atuação do gerente da crises - para mesclagem

23
1. INTRODUÇÃO O processo do gerenciamento de crises se inicia antes do momento em que a polícia toma conhecimento da eclosão de um evento crítico. A crise, por sua vez, se destaca das ocorrências ordinárias atendidas pelos organismos policiais por algumas características inerentes à sua conceituação: trata-se de um evento ou situação que exige uma resposta especial da Polícia e destaca-se pela imprevisibilidade, compressão de tempo, ameaça à vida e pela necessidade de uma postura organizacional não-rotineira, planejamento específico e considerações legais especiais. Dentro da concepção de estabelecimento de uma postura organizacional não-rotineira, a doutrina consolidada pelo FBI e pela maioria das polícias norte-americanas propõe a composição de um Gabinete de Gerenciamento de Crises, chefiado por um policial denominado Gerente da Crise ou Comandante da Cena de Ação (nomenclatura oriunda da doutrina norte-americana) e formado por profissionais técnicos da Segurança Pública e representantes de organismos públicos e privados atingidos pelo evento crítico, por um Grupamento Tático (GT) e por um Grupamento de Negociadores (GN). Numa abordagem sistêmica, a previsão de um Grupo de Decisão (GD) composto por instâncias superiores do Poder Público e até mesmo de entidades privadas autoriza, dá aval e respaldo político-social às propostas oriundas do Gabinete de Gerenciamento de Crises para a solução do

Upload: belisa-franca

Post on 24-Jul-2015

122 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

1. INTRODUÇÃO

O processo do gerenciamento de crises se inicia antes do momento em que

a polícia toma conhecimento da eclosão de um evento crítico. A crise, por sua

vez, se destaca das ocorrências ordinárias atendidas pelos organismos

policiais por algumas características inerentes à sua conceituação: trata-se de

um evento ou situação que exige uma resposta especial da Polícia e destaca-

se pela imprevisibilidade, compressão de tempo, ameaça à vida e pela

necessidade de uma postura organizacional não-rotineira, planejamento

específico e considerações legais especiais.

Dentro da concepção de estabelecimento de uma postura organizacional

não-rotineira, a doutrina consolidada pelo FBI e pela maioria das polícias norte-

americanas propõe a composição de um Gabinete de Gerenciamento de

Crises, chefiado por um policial denominado Gerente da Crise ou Comandante

da Cena de Ação (nomenclatura oriunda da doutrina norte-americana) e

formado por profissionais técnicos da Segurança Pública e representantes de

organismos públicos e privados atingidos pelo evento crítico, por um

Grupamento Tático (GT) e por um Grupamento de Negociadores (GN).

Numa abordagem sistêmica, a previsão de um Grupo de Decisão (GD)

composto por instâncias superiores do Poder Público e até mesmo de

entidades privadas autoriza, dá aval e respaldo político-social às propostas

oriundas do Gabinete de Gerenciamento de Crises para a solução do evento

crítico. Toda a comunicação entre o GD e o GGC, bem como qualquer ordem,

orientação ou decisão relativa ao evento crítico deve ser transmitida através do

Gerente da Crise.

Tal diretriz doutrinária postula, portanto, a autoridade do Gerente da Crise

objetivando uma atuação coesa e evitando a existência de comandos

paralelos. Tal prerrogativa exige deste policial uma variada gama de

responsabilidades de encargos que se estendem por todas as fases da

confrontação e em especial, na fase da resposta imediata, tema central da

presente abordagem.

Page 2: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

2. O GERENTE DA CRISE

Para Dalle Lucca1, o gerente da crise é o policial de maior graduação ou

posto, presente no local, cabendo a ele toda a responsabilidade pelo

gerenciamento da crise, sendo ele a única autoridade do local com poder

decisório, de maneira que, todo o staff formado, para o assessoramento, o GN

e o GT deverão estar subordinado a este policial.

