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Meio Ambiente e Natureza 29 Atividade: Veja se eles gostariam de identificar uma música que gostem e trabalhar com o que diz a letra. Aqui vai uma sugestão, escrita por Caetano Veloso. Gente Gente olha pro céu Gente quer saber o um Gente é o lugar De se perguntar o um Das estrelas se perguntarem se tantas são Cada estrela se espanta à própria explosão Gente é muito bom Gente deve ser o bom Tem de se cuidar De se respeitar o bom Está certo dizer que estrelas estão no olhar De alguém que o amor te elegeu para amar Marina, Bethânia, Dolores, Renata, Leilinha, Suzana, Dedé Gente viva brilhando estrela na noite Gente quer comer Gente quer ser feliz Gente quer respirar ar pelo nariz Não, meu nego, não traia nunca essa força não Essa força que mora em seu coração Gente lavando roupa, amassando pão Gente pobre arrancando a vida com a mão No coração da mata gente quer prosseguir Quer durar, quer crescer, gente quer luzir Rodrigo, Roberto, Caetano, Moreno Francisco, Gilberto, João Gente é pra brilhar, não pra morrer de fome Gente deste planeta do céu de anil Gente, não entendendo gente nada nos viu Gente espelho de estrelas, reflexo do esplendor Se as estrelas são tantas, só mesmo o amor Maurício, Lucinda, Gildásio Ivonete, Agripino, Gracinha, Zezé Gente espelho da vida, doce mistério Foto: Alberto Jacob Filho

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Meio Ambiente e Natureza 29

Atividade: Veja se eles gostariam de identificar uma música que gostem etrabalhar com o que diz a letra. Aqui vai uma sugestão, escrita por Caetano Veloso.

GenteGente olha pro céuGente quer saber o umGente é o lugarDe se perguntar o umDas estrelas se perguntarem se tantas sãoCada estrela se espanta à própria explosãoGente é muito bomGente deve ser o bomTem de se cuidarDe se respeitar o bomEstá certo dizer que estrelas estão no olharDe alguém que o amor te elegeu para amarMarina, Bethânia, Dolores,Renata, Leilinha, Suzana, DedéGente viva brilhando estrela na noiteGente quer comerGente quer ser felizGente quer respirar ar pelo narizNão, meu nego, não traia nunca essa força nãoEssa força que mora em seu coraçãoGente lavando roupa, amassando pãoGente pobre arrancando a vida com a mãoNo coração da mata gente quer prosseguirQuer durar, quer crescer, gente quer luzirRodrigo, Roberto, Caetano, MorenoFrancisco, Gilberto, JoãoGente é pