ato institucional nº 5

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Ato Institucional nº 5, de 13 de Dezembro de 1968 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, ouvido o Conselho de Segurança Nacional, e Considerando que a Revolução Brasileira de 31 de março de 1964 teve, conforme decorre dos Atos com os quais se institucionalizou, fundamentos e propósitos que visavam a dar ao País um regime que, atendendo às exigências de um sistema jurídico e político, assegurasse autêntica ordem democrática, baseada na liberdade, no respeito à dignidade da pessoa humana, no combate à subversão e às ideologias contrárias às tradições de nosso povo, na luta contra a corrupção, buscando, deste modo, "os meios indispensáveis à obra de reconstrução econômica, financeira, política e moral do Brasil, de maneira a poder enfrentar, de modo direto e imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restauração da ordem interna e do prestígio internacional da nossa pátria" (Preâmbulo do Ato Institucional nº 1, de 9 de abril de 1964); Considerando que o Govêrno da República, responsável pela execução daqueles objetivos e pela ordem e segurança internas, não só não pode permitir que pessoas ou grupos anti-revolucionários contra ela trabalhem, tramem ou ajam, sob pena de estar faltando a compromissos que assumiu com o povo brasileiro, bem como porque o Poder Revolucionário, ao editar o Ato Institucional nº 2, afirmou, categoricamente, que "não se disse que a Revolução foi, mas que é e continuará" e, portanto, o processo revolucionário em desenvolvimento não pode ser detido; Considerando que êsse mesmo Poder Revolucionário, exercido pelo Presidente da República, ao convocar o Congresso Nacional para discutir, votar e promulgar a nova Constituição, estabeleceu que esta, além de representar "a institucionalização dos ideais e princípios da Revolução", deveria "assegurar a continuidade da obra revolucionária" (Ato Institucional nº 4, de 7 de dezembro de 1966); Considerando, no entanto, que atos nitidamente subversivos, oriundos dos mais distintos setores políticos e culturais, comprovam que os instrumentos jurídicos, que a Revolução vitoriosa outorgou à Nação para sua defesa, desenvolvimento e bem-estar de seu povo, estão servindo de meios para combatê-la e destruí-la; Considerando que, assim, se torna imperiosa a adoção de medidas que impeçam sejam frustrados os ideais superiores da Revolução, preservando a ordem, a segurança, a tranqüilidade, o desenvolvimento econômico e cultural e a harmonia política e social do País comprometidos por processos subversivos e de guerra revolucionária; Considerando que todos êsses fatos perturbadores da ordem são contrários aos ideais e à consolidação do Movimento de março de 1964, obrigando os que por êle se responsabilizaram e juraram defendê-lo, a adotarem as providências necessárias, que evitem sua destruição, Resolve editar o seguinte ATO INSTITUCIONAL Art. 1º São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições estaduais, com as modificações constantes deste Ato Institucional. Art. 2º O Presidente da República poderá decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas e das Câmaras de Vereadores, por Ato Complementar, em estado de sitio ou fora dêle, só voltando os mesmos a funcionar quando convocados pelo Presidente da República. § 1º Decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo correspondente fica autorizado a legislar em tôdas as matérias e exercer as atribuições previstas nas Constituições ou na Lei Orgânica dos Municípios. § 2º Durante o período de recesso, os Senadores, os Deputados federais, estaduais e os Vereadores só perceberão a parte fixa de seus subsídios. § 3º Em caso de recesso da Câmara Municipal, a fiscalização financeira e orçamentária dos Municípios que não possuam Tribunal de Contas, será exercida pelo do respectivo Estado, estendendo sua ação às funções de auditoria, julgamento das contas dos administradores e demais responsáveis por bens e valores públicos. Art. 3º O Presidente da República, no interesse nacional, poderá decretar a intervenção nos Estados e Municípios, sem as limitações previstas na Constituição.

