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ICMS-SP LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ESTADUAL AULA 10 Profs. Paulo Dantas e Marcelo Tannuri www.pontodosconcursos.com.br 1 Conteúdo 10. Crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo (Lei federal nº 8.137/90)........................................................................................ 3 10.1 Crimes praticados por particulares .......................................................................... 4 10.2 Crimes praticados por funcionários públicos........................................................ 8 10.3 Crimes contra a Economia e as Relações de Consumo ................................... 9 10.4 Das Multas ....................................................................................................................... 12 10.5 Das Disposições Gerais............................................................................................... 14 Exercícios – Crimes contra a ordem Tributária ............................................................... 17 11. Dos Crimes de sonegação fiscal e contra a ordem tributária no RICMS-SP 25 12. Infrações e Penalidades .................................................................................................... 25 Exercícios gerais sobre o ICMS .............................................................................................. 30

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ICMS-SP LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA ESTADUAL AULA 10

Profs. Paulo Dantas e Marcelo Tannuri www.pontodosconcursos.com.br 1

Conteúdo

10. Crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo (Lei federal nº 8.137/90) ........................................................................................ 3

10.1 Crimes praticados por particulares .......................................................................... 4

10.2 Crimes praticados por funcionários públicos ........................................................ 8

10.3 Crimes contra a Economia e as Relações de Consumo ................................... 9

10.4 Das Multas ....................................................................................................................... 12

10.5 Das Disposições Gerais ............................................................................................... 14

Exercícios – Crimes contra a ordem Tributária ............................................................... 17

11. Dos Crimes de sonegação fiscal e contra a ordem tributária no RICMS-SP 25

12. Infrações e Penalidades .................................................................................................... 25

Exercícios gerais sobre o ICMS .............................................................................................. 30

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APRESENTAÇÃO

Queridos amigos “concurseiros”.

Chegamos à última aula.

Você, certamente, está pronto para enfrentar a sua prova. Se não estiver pronto, certamente está no caminho certo.

Todos os assuntos relativos à legislação paulista foram analisados. Os temas mais frequentes em provas foram estudados de forma mais aprofundada.

Alguns de vocês têm me perguntando se o curso terá novas turmas e se essas turmas terão vantagens sobre a primeira. A principal melhoria que as novas turmas receberão é a adição de alguns vídeos explicativos, mas não se preocupe: vocês terão acesso a todos os vídeos. Eles ficarão acessíveis a partir do site do Ponto e no meu perfil no Facebook (perfil de Marcelo Tannuri).

Há muitos assuntos que precisam e precisarão ser conversados com vocês até a prova. Por isso, vocês deverão ficar de olho no site do Ponto (que é nosso meio de comunicação oficial.

Sobre a aula online que será oferecida antes da prova, ainda não está decidido se ela será apresentada de forma síncrona ou assíncrona. Também não decidimos, ainda, qual será o meio pelo qual ela será oferecida (não podemos fazer tal definição e correr o risco de perder a chance de usar um método mais moderno que os atuais). Esse é um motivo adicional pelo qual você deverá ficar ligado nas novidades no site do Ponto.

Nossa grande missão é fazer com que você alcance a aprovação. Por isso, contem conosco naquilo que for necessário.

Um grande abraço e bons estudos.

Marcelo Tannuri

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Aula 08

Crimes contra a ordem tributária, econômica e

contra as relações de consumo

(Lei federal nº 8.137/90)

10. Crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo (Lei federal nº 8.137/90)

A Lei 4.729/65 foi quem, pela primeira vez, tipificou os delitos de sonegação fiscal.

Nesse período, esses crimes (de sonegação fiscal) eram definidos como “de mera conduta”1, e independiam do resultado pretendido (supressão total ou parcial do crédito tributário).

A Lei 8.137/90 regulou inteiramente a matéria, revogando a referida Lei dos Crimes de sonegação fiscal e instituindo os crimes contra a ordem tributária.

A nova norma passou a apresentar também crimes de natureza material2.

O direito tributário e os tributos específicos visam abastecer o erário de recursos. Trata-se da principal fonte de recursos para a política econômica do Estado. É claro, entretanto, que a não aceitação de gravames tributários seja extremamente comum no seio da sociedade.

O descumprimento da obrigação tributária, seja ela principal ou acessória, desencadeia uma série de atos administrativos (de ofício), que objetivam averiguar as supressões tributárias, medindo seus efeitos e exigindo o tributo devido (com as multas e juros previstas).

1 Crimes de mera conduta são aqueles em que não existe um objetivo a ser atingido por aquele que infringe a norma. O

crime de violação de domicílio, por exemplo, se consuma pela mera conduta de entrar e permanecer em domicílio de

outrem sem a devida sem a permissão devida.

Os crimes formais diferem dos crimes de mera conduta por poderem apresentar alguma forma de exaurimento. Por

exemplo, no crime de corrupção ativa, a prática, a omissão ou o retardamento de ato configurará mero exaurimento do

crime.

2 Crimes materiais são aqueles que, para ocorrerm, devem apresentar necessariamente um resultado ou uma

consequência para o mundo fenomênico. Para a consumação, é indispensável que um resultado seja verificável.

O crime de homicício, por exemplo, é um crime material, que só se consuma com a morte da vítima.

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A esse conjunto de atos, dá-se o nome já conhecido por você: Procedimento Administrativo Tributário (PAT).

A importância do recolhimento tributário, que abastece os cofres públicos para fazer face a gastos e investimentos públicos, é tão grande que a sociedade sentiu a necessidade de levar as condutas de supressão tributária ao campo do direito penal.

O direito penal é o ramo do direito que preza pela intervenção mínima, devendo intervir apenas naqueles conflitos de maior gravidade.

10.1 Crimes praticados por particulares

O núcleo do tipo penal vem expresso logo no caput do artigo 1o: “suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório”.

Como já dissemos, o crime se mostra material na medida em que a sua consumação dependa da supressão ou da redução do tributo devido.

O crime se configura em que hipóteses? R: veja bem, o crime se consuma na supressão de:

• tributo (principal e os adicionais legais como multas e juros); e • contribuição social.

O conceito de tributo não deve incluir apenas os impostos, mas também das outras espécies tributárias (CF, 145 – tributos podem ser impostos, taxas ou contribuições de melhoria).

Embora o núcleo do tipo penal esteja definido, deve-se notar que os incisos do artigo em questão multiplicam o entendimento apontando as condutas definidoras do crime.

Crimes não podem ser capitulados por analogia. Assim, o crime só se configurará se houver:

• omissão de informação, ou prestação de declaração falsa às autoridades fazendárias;

• fraude perante a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

• falsificação ou alteração de nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;

• elaboração, distribuição, fornecimento, emissão ou utilização de documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;

• negativa ou falta de fornecimento, quando obrigatório, de nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecimento da nota em desacordo com a legislação.

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Não custa falar novamente: o crime apenas se consuma se houver a supressão ou a redução do tributo ou da contribuição social.

SUM. VINCULANTE No 24 - NÃO SE TIPIFICA CRIME MATERIAL CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA, PREVISTO NO ART. 1º, INCISOS I A IV, DA LEI Nº 8.137/90, ANTES DO LANÇAMENTO DEFINITIVO DO TRIBUTO.

O STV decidiu que o crime contra a ordem tributária apenas pode ser denunciado pelo MP ao juízo depois de definitivamente lançado.

Assim, a instância judiciam apenas poderá iniciar para os crimes do artigo 1o depois de lançados definitivamente. O que significa “definitivamente lançado”?

Para a doutrina majoritária, o tributo é definitivamente lançado quando:

• é declarado pelo sujeito passivo; • e objeto de decisão administrativa transitada em julgado (contra a

qual não caiba mais recurso); • quando inscrito e dívida ativa.

Responsabilização na esfera criminal – Entramos em uma seara muito polêmica. A pergunta é: “uma pessoa jurídica pode ser responsabilizada na esfera criminal?”.

Embora não acreditemos que sua banca possa entrar nesse assunto, vamos analisá-lo rapidamente. São duas correntes:

1. pessoas jurídicas apenas podem ser responsabilizadas criminalmente por crimes ambientais e, mesmo assim, desde que haja também imputação à pessoa física que por ela responde (RHC 20.558/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 24/11/2009, DJe 14/12/2009).

2. pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas criminalmente no tocante às multas aplicadas, quando houver imputação concomitante de pessoas naturais que por elas respondam.

Se a banca “colocar o dedo na ferida” com relação a esse assunto, parece-me mais prudente seguir a segunda corrente (embora não devamos acreditar nisso).

Lei 8.137/1990

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Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;

IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;

V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.

Pena - reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 (dez) dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.

O artigo 2o traz uma lista de crimes formais, pois questionam as naturezas das condutas para a configuração do crime (a consumação do crime independe do resultado).

Mesmo que as condutas do artigo abaixo não resultem em supressão ou redução de tributo, os crimes terão sido cometidos.

Assim, as tentativas de redução de tributo, que configuram crime formal, previstas pelo artigo 2o são os seguintes:

• fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;

• deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;

• exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;

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• deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;

• utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.

Atentando-se aos crimes tipificados pelo artigo 1o e 2o, pode-se observar algumas hipóteses que aparecem repetidas. Vamos explicar:

A intervenção do direito penal na sociedade deve ser proporcional, criteriosa e seletiva. Assim, para algumas condutas devem ser aplicadas penas mais severas que para outras. Se uma determinada hipótese aparece em ambos os artigos (1o e 2o), a sua subsunção deverá buscar saber se houve o desdobramento material do crime (se houve resultado). Havendo resultado, o enquadramento deve ser feito em relação ao artigo 1o. Não havendo resultado, apenas terá se configurado o crime formal do artigo 2o, que possui pena menor.

Observe também que os crimes do artigo 2o possuem núcleos tipicamente formais: utilizar ou divulgar programa, deixar de aplicar incentivo fiscal ou parcelas do imposto (esse caso nos parece um crime próprio de funcionário público), exigir, pagar, receber, deixar de recolher, fazer declaração falsa. Assim, vamos repetir para fixar: aquelas hipóteses que vieram capituladas também no artigo 1o poderão ser consideradas crimes materiais e estarão sujeitos às penas mais altas do referido artigo (desde que se verifique o resultado da ação.

Lei 8.137/1990

Art. 2° Constitui crime da mesma natureza:

I - fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude, para eximir-se, total ou parcialmente, de pagamento de tributo;

II - deixar de recolher, no prazo legal, valor de tributo ou de contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos;

III - exigir, pagar ou receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, qualquer percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal;

IV - deixar de aplicar, ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade de desenvolvimento;

V - utilizar ou divulgar programa de processamento de dados que permita ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida à Fazenda Pública.

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Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

10.2 Crimes praticados por funcionários públicos

O artigo 3o define alguns crimes próprios contra a ordem tributária (crime próprio é aquele cometido por determinadas pessoas – nesse caso, são crimes praticados por funcionários da administração tributária). Vejamos:

• extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social – semelhante ao crime de Extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento;

• exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela (da função), vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente – observe que esses crimes são muito parecidos com os crimes de concussão (exigir) e corrupção passiva (solicitar ou receber).

• patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário pública – crime semelhante à advocacia administrativa.

Os crimes próprios contra a ordem tributária encontram crimes correlatos no Código Penal, no Capítulo dos crimes contra a administração pública.

Observação importante. A sua banca descreverá esses crimes, tentando confundí-lo (a) entre os crimes contra a ordem tributária e os crimes contra a administração pública.

O “bizú” é procurar uma dica tributária na redação da banca: “acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social”, “para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social” ou “perante a administração fazendária”.

Lei 8.137/1990

Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Código Penal:

I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou

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parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;

II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

10.3 Crimes contra a Economia e as Relações de Consumo

O artigo 4o define os crimes contra a ordem econômica.

Na prova, para identificar um desses crimes, você deverá procurar “tags” como: “... do poder econômico”, “dominação de mercado”, “fixação artificial de preços”, “controle de mercado”, etc. Enfim, os crimes contra a ordem econômica são aqueles que tem, como vítima, a livre iniciativa, a livre concorrência e, consequentemente, a coletividade de consumidores.

As condutas tipificadas como crimes contra a ordem econômica são as seguintes:

• abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas – o crime consiste em usar o poder econômico para eliminar a concorrência. Por exemplo: uma empresa que diminui artificialmente seus preços para dominar o mercado terá cometido o crime em tela;

• formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando: – o crime consiste na cartelização do mercado, em que o acordo entre as partes pode visar eliminar a concorrência (com preços artificialmente baixos) ou abrir uma maior margem de lucros (pela determinação de que todos elevarão seus preços, desprestigiando a concorrência)

o à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas;

o ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;

o ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.

