aula 01 curso on-line – direito penal para afrfbprofessor: pedro ivo

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    PROFESSOR PEDRO IVO

    AULA 01 APLICABILIDADE DA LEI PENAL

    Ol, Pessoal! Sejam bem vindos!

    Hoje trataremos de um tema importantssimo que questo presente empraticamente todas as PROVAS de Direito Penal. Estudaremos como a lei penal aplicada e verificaremos como a ESAF costuma exigir o assunto em prova.

    Para comearmos esta aula, faremos uma brevssima reviso do que foianalisado na aula demonstrativa. Esta reviso abranger apenas o tema leipenal, pois necessrio que o assunto esteja fresco em sua cabea a fim defacilitar o entendimento do que est por vir.

    Dito isto, MOTIVAO TOTAL, pois vamos comear!

    Bons estudos!!!

    ***************************************************************

    RREEVVIISSOOMMUUIITTAAAATTEENNOO!!!!!!

    LEI PENAL

    CONCEITO

    A lei penal a fonte formal imediata do Direito Penal e classificada pela doutrinamajoritria em incriminadora e no incriminadora.

    Dizemos incriminadoras aquelas que criam crimes e cominam penas.

    Dizemos no incriminadoras as que no criam delitos e nem cominam penas. Asno incriminadoras subdividem-se em:

    PERMISSIVASAutorizam a prtica de condutas tpicas.

    EXCULPANTESEstabelecem a no culpabilidade do agente ou caracterizama impunidade de algum crime.

    INTERPRETATIVAS Explicam determinado conceito, tornando clara a suaaplicabilidade.

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    ANALOGIA

    A analogia jurdica consiste em aplicar a um caso no previsto pelo legislador a normaque rege caso anlogo, semelhante. A analogia no diz respeito interpretao

    jurdica propriamente dita, mas integrao da lei, pois sua finalidade justamenteSUPRIR LACUNAS DESTA.

    Classifica-se em:

    Analogia in malam partem aquela em que se supre a lacuna legal comalgum dispositivo prejudicial ao ru. Isto no possvel no nosso ordenamento

    jurdico.

    Analogia in bonam partem Neste caso, aplica-se ao caso omisso uma normafavorvel ao ru. Este tipo de analogia aceito em nosso ordenamento jurdico.

    LEI PENAL NO TEMPO

    A regra geral no Direito Penal a da prevalncia da lei que se encontrava em vigorquando da prtica do fato, ou seja, aplica-se a LEI VIGENTE quando da prtica daconduta Princpio do TEMPUS REGIT ACTUM

    NOVATIO LEGIS INCRIMINADORA

    Novatio legis incriminadora ocorre quando um indiferente penal (conduta consideradalcita frente legislao penal) passa a ser considerado crime pela lei posterior. Nestecaso, a lei que incrimina novos fatos IIRRRREETTRROOAATTIIVVAA, uma vez que prejudica osujeito.

    LEI PENAL MAIS GRAVE LEX GRAVIOR

    Aqui no temos a tipificao de uma conduta antes descriminalizada, mas sim aaplicao de tratamento mais rigoroso a um fato j constante como delito. Para estasituao tambm no h que se falar em retroatividade, pois, conforme j tratamosSE A NOVA LEI FOR MAIS GRAVE TER APLICAO APENAS A FATOSPOSTERIORES SUA ENTRADA EM VIGOR. JAMAIS RETROAGIR, CONFORMEDETERMINAO CONSTITUCIONAL.

    ABOLITIO CRIMINIS

    O instituto da abolitio criminis ocorre quando uma lei nova trata como lcito fatoanteriormente tido como criminoso, ou melhor, quando a lei nova descriminaliza fatoque era considerado infrao penal. Opera-se a EXTINO DA PUNIBILIDADE.Encontra embasamento no artigo 2 do Cdigo Penal, que dispe da seguinte forma:

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    Art. 2 - Ningum pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerarcrime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos penais da sentenacondenatria.

    Segundo os princpios que regem a lei penal no tempo, a lei abolicionista NNOORRMMAAPPEENNAALLRREETTRROOAATTIIVVAA, atingindo fatos pretritos, ainda que acobertados pelo manto dacoisa julgada. Isto porque o respeito coisa julgada uma garantia do cidado emface do Estado. Logo, a lei posterior s no pode retroagir se for prejudicial ao ru.

    LEI PENAL MAIS BENFICA

    A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatosanteriores, ainda que decididos por sentena condenatria transitada em julgado.

    A lei mais favorvel RETROATIVA. Sendo assim, somente podemos falar emRETROATIVIDADE quando lei posterior for mais benfica ao agente, em comparaoquela que estava em vigor quando o crime foi praticado.

    Observe:

    Cabe, por fim, ressaltar a ultratividade.

    Quando se diz que uma lei penal dotada de ultratividade, quer-se afirmar que ela,apesar de no mais vigente, continua a vincular os fatos anteriores sua sada dosistema.

    Assim, para a situao, em que um delito praticado durante a vigncia de uma lei

    que posteriormente revogada por outra prejudicial ao agente, ocorrer aULTRATIVIDADE da lei.

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    1.1 APLICABILIDADE DA LEI PENAL

    1.1.1 LEI PENAL TEMPORRIA E LEI PENAL EXCEPCIONAL

    Caro (a) aluno (a), vimos at agora que a lei penal retroage para beneficiaro ru.

    Mas imagine a seguinte situao: uma lei editada atribuindo penalizaode recluso de 5 a 8 anos para os indivduos que gastem uma quantidadede gua superior a 300 litros por ms durante certo perodo deracionamento. Esta lei entra em vigor em 01 de janeiro de 2010 e terminaem 31 de dezembro do mesmo ano.

    Tcio, no ms de outubro do supracitado ano, durante a vigncia da lei,

    gasta 500 litros de gua e tal fato s descoberto no dia 29 de dezembro,ou seja, dois dias antes da retirada da lei de nosso ordenamento jurdico.

    Pergunto: Para este caso, dar tempo de ele ser condenado? Caso sejacondenado, podemos dizer que no dia 1 de janeiro teremos a abolitiocriminis?

    Para responder a estas perguntas e evitar situaes absurdas que tirariam osentido de determinadas leis, dispe o Cdigo Penal da seguinte forma:

    Art. 3 - A lei excepcional ou temporria, embora decorrido o

    perodo de sua durao ou cessadas as circunstncias que adeterminaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigncia.

    As leis excepcionais e temporrias so auto-revogveis, ou seja, no h

    necessidade da edio de outra lei para retir-las do ordenamento jurdico. suficiente para tal o decurso do prazo ou mesmo o trmino dedeterminada situao.

    LEIS TEMPORRIAS SO AQUELAS QUE TRAZEM EM SEU TEXTO O

    TEMPO DETERMINADO DE SUA VALIDADE. POR EXEMPLO, A LEITER VALIDADE AT 15 DE NOVEMBRO DE 2012 - UM PERODO

    CERTO.

    LEIS EXCEPCIONAIS SO AS QUE TM SUA EFICCIA VINCULADA

    A UM ACONTECIMENTO DO MUNDO FTICO, COMO, POR EXEMPLO,UMA GUERRA. NELSON HUNGRIA CITA A LEI QUE ORDENAVA QUE,

    EM TEMPO DE GUERRA, TODAS AS PORTAS DEVERIAM SERPINTADAS DE PRETO, OU SEJA, A GUERRA UM PERODO

    INDETERMINADO, MAS, DURANTE O SEU TEMPO, CONSTITUA CRIMEDEIXAR DE PINTAR A PORTA. AO TRMINO DA GUERRA, A LEI

    PERDERIA EFICCIA.

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    Para que sua aplicabilidade seja plena, o legislador percebeu ser necessriaa manuteno de seus efeitos punitivos aps sua vigncia aos queafrontaram a norma quando vigorava.

    Desta forma, podemos afirmar que as LEIS EXCEPCIONAIS E

    TEMPORRIAS POSSUEM ULTRATIVIDADE, pois, conforme exposto,aplicam-se sempre ao fato praticado durante sua vigncia. O fundamentoda ultratividade claro e a explicao est prevista na Exposio de Motivosdo Cdigo Penal, nos seguintes termos:

    especialmente decidida a hiptese da lei excepcional ou temporria,reconhecendo-se a sua ultra-atividade. Esta ressalva visa impedir que,tratando-se de leis previamente limitadas no tempo, possam ser frustradasas suas sanes por expedientes astuciosos no sentido do retardamento dos

    processos penais.

    Esquematizando:

    1.1.2 LEIS PENAIS EM BRANCO

    Para tratarmos deste tema, antes de tudo, cabe um importantequestionamento: O que uma lei penal em branco?. Vamos entender:

    Normas penais em branco so disposies cuja sano determinada,

    permanecendo indeterminado o seu contedo; sua exequibilidade dependedo complemento de outras normas jurdicas ou da futura expedio decertos atos administrativos; classificam-se em:

    INCIO DA

    VIGNCIA

    ATO

    CONTRRIO

    LEI

    TRMINO DA

    VIGNCIA

    LEI TEMPORRIA PERODO DE VIGNCIA DEFINIDO

    LEI EXCEPCIONAL SITUAO DE ANORMALIDADE

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    A) NORMAS PENAIS EM BRANCO EM SENTIDO LATO So aquelasem que o complemento determinado pela mesma fonte formal da normaincriminadora, ou seja, o complemento tem a mesma natureza jurdica eprovm do mesmo rgo que elaborou a lei penal incriminadora.

    Exemplo: Observe o art. 169, pargrafo nico, I, do Cdigo Penal:

    Art. 169 - Apropriar-se algum de coisa alheia vinda ao seupoder por erro, caso fortuito ou fora da natureza:

    Pena - deteno, de um ms a um ano, ou multa.

    Pargrafo nico - Na mesma pena incorre:

    I - quem acha tesouro em prdio alheio e se apropria, no todo

    ou em parte, da quota a que tem direito o proprietrio do prdio;(grifei).

    Mas o que tesouro? Para a correta complementao do art. 169,pargrafo nico, I, do CP (norma penal em branco), devemos recorrer aoCdigo Civil que em seu art. 1264 leciona que tesouro :

    Art. 1.264. O depsito antigo de coisas preciosas, oculto e decujo dono no haja memria [...].

    Neste exemplo, temos uma LEI, editada pelo LEGISLATIVO,complementando norma de mesma especificao.

    B) NORMAS PENAIS EM BRANCO EM SENTIDO ESTRITO Soaquelas cujo complemento est contido em norma procedente de outrainstncia legislativa, ou seja, o complemento tem natureza jurdica diversae emana de rgo distinto daquele que elaborou a lei penal incriminadora.

    Exemplo: Um exemplo claro so os delitos relacionados com drogas (Lei n11.343/2006). Pergunto: quais so as drogas que se estiverem na mochilade um indivduo so passveis de caracterizao de crime?

    Para responder a esta pergunta, ser necessrio consultar a portariaSVS/MS 344/1998, editada pela Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria.L esto dispostas as drogas proibidas em nosso pas.

    Neste caso, temos uma portaria do executivo complementando leieditada pelo legislativo.

    Por fim, observe o elucidativo julgado do STJ:

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    Bom, agora que voc j sabe o que uma norma penal em branco,podemos passar a um ponto que muito discutido na doutrina.

    Imagine que Tcio comete um delito cuja tipificao se enquadra noconceito de norma penal em branco. Pergunto: Uma vez alterado ocomplemento da lei penal em branco, posteriormente realizao daconduta criminosa e beneficiando o ru, deve operar-se a retroatividade?

    Seria o caso, por exemplo, do indivduo que preso por estar com drogase, dois meses depois, a substncia, at ento proibida, retirada daportaria da ANS.

    Sem entrar em divergncias, vou tratar do que voc deve saber para a suaPROVA, ok?

    O entendimento majoritrio o de que DEVE HAVER A RETROAO DALEI PENAL EM BRANCO, tal qual ocorre com as demais normas.

    Cabe, entretanto, ressaltar que quando o complemento se inserir em umcontexto de excepcionalidade, a sua modificao, ainda que benfica aoru, no pode retroagir. Trata-se, simplesmente, da aplicao do dispostono art. 3 do Cdigo Penal que, como vimos, garante a ultratividade dasleis penais excepcionais. Observe o pronunciamento do STF sobre o tema:

    STJ, HC 98113/MS, DJ 15.06.2009

    O art. 1, I, da Lei 8.176/91, ao proibir o comrcio de combustveis emdesacordo com as normas estabelecidas na forma da lei, norma penalem branco em sentido estrito, porque no exige a complementaomediante lei formal, podendo s-lo por normas administrativasinfralegais, estas sim, estabelecidas "na forma da lei".

    OBSERVAO

    Alguns autores referem-se chamada lei penal em branco inversa ou

    ao avesso. Trata-se de situao em que o preceito primrio completo,mas o secundrio necessita de complementao. Neste caso, ocomplemento s pode ocorrer por lei sob pena de afronta ao princpio dareserva legal.

    Trata-se de uma situao bem particular e sem grande importncia parasua PROVA.

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    1.2 CONFLITO APARENTE DE LEIS

    Segundo o autor Cssio Juvenal Faria em seu estudo:

    "Ocorre o conflito aparente de normas penais quando o mesmo fato se amoldaa duas ou mais normas incriminadoras. A conduta, nica, parece subsumir-seem diversas normas penais. Ou seja, h uma unidade de fato e uma

    pluralidade de normas contemporneas identificando aquele fato como

    criminoso."

    Resumindo, o conflito aparente de leis penais ocorre quando a um s fato,aparentemente, duas ou mais leis so aplicveis, ou seja, o fato nico, noentanto, existe uma pluralidade de normas a ele aplicveis.

    Como diz a prpria expresso, o conflito aparente, pois se resolve com acorreta interpretao da lei. Para Nlson Hungria:

    No admissvel que duas ou mais leis penais ou dois ou mais dispositivos damesma lei penal se disputem, com igual autoridade, exclusiva aplicao aomesmo fato. Para evitar a perplexidade ou a intolervel soluo pelo bis inidem, o direito penal (como o direito em geral) dispe de regras, explcitas ouimplcitas, que previnem a possibilidade de competio em seu seio.

    A doutrina, regra geral, indica 04 princpios a serem aplicados a fim desolucionar o conflito aparente de leis penais, so eles:

    STF, HC 73.168-6/SP

    Em princpio, o artigo 3 do Cdigo Penal se aplica a norma penal embranco, na hiptese de o ato normativo que a integra ser revogado ousubstitudo por outro mais benfico ao infrator, no se dando, portanto, aretroatividade. - Essa aplicao s no se faz quando a norma, quecomplementa o preceito penal em branco, importa real modificao dafigura abstrata nele prevista ou se assenta em motivo permanente,insusceptvel de modificar-se por circunstancias temporrias ouexcepcionais, como sucede quando do elenco de doenas contagiosas seretira uma por se haver demonstrado que no tem ela tal caracterstica.

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    1.SUBSIDIARIEDADE;

    2.ESPECIALIDADE;

    3.CONSUNO;

    4.ALTERNATIVIDADE

    O conhecimento destes 04 princpios importante para a sua PROVA e, paralembr-los, observe que juntos formam a palavra SECA!!!

    Vamos conhec-los:

    1.2.1 PRINCPIO DA ESPECIALIDADE

    Estabelece que a lei especial prevalece sobre a geral. Considera-se leiespecial aquela que contm todos os requisitos da lei geral e mais algunschamados especializantes.

    Exemplo: O crime de infanticdio, previsto no artigo 123 do Cdigo Penal,tem um ncleo idntico ao do crime de homicdio, tipificado pelo artigo 121,qual seja, matar algum. Torna-se figura especial, ao exigir elementos

    diferenciadores: A autora deve ser a me e a vtima deve ser o prpriofilho, nascente ou neonato, cometendo-se o delito durante o parto ou logoaps, sob influncia do estado puerperal.

    ELEMENTOS COMUNS

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    1.2.2 PRINCPIO DA SUBSIDIARIEDADE

    Subdivide-se em expresso e tcito.

    Ocorre a subsidiariedade expressa, quando a prpria norma reconhecerseu carter subsidirio, admitindo incidir somente se no ficarcaracterizado o fato de maior gravidade.

    Como exemplo, compete citar o crime de perigo para a vida ou sade deoutrem (art. 132, CP):

    "Art. 132. Expor a vida ou a sade de outrem a perigo direto eiminente:

    Pena deteno, de 3 meses a 1 ano,se o fato no constituircrime mais grave". (grifei)

    Como se retira do preceito secundrio do artigo transcrito, somente "se ofato no constituir crime mais grave" que a pena relativa ao delitodescrito no art. 132 ser aplicada ao agente.

    No caso da subsidiariedade tcita a norma nada diz, mas, diante do casoconcreto, verifica-se seu carter secundrio.

    Exemplo claro o do crime de roubo em que a vtima, mediante empregode violncia, constrangida a entregar a sua bolsa ao agente.Aparentemente, incidem o tipo definidor do roubo (norma primria) e o doconstrangimento ilegal (norma subsidiria), sendo que o constrangimentoilegal, no caso, foi apenas uma fase do roubo, alm do fato de este sermais grave.

    1.2.3 PRINCPIO DA CONSUNO

    Conhecido tambm como PRINCPIO DA ABSORO, um princpioaplicvel nos casos em que h uma sucesso de condutas com existncia deum nexo de dependncia. De acordo com tal princpio, o crime mais graveabsorve o crime menos grave.

    Ao contrrio do que ocorre no princpio da especialidade, aqui no sereclama a comparao abstrata entre as leis penais. Comparam-se os fatos,inferindo-se que o mais grave consome os demais, sobrando apenas a leipenal que o disciplina. Mas como assim?

    Para uma melhor compreenso, pensemos, por exemplo, no crime de furtoqualificado (art. 155, 4, do Cdigo Penal). Veja:

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    Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia mvel:

    [...]

    Furto qualificado

    4 - A pena de recluso de dois a oito anos, e multa, se ocrime cometido:

    I - com destruio ou rompimento de obstculo subtrao dacoisa;

    II - com abuso de confiana, ou mediante fraude, escalada oudestreza;

    III - com emprego de chave falsa;

    IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.

    Simplesmente olhando para o tipo penal, no posso dizer que ele sofreconsuno, pois que dele, em si, nada posso aferir quanto a suacorrespondncia ntima com outro crime. Assim, o que importa para suaPROVA queABSTRATAMENTE IMPOSSVEL SABER SE UM CRIME ,OU NO, CONSUNTIVO.

    No entanto, se digo que o agente Tcio, com o intuito de furtar bens de umaresidncia, escala o muro que a cerca e, utilizando-se de chave falsa, abre-lhe a porta e penetra em seu interior, subtraindo-lhe os bens e fugindo logoem seguida, posso, com toda a certeza, afirmar que o princpio da

    consuno se faz presente.Neste caso, o furto qualificado pela escalada e pelo emprego de chave falsa(art. 155, 4, II, 3 figura, e III, do Cdigo Penal) ABSORVEa violaode domiclio qualificada (art. 150, 1, 1 figura, do Cdigo Penal), que lheserviu de meio necessrio.

    1.2.4 PRINCPIO DA ALTERNATIVIDADE

    Ocorre quando uma norma jurdica prev diversas condutas,alternativamente, como modalidades de uma mesma infrao. Para estescasos, mesmo que o infrator cometa mais de uma dessas condutasalternativas, isto , se, acaso, violar mais de um dever jurdico, serapenado somente uma vez.

    comum no Direito Ambiental a norma jurdica determinar vriasmodalidades de conduta para a mesma infrao. Por exemplo, o artigo 11do Decreto 3.179, de 21.9.1999, que regulamenta a Lei 9.605/1998,estabelece:

    Art. 11. Matar, perseguir, caar, apanhar, utilizar espcimes dafauna silvestre, nativos ou em rota migratria, sem a devida

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    permisso, licena ou autorizao da autoridade competente, ouem desacordo com a obtida: multa de (...).

    O infrator ser apenado apenas uma vez, ainda que realize diversos

    comportamentos estabelecidos na norma. Por exemplo, se a pessoa caa edepois mata determinado animal silvestre, sofrer apenas uma reprimenda.

    Para ficar bem claro, vamos analisar outro exemplo: Assim dispe o artigo193 da Lei 9.503, de 23.9.1997, que institui o Cdigo de Trnsito Brasileiro:

    Art. 193. Transitar com o veculo em calada, passeios,passarelas, ciclovias, ciclofaixas, ilhas, refgios, ajardinamentos,canteiros centrais e divisores de pista de rolamento,acostamentos, marcas de canalizao, gramados e jardins

    pblicos: Penalidade: multa (...).

    Ao menos em linhas gerais, se a pessoa transita com o veculo na calada,na ciclovia e depois no acostamento, no cometer tantas infraes quantosforem os deveres violados. Trata-se de ilcito administrativo de condutasmltiplas e ele sofrer nica sano em face do princpio daalternatividade.

    Finalizando este tpico, cabe pela importncia ressaltar:

    1.3 TEMPO DO CRIME

    Caro(a) Aluno(a), imagine que Tcio atira em Mvio no dia 15 de maro de2011, quando possua 17 anos, 28 dias e 6 horas. Mvio socorrido, levado aohospital e vem a falecer no dia 03 de abril de 2011, em virtude dos disparos.

    Neste caso, Tcio poder ser condenado?

    Perceba que temos a ao ocorrendo em uma data (disparos) e o resultado em

    outra. Como encontrar a soluo para este questionamento?

    OO CCOONNFFLLIITTOO DDEE NNOORRMMASS APPARREENNTTEE,, OOUU

    SSEEJJAA,,SSEEMMPPRREEPPOODDEESSEERRSSOOLLUUCCIIOONNAADDOO

    AATTRRAAVVSSDDEEUUMMAACCOORRRREETTAAIINNTTEERRPPRREETTAAOO

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    Para determinar o tempo do crime, a doutrina criminal tem apresentado trsteorias, quais sejam, a teoria da atividade, do resultado e da ubiquidade(mista).

    Teoria da Atividade O crime ocorre no lugar em que foi praticada a aoou omisso, ou seja, a conduta criminosa. Ex.: o crime de homicdio praticado no lugar em que o agente dispara a arma de fogo com a inteno dematar a vtima;

    Teoria do Resultado O crime ocorre no lugar em que ocorreu o resultado.Ex.: o crime de homicdio praticado no lugar em que a vtima morreu, aindaque outro tenha sido o lugar da ao;

    Teoria da Ubiquidade Tambm conhecida por teoria mista, j que paraesta teoria o crime ocorre tanto no lugar em que foi praticada a ao ouomisso (atividade) como onde se produziu, ou deveria se produzir o resultado(resultado).

    O Cdigo Penal adota claramente, em seu artigo 4, a TEORIA DAATIVIDADEpara determinar o tempo do crime. Observe:

    Art. 4 - Considera-se praticado o crime no momento da ao ouomisso, ainda que outro seja o momento do resultado

    Desta forma, fica claro que em nosso exemplo inicial Tcio no poder sercondenado com base no Cdigo Penal, pois era menor quando da ao dodelito. Sero cabveis para o caso as disposies do Estatuto da Criana e doAdolescente.

    1.3.1 EFEITOS DA TEORIA DA ATIVIDADE PARA O TEMPO DO CRIME

    A adoo da teoria da atividade para a determinao do tempo do crimeapresenta algumas consequncias, dentre as quais as seguintes soimportantes para a sua PROVA:

    1.Aplica-se a lei em vigor ao tempo da conduta, exceto se a dotempo do resultado for mais benfica.

    2.Apura-se a imputabilidade NO MOMENTO DA CONDUTA.

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    Antes de prosseguirmos com a prxima consequncia, faz-se necessrio oconhecimento bsico de alguns conceitos:

    Prosseguindo:

    3.Nos crimes permanentes, enquanto perdura a ofensa ao bemjurdico (Exemplo: extorso mediante sequestro), o tempo docrime se dilatar pelo perodo de permanncia. Assim, se oautor, menor, durante a fase de execuo do crime vier aatingir a maioridade, responder segundo o Cdigo Penal eno segundo o Estatuto da Criana e do Adolescente ECA(Lei n. 8.069/90).

    DICIONRIO DO CONCURSEIRO

    CRIME PERMANENTE O CRIME CUJO MOMENTO CONSUMATIVO SE

    PROLONGA NO TEMPO. EXEMPLO: CP, ART. 148 - SEQUESTRO E CRCERE

    PRIVADO.

    CRIME CONTINUADO O INSTITUTO DO CRIME CONTINUADO UMA FICO

    JURDICA QUE, EXIGINDO O CUMPRIMENTO DE REQUISITOS OBJETIVOS

    (MESMA ESPCIE, CONDIES DE TEMPO, LUGAR, MANEIRA DE EXECUO E

    OUTRAS SEMELHANTES), EQUIPARA A REALIZAO DE VRIOS CRIMES A UM

    S. EXEMPLO: CAIXA DE SUPERMERCADO QUE, DIA APS DIA, E NAESPERANA DE QUE O SEU SUPERIOR EXERA AS SUAS FUNES

    NEGLIGENTEMENTE, TIRA PEQUENO VALOR DIRIO DO CAIXA, QUE PODETORNAR-SE CONSIDERVEL COM O PASSAR DO TEMPO.

    CRIME HABITUAL CONSOANTE CAPEZ, " O COMPOSTO PELA REITERAODE ATOS QUE REVELAM UM ESTILO DE VIDA DO AGENTE, POR EXEMPLO,

    RUFIANISMO (CP, ART. 230), EXERCCIO ILEGAL DA MEDICINA; S SECONSUMA COM A HABITUALIDADE NA CONDUTA.

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    4.Nos crimes continuados em que os fatos anteriores erampunidos por uma lei, operando-se o aumento da pena por leinova, aplica-se esta ltima a toda unidade delitiva, desde quesob a sua vigncia continue a ser praticado.

    A importantssima smula 711 do STF resume os itens 03 e 04. Observe:

    5.No Crime Habitual em que haja sucesso de leis, deve seraplicada a nova, ainda que mais severa, se o agente insistir emreiterar a conduta criminosa.

    1.4 LEI PENAL NO ESPAO

    O Cdigo Penal trata de maneira detalhada da aplicao da Lei Penal no espaoe, assim, torna claro para a sociedade onde as normas definidas peloLegislador Brasileiro sero aplicadas.

    A REGRA para dirimir conflitos e dvidas a utilizao do princpio daTERRITORIALIDADE, ou seja, aplica-se a lei penal aos crimes cometidos em

    territrio nacional. Tal preceito encontra-se no Cdigo Penal, observe:

    CAIXA

    ROUBOU

    R$100,00

    CAIXA

    ROUBOU

    R$100,00

    CAIXA

    ROUBOU

    R$100,00

    SSMMUULLAA771111DDOOSSTTFF

    AALLEEIIPPEENNAALLMMAAIISSGGRRAAVVEEAAPPLLIICCAA--SSEEAAOOCCRRIIMMEECCOONNTTIINNUUAADDOO

    OOUUAAOOCCRRIIMMEEPPEERRMMAANNEENNTTEE,,SSEEAASSUUAAVVIIGGNNCCIIAAAANNTTEERRIIOORR

    CCEESSSSAAOODDAACCOONNTTIINNUUIIDDAADDEEOOUUDDAAPPEERRMMAANNNNCCIIAA..

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    Art. 5 - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuzo de convenes,tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido noterritrio nacional.

    H excees que ocorrem quando o brasileiro pratica crime no exterior ou umestrangeiro comete delito no Brasil. Fala-se, assim, que o Cdigo Penal adotouo princpio da TERRITORIALIDADE TEMPERADA OU MITIGADA.

    Dito isto, vamos esmiuar a regra e as excees:

    1.4.1 PRINCPIO DE TERRITORIALIDADE

    Em termos jurdicos, territrio o espao em que o Estado exerce sua

    soberania poltica. Para a sua PROVA voc no precisa saber exatamente oque compreende o territrio brasileiro, bastando apenas o conhecimento dodisposto nos pargrafos 1 e 2 do artigo 5, que dispe:

    Art. 5 [...]

    1 - Para os efeitos penais, consideram-se como extenso doterritrio nacional as embarcaes e aeronaves brasileiras, denatureza pblica ou a servio do governo brasileiro onde quer quese encontrem, bem como as aeronaves e as embarcaes

    brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem,respectivamente, no espao areo correspondente ou em alto-mar.

    2 - tambm aplicvel a lei brasileira aos crimes praticados abordo de aeronaves ou embarcaes estrangeiras de propriedade

    privada, achando-se aquelas em pouso no territrio nacional ouem vo no espao areo correspondente, e estas em porto oumar territorial do Brasil.

    Com base nos supracitados pargrafos, imagine que Tcio, brasileiro, estna Argentina e confere leses corporais graves em um Hermano. Diantede tal fato, Tcio, perseguido por policiais, corre para um navio da marinhade guerra do Brasil e o adentra. Neste caso, Tcio poder ser preso pelospoliciais Argentinos?

    A resposta negativa, pois o navio ser considerado extenso do territrioBrasileiro e no poder ser penetrado peles policiais Argentinos.

    Agora outra situao... Mvio, Americano, est em um cruzeiro que passarpelas belas praias do Rio de Janeiro. Nas proximidades de Copacabana,

    Mvio atira em Caio. Diante desta situao, o que fazer? Mvio pode serpreso segundo as leis brasileiras?

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    A resposta positiva, pois, com base no pargrafo 2 do artigo 5, paracrimes praticados a bordo de embarcaes privadas estrangeiras,achando-se estas em porto ou mar territorial do Brasil, aplica-se a leibrasileira.

    Como percebe, as regras so de fcil aplicao, mas o correto entendimento fundamental para sua PROVA.

    1.4.2 PRINCPIOS QUE MITIGAM A TERRITORIALIDADE

    Vimos que o Cdigo Penal adota o princpio da territorialidade temperada oumitigada por haverem excees ao princpio da territorialidade. Vamosconhec-las:

    1.4.2.1 PRINCPIO DA NACIONALIDADE OU DA PERSONALIDADE

    Autoriza a submisso lei brasileira dos crimes praticados no estrangeiropor autor brasileiro ou contra vtima brasileira.

    Este princpio se subdivide em outros dois:

    1 Princpio da Personalidade Ativa S se considera a

    nacionalidade do autor do delito, ou seja, independentemente danacionalidade do sujeito passivo e do bem jurdico ofendido, o agente punido de acordo com a lei brasileira.

    Encontra-se disposto no art. 7., I, alnea d e II, b do Cdigo Penal:

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos noestrangeiro:

    I - os crimes: [...]

    d) de genocdio, quando o agente for brasileiro [...]II - os crimes: [...]

    b) praticados por brasileiro;

    2 - Princpio da Personalidade Passiva Considera-se somente anacionalidade da vtima do delito. Encontra previso no art. 7., 3, doCdigo Penal:

    3 - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido porestrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas ascondies previstas no pargrafo anterior:

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    a) no foi pedida ou foi negada a extradio;

    b) houve requisio do Ministro da Justia.

    1.4.2.2 PRINCPIO DA DEFESA REAL OU DA PROTEO

    A lei penal aplicada independente da nacionalidade do bem jurdicoatingido pela ao delituosa, onde quer que ela tenha sido praticada eindependente da nacionalidade do agente. O Estado protege os seusinteresses alm das fronteiras.

    Observe o preceituado no Cdigo Penal:

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos noestrangeiro:

    I - os crimes:

    a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica;

    b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do DistritoFederal, de Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa

    pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundaoinstituda pelo Poder Pblico;

    c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio;

    1.4.2.3 PRINCPIO DA JUSTIA UNIVERSAL

    As leis penais devem ser aplicadas a todo e qualquer fato punvel, sejaqual for a nacionalidade do agente, do bem jurdico lesado ou posto emperigo e em qualquer local onde o fato foi praticado.

    A lei penal deve ser aplicada a todos os homens, independentemente do

    local onde se encontrem. um princpio baseado na cooperao penal internacional e permitea punio, por todos os Estados, da totalidade dos crimes que foremobjeto de tratados e de convenes internacionais. Fundamenta-se nodever de solidariedade na represso de certos delitos cuja puniointeressa a todos os povos. Exemplos: Trfico de drogas, comrcio deseres humanos, genocdio etc.

    Encontra previso no art. 7, II, a, do Cdigo Penal:

    Art. 7 [...]

    [...]II - os crimes

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    a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir;

    1.4.2.4 PRINCPIO DA REPRESENTAO

    Segundo este princpio, deve ser aplicada a lei penal brasileira aoscrimes cometidos em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantesou de propriedade privada quando estiverem em territrio estrangeiro ea no sejam julgados. Est previsto no artigo 7, II, c, do CdigoPenal:

    Art. 7 [...]

    II - os crimes

    [...]

    c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras,mercantes ou de propriedade privada, quando em territrioestrangeiro e a no sejam julgados.

    1.4.3 LUGAR DO CRIME

    At agora falamos bastante da territorialidade, mas para sabermos se umdelito operou-se no territrio Nacional precisamos aprender comodeterminar o lugar do crime.

    Quando falamos sobre o tempo do crime, ou seja, o momento em que ocrime cometido, tratamos de trs teorias: ATIVIDADE, RESULTADO eMISTA ou da UBIQUIDADE. Est lembrado?

    Naquela oportunidade, afirmamos que para definir o momento do crimeadotou-se a teoria da atividade. Portanto, tem-se como praticado o crimeNO MOMENTO da ATIVIDADE.

    Aqui, a questo saber ONDE se tem como cometido o delito. O problema o lugar (espao) e no o tempo. Devemos, mais uma vez, para solucionarqualquer conflito, recorrer s trs teorias:

    TEORIA DA ATIVIDADE O CRIME COMETIDO NO LUGAR ONDE FOIPRATICADA A ATIVIDADE (CONDUTA= AO OU OMISSO).

    TEORIA DO RESULTADO O LUGAR DO CRIME ONDE OCORREU ORESULTADO, INDEPENDENTEMENTE DE ONDE FOI PRATICADA A CONDUTA.

    TEORIA MISTA (OU DA UBIQUIDADE) CONSIDERA, POR SUA VEZ, QUE O

    CRIME COMETIDO TANTO NO LUGAR DA ATIVIDADE QUANTO NO LUGARDO RESULTADO.

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    O Cdigo Penal, ao tratar do tema, dispe:

    Art. 6 - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreua ao ou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se

    produziu ou deveria produzir-se o resultado.

    O Cdigo Penal adotou a TTEEOORRIIAADDAAUUBBIIQQUUIIDDAADDEE, valendo ressaltar quena prpria previso do art. 6 do Cdigo Penal esta includa o lugar datentativa, ou seja, "[...] onde se produziu ou deveria produzir-se oresultado".

    Busca-se, com a teoria mista do lugar do delito, solucionar o problema dosconflitos negativos de competncia (Dentro do Territrio Nacional) e oproblema dos crimes distncia (Brasil - Exterior), em que ao e oresultado se desenvolvem em lugares diversos.Como exemplo, podemos citar o seguinte caso:

    Imagine que Tcio, residente no Brasil, envia uma carta bomba para umcidado residente na Grcia (vou parar com esse negcio de citar sargentinos), cujo nome Maradona. Maradona, grego, vem a falecer emvirtude da carta. Neste caso, segundo a norma penal, o lugar do crimetanto pode ser o Brasil quanto a Grcia.

    Ou seja, para que o Brasil seja competente na apurao e julgamento dedeterminada infrao penal, basta que poro dessa conduta delituosatenha ocorrido no territrio nacional.

    ATENO!!!

    EXISTEM ALGUMAS SITUAES PARA AS QUAIS NO SE APLICA A TEORIA DA

    UBIQUIDADE. A NICA QUE IMPORTA PARA A SUA PROVA DIZ RESPEITO AOS

    CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA, OOCCOORRRRIIDDOOSSNNOOTTEERRRRIITTRRIIOONNAACCIIOONNAALL QUE,

    SEGUNDO PACFICA JURISPRUDNCIA, A FIM DE FACILITAR A INSTRUO

    CRIMINAL E A DESCOBERTA DA VERDADE REAL, SEGUE A TEORIA DA ATIVIDADE.

    Sendo assim, imagine que Mvio atira em Caio em So Paulo. Este socorrido e levado para um hospital no Rio de Janeiro, onde vem a falecer.Temos, para este caso, a atividade em So Paulo e o resultado no Riode Janeiro. Pela regra geral, seriam competentes tanto o Juzo do Rioquanto o de So Paulo, MAAAAAS, como neste caso estamos tratando decrime doloso contra a vida, aplica-se a teoria da ATIVIDADE e no daUBIQUIDADE, sendo competente, portanto, o Juzo de So Paulo.

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    1.4.4 EXTRATERRITORIALIDADE

    Extraterritorialidade a aplicao da legislao penal brasileira aos crimescometidos no exterior.

    Conforme j tratamos, justifica-se pelo fato de o Brasil ter adotado,relativamente lei penal no espao, o princpio da territorialidade mitigada,o que autoriza, excepcionalmente, a incidncia da lei penal brasileira acrimes praticados fora do territrio nacional.

    A extraterritorialidade pode ser incondicionada ou condicionada e so estasduas espcies que veremos a partir de agora. Apresentarei primeiramenteas regras gerais e depois colocarei o que importante em um esquema, afim de facilitar a assimilao.

    Observao:

    1.4.4.1 EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA

    Como o prprio nome diz, so hipteses em que a lei brasileira aplicada, independentemente de qualquer CONDIO. Encontrapreviso do art. 7, I do Cdigo Penal, que dispe:

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos noestrangeiro:

    I - os crimes:a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica;

    b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do DistritoFederal, de Estado, de Territrio, de Municpio, de empresa

    pblica, sociedade de economia mista, autarquia ou fundaoinstituda pelo Poder Pblico;

    c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio;

    d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado noBrasil;

    NO SE ADMITE A APLICAO DA LEI PENAL BRASILEIRA S CONTRAVENES

    PENAIS OCORRIDAS FORA DO TERRITRIO NACIONAL.

