aula 00

85
Aula 00 Direito Processual Penal p/ Agente Penitenciário-DF (com videoaulas) Professor: Renan Araujo 00000000000 - DEMO

Upload: kellcost

Post on 12-Nov-2015

214 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • Aula 00

    Direito Processual Penal p/ Agente Penitencirio-DF (com videoaulas)

    Professor: Renan Araujo

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 1 de 84

    AULA DEMONSTRATIVA: DISPOSIES

    INTRODUTRIAS AO ESTUDO DO DIREITO

    PROCESSUAL PENAL: PRINCPIOS APLICVEIS

    AO DIREITO PROCESSUAL PENAL. APLICAO DA

    LEI PROCESSUAL PENAL

    SUMRIO PGINA Apresentao e Cronograma 01 I Introduo 05 II - Ne procedat iudex ex officio 06 III - Devido Processo Legal 08 IV - Da Presuno de Inocncia 12 V - Vedao s provas ilcitas 17 VI - Obrigatoriedade de motivao das decises 19 VII Publicidade 21 VIII - Isonomia Processual ou par conditio 23 IX - Duplo Grau de Jurisdio 24 X - Do Juiz Natural e do Promotor Natural 25 XI - Aplicao da Lei Processual no espao 27 XII - Aplicao da Lei Processual no tempo 31 XIII - Disposies preliminares do CPP (Interpretao e Integrao da Lei Processual)

    35

    Resumo da Aula 37 Lista das questes 41 Questes comentadas 55 Gabarito 83

    Ol, meus amigos!

    com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo

    ESTRATGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir

    para a aprovao de vocs no concurso da SECRETARIA DE

    ADMINISTRAO PENITENCIRIA DO DF (2015). Ns vamos

    estudar teoria e comentar exerccios sobre DIREITO PROCESSUAL

    PENAL, para o cargo de AGENTE PENITENCIRIO.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 2 de 84

    A Banca que ir organizar o concurso ser a FUNIVERSA! So 200

    vagas!

    A prova est agendada para o dia 19.04.2015.

    Bom, est na hora de me apresentar a vocs, no ?

    Meu nome Renan Araujo, tenho 27 anos, sou Defensor Pblico

    Federal desde 2010, titular do 16 Ofcio Cvel da Defensoria Pblica da

    Unio no Rio de Janeiro e mestrando em Direito Penal pela

    Faculdade de Direito da UERJ. Antes, porm, fui servidor da Justia

    Eleitoral (TRE-RJ), onde exerci o cargo de Tcnico Judicirio, por dois

    anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e ps-graduado em Direito

    Pblico pela Universidade Gama Filho.

    Disse a vocs minha idade propositalmente. Minha trajetria de vida

    est intimamente ligada aos Concursos Pblicos. Desde o comeo da

    Faculdade eu sabia que era isso que eu queria pra minha vida! E querem

    saber? Isso faz toda a diferena! Algumas pessoas me perguntam como

    consegui sucesso nos concursos em to pouco tempo. Simples: Foco +

    Fora de vontade + Disciplina. No h frmula mgica, no h ingrediente

    secreto! Basta querer e correr atrs do seu sonho! Acreditem em mim,

    isso funciona!

    Bom, como j adiantei, neste curso estudaremos todo o contedo

    de Direito Processual Penal previsto no edital. Estudaremos teoria e

    vamos trabalhar tambm com exerccios comentados.

    Abaixo segue o plano de aulas do curso todo:

    AULA CONTEDO DATA

    Aula 00

    Princpios do Direito Processual Penal.

    Aplicao da Lei processual penal.

    Disposies preliminares do CPP.

    Disposies constitucionais aplicveis.

    22/12

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 3 de 84

    Aula 01 Inqurito Policial 05/01

    Aula 02 Ao Penal 10/01

    Aula 03

    Priso e liberdade provisria (parte I).

    Priso em flagrante (espcies, hipteses,

    etc.). Priso preventiva. Priso temporria

    (Lei 7.960/89)

    15/01

    Aula 04

    Priso e liberdade provisria (parte II).

    Medidas cautelares diversas da priso.

    Fiana.

    20/01

    Aula 05 Processo e julgamento dos crimes de

    responsabilidade dos funcionrios pblicos 23/01

    Aula 06 Habeas corpus e seu processo 26/01

    Aula 07 Execuo penal (Lei 7.210/84). 29/01

    As aulas sero disponibilizadas no site conforme o cronograma

    apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questes que foram

    cobradas em concursos pblicos. Sempre que possvel,

    trabalharemos com questes da prpria FUNIVERSA, que a

    Banca do concurso, mas a grande maioria de nossas questes ser

    de outras Bancas consagradas, como FGV, ESAF, CESPE, etc., pois

    o Banco de questes da FUNIVERSA em Direito Processual Penal

    bem reduzido.

    Alm do nosso material em formato PDF, teremos, ainda

    videoaulas de apoio, de forma a complementar nossa preparao.

    Sero aproximadamente 10 vdeos (com durao de 20 a 35 minutos

    cada, aproximadamente), que versaro sobre os pontos mais

    importantes da matria.

    No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos!

    Prof. Renan Araujo

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 4 de 84

    Observao importante: este curso protegido por direitos autorais

    (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida

    a legislao sobre direitos autorais e d outras providncias.

    Grupos de rateio e pirataria so clandestinos, violam a lei e prejudicam os

    professores que elaboram os cursos. Valorize o trabalho de nossa equipe

    adquirindo os cursos honestamente atravs do site Estratgia Concursos.

    ;-)

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 5 de 84

    I INTRODUO

    O estudo de qualquer ramo do Direito, atualmente, se inicia

    necessariamente com o estudo das disposies constitucionais a ele

    referentes. No possvel estudar Direito do Trabalho sem estudar os

    arts. 6 e 7, por exemplo, ou estudar Direito Civil sem antes analisar o

    art. 5, XXII.

    Esse movimento contemporneo chamado Constitucionalizao do

    Direito nos leva a isso. Todo o ordenamento jurdico est impregnado

    pela Constituio.

    Alguns de vocs talvez ainda no saibam, mas a Constituio uma

    lei (assim como as demais), porm, uma lei de hierarquia superior a

    WRGDV DV RXWUDV $ &RQVWLWXLomR )HGHUDO QmR p XPD PHUD &DUWD GHUHFRPHQGDo}HV PDV XPD OHL HP VHX sentido mais estrito, que prev regras e princpios dotados de alto valor normativo (Eles estabelecem

    deveres de conduta, no apenas recomendaes).

    Assim, no que se refere ao Direito Processual Penal no diferente.

    Existem inmeros dispositivos da Constituio Federal que se destinam

    aplicao nesse ramo do Direito que vamos estudar.

    Mas porque isso, professor? Isso acontece porque o Poder

    Constituinte Originrio (Aquele que elabora a Constituio) entende que

    algumas questes so de extrema relevncia, e devem ser tratadas na Lei

    Mxima (Que a Constituio), no deixando esse regramento ao

    legislador ordinrio (Poder Legislativo). Desta maneira, ao elevar certas

    regras e princpios Constituio, o Poder Constituinte deu a eles uma

    hierarquia mais elevada, de forma a garantir que o legislador

    infraconstitucional no venha a suprimi-los.

    Feita esta breve introduo, vamos passar anlise especfica das

    disposies constitucionais aplicveis ao Processo Penal.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 6 de 84

    II 35,1&3,2'21(352CEDAT IUDEX E;2)),&,228'$INICIATIVA DAS PARTES OU DA INRCIA

    Alguns doutrinadores no consideram este um princpio do processo

    penal com base constitucional. Entretanto, melhor pecarmos pelo

    excesso e estudarmos este tambm, pois h fatores que podem ser

    considerados para caracteriz-lo como um princpio de base

    constitucional.

    Este princpio diz que o Juiz no pode dar incio ao processo penal,

    pois isto implicaria em violao da sua imparcialidade, j que, ao dar

    incio ao processo, o Juiz j d sinais de que ir condenar o ru.

    Antigamente, antes do advento da Constituio, havia o chamado

    procedimento judicialiforme, no qual o Juiz iniciava, de ofcio (sem

    provocao), o processo penal das contravenes penais.

    Com o advento da nova Constituio esse procedimento no foi

    recepcionado (no tem mais vigncia, pois contraria a nova Constituio).

    Um dos dispositivos constitucionais que d base a esse entendimento o

    art. 129, I da Constituio Federal:

    Art. 129. So funes institucionais do Ministrio Pblico:

    I - promover, privativamente, a ao penal pblica, na forma da lei;

    Percebam que a Constituio estabelece como sendo privativa do MP

    a promoo da ao penal pblica. Assim, diz-se que R03pRWLWXODUGDDomRSHQDOS~EOLFD

    Mas e a ao penal privada, professor? Mais frente vocs vero

    que a ao penal privada de titularidade do ofendido. Assim, o Juiz j

    no poderia a ela dar incio por sua prpria natureza, j que a lei

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 7 de 84

    considera que, nesses casos, o interesse do ofendido em processar ou no

    o infrator se sobrepe ao interesse do Estado na persecuo penal.