No mesmo sentido, Batista2 preceitua que a doutrina de gerenciamento de

crises no Brasil define como atribuição primordial do comandante da área de

operações a representação do Gabinete de Gerenciamento de Crises, através

do qual irá decidir, coordenar, orientar e assumir o controle direto de todas as

ações nas diversas fases do gerenciamento.

Portanto, o teatro de operações ficará sempre sob a responsabilidade do

gerente da crise e a partir daí, toda ação desenvolvida no âmbito na cena de

ação será analisada por este policial, que em suma é a maior autoridade na

área em torno do ponto crítico.

A responsabilidade concentrada no gerente da crise tem por objetivo trazer

coesão e definição de autoridade no gerenciamento da crise, evitando, como já

expresso anteriormente, a incidência de cadeias de comando paralelas e

dispersão de ordens. Essa prerrogativa, porém, imputa ao comandante da cena

de ação uma série de responsabilidades e encargos, em todas as fases da

confrontação.

Sobre este tema, em Mato Grosso, o Dec. 4.018/04 estabelece:

Art. 4° O Comandante da Cena de Ação, a ser imediatamente designado pelo Secretário de Justiça e Segurança Pública, deve ser obrigatoriamente um Delegado da Polícia Judiciária Civil ou um Oficial Superior da Polícia Militar, a quem caberá estabelecer seu Posto de Comando e coordenar os integrantes do Grupo de Apoio, bem como solicitar os reforços necessários.(grifo nosso)

3. FASES DO CONFRONTO E A RESPOSTA IMEDIATA

1 DALLE LUCCA, Diógenes Viegas. Gerenciamento de Crises em Ocorrência com Reféns Localizados. São Paulo, 2002.2 BATISTA, Januário Antônio Edwiges. Momento Crítico na Segurança Pública em Cuiabá: Análise de Situação com Refém. Várzea Grande, 2009.

Page 3: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

A doutrina de Gerenciamento de Crises prevê a resolução de um conflito

através de um método que possibilita uma visão analítica da solução de

eventos críticos, desde a antecipação até o momento da resolução da crise.

Para tal, fracionou-se esse fenômeno em quatro fases, material e

cronologicamente distintas, classificadas como fases da confrontação. As fases

são: a pré-confrontação, a resposta imediata o plano específico e a resolução.

A pré-confrontação, em síntese, antecede o evento crítico e é durante a

qual as organizações policiais preparam e planejam a maneira através da qual

irão atuar diante de uma crise que ocorra em sua área de competência. No

tocante à postura das Instituições de Segurança Pública diante do evento

crítico, a doutrina prevê duas abordagens possíveis: a abordagem casuísta (ou

ad hoc ou, ainda, caso a caso) e a abordagem permanente ou de comissão.

Na abordagem casuísta, como o próprio nome antecipa, a organização

policial, diante do evento crítico, mobiliza-se caso a caso, enquanto a

abordagem permanente preconiza a manutenção de um grupo de pessoas

anteriormente designado que deve ser acionado imediatamente após a eclosão

da crise.

A segunda fase da confrontação é aquela em que há a reação ao evento

crítico, ou seja, o momento onde são mobilizados os entes de atuação do

gerenciamento de crises. É nesta fase que as equipes são deslocadas para o

local da crise e que as comunicações iniciais são substituídas pela negociação

policial, por exemplo. Tal fase será melhor caracterizada, posteriormente,

quando as ações do gerente da crise na resposta imediata forem detalhadas.

O plano específico é a fase em que é elaborada a solução para o evento

crítico, através da discussão e análise de hipóteses propostas pelos

responsáveis pelo gerenciamento da crise. Por fim, a última fase do

gerenciamento de crises é a resolução, onde se executa e implementa aquilo

que ficou decidido durante a elaboração do plano específico.

Em virtude de o presente trabalho ter como escopo a atuação do gerente

das crises durante a fase da resposta imediata, faz-se mister detalhar alguns

pontos relevantes desse momento da confrontação. Como definido

anteriormente, a resposta imediata é a fase onde se revelam as primeiras

ações dos organismos policiais envolvidos na solução naquela crise.

Page 4: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

Os estudos iniciais sobre gerenciamento de crises definiram como medidas

imediatas a serem tomadas após a eclosão de uma crise: conter, isolar e iniciar

as negociações. Essas assertivas estiveram, durante muito tempo,

direcionadas aos policiais das unidades de área que realizavam o policiamento

naquele local quando o evento crítico se iniciava.

A evolução teórica por que passou a doutrina preceitua hoje que os quatro

conceitos que governam a resposta imediata hoje são: conter, controlar,

comunicar e coordenar. Sinteticamente, a ação de conter significa evitar que a

crise se alastre, ou seja, que os causadores do evento crítico ampliem sua área

de controle ou o número de capturados, por exemplo; controlar, por sua vez,

significa desenvolver controle total do ponto crítico através de ações que

interrompam o contato do causador da crise com o mundo exterior. A

comunicação com captor é uma ação fundamental a ser dada pelo policial que

primeiro tomou ciência da crise, mesmo não sendo ele aquele responsável pela

negociação durante o restante do processo de gerenciamento. Coordenar, por

fim, prescinde a organização básica para receber o GGC, ou seja,

estabelecimento dos perímetros táticos, reunião das informações coletas até

aquele momento, entre outras.

Adotadas essas medidas iniciais e com a chegada do GGC inicia-se o

processo de instalação do teatro de operações, cujo comando é de exclusiva

responsabilidade do gerente da crise.

4. TAREFAS DO GERENTE DA CRISE NA FASE DA RESPOSTA

IMEDIATA

É consenso doutrinário que o Gerente da crise, ou comandante do teatro de

operações, seja um policial de alta hierarquia dotado de conhecimento sobre

gerenciamento de crises, negociação policial e ações táticas e que centralize a

autoridade bem como as ordens emanadas do ponto crítico. Após a chegada

do GGC ao local da crise, este componente responde por uma série de

medidas necessária durante a fase da resposta imediata.

a) Verificar se a organização policial possui um plano de contingência

para eventos críticos e, se for o caso, declará-lo acionado.

Page 5: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

Caso as organizações policiais envolvidas ou mesmo o próprio Sistema de

Segurança Pública possuam um plano de contingência cabe ao gerente da

crise declará-lo acionado. Tal ação apenas é pertinente quando a abordagem

utilizada pela Instituição é a de abordagem permanente.

Se a abordagem utilizada for ad hoc, cabe ao gerente identificar

especialistas para o atendimento da ocorrência, ou seja, aqueles que irão, de

fato, atuar no gerenciamento da crise: negociadores, GT, médicos, bombeiros e

pessoal de comunicação social, por exemplo.

Analogamente, em Mato Grosso, o Decreto 4.018/04 sugere uma

abordagem permanente prevendo a composição de um comitê, conforme o

subscrito artigo:

Art. 2° O Comitê de Gerenciamento será presidido pelo Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, sendo membros natos o Comandante-Geral da Polícia Militar, o Diretor-Geral da Polícia Judiciária Civil, tendo ainda os seguintes integrantes:

I - um Delegado de Polícia Judiciária Civil;

II - um Oficial da Polícia Militar;

III - um Oficial do Corpo de Bombeiro Militar;

VI – Presidente do Conselho de Direitos Humanos da

OAB/MT;

V – um representante do Conselho de Defesa dos Direitos da pessoa Humana – CDDPH;

VII - um representante do Conselho de Defesa dos Direitos

da Pessoa Humana - CDDPH;

VI - um Especialista em GC da Polícia Judiciária Civil e um Especialista em GC da polícia Militar;

VII - um Assessor de Comunicação;

VIII - um Representante do Sistema Penitenciário ou do

Centro Sócio Educativo se for o caso.

Apesar da clara tentativa de estruturação de um comitê, entendemos

que o referido Decreto é lacunoso quando não preceitua a composição do

Gabinete de Gerenciamento de Crises (Grupo de Negociação, Grupo Tático e

Staff, sob o comando do Gerente da Crise).

Page 6: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

b) Montar o posto de comando em local seguro e próximo ao vento

crítico.

Quando o número de pessoas envolvidas no gerenciamento da crise

exceder a capacidade de controle por uma só pessoa, quando a ocorrência

exigir a coordenação entre várias unidades de uma mesma Instituição ou, até

mesmo, de organizações policiais diferentes e, ainda, demandar a atuação de

múltiplas atividades, o gerente da crise deve optar pela implementação de um

Posto de Comando tão logo seja estabilizada a situação.

O Posto de Comando é a central de atuação do gerente da crise e tem

importância fundamental no curso do processo de gerenciamento, pois de sua

organização e operacionalidade dependem o fluxo de decisões e o próprio

êxito na busca de uma solução aceitável para o evento crítico. O comandante

da cena de ação deverá fundamentar a instalação do PC em uma organização

de pessoas com cadeia de comando baseada na divisão de trabalhos e tarefas

definidas, bem como, estar atento aos requisitos fundamentais dessa estrutura:

segurança, comunicações, infraestrutura, proximidade do ponto crítico,

isolamento e restrição quanto ao acesso.

Faz-se relevante mencionar que essa tarefa imputada ao gerente da crise é

contemplada pelo Decreto, anteriormente mencionado, quando traça a

definição a respeito da referida função de comando, conforme transcrição:

Art. 4° O Comandante da Cena de Ação, a ser imediatamente designado pelo Secretário de Justiça e Segurança Pública, deve ser obrigatoriamente um Delegado da Polícia Judiciária Civil ou um Oficial Superior da Polícia Militar, a quem caberá estabelecer seu Posto de Comando e coordenar os integrantes do Grupo de Apoio, bem como solicitar os reforços necessários.(grifo nosso)

c) Providenciar especialistas para atendimento à ocorrência.

Nesta tarefa, o gerente da crise deverá elencar quais serão as demandas

específicas da crise e convocar aquelas unidades ou profissionais

especializados para realizar seu atendimento. Podemos exemplificar a atuação

Page 7: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

do comandante da cena de ação, nesse contexto, através do acionamento de

um Grupamento de Ações Anti-Bombas para atuar em um evento crítico cuja

ameaça envolva a presença de explosivos ou, ainda, através do acionamento

do SAMU e do Corpo de Bombeiros para realizar resgates e atendimentos de

socorros de urgência.

É importante lembrar que tal tarefa não consiste apenas em acionar equipes

que atuem mediante situações específicas (ameaças exóticas, presença de

explosivos, realização de resgates, etc.), o gerente da crise deverá contatar

profissionais e equipes cuja a especialização seja a atuação em gerenciamento

de crises, a exemplo de negociadores, Grupo Tático, encarregado da

Comunicação Social.

d) Isolar a área, estabelecendo os perímetros táticos e providenciando

o patrulhamento ostensivo desses perímetros.

Para a caracterização desta tarefa, é importante rever alguns conceitos

inerentes ao momento da resposta imediata. Os policiais que atuarem na

primeira intervenção, ou seja, aqueles responsáveis pelo policiamento de área

e que primeiramente chegarem ao local do evento crítico, devem estar atentos

às medidas iniciais a serem tomadas: Conter, Controlar, Comunicar e

Coordenar. Nesse contexto, as duas primeiras medidas se constituem em

impedir a fuga do causador da crise, mantendo-o dentro do menor perímetro

possível, limitando sua movimentação e, consequentemente, restringindo o

acesso de pessoas não autorizadas ao ponto crítico. Esse isolamento executa-

se por meio dos perímetros táticos.

Cabe, portanto, ao gerente da crise avaliar os perímetros fixados pelos

policiais de primeira intervenção, optando pela sua modificação ou

manutenção. Constitui-se, também, responsabilidade do comandante da cena

de ação o controle e o comando do policiamento ostensivo distribuído nos

perímetros táticos, interno e externo.

e) Determinar o posicionamento do pessoal do Grupo Tático em

pontos estratégicos da cena de ação.

