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Noções de Economia para Polícia Federal Teoria e exercícios comentados
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AULA 04 – Déficit e dívida pública.
SUMÁRIO RESUMIDO PÁGINA
Déficit e dívida pública 02
Critérios acima e abaixo da linha 06
NFSP acima da linha 07
NFSP abaixo da linha 11
Regime de contabilização 13
Conceitos Adicionais 14
Exercícios comentados 18
Lista de questões apresentadas na aula 24
Gabarito 26
Olá caros(as) amigos(as),
Hoje, quem vos fala é o Heber Carvalho. Após as excelentes aulas
com a profa. Amanda Aires, hoje, veremos os conceitos atinentes à forma como é feita a conceituação do déficit e da dívida pública no Brasil.
Apesar de o assunto ser chato (e complicado), a aula é bastante curta.
Se você, inicialmente, tiver dificuldades em assimilar os conceitos, saiba que é normal. A partir de 02 ou 03 lidas, tudo começa a ficar mais
claro e você começará a acertar as questões de forma mais consistente. É importante que você faça os exercícios da lista pelo menos umas 02
vezes, ok ;-) ?
E aí, todos prontos! Então, aos estudos!
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DÉFICIT E DÍVIDA PÚBLICA
Nota 1 Neste tópico, adotaremos algumas definições que divergem um pouco
daquelas encontradas no estudo de contas nacionais. Não estranhem, pois essas definições foram retiradas de manuais de Finanças Públicas, onde é comum
haver essa divergência em relação à metodologia utilizada nos Sistemas de Contas Nacionais. Para a prova da Polícia Federal, adote os conceitos que estão aqui (e não aqueles que aprendeu em livros que abordam Contas Nacionais,
caso tenha chegado a estudar estes temas em outros momentos).
Nota 2 se você sentir dificuldades neste início, não se preocupe tanto, pois os assuntos que possuem maior chance de cair na prova começarão a ser
ministrados a partir da metade da página 03.
A arrecadação total de impostos no país corresponde à chamada
carga tributária bruta. A diferença entre a carga tributária bruta e as
transferências governamentais1 é a carga tributária líquida do governo. É com base nesta carga tributária líquida que o governo pode financiar
seus gastos correntes2 (o chamado consumo do governo). A diferença entre a carga tributária líquida e os gastos correntes determina a
poupança do governo em conta corrente.
Carga tributária bruta (CTB) = Total de impostos arrecadados
Carga tributária líquida (CTL)=(CTB) – Transferências do governo
Poupança do governo = (CTL) – Gastos correntes
A poupança do governo não é o resultado do orçamento público, nem se constitui em uma medida do déficit público, pois não considera as
despesas de capital. O que ela mostra é a capacidade de investimento do
governo, sem pressionar outras fontes de financiamento. Deixe-me explicar um pouco melhor: quando o governo apresenta poupança
1 Dentro destas transferências governamentais, estão enquadrados os gastos com programas de transferência de renda, subsídios, assistência e previdência social e os juros da dívida interna.
2 Existem dois tipos de gastos ou despesas: as correntes e as de capital. Os gastos correntes são aqueles gastos de custeio com as atividades corriqueiras do governo (compra de materiais de escritório, aluguéis, pagamento de servidores públicos, pagamento de juros da dívida pública, etc). Os gastos de capital referem-se ao conceito de investimento do setor governamental, são despesas orçamentárias realizadas com a intenção de adquirir ou construir bens de capital que irão contribuir para a produção de novos bens ou serviços e que, ao contrário dos gastos correntes, geram aumento patrimonial. Temos como exemplo de gastos de capital: construção de estradas, pontes, edifícios, hospitais, escolas, amortização da dívida pública, etc. Vale destacar em relação à dívida pública que o pagamento de juros é considerado gasto corrente, enquanto a amortização da dívida é considerada gasto de capital. Quando falamos em dívida pública, falamos tanto da dívida interna (os credores fazem parte do mercado interno) como da dívida externa (os credores fazem parte do resto do mundo).
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positiva (excesso de carga tributária líquida sobre os gastos correntes) é
sinal que sobrou um dinheiro que poderá ser usado para as despesas de capital, que são os investimentos públicos3 (construção de escolas,
estradas, portos, etc).
A diferença entre a poupança do governo (ou poupança pública) e o investimento público fornece o valor do déficit ou
superávit público. Se a poupança do governo for maior que o investimento público, haverá superávit público. Se o investimento for
maior que a poupança, haverá déficit público. Note que a diferença entre poupança do governo e investimento público significa a diferença entre a
arrecadação total e o gasto total. Assim:
Déficit/superávit público=Poupança do governo– gastos de capital
ou
Déficit público/superávit público = poupança do governo –
investimentos do governo
Ou
Déficit/superávit público = Total de impostos – Transferências do governo – Gastos correntes – gastos de capital (investimentos)
Quando há superávit público, isto significa que o governo está
arrecadando mais do que está gastando, logo, está fazendo política fiscal contracionista (restringindo a demanda agregada). Quando há déficit
público, isto significa que o governo está gastando mais do que está arrecadando, logo, está fazendo política fiscal expansiva (aumentando a
demanda agregada).
Devemos nos concentrar agora na situação em que há déficit
público (os investimentos superam a poupança, ou os gastos totais superam a arrecadação total). Caso o governo incorra em déficit, o gasto
que supera a receita deverá ser financiado de alguma maneira, ou seja, o governo deverá, ou “tirar” dinheiro de algum lugar para cobrir este déficit,
ou ainda, poderá “fabricar” dinheiro.
O ato de “fabricar” dinheiro consiste na emissão de moeda pelo Banco Central. O ato de “tirar” dinheiro de algum lugar consiste na venda
de títulos públicos ao setor privado (interno e externo). Funciona dessa maneira: o governo, prometendo uma determinada remuneração (juros),
vende títulos ao setor privado. Assim, ocorre uma troca: o setor privado entrega dinheiro ao governo, que, por sua vez, entrega o título (público)
3 Despesas de capital do governo = investimento público.
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ao setor privado. Esta operação consiste em uma transferência de
poupança do setor privado para o setor público4.
Resumimos assim as duas principais maneiras de se obter recursos para financiamento do déficit público:
Emitir moeda5 (monetização da dívida): o Banco Central (instituição
emissora de moeda) emite moeda e a entrega ao Tesouro Nacional (União);
Venda de títulos públicos ao setor privado (interno e externo).