    OBSERVE O DISPOSTO NA LEI DAS CONTRAVENES PENAIS:

    Art. 2 A lei brasileira s aplicvel contraveno praticada no territrio

    nacional.

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    1.4.4.2 EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA

    Relaciona-se aos crimes indicados no art. 7, II, e 3, do Cdigo Penal.

    Art. 7[...]

    II - os crimes:

    a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir;

    b) praticados por brasileiro;

    c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras,mercantes ou de propriedade privada, quando em territrioestrangeiro e a no sejam julgados.

    3 - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido porestrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas ascondies previstas no pargrafo anterior:

    a) no foi pedida ou foi negada a extradio;

    b) houve requisio do Ministro da Justia.

    A aplicao da lei penal brasileira aos crimes cometidos no exterior sesujeita s condies descritas no art. 7, 2, alneas a, b, c e

    d, e 3, do Cdigo Penal.

    2 - Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira dependedo concurso das seguintes condies:

    a) entrar o agente no territrio nacional;

    b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado;

    c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileiraautoriza a extradio;

    d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou no ter acumprido a pena;

    Tratando-se de extraterritorialidade condicionada, a lei penal brasileira subsidiria em relao aos crimes praticados fora do territrio nacional,aqui j descritos.

    Dito tudo isto sobre a extraterritorialidade, vamos esquematizar:

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    EXTRATERRITORIALIDADE

    INCONDICIONADA

    CONDICIONADA

    HIPTESES:

    *CRIME CONTRA A VIDA OU A LIBERDADE DOPRESIDENTE DA REPBLICA.

    *CRIME CONTRA O PATRIMNIO OU A F

    PBLICA DA ADMINISTRAO DIRETA OUINDIRETA.

    *CRIME CONTRA A ADMINISTRAO PBLICA,

    POR QUEM EST A SEU SERVIO.

    *CRIME DE GENOCDIO, QUANDO O AGENTE FOR

    BRASILEIRO OU DOMICILIADO NO BRASIL.

    CONDIES:

    *NO EXISTEM O AGENTE PUNIDO PELA LEI

    BRASILEIRA, AINDA QUE ABSOLVIDO OUCONDENADO NO ESTRANGEIRO.

    HIPTESES:

    *CRIMES QUE, POR TRATADO OU CONVENO, OBRASIL SE OBRIGOU A REPRIMIR.

    *CRIMES PRATICADOS POR BRASILEIRO.

    *CRIMES PRATICADOS EM AERONAVES OU

    EMBARCAES BRASILEIRAS, MERCANTES OU DEPROPRIEDADE PRIVADA, QUANDO EMTERRITRIO ESTRANGEIRO NO FOREM

    JULGADOS.

    *CRIMES PRATICADOS POR ESTRANGEIROSCONTRA BRASILEIROS FORA DO BRASIL, SE,

    REUNIDAS AS CONDIES: 1-NO FOI PEDIDA OUNEGADA A EXTRADIO; 2-HOUVE REQUISIODO MINISTRO DA JUSTIA.

    CONDIES:

    *ENTRAR O AGENTE NO TERRITRIO NACIONAL

    *SER O FATO PUNVEL ONDE FOI PRATICADO

    *ESTAR O CRIME INCLUDO ENTRE AQUELES

    PELOS QUAIS A LEI BRASILEIRA AUTORIZA AEXTRADIO

    * NO TER SIDO ABSOLVIDO NO ESTRANGEIROOU NO TER A CUMPRIDO PENA (CUMPRIMENTOPARCIAL ART. 8 DO CP)

    *NO TER SIDO PERDOADO NO ESTRANGEIRO OUEXTINTA A PUNIBILIDADE PELA LEI + FAVORVEL

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    1.5 CONSIDERAES FINAS

    1.5.1 PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO

    Imaginemos que Tcio cometeu um crime contra a vida da presidenta Dilmaem solo argentino e l foi condenado pena de seis anos de recluso, dosquais j cumpriu trs anos. Durante uma rebelio, Tcio foge e conseguechegar ao Brasil.

    Conforme j vimos, e quanto a isso no deve haver dvidas, a sentenaestrangeira no faz coisa julgada no Brasil. Logo, o autor da infraodever ser novamente julgado.

    Pensemos que Tcio foi condenado aqui no Brasil a 15 anos de recluso. O

    que ocorrer com aqueles trs anos j cumpridos? No valero de nada?Claro que valero. E a resposta para este questionamento est no artigo 8do Cdigo Penal, que, com base no j conhecido princpio do ne bis inidem, dispe:

    Art. 8 - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena impostano Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela computada, quando idnticas.

    SENDO ASSIM, CONCLUMOS QUE A PENA CUMPRIDA NOESTRANGEIRO ATENUA A PENA IMPOSTA NO BRASIL PELO MESMO

    CRIME, QUANDO DIVERSAS, OU NELA COMPUTADA QUANDOIDNTICAS.

    1.5.2 EFICCIA DA SENTENA ESTRANGEIRA

    A sentena judicial proferida pelo ESTADO com base na sua soberania e

    confere efeitos no local em que foi decidida. Assim, regra geral, umasentena judicial brasileira vale para o Brasil, uma sentena judicialparaguaia vale no Paraguai, e assim por diante.

    Contudo, existem determinadas situaes em que decises judiciais deoutras naes so recepcionadas pelo estado Brasileiro atravs de suahomologao, mediante o procedimento constitucionalmente previsto, a fimde constitu-la em ttulo executivo com validade em territrio nacional.

    Encontramos as hipteses de possibilidade de utilizao da sentenaestrangeira no art. 9 do Cdigo Penal, que leciona:

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    Art. 9 - A sentena estrangeira, quando a aplicao da leibrasileira produz na espcie as mesmas conseqncias, pode serhomologada no Brasil para:

    I - obrigar o condenado reparao do dano, a restituies e a

    outros efeitos civis;II - sujeit-lo a medida de segurana.

    Pargrafo nico - A homologao depende:

    a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parteinteressada;

    b) para os outros efeitos, da existncia de tratado de extradiocom o pas de cuja autoridade judiciria emanou a sentena, ou,na falta de tratado, de requisio do Ministro da Justia.

    Diante do que vimos at agora, responda-me: Imagine que Tcio foicondenado a determinada pena do estrangeiro. Esta sentena, seja ela qualfor, pode ser homologada e utilizada pelo Brasil, nos termos do art. 9?

    claro que........NO!!!!!

    Observe que o artigo 9 s traz duas possibilidades de homologao, queso:

    A homologao de sentena estrangeira hoje de competncia do STJ(artigo 105, I, i, da CF). Antes da Emenda Constitucional de nmero 45/04,a competncia era do STF.

    1.5.3 CONTAGEM DE PRAZO

    O artigo 10 do Cdigo Penal trata da contagem do PRAZO PENAL nosseguintes termos:

    Art. 10 - O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo.Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendrio comum.

    Vamos analis-lo por partes:

    11.. OOBBRRIIGGAARROOCCOONNDDEENNAADDOORREEPPAARRAAOODDOODDAANNOO,,AARREESSTTIITTUUIIEESSEEAAOOUUTTRROOSSEEFFEEIITTOOSSCCIIVVIISS..

    22.. SSUUJJEEIITT--LLOOAAMMEEDDIIDDAADDEESSEEGGUURRAANNAA..

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    1.O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo Imaginemosque determinado indivduo preso no dia 15 de janeiro, s 23:59h,aps sua condenao a 01(UM) dia de priso. Pergunto: Quando eleser liberado?

    Ele estar livre s 00:00h do dia 16, ou seja, ficar UM MINUTO presoe isto ser considerado UM DIA.

    Mas como assim, professor? S um minuto???

    exatamente isso!!!

    Como o dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo e, segundo o

    artigo 11 do Cdigo Penal, no h que se falar em fraes de dia,teremos 1 minuto valendo 24 horas. Observe o disposto no citado art.11 do CP:

    Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nasrestritivas de direitos, as fraes de dia, e, na pena de multa,as fraes de cruzeiro. (leia-se real). (grifo nosso)

    2.Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendrio comum No prazo penal, os dias, os meses e os anos so contados deacordo com o calendrio comum, tambm chamado de gregoriano.

    Os meses so calculados com o nmero de dias caractersticos decada um deles, e no como um perodo de 30 dias. Assim, se umindivduo preso por um ms em 10 fevereiro, quando ser solto? Em9 de maro. E se for preso em 10 de maro? Ser liberado em 9 deabril. Bem fcil, concorda?!

    Para finalizar este tpico, faz-se necessrio tecer um importantecomentrio: O prazo sempre ter natureza penal quando guardarpertinncia com ojus puniendi, ou seja, a pretenso punitiva do Estado.

    o caso, por exemplo, da prescrio e da decadncia. Como a suaocorrncia importa na extino da punibilidade, est relacionada com a

    PARA CLCULOS EM PROVA, IMPORTANTE OBSERVAR A SEGUINTE REGRA:

    SEMPRE DEVE SER CONSIDERADA NA OPERAO A DIMINUIO DE UM DIA EM

    RAZO DE SER COMPUTADO O DIA DO COMEO. DESTA FORMA, SE A PENA DE

    UM ANO E TEVE INCIO EM 20 DE SETEMBRO DE 2009, ESTAR INTEGRALMENTE

    CUMPRIDA EM 19 DE SETEMBRO DE 2010.

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    contagem de prazo penal que difere do prazo processual, definido no Cdigode Processo Penal e que, obviamente, no importa para a sua PROVA.

    1.5.4 LEGISLAO ESPECIAL

    Segundo o Cdigo Penal:

    Art. 12 - As regras gerais deste Cdigo aplicam-se aos fatosincriminados por lei especial, se esta no dispuser de mododiverso.

    As regras gerais do Cdigo Penal devem ser aplicadas s leis especiaisquando estas no tratarem de modo diverso. Assim, as regras gerais do CPtm carter subsidirio. Sero elas aplicadas quando a legislao especialno dispuser de forma diversa.

    ************************************************************

    Companheiros de estudos,

    Chegamos ao final de nossa primeira aula e agora hora de consolidar osconceitos aqui aprendidos.

    Como disse, este tema questo quase certa em sua prova e, portanto,no deixe pontos pendentes.

    Releia o Cdigo Penal do artigo 1 ao 12 e pratique com os exerccios.

    Abraos e bons estudos,

    Pedro Ivo

    O xito na vida no se mede pelo que voc conquistou, mas

    sim pelas dificuldades que superou no caminho.

    Abraham Lincoln

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    PRINCIPAIS ARTIGOS TRATADOS NA AULA

    DA APLICAO DA LEI PENAL

    Lei penal no tempo

    Art. 2 - Ningum pode ser punido por fato que lei posterior deixa deconsiderar crime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos penais dasentena condenatria.

    Pargrafo nico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer oagente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentenacondenatria transitada em julgado.

    Lei excepcional ou temporriaArt. 3 - A lei excepcional ou temporria, embora decorrido o perodo desua durao ou cessadas as circunstncias que a determinaram, aplica-se aofato praticado durante sua vigncia.

    Tempo do crime

    Art. 4 - Considera-se praticado o crime no momento da ao ouomisso, ainda que outro seja o momento do resultado.

    Territorialidade

    Art. 5 - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuzo de convenes, tratados eregras de direito internacional, ao crime cometido no territrio nacional.

    1 - Para os efeitos penais, consideram-se como extenso do territrionacional as embarcaes e aeronaves brasileiras, de natureza pblica ou aservio do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como asaeronaves e as embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedade privada,que se achem, respectivamente, no espao areo correspondente ou em alto-mar.

    2 - tambm aplicvel a lei brasileira aos crimes praticados a bordode aeronaves ou embarcaes estrangeiras de propriedade privada, achando-

    se aquelas em pouso no territrio nacional ou em vo no espao areocorrespondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.

    Lugar do crime

    Art. 6 - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a aoou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveriaproduzir-se o resultado.

    Extraterritorialidade

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:

    I - os crimes:a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repblica;

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    b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, deEstado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade deeconomia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico;

    c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio;

    d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;II - os crimes:

    a) que, por tratado ou conveno, o Brasil se obrigou a reprimir;

    b) praticados por brasileiro;

    c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes ou depropriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a no sejam julgados.

    1 - Nos casos do inciso I, o agente punido segundo a lei brasileira,ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.

    2 - Nos casos do inciso II, a aplicao da lei brasileira depende doconcurso das seguintes condies:

    a) entrar o agente no territrio nacional;

    b) ser o fato punvel tambm no pas em que foi praticado;

    c) estar o crime includo entre aqueles pelos quais a lei brasileira autorizaa extradio;

    d) no ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou no ter a cumpridoa pena;

    e) no ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo,no estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorvel.

    3 - A lei brasileira aplica-se tambm ao crime cometido porestrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condies previstasno pargrafo anterior:

    a) no foi pedida ou foi negada a extradio;

    b) houve requisio do Ministro da Justia.

    Pena cumprida no estrangeiro

    Art. 8 - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasilpelo mesmo crime, quando diversas, ou nela computada, quando idnticas.

    Contagem de prazo

    Art. 10 - O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo. Contam-se osdias, os meses e os anos pelo calendrio comum.

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    PONTOS PRINCIPAIS TRATADOS NA AULA

    DA APLICAO DA LEI PENAL

    01) Princpio da legalidade (reserva legal): no h crime sem lei que o defina;no h pena sem cominao legal. (AULA 00)

    02) Princpio da anterioridade: no h crime sem lei anterior que o defina; noh pena sem prvia imposio legal. (AULA 00)

    Eficcia Temporal da Lei Penal

    03) Tempo do crime: Tempo do crime o momento em que ele se consideracometido.

    04) Teoria da atividade (art.4): Atende-se ao momento da prtica da ao (aoou omisso); Considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, aindaque seja outro o momento do resultado. a teoria adotada pelo CP.

    05) Teoria do resultado: Considera o tempo do crime o momento da produo doresultado.

    06) Teoria mista (ubiquidade): Considera o momento da ao ou do resultado.Eficcia da Lei Penal no Espao

    07) Princpio da territorialidade: A lei penal s tem aplicao no territrio doEstado que a determinou, sem atender nacionalidade do sujeito ativo do delito oudo titular do bem jurdico lesado.

    08) Princpio da nacionalidade: A lei penal do Estado aplicvel a seus cidadosonde quer que se encontrem; divide-se em:

    a) Princpio da nacionalidade ativa (aplica-se a lei nacional ao cidado que cometecrime no estrangeiro, independentemente da nacionalidade do sujeito passivo);

    b) Princpio da personalidade passiva (exige que o fato praticado pelo nacional noestrangeiro atinja um bem jurdico do seu prprio Estado ou de um co-cidado).

    09) Princpio da defesa: Leva em conta a nacionalidade do bem jurdico lesado pelocrime, independentemente do local de sua prtica ou da nacionalidade do sujeitoativo.

    10) Princpio da justia penal universal: Preconiza o poder de cada Estado depunir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade do delinqente e da vtima ou o

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    local de sua prtica.

    11) Princpio da representao: Nos seus termos, a lei penal de determinado pas tambm aplicvel aos delitos cometidos em aeronaves e embarcaes privadas,quando realizados no estrangeiro a a no venham a ser julgados.

    * O CP adotou o princpio da territorialidade como regra; os outros como exceo.

    12) Lugar do crime: Lugar do crime o lugar onde ele se considera praticado.

    13) Teoria da atividade: De acordo com ela, considerado lugar do crime aqueleem que o agente desenvolveu a atividade criminosa, onde praticou os atosexecutrios.

    14) Teoria do resultado: O local do crime o lugar da produo do resultado.

    15) Teoria da ubiquidade (art. 6, CP): Nos termos dela, lugar do crime aqueleem que se realizou qualquer dos momentos do iter criminis, seja da prtica dos atosexecutrios, seja da consumao. a teoria adotada pelo Cdigo Penal.

    16) Extraterritorialidade: ressalva a possibilidade de renncia de jurisdio doEstado, mediante convenes, tratados e regras de direito internacional; o art. 7prev uma srie de casos em que a lei penal brasileira tem aplicao a delitospraticados no estrangeiro. No esquea de rever o citado artigo.

    Disposies Finais do Ttulo I da Parte Geral

    17) Contagem de prazo: O art. 10 do CP estabelece regras a respeito.

    Determina a primeira regra que o dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo;

    J a segunda determina que no prazo penal, os dias, os meses e os anos so contadosde acordo com o calendrio comum, tambm chamado de gregoriano.

    Os meses so calculados com o nmero de dias caractersticos de cada um deles, eno como um perodo de 30 dias.

    18) Fraes no computveis da pena: Desprezam-se, nas penas privativas deliberdade e nas restritivas de direito, as fraes de dias e, na pena de multa, as

    PARA CLCULOS EM PROVA, IMPORTANTE OBSERVAR A SEGUINTE REGRA:

    SEMPRE DEVE SER CONSIDERADA NA OPERAO A DIMINUIO DE UM DIA EM

    RAZO DE SER COMPUTADO O DIA DO COMEO. DESTA FORMA, SE A PENA DE

    UM ANO E TEVE INCIO EM 20 DE SETEMBRO DE 2009, ESTAR INTEGRALMENTE

    CUMPRIDA EM 19 DE SETEMBRO DE 2010.

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    fraes de cruzeiro (art. 11).

    19) Legislao especial: As regras gerais do CP so aplicveis aos fatosincriminados por lei especial, se esta no dispe de modo diverso; regras gerais doCdigo so as normas no incriminadoras, permissivas ou complementares, previstasna Parte Geral ou Especial (art. 12).

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    EXERCCIOS

    1. (ESAF / AFT / 2010) Camargo, terrorista, tenta explodir agncia do Bancodo Brasil, na Frana. Considerando o princpio da extraterritorialidade

    incondicionada, previsto no Cdigo Penal brasileiro, correto afirmar que:

    a) Camargo s pode ser processado criminalmente na Frana.

    b) O Estado brasileiro no tem interesse em delitos ocorridos fora do Brasil.

    c) Caso Camargo tenha sido condenado e encarcerado na Frana, no poder serpreso no Brasil.

    d) O fato deve ser julgado no local onde ocorreu o crime: na Frana.

    e) Mesmo Camargo tendo sido julgado na Frana, poder ser julgado no Brasil.

    GABARITO: E

    COMENTRIOS: Questo que exige o conhecimento do art. 7 no tocante aextraterritorialidade.

    Observe que o art. 7, I, b, atribui a aplicabilidade da lei brasileira aos crimes contrao patrimnio de sociedade de economia mista instituda pelo poder pblico. Assim, nocaso em tela, mesmo Camargo tendo sido julgado na Frana, poder ser julgado noBrasil.

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos noestrangeiro

    I - os crimes:

    b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, deEstado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade deeconomia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico;

    2. (ESAF / PGFN / 2007) luz da aplicao da lei penal no tempo, dosprincpios da anterioridade, da irretroatividade, retroatividade e ultratividade

    da lei penal, julgue as afirmaes abaixo relativas ao fato de Mvio ter sidoprocessado pelo delito de adultrio em dezembro de 2004, sendo que a Lei n.11.106, de 28 de maro de 2005, aboliu o crime de adultrio:

    I. Caso Mvio j tenha sido condenado antes de maro de 2005, permanecer sujeito pena prevista na sentena condenatria.

    II. A lei penal pode retroagir em algumas hipteses.

    III. Caso Mvio no tenha sido condenado no primeiro grau de jurisdio, poder

    ocorrer a extino de punibilidade desde que a mesma seja provocada pelo ru.IV. Na hiptese, ocorre o fenmeno da abolitio criminis.