Page 8: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

Constitui-se responsabilidade do gerente da crise, em consenso com o

Comandante do Grupo Tático, avaliar e definir as posições do GT. Levando em

consideração as especificidades do local e da crise, o grupo tático deve sempre

estar pronto para dar uma resposta imediata às situações que necessitarem de

sua atuação.

f) Entrevistar ou interrogar pessoas, que de qualquer modo tenham

escapado do ponto crítico.

Pessoas que presenciaram a eclosão do evento crítico, bem como, aquelas

que, por alguma maneira, conseguiram escapar da crise constituem-se

preciosas fontes de informações a respeito do ponto crítico, dos causadores da

crise e dos capturados. Os dados oriundos dessa entrevista devem ser

avaliados e compilados pelo gerente da crise e, posteriormente, repassados

aos GT e GN na forma de material de auxílio para sua atuação.

g) Providenciar o imediato início das negociações.

Doutrinariamente, entendemos que os policiais que primeiro chegaram ao

local da crise iniciam as comunicações com os causadores do evento crítico.

Compete ao gerente da crise subsidiar a substituição desse primeiro interventor

pelo negociador, componente do GN, que conduzirá essa alternativa tática

durante o processo de gerenciamento da crise.

O Comandante da Cena de ação deve, durante essa tarefa, garantir que

todas as informações obtidas pelo primeiro interventor sejam repassadas com

clareza e objetividade ao GN e que a substituição seja feita de maneira

eficiente sem qualquer prejuízo à estabilidade da crise.

h) Dar ciência da crise aos escalões superiores, fornecendo-lhes

relatórios periódicos sobre a evolução dos acontecimentos.

É consenso doutrinário que as tarefas do gerente da crise durante a

resposta imediata acontecem simultaneamente, no entanto, entendemos que a

comunicação com as autoridades pertencentes aos escalões superiores deve

Page 9: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

ser realizada após a execução das tarefas que visem estabilizar a crise e traçar

um panorama inicial para ela.

Essa tarefa consiste, essencialmente, em fornecer aos superiores das

organizações policiais envolvidas as informações imprescindíveis a respeito da

crise e relatórios periódicos, informando-lhes dos principais acontecimentos da

crise.

Posto que, a maioria dessas autoridades irá compor o Grupo de Decisão a

presença do gerente da Crise se fundamente como elemento de ligação entre

as opções técnicas de soluções aceitáveis oriundas do GGC e as avaliações

sociais e políticas emanadas do GD.

i) Providenciar, se for o caso, fotografias, diagramas ou plantas

baixas do ponto crítico para uso do GT.

Conforme elencado em tópico anterior, o Grupo Tático deve estar pronto

para agir imediatamente após sua atuação se fizer necessária. Para tanto,

deverá estar posicionado em locais estratégicos, definidos pelo Gerente da

Crise, e conhecer os aspectos mais relevantes do ponto crítico.

Cabe ao comandante da cena de ação fornecer as informações necessárias

para que o GT se ambiente às especificidades do ponto crítico, seja através de

dados oriundos das entrevistas com testemunhas ou de plantas, fotografias e

diagramas do local.

j) Estabelecer uma rede de comunicações que cubra toda cena de

ação.

O aspecto comunicação já fora mencionando quando citamos os requisitos

necessários para a implantação de um Posto de Comando, enquanto tarefa do

gerente da crise. Portanto, percebe-se a importância da transmissão clara,

precisa e segura das informações referentes à crise em todo o perímetro do

ponto crítico.

O gerente da crise deverá definir, segundo as características da crise, do

ponto crítico e das demandas do efetivo empregado, qual será a forma mais

eficiente de comunicação entre os profissionais ali atuantes, bem como escalar

Page 10: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

um profissional para, exclusivamente, certificar as informações transmitidas e

dar encaminhamento a documentos.

k) Estabelecer esquemas de controle de acesso de pessoas nas aeras

isoladas.