    Este princpio o alicerce mximo daquilo que se chama de sistema

    acusatrio, que o sistema adotado pelo nosso processo penal. No

    sistema acusatrio existe uma figura que acusa e outra figura que julga,

    diferentemente do sistema inquisitivo, no qual acusador e julgador se

    confundem na mesma pessoa, o que gera parcialidade do julgador,

    ofendendo inmeros outros princpios.

    Entretanto, este princpio no impede que o Juiz determine a

    realizao de diligncias que entender necessrias para elucidar

    questo relevante para o deslinde do processo. Isso porque no

    Processo Penal, diferentemente do que ocorre no Processo Civil, vigora o

    princpio da verdade real ou material, no da verdade formal. Assim,

    no processo penal no h presuno de veracidade das alegaes da

    acusao em caso de ausncia de manifestao em contrrio pelo ru,

    pois o interesse pblico pela busca da efetiva verdade impede isto.

    III PRINCPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (DUE PROCESS OF LAW)

    Esse princpio o que se pode chamar de base principal do Direito

    Processual brasileiro, pois todos os outros, de uma forma ou de outra,

    encontram nele seu fundamento. Este princpio est previsto no art. 5,

    LIV da CRFB/88, nos seguintes termos:

    LIV - ningum ser privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 8 de 84

    Assim, a Constituio estabelece que ningum poder sofrer privao

    de sua liberdade ou de seus bens sem que haja um processo prvio, em

    que lhe seja assegurada toda a sorte de instrumentos de defesa.

    Desta maneira, especificamente no processo penal, esse princpio

    norteia algumas regras, como o Direito que o acusado possui de ser

    ouvido pessoalmente (Sim, o interrogatrio um direito do ru), a fim de

    expor sua verso dos fatos, bem como o direito que o acusado possui de

    arrolar testemunhas, contradizer todas as provas e argumentos da

    acusao etc. Todos eles tiram seu fundamento do Princpio do Devido

    Processo Legal.

    A obedincia ao rito previsto na Lei Processual (seja o rito ordinrio

    ou outro), bem como s demais regras estabelecidas para o processo

    que se chama de Devido Processo Legal em sentido formal.

    Entretanto, existe outra vertente deste princpio, denominada Devido

    Processo Legal em sentido material. Nessa ltima acepo, entende-se

    que o Devido Processo Legal s efetivamente respeitado quando o

    Estado age de maneira razovel, proporcional e adequada na

    tutela dos interesses da sociedade e do acusado.

    Nesse sentido, o devido processo legal no estar sendo respeitado

    se o acusado ficar preso provisoriamente por 10 anos, aguardando

    julgamento. Sim, pois a priso provisria possui natureza cautelar, no

    cumprimento de pena. Desta maneira, o acusado no est ali pagando

    pelo que fez, pois ainda no foi julgado. Embora a lei no diga que h um

    prazo para o julgamento, essa demora do Judicirio aliada priso

    provisria do acusado, por tanto tempo, acaba por violar o devido

    processo legal, pois no razovel manter preso por 10 anos algum que

    sequer foi condenado.

    O princpio do Devido Processo Legal tem como corolrios os

    postulados da Ampla Defesa e do Contraditrio, ambos tambm previstos

    na Constituio Federal, em seu art. 5, LV:

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 9 de 84

    LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;

    Nesse diapaso, vamos analisar os Princpios do Contraditrio e da

    Ampla Defesa em um tpico prprio. Veremos, posteriormente, o

    regramento constitucional da priso.

    a) Dos postulados do contraditrio e do ampla defesa

    O princpio do Contraditrio estabelece que os litigantes em geral e,

    no nosso caso, os acusados, tem assegurado o direito de contradizer os

    argumentos trazidos pela parte contrria e as provas por ela produzidas.

    Isso, como disse, uma decorrncia lgica do devido processo legal, pois

    no se pode admitir que um processo no qual o acusado no pode se

    manifestar seja vlido.

    Entretanto, este princpio sofre limitaes, notadamente quando a

    deciso a ser tomada pelo Juiz no possa esperar a manifestao

    do acusado ou a cincia do acusado pode implicar a frustrao da

    deciso.

    EXEMPLO: Imagine que o MP ajuza ao penal em face de Jos,

    requerendo seja decretada sua priso preventiva, com base na ocorrncia

    de uma das circunstncias previstas no art. 312 do CPP. O Juiz, ao

    receber a denncia, verificando estarem presentes os requisitos que

    autorizam a decretao da priso preventiva, a decretar sem ouvir o

    acusado, pois aguardar a manifestao deste acerca da priso preventiva

    pode acarretar na frustrao desta (fuga do acusado).

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 10 de 84

    CUIDADO! No inqurito policial no h

    contraditrio, pois ainda no se pode falar em

    DFXVDGR PDV DSHQDV HP LQYHVWLJDGR RXLQGLFLDGR O Inqurito Policial no visa condenao do infrator, mas apenas colheita

    de informaes acerca da autoria e da

    materialidade do delito para subsidiar

    eventual ao penal pelo MP. Assim, como

    no IP ningum est sendo acusado, no h

    contraditrio. Exceo feita ao Inqurito para

    expulso de estrangeiro, pois neste h acusado

    e culmina numa punio, nos termos do art.

    70, da lei 6.815/80 (Estatuto do Estrangeiro).

    J o postulado da ampla defesa prev que no basta dar ao acusado

    cincia das manifestaes da acusao e facultar-lhe se manifestar, se

    no lhe forem dados instrumentos para isso. Ampla Defesa e

    Contraditrio caminham juntas (at por isso esto no mesmo inciso da

    Constituio), e retiram seu fundamento no Devido Processo Legal.

    Entre os instrumentos para o exerccio da defesa esto a previso

    legal de recursos em face das decises judiciais, direito produo de

    provas, bem como a obrigao de que o Estado fornea assistncia

    jurdica integral e gratuita, primordialmente atravs da Defensoria

    Pblica. Vejamos:

    LXXIV - o Estado prestar assistncia jurdica integral e gratuita aos que comprovarem insuficincia de recursos;

    Portanto, ao acusado que no possuir meios de pagar um advogado,

    deve ser garantida a defesa por um Defensor Pblico, ou, em no

    havendo sede da Defensoria Pblica na comarca, ser nomeado um

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 11 de 84

    defensor dativo (advogado particular pago pelos cofres pblicos), a fim de

    que lhe seja prestada defesa tcnica.

    Alm da defesa tcnica, realizada por profissional habilitado

    (advogado particular ou Defensor Pblico), h tambm a autodefesa,

    que realizada pelo prprio ru, especialmente quando do seu

    interrogatrio, oportunidade na qual pode, ele mesmo, defender-se

    pessoalmente, sem a intermediao de procurador. Assim, se o Juiz

    recusar-se a interrogar o ru, por exemplo, estar violando o princpio da

    ampla defesa, por estar impedindo o ru de exercer sua autodefesa.

    Ao contrrio da defesa tcnica, que no pode faltar no processo

    criminal, sob pena de nulidade absoluta, o ru pode recusar-se a

    exercer a autodefesa, ficando em silncio, por exemplo, pois o direito

    ao silncio um direito expressamente previsto ao ru.

    Este princpio no impede, porm, que o acusado sofra as

    consequncias de sua inrcia em relao aos atos processuais (no-

    interposio de recursos, ausncia injustificada de audincias, etc.).

    Entretanto, o princpio da ampla defesa se manifesta mais explicitamente

    quando o ru, embora citado, deixe de apresentar Resposta Acusao.

    Nesse caso, dada a importncia da pea de defesa, dever o Juiz

    encaminhar os autos Defensoria Pblica, para que atue na qualidade de

    curador do acusado, ou, em no havendo Defensoria no local, nomear

    defensor dativo para que patrocine a defesa do acusado.

    b) Direitos constitucionais do preso

    A CRFB/88 estabelece alguns regramentos em relao priso,

    desde sua inadmissibilidade em alguns casos, at os direitos do preso.

    Vejamos:

    Art. 5 (...)

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 12 de 84

    LVIII - o civilmente identificado no ser submetido a identificao criminal, salvo nas hipteses previstas em lei; (Regulamento).

    (...)

    LXI - ningum ser preso seno em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciria competente, salvo nos casos de transgresso militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;

    LXII - a priso de qualquer pessoa e o local onde se encontre sero comunicados imediatamente ao juiz competente e famlia do preso ou pessoa por ele indicada;

    LXIII - o preso ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado;

    LXIV - o preso tem direito identificao dos responsveis por sua priso ou por seu interrogatrio policial;

    LXV - a priso ilegal ser imediatamente relaxada pela autoridade judiciria;

    LXVI - ningum ser levado priso ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisria, com ou sem fiana;

    Assim, podemos dizer que a priso :

    x VEDADA Quando for admitida a liberdade provisria, com ou sem fiana. Ou seja, caso no estejam presentes os requisitos

    para a decretao da priso preventiva, dever ser concedida

    liberdade provisria.

    x ADMITIDA Por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciria competente ou em flagrante delito, bem como em

    caso de transgresso militar ou crime propriamente militar.

    Com relao aos direitos do preso, podemos assim enumer-los:

    x Ter a priso relaxada, quando ilegal. x Caso possua identificao civil, no ser criminalmente

    identificado (salvo nas hipteses legais).

