemporânea Uma análise dos governos Collor a Lula Rosa Maria Marques e Mariana Ribeiro Jansen Ferreira Organizadoras

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1ª Edição | 2010 |

O Brasil sob a Nova Ordem

A economia brasileira contemporânea – Uma análise dos governos Collor a Lula

Rosa Maria Marques e Mariana Ribeiro Jansen Ferreira

Organizadoras

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Capítulo 10 A Previdência Social sob a Mira

dos Fundos de Pensão

Mariana Batich

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

Introdução No Brasil, os dois maiores sistemas previdenciários existentes atendem a diferentes tipos de clientela: um assiste a população do setor privado da economia, ou seja, os trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). E outro atende ao pessoal que serve às instituições administrativas de todas as esferas do governo brasileiro, o qual é regido por um estatuto, isto é, um conjunto de normas que fixa todos os deveres, direitos e condições para o exercício de um cargo no aparelho do Estado.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

Este capítulo tem por objetivo apresentar o quanto as leis aplicadas por aquelas duas instituições previdenciárias foram alteradas após a promulgação da Constituição de 1988, bem como indicar qual é a relação dessas modificações com o propósito de ampliar o campo de ação dos fundos de pensão no País. 1. A Construção da Previdência no Brasil: um breve resumo 1.1 O regime dos trabalhadores do mercado formal do setor privado No Brasil, a proteção garantida à população inserida no mercado de trabalho formal do setor privado é administrada pelo Estado, mas em sua origem, como em outros países, foi iniciativa dos trabalhadores.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

Na década de 1930, durante o governo Getúlio Vargas, quando o Estado começou a investir na infraestrutura necessária para o crescimento da indústria brasileira, ainda incipiente, e quando se intensificaram a presença das classes assalariadas urbanas e os movimentos por melhores condições de vida, o governo expandiu sua interferência no campo da proteção social dos trabalhadores. 1.2 A origem do regime dos servidores públicos No Brasil, aqueles que possuem um vínculo empregatício com o Poder Público, regido pelo Estatuto dos Funcionários Públicos, os chamados estatutários, submetem-se às regras estabelecidas pela Administração Pública e não são chamados de empregados, mas de servidores.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

2. O Período Pós-Constituinte: os velhos atores com novas forças As forças democráticas presentes na elaboração da Constituição procuraram assegurar ao povo brasileiro uma gama de direitos sociais já existentes em outros países. Todavia, a implementação desses direitos passou, quase imediatamente, a enfrentar obstáculos de toda ordem. A nova ordem mundial, aliada a interesses da oligarquia nacional, deu início à destruição das conquistas do sistema de proteção social que a Assembléia Nacional Constituinte havia reafirmado ou introduzido.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

3. As Fraturas Iniciais dos Princípios Constitucionais: o desmonte no campo das receitas No plano “legal”, o início do desmonte da Seguridade Social ocorre quando da regulamentação do Plano de Custeio da Seguridade Social (Lei n. 8.212, assinada por Collor em 1991). Em 1994, quando do Plano Real, novamente é assegurada a apropriação de recursos da Seguridade Social para fins alheios aos seus fins. Essa apropriação, contudo, era de valor bem mais significativo, abrangendo 20% do total das contribuições.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

Em 2007, a necessidade de financiamento foi de R$ 44,9 bilhões, em valores correntes.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

Os déficits observados no Gráfico 10.1 resultaram de vários fatores. Do lado da receita: a) diminuição relativa dos trabalhadores que contribuem para a

previdência em relação ao total dos ocupados;

b) aumento da taxa de desemprego;

c) c) diminuição do rendimento médio.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

Do lado da despesa: a) amadurecimento do sistema, isto é, quando significativo número de

trabalhadores está apto a requerer aposentadoria;

b) antecipação da demanda, dada a possibilidade de as reformas anunciadas retirarem ou diminuírem direitos ou expectativas de direitos;

c) baixa capacidade de contribuição dos trabalhadores rurais;

d) várias medidas de incentivo à formalização, realizadas pelos governos, que envolveram redução da alíquota de contribuição para os responsáveis por micro e pequenas empresas e para os empregadores de empregadas domésticas, por exemplo.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

4. As Investidas sobre os Benefícios Previdenciários do Trabalhador do Setor Privado da Economia As discordâncias quanto aos preceitos constitucionais relativos aos benefícios previdenciários manifestam-se tão rapidamente quanto a ação do Estado em continuar a usar de modo indevido os recursos destinados à Seguridade Social. Entre 1994 e 1996, no quadro do RGPS, foram canceladas as concessões dos benefícios do abono, pecúlio, auxílios natalidade e funeral.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

Em 1995, o Executivo, sob o comando de Fernando Henrique Cardoso, apresentou proposta de emenda constitucional com o objetivo de modificar os dispositivos que impediam a realização de uma “reforma” na previdência (MARQUES; BATICH; MENDES, 2003). Depois de um longo processo de tramitação no Congresso Nacional, em 1998 é aprovada a Emenda Constitucional n. 20, que permitiria a elaboração de leis para modificar os benefícios previdenciários dos trabalhadores do setor privado e dos servidores da Administração Pública. O processo de destruição do sistema de proteção social dos trabalhadores não se restringiu à Emenda Constitucional n.20. Outras foram promulgadas, agora sob à égide do partido que se propunha a representar os interesses dos trabalhadores.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

4.1 Perdas impostas aos trabalhadores do setor privado da economia pelas Emendas Constitucionais Mediante as Emendas Constitucionais ns. 20,41 e 47, e das leis que as operacionalizam, principalmente a Lei n. 9.876, de 26 de novembro de 1999, os trabalhadores do setor privado da economia sofreram perdas em seus direitos. 4.2 O ataque à previdência do servidor público As alterações efetuadas na Constituição de 1988 atingiram profundamente o regime previdenciário das pessoas que trabalham para a Administração Pública, isto é, aquelas regidas pelo estatuto do servidor.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

Entre seus resultados, salienta-se que houve uma clara aproximação de seu sistema ao do RGPS e a obrigatoriedade de os servidores de participarem de um fundo de pensão fechado administrado pelo próprio governo. 5. O que Estava em Jogo na “Reforma” do Regime Previdenciário do Servidor Público e do RGPS O sistema de previdência do servidor público foi construído tendo por base a relação entre os servidores públicos e o Estado, que é muito diversa daquela existente entre patrão e empregado no setor privado da economia.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

A “reforma”, tanto do governo FHC como do de Lula, tem um triplo sentido que se complementa: introduzir a previdência complementar para os funcionários públicos, aproximar os dois sistemas entre si; e reduzir o leque dos valores garantidos enquanto aposentadoria e pensões. Considerações Finais Desde o início da década de 1990, era voz corrente, entre os opositores do sistema de proteção social instaurado no País com a Constituição Federal de 1988, que a unificação dos regimes (dos servidores públicos e dos trabalhadores do mercado formal de trabalho do setor privado) era tanto necessária como importante.

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Capítulo 10

A Previdência Social sob a Mira dos Fundos de Pensão

O fato é que alguns dos avanços incluídos na Constituição de 1988 nunca saíram do papel, tal como o princípio da progressividade do imposto de renda; a realização da reforma agrária etc. O pensamento dominante, no campo da política econômica, nos regimes de câmbio, na maneira de ver o papel do Estado e do mercado pressionava o País a mudar. No caso da previdência, ao contrário do que foi realizado nos demais países da América Latina, nunca houve a possibilidade de substituição do regime de repartição por um de capitalização.