O gerente da crise ao certificar os perímetros táticos e estabelecer o

policiamento em seus acessos, deverá instruir os policiais ali presentes sobre

quem terá acesso ao perímetro externo e interno. A transmissão dessas regras

deve ser feita de maneira clara, para que seja evitada a entrada de pessoas

não autorizadas no ponto crítico, podendo comprometer a estabilidade da crise

ou a execução de alguma ação do GN ou do GT.

A entrada de peritos, médicos, técnicos, entre outros, deve estar

previamente autorizadas para evitar transtorno à execução das atividades

destes, bem como, consultas constantes ao gerente da crise sobre quem

deverá ou não adentrar ao perímetro.

l) Providenciar apoio técnico para providências que o exijam.

O gerente da crise, ao antever situações que serão executadas nesta ou

nas demais fases da confrontação, deverá acionar pessoal especializado para

o atendimento dessas demandas.

Por exemplo, caberá ao comandante da cena de ações providenciar a

presença de funcionários e representantes das concessionárias de energia e

saneamento básico para caso haja necessidade de interrupção do

fornecimento desses serviços.

Nesse contexto o Decreto 4.018/04 preceitua que:

Art. 6° O Grupo de Apoio deverá ser composto pelo Comandante da UPM da área, pelo Delegado de Polícia circunscrito ou designado, pelos responsáveis das Forças Táticas da Polícia Judiciária Civil – G.O.E. e Polícia Militar - BOPE e de um representante do CBM, BPTran, da empresa distribuidora de energia elétrica, da concessionária prestadora de serviços telefônicos, da empresa ou órgão de saneamento e distribuição de água e, de outros a quem o Comandante da Cena de Ação julgar necessários para a solução do evento, observando-se a gravidade da crise e o pessoal envolvido, cabendo ao Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública o seu acionamento.

Page 11: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

Entendemos, primeiramente, como errôneo o emprego da nomenclatura

“Grupo de Apoio” para constituir os elementos elencados no supracitado artigo.

Segundo Salignac (2011), o grupo de apoio constitui-se de uma coordenação

voltada para execução de funções administrativas e de logística no cenário de

ação. Portanto, o legislador se equivocou quando incluiu sob a titulação de staff

os elementos operacionais (GN e GT) e os elementos de inteligência e

vigilância técnica.

De qualquer sorte, a norma prevê o acionamento de profissionais técnicos,

a exemplo de representantes e funcionários da empresa distribuidora de

energia elétrica, da concessionária prestadora de serviços telefônicos, da

empresa ou órgão de saneamento e distribuição de água e, de outros a quem o

Comandante da Cena de Ação julgar necessários. No entanto, atribui ao

Secretário de Segurança Pública, e não ao Gerente da Crise, a

responsabilidade pelo seu acionamento.

m) Preparar escalas de pessoal, no caso de prolongamento da crise,

não se esquecendo de designar uma pessoa para substituí-lo no

comando da cena de ação.

Antevendo o prolongamento da crise, o gerente da crise deverá

providenciar a confecção de escalas para a substituição do efetivo empregado

inicialmente, respeitando, obviamente as especificidades técnicas dos

profissionais atuantes.

É importante salientar, que durante a execução dessa tarefa o comandante

da cena de ação deve estabelecer os meios através dos quais as informações

e dados referentes à crise sejam transmitidos integralmente às equipes

substitutas.

O gerente também deverá estar atento à possibilidade de ser substituído,

seja pelo prolongamento da crise, seja por qualquer outra eventualidade.

Portanto, deverá ter em mente um possível substituto apto para exercer as

funções inerentes e a quem possa transmitir todas as informações a respeito

da crise.

Page 12: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

CONCLUSÃO

É na fase da resposta imediata que a organização policial toma

conhecimento e reage ao evento crítico. O estabelecimento de um Gabinete de

Page 13: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

Gerenciamento de Crise como medida para a confrontação dessa ocorrência

prescinde da figura de um policial, de alta hierarquia dentro da instituição de

que faça parte, com conhecimento específico sobre esse tipo de ocorrências e

que concentre todas as ordens e determinações no ponto crítico.

Essa figura de grande importância em todo o processo de resolução da

crise, como exposto neste estudo, centraliza uma série de atribuições de

maneira que as ações oriundas do GGC sejam dotadas de coesão e equilíbrio

diante de todos os grupos que compõe e influenciam as decisões do gabinete.

Em suma, na fase de resposta imediata o comandante do teatro de

operações tem a responsabilidade de instalar o GGC e direcionar todos os

entes que o compõe (GN, GT e Grupos de Apoio) para suas respectivas

funções, munindo-os das informações necessárias e sendo o elo de

comunicação com as autoridades que fazem parte do Grupo de decisão.

A respeito das atribuições do Gerente da Crise, genericamente, o Dec.

4.018/04 aponta no artigo 4º, expressamente citado em tópico anterior, afirma

que caberá àquele estabelecer seu Posto de Comando e coordenar os

integrantes do Grupo de Apoio, bem como solicitar os reforços necessários. Tal

citação, apesar de encontra-se em consonância com a doutrina vigente se

revela incompleta diante das atribuições descritas na presente pesquisa e na

teoria de gerenciamento de crises.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 14: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

BATISTA, Januário Antônio Edwiges. Momento Crítico na Segurança Pública

em Cuiabá: Análise de Situação com Refém. Várzea Grande, 2009.

DALLE LUCCA, Diógenes Viegas. Gerenciamento de Crises em Ocorrências

com Refém Localizado. São Paulo, 2002.

DE SOUZA, Wanderley Mascarenhas. Gerenciamento de Crises: Negociação e

Atuação de Grupos Especiais na solução de Eventos Críticos. São Paulo,

1995.

MATO GROSSO. Decreto 4.018, de 22 de Setembro de 2004. Palácio

Paiaguás. Cuuiabá: 2004.

SALIGNAC, Angelo Oliveira. Negociação em Crises: Atuação Policial na Busca

de Solução para Eventos Críticos.

ESTADO DE MATO GROSSOSECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA

POLICIA MILITARDIREÇÃO DE ENSINO, INSTRUÇÃO E PESQUISA

Page 15: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR COSTA VERDE - PMMTCURSO DE FORMACAO DE OFICIAIS/BACHAREL EM SEGURANCA

PUBLICA

DISCIPLINA: GERENCIAMENTO DE CRISES

INTRUTOR: MAJ PM JANUÁRIO

DISCENTES: AL OF PM ALVES AL OF PM ANDREO AL OF PM BELISA AL OF PM BISPO AL OF PM IGOR AL OF PMJOÃO NETO AL OF PM MAIA AL OF PM MÁRCIO PEREIRA AL OF PM ROSANA AL OF PM SOUZA AL OF PM SANTINO AL OF PM SUAREZ AL OF PM THÁSSIO AL OF PM WESLEY

Belisa Melo de França Santos

Diogo Santino da Silva

Page 16: Atuação do Gerente da Crises - para mesclagem

Grauciano Bispo Gomes

Igor Pires Fernandes

João Alves Pereira Neto

Lucas Andreo

Luiz Miguel Olivencia Suarez Júnior

Marcelo Moessa de Souza

Márcio Pereira da Silva

Moizaniel Fonseca Alves

Paulo Henrique Maia

Rosana Siqueira Galvão Corvoisier

Thássio Matheus Fernandes Alves

Wesley Lojor da Costa

TAREFAS DO GERENTE DA CRISE DURANTE A FASE DE RESPOSTA IMEDIATA

Trabalho apresentado à disciplina Gerenciamento de Crises, do 3º ano do Curso de Formação de Oficiais da Academia de Polícia Militar Costa Verde.

Instrutor: Maj. PM Januário Antônio E. Batista

Várzea Grande

2012