aula 22 heg ii versao 4
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Aula 22 HEG II Versao 44TRANSCRIPT
DE AULAS
ANTERIORES
Antes da I Grande Guerra
“(...) o padrão ouro, como base das operações
monetárias internacionais, surgiu após 1870.
Somente então os países estabeleceram o ouro
como a base para seus meios de pagamento.
Foi quando se estabeleceu firmemente
o câmbio fixo baseado no padrão ouro.”
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 32
Por que nos anos de 1870?
“Em determinado plano, a resposta é
a Revolução Industrial. Seu símbolo, a máquina
a vapor, eliminou o obstáculo técnico.
A industrialização transformou a Grã-Bretanha,
o único país que já adotara o padrão ouro, na
mais importante potência econômica do mundo
e na principal fonte de financiamentos externos.”
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 42
Por que nos anos de 1870?
“Isso encorajou outros países que pretendiam
manter relações comerciais com a Grã-Bretanha
e dela importar capitais a seguir seu exemplo.
Quando a Alemanha, segunda maior
potência industrial da Europa, estabeleceu
esses relacionamentos, em 1871,
o estímulo foi reforçado.”
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 42
No Entreguerras, os Anos de 1920
“Em consequência, o padrão ouro no período entre as
guerras, ressuscitado na segunda metade da década de 20,
compartilhava poucos dos méritos do funcionamento
do sistema antes da guerra. Com a perda da tradicional
flexibilidade nos mercados de trabalho e de ‘commodities’,
o novo sistema não era capaz de absorver impactos
com facilidade. Uma vez que os governos não tinham
como se defender das pressões que reivindicavam (...)”
Barry Eichengreen A Globalização do Capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Editora 34, 2000, p. 76
“(...) estímulos ao crescimento e emprego, o novo regime
não tinha credibilidade. Quando o sistema era perturbado,
o capital financeiro, que no passado fluíra em direções
estabilizadoras, agora empreendia fugas, transformando uma
perturbação limitada numa crise econômica e política. A
queda na atividade econômica de 1929, que se transformou na
Grande Depressão foi exatamente um reflexo desse processo.
E ele terminou por vitimar também o próprio padrão ouro.”
Barry Eichengreen A Globalização do Capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Editora 34, 2000, p. 76
No Entreguerras, os Anos de 1930
[ Do movimento de desvalorização das moedas na década de 30 ]
“(...) resultava um aumento na competitividade dos produtos
domésticos, estimulando a demanda por eles e estimulando
as exportações líquidas. A melhoria na competitividade do país
em questão era, evidentemente, a contrapartida da deterioração
na competitividade de seus parceiros comerciais. Isso levou
alguns analistas a se referirem pejorativamente à depreciação
da moeda como uma desvalorização ‘empobreça-o-vizinho’
[ beggar-thy-neighbor-devaluation ].”
Barry Eichengreen A Globalização do Capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Editora 34, 2000, p. 127
“Mas o fato de que essas desvalorizações eram feitas em
interesse próprio não deve obscurecer sua eficácia. (...)
A desvalorização e a recuperação revelaram-se interligadas
por um mecanismo direto. Os países que permitiram a
desvalorização de suas moedas expandiram suas bases
monetárias. A desvalorização eliminou o imperativo do corte
de gastos governamentais e do aumento nos impostos para
defender a taxa de câmbio. (...) Portanto, a desvalorização
da moeda na década de 30 foi parte da solução
para a Depressão, e não do problema.”
Barry Eichengreen A Globalização do Capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Editora 34, 2000, pp. 127-128
Bretton Woods
O Plano White “(...) previa a criação de uma instituição
com papel duplo. O primeiro seria o de servir de fórum
para o exame das condições econômicas dos países
associados, de modo a fugir do dilema entre o câmbio
fixo do padrão-ouro e as desvalorizações
competitivas nos períodos de crise.” FMI
Fernando Cardim de Carvalho Bretton Woods aos 60 anos.
Novos Estudos CEBRAP, nº 70, pp. 51-63, novembro 2004, p. 58
“Esse fórum representaria a comunidade das nações
e seria encarregado de avaliar quando as
taxas de câmbio poderiam ser reajustadas,
o que só se autorizaria quando um país
pudesse demonstrar que um ajuste era necessário
porque sua economia tivesse passado
por mudanças fundamentais.”
Fernando Cardim de Carvalho Bretton Woods aos 60 anos.