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 13 de 84

    x Comunicao de sua priso e do local onde se encontra ao Juiz e sua famlia (ou pessoa que indicar).

    x Ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da

    famlia e de advogado.

    x Identificao dos responsveis por sua priso ou por seu interrogatrio policial.

    IV PRINCPIO DA PRESUNO DE INOCNCIA OU DA NO CULPABILIDADE

    A Presuno de inocncia o maior pilar de um Estado Democrtico

    de Direito, pois, segundo este princpio, nenhuma pessoa pode ser

    considerada culpada (e sofrer as consequncias disto) antes do trnsito

    em julgado se sentena penal condenatria. Nos termos do art. 5, LVII

    da CRFB/88:

    LVII - ningum ser considerado culpado at o trnsito em julgado de sentena penal condenatria;

    O que trnsito em julgado de sentena penal condenatria?

    a situao na qual a sentena proferida no processo criminal,

    condenando o ru, no pode mais ser modificada atravs de recurso.

    Assim, enquanto no houver uma sentena criminal condenatria

    irrecorrvel, o acusado no pode ser considerado culpado e, portanto,

    no pode sofrer as consequncias da condenao.

    Desse princpio decorre que o nus (obrigao) da prova cabe ao

    acusador (MP ou ofendido, conforme o caso). O ru , desde o comeo,

    inocente, at que o acusador prove sua culpa.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 14 de 84

    Em razo dele existe, ainda, o princpio do in dubio pro reo ou

    favor rei, segundo o qual, durante o processo (inclusive na sentena),

    havendo dvidas acerca da culpa ou no do acusado, dever o Juiz decidir

    em favor deste, pois sua culpa no foi cabalmente comprovada.

    Resumindo, para vocs gravarem: O Processo Penal um jogo no

    qual o acusado e o acusador tentam marcar pontos a seu favor, a fim de

    comprovarem suas teses. S que o empate d o ttulo ao acusado! -

    CUIDADO: Existem hipteses em que o Juiz no decidir de

    acordo com princpio do in dubio pro reo, mas pelo princpio do in

    dubio pro societate. Por exemplo, nas decises de recebimento de

    denncia ou queixa e na deciso de pronncia, no processo de

    competncia do Jri, o Juiz decide contrariamente ao ru (recebe a

    denncia ou queixa no primeiro caso, e pronuncia o ru no segundo) com

    base apenas em indcios de autoria e prova da materialidade. Ou seja,

    nesses casos, mesmo o Juiz tendo dvidas quanto culpabilidade do ru,

    dever decidir contrariamente a ele, e em favor da sociedade, pois destas

    decises no h consequncias para o ru, permitindo-se, apenas, que

    seja iniciado o processo ou a fase processual, na qual sero produzidas as

    provas necessrias elucidao dos fatos.

    Desta maneira, sendo este um princpio de ordem Constitucional,

    deve a legislao infraconstitucional (especialmente o CPP) respeit-lo,

    sob pena de violao Constituio. Portanto, uma lei que dissesse, por

    exemplo, que o cumprimento de pena se daria a partir da sentena em

    primeira instncia seria inconstitucional, pois a Constituio afirma que o

    acusado ainda no considerado culpado nessa hiptese.

    CUIDADO, GALERA! A existncia de

    prises provisrias (prises decretadas

    no curso do processo) no ofende a

    presuno de inocncia, pois nesse caso

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 15 de 84

    no se trata de uma priso como

    cumprimento de pena, mas sim de uma

    priso cautelar, ou seja, para garantir que o

    processo penal seja devidamente instrudo ou

    eventual sentena condenatria seja

    cumprida. Por exemplo: Se o ru est dando

    sinais de que vai fugir (tirou passaporte

    recentemente), e o Juiz decreta sua priso

    preventiva, o faz no por consider-lo

    culpado, mas para garantir que, caso seja

    condenado, cumpra a pena. Vocs vero mais

    sobre isso na aula sobre Priso e Liberdade

    Provisria! -

    Vou transcrever para vocs agora alguns pontos que so polmicos e

    a respectiva posio dos Tribunais Superiores:

    x Processos criminais em curso e inquritos policiais em face do acusado podem ser considerados maus

    antecedentes? Segundo o STJ no, pois em nenhum deles o

    acusado foi condenado de maneira irrecorrvel, logo, no pode

    ser considerado culpado nem sofrer qualquer consequncia em

    relao a eles;

    x Regresso de regime de cumprimento da pena O STJ e o STF entendem que NO H NECESSIDADE DE

    CONDENAO PENAL TRANSITADA EM JULGADO para que

    o preso sofra a regresso do regime de cumprimento de pena

    mais brando para o mais severo (do semiaberto para o

    fechado, por exemplo). Nesses casos, basta que o preso tenha

    cometido crime doloso, ou falta grave, para que haja a

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 16 de 84

    regresso, nos termos do art. 118, I da Lei 7.210/84 (Lei de

    Execues Penais), no havendo necessidade, sequer, de que

    tenha havido condenao criminal ou administrativa. A

    Jurisprudncia entende que esse artigo da LEP no ofende a

    Constituio;

    x Revogao do benefcio da suspenso condicional do processo em razo do cometimento de crime Prev a Lei 9.099/95 que em determinados crimes, de menor potencial

    ofensivo, pode ser o processo criminal suspenso por

    determinado, devendo o ru cumprir algumas obrigaes

    durante este prazo (dentre elas, no cometer novo crime),

    findo o qual estar extinta sua punibilidade. Nesse caso, o STF

    e o STJ entendem que, descoberta a prtica de crime pelo

    acusado beneficiado com a suspenso do processo, este

    benefcio deve ser revogado, por ter sido descumprida uma das

    condies, no havendo necessidade de trnsito em julgado da

    sentena condenatria do crime novo.

    Vamos resumir estas posies jurisprudenciais neste quadro:

    TEMA POSIO DOS TRIBUNAIS

    Processos criminais em curso e

    inquritos policiais em face do

    acusado podem ser

    considerados maus

    antecedentes?

    Segundo o STJ no, pois em

    nenhum deles o acusado foi

    condenado de maneira irrecorrvel,

    logo, no pode ser considerado

    culpado nem sofrer qualquer

    consequncia em relao a eles;

    Regresso de regime de O STJ e o STF entendem que NO

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 17 de 84

    cumprimento da pena pode ser

    realizada antes do trnsito em

    julgado?

    H NECESSIDADE DE

    CONDENAO PENAL

    TRANSITADA EM JULGADO para

    que o preso sofra a regresso do

    regime de cumprimento de pena

    mais brando para o mais severo

    (do semiaberto para o fechado, por

    exemplo).

    Revogao do benefcio da

    suspenso condicional do

    processo em razo do

    cometimento de crime deve ser

    realizada aps o trnsito em

    julgado?

    O STF e o STJ entendem que,

    descoberta a prtica de crime pelo

    acusado beneficiado com a

    suspenso do processo, este

    benefcio deve ser revogado, por

    ter sido descumprida uma das

    condies, no havendo

    necessidade de trnsito em

    julgado da sentena

    condenatria do crime novo.

    V PRINCPIO DA VEDAO DAS PROVAS OBTIDAS POR MEIOS ILCITOS

    No nosso sistema processual penal vige o princpio do livre

    convencimento motivado do Juiz, ou seja, o Juiz no est obrigado a

    decidir conforme determinada prova (confisso, por exemplo), podendo

    decidir da forma que entender, desde que fundamente sua deciso em

    alguma das provas produzidas nos autos do processo.

    Antigamente vigorava o sistema da prova tarifada, na qual as provas

    WLQKDP SHVRV GLIHUHQWHV VHQGR D FRQILVVmR FRQVLGHUDGD D UDLQKD GDV

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 18 de 84

    SURYDVRXVHMDFRQIHVVDQGRRUpXR-XL]GHYHULDFRQGHQi-lo. Hoje no assim.

    Para isso, s partes conferido o direito de produzir as provas que

    entendam necessrias para convencer o Juiz a acatar sua tese.

    Entretanto, esse direito probatrio no ilimitado, encontrando limites

    nos direitos fundamentais previstos na Constituio. Essa limitao

    encontra-se no art. 5, LVI da Constituio. Vejamos:

    LVI - so inadmissveis, no processo, as provas obtidas por meios ilcitos;

    Vejam que a Constituio clara ao dizer que no se admitem no

    processo as provas que tenham sido obtidas por meios ilcitos. Mas o que

    seriam meios ilcitos? Seriam todos aqueles meios em que para a

    obteno da prova tenha que ser violado um direito fundamental de

    algum. POR EXEMPLO:

    Imagine que Joana, que processa Jos por calnia, invada sua

    residncia para obter documentos que comprovam a culpa de Jos no

    crime. Ora, embora os documentos comprovem a culpa de Jos, pelo

    modo como foram obtidos, no podero ser utilizados no processo, pois

    decorrem de violao ao direito fundamental inviolabilidade da

    residncia, previsto no art. 5, XI da Constituio:

    XI - a casa asilo inviolvel do indivduo, ningum nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinao judicial;

    ATENO, MEU POVO! A Jurisprudncia

    e Doutrina dominantes admitem a

    utilizao de provas ilcitas quando

    esta for a nica forma de se obter a

    absolvio do ru. Por exemplo:

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 19 de 84

    Imaginem que no exemplo dado l atrs,

    Jos que invadisse a casa de Joana, atrs

    do nico documento que pode provar sua

    inocncia. Nesse caso, os Tribunais

    admitem a utilizao da prova obtida por

    meio ilcito, pelo princpio da

    proporcionalidade, pois, embora tenha sido

    violado o direito fundamental

    inviolabilidade do domiclio de Joana,

    estava em jogo, tambm, o direito

    fundamental liberdade de Jos.

    VI PRINCPIO DA OBRIGATORIEDADE DA MOTIVAO DAS DECISES JUDICIAIS

    Este princpio est previsto no art. 93, IX da Constituio:

    Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, dispor sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princpios:

    (...)

    IX todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico informao;

    Como vocs podem ver, a prpria Constituio quem determina

    que os atos decisrios proferidos pelo Juiz sejam fundamentados. Desta

    maneira, pode-se elevar esse princpio (motivao das decises judiciais)

    categoria de princpio constitucional, por ter merecido a ateno da Lei

    Mxima.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 20 de 84

    Portanto, quando o Juiz indefere uma prova requerida, ou prolata a

    sentena, deve fundamentar seu ato, dizendo em que fundamento se

    baseia para indeferir a prova ou para tomar a deciso que tomou na

    sentena (condenando ou absolvendo).

    Esse princpio decorre da lgica do sistema jurdico ptrio, em que a

    transparncia deve vigorar. Assim, a parte (seja o acusado ou o

    acusador) saber exatamente o que se baseou o Juiz para proferir aquela

    deciso e, assim, poder examinar se o Magistrado agiu dentro da

    legalidade.

    Alis, esse princpio guarda estrita relao com o princpio da

    Ampla Defesa, eis que a ausncia de fundamentao ou a

    fundamentao deficiente de uma deciso dificulta e por vezes impede a

    sua impugnao, j que a parte prejudicada no tem elementos para

    combat-lo, j que no sabe seus fundamentos.

    Alguns pontos controvertidos merecem destaque:

    x A deciso de recebimento da denncia ou queixa, apesar de possuir forte carga decisria, no precisa ser

    fundamentada, nos termos do CPP (STF entende que isso no

    fere a Constituio);

    x A fundamentao referida constitucional Fundamentao referida aquela na qual um rgo do

    Judicirio se remete s razes expostas por outro rgo do

    Judicirio (Ex.: O Tribunal, ao julgar a apelao, mantendo a

    sentena, pode fundamentar sua deciso referindo-se aos

    argumentos expostos na sentena de primeira instncia, sem

    necessidade de reproduzi-los no corpo do Acrdo). O STF

    entende que essa prtica no viola o art. 93, IX da CRFB/88.

    Alm disso, o STF j decidiu que no viola a Constituio

    sentena na qual o magistrado, no relatrio, apenas se remete

    ao relatrio feito pelo MP em suas alegaes finais;

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 21 de 84

    x As decises proferidas pelo Tribunal do Jri no so fundamentadas, pois os julgadores (jurados) no tem

    conhecimento tcnico, proferindo seu voto conforme sua

    percepo de Justia indicar.

    VII PRINCPIO DA PUBLICIDADE

    Este princpio estabelece que os atos processuais e as decises

    judiciais sero pblicas, ou seja, de acesso livre a qualquer do povo. Essa

    a regra prevista no art. 93, IX da CRFB/88:

    Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, dispor sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princpios:

    (...)

    IX- todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico informao;

    Percebam que a Constituio determina que os julgamentos dos

    rgos do Poder Judicirio sero pblicos, mas entende-VHMXOJDPHQWRVcomo qualquer ato processual.

    Entretanto, essa publicidade NO ABSOLUTA, podendo sofrer

    restrio, quando a intimidade das partes ou interesse pblico exigir. A

    isso se chama de publicidade restrita.

    De fato, em alguns casos, a intimidade do ofendido deve ser

    preservada. Imaginem uma ao penal pelo crime de estupro. natural

    que a vtima pea que o processo corra em segredo de Justia, para evitar

    a exposio do fato, que, por si s, j lhe traz transtornos suficientes.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 22 de 84

    Ainda, pode ser decretada a tramitao em segredo de Justia quando

    houver interesse pblico que o justifique.

    Essa possibilidade de restrio est prevista, ainda, no art. 5, LX da

    CRFB/88:

    LX - a lei s poder restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;

    Ressalto a vocs que essa publicidade pode ser restringida apenas s

    partes e seus procuradores, ou somente a estes. O que isso significa?

    Que alguns atos podem no ser pblicos nem mesmo para a outra parte!

    Sim! Imaginem que, numa audincia, a ofendida pelo crime de estupro

    no queira dar seu depoimento na presena do acusado. Nada mais

    natural. Assim, o Juiz poder mandar que este se retire da sala,

    permanecendo, porm, o seu advogado. Aos procuradores das partes

    (advogado, membro do MP, etc.) nunca se pode negar publicidade

    dos atos processuais! Gravem isso!

    Essa impossibilidade de restrio da publicidade aos procuradores

    das partes decorrncia natural do princpio do contraditrio e da ampla

    defesa, pois so os procuradores quem exercem a defesa tcnica, no

    podendo ser privados do acesso a nenhum ato do processo, sob pena de

    nulidade.

    Por fim, vale registrar que no Tribunal do Jri (que tem regras muito

    especficas) o voto dos jurados sigiloso, por expressa previso

    constitucional, caracterizando-se em mais uma exceo ao princpio. Nos

    termos do art. 5 , XVIII da Constituio:

    XXXVIII - reconhecida a instituio do jri, com a organizao que lhe der a lei, assegurados:

    a) a plenitude de defesa;

    b) o sigilo das votaes;

    c) a soberania dos veredictos;

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 23 de 84

    d) a competncia para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;

    Assim, nesse caso, no h publicidade do voto proferido pelo jurado,

    mas a sesso secreta onde ocorre o julgamento pelos jurados (depsito

    dos votos na urna) acessvel aos procuradores.

    VIII PRINCPIO DA ISONOMIA PROCESSUAL ou PAR CONDITIO

    O princpio da isonomia processual decorre do princpio da isonomia,

    genericamente considerado, segundo o qual as pessoas so iguais

    perante a lei, sendo vedadas prticas discriminatrias. Est previsto no

    art. 5 da Constituio:

    Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:

    No campo processual este princpio tambm irradia seus efeitos,

    devendo a lei processual tratar ambas as partes de maneira igualitria,

    conferindo-lhes os mesmos direitos e deveres. Por exemplo: Os prazos

    recursais devem ser os mesmos para acusao e defesa, o tempo para

    sustentao oral nas sesses de julgamento tambm devem ser idnticos,

    etc.

    Entretanto, possvel que a lei estabelea algumas situaes

    aparentemente anti-isonmicas, a fim de equilibrar as foras dentro do

    processo.

    Explico: Quando a lei estabelece que a Defensoria Pblica possui prazo

    em dobro para recorrer, no est ferindo o princpio da isonomia, mas

    est apenas corrigindo uma situao de desequilbrio. Isso porque a

    Defensoria Pblica uma Instituio absolutamente assoberbada, que

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 24 de 84

    no pode escolher se vai ou no patrocinar uma demanda. Caso o

    assistido se enquadre como hipossuficiente, a Defensoria Pblica deve

    atuar. Um escritrio de advocacia pode, por exemplo, se recusar a

    patrocinar uma defesa alegando estar muito atarefado.

    CUIDADO! Como o MP possui prazo em dobro para recorrer no processo

    civil, muito se discutiu a respeito da aplicao de tal prerrogativa no

    processo penal, at mesmo em razo do fato de a DP possuir prazo em

    dobro. Contudo, o STJ firmou entendimento no sentido de que tal

    prerrogativa no se aplica ao MP no processo penal:

    2. O prazo em dobro para recorrer previsto no art. 188 do Cdigo de

    Processo Civil, quando a parte for a Fazenda Pblica ou o Ministrio

    Pblico, no se aplica ao feitos de natureza penal, como o presente,

    onde a prerrogativa assegurada exclusivamente Defensoria

    Pblica.

    3. Embargos de declarao rejeitados.

    (EDcl no AgRg no RMS 36.050/PI, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA

    TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 05/11/2013)

    IX PRINCPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIO

    Este princpio estabelece que as decises judiciais devem estar

    sujeitas reviso por outro rgo do Judicirio. Embora no esteja

    expresso na Constituio, grande parte dos doutrinadores o aceita

    como um princpio de ndole constitucional, fundamentando sua tese nas

    regras de competncia dos Tribunais estabelecidas na Constituio, o que

    deixaria implcito que toda deciso judicial deva estar sujeita a recurso,

    via de regra.

    Entretanto, mesmo aqueles que consideram ser este um princpio de

    ndole constitucional entendem que h excees, que so os casos de

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 25 de 84

    competncia originria do STF, aes nas quais no cabe recurso da

    deciso de mrito (bvio, pois o STF a Corte Suprema do Brasil). Assim,

    essa exceo no anularia o fato de que se trata de um princpio

    constitucional, apenas no lhe permite ser absoluto.

    O princpio da ampla defesa tambm bastante citado como o

    fundamento da tese de que se trata de um princpio constitucional, pois a

    possibilidade de reviso da deciso judicial circunstncia necessria

    para que se garanta o respeito ampla defesa, que restaria violada caso

    no se pudesse impugnar determinada deciso judicial.