A primeira forma de financiamento do déficit (monetização da dívida ou emissão de moeda) tem a inconveniente consequência de
provocar inflação, sendo que, neste caso, a emissão de moeda representaria política monetária expansiva. Entretanto, ela tem a
vantagem de não implicar endividamento do governo, pois ele
simplesmente “imprime” o dinheiro de que necessita.
A segunda forma tem a inconveniente consequência de aumentar o endividamento público. Este, por sua vez, traz uma nova
categoria de gastos que é a rolagem e o pagamento dos serviços (juros, custas, emolumentos, etc) dessa dívida. Entretanto, ela tem a
vantagem de não provocar pressões inflacionárias adicionais, além daquelas que foram provocadas em momento anterior pelo excesso de
gastos públicos, uma vez que, vendendo títulos, o governo não estará criando mais moeda para satisfazer o seu déficit.
Assim, temos o seguinte:
4 O setor privado utiliza o seu excedente (poupança) para comprar os títulos do governo. Assim, o setor privado entrega a sua poupança ao setor público. 5 Esta operação também pode ser conceituada como uma venda de títulos públicos ao Banco Central ou ainda monetização da dívida. Assim, o BACEN recebe títulos (emitidos pelo Tesouro Nacional) e entrega moeda ao Tesouro Nacional, e este utiliza esta moeda para financiar o seu déficit (pagar os credores) elevando a base monetária da economia.
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Financiamento do
Déficit através de: Aspecto Positivo Aspecto Negativo
Emissão de Moeda Não aumenta o
endividamento Provoca inflação
Venda de títulos públicos
Aumenta o endividamento
Não provoca inflação
Ainda não comentei sobre isso, mas acho importante ressaltar que
os conceitos de déficit e dívida pública não se confundem. Déficit é o excesso de gastos sobre a arrecadação, enquanto dívida é o acumulado
de déficits, ou seja, é uma espécie de passivo do Estado. Dizemos que o
déficit é uma variável “fluxo” e a dívida é uma variável “estoque6”.
Este método de apuração do déficit público explicado acima é o
método tradicional, no entanto, ele apresenta algumas incorreções, porquanto considera o conceito de governo levando em conta apenas a
administração direta (União, Estados, Municípios e DF). Todavia, sabemos que existem outras instituições públicas não enquadradas na
administração direta que auferem receitas e realizam gastos. Temos, por exemplo, as empresas estatais (empresas públicas e sociedades de
economia mista), as autarquias e as fundações públicas.
A fim de solucionar este problema, o Brasil passou a utilizar a partir do início da década de 1980 um método mais abrangente utilizado pelo
Fundo Monetário Internacional (FMI). Este método é o de Necessidade
de Financiamento do Setor Público Não Financeiro7 (NFSP). Não se assuste com o nome, pois ele próprio sugere o seu significado:
necessidade de financiamento (ou seja, é igual a déficit, pois quando há déficit, há também a necessidade de financiá-lo, daí o nome “necessidade
de financiamento...”). No entanto, antes de definir as NFSP, devemos saber o que a diferença entre os critérios “acima” e “abaixo” da linha:
6 Variável fluxo é uma variável econômica medida por unidade de tempo (ano, semestre, mês, etc). Por exemplo, o déficit público no ano X foi equivalente a R$ Y reais. Variável estoque é uma variável medida em um determinado ponto do tempo (instante do tempo). Por exemplo, a dívida pública do Brasil hoje é equivalente a R$ X reais. São exemplos de variáveis “fluxo”: produto interno bruto de um país, os gastos públicos, as exportações e as importações, etc. São exemplos de variáveis “estoque”: a taxa de câmbio, o nível de reservas internacionais, o estoque de moeda em circulação, etc. 7 O termo “não financeiro” indica que quando falamos em “setor público”, neste caso, estamos excluindo os bancos públicos, como o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, BNDES, etc.
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1. Medição “acima da linha” versus “abaixo da linha”
Verifique, apenas como exemplo, a estrutura de gastos de “José” no
mês de Janeiro de 2012:
Despesas Receitas
Aluguel 700 Salário 2300
Luz, água, NET 300
Alimentação 600
Outros 1000
Total 2600 Total 2300
Acima da linha ↑
Abaixo da linha ↓
Necessidade de Financiamento do José : 2600 – 2300 = 300
Fazendo um paralelo entre o orçamento de José, representado acima, e o orçamento do governo, temos o seguinte acerca dos métodos
de mensuração do déficit público:
Acima da linha: ocorre quando se mede o déficit com base na execução orçamentária das entidades que o geram, isto é,
diretamente das receitas e das despesas. No caso de José, pelo método acima da linha, mediríamos o déficit por meio da medição
do que foi auferido como receita e do que foi gasto como despesa
(pela verificação dos dados que estão acima da linha, como o próprio nome sugere). No caso do governo, verificamos quais foram
os gastos com, por exemplo, educação, saúde, custeio, etc. (enfim, todos os gastos das entidades) e quais foram as receitas, para,
então, verificarmos o déficit ou superávit público.
Abaixo da linha: por este método, mede-se o tamanho do déficit pelo lado do financiamento. Em vez de se preocupar com as
receitas e gastos, simplesmente, faz-se a seguinte pergunta: quanto eu tenho que pagar (quanto eu tenho que financiar)? A
resposta será o próprio déficit público8. No caso de José, pelo método abaixo da linha, mediríamos o seu déficit pela quantia que
ele precisa financiar para fechar as contas do mês (ele precisa financiar 300, logo, 300 é o seu déficit ou sua necessidade de
financiamento).
Os dados oficiais das necessidades de financiamento do Brasil são
gerados pelo Banco Central e o método utilizado é o “abaixo da linha”, ou seja, a partir das alterações no valor da necessidade de
financiamento (ou na variação do endividamento). A razão da escolha
8 Ou ainda, caso as receitas superem as despesas, pelo método abaixo da linha, pergunta-se: quanto sobrou de dinheiro? Neste caso, não há déficit, mas sim superávit.
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desse critério é que, se a conferência de receitas e despesas é diferente
da variação do endividamento, o mais provável é que os dados acima da linha, muito mais trabalhosos e complicados de contabilizar, estejam
errados (algum item talvez não tenha sido corretamente apurado, gerando, porém, na prática, uma variação na necessidade de
financiamento).