Novos Estudos CEBRAP, nº 70, pp. 51-63, novembro 2004, p. 58
“Essa instituição constituiria um tesouro que conteria,
em princípio, moedas de todos os países associados (...).
Assim, sempre que um país enfrentasse problemas
temporários de pagamentos com um ou mais parceiros
poderia recorrer à instituição para comprar temporariamente
a moeda de que precisasse, enquanto promovesse
os ajustes necessários na operação de sua economia.”
Fernando Cardim de Carvalho Bretton Woods aos 60 anos.
Novos Estudos CEBRAP, nº 70, pp. 51-63, novembro 2004, p. 58
HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL II (EAE0312)
Prof. Dr. José Flávio Motta
1º semestre de 2014
Período diurno, turma única
HEG II, aula 22
O Sistema Monetário Internacional (1946-1973)
Bretton Woods
[ causa ou consequência do
crescimento nos Anos Dourados ?? ]
“Em casos excepcionais —considerados de ‘desequilíbrio
fundamental’— o Fundo poderia autorizar desvalorizações
de até 10% na paridade oficial das moedas. Desequilíbrios
temporários deviam ser financiados por meio de reservas e
corrigidos por outras medidas (que não o ajuste cambial);
ou seja, por medidas recessivas que reduzissem os preços
internos e a demanda por importações ou atraíssem
recursos externos (pelo aumento da taxa de juros).”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 457
“O significado da expressão crítica
‘desequilíbrio fundamental’ ficou indefinido.
Ou, nas palavras de Raymond Mikesell,
[ 1913 – 2006 ;
professor da Universidade de Oregon ]
nunca foi definido em menos de dez páginas.”
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 136
1946 – 1949
a escassez de dólares
“(...) a liquidez do sistema dependia da disponibilidade
de dólares circulando no mercado internacional. No entanto, (...)
os Estados Unidos, por sua capacidade produtiva praticamente
intacta durante a guerra, mantinham amplas vantagens sobre
seus eventuais competidores internacionais e acumulavam
sucessivos superávits no comércio internacional. (...)
Desse modo, (...) em vez de irrigarem o mercado internacional
com dólares, acabavam absorvendo as reservas de ouro
e de dólares porventura existentes nos outros países.”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, pp. 458-459
“As dívidas de guerra contraídas pelos países [ europeus ],
especialmente com os Estados Unidos, alcançavam valores
bastante elevados. Desse modo, além de necessitarem de
grandes volumes de importações para a reconstrução de suas
economias e não terem capacidade produtiva para gerar
exportações (portanto, com um elevado déficit potencial na
balança comercial), os países europeus também necessitavam
de dólares para cumprir com seus compromissos financeiros.”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 459
“Em retrospecto, a crença em que esse sistema
poderia funcionar foi extraordinariamente ingênua.
As reduzidas quotas e direitos de saque referidos
nos Artigos de Acordo tornaram-se pequeníssimos
diante da escassez de dólares registrada antes
de o FMI começar a funcionar, em 1947.”
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 137
“Em vista das circunstâncias, a decisão de restabelecer a
conversibilidade [ da libra ] em 1947 foi o cúmulo da
irresponsabilidade. Isso foi uma decisão norte-americana,
e não britânica. Em 1946, os Estados Unidos concederam
à Grã-Bretanha empréstimos de US$ 3,75 bilhões sob a
condição de que esta concordasse em restabelecer a
conversibilidade de sua conta corrente no prazo de um
ano após a aprovação do empréstimo. O Reino Unido,
extremamente debilitado, não teve escolha.”
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 143
“A conversibilidade foi restabelecida em 15 de julho
de 1947 (...). As seis semanas de conversibilidade
foram um desastre. As quedas nas reservas
foram enormes. O governo, vendo suas reservas
aproximando-se do esgotamento, suspendeu
a conversibilidade em 20 de agosto com o
consentimento norte-americano. Um empréstimo
que tinha sido concebido para durar até o final da
década foi consumido em questão de semanas.”
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, pp. 143-144
“Duas eram as inovações com o Plano Marshall [ 1947 ]:
em primeiro lugar, parte considerável do valor disponibilizado
para a reconstrução europeia foi doado e não transferido em
empréstimos, o que garantia uma expansão econômica ‘sem
custos’ posteriores; e, em segundo lugar, países inimigos como
a Alemanha também passaram a receber um substancial auxílio.”
[ condição: governos não fossem socialistas ou comunistas ]
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 461
“Tal fluxo de capitais permitiu a ampliação extraordinária
de importações europeias, beneficiando, por conseguinte,
a própria economia dos Estados Unidos.