    Este princpio norteia a legislao processual penal

    infraconstitucional, como por exemplo, pela inexigibilidade de preparo

    no recurso (preparo o valor cobrado da parte para que interponha um

    recurso), bem como pela recente inovao legislativa que aboliu a

    previso do art. 595 do CPP, que determinava que o ru devesse se

    recolher priso para apelar. Assim, entendeu-se, acertadamente, que o

    direito ao duplo grau de jurisdio e ampla defesa no podem estar

    condicionados priso do ru.

    X PRINCPIO DO JUIZ NATURAL E DO PROMOTOR NATURAL

    A Constituio estabelece em seu art. 5, LIII que:

    LIII - ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade competente;

    Assim, desse dispositivo constitucional podemos extrair os Princpios

    do Juiz Natural e do Promotor Natural.

    O princpio do Juiz Natural estabelece que toda pessoa tem direito de

    ser julgada por um rgo do Poder Judicirio brasileiro, devidamente

    investido na funo jurisdicional, cuja competncia fora previamente

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 26 de 84

    definida. Assim, est vedada a formao de Tribunal ou Juzo de exceo,

    que so aqueles criados especificamente para o julgamento de um

    determinado caso. Isso no tolerado no Brasil!

    Porm, vocs no devem confundir Juzo ou Tribunal de

    exceo com varas especializadas. As varas especializadas so

    criadas para otimizar o trabalho do Judicirio, e sua competncia

    definida abstratamente, e no em razo de um fato isolado. O

    TXHHVWHSULQFtSLR LPSHGHpDPDQLSXODomRGDVUHJUDVGRMRJRSDUDVHHVFROKHUR-XL]TXHLUiMXOJDUDFDXVD

    Assim, proposta a ao penal, ela ser distribuda para um dos Juzes

    com competncia para julg-la. Por exemplo: Se na comarca existem

    cinco varas criminais, a ao ser distribuda por sorteio a uma dessas

    varas, no podendo o Promotor escolher o Juiz de sua preferncia.

    J o princpio do Promotor Natural estabelece que toda pessoa tem

    direito de ser acusada pela autoridade competente. Assim, vedada a

    designao pelo Procurador-Geral de Justia de um Promotor para atuar

    especificamente num determinado caso. Isso seria simplesmente um

    acusador de exceo, algum que no estava previamente definido como

    o Promotor (ou um dos Promotores) que poderia receber o caso, mas

    algum que foi definido como o acusador de um ru aps a prtica do

    fato, cuja finalidade fazer com que o acusado seja processado por

    algum que possui determinada caracterstica.

    EXEMPLO: Imagine que Jos amigo do Procurador-Geral de Justia do

    estado do Cear. Jos vem a cometer um crime, cuja atribuio para

    acus-lo de um dos 10 Promotores Criminais da Comarca de Fortaleza.

    Entretanto, receoso de ser condenado, Jos conversa com seu amigo, o

    PGJ, que designa XP3URPRWRUGHVXDFRQILDQoDSDUDDWXDUQRFDVRDfim de que Jos no seja processado ou, ento, seja requerida uma pena

    branda. O contrrio tambm verdadeiro. Sendo Jos inimigo do PGJ,

    este poderia, querendo se vingar, indicar um Promotor mais rigoroso

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 27 de 84

    para atuar em seu caso. Estas prticas so vedadas pelo Princpio do

    Promotor Natural.

    Entretanto, a definio de atribuies especializadas (Promotor para

    crimes ambientais, crimes contra a ordem financeira, etc.) no viola este

    princpio, pois no se est estabelecendo uma atribuio casustica,

    apenas para determinado caso, mas uma atribuio abstrata, que se

    aplicar a todo e qualquer caso semelhante.

    XI APLICAO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO ESPAO

    O estudo da aplicabilidade da Lei Processual Penal est relacionado

    sua aptido para produzir efeitos. Essa aptido para produzir efeitos

    est ligada a dois fatores: espacial e temporal.

    Assim, a norma processual penal (como qualquer outra) vigora em

    determinado lugar e em determinado tempo. Nesse sentido, devemos

    analisar onde e quando a lei processual penal se aplica.

    O art. 1 do CPP diz o seguinte:

    Art. 1o O processo penal reger-se-, em todo o territrio brasileiro, por este Cdigo, ressalvados:

    I - os tratados, as convenes e regras de direito internacional;

    II - as prerrogativas constitucionais do Presidente da Repblica, dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do Presidente da Repblica, e dos ministros do Supremo Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade (Constituio, arts. 86, 89, 2o, e 100);

    III - os processos da competncia da Justia Militar;

    IV - os processos da competncia do tribunal especial (Constituio, art. 122, no 17);

    V - os processos por crimes de imprensa. Vide ADPF n 130

    Pargrafo nico. Aplicar-se-, entretanto, este Cdigo aos processos referidos nos nos. IV e V, quando as leis especiais que os regulam no dispuserem de modo diverso.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 28 de 84

    Assim, podemos perceber que o CPP adotou, como regra, o

    princpio da territorialidade. O que seria esse princpio? Esse

    princpio determina que a lei produzir seus efeitos dentro do

    territrio nacional. Simples assim!

    Desta maneira, o CPP a lei aplicvel ao processo e julgamento das

    infraes penais no Brasil. As regras de aplicao da Lei Penal brasileira

    esto no Cdigo Penal, mas isso no nos interessa aqui. O que nos

    interessa o seguinte: Se for caso de aplicao da Lei Penal brasileira, as

    regras do processo sero aquelas previstas no CPP, em todo o territrio

    nacional.

    Portanto, no se admite a existncia de Cdigos Processuais

    estaduais, at porque compete privativamente Unio legislar sobre

    direito processual, nos termos da Constituio Federal:

    Art. 22. Compete privativamente Unio legislar sobre:

    I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrrio, martimo, aeronutico, espacial e do trabalho;

    Como disse a vocs, esta a regra! Mas toda regra possui excees.

    So elas:

    A) Tratados, convenes e regras de Direito Internacional -

    Quando um determinado Estado (em sentido amplo, como

    sinnimo de Pas, Governo Soberano) exerce a Jurisdio (poder

    de dizer a quem pertence o direito no caso concreto),

    notadamente na seara do direito processual penal (exerccio do

    ius puniendi), est exercendo sua soberania. Porm, possvel

    que esta soberania estatal fique afastada em algumas hipteses,

    nas quais o prprio Estado assim concorda. o caso dos tratados

    e convenes, que so acordos firmados entre diversos pases

    (pelo menos dois), nos quais se reconhece a lesividade de

    determinados crimes e se estabelece uma forma especial de julg-

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 29 de 84

    los. Desta maneira, quando o Brasil firma tratados no plano

    internacional, poder afastar pontualmente (apenas para aquela

    hiptese) a aplicao da lei interna. o que acontece com relao

    aos diplomatas, que so imunes legislao brasileira (penal e

    processual penal), sendo julgados, pelos crimes que aqui cometer,

    em seu pas de origem. Essa disposio est prevista na

    Conveno de Viena, que foi incorporada ao nosso ordenamento

    jurdico atravs do Decreto n 56.435/65.

    B) Prerrogativas constitucionais do Presidente da Repblica,

    dos ministros de Estado, nos crimes conexos com os do

    Presidente da Repblica, e dos ministros do Supremo

    Tribunal Federal, nos crimes de responsabilidade

    (Constituio, arts. 86, 89, 2o, e 100) Essa a hiptese de no-aplicao da lei processual penal no territrio nacional

    relativa a crimes de responsabilidade, ou seja, trata-se de uma

    exceo de jurisdio poltica. O que isso? Determinados

    crimes, relativos ao exerccio da vida poltica, so chamados de

    crimes de responsabilidade. Quando um agente poltico

    (Presidente, Ministro de Estado, Ministro do STF) pratica uma

    determinada conduta, esta pode ser tanto um crime comum

    quanto um crime de responsabilidade (crime poltico). Nos crimes

    de responsabilidade no h previso de sanes criminais (priso,

    etc.), mas sanes polticas (perda do cargo, inelegibilidade

    temporria, etc.). Em ALGUNS CASOS destes, o CPP no ser

    aplicado, sendo adotado um processo especfico, geralmente de

    competncia do Poder Legislativo. Vamos ver o que diz a

    Constituio:

    Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

    I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Repblica nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exrcito e da Aeronutica nos crimes da mesma

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 30 de 84

    natureza conexos com aqueles; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 23, de 02/09/99)

    II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justia e do Conselho Nacional do Ministrio Pblico, o Procurador-Geral da Repblica e o Advogado-Geral da Unio nos crimes de responsabilidade; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 45, de 2004)

    Vejam que a Constituio vai alm do que prev o CPP,

    aumentando as hipteses de afastamento da aplicao da lei

    processual penal. Assim, ocorrendo a prtica de crime de

    responsabilidade por algum daqueles agentes, naquelas

    circunstncias previstas na Constituio e no CPP, no se aplicar

    o CPP, mas o Regimento Interno do Senado Federal. Aqui, trata-

    se de exerccio da Jurisdio pelo Poder Legislativo! Apenas a

    ttulo de curiosidade (pois isso foge ao nosso objetivo aqui), os

    crimes de responsabilidade esto previstos no art. 2 do Decreto-

    Lei n 201/67 e na lei 1.079/50. Cuidado! Os artigos da

    Constituio mencionados no CPP esto desatualizados,

    pois o CPP foi editado quando vigorava a Constituio de

    1937!