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  • Ato Institucional n 5, de 13 de Dezembro de 1968

    O PRESIDENTE DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, ouvido o Conselho de Segurana Nacional, e

    Considerando que a Revoluo Brasileira de 31 de maro de 1964 teve, conforme decorre dos Atos com os quais se

    institucionalizou, fundamentos e propsitos que visavam a dar ao Pas um regime que, atendendo s exigncias de um

    sistema jurdico e poltico, assegurasse autntica ordem democrtica, baseada na liberdade, no respeito dignidade da

    pessoa humana, no combate subverso e s ideologias contrrias s tradies de nosso povo, na luta contra a corrupo,

    buscando, deste modo, "os meios indispensveis obra de reconstruo econmica, financeira, poltica e moral do Brasil, de

    maneira a poder enfrentar, de modo direto e imediato, os graves e urgentes problemas de que depende a restaurao da

    ordem interna e do prestgio internacional da nossa ptria" (Prembulo do Ato Institucional n 1, de 9 de abril de 1964);

    Considerando que o Govrno da Repblica, responsvel pela execuo daqueles objetivos e pela ordem e segurana

    internas, no s no pode permitir que pessoas ou grupos anti-revolucionrios contra ela trabalhem, tramem ou ajam, sob

    pena de estar faltando a compromissos que assumiu com o povo brasileiro, bem como porque o Poder Revolucionrio, ao

    editar o Ato Institucional n 2, afirmou, categoricamente, que "no se disse que a Revoluo foi, mas que e continuar" e,

    portanto, o processo revolucionrio em desenvolvimento no pode ser detido;

    Considerando que sse mesmo Poder Revolucionrio, exercido pelo Presidente da Repblica, ao convocar o Congresso

    Nacional para discutir, votar e promulgar a nova Constituio, estabeleceu que esta, alm de representar "a

    institucionalizao dos ideais e princpios da Revoluo", deveria "assegurar a continuidade da obra revolucionria" (Ato

    Institucional n 4, de 7 de dezembro de 1966);

    Considerando, no entanto, que atos nitidamente subversivos, oriundos dos mais distintos setores polticos e culturais,

    comprovam que os instrumentos jurdicos, que a Revoluo vitoriosa outorgou Nao para sua defesa, desenvolvimento e

    bem-estar de seu povo, esto servindo de meios para combat-la e destru-la;

    Considerando que, assim, se torna imperiosa a adoo de medidas que impeam sejam frustrados os ideais superiores da

    Revoluo, preservando a ordem, a segurana, a tranqilidade, o desenvolvimento econmico e cultural e a harmonia poltica

    e social do Pas comprometidos por processos subversivos e de guerra revolucionria;

    Considerando que todos sses fatos perturbadores da ordem so contrrios aos ideais e consolidao do Movimento de

    maro de 1964, obrigando os que por le se responsabilizaram e juraram defend-lo, a adotarem as providncias necessrias,

    que evitem sua destruio,

    Resolve editar o seguinte

    ATO INSTITUCIONAL

    Art. 1 So mantidas a Constituio de 24 de janeiro de 1967 e as Constituies estaduais, com as modificaes constantes

    deste Ato Institucional.

    Art. 2 O Presidente da Repblica poder decretar o recesso do Congresso Nacional, das Assemblias Legislativas e das

    Cmaras de Vereadores, por Ato Complementar, em estado de sitio ou fora dle, s voltando os mesmos a funcionar quando

    convocados pelo Presidente da Repblica.

    1 Decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo correspondente fica autorizado a legislar em tdas as matrias e

    exercer as atribuies previstas nas Constituies ou na Lei Orgnica dos Municpios.

    2 Durante o perodo de recesso, os Senadores, os Deputados federais, estaduais e os Vereadores s percebero a parte

    fixa de seus subsdios.

    3 Em caso de recesso da Cmara Municipal, a fiscalizao financeira e oramentria dos Municpios que no possuam

    Tribunal de Contas, ser exercida pelo do respectivo Estado, estendendo sua ao s funes de auditoria, julgamento das

    contas dos administradores e demais responsveis por bens e valores pblicos.

    Art. 3 O Presidente da Repblica, no interesse nacional, poder decretar a interveno nos Estados e Municpios, sem as

    limitaes previstas na Constituio.

  • Pargrafo nico. Os interventores nos Estados e Municpios sero nomeados pelo Presidente da Repblica e exercero

    tdas as funes e atribuies que caibam, respectivamente, aos Governadores ou Prefeitos, e gozaro das prerrogativas,

    vencimentos e vantagens fixados em lei.

    Art. 4 No intersse de preservar a Revoluo, o Presidente da Repblica, ouvido o Conselho de Segurana Nacional, e

    sem as limitaes previstas na Constituio, poder suspender os direitos polticos de quaisquer cidados pelo prazo de 10

    anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais.

    Pargrafo nico. Aos membros dos Legislativos federal, estaduais e municipais, que tiverem seus mandatos cassados, no

    sero dados substitutos, determinando-se o quorum parlamentar em funo dos lugares efetivamente preenchidos.

    Art. 5 A suspenso dos direitos polticos, com base neste Ato, importa, simultaneamente, em:

    I - cessao de privilgio de fro por prerrogativa de funo;

    II - suspenso do direito de votar e de ser votado nas eleies sindicais;

    III - proibio de atividades ou manifestao sobre assunto de natureza poltica;

    IV - aplicao, quando necessria, das seguintes medidas de segurana:

    a) liberdade vigiada;

    b) proibio de freqentar determinados lugares;

    c) domiclio determinado,

    1 O ato que decretar a suspenso dos direitos polticos poder fixar restries ou proibies relativamente ao exerccio

    de quaisquer outros direitos pblicos ou privados.

    2 As medidas de segurana de que trata o item IV deste artigo sero aplicadas pelo Ministro de Estado da Justia,

    defesa a apreciao de seu ato pelo Poder Judicirio.

    Art. 6 Ficam suspensas as garantias constitucionais ou legais de: vitaliciedade, inamovibilidade e estabilidade, bem como

    a de exerccio em funes por prazo certo.

    1 O Presidente da Repblica poder mediante decreto, demitir, remover, aposentar ou pr em disponibilidade

    quaisquer titulares das garantias referidas neste artigo, assim como empregados de autarquias, empresas pblicas ou

    sociedades de economia mista, e demitir, transferir para a reserva ou reformar militares ou membros das polcias militares,

    assegurados, quando fr o caso, os vencimentos e vantagens proporcionais ao tempo de servio.

    2 O disposto neste artigo e seu 1 aplica-se, tambm, nos Estados, Municpios, Distrito Federal e Territrios.

    Art. 7 O Presidente da Repblica, em qualquer dos casos previstos na Constituio, poder decretar o estado de stio e

    prorrog-lo, fixando o respectivo prazo.

    Art. 8 O Presidente da Repblica poder, aps investigao, decretar o confisco de bens de todos quantos tenham

    enriquecido, ilicitamente, no exerccio de cargo ou funo pblica, inclusive de autarquias, empresas pblicas e sociedades de

    economia mista, sem prejuzo das sanes penais cabveis.

    Pargrafo nico. Provada a legitimidade da aquisio dos bens, far-se- sua restituio.

    Art. 9 O Presidente da Repblica poder baixar Atos Complementares para a execuo deste Ato Institucional, bem como

    adotar, se necessrio defesa da Revoluo, as medidas previstas nas alneas d e e do 2 do art. 152 da Constituio.

    Art. 10. Fica suspensa a garantia de habeas corpus , nos casos de crimes polticos, contra a segurana nacional, a ordem

    econmica e social e a economia popular.

  • Art. 11. Excluem-se de qualquer apreciao judicial todos os atos praticados de acrdo com este Ato Institucional e seus

    Atos Complementares, bem como os respectivos efeitos.

    Art. 12. O presente Ato Institucional entra em vigor nesta data, revogadas as disposies em contrrio.

    Braslia, 13 de dezembro de 1968; 147 da Independncia e 80 da Repblica.

    A. COSTA E SILVA

    Lus Antnio da Gama e Silva

    Augusto Hamann Rademaker Grnewald

    Aurlio de Lyra Tavares

    Jos de Magalhes Pinto

    Antnio Delfim Netto

    Mrio David Andreazza

    Ivo Arzua Pereira

    Tarso Dutra

    Jarbas G. Passarinho

    Mrcio de Souza e Mello

    Leonel Miranda

    Jos Costa Cavalcanti

    Edmundo de Macedo Soares

    Hlio Beltro

    Afonso A. Lima

    F. de Simas