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    A) Todas esto corretas.

    B) Somente I est incorreta.

    C) I e IV esto corretas.D) I e III esto corretas.

    E) II e IV esto corretas.

    GABARITO: E

    COMENTRIOS:

    Vamos analisar as alternativas:

    Item I Incorreto O fato de Mvio j ter sido condenado no importa no caso emtela, pois, segundo o art. 2 do CP, a retroao atinge os efeitos penais da sentenacondenatria.

    Art. 2 - Ningum pode ser punido por fato que lei posterior deixa deconsiderar crime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos

    penais da sentena condenatria.

    Item II Correto Conforme estudamos exaustivamente, em alguns casos h

    possibilidade da retroao.

    Item III Incorreto No h qualquer obrigatoriedade de provocao por parte doru. Os efeitos de uma lei mais benfica atingem AUTOMATICAMENTE os que por elaforem abrangidos.

    Item IV Correto O instituto da abolitio criminis ocorre quando uma lei nova tratacomo lcito fato anteriormente tido como criminoso, ou melhor, quando a lei nova

    descriminaliza fato que era considerado infrao penal.

    3. (ESAF / MPU / 2004) Em se tratando de extraterritorialidade, pode-seafirmar que se sujeitam lei brasileira, embora praticados no estrangeiro,

    A) os crimes contra a administrao pblica, por quem no est a seu servio.

    B) os crimes de genocdio, ainda que o agente no seja brasileiro ou domiciliado noBrasil.

    C) os crimes praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, quando emterritrio estrangeiro, mesmo que a sejam julgados.

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    D) os crimes contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, deEstado ou de Municpio.

    E) os crimes contra o patrimnio praticados contra o presidente da Repblica.

    GABARITO: D

    COMENTRIOS: Exige o conheciento do art. 7 do CP. Vamos analisar:

    Alternativa A Contraria o Art. 7, I, c do CP. Veja:

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos noestrangeiro:

    I - os crimes:

    [...]c) contra a administrao pblica, por quem est a seu servio;(grifei)

    Alternativa B Contraria o Art. 7, I, d do CP. Veja:

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos noestrangeiro:

    I - os crimes:[...]

    d) de genocdio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado noBrasil. (grifei)

    Alternativa C Contraria o Art. 7, II, c do CP. Veja:

    Art. 7 - Ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos noestrangeiro:

    II - os crimes:

    c) praticados em aeronaves ou embarcaes brasileiras, mercantes oude propriedade privada, quando em territrio estrangeiro e a nosejam julgados.

    Alternativa D a alternativa correta. a reproduo exata do Art. 7, I, b doCP. Veja:

    b) contra o patrimnio ou a f pblica da Unio, do Distrito Federal, deEstado, de Territrio, de Municpio, de empresa pblica, sociedade deeconomia mista, autarquia ou fundao instituda pelo Poder Pblico

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    Alternativa E Incorreta Sujeitam-se lei brasileira, embora praticados noestrangeiro, os crimes contra a liberdade ou a vida do Presidente da Repblica.

    4. (ESAF / CGU / 2006) A pratica o crime s 23 horas e 32 minutos do dia 27de novembro. O prazo prescricional comea a fluir:

    A) no dia 27 de novembro.

    B) no dia 28 de novembro.

    C) no dia da instaurao do inqurito policial.

    D) no dia do oferecimento da denncia.

    E) no dia do recebimento da denncia.

    GABARITO: A

    COMENTRIOS: Como vimos em nossa aula, o prazo prescricional segue a regra doprazo penal. Logo, inclui-se o dia de incio, conforme regra presente no artigo 10 doCdigo Penal:

    Art. 10 - O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo. Contam-se osdias, os meses e os anos pelo calendrio comum.

    5. (ESAF / CGU / 2006) A lei penal aplica-se retroativamente quando:

    A) a contraveno penal torna-se crime.

    B) o crime torna-se contraveno penal.

    C) a pena de deteno torna-se de recluso.

    D) a pena de multa torna-se de deteno.

    E) ocorrer a prescrio da pretenso punitiva.

    GABARITO: B

    COMENTRIOS: Vimos que a lei penal s retroage para beneficiar o ru. Sendoassim, dentre as alternativas apresentadas, a nica em que temos uma penalizaomais grave passando a um menor a prevista na letra B.

    6. (FCC / Defensor Pblico-MA / 2009) Sobre a aplicao da lei penal e da leiprocessual penal no tempo, desde que no sejam de natureza mista,

    A) vigora apenas o mesmo princpio da irretroatividade.

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    B) vigora apenas o mesmo princpio da ultratividade da lei mais benfica.

    C) vigoram princpios diferentes em relao a cada uma das leis.

    D) vigoram princpios diferentes em relao a cada uma das leis, salvo ultratividadeda lei mais benfica.

    E) vigoram os mesmos princpios da irretroatividade e da ultratividade da lei maisbenfica.

    GABARITO: C

    COMENTRIOS: A Constituio Federal, consagrando o princpio da retroatividadeda norma penal mais benfica, dispe em seu art. 5, XL, que a lei penal noretroagir, salvo para beneficiar o ru.

    Tal princpio tambm est presente no pargrafo nico do art. 2 do Cdigo Penal nosseguintes termos:

    Art. 2 [...]

    Pargrafo nico - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer oagente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos porsentena condenatria transitada em julgado.

    No que diz respeito s leis processuais penais, o legislador ptrio adotou o princpio do

    tempus reget actumque impe a aplicao imediata das normas processuais penais,no havendo efeito retroativo nem para beneficiar o agente.

    Diante do exposto, pode-se afirmar que a lei penal e a processual penal possuemprincpios diferentes no que diz respeito aplicabilidade.

    Vale ressaltar que no raro que as normas jurdicas possuam natureza mista, ora denatureza processual e ora de natureza material. Neste caso, se a norma processualpenal possuir tambm carter material penal, atribuir-se- efeito retroativo aodispositivo que for mais favorvel ao ru. o caso, por exemplo, da prescrio e dadecadncia.

    7. (FCC / Procurador-SP / 2008) A retroatividade de lei penal que no maisconsidera o fato como criminoso:

    A) exclui a imputabilidade.

    B) afasta a tipicidade.

    C) extingue a punibilidade.

    D) atinge a culpabilidade.

    E) causa de perdo judicial.

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    GABARITO: C

    COMENTRIOS: O instituto da abolitio criminis surge quando uma lei nova tratacomo lcito fato anteriormente tido como criminoso ou, em outras palavras, quando alei nova descriminaliza fato que era considerado infrao penal.

    Quando ocorre esta situao, com base no preceituado no art. 2 do Cdigo Penal, oEstado perde o direito de punir o agente, ou seja, opera-se a extino dapunibilidade.

    Observe o texto legal:

    Art. 2 - Ningumpode ser punido por fato que lei posterior deixa deconsiderar crime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos

    penais da sentena condenatria. (grifei)

    8. (FCC / ISS-SP / 2007) Na contagem dos prazos penais,

    A) Inclui-se o dia do comeo.

    B) Considera-se como termo inicial a data da intimao.

    C) Considera-se como termo inicial a data da juntada do mandado aos autos.

    D) Considera-se como termo inicial o dia seguinte ao da intimao.

    E) Descontam-se os feriados.

    GABARITO: A

    COMENTRIOS: Esta questo no apresenta muita dificuldade, pois exige apenas oconhecimento do disposto no artigo 10 do Cdigo Penal, que dispe que o prazo penalinclui no cmputo do prazo o dia do comeo.

    Art. 10 - O dia do comeo inclui-se no cmputo do prazo. Contam-se os

    dias, os meses e os anos pelo calendrio comum.

    9. (FCC / SEFAZ RO / 2006) Na definio do local onde a ao criminosa desenvolvida, o ordenamento penal brasileiro abraou a seguinte teoria:

    A) Da inteno

    B) Da interao

    C) Da atividade

    D) Do resultadoE) Da ubiquidade

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    GABARITO: E

    COMENTRIOS: O Cdigo Penal adota a teoria da ubiquidade quando, ao tratar dotema, dispe:

    Art. 6 - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu aao ou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu oudeveria produzir-se o resultado.

    10. (FGV / TCM - RJ / 2008) A organizao no-governamental holandesaExpanding minds, dirigida pelo psiclogo holands Johan Cruiff, possui umbarco de bandeira holandesa que navega ao redor do mundo recebendopessoas que desejam consumir substncias entorpecentes que alteram a

    percepo da realidade. O prefeito de um municpio decide embarcar parafazer uso recreativo da substncia Cannabis sativa, popularmente conhecidacomo maconha. Na ocasio em que ele fez uso dessa substncia, o barcoestava em alto-mar, alm do limite territorial brasileiro ou de qualquer outropas. Sabendo que a lei brasileira pune criminalmente o consumo desubstncia entorpecente e que a maconha considerada pela legislaobrasileira uma substncia entorpecente, ao passo que a Holanda admite esseconsumo para fins recreativos, assinale a alternativa correta a respeito docrime praticado pelo prefeito.

    A) nenhum crime

    B) crime de consumo de substncia entorpecente

    C) crime de responsabilidade

    D) improbidade administrativa

    E) crime contra a f pblica

    GABARITO: A

    COMENTRIOS: A regra, segundo o Cdigo Penal, a aplicao do princpio daterritorialidade. Logo, no caso apresentado, se o navio, com bandeira holandesa, estem alto mar, alm do limite territorial brasileiro ou de qualquer outro pas, no h quese falar em aplicabilidade da Lei Penal Brasileira.

    11. (FCC / MPU / 2007) certo que se aplica a lei brasileira aos crimespraticados a bordo de:

    A) embarcaes mercantes brasileiras que estejam em mar territorial estrangeiro.

    B) embarcaes mercantes brasileiras que estejam em porto estrangeiro.

    C) aeronaves mercantes brasileiras que estejam em espao areo estrangeiro.D) aeronaves mercantes brasileiras que estejam em pouso em aeroporto estrangeiro.

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    E) embarcao estrangeira de propriedade privada que esteja em mar territorialbrasileiro.

    GABARITO: E

    COMENTRIOS: O pargrafo 1 do artigo 5 do Cdigo Penal considera comoextenso do territrio nacional:

    As embarcaes e aeronaves brasileiras de natureza pblica;

    As embarcaes e aeronaves brasileiras a servio do governo brasileiro;

    As aeronaves e as embarcaes brasileiras, mercantes ou de propriedadeprivada que se achem, respectivamente, no espao areo correspondente ouem alto-mar.

    Sendo assim, segundo o CP, as embarcaes e aeronaves mercantes s estarosujeitas lei brasileira se estiverem no pas ou em alto-mar (ou no espao areocorrespondente), o que torna incorretas as alternativas A, B, C e D.

    Na alternativa E tem-se a situao em que uma embarcao estrangeira, denatureza privada, encontra-se em mar territorial brasileiro. Para este caso, haveraplicabilidade do princpio da territorialidade e, portanto, da lei penal brasileira.

    12. (ESAF / AFT / 2003) A entrada em vigor de uma lei posterior que deixade considerar determinado fato como criminoso exclui:

    A) somente a punibilidade.

    B) a ilicitude.

    C) a imputabilidade penal.

    D) somente a culpabilidade.

    E) a ilicitude, a imputabilidade penal e a culpabilidade, conforme o caso

    GABARITO: ACOMENTRIOS: Esta questo ficar mais clara com os conhecimentos que aindaviro, mas desde j importante saber que a aplicao do artigo 2 do CP comrelao extino da punibilidade da conduta, ou seja, a ocorrncia de abolitiocriminis exclui somente a punibilidade.

    13. (ESAF / SERPRO / 2001) Um paciente, vtima de um atropelamento, estinternado em um hospital de Buenos Aires, recebendo tratamento mdico deemergncia. Seu estado grave. Deve, pois, tomar determinadomedicamento de trs em trs horas, com o que dever se curar. O controle de

    sua evoluo clnica feito por computador. Um brasileiro, radicado em SoPaulo, invade o computador daquele hospital e altera aquela periodicidadepara 6 horas. O paciente morre. Pergunta-se: onde foi cometido o crime?

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    A) no Brasil e na Argentina

    B) s na Argentina

    C) s no Brasil

    D) o fato atpico

    E) em nenhum dos pases

    GABARITO: A

    COMENTRIOS: O Cdigo Penal adotou a teoria da ubiquidade. Observe:

    Art. 6 - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a aoou omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu oudeveria produzir-se o resultado.

    Segundo esta teoria, CONSIDERA-SE, POR SUA VEZ, QUE O CRIME COMETIDOTANTO NO LUGAR DA ATIVIDADE QUANTO NO LUGAR DO RESULTADO.

    14. (ESAF / AFRF / 2002 ) Em matria de Direito Penal, assinale a opocorreta.

    A) Aplica-se a lei brasileira, com prejuzo de convenes, tratados e regras de direitointernacional, ao crime cometido no territrio nacional.

    B) Para efeitos penais, no se consideram como extenso do territrio nacional asembarcaes e aeronaves brasileiras.

    C) No se aplica a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ouembarcaes estrangeiras de propriedade privada, achando- se aquelas em pouso noterritrio nacional ou em vo no espao areo correspondente, e estas em porto oumar territorial do Brasil.

    D) Considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, ainda que outroseja o momento do resultado.

    E) A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, no se aplica aos fatosanteriores ela.

    GABARITO: D

    COMENTRIOS:

    Alternativa A Incorreta Como vimos, o Brasil adota a o princpio daterritorialidade mitigada ou temperada. A alternativa contraria o disposto no CdigoPenal quando trata do tema:

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    Art. 5 - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuzo de convenes, tratadose regras de direito internacional, ao crime cometido no territrionacional.

    Alternativa B Incorreta A alternativa generaliza e, assim, contraria o pargrafo1 do artigo 5.

    Art. 5 [...]

    1 - Para os efeitos penais, consideram-se como extenso do territrionacional as embarcaes e aeronaves brasileiras, de natureza pblica oua servio do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem comoas aeronaves e as embarcaes brasileiras, mercantes ou de

    propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espao areocorrespondente ou em alto-mar.

    Alternativa C Claramente incorreta. A banca repetiu o pargrafo 2 do artigo 5colocando a palavra No na frente. Observe:

    2 - tambm aplicvel a lei brasileira aos crimes praticados a bordode aeronaves ou embarcaes estrangeiras de propriedade privada,achando-se aquelas em pouso no territrio nacional ou em vo noespao areo correspondente, e estas em porto ou mar territorial doBrasil.

    Alternativa D Correta Reproduo do artigo 4, que trata do tempo do crime:

    Art. 4 - Considera-se praticado o crime no momento da ao ouomisso, ainda que outro seja o momento do resultado

    Alternativa E Incorreta A lei penal retroage para beneficiar o ru.

    15. (FCC / MPDF / 2008) Com relao aplicao da lei penal, corretoafirmar-se que:

    A) a lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se somente afatos anteriores ainda no decididos por sentena.

    B) ningum pode ser punido por fato que a lei posterior deixa de considerar crime,cessando em virtude dela a execuo, preservando-se, no entanto, os efeitos penaisda sentena condenatria.

    C) a lei excepcional ou temporria, decorrido o perodo de sua durao ou cessadas as

    circunstncias que a determinaram, perde a sua eficcia, mesmo com relao aosfatos praticados durante a sua vigncia.

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    D) considera-se praticado o crime no momento da ao ou omisso, ainda que outroseja o momento do resultado.

    E) ficam sujeitos lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes contra avida ou a liberdade de governador de Estado brasileiro.

    GABARITO: D

    COMENTRIOS:

    Alternativa A Incorreta A lei posterior que de qualquer modo favorece o agenteser aplicada ainda que os fatos j tenham sido decididos por sentena penaltransitada em julgado. o que prev o artigo 2, pargrafo nico, do CP. Alm disso,no qualquer lei que por favorecer o agente RETROAGE, mas somente as leis comEFEITOS PENAIS.

    Alternativa B Incorreta Trata da abolitio criminis prevista no artigo 2, caput,do CP. Sabemos que a abolitio criminis faz cessar a execuo da pena bem como osefeitos penais da sentena penal condenatria.

    Alternativa C Incorreta A lei excepcional ou temporria continua a reger osfatos ocorridos sob sua vigncia, mesmo depois de auto-revogadas (artigo 3, do CP).

    Alternativa D Correta De acordo com o artigo 4, do CP, considera-se praticadoo crime no momento da conduta (atividade), independentemente de quando vem a

    ocorrer o resultado.

    Alternativa E Incorreta Aplica-se a lei penal brasileira, de forma incondicionada,quando praticado o fato no exterior em detrimento da VIDA ou LIBERDADE doPresidente da Repblica e no do Governador de Estado.

    16. (FCC / Secretrio de Diligncias - MPE-RS / 2010) Em tema de aplicaoda lei penal, INCORRETO afirmar:

    a) Na contagem do prazo pelo Cdigo Penal, no se inclui no seu cmputo, o dia do

    comeo, nem se desprezam na pena de multa, as fraes de Real.b) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ao ou omisso, notodo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.

    c) O princpio da legalidade compreende os princpios da reserva legal e daanterioridade.

    d) A regra da irretroatividade da lei penal somente se aplica lei penal mais gravosa.

    e) As leis temporrias ou excepcionais so autorrevogveis e ultrativas.

    GABARITO: A

    COMENTRIOS: A questo exige do candidato o conhecimento dos arts. 10 e 11, doCdigo Penal.

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    Segundo os citados dispositivos, o dia do comeo inclui-se no cmputo do prazopenal. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendrio comum e desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as fraes de dia, e,na pena de multa, as fraes de cruzeiro.

    17. (VUNESP / Analista - MPE-SP / 2010) Considere que um indivduo, denacionalidade chilena, em territrio argentino, contamine a gua potvel queser utilizada para distribuio no Brasil e Paraguai. Considere, ainda, queneste ltimo pas, em razo da contaminao, ocorre a morte de um cidadoparaguaio, sendo que no Brasil vitimado, apenas, um equatoriano.

    De acordo com a regra do art. 6., do nosso Cdigo Penal ("lugar do crime"),considera-se o crime praticado

    a) na Argentina, apenas.b) no Brasil e no Paraguai, apenas.

    c) no Chile e na Argentina, apenas.

    d) na Argentina, no Brasil e no Paraguai, apenas.

    e) no Chile, na Argentina, no Paraguai, no Brasil e no Equador.

    GABARITO: D

    COMENTRIOS: O crime considerado praticado no lugar em que ocorreu a ao ou

    omisso, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se oresultado. Da extrai-se a teoria da ubiquidade.

    Dado isso, notamos na questo que o crime (contaminao da gua) foi praticado naArgentina e o resultado (morte de quem tomou a gua contaminada) ocorreu noBrasil e no Paraguai.

    18. (CESGRANRIO / Investigad