Ademais, esses recursos amenizaram a escassez
de dólares na economia mundial, dando alguma
liquidez ao sistema monetário internacional.”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 461
“No entanto, a despeito da ajuda ultrapassar
em muito aquela contemplada pelos Artigos de Acordo,
[ i.é., os limites de recursos do FMI ]
o sistema inicial de paridades cambiais revelou-se
inviável. Em setembro de 1949, as moedas europeias
foram desvalorizadas em 30%, em média.
E ainda assim revelou-se impossível eliminar
os controles sobre as importações.”
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 137
“(...) depois da tentativa britânica [ em 1947 ] de promover a
conversibilidade, tornou-se evidente que as moedas europeias
estavam sobrevalorizadas com relação ao dólar. As paridades
estabelecidos junto ao FMI não correspondiam às condições
de produtividade dos diferentes países e tenderiam a manter
os desequilíbrios externos. (...) [E]m 1949 o FMI sinalizou
para um processo de desvalorização das moedas europeias.”
[ Grã-Bretanha, 30%; Alemanha, 90%; França e Itália, 70% ]
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, pp. 458-459
1949 – 1958
o desequilíbrio benéfico
“As desvalorizações das moedas europeias em 1949,
associadas aos efeitos do Plano Marshall, permitiram superar
a aguda escassez de dólares que havia marcado o imediato
pós-guerra. Desde então, as contas externas norte-americanas
passaram a apresentar déficits (..que..) irrigavam o mercado
com dólares, beneficiando a expansão do comércio
internacional. Por outro lado, a progressiva recuperação
das economias europeias as tornava menos dependentes
das importações, reduzindo os elevados déficits comerciais
típicos dos anos do imediato pós-guerra.”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 462
Derek H. Aldcroft The European Economy 1914-2000
4.ed. London: Routledge, 2001, p. 118
“As contas positivas [ dos EUA ] —comércio de mercadorias e
juros/dividendos recebidos do exterior— foram, de 1950 a 1959,
superadas por gastos militares [ Guerra da Coreia, Guerra Fria ],
doações do governo e saídas de capital de longo prazo
[ expansão de empresas multinacionais ]. Esse saldo negativo
foi financiado pela redução das reservas internacionais norte-
americanas (a maior parte, pela redução do estoque de ouro)
e pelo aumento do volume de dólares mantidos no exterior
pelos bancos centrais e pelo setor privado.”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 462
“Paralelamente, (...) a Europa procurava desenvolver
uma política na medida do possível mais autônoma
dos interesses norte-americanos.”
[ União Europeia de Pagamentos – UEP, 1950-58;
Comunidade Econômica Europeia – Mercado Comum, 1958 ]
“E em dezembro de 1958 foi restabelecida a conversibilidade entre
as moedas europeias; ou seja, as transações entre os países
europeus poderiam agora ser realizadas com suas próprias
moedas, não dependendo mais da disponibilidade de dólares.”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, pp. 463-464
“O fato de que a ação da UEP divergia da concepção de Bretton
Woods foi admitido de diversas maneiras. A responsabilidade pela
compensação dos pagamentos cabia ao Banco para Compensações
Internacionais, um remanescente da década de 30, e não ao FMI.
A diretoria executiva, que supervisionava o funcionamento da UEP,
estava sediada em Basileia, não em Washington. (...) Na prática,
a supervisão da restauração da conversibilidade e a reabilitação
do comércio foi retirada das instituições de Bretton Woods,
cuja autoridade, em consequência, resultou enfraquecida.”
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 149
“Representantes da União Soviética estiveram presentes
em Bretton Woods, ainda que seus delegados se mostrassem
ativos principalmente durante os coquetéis após os trabalhos
diários. (...) Em 1950, porém, a Guerra Fria já era uma
realidade e a União Soviética tinha se recusado a assumir
suas obrigações como membro do FMI. Isso deixou os
Estados Unidos mais dispostos a aprovar a discriminação
nas relações de comércio se isso facilitasse a recuperação
e o crescimento econômico na Europa ocidental.”
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 149
“Embora os Estados Unidos tivessem tanto ativos como passivos
externos, a defasagem entre seus prazos de maturação deixava o
país vulnerável ao risco equivalente internacional de uma corrida aos
bancos. Não ter dado a devida importância ao problema da corrida
dos depositantes aos bancos foi a falha na visão de Émile Deprés e
Charles Kindleberger de que os déficits nos pagamentos dos Estados
Unidos eram benignos porque o país estava simplesmente
funcionando como banqueiro para o mundo, tomando empréstimos
no curto prazo e concedendo empréstimos no longo prazo.”