Conquanto os dados oficiais sejam mensurados por meio do método “abaixo da linha”, outras entidades governamentais (geralmente as
unidades orçamentárias de menor escalão) fazem levantamentos “acima da linha”, pois, apesar de mais imprecisos, eles permitem saber de forma
mais apropriada o que exatamente se passa com a receita e a despesa das unidades orçamentárias (com o que está se gastando mais, por
exemplo).
Assim, perceba que nós podemos conceituar as NFSP utilizando
qualquer um dos dois critérios, ainda que o cálculo oficial realizado pelo BACEN utilize somente o critério abaixo da linha. Assim, se você vir uma
questão de prova com este formato: “pelo critério acima da linha, conceituam-se as NFSP...”; não estranhe, pois o critério acima da linha
está sendo usado apenas como meio de conceituação e isto não significa que o BACEN utilize o critério acima da linha para apurar as NFSP.
Agora, nós veremos os diversos conceitos das NFSP, pelos dois
critérios:
2. As NFSP segundo o critério “acima” da linha
Neste ponto, devemos distinguir três conceitos de necessidade de
financiamento do setor público (NFSP):
Déficit nominal ou total (Necessidade de Financiamento do
Setor Público – Conceito nominal): engloba qualquer necessidade de novos financiamentos para fazer frente a qualquer
despesa. Podemos então concluir que o déficit nominal significa: gastos totais menos receitas totais.
Déficit primário ou fiscal (Necessidade de Financiamento do
Setor Público – Conceito primário): é medido pelo déficit total, excluindo a correção monetária e cambial da dívida e os
pagamentos de juros de dívidas contraídas anteriormente. De fato, é a diferença entre os gastos públicos e a arrecadação tributária no
exercício, independente de juros e correções da dívida passada. Podemos então concluir que o déficit primário significa: gastos não
financeiros menos receitas não financeiras. Pode ser conceituado
também como: déficit primário = déficit nominal – pagamento
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de juros nominais. Consequentemente, temos: déficit nominal =
déficit primário + pagamento de juros nominais.
Déficit operacional (Necessidade de Financiamento do Setor Público – Conceito operacional): é medido pelo déficit primário
acrescido dos pagamentos de juros da dívida passada. Em outras palavras, é o déficit nominal, excluindo a correção monetária e
cambial. Este é o conceito considerado mais adequado para refletir as necessidades reais de financiamento do setor público, uma vez
que o conceito nominal apresenta-se inconveniente, já que é muito suscetível às variações nas taxas de inflação (elas causam correção
monetária) e às variações na taxa de câmbio (causam correção cambial). Assim, as cláusulas de correção monetária (devido à
inflação) fazem com que qualquer aumento da inflação eleve as NFSP, sem que isso signifique maiores gastos. Nos períodos de
inflação elevada, era o conceito para se medir o déficit público.
Podemos, então, concluir que o déficit operacional significa: déficit operacional = déficit primário + pagamentos de juros reais.
Hoje, no entanto, com a inflação e câmbio estáveis, o déficit nominal é o mais adequado, pois é o mais amplo (receitas totais –
gastos totais).
Juros nominais X Juros reais
A taxa de juros nominal corresponde ao ganho monetário obtido por
determinada aplicação, independente do comportamento do valor da
moeda (independente da inflação). Por exemplo, se eu aplico hoje R$ 100,00 e resgato daqui a 01 mês R$ 130,00, a taxa de juros nominal foi
de 30% a.m., ou seja, os R$ 30,00 que eu ganhei em relação aos R$ 100,00 que apliquei. Se eu tivesse resgatasse R$ 300,00, a taxa de juros
nominal teria sido de 200% a.m.
A taxa de juros real corresponde ao ganho que se obtém em termos de poder de compra. Ou seja, ela corresponde à taxa de juros nominal
recebida, descontada a perda de valor da moeda, isto é, descontada a inflação no período da aplicação. Ou seja, a taxa de juros real é igual à
taxa de juros nominal menos a taxa de inflação.
Suponha que eu tenha aplicado R$ 100,00 e resgatado R$ 130,00; mas a inflação no período tenha sido de 30%. Neste caso, percebemos
claramente que os 30% que eu ganhei nominalmente foram totalmente
corroídos pela inflação. Do ponto de vista real, descontada a inflação, o ganho da aplicação foi de 0%.
Assim, podemos definir que a taxa de juros nominal corresponde à soma
entre a taxa de juros real e a taxa de inflação:
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juros reais = juros nominais - inflação ou
juros nominais = juros reais + inflação
Veja que o conceito de juros nominais é bem mais amplo, e inclui a inflação (correção dos preços). Esta correção dos preços pode ser
resumida nas correções monetária e cambial, pois tais correções são decorrentes de variações no valor da moeda (correção monetária e
cambial).
Assim, quando somamos os juros nominais ao déficit primário, estamos
somando não somente as taxas de juros sobre a dívida, mas também a correção monetária e cambial. Por isso:
déficit nominal = déficit primário + juros nominais.
Os juros reais não incluem a correção de preços (correção monetária e
cambial). Por isso:
déficit operacional = déficit primário + juros reais
Assim, fique atento quando a questão fala em juros nominais ou reais. Neste caso, apenas se a questão fizer esta distinção entre "nominais" e
"reais", os conceitos que você deve decorar são os que estão acima.
Esta diferenciação é importante, pois muita gente não entende porque o
déficit nominal é igual ao déficit primário (e não o déficit operacional) mais os juros nominais. A chave está no entendimento da diferença entre
juros nominais e juros reais.
Se for falado apenas “juros”, sem especificar se são “nominais” ou “reais”, você pode adotar o seguinte:
déficit nominal = déficit primário + juros + correção monetária e/ou
cambial
déficit operacional = déficit primário + juros
Nota: quando se fala em NFSP, sem especificar se é o conceito
nominal, operacional ou primário, a intenção é tratar do conceito nominal, que é o mais amplo dos três (receitas totais – gastos totais).
O quadro a seguir resume as principais diferenças entre os
conceitos de déficit público:
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Juros nominais
Resultado operacional
Os mesmos conceitos se aplicam quando falamos de superávits, assim, temos:
Superávit primário: excesso de arrecadação sobre os gastos totais, excluindo os gastos (ou receitas) com pagamentos de juros
sobre a dívida e correção monetária e cambial.
Superávit operacional: resultado primário levando-se em conta, adicionalmente, os gastos (ou receitas) com pagamentos de juros
reais.
Superávit nominal: resultado operacional levando-se em conta, adicionalmente, os gastos (ou receitas) com correção monetária e
cambial da dívida passada. Pode ser também igual ao superávit primário mais os pagamentos de juros nominais.
Ressaltamos também que, quando temos superávits, em qualquer
conceito, não temos Necessidades de Financiamento, ou podemos dizer
também que as Necessidades de Financiamento, neste caso, são negativas. Quando as NFSP são positivas, há déficit (uma vez que há
“necessidade” de financiamento).
O conceito que apresenta maior destaque na mídia é o conceito primário, pois é ele que mostra efetivamente como está a condução da
política fiscal do governo (apesar do conceito primário ser o mais “badalado”, ele não é o mais relevante; o mais importante e relevante é o
conceito nominal, que é o mais amplo), ao apurar somente a arrecadação de impostos e os gastos correntes e de investimento, independentes da
dívida pública (que provoca gastos/receitas com pagamentos de juros e correção monetária). A relevância desse conceito está no fato de separar
o esforço fiscal do impacto das variações nas taxas de juros, o que, dependendo do tamanho da dívida pública, tem grande influência sobre as
necessidades de financiamento do governo.
Resultado nominal
Correção monetária
e/ou cambial
Juros reais
Resultado primário
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3. As NFSP segundo o critério “abaixo” da linha (e no Manual de
Finanças Públicas do BACEN)
Em primeiro lugar, veja que, seguindo o método abaixo da linha, nós temos que a NFSP será igual à variação da dívida em um determinado
período. Por exemplo, suponha que José (aquele mesmo do quadro que montamos no início da aula), antes do mês de Janeiro de 2012, não tenha
qualquer dívida com quem quer que seja (ou seja, dívida de José antes de Janeiro igual a 0). Em Fevereiro, entretanto, José teve NFSP de 300
(déficit de 300). A variação de sua dívida, portanto, foi no valor de 300. Você observa que a dívida variou exatamente no valor da necessidade de
financiamento (NFSP). Por este exemplo, é fácil constatar, de um modo geral, que a NFSP (conceito “total” ou nominal) será sempre igual à
variação da dívida.
Com o governo, ocorre o mesmo: a NFSP corresponde à variação da
dívida pública. Se o governo, em um período, apresentar necessidade de financiamento, digamos, no valor de 100, então, isso é sinal que a sua
dívida aumentou em 100 (NFSP=variação da dívida). A partir desta ideia, podemos verificar mais a fundo como conceituamos as NFSP por
meio do critério abaixo da linha. Ressalto que este é o critério utilizado pelo BACEN, e que consta no seu Manual de Finanças Públicas.
Seguem os conceitos que foram retirados quase que literalmente do
Manual do BACEN. Portanto, fique atento, pois o examinador pode fazer um “copiar”/”colar”, apenas mudando palavras para te confundir:
Resultado nominal sem desvalorização cambial: corresponde à
variação nominal dos saldos da dívida líquida (DLSP9), deduzidos os “ajustes patrimoniais10” efetuados no período (receitas de
privatizações e os reconhecimentos de dívida). Exclui, ainda, o
impacto da variação cambial sobre a dívida externa e sobre a dívida mobiliária11 interna indexada à moeda estrangeira (este ajuste
levando-se em conta a indexação à moeda estrangeira é chamado
9 A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) é dada pela soma das dívidas interna e externa do setor público (governo central, Estados e municípios e empresas estatais) junto ao setor privado, incluindo a base monetária e excluindo-se ativos do setor público, tais como reservas internacionais, créditos com o setor privado e os valores das privatizações. Ou seja, estes últimos (os ativos), por serem excluídos, reduzem a dívida líquida do setor público.
10 Ajuste patrimonial corresponde a variações nos saldos da dívida líquida não consideradas no cálculo do déficit público. Inclui as receitas de privatização e a incorporação de passivos contingentes (esqueletos), que correspondem a dívidas juridicamente reconhecidas pelo governo, de valor certo, e representativas de déficits passados não contabilizados (o efeito econômico já ocorreu no passado).
11 A dívida mobiliária interna consiste na dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central, Estados e Municípios.
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de “ajuste metodológico”). Abrange o componente de atualização
monetária da dívida, os juros reais e o resultado fiscal primário.
Resultado nominal com desvalorização cambial: corresponde à variação nominal dos saldos da dívida líquida, deduzidos os ajustes
patrimoniais efetuados no período (privatizações e reconhecimento de dívidas). Exclui, ainda, o impacto da variação cambial sobre a
dívida externa (ajuste metodológico). Abrange o componente de atualização monetária da dívida, os juros reais, a apropriação da
variação cambial sobre a dívida mobiliária interna e o resultado fiscal primário.
Nota 1: veja que, mesmo considerando “com desvalorização cambial”,
não se considera (é excluído) o impacto da variação cambial sobre a dívida externa. Para a dívida interna, contudo, considera-se a variação
cambial.
Nota 2: Segundo Fernando Rezende, ainda podemos conceituar a NFSP nominal como: a variação da dívida fiscal líquida (DFL12) entre dois
períodos de tempo.
Resultado primário: os juros incidentes sobre a dívida líquida dependem do nível de taxa de juros nominal e do estoque de dívida,
que, por sua vez, é determinado pelo acúmulo de déficits nominais passados. Assim, a inclusão dos juros no cálculo do déficit dificulta
a mensuração do efeito da política fiscal executada pelo governo, motivo pelo qual se calcula o resultado primário do setor público,
que corresponde ao déficit nominal (NFSP) menos os juros nominais apropriados por competência, incidentes sobre a dívida pública. A
parcela dos juros externos e incidentes sobre a dívida mobiliária vinculada à moeda estrangeira é convertida pela taxa média de
câmbio de compra.
Nota 3: o Manual do BACEN realmente “pula” o conceito de resultado
operacional. Isto se deve à atual conjuntura econômica do Brasil, onde, em virtude dos baixos índices inflacionários, o déficit operacional perdeu
sua relevância. A própria LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), em diversas passagens, faz referência somente aos resultados nominai e
primário, ignorando o resultado operacional. No entanto, para provas de concursos, é claro, você deve saber os três conceitos.