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Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica:

I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas;

II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando:

a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas;

b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas;

c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores.

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa.

O artigo 7o estabelece os crimes contra as relações de consumo. Trata-se de disciplina complementar ao Código de Defasa do consumidor.

Esse assunto não será pedido em sua prova (não tenho medo de errar em relação a isso).

Vejamos, apenas para descarregar a consciência, que crimes são esses:

• favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores;

• vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficial (admite-se modalidade culposa);

• misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço estabelecido para os demais mais alto custo (admite-se modalidade culposa);

• fraudar preços por meio de (essas atividades não configuram crime quando a conduta não tiver o objetivo de fraude):

o alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço;

o divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto;

o junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado;

o aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços;

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• elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de juros ilegais;

• sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação (em alguns congelamentos de preços da história do Brasil, a sonegação de insumos era muito comum);

• induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação publicitária;

• destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito próprio ou de terceiros;

• vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo (admite-se modalidade culposa);

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Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo:

I - favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores;

II - vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais, ou que não corresponda à respectiva classificação oficial;

III - misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço estabelecido para os demais mais alto custo;

IV - fraudar preços por meio de:

a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço;

b) divisão em partes de bem ou serviço, habitualmente oferecido à venda em conjunto;

c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado;

d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços;

V - elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxa de juros ilegais;

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VI - sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação;

VII - induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação publicitária;

VIII - destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito próprio ou de terceiros;

IX - vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo;

Pena - detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa.

Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte.

10.4 Das Multas

Os crimes definidos contra a ordem tributária (para as 3 categorias que discutimos) têm penas cominadas de prisão (reclusão ou detenção) e de multa.

Com relação às penas de reclusão:

art. 1o – crimes materiais – são considerados mais graves – reclusão de 2 a 5 anos;

art. 2o – crimes formais – são considerados menos graves porque não dependem de resultados no mundo fenomênico – detenção de 6 meses a 2 anos;

art. 3o – crimes próprios cometidos contra a ordem tributária – gravidade intermediária – reclusão de 1 a 4 anos de multa.

As penas de reclusão têm início do seu cumprimento em regime fechado. As penas de detenção têm início do seu cumprimento em regime semi-aberto.

As multas são definidas pelo juiz entre 10 e 360 dias-multa.

O dia-multa é um valor abstrato. Para a sua fixação, o juiz deve considerar aproximadamente a renda diária daquele que tiver cometido o crime.

Nenhuma dia-multa deverá ser menor que 14 BTNs, nem maior que 200 BTNs.

Os valores antigamente devidos de acordo com o valor da BTN, atualmente, são

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corrigidos pela TR (Taxa Referencial).

Em 2 de setembro de 2011 (momento em que escrevo esse parágrafo), a BTN (considerada em seu último valor) corrigida pela TR vale R$ 1,5698 (fonte: http://www.yahii.com.br/btn.html).

Lei 8.137/1990

Art. 8° Nos crimes definidos nos arts. 1° a 3° desta lei, a pena de multa será fixada entre 10 (dez) e 360 (trezentos e sessenta) dias-multa, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime.

Parágrafo único. O dia-multa será fixado pelo juiz em valor não inferior a 14 (quatorze) nem superior a 200 (duzentos) Bônus do Tesouro Nacional BTN.

Para alguns crimes previstos nessa lei, existe a previsão de se converter a pena restritiva de liberdade (detenção ou reclusão) em multa.

Essa conversão não deve, em nenhuma hipótese, elidir a multa original, calculada de acordo com o artigo que acabamos de discutir.

Não há, entretanto, essa previsão para os crimes contra a ordem tributária (que são os crimes importantes para o nosso concurso).

É possível que a banca tente te conduzir ao erro, afirmando a possibilidade de conversão da pena restritiva de liberdade em multa para esses crimes (contra a ordem tributária).

Lei 8.137/1990

Art. 9° A pena de detenção ou reclusão poderá ser convertida em multa de valor equivalente a:

I - 200.000 (duzentos mil) até 5.000.000 (cinco milhões) de BTN, nos crimes definidos no art. 4°;

II - 5.000 (cinco mil) até 200.000 (duzentos mil) BTN, nos crimes definidos nos arts. 5° e 6°;

III - 50.000 (cinqüenta mil) até 1.000.000 (um milhão de BTN), nos crimes definidos no art. 7°.

As multas podem ser arbitradas pelo juiz, tanto no caso de considerar a excessiva onerosidade quanto na hipótese de onerosidade muito pequena, de acordo com a situação econômica do réu.

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Assim, nenhuma multa poderá ser grande demais a ponto de tirar do réu a condição de subsistência. Também não deverá ser pequena demais a ponto de perder o caráter educativo.

Lei 8.137/1990

Art. 10. Caso o juiz, considerado o ganho ilícito e a situação econômica do réu, verifique a insuficiência ou excessiva onerosidade das penas pecuniárias previstas nesta lei, poderá diminuí-las até a décima parte ou elevá-las ao décuplo.

10.5 Das Disposições Gerais

Concorrer para o crime significa ajudar a cometê-lo (por qualquer interesse que possa haver).

Aquele que concorrer para o crime também incide nas penas, mesmo nos casos de crimes próprios de funcionários públicos.

Lei 8.137/1990

Art. 11. Quem, de qualquer modo, inclusive por meio de pessoa jurídica, concorre para os crimes definidos nesta lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida de sua culpabilidade.

Parágrafo único. Quando a venda ao consumidor for efetuada por sistema de entrega ao consumo ou por intermédio de outro em que o preço ao consumidor é estabelecido ou sugerido pelo fabricante ou concedente, o ato por este praticado não alcança o distribuidor ou revendedor.

O artigo 12 prevê algumas circunstâncias agravantes dos crimes previstos por essa lei.

Todas essas hipóteses ensejam aumento da pena dos crimes contra a ordem tributária (exceto os crimes próprios) de 1/3 até a metade.

As hipóteses de agravamento são as seguintes:

• ocasionar grave dano à coletividade; • ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas

funções – refere-se aos crimes que não são próprios, ou seja, que podem ser cometidos por outras pessoas – presume-se que o servidor público encontra maior facilidade para o cometimento do crime;

• ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.

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Lei 8.137/1990

Art. 12. São circunstâncias que podem agravar de 1/3 (um terço) até a metade as penas previstas nos arts. 1°, 2° e 4° a 7°:

I - ocasionar grave dano à coletividade;

II - ser o crime cometido por servidor público no exercício de suas funções;

III - ser o crime praticado em relação à prestação de serviços ou ao comércio de bens essenciais à vida ou à saúde.

Os crimes previstos são de ação penal pública. Isso significa que a iniciativa de proposição é do Ministério Público (MP).

A inércia do MP pode dar ensejo à ação penal privada subsidiária da pública. Isso é raro em relação aos crimes contra a ordem tributária, mas é relativamente frequente em relação aos crimes contra a ordem econômica e contra as relações de consumo.

Lei 8.137/1990

Art. 15. Os crimes previstos nesta lei são de ação penal pública, aplicando-se-lhes o disposto no art. 100 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.

Aquele que conhecer os fatos pode provocar a iniciativa do MP.

As informações devem ser repassadas por escrito. O MP tem um procedimento rápido denominado inquérito civil, que precede qualquer denúncia, em que verifica se os fatos realmente ocorreram e se eles realmente configuram algum dos crimes aqui descritos.

A lei prevê o instituto da delação premiada. Trata-se de um benefício concedido pela lei ao réu confesso que aceitar “entregar” seus comparsas e colaborar com as investigações.

Para o réu-delator, a lei prevê a redução da pena de um a dois terços.

Lei 8.137/1990

Art. 16. Qualquer pessoa poderá provocar a iniciativa do Ministério Público nos crimes descritos nesta lei, fornecendo-lhe por escrito informações sobre o fato e a autoria, bem como indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.

Parágrafo único. Nos crimes previstos nesta Lei, cometidos em quadrilha ou co-autoria, o co-autor ou partícipe que através de confissão espontânea

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revelar à autoridade policial ou judicial toda a trama delituosa terá a sua pena reduzida de um a dois terços.

Nos crimes contra as relações de consumo, especialmente no crime que se refere à sonegação de bens e mercadorias de consumo, compete ao Departamento Nacional de Abastecimento e Preços providenciar a desapropriação de estoques, a fim de evitar crise no mercado ou colapso no abastecimento.

Lei 8.137/1990

Art. 17. Compete ao Departamento Nacional de Abastecimento e Preços, quando e se necessário, providenciar a desapropriação de estoques, a fim de evitar crise no mercado ou colapso no abastecimento.

O artigo 172 reescreve o crime de Duplicata Simulada, tipificando o crime de emissão de fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.

Lei 8.137/1990

Art. 19. O caput do art. 172 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, passa a ter a seguinte redação:

"Art. 172. Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponda à mercadoria vendida, em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado.

Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa".

O artigo 20 “arrumou” a redação do crime de excesso de exação que, antes, falava apenas em “imposto, taxa ou emolumento”. Atualmente, o crime se relaciona com a exigência a maior de “tributo ou contribuição social” (ou o emprego, na cobrança, de meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza).

Não há dúvida de que a alteração veio ampliar as possibilidades de configuração do crime e delineá-lo do jeito que, de fato, deve ser configurado.

Lei 8.137/1990

Art. 20. O § 1° do art. 316 do Decreto-Lei n° 2 848, de 7 de dezembro de 1940 Código Penal, passa a ter a seguinte redação:

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"Art. 316. ............................................................

§ 1° Se o funcionário exige tributo ou contribuição social que sabe ou deveria saber indevido, ou, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não autoriza;

Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa".

A aula de hoje foi curta. Prevíamos que o edital fosse publicado com alguns temas que não foram incluídos no programa.

Exercícios – Crimes contra a ordem Tributária

(CESPE – 2012 – TJCE – Juiz)

1. No que concerne aos crimes contra a ordem tributária, assinale a opção correta.

a) Em se tratando de crimes funcionais contra a ordem tributária, mesmo que o tributo seja pago, ou que haja a extinção da punibilidade do contribuinte, remanesce a responsabilidade penal do funcionário público.

b) Nos crimes contra a ordem tributária, resta configurada nulidade quando o procedimento investigatório ministerial é instaurado antes do término da apuração administrativo - tributária, ainda que tenha sobrevindo a constituição definitiva do crédito antes do nascimento do respectivo inquérito policial.

c) O denominado crime de falso (uso de documento falso) é absorvido pelo crime de sonegação fiscal, independentemente do fato de constituir meio ou caminho necessário para a correspondente consumação, em atenção ao princípio da especialidade ou da consunção.

d) O STJ tem entendimento pacificado no sentido da não aplicação do princípio da insignificância aos crimes contra a ordem tributária.

Resolução:

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Análise das Alternativas:

(A) Correta. Os crimes funcionais têm natureza formal. Ou seja, não precisam de uma consequência no mundo fenomênico para ocorrer (para serem consumados).

A consequência provável da conduta existe e pode ocorrer, mas não será considerada condição necessária para a consumação do crime. Será mero exaurimento do crime.

Note que crimes formais diferem drasticamente dos crimes de mera conduta. Naqueles a consequência direta existe (mas pode não ocorrer). Nos crimes de mera conduta, não existe a possibilidade de resultado efetivo (o crime de desobediência, por exemplo, é de mera conduta).

Assim, mesmo que haja a extinção da punibilidade do contribuinte e que o tributo seja pago, o crime terá ocorrido e permanecerá a responsabilidade do agente público.

(B) Os tributos lançados por homologação, quando o pagamento não é devidamente feito pelo contribuinte, submetem-se ao prazo decadencial de 5 anos (CTN 173) contados, de acordo com o entendimento atual, do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.

Deve-se entender que a lavratura do Auto de Infração e Imposição de Multas não é forma de constituição definitiva do crédito tributário. O crédito tributário é definitivamente constituído quando o sujeito passivo declara seus débitos por qualquer meio, quando o fisco inscreve seus créditos em dívida ativa ou quando o PAT tiver seu fim, não havendo mais qualquer recurso possível na esfera administrativa.

A questão se refere, entretanto, ao procedimento investigatório ministerial, que é fase preambular e não consiste, ainda, processo judicial.

Se a questão se referisse à denúncia, afirmaríamos a sua nulidade se ocorrida antes do término da apuração administrativo-tributária (a apuração não pode ser posterior à constituição definitiva do crédito).

(C) Só ocorre a absorção de um crime quando ele tiver sido instrumento para a realização do outro. A absorção do crime de falso apenas ocorrerá se tiver constituído meio para a consumação do crime maior.

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(D) A Jurisprudência dominante aplica princípio da insignificância aos crimes contra a ordem tributária, e tem determinado o valor de 10 mil reais como limite (STF: REsp 992.756-RS, rel. Min. Paulo Gallotti, j. 14.10.08; REsp 966.077-GO, rel. Min. Nilson Naves, j. 14.10.08; HC 110.404-PR, rel. Min. Arnaldo Esteves; AgRg no REsp 1.021.805-SC, rel. Min. Hamilton Carvalhido).

O valor do limite não é importante para a sua prova.

GABARITO: A

(MPE-MS – 2011 – MPE-MS – Promotor de Justiça)

2. As condutas:

I) omitir informação à fiscalização tributária da qual decorra redução do tributo e

II) deixar de recolher tributo devido:

a) não constituem crimes contra a ordem tributária;

b) são tipificados como crimes à ordem tributária;

c) a primeira conduta constitui crime contra a ordem tributária, a segunda não;

d)a primeira conduta não constitui crime contra a ordem tributária, a segunda sim;

e) a segunda conduta será sempre tipificada como apropriação indébita.

RESOLUÇÃO:

Sobre a conduta I:

O art. 1o da lei 8.137 estabelece que:

Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

(...)

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É fácil perceber que o crime em tela é exatamente o crime apontado pela questão (omitir informação à fiscalização tributária da qual decorra redução do

tributo).

Observe que para ocorrer o crime, é necessária a conduta de omitir a informação e a consequência de se suprimir ou reduzir tributo. A falta de um desses requisitos desconfigura o crime.

Sobre a conduta II:

Deixar de recolher tributo devido configura mera inadimplência. Não se trata de forma alguma de crime contra a ordem tributária.

GABARITO: C

(CESPE – 2008 – TJ-AL – Juiz)

3. João, empresário do ramo atacadista e único gerente de sua empresa, é contribuinte do ICMS no seu estado e, ao vender seus produtos, não emitia notas fiscais, não fazia a escrituração delas e não recolhia o tributo devido. Após auditoria tributária realizada na empresa de João, foi lavrado auto de infração no valor de R$ 1.000.000,00. MMConsiderando essa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) A conduta empreendida por João é considerada ilícito tributário, e não um ilícito penal.

b) O procedimento administrativo para verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, determinar a matéria tributável, calcular o montante devido e identificar o sujeito passivo no caso de fraude é chamado de lançamento de ofício.

c) A empresa de João será responsabilizada tanto na esfera administrativa quanto na criminal.

d) João não poderá sofrer, na esfera penal, qualquer constrição em seu patrimônio para garantia do pagamento da dívida tributária.

e) João, que era o único gerente da empresa, será o único a ser responsabilizado pessoalmente na esfera penal, mesmo havendo outros sócios que, administrativamente, tenham participado de deliberação no sentido de sonegar os tributos.

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Análise das Alternativas:

(A) Incorreta. A conduta é ilícito administrativo e penal (não se fala em ilícito tributário).

O crime sempre consiste em uma ação ou omissão que leve ao não recolhimento do tributo. A mera inadimplência não é crime, como já vimos.

O crime em tela consiste em omissão de operação em documento exigido na lei fiscal, suprimindo o recolhimento de tributo.

Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei nº 9.964, de 10.4.2000)

(...)

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

(...)

V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.

(B) Correta. O CTN desenha o conceito de lançamento, que está correto no enunciado da alternativa.

Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

(C) Incorreta. Alternativa polêmica.

A pergunta é: “uma pessoa jurídica pode ser responsabilizada na esfera criminal?”. Há duas correntes:

1. pessoas jurídicas apenas podem ser responsabilizadas criminalmente por crimes ambientais e, mesmo assim, desde que haja também imputação à pessoa física que por ela responde (RHC 20.558/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 24/11/2009, DJe 14/12/2009).

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2. pessoas jurídicas podem ser responsabilizadas criminalmente no tocante às multas aplicadas, quando houver imputação concomitante de pessoas naturais que por elas respondam.

A banca seguiu a primeira corrente, fazendo com que a alternativa fosse considerada incorreta.

(D) Incorreta. A pena cominada para os crimes materiais contra a ordem tributária (art. 1o) podem ser de: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.

Assim, João poderá sofrer constrição de patrimônio (aplicação de multa).

(E) Incorreta. De acordo com o CTN, os sócios são solidários em relação aos débitos da empresa.

Art. 124. São solidariamente obrigadas:

I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal;

II - as pessoas expressamente designadas por lei.

GABARITO: B

(FCC – 2009 – TCE-GO – Analista de Controle Externo)

4. Constitui crime funcional contra a ordem tributária, dentre outros,

a) negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativo à venda de mercadoria ou à prestação de serviço efetivamente realizada, ou fornecer a nota em desacordo com a legislação.

b) fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal.

c) exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente.

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d) falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável.

e) omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias.

Resolução: Os crimes funcionais contra a ordem tributária são muito parecidos com os crimes funcionais praticados contra a administração pública (previstos pelo Código Penal).

Análise rápida das alternativas:

(A) Incorreta. A hipótese se enquadraria no artigo 1o da Lei dos Crimes contra a Ordem Tributária se estivesse claro que houve a redução ou a supressão de tributo.

Ainda assim a alternativa não estaria correta, uma vez que a questão pediu um “crime funcional”.

(B) Incorreta. Comentário semelhante ao tecido acima.

A hipótese se enquadraria no artigo 1o da Lei dos Crimes contra a Ordem Tributária se estivesse claro que houve a redução ou a supressão de tributo.

Ainda assim a alternativa não estaria correta, uma vez que a questão pediu um “crime funcional”.

A mera fraude sem a redução ou supressão de tributo não é crime.

Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:

I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias;

II - fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal;

III - falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda, ou qualquer outro documento relativo à operação tributável;

IV - elaborar, distribuir, fornecer, emitir ou utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato;

V - negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativa a venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação.

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(C) Correta. A alternativa reproduz o crime previsto pelo inciso II do artigo 3o da Lei dos Crimes Contra a Ordem Tributária.