    C) Processos de competncia da Justia Militar Os crimes militares (que so definidos no art. 9 do Cdigo Penal Militar) no

    so submetidos a julgamento atravs do rito do CPP, mas, sendo

    de competncia da Justia Militar, aplica-se o Cdigo de

    Processo Penal Militar. Os crimes militares podem ser prprios

    (aqueles que s esto previstos no COM), ou imprprios (esto

    previstos tambm no Cdigo Penal, mas em determinadas

    circunstncias so considerados militares. Por exemplo: Quando

    praticado por militar em servio ou dentro de estabelecimento

    militar). Ocorrendo uma destas hipteses, estaremos diante de

    crime militar, cuja competncia para julgamento da Justia

    Militar, motivo pelo qual se afasta a aplicao do CPP! Cuidado!

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 31 de 84

    Nessa hiptese, no se aplica o CPP nem mesmo de

    maneira subsidiria!

    D) Processos de Competncia de Tribunal Especial Essa previso no mais vigora, pois, com o advento da Constituio de

    1988, houve a abolio expressa de toda e qualquer possibilidade

    de existncia de Tribunais de Exceo (especiais). Esses Tribunais

    eram formados apenas para o julgamento de determinado crime,

    aps seu cometimento, ou seja, uma violao clara ao j estudado

    princpio do Juiz Natural!

    E) Processos relativos a crimes de imprensa Esta disposio muito polmica! A maioria da Doutrina entende que esse

    dispositivo do CPP foi revogado pela Lei 5.250/67 (posterior ao

    CPP), que prev a aplicao do CPP se forma subsidiria nos

    crimes de imprensa. Ou seja, em se tratando de crime de

    imprensa, aplicam-se as regras estabelecidas na Lei prpria.

    Entretanto, havendo alguma lacuna, usa-se a regra geral

    estabelecida pelo CPP para o caso. Assim, havendo previso de

    aplicao do CPP, ainda que de maneira subsidiria, no h que se

    falar em exceo ao princpio da territorialidade. Devo frisar a

    vocs, ainda, que o STF, em deciso na ADPF 130-7/DF,

    considerou inconstitucionais diversos dispositivos da Lei de

    Imprensa, por consider-la fora dos padres de Democracia

    brasileiros, o que nos leva a crer que o STF corrobora o

    entendimento de que o CPP aplica-se nestes casos, ainda

    que subsidiariamente.

    Assim, o CPP aplica-se aos crimes cometidos no territrio nacional

    (princpio da territorialidade), assim considerados aqueles cuja ao ou

    omisso ocorreu no Brasil, ou ainda, aqueles cujo resultado aqui ocorreu

    (teoria da ubiquidade do lugar do crime), ressalvadas as hipteses legais

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 32 de 84

    e constitucionais nas quais o CPP s se aplica subsidiariamente e aquelas

    nas quais ele no se aplica nem mesmo de maneira subsidiria.

    XII APLICAO DA LEI PROCESSUAL PENAL NO TEMPO

    Nos termos do art. 2 do CPP:

    Art. 2o A lei processual penal aplicar-se- desde logo, sem prejuzo da validade dos atos realizados sob a vigncia da lei anterior.

    Por este artigo podemos extrair o princpio do tempus regit actum,

    tambm conhecido como princpio do efeito imediato ou aplicao

    imediata da lei processual. Este princpio significa que a lei processual

    regular os atos processuais praticados a partir de sua vigncia, no se

    aplicando aos atos j praticados.

    Esta a regra de aplicao temporal de toda e qualquer lei, meus

    caros, ou seja, produo de efeitos somente para o futuro. Caso

    contrrio, o caos seria instalado!

    Assim, vocs devem ter muito cuidado! Ainda que o processo tenha

    se iniciado sob a vigncia de uma lei, sobrevindo outra norma, alterando

    o CPP (ainda que mais gravosa ao ru), esta ser aplicada aos atos

    futuros. Ou seja, a lei nova no pode retroagir para alcanar atos

    processuais j praticados, MAS SE APLICA AOS PROCESSOS EM

    CURSO!

    Esta possibilidade no ofende o art. 5, XL da Constituio Federal,

    que diz:

    XL - a lei penal no retroagir, salvo para beneficiar o ru;

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 33 de 84

    No ofende, pois no se trata de retroatividade da lei. Mais que isso,

    esse dispositivo no se aplica s normas puramente processuais.

    Vamos dar um exemplo: Imaginemos que uma pessoa responda pelo

    FULPH GH KRPLFtGLR 1HVVH FDVR D /HL SUHYr GRLV UHFXUVRV $ H %Durante o processo surge uma lei alterando o CPP e excluindo a

    SRVVLELOLGDGHGHLQWHUSRVLomRGRUHFXUVR%RXVHMDpSUHMXGLFLDODRUpXNesse caso, trata-se de norma puramente processual, e a aplicao da lei

    nova ser imediata. Entretanto, se o acusado j tiver interposto o recurso

    %DOHLQRYDQmRWHUiRFRQGmRGHID]HUFRPTXHRUHFXUVRGHL[HGHVHUjulgado, pois se trata de ato processual j praticado (interposio do

    recurso), devendo o Tribunal apreci-lo.

    Ocorre, porm, que dentro de uma lei processual pode haver normas

    de natureza material. Como assim? Uma lei processual pode estabelecer

    normas que, na verdade, so de Direito Penal, pois criam ou extinguem

    direito do indivduo, relativos sua liberdade, etc. Nesses casos de leis

    materiais, inseridas em normas processuais (e vice-versa), ocorre

    o fenmeno da heterotopia.

    Em casos como este, o difcil saber identificar qual regra de

    direito processual e qual de direito material (penal). Porm, uma vez

    identificada a norma como sendo uma regra de direito material, sua

    aplicao ser regulada pelas normas atinentes aplicao da lei penal no

    tempo, inclusive no que se refere possibilidade de eficcia retroativa

    para benefcio do ru.

    Diferentemente das normas heterotpicas (que so ou de direito

    material ou de direito processual, mas inseridas em lei de natureza

    diversa), existem normas mistas, ou hbridas, que so aquelas que

    so, ao mesmo tempo, normas de direito processual e de direito

    material.

    Vou dar um exemplo:

    Art. 366. Se o acusado, citado por edital, no comparecer, nem constituir advogado, ficaro suspensos o processo e o curso do prazo prescricional,

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 34 de 84

    podendo o juiz determinar a produo antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar priso preventiva, nos termos do disposto no art. 312. (Redao dada pela Lei n 9.271, de 17.4.1996)

    Nesse caso acima, temos uma norma que possui contedo misto (ou

    hbrido). A primeira parte trata da suspenso do processo

    (natureza processual) e a segunda trata da suspenso do prazo

    prescricional (natureza material).

    Como vocs podem ver, trata-se de norma que alterou o Cdigo

    Processual Penal em 1996. Imaginemos que quando do advento desta lei

    que alterou o CPP tramitasse um processo no qual o acusado foi citado

    por edital e no apresentou resposta. A lei no previa nem a suspenso

    do processo nem a do prazo prescricional. Nesse sentido, poderamos

    aplicar a lei? Os Tribunais entenderam que a parte processual at

    poderia ser aplicada aos processos em curso (suspenso do processo),

    mas a parte material no poderia ser aplicada (suspenso do prazo

    prescricional), por ser prejudicial ao ru.

    J disse a vocs que a norma processual penal, como qualquer outra,

    possui eficcia imediata, para o futuro. Isso se chama de atividade da lei.

    Entretanto, em alguns casos, a lei pode produzir efeitos fora do

    seu perodo de vigncia (que comea com a entrada em vigor e

    termina com sua revogao). Nesse caso, teremos o que se chama de

    extratividade, ou seja, atividade fora (do perodo de vigncia).

    A extratividade, por sua vez, pode se dar na forma de

    retroatividade ou de ultratividade. A primeira ocorre quando uma lei

    atinge fatos ocorridos antes de sua entrada em vigor. J a segunda ocorre

    quando uma lei aplicada a fatos que ocorreram mesmo aps sua

    revogao (sada do mundo jurdico).

    Quando a lei processual penal traz contedo de direito material

    (estabelecimento de regime prisional, livramento condicional, extino de

    punibilidade), poder ser aplicada a crimes cometidos antes de sua

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 35 de 84

    vigncia (eficcia retroativa). Mais que isso: Por ser benfica ao ru, caso

    seja revogada por uma norma que preveja situao mais gravosa (regime

    prisional prejudicial, prazo prescricional maior), a lei antiga (j revogada)

    continuar a reger aqueles fatos (ultratividade da lei).

    CUIDADO! No que se refere s normas

    relativas execuo penal (cumprimento

    de pena, sadas temporrias, etc.), a

    Doutrina diverge quanto sua natureza. H

    quem entenda tratar-se de normas de

    direito material, h quem as considere

    como normas de direito processual.

    Entretanto, para ns, o que importa o que

    o STF e o STJ pensam! E eles entendem

    que se trata de norma de direito material.

    Assim, se uma lei nova surge, alterando o

    regime de cumprimento da pena,

    beneficiando o ru, ela ser aplicada aos

    processos em fase de execuo, por ser

    considerada norma de direito material.

    XIII DISPOSIES PRELIMINARES DO CPP

    O art. 3 do CPP diz:

    Art. 3o A lei processual penal admitir interpretao extensiva e aplicao analgica, bem como o suplemento dos princpios gerais de direito.

    Vamos explicar, assim, o que seriam interpretao extensiva,

    aplicao analgica e princpios gerais do Direito.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 36 de 84

    A interpretao extensiva uma atividade na qual o intrprete

    estende o alcance do que diz a lei, em razo de sua vontade (vontade

    da lei) ser esta. No crime de extorso mediante sequestro, por exemplo,

    lgico que a lei quis incluir, tambm, extorso mediante crcere

    privado. Assim, faz-se uma interpretao extensiva, que pode ser

    aplicada sem que haja violao ao princpio da legalidade, pois, na

    verdade, a lei diz isso, s que no est expresso em seu texto. A Doutrina

    processualista diverge um pouco com relao a isso. Embora o CPP

    admita expressamente sua possibilidade de aplicao, h doutrinadores

    que entendem que no caso de se tratar de norma mista, ou norma

    puramente material inserida em lei processual, no caber interpretao

    extensiva em prejuzo do ru.

    A aplicao analgica, por sua vez, bem diferente. Como o nome

    diz, decorre da analogia, que o mesmo que comparao. Assim, essa

    forma de integrao da lei penal somente ser utilizada quando

    no houver norma disciplinando determinando caso. Nesta situao,

    utiliza-se uma norma aplicvel a outro caso, considerado semelhante.

    Na aplicao analgica, o Juiz aplica a um caso uma norma que no

    foi originariamente prevista para tal, e sim para um caso semelhante.

    $ JUDQGH TXHVWmR p VDEHU R TXH VH HQTXDGUD FRPR FDVRVHPHOKDQWH 3DUD LVVR D 'RXWULQD HOHQFD WUrV IDWRUHV TXH GHYHP VHUrespeitados:

    x Semelhana essencial entre os casos (previsto e no previsto pela norma). Desprezam-se as diferenas no

    essenciais.

    x Igualdade de valorao jurdica das hipteses x Igualdade de circunstncias ou igualdade de razo

    jurdica de ambos os institutos

    A Doutrina entende, ainda, que no caso de aplicao analgica

    (analogia) in malam partem, no pode haver leso a contedos de

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 37 de 84

    natureza material (penal), pois no se admite analogia in malam partem

    no Direito Penal.

    J os princpios gerais do Direito so regras de integrao da lei,

    ou seja, de complementao de lacunas. Assim, quando no se

    vislumbrar uma lei que possa reger adequadamente o caso concreto, o

    CPP admite a aplicao dos princpios gerais do Direito. Esses princpios

    gerais do Direito so inmeros, e so aqueles que norteiam a atividade de

    aplicao do Direito.

    Como exemplo, imaginemos que uma lei estabelea a participao

    das partes (autor e ru) em determinado ato processual. Se a lei nada

    disser em relao a ordem de participao das partes no ato processual,

    deve-se permitir que a defesa atue por ltimo, pois de conhecimento

    geral daqueles que aplicam o Direito que a defesa deve falar por ltimo

    no processo, a fim de que possa se defender plenamente dos fatos que

    lhe so imputados.

    RESUMO DA AULA

    1. PRINCPIOS

    x NE PROCEDAT IUDEX EX OFFICIO Tambm chamado de princpio da inrcia, prega que o Juiz no deve se movimentar

    para dar incio ao processo, pois isso cabe ao acusador, que

    na ao penal pblica o MP, e na ao penal privada o

    ofendido. Isso consagra a adoo do SISTEMA

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 38 de 84

    ACUSATRIO, em contraposio ao sistema inquisitivo, no

    adotado em regra. ESTE PRINCPIO NO IMPEDE QUE O

    JUIZ DETERMINE A REALIZAO DE DILIGNCIAS, EM

    HOMENAGEM AO PRINCPIO DA VERDADE REAL;

    x DEVIDO PROCESSO LEGAL Prega que algum s pode ser privado de sua liberdade ou de seus bens aps ser

    devidamente processado em processo que respeite as

    normas constitucionais e legais. Divide-se basicamente em

    CONTRADITRIO e AMPLA DEFESA. O contraditrio , em

    resumo, o direito que cada parte tem de poder se manifestar

    sempre que a outra parte se manifeste. A ampla defesa prega

    que aqueles que esto sendo acusados devem poder se

    defender de todas as formas possveis, no sendo possvel

    restringir o direito de defesa. O postulado da ampla defesa

    engloba a defesa tcnica [= prestada por profissional

    habilitado] e a autodefesa [= realizada pelo prprio acusado,

    por exemplo, quando se manifesta no interrogatrio]. NO

    INQURITO POLICIAL NO H CONTRADITRIO.

    x PRESUNO DE INOCNCIA Ningum pode ser considerado culpado antes que seja condenado por sentena

    da qual no caiba mais recurso. Isso gera a obrigao de que

    o acusador PROVE a culpa do ru, j que este ,

    presumidamente, inocente. A existncia de prises

    cautelares (no curso do processo) NO OFENDE ESTE

    PRINCPIO, pois no se fundamentam na culpa do ru, mas

    em possvel risco ao processo (cautelaridade). Quanto

    posio do STF e do STJ sobre temas especficos deste

    princpio, ver quadrinho da pg. 19;

    x VEDAO DA UTILIZAO DE PROVAS ILCITAS Nenhuma prova obtida por meio ilcito pode ser utilizada no

    processo. Dentre estas provas ilcitas incluem aquelas que,

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 39 de 84

    embora lcitas, originam-se de um ato ilcito [= ilcitas por

    derivao]. A Jurisprudncia, no entanto, tem admitido a

    utilizao destas provas quando for a nica forma de o ru

    PROVAR SUA INOCNCIA.

    x NECESSIDADE DE MOTIVAO DAS DECISES JUDICIAIS Todas as decises do Judicirio devem ser devidamente fundamentadas, sob pena de nulidade, at em

    respeito ao princpio da ampla defesa, para possibilitar que o

    prejudicado possa recorrer da deciso. CUIDADO: 1)

    Deciso de recebimento da inicial acusatria no precisa ser

    fundamentada; 2) Fundamentao referida constitucional;

    3) Decises do Jri no so fundamentadas;

    x PUBLICIDADE Os atos do processo devem ser pblicos, mas essa publicidade no irrestrita, podendo ser restringida

    em alguns casos [= preservao da intimidade ou para a

    perfeita realizao do ato], inclusive em relao s partes no

    processo, MAS NUNCA AOS PATRONOS DAS PARTES.

    DECISO DO JRI SIGILOSA;

    x ISONOMIA PROCESSUAL Diz que todas as partes devem ser tratadas de maneira equnime no processo. Essa

    isonomia busca a igualdade material [= tratar iguais

    igualmente e desiguais desigualmente], de forma que a

    previso de prazos diferenciados para determinadas partes

    no viola este princpio;

    x DUPLO GRAU DE JURISDIO Os atos judiciais devem estar sujeitos reviso por outro rgo do Judicirio. NO

    UM PRINCPIO EXPRESSO NA CONSTITUIO;

    x JUIZ NATURAL E PROMOTOR NATURAL Toda pessoa tem o direito de ser processada [= promotor natural] e

    julgada [= Juiz natural] por rgo do Estado previamente

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 40 de 84

    designado para tal, sendo vedada a formao de Tribunais de

    exceo, ou seja, para julgamento de apenas determinado

    fato, aps a sua prtica. O princpio do Promotor natural no

    unnime na Doutrina. A existncia de VARAS

    ESPECIALIZADAS no ofende este princpio, pois no

    violao imparcialidade do Juiz, j que se trata apenas de

    diviso funcional de tarefas.

    2. APLICAO DA LEI PROCESSUAL PENAL

    x TEMPUS REGIT ACTUM A norma processual nova se aplica aos fatos praticados antes de sua vigncia, desde que

    o processo ainda esteja em curso, sendo aplicada somente

    aos atos processuais ainda no praticados, ou seja, aplica-se

    imediatamente aos processos em curso, daquele momento

    em diante;

    x HETEROTOPIA No caso de normas de Direito Material dentro de uma lei processual, essa norma material no possui

    aplicao imediata, seguindo a regra de aplicao da lei penal

    [= retroatividade somente se benfica ao ru];

    x NORMAS MISTAS So normas que mesclam aspectos de direito material e aspectos de direito processual. Segundo os

    Tribunais superiores, a parte de Direito material no poderia

    ser aplicada aos fatos criminosos j praticados, mas a parte

    de direito processual sim, aplicando-se, portanto, ao processo

    em curso.

    x PRINCPIO DA TERRITORIALIDADE O CPP aplicvel a todo e qualquer crime praticado no territrio nacional, salvo:

    1) Processos de julgamento de CRIMES MILITARES 2)

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 41 de 84

    Crimes de RESPONSABILIDADE; 3) Excees previstas em

    TRATADOS INTERNACIONAIS; 4) Crimes de IMPRENSA.

    x DISPOSIES PRELIMINARES DO CPP Admite-se a utilizao de INTERPRETAO EXTENSIVA, APLICAO

    ANALGICA E PRINCPIOS GERAIS DO DIREITO.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 42 de 84

    QUESTES PARA PRATICAR

    01 - (TJ-SC 2009 TJ-SC ANALISTA JURDICO)

    Segundo De Plcido e Silva, os SULQFtSLRV MXUtGLFRV VHP G~YLGDsignificam os pontos bsicos, que servem de ponto de partida ou de

    HOHPHQWRV YLWDLV GR SUySULR 'LUHLWR ,QGLFDP R DOLFHUFH GR 'LUHLWR(Vocabulrio Jurdico. 28 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009. p.