Dos conceitos acima, extraídos principalmente do Manual de
Finanças Públicas do BACEN, pode-se depreender, de forma esquematizada, que:
12 A Dívida Fiscal Líquida (DFL) é dada pela diferença entre a DLSP e o ajuste patrimonial.
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Resultado nominal s/ desvalorização cambial = variação da DLSP – Ajustes patrimoniais – impacto da variação cambial sobre as dívidas
interna e externa
Resultado nominal c/ desvalorização cambial = variação da DLSP –
Ajustes patrimoniais – impacto da variação cambial sobre as dívidas
externa
Resultado nominal = variação da DFL entre dois períodos (ver nota 2)
Resultado operacional = variação da DFL – correção monetária da dívida13
Resultado primário = variação da DFL – correção monetária da dívida
– Juros reais
4. Regime de contabilização
Existem dois tipos de regimes para contabilização do déficit público:
Regime de competência: os fatos contábeis são registrados de acordo com o período em que ocorreu o fato gerador (despesa ou
receita). Por exemplo, imagine que o governo brasileiro faça a compra de 10 aviões caça Rafale da França, no valor de US$ 150
bilhões. No regime de competência, a despesa será contabilizada no momento do fato gerador (momento da compra) e não no momento
em que o governo brasileiro efetua o pagamento ao governo francês.
Regime de caixa: os fatos são registrados no momento em que se
dá o pagamento ou o recebimento. No exemplo acima, segundo o regime de caixa, a compra dos aviões só seria contabilizada no
momento em que houvesse o pagamento ao governo francês. De
acordo com o regime utilizado, pode-se chegar a diferentes valores de déficit/superávit.
No Brasil, as NFSP (vale para as receitas e para as despesas) são
apuradas pelo conceito de caixa, com exceção das receitas/despesas financeiras (juros, correção ou atualização monetária e cambial), que são
apuradas pelo regime de competência. Se o governo atrasar os salários do funcionalismo público no mês de Janeiro, e fizer o pagamento somente
em Fevereiro, somente as contas do mês de Janeiro serão impactadas, pois foi o mês de ocorrência do fato gerador. Outro exemplo: ao emitir
títulos de longo prazo, com os pagamentos concentrados no tempo, os juros a serem pagos pelo governo só são contabilizados à medida que o 13 Esta correção monetária também é chamada de “imposto inflacionário”, tendo em vista representar exatamente o impacto negativo que a inflação tem sobre a moeda. Assim, Resultado operacional = variação da DFL – imposto inflacionário. Na próxima aula, falaremos o que é imposto inflacionário.
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tempo vai transcorrendo. Assim, o regime de competência neste caso
torna a despesa de juros mais regular ao longo do tempo, sendo, portanto, mais consistente com a apuração da dívida do setor público
junto ao sistema financeiro.
Desta forma, podemos concluir que o resultado primário é contabilizado pelo regime de caixa. Como as despesas financeiras são
contabilizadas pelo regime de competência, o resultado nominal (e o operacional também) acaba sendo computado de forma “híbrida”.
5. CONCEITOS ADICIONAIS
Neste item, coloco alguns conceitos adicionais retirados das publicações da Diretoria de Política Econômica do BACEN, especialmente
as Normas Relacionadas à Política Econômica-Financeira, extraídas do
Manual de Finanças Públicas daquela entidade.
As bancas, às vezes, gostam de cobrar estes conceitos de forma literal, exatamente como eles constam nas publicações do BACEN. Assim,
sugiro a leitura (e memorização) do que está abaixo. Além da transcrição literal dos conceitos, também procurei sistematizar o texto original, a fim
de facilitar o entendimento.
Conceito de setor público e governo geral
O conceito de setor público utilizado para mensuração da dívida pública da dívida pública e do déficit público é o do setor público não-
financeiro mais Banco Central. Consideram setor público não-financeiro as administrações diretas federal, estaduais e municipais, as administrações
indiretas, o sistema público de previdência social e as empresas estatais
não-financeiras federais, estaduais e municipais, além da Itaipu Binacional.
Incluem-se também no conceito de setor público não-financeiro os
fundos públicos que não possuem característica de intermediários financeiros, isto é, aqueles cuja fonte de recursos é constituída de
contribuições fiscais e parafiscais.
Assim, você deve guardar os integrantes do setor público não-financeiro:
- Administrações diretas federal, estaduais e municipais;
- Administrações indiretas; - Sistema público de previdência social;
- Empresas estatais não-financeiras federais, estaduais e municipais;
- Itaipu Binacional; e
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- Fundos públicos cuja fonte de recursos é constituída de contribuições
fiscais e parafiscais.
Já a mensuração da dívida pública líquida e do déficit público engloba todo o pessoal aí de cima (setor público não-financeiro) mais o
Banco Central. Fique ligado! Veja que o BACEN não faz parte do setor público não-
financeiro. Apenas afirmamos que a mensuração da dívida líquida e do déficit leva em conta o setor público não-financeiro mais o BACEN. Ou
seja, repetindo: não estamos dizendo que o BACEN faz parte do setor público não-financeiro, mas apenas que seu resultado faz parte da
mensuração da dívida e do déficit.
O BACEN é incluído na apuração da dívida líquida pois o seu resultado é transferido imediatamente para o Tesouro Nacional (para o
“caixa” do governo14). Assim, qualquer operação do BACEN que implique
lucro ou prejuízo impactará imediatamente as disponibilidades em caixa do Tesouro Nacional, o que impactará, por conseguinte, a dívida pública.
Por exemplo, suponha que o BACEN tenha feito algumas operações
de open market (compra e venda de títulos públicos) e tenha auferido alguma receita decorrente de tais operações. Esta receita irá
imediatamente para o Tesouro Nacional. Neste caso, a dívida líquida do governo será diminuída. Então, veja que, realmente, as operações do
BACEN devem fazer parte do cômputo da variação da dívida líquida do governo.
Ademais, segundo o manual de Finanças Públicas do BACEN, outro
motivo que leva este a ser incluído na mensuração da dívida líquida e do déficit é o fato de que o BACEN é o agente arrecadador do imposto
inflacionário. Este se refere à perda de valor da moeda decorrente das
emissões monetárias realizadas pela autoridade monetária.
Quando o BACEN emite moeda, coeteris paribus, surge a inflação e a perda de valor da moeda. Assim, os agentes possuidores de moeda têm
sua riqueza diminuída, mas o BACEN tem sua riqueza aumentada, pois ele emitiu a moeda que fez os agentes perderem riqueza15. Essa moeda
emitida segue para o Tesouro Nacional, devendo, portanto, impactar a dívida pública líquida. Assim, veja que o fato de o BACEN ser o
arrecadador do imposto inflacionário também faz com que ele seja
14 O “caixa” do governo é o que está depositado no Tesouro Nacional, e não o que temos no BACEN. No Brasil, o caixa do BACEN é sempre igual a zero. Assim, todos os recursos disponíveis para o governo gastar estão no Tesouro Nacional, e não no BACEN, como muitos pensam.
15 Como há transferência de renda dos agentes para o governo, temos essa nomenclatura “imposto inflacionário”.
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considerado no cômputo da variação da dívida pública líquida e do déficit
público.
Ainda em relação ao BACEN, deve-se notar que o conceito de dívida líquida leva em conta os ativos e passivos financeiros do BACEN,
incluindo, dessa forma, a base monetária16.
Por fim, devemos conceituar “governo geral”: abrange as administrações diretas federal, estaduais, municipais, bem como o
sistema público de previdência social. Esta conceituação de governo geral tem o objetivo de aproximar os indicadores brasileiros dos padrões
internacionais adotados.
Vejamos agora a diferenciação entre dívida líquida e pública:
Dívida líquida do setor público
Corresponde ao saldo líquido do endividamento do setor público
não-financeiro e do BACEN frente ao sistema financeiro (público e privado), ao setor privado não-financeiro e ao resto do mundo.
Ou seja, é o que setor público não-financeiro “deve” (débitos ou
dívidas) em contrapartida ao que ele tem de crédito (créditos). Enfim, a dívida líquida é o balanceamento entre dívidas e créditos.
Dívida pública do governo geral
A dívida bruta do governo geral abrange o total dos débitos de responsabilidade do governo federal, estaduais e municipais, junto ao
setor privado, ao setor público financeiro, ao BACEN e ao resto do mundo.
Os débitos de responsabilidade das empresas estatais das três
esferas de governo não são abrangidos pelo conceito. Os débitos são considerados pelos valores brutos, sendo as obrigações vinculadas à área
externa convertidas para reais pela taxa de câmbio de final de período (compra).
Os valores da dívida mobiliária do Governo Federal (que abrange
dívidas securitizadas e carteira de títulos públicos federais no BACEN) são calculados com base na posição de carteira, que não leva em
consideração as operações compromissadas17 pelo BACEN. São deduzidos
16 Decore o seguinte: a base monetária faz parte do passivo financeiro do BACEN.
17 As operações denominadas “compromissadas” no sistema financeiro são assim chamadas quando há, por uma das partes, o compromisso de realizar uma operação contrária àquela que realizou. Isto é, se o banco vendeu, ele se compromete a comprar de volta e, se comprou, ele se compromete a
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da dívida bruta do governo federal os créditos representados por títulos
públicos que se encontram em poder de seus órgãos da administração direta e indireta, de fundos públicos federais, dos estados e dos
municípios, a saber: aplicações da previdência social em títulos públicos, aplicações do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e outros fundos em
títulos públicos e aplicações dos estados em títulos públicos federais. Analogamente, são deduzidas da dívida dos governos estaduais e dos
municipais as parcelas correspondentes aos títulos em tesouraria.
Bem pessoal, por hoje é só! Terminamos a parte teórica do curso!
Esta foi a menor aula de todas, e acredito que isto seja bom. Afinal, estamos na reta final e, neste momento, o interessante é que haja algum
tempo sobrando para a revisão de tudo o que foi aprendido nestes últimos dias de estudos intensos. Na próxima aula, a professora
Amanda fará uma revisão da matéria através de exercícios.
Abraços a todos e bons estudos!
Heber Carvalho
vender. Traduzindo: vamos supor que o banco tenha um título (um documento que represente uma dívida). Pode ser um título público, um certificado de depósito bancário ou uma debênture. Recapitulando, o banco tem este título. Aí, ele propõe vender para você com o compromisso de recomprá-lo em 30 dias, por exemplo. Nesse caso, o banco está agindo como se estivesse pedindo dinheiro emprestado a você e dando como garantia de que irá pagar, este título. Veja que ele não quer se “desfazer” do título ou, por outro lado, você não quer “adquirir” esse título. Caso contrário, a negociação seria “definitiva” (ele vende, você compra, e pronto).
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QUESTÕES COMENTADAS
01. (CESPE – ECONOMISTA – MPU – 2010) - O déficit operacional reflete adequadamente as necessidades reais de financiamento do
setor público.
COMENTÁRIOS:
Em macroeconomia, as variáveis reais geralmente indicam que estamos descontando o índice de preços de variáveis nominais (exemplos: PIB real
= PIB nominal/índice de preços; salários reais (W/P) = salários nominais (W) / índice de preços (P)). Nos conceitos de déficits, ocorre o mesmo.
O déficit nominal leva em conta as necessidades nominais de
financiamento, incluindo a diferença de receitas e gastos (conceito primário), juros pagos e recebidos (conceito operacional) e correção
monetária devido à inflação (conceito nominal). As necessidades reais são calculadas descontando-se o índice de preços, ou seja, não levam em
conta a correção de preços provocada pela inflação. Assim, as necessidades reais de financiamento são refletidas pelo conceito de déficit
operacional (desconta-se o índice de preços, ou correção monetária, do conceito de déficit nominal), ao passo que as necessidades nominais são
refletidas pelo conceito de déficit nominal.
É uma abordagem conceitual um pouco diferente e que raramente
aparece em provas (nem se encontra nos livros textos sobre o assunto, pois está em desuso). Como a banca já cobrou, achei interessante colocar
na aula!
GABARITO: CERTO
(CESPE/Unb - ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO - CIÊNCIAS ECONÔMICAS – SEGER/ES - 2009) A economia do setor
público analisa o papel desempenhado pelo governo nas economias de mercado. Acerca desse assunto, julgue os itens.
02. O resultado primário do setor público é mais apropriado para
avaliar a magnitude do ajuste fiscal porque ele não leva em conta
os impactos da política monetária.
COMENTÁRIOS: Os impactos da política monetária (questões envolvendo as remunerações
de juros e correção monetária) são avaliados somente nos resultados operacional e nominal. O resultado primário leva em conta somente
receitas e despesas não financeiras. Assim sendo, a assertiva está correta.
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GABARITO: CERTO
03. O resultado nominal do setor público corresponde ao resultado
primário acrescido das receitas financeiras e das despesas de juros incorridos pela dívida pública.