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 160
1958 – 1967
a superabundância de dólares
[ O “Paradoxo de Triffin”, torpedeando o Plano White ]
“(...) se, de 1950 a 1957, essa redução [ das reservas de ouro
dos Estados Unidos ] fora equivalente a US$ 1,7 bilhão,
de 1958 a 1960, US$ 5,1 bilhões foram extraídos das reservas
norte-americanas. Evidentemente, esse fato questionava
a capacidade de os Estados Unidos manterem
a conversibilidade dos dólares em ouro,
nos termos dos acordos de Bretton Woods.”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 465
conversibilidade entre moedas europeias
recuperação das economias europeias
oferta elástica de mão-de-obra na Europa pós-guerra
migrações vinculadas à descolonização
migrações internas no sentido rural-urbano
aumento dos investimentos na Europa
ascensão da multinacional como novo personagem
melhorias tecnológicas
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, pp. 465-466
“Embora no imediato pós-guerra os Estados Unidos
tenham de fato vivenciado, como a maioria havia temido,
elevados superávits no balanço de pagamentos,
dessa forma piorando a escassez de dólares global. (...)
a conta corrente dos Estados Unidos com a Europa
Ocidental experimentou uma pronunciada tendência
de baixa durante a maior parte dos anos de 1950,
transformando-se num elevado déficit ao fim da década.”
Benn Steil The Battle of Bretton Woods: John Maynard Keynes, Harry Dexter White,
and the Making of a New World Order
[Kindle edition] Princeton: Princeton University Press, 2013
“À medida em que os Estados Unidos resolviam
um problema global, a escassez de dólares, procedeu-se
à criação de outro, —uma escassez de ouro com o qual
ressarcir os estrangeiros possuidores dos dólares em
excesso. Em outras palavras, Harry White errara.
Os Estados Unidos não poderiam, simultaneamente ,
manter o mundo adequadamente suprido com dólares e
sustentar as amplas reservas de ouro requeridas pelo seu
compromisso de conversibilidade dos dólares em ouro.”
Benn Steil The Battle of Bretton Woods: John Maynard Keynes, Harry Dexter White,
and the Making of a New World Order
[Kindle edition] Princeton: Princeton University Press, 2013
“Em verdade, nenhum país poderia realizar esse feito com
sua moeda nacional. A lógica foi posta a nu pelo economista
americano, nascido na Bélgica, Robert Triffin [1911-1993],
em seu agora famoso testemunho no Congresso em 1959.
Existiram, ele explicou, ‘absurdos associados ao uso de
moedas nacionais como reservas internacionais’. (...) Quando
o mundo acumula dólares como reservas, em vez de ouro,
os Estados Unidos são colocados numa posição impossível.”
Benn Steil The Battle of Bretton Woods: John Maynard Keynes, Harry Dexter White,
and the Making of a New World Order
[Kindle edition] Princeton: Princeton University Press, 2013
“Os estrangeiros emprestam os dólares em excesso
de volta aos Estados Unidos. Isto aumenta as obrigações
de curto prazo dos EUA, o que implica que estes
precisam elevar suas reservas em ouro para manter seu
compromisso de conversibilidade. Mas aí é que está
o busílis: se eles o fazem, a escassez global de dólares
persiste; se eles não o fazem, acabam por se ver
tentando, desesperadamente, garantir
mais e mais dólares com menos e menos ouro.”
Benn Steil The Battle of Bretton Woods: John Maynard Keynes, Harry Dexter White,
and the Making of a New World Order
[Kindle edition] Princeton: Princeton University Press, 2013
“Os Estados Unidos, portanto, estão danados se
suprem a demanda de liquidez do mundo, e danados
se não o fazem —assim como danado está o restante
do mundo. Isto tornou-se conhecido como o ‘paradoxo
de Triffin’. (...) Os Estados Unidos necessitariam
deflacionar, desvalorizar, ou impor restrições comerciais
e cambiais para impedir a perda de todas as suas reservas
de ouro. (...) A criação de Harry White, na visão de Triffin,
era um apocalipse econômico em gestação.”