Art. 3° Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Código Penal:

I - extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento, de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo, ou inutilizá-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social;

II - exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de iniciar seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa.

III - patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

(D) e (E) Incorretas. Comentário semelhante aos tecidos acima.

As hipóteses se enquadrariam no artigo 1o (incisos III e I respectivamente) da Lei dos Crimes contra a Ordem Tributária se estivesse claro que houve a redução ou a supressão de tributo.

Ainda assim a alternativa não estaria correta, uma vez que a questão pediu um “crime funcional”.

A mera fraude sem a redução ou supressão de tributo não é crime.

GABARITO: C

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11. Dos Crimes de sonegação fiscal e contra a ordem tributária no RICMS-SP

O agente fiscal de rendas (você), quando souber de fato que possa caracterizar crime contra a ordem tributária, deverá fazer representação mediante o Ministério Público.

Essa representação é acompanhada de um relatório circunstanciado, constando todas as informações relativas ao cometimento infracional.

RICMS - São Paulo Artigo 531 - O Agente Fiscal de Rendas que tiver conhecimento de fato que possa caracterizar infração penal de natureza tributária, tal como crime de sonegação fiscal ou crime contra a ordem tributária, conforme previsto na legislação federal pertinente, fará representação, a ser encaminhada ao Ministério Público, para início do processo judicial (Lei federal 4.729/65, arts. 1º, 3º e 7º, e Lei federal 8.137/90, arts. 1º a 3º e 16).

§ 1º - A representação será acompanhada de relatório circunstanciado sobre fato, autoria, tempo, lugar e outros elementos de convicção, bem como das principais peças do feito.

§ 2º - A representação será encaminhada ao Ministério Público no prazo de até 40 (quarenta) dias, contados do seu recebimento na repartição fiscal, independentemente do julgamento de 1ª instância administrativa.

12. Infrações e Penalidades

Não acreditamos que a sua banca peça a “decoreba” das infrações e penalidades culminadas ao descumprimento das medidas descritas pelo RICMS-SP.

No entanto, apresentamos três tabelas das hipóteses de descumprimento que nos parece mais importantes (por favor, não perca tempo com isso).

O artigo 527 estabelece as penalidades aplicadas aos descumprimentos das obrigações tributárias, principais ou acessórias.

Obrigações principais são aquelas que se relacionam ao pagamento.

Então, vejamos as penalidades relativas à falta de pagamento do valor do imposto:

HIPÓTESE MULTA

Falta de pagamento do imposto apurada por levantamento fiscal.

80% do valor do imposto.

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Falta de pagamento do imposto, quando o documento fiscal relativo à respectiva operação ou prestação tiver sido emitido mas não escriturado regularmente no livro fiscal próprio.

� O documento fiscal é regularmente emitido, mas

não há escrituração no respectivo livro fiscal.

75% do valor do imposto.

Falta de pagamento do imposto mediante:

• emissão ou escrituração de documento fiscal de operação ou prestação tributada como não tributada ou isenta;

• erro na aplicação da alíquota, na determinação da base de cálculo ou na apuração do valor do imposto (o documento tenha sido emitido e escriturado regularmente);

50% do valor do imposto.

Falta de pagamento do imposto, decorrente de entrega de guia de informação com indicação do valor do imposto a recolher em importância inferior ao escriturado no livro fiscal destinado à apuração.

100% do valor do imposto.

Falta de pagamento do imposto, quando a operação ou prestação estiver escriturada regularmente no livro fiscal próprio e o recolhimento do tributo tiver de ser efetuado por guia de recolhimentos especiais.

50% do valor do imposto.

Falta de pagamento do imposto, quando, indicada zona franca como destino da mercadoria, por qualquer motivo seu ingresso não tiver sido provado, a mercadoria não tiver chegado ao destino ou tiver sido reintroduzida no mercado interno do país.

100% do valor do imposto.

Falta de pagamento do imposto, quando, indicado outro Estado como destino da mercadoria, esta não tiver saído do território paulista.

50% do valor do imposto.

Falta de pagamento do imposto, quando, indicada operação de exportação, esta não se tiver realizado.

50% do valor do imposto.

Falta de pagamento do imposto, decorrente do uso de máquina registradora, Terminal Ponto de Venda - PDV, Equipamento Emissor de Cupom Fiscal - ECF

150% do valor do imposto.

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ou qualquer outro equipamento não homologado ou não autorizado pelo fisco (ou com qualquer forma de adulteração).

Falta de pagamento em hipóteses não previstas. 150% do valor do imposto.

Falta de pagamento do imposto, decorrente do uso de Equipamento Emissor de Cupom Fiscal - ECF acionado por programa aplicativo que possibilite a gravação da operação ou prestação em dispositivo de armazenamento digital controlado pelo contribuinte, sendo inobservada a concomitância da captura do item de venda ou serviço com a visualização, registro e impressão do cupom fiscal.

300% do valor do imposto.

Vejamos as penalidades relativas creditamento irregular do imposto (observe que essas multas são porcentagens do valor da operação – transformam-se em valores vultuosos):

HIPÓTESE MULTA

Decorrente de escrituração de documento que não corresponder a entrada de mercadoria no estabelecimento ou a aquisição de sua propriedade ou, ainda, a serviço tomado.

50% do valor indicado no documento como o da operação ou prestação.

Escrituração não fundada em documento e sem a correspondente entrada de mercadoria no estabelecimento ou sem a aquisição de propriedade de mercadoria ou, ainda, sem o recebimento de prestação de serviço.

40% do valor indicado no documento como o da operação ou prestação.

Decorrente de entrada de mercadoria no estabelecimento ou de aquisição de sua propriedade ou, ainda, de serviço tomado desacompanhado de documento fiscal hábil, o que atenda a todas as exigências da legislação pertinente.

35% do valor indicado no documento como o da operação ou prestação.

Decorrente de escrituração de documento que não corresponder a entrada de mercadoria no estabelecimento ou a

30% do valor indicado no documento como o da

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aquisição de propriedade de mercadoria ou, ainda, a serviço tomado.

operação ou prestação.

Decorrente de sua apropriação em momento anterior ao da entrada da mercadoria no estabelecimento ou ao do recebimento do serviço.

10% do valor indicado no documento como o da operação ou prestação.

Transferência ou recebimento de crédito do imposto entre estabelecimentos ou a sua utilização pelo estabelecimento detentor, em hipótese não permitida, ou sem autorização ou visto fiscal, bem como sem observância de outros requisitos previstos na legislação

50% do valor indicado no documento como o da operação ou prestação.

Transferência ou recebimento entre estabelecimentos ou utilização de crédito acumulado do imposto apropriado em desacordo com a legislação

60% do valor indicado no documento como o da operação ou prestação.

Crédito do imposto recebido em transferência de contribuinte estabelecido em outra unidade da Federação, sem que haja acordo firmado com aquela unidade federada, sem autorização ou visto fiscal, ou com não observância de outros requisitos previstos na legislação

50% do valor indicado no documento como o da operação ou prestação.

crédito do imposto recebido em transferência decorrente de escrituração de documento sem documento fiscal hábil, o que atenda a todas as exigências da legislação pertinente.

100% do valor indicado no documento como o da operação ou prestação.

Outras hipóteses de crédito indevido do imposto.

100% do valor indicado no documento como o da operação ou prestação.

Multas aplicadas às infrações relativas à documentação fiscal em entrega, remessa, transporte, recebimento, estocagem ou depósito de mercadoria ou, ainda, quando couber, em prestação de serviço:

HIPÓTESE MULTA

Entrega, remessa, transporte, recebimento, estocagem ou depósito de mercadoria

Multa equivalente a:

• 50% (cinqüenta por cento) do valor

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desacompanhada de documentação fiscal.

da operação, aplicável ao contribuinte que tiver promovido entrega remessa ou recebimento, estocagem ou depósito da mercadoria;

• 20% (vinte por cento) do valor da operação, aplicável ao transportador;

• sendo o transportador o próprio remetente ou destinatário - multa equivalente a 70% (setenta por cento) do valor da operação;

Remessa ou entrega de mercadoria a destinatário diverso do indicado no documento fiscal.

Multa equivalente a:

• 40% (quarenta por cento) do valor da operação, aplicável tanto ao contribuinte que tiver promovido a remessa ou entrega como ao que tiver recebido a mercadoria;

• 20% (vinte por cento) do valor da operação, aplicável ao transportador;

• sendo o transportador o próprio remetente ou destinatário - multa equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor da operação

Recebimento de mercadoria ou de serviço sem documentação fiscal, cujo valor for apurado por meio de levantamento fiscal.

30% (trinta por cento) do valor da mercadoria ou do serviço.

Entrega ou remessa de mercadoria depositada por terceiro a pessoa ou estabelecimento diverso do depositante, quando este não tiver emitido o documento fiscal correspondente.

20% (vinte por cento) do valor da mercadoria entregue ou remetida, aplicável ao depositário.

Prestação ou recebimento de serviço desacompanhado de documentação fiscal.

50% (cinqüenta por cento) do valor da prestação, aplicável ao contribuinte que tiver prestado o serviço ou que o tiver recebido.

Prestação de serviço a pessoa diversa da indicada no documento fiscal.

40% (quarenta por cento) do valor da prestação, aplicável tanto ao prestador do serviço como ao contribuinte que o tiver recebido.

Entrega, pelo depositário 50% (cinquenta por cento) do valor da

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estabelecido em recinto alfandegado, de mercadoria ou bem importados do exterior, sem a observância de requisitos regulamentares.

operação de importação.

Exercícios gerais sobre o ICMS

FCC – 2009 – SEFAZ-SP (sem adaptação por desnecessidade)

A loja HELP Comércio de Materiais para Construção Ltda., situada na cidade de Socorro-SP, adquiriu um lote de tintas e vernizes por R$ 20.000,00, mais IPI de R$ 3.000,00, diretamente de fabricante, situado na cidade de São Bernardo do Campo-SP. O frete, no valor de R$ 1.000,00, está incluso no preço da aquisição. Considere que tais mercadorias estão sujeitas à substituição tributária, com retenção antecipada do ICMS, que o índice de valor adicionado (IVA-ST) é de 35%, que ambas as alíquotas internas de SP e de MG são de 18% e que não há isenção nem redução de base de cálculo nas operações.

1. Nessa venda feita à loja HELP, o valor do ICMS retido antecipadamente pela fábrica de tintas e vernizes de São Bernardo do Campo-SP foi

(A) R$ 2.529,00

(B) R$ 2.232,00

(C) R$ 1.989,00

(D) R$ 1.692,00

(E) R$ 1.314,00

2. FCC – 2009 – SEFAZ-SP (sem adaptação por desnecessidade)

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Considere que todo o lote de tintas e vernizes adquirido pela empresa HELP seja vendido, com a margem de valor agregado de 35%, para a Paróquia de São Benedito, localizada em Bueno Brandão-MG, que o utilizará na reforma da sua igreja. Nesse caso, a empresa HELP

(A) não deverá recolher complemento, nem terá direito ao ressarcimento de ICMS, pois essa situação não interfere na substituição tributária, com retenção antecipada, já que todo o ICMS é devido ao Estado de São Paulo.

(B) não deverá recolher complemento e ainda terá direito ao ressarcimento do ICMS retido pela fábrica de São Bernardo do Campo-SP, pois a retenção antecipada, na substituição tributária, é hipótese de presunção juris tantum.

(C) poderá pleitear o ressarcimento do ICMS retido pela fábrica de São Bernardo do Campo-SP, pois a Paróquia de São Benedito afirma gozar de isenção tributária.

(D) deverá recolher o complemento do ICMS com base na aplicação da alíquota interestadual de 12%.

(E) poderá pleitear o ressarcimento do ICMS retido antecipadamente pela fábrica de São Bernardo do Campo-SP e se creditar do imposto próprio da fábrica.

3. FCC – 2009 – SEFAZ-SP (sem adaptação por desnecessidade)

Caso parte do lote de tintas e vernizes seja vendido por R$ 5.000,00, para a fábrica de móveis BRAGATINO, localizada em Bragança Paulista-SP, que o utilizará como insumo na sua produção, a loja HELP deverá emitir NF -Nota Fiscal

(A) com destaque de ICMS, pois prevalece o princípio constitucional da não-cumulatividade, mas o fabricante de móveis BRAGATINO poderá aproveitar apenas o crédito fiscal referente à diferença entre o imposto destacado na NF e o imposto retido antecipadamente.

(B) sem destaque de ICMS e o fabricante de móveis BRAGATINO não poderá aproveitar o crédito fiscal, pois tal crédito é vedado quando a mercadoria está sujeita ao regime de substituição tributária.

(C) com destaque de ICMS, pois prevalece o princípio constitucional da não-cumulatividade e o fabricante de móveis BRAGATINO poderá aproveitar o crédito fiscal referente ao imposto destacado na NF.

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(D) sem destaque de ICMS, mas o fabricante de móveis BRAGATINO poderá aproveitar o crédito fiscal, ainda que não destacado na NF, calculado pela aplicação da alíquota de 18% sobre os R$ 5.000,00 (valor da operação).

(E) sem destaque de ICMS, mas o fabricante de móveis BRAGATINO poderá aproveitar o crédito fiscal referente à diferença entre o imposto calculado pela aplicação da alíquota de 18% sobre os R$ 5.000,00 (valor da operação) e o imposto retido antecipadamente.

4. FCC – 2009 – SEFAZ-SP (sem adaptação por desnecessidade)

Caso todo o lote de tintas e vernizes seja utilizado pela própria loja HELP, na reforma de suas instalações, é correto afirmar que esse contribuinte:

(A) não deverá emitir nota fiscal, pois não ocorre fato gerador, terá direito ao ressarcimento do ICMS retido antecipadamente a favor do Estado de São Paulo e poderá se creditar do imposto próprio da fábrica de São Bernardo do Campo.

(B) deverá emitir nota fiscal com destaque do imposto próprio e se debitar em conta gráfica, porém terá direito ao ressarcimento do ICMS retido antecipadamente a favor do Estado de São Paulo e poderá se creditar do imposto próprio da fábrica de São Bernardo do Campo-SP, pois a substituição tributária consiste numa presunção juris tantum.

(C) deverá emitir nota fiscal, sem destaque do imposto, pois a substituição tributária consiste numa presunção juris et de jure, no entanto, poderá aproveitar o crédito fiscal calculado pela aplicação da alíquota de 18% sobre o valor da aquisição do lote de tintas e vernizes.

(D) deverá emitir nota fiscal sem destaque do imposto, no entanto, poderá aproveitar o crédito fiscal referente a diferença entre o imposto total recolhido pela fábrica de São Bernardo do Campo-SP e o calculado pela aplicação da alíquota de 18% sobre o valor da aquisição do lote de tintas e vernizes.

(E) não deverá emitir nota fiscal, pois não ocorre fato gerador, terá direito ao ressarcimento do ICMS retido antecipadamente a favor do Estado de São Paulo, mas não poderá se creditar do imposto próprio da fábrica de São Bernardo do Campo-SP.

5. FCC – 2009 – SEFAZ-SP (sem adaptação por desnecessidade)

Com relação ao Cadastro de Contribuintes do ICMS-CCI do Estado de São Paulo, é correto afirmar:

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(A) Pintor autônomo contratado por comerciante paulista regularmente inscrito, para aplicar verniz em portas a serem posteriormente vendidas por aquele comerciante, deve providenciar a sua inscrição estadual no CCI.

(B) Oficina de recondicionamento de motores deve providenciar a sua inscrição estadual no CCI, antes do início de sua atividade, apesar desta atividade estar compreendida na competência tributária do município.

(C) Templos de qualquer culto são dispensados de inscrição estadual no CCI devido à imunidade subjetiva constitucionalmente prevista, mesmo que pretendam praticar, com habitualidade, operações relativas à circulação de

mercadorias sujeitas ao imposto.

(D) Armazém frigorífico, embora possa assumir a posição de responsável solidário em determinadas situações, não é contribuinte do ICMS, portanto não deve se inscrever no CCI.

(E) Empresa de transporte de carga, que realiza prestações exclusivamente na cidade de São Paulo, está dispensada de inscrição estadual no CCI.

6. Acre. O fenômeno da suspensão ocorre quando a incidência do imposto fica condicionada a evento futuro, na forma estabelecida em convênio celebrado nos termos da legislação federal. As hipóteses de suspensão da incidência do ICMS não incluem a saída de

A - mercadorias remetidas por estabelecimentos de cooperativa de produtores para estabelecimento no estado do Acre, pertencente a uma cooperativa central de que a cooperativa remetente faça parte.

B - mercadorias para fins de exportação mediada por empresas comerciais exportadoras.

C - mercadorias com destino a exposição, para fins de comercialização, dentro do estado.

D - obra de arte, quando destinada a demonstração e exportação, desde que retorne ao estabelecimento de origem no prazo legal.

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1 C

A questão pede apenas o imposto retido.

A HELP adquiriu a mercadoria para comercialização. Por isso, o ICMS não incidiu sobre o IPI. O imposto pago foi:

20.000 . (18%) = 3600 (Esse imposto pago se refere apenas à operação própria).

Vamos agora calcular o imposto pago sobre a operação total:

Valor adicionado = 35% : 23.000 . 1,35 = 31.050 (preço final da mercadoria)

Total do ICMS da operação: 31.050 . (18%) = 5.589 (ICMS total da operação)

Voltando à questão, ele quer saber o valor retido (que é todo o imposto menos o valor referente à operação propria).

5.589 - 3.600 = 1.989 (alternativa C)

2 A Vimos (na aula “demo”) que a saída não tributada não permite (exceto se houver determinacyão em contrario) qualquer forma de recuparação do imposto pago até então.

3 D

A mercadoria que tiver seu imposto recolhido por substituição é vendida sem o destaque o imposto. Por que? Oras, porque não se espera que haja recolhimento subsequente. Espera-se que a mercadoria siga até o consumidor final.

E se alguém, no decorrer da cadeia produtiva, resolver usar a mercadoria em um processo de industrialização? Nesse caso, mesmo sem o destaque do imposto, ele poderá ser utilizado como crédito tributário.

4 E Comentário idêntico ao anterior.

5 B Embora o recondicionamento de motores seja um serviço submetido ao ISS, a LC 116/2003 prevê a incidência do ICMS sobre as peças empregadas. É por isso que a oficina deve ser inscrita no cadastro estadual.

6 C

A suspensão se destina às situações em que não se espera que a mercadoria seja negociada. Por exemplo, quando se envia uma mercadoria para industrialização ou para demonstração, o lançamento ficará suspenso.

As mercadorias enviadas para comercialização, entretanto, não poderão ser objeto de suspensão do lançamento.