COMENTÁRIOS:
O conceito trazido pela assertiva foi o de resultado operacional. Assim, o resultado operacional corresponde ao resultado primário acrescido das
receitas financeiras (juros) e das despesas de juros.
O resultado nominal corresponde ao resultado primário acrescido das receitas financeiras (juros), correção monetária e cambial e das despesas
de juros, correção monetária e cambial.
GABARITO: ERRADO
(CESPE/Unb - ANALISTA DE COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC - 2008)
- A teoria macroeconômica analisa o comportamento dos grandes agregados econômicos. Com base nessa teoria, julgue os itens a
seguir.
04. Quando o deficit nominal do setor público, mensurado em termos do PIB, corresponde ao produto entre a taxa de
crescimento do PIB real e a razão dívida/PIB, essa razão é constante.
COMENTÁRIOS:
Questão bem engenhosa (e difícil), não é mesmo!?
Vamos lá:
Em primeiro lugar, nós temos a razão (é sobre ela que gira o raciocínio da
assertiva):
Para facilitar, vamos dar números hipotéticos à dívida e ao PIB. Suponha que a dívida seja 500, e o PIB seja 1000. Se o PIB crescer a uma taxa
qualquer, digamos, uns 5%; então, para essa razão se manter constante a dívida também só pode crescer 5%. Neste caso, para a dívida crescer
5% (no valor de 25), o déficit nominal deve ser 25.
Agora, é só fazer as contas para ver a assertiva está correta. O produto
entre a taxa de crescimento do PIB real e razão dívida/PIB seria:
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Crescimento do PIB real X (dívida/PIB) = 0,05 x (500/1000) = 0,025
Como o PIB é 1000, e o déficit nominal é 25, então, o déficit nominal
mensurado em termos do PIB seria 0,025.
No entanto, muita atenção! A questão fala em crescimento do PIB real. O que isto quer dizer? Isto significa que o crescimento do PIB não leva em
conta o crescimento dos preços, descontando-o.
Ou seja, o crescimento do PIB real desconta o nível de preços da economia, ou desconta a correção monetária (descontar o nível de preços
é o mesmo que descontar a correção monetária). Desta forma, se houver variação de preços (que é a situação comum), o que está escrito no
enunciado não será correto.
Apresento abaixo duas versões alternativas, que poderiam ser
consideradas corretas:
Quando o deficit operacional do setor público, mensurado em termos do PIB, corresponde ao produto entre a taxa de crescimento do PIB real e a
razão dívida/PIB, essa razão é constante.
Neste caso, estamos falando do déficit operacional, que desconta o nível de preços da economia (desconta a correção monetária),
assim como faz o PIB real.
Quando o deficit nominal do setor público, mensurado em termos do PIB, corresponde ao produto entre a taxa de crescimento do PIB nominal e a
razão dívida/PIB, essa razão é constante.
Neste caso, estamos falando do crescimento do PIB nominal, que
não desconta o nível de preços da economia (não desconta a correção monetária), assim como ocorre no déficit nominal.
GABARITO: ERRADO
(CESPE/Unb - ECONOMIA - PREF. VILA VELHA-ES - 2008) - O
desequilíbrio orçamentário decorrente de um processo inflacionário superior ao estimado na elaboração do orçamento,
era constante. Determinei, em junho de 1993, um corte de US$ 6 bilhões das despesas numa reprogramação do orçamento de
comum acordo com o Congresso. Da mesma forma, a privatização, observem bem, de estatais que não justificavam sua permanência
na gestão governamental. Com os recursos captados reequipei a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, além de injetar
recursos na Saúde e Educação, Ciência e Tecnologia. Levando-se
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em conta o curto período de mandato, de dois anos e poucos
meses, teríamos que priorizar setores.
Itamar Franco. Entre a Crise e o Real. In: O Estado de São Paulo. Publicado: 28/1/2008 ( com adaptações ).
05. O deficit público primário é igual ao deficit total ou nominal
excluídas as correções monetária e cambial e os juros reais da dívida contraída anteriormente.
COMENTÁRIOS:
A assertiva está perfeita! Outra definição para o déficit público primário seria:
... é igual ao deficit total ou nominal excluídas os juros nominais da
dívida contraída anteriormente.
GABARITO: CERTO
06. As necessidades de financiamento do setor público (NFSP) -
conceito operacional - são iguais ao deficit público primário excluídas as correções monetária e cambial.
COMENTÁRIOS:
A assertiva está errada. Ela estaria certa caso fosse trocada a palavra “primário” por “nominal”, assim:
As necessidades de financiamento do setor público (NFSP) - conceito
operacional - são iguais ao deficit público nominal excluídas as correções monetária e cambial.
GABARITO: ERRADO
07. Um governo que se defronta com uma situação de déficit poderia financiá-lo através da monetização da dívida, que é a
emissão monetária pelo banco central.
COMENTÁRIOS: Item correto. Se o governo quiser, ele pode emitir moeda para financiar
seu déficit. Os governos tentam evitar tal tipo de medida pois ela sempre vem acompanhada de inflacão.
GABARITO: CERTO
(CESPE/Unb - CONTROLADOR DE RECURSOS MUNICIPAIS –
ECONOMIA – PMV – SEMAD/ES - 2008) - A ação do Estado é
crucial para garantir a produção eficiente e eqüitativa de bens
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públicos, bem como de bens privados ofertados pelo setor público.
Baseando-se nos princípios básicos da economia do setor público e das finanças públicas, julgue os itens subseqüentes
08. As Necessidades de Financiamento do Setor Público (NFSP),
no conceito operacional, representam a diferença entre as NFSP nominais e a atualização monetária incidente sobre a dívida
líquida do setor público.
COMENTÁRIOS: Item correto. A única dúvida que poderia pairar é com relação à parte
final da assertiva, quando fala que a atualização monetária existente é aquela que incide sobre a dívida líquida do setor público. Isto é correto.
Aliás, não é só a correção monetária, mas também os juros.
Tanto a correção monetária quanto os juros que são tratados nos diversos
conceitos de NFSP incidem sobre a dívida líquida do setor público.
GABARITO: CERTO
09. Aumentos do superavit primário e das taxas de juros contribuem para elevar a razão dívida/PIB para uma dada taxa de
inflação.
COMENTÁRIOS: O aumento do superávit primário tende a reduzir a razão dívida/PIB, ao
passo que o aumento das taxas de juros tende a aumentar a razão dívida/PIB. Não é possível saber o efeito resultante só com a afirmação do
enunciado.