Benn Steil The Battle of Bretton Woods: John Maynard Keynes, Harry Dexter White,
and the Making of a New World Order
[Kindle edition] Princeton: Princeton University Press, 2013
“O declínio do estoque de ouro e o aumento do passivo
[ dos EUA ] junto aos bancos centrais fizeram com que,
em 1960, o volume de dólares mantidos pelos bancos centrais
estrangeiros fosse maior que o montante de ouro em reserva
nos Estados Unidos. Ou seja, se houvesse uma ‘corrida’ dos
bancos centrais contra o ouro, os Estados Unidos não teriam
capacidade de efetivar a conversão dos dólares em ouro,
provocando a quebra do sistema de Bretton Woods.”
[ de Gaulle: ‘exorbitante privilégio’, ‘déficit sem lágrimas’ dos EUA ]
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 467
1960, Fundo Comum do Ouro (Gold Pool)
“Neste acordo firmado entre governos e bancos centrais
ficava indicado o compromisso de os governos não converterem
seus dólares em ouro. O grupo deveria se empenhar também
na venda de ouro no mercado livre para impedir que seu preço
se afastasse da cotação oficial de 35 dólares por onça.” [...]
“No entanto, as medidas restritivas efetivas pelo governo norte-
americano [ JFK ] e os acordos internacionais que buscavam
remendar o SMI (...) se mostraram apenas paliativos.”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, pp. 467 e 469
1967 – 1973
o colapso de Bretton Woods
Seria necessário “(...) substituir o dólar por um novo ativo de
reserva com o objetivo de prevenir que o processo descrito
por Triffin desestabilizasse o Sistema de Bretton Woods. (...)
[I]sso era defendido pelos países de moedas fracas e combatido
pelas nações de moedas fortes. As discussões eram complicadas
em razão de o dólar ser, a um só tempo, fraco e forte. Ele era forte
no sentido de continuar a ser a principal moeda de reserva (...).
Ele era fraco porque o crescimento de saldos em dólares
nas contas externas dos parceiros dos EUA semeava dúvidas
em relação à sua conversibilidade” DES ?
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, pp. 160-161
Meados dos anos 60: a França e o padrão ouro
“(...) de Gaulle decidiu converter as reservas francesas de dólar
por ouro, acreditando que em pouco tempo a pressão sobre a
moeda norte-americana levaria a inevitável desvalorização.
O presidente francês também liderava o coro para a reformulação
do SMI, exigindo a volta ao padrão-ouro e, por isso, a França deixou
o Gold Pool em 1967. (...) [E]m 1968 o próprio Gold Pool foi extinto
(...) [N]o mercado livre a cotação passou a subir constantemente:
em meados de 1973 superou 120 dólares por onça.”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 470
Nixon [ 1969-1974 ] e a negligência benigna
“Essa estratégia consistia em permitir que os dólares
continuassem a sair dos Estados Unidos sem intervenção, de
maneira que a moeda norte-americana mantida em quantidades
crescentes pelos bancos centrais dos países estrangeiros
exerceria forte pressão no sentido de sua desvalorização.”
[ Recrudescimento inflacionário na Europa
apreciação de moedas europeias, a exemplo do marco ]
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, pp. 470-471
“Liquidez ainda maior, na forma de uma alocação de DES
[ a primeira foi desembolsada em 1970 ],
não era o que se necessitava nesse ambiente inflacionário.
Com as inevitáveis demoras nos processos de negociação,
as autoridades econômicas terminavam por solucionar
problemas passados com implicações
contraproducentes para o presente.”
[ Teriam essas instabilidades sido evitadas através de
uma alocação antecipada mais generosa de DES ?” ]
Barry Eichengreen A globalização do capital:
uma história do sistema monetário internacional
São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 149
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 469
15/08/1971, suspensa a conversibilidade do dólar
“Em dezembro de 1971, (...) As taxas cambiais fixas
foram substituídas pelo modelo de flutuação, com a possibilidade
de variação cambial dentro de uma banda de 4,5%. Era uma
tentativa de recompor o sistema de taxas de câmbio fixas (ou
quase fixas) que havia inspirado o acordo de Bretton Woods.
Porém, sem a conversibilidade do dólar em ouro, não havia nada
que impedisse flutuações de seu valor fora da faixa de 4,5%.”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 471
1973, abandono da paridade negociada
“Abria-se um novo cenário no sistema monetário internacional:
taxas de câmbio flutuantes favoreceram o surgimento de
operações especulativas, estimuladas por expectativas de
valorização ou desvalorização das moedas no mercado mundial.
Assim sendo, o sistema de Bretton Woods chegava ao seu fim,
encerrando, simbolicamente, a era de ouro do capitalismo.”
Flávio A. M. de Saes & Alexandre M. Saes História econômica geral
São Paulo: Saraiva, 2013, p. 471