    1091)

    Tendo em mira o trecho acima transcrito, mormente os seus

    conhecimentos sobre a matria, julgue as proposies a seguir:

    I. Decorre do princpio da presuno de inocncia a imputao do nus da

    prova acusao.

    II. Em razo do princpio da soberania dos veredictos, no pode o

    Tribunal reformar a deciso, apenas designar um novo jri.

    III. O Juiz deve ser previamente designado previamente, por lei, sendo

    vedado o Tribunal de Exceo, conforme preleciona o princpio do Juiz

    Natural.

    IV. De toda alegao ftica ou de direito e das provas apresentadas tem o

    adverso o direito de se manifestar, tendo em vista o que preleciona o

    princpio do contraditrio.

    A) Todas as proposies esto corretas.

    B) Todas as proposies esto incorretas.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 43 de 84

    C) As proposies II, III e IV esto corretas.

    D) As proposies I, II e III esto corretas.

    E) As proposies I, III e IV esto corretas.

    02 - (CESPE 2008 TJ-SE JUIZ DE DIREITO)

    Os princpios constitucionais aplicveis ao processo penal incluem

    A) a publicidade.

    B) a verdade real.

    C) a identidade fsica do juiz.

    D) o favor rei.

    E) a indisponibilidade.

    03 - (FCC 2011 NOSSA CAIXA DESENVOLVIMENTO ADVOGADO)

    A regra que, no processo penal, atribui acusao, que apresenta a

    imputao em juzo atravs de denncia ou de queixa- crime, o nus da

    prova decorrncia do princpio

    A) do contraditrio.

    B) do devido processo legal.

    C) do Promotor natural.

    D) da ampla defesa.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 44 de 84

    E) da presuno de inocncia.

    04 - (MPE-SP 2006 MPE-SP PROMOTOR DE JUSTIA)

    Assinale a afirmao incorreta.

    A) O direito ampla defesa abrange a autodefesa

    B) A retirada do ru da sala de audincia no precisa ser motivada pelo

    juiz.

    C) O direito de o ru estar presente produo da prova testemunhal

    decorre do direito autodefesa.

    D) O direito autodefesa renuncivel.

    E) A retirada do ru da sala de audincia, quando sua presena ou atitude

    possa prejudicar a verdade do depoimento, no viola o direito

    autodefesa.

    05 - (VUNESP 2008 DPE-MS DEFENSOR PBLICO)

    O princpio da publicidade

    A) no tem aplicabilidade no direito processual penal brasileiro, visto que

    no est previsto na Constituio Federal.

    B) aquele que garante imprensa acesso a todas as informaes

    processuais, em nome do interesse pblico.

    C) regra geral no sistema processual do tipo acusatrio.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 45 de 84

    D) manifesta-se claramente nos atos praticados durante a feitura do

    inqurito policial, em razo da natureza inquisitiva da referida pea

    informativa.

    06 - (FCC 2009 MPE-SE TCNICO DO MP REA ADMINISTRATIVA)

    A condenao de um ru sem defensor viola o princpio

    A) da oficialidade.

    B) da publicidade.

    C) do juiz natural.

    D) da verdade real.

    E) do contraditrio.

    07 - (FCC 2009 TJ-AP ANALISTA JUDICIRIO REA JUDICIRIA)

    A Constituio Federal NO prev expressamente o princpio

    A) da publicidade.

    B) do duplo grau de jurisdio.

    C) do contraditrio.

    D) da presuno da inocncia.

    E) do juiz natural.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 46 de 84

    08 - (FCC 2007 MPU ANALISTA PROCESSUAL)

    Dispe o art. 5, inciso XXXVII da Constituio da Repblica Federativa do

    Brasil que "No haver juzo ou Tribunal de exceo; inciso LIII ?

    Ningum ser processado nem sentenciado seno pela autoridade

    competente". Tais disposies consagram o princpio

    A) da presuno de inocncia.

    B) da ampla defesa.

    C) do devido processo legal.

    D) da dignidade.

    E) do juiz natural.

    09 - (FGV 2008 TJ-MS JUIZ DE DIREITO)

    Relativamente aos princpios processuais penais, incorreto afirmar que:

    A) o princpio da presuno de inocncia recomenda que em caso de

    dvida o ru seja absolvido.

    B) o princpio da presuno de inocncia recomenda que processos

    criminais em andamento no sejam considerados como maus

    antecedentes para efeito de fixao de pena.

    C) os princpios do contraditrio e da ampla defesa recomendam que a

    defesa tcnica se manifeste depois da acusao e antes da deciso

    judicial, seja nas alegaes finais escritas, seja nas alegaes orais.

    D) o princpio do juiz natural no impede a atrao por continncia nos

    casos em que o co-ru possui foro por prerrogativa de funo quando o

    ru deveria ser julgado por um juiz de direito de primeiro grau.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 47 de 84

    E) o princpio da vedao de provas ilcitas no absoluto, sendo

    admissvel que uma prova ilcita seja utilizada quando a nica disponvel

    para a acusao e o crime imputado seja considerado hediondo.

    10 - (FCC 2008 TCE/AL PROCURADOR)

    Em relao lei processual penal no tempo, em caso de lei nova, a regra

    geral consiste na sua aplicao

    A) imediata, independentemente da fase em que o processo em

    andamento se encontre.

    B) imediata, somente em relao aos processos que se encontrem na fase

    instrutria.

    C) somente a processos futuros, ainda que por fatos anteriores.

    D) somente a processos futuros e sobre fatos posteriores.

    E) imediata ou a processos futuros conforme deciso fundamentada do

    juiz em cada caso.

    11 - (FCC 2009 TJ/MS JUIZ)

    A lei processual penal

    A) tem aplicao imediata apenas nos processos ainda no instrudos.

    B) tem aplicao imediata apenas se beneficiar o acusado.

    C) de aplicao imediata, sem prejuzo de validade dos atos j

    realizados.

    D) vigora desde logo e sempre tem efeito retroativo.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 48 de 84

    E) aplicvel apenas aos fatos ocorridos aps a sua vigncia.

    12 - (FCC 2008 MPE/CE PROMOTOR)

    Quanto eficcia temporal, a lei processual penal

    A) aplica-se somente aos fatos criminosos ocorridos aps a sua vigncia.

    B) vigora desde logo, tendo sempre efeito retroativo.

    C) tem aplicao imediata, sem prejuzo da validade dos atos j

    realizados.

    D) tem aplicao imediata nos processos ainda no instrudos.

    E) no ter aplicao imediata, salvo se para beneficiar o acusado.

    13 - (FCC 2009 TJ/PA ANALISTA JUDICIRIO REA JUDICIRIA)

    A nova lei processual penal

    A) de incidncia imediata, pouco importando a fase em que esteja o

    processo.

    B) no aplicvel aos processos, ainda em curso, iniciados na vigncia da

    lei processual anterior.

    C) no aplicvel aos processos de rito ordinrio, ainda em andamento,

    quando de sua vigncia.

    D) aplicvel, inclusive, aos processos j findos.

    E) aplicvel somente aos processos, ainda em curso, da competncia do

    Tribunal do Jri.

    00000000000

    00000000000 - DEMO

  • Direito Processual Penal SEC. ADM. PENITENCIRIA-DF (2014) AGENTE PENITENCIRIO

    Teoria e exerccios comentados Prof. Renan Araujo Aula DEMO

    Prof.Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Pgina 49 de 84

    14 - (VUNESP 2010 FUNDAO CASA ANALISTA ADMINISTRATIVO DIREITO) No que concerne lei processual penal, considere as seguintes

    assertivas:

    I. aplicar-se- desde logo, sem prejuzo da validade dos atos realizados

    sob a vigncia da lei anterior;

    II. no admitir interpretao extensiva e aplicao analgica;

    III. admitir o suplemento dos princpios gerais de direito.

    correto o que se afirma em

    A) III, apenas.

    B) I e II, apenas.

    C) I e III, apenas.

    D) II e III, apenas.

    E) todas as assertivas.

    15 - (FCC 2013 TJ/PE TITULAR DE SERVIOS NOTARIAIS) Sobre a aplicao da lei processual penal e a interpretao no processo

    penal, INCORRETO afirmar:

    a) A legislao brasileira segue o princpio da territorialidade para a

    aplicao das normas processuais penais.

    b) O princpio da territorialidade na aplicao da lei processual penal

    brasileira pode ser ressalvado por tratados, convenes e regras de

    direito internacional.

    c) A lei processual penal aplica-se desde logo, sem prejuzo da validade

    dos atos realizados sob a vigncia da lei anterior.