GABARITO: ERRADO
10. Aumentos nas taxas de crescimento da economia contribuem
para elevar o patamar de sustentabilidade da dívida pública, porque o crescimento permite elevar o endividamento do setor
público sem aumentar a proporção da dívida em relação ao PIB.
COMENTÁRIOS: O critério para avaliar a dívida pública de um país é a relação dívida/PIB.
Se um país com PIB reduzido possuir uma dívida, digamos, de 100 bilhões, isto é ruim. Por outro lado, se um país com PIB elevado possuir o
mesmo montante de dívida, isto já não é considerado ruim.
Então, o que se avalia como critério da dívida é a relação “dívida/PIB”. Por exemplo, hoje, no Brasil, esta relação gira em torno de 37%. Na
Grécia, esta relação é de mais de 100% (ou seja, a Grécia deve mais que
o valor de seu PIB).
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Desta forma, se um país cresce (crescimento do PIB), isto significa que há espaço para a dívida crescer sem alterar a relação dívida/PIB. Em outras
palavras, há sustentabilidade para a dívida.
GABARITO: CERTO
(CESPE/Unb - ANAL. EXEC. em METR. E QUAL. - CIÊNCIAS ECONÔMICAS – INMETRO - 2007) - A ação do Estado tem sido
crucial para garantir o funcionamento das economias de mercado. Por essa razão, é importante estudar a economia do setor público,
incluindo-se aí as questões de finanças públicas. A esse respeito, julgue os itens a seguir.
11. As necessidades de financiamento do setor público (NFSPs),
no conceito operacional, correspondem à variação da dívida
líquida do setor público; portanto, excluem qualquer elemento de atualização monetária.
COMENTÁRIOS:
A assertiva está errada, pois a variação da dívida líquida do setor público corresponde às NFSP em seu conceito nominal (não excluem a atualização
monetária).
GABARITO: ERRADO
12. A existência de um deficit primário é incompatível com a constância da relação dívida/PIB, particularmente quando as
taxas de juros são muito baixas.
COMENTÁRIOS:
A existência de um déficit primário (ou qualquer outro tipo) é consistente com um aumento da dívida pública. No entanto, se o PIB crescer, é
possível que, mesmo havendo déficit, a relação dívida/PIB se mantenha constante.
Ou seja, a assertiva é errada, pois há compatibilidade entre a existência
de déficits e a constância da relação dívida/PIB, desde que o PIB cresça.
GABARITO: ERRADO
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LISTA DE QUESTÕES 01. (CESPE – ECONOMISTA – MPU – 2010) - O déficit operacional
reflete adequadamente as necessidades reais de financiamento do setor público.
(CESPE/Unb - ANALISTA ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO -
CIÊNCIAS ECONÔMICAS – SEGER/ES - 2009) A economia do setor
público analisa o papel desempenhado pelo governo nas economias de mercado. Acerca desse assunto, julgue os itens.
02. O resultado primário do setor público é mais apropriado para
avaliar a magnitude do ajuste fiscal porque ele não leva em conta os impactos da política monetária.
03. O resultado nominal do setor público corresponde ao resultado
primário acrescido das receitas financeiras e das despesas de juros incorridos pela dívida pública.
(CESPE/Unb - ANALISTA DE COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC - 2008)
- A teoria macroeconômica analisa o comportamento dos grandes agregados econômicos. Com base nessa teoria, julgue os itens a
seguir.
04. Quando o deficit nominal do setor público, mensurado em
termos do PIB, corresponde ao produto entre a taxa de crescimento do PIB real e a razão dívida/PIB, essa razão é
constante.
(CESPE/Unb - ECONOMIA - PREF. VILA VELHA-ES - 2008) - O desequilíbrio orçamentário decorrente de um processo
inflacionário superior ao estimado na elaboração do orçamento, era constante. Determinei, em junho de 1993, um corte de US$ 6
bilhões das despesas numa reprogramação do orçamento de comum acordo com o Congresso. Da mesma forma, a privatização,
observem bem, de estatais que não justificavam sua permanência na gestão governamental. Com os recursos captados reequipei a
Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, além de injetar
recursos na Saúde e Educação, Ciência e Tecnologia. Levando-se em conta o curto período de mandato, de dois anos e poucos
meses, teríamos que priorizar setores.
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05. O deficit público primário é igual ao deficit total ou nominal
excluídas as correções monetária e cambial e os juros reais da dívida contraída anteriormente.
06. As necessidades de financiamento do setor público (NFSP) -
conceito operacional - são iguais ao deficit público primário excluídas as correções monetária e cambial.
07. Um governo que se defronta com uma situação de déficit
poderia financiá-lo através da monetização da dívida, que é a emissão monetária pelo banco central.
(CESPE/Unb - CONTROLADOR DE RECURSOS MUNICIPAIS –
ECONOMIA – PMV – SEMAD/ES - 2008) - A ação do Estado é crucial para garantir a produção eficiente e eqüitativa de bens
públicos, bem como de bens privados ofertados pelo setor público.
Baseando-se nos princípios básicos da economia do setor público e das finanças públicas, julgue os itens subseqüentes
08. As Necessidades de Financiamento do Setor Público (NFSP),
no conceito operacional, representam a diferença entre as NFSP nominais e a atualização monetária incidente sobre a dívida
líquida do setor público.
09. Aumentos do superavit primário e das taxas de juros contribuem para elevar a razão dívida/PIB para uma dada taxa de
inflação.
10. Aumentos nas taxas de crescimento da economia contribuem para elevar o patamar de sustentabilidade da dívida pública,
porque o crescimento permite elevar o endividamento do setor
público sem aumentar a proporção da dívida em relação ao PIB.
(CESPE/Unb - ANAL. EXEC. em METR. E QUAL. - CIÊNCIAS ECONÔMICAS – INMETRO - 2007) - A ação do Estado tem sido
crucial para garantir o funcionamento das economias de mercado. Por essa razão, é importante estudar a economia do setor público,
incluindo-se aí as questões de finanças públicas. A esse respeito, julgue os itens a seguir.
11. As necessidades de financiamento do setor público (NFSPs),
no conceito operacional, correspondem à variação da dívida líquida do setor público; portanto, excluem qualquer elemento de
atualização monetária.
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12. A existência de um deficit primário é incompatível com a
constância da relação dívida/PIB, particularmente quando as taxas de juros são muito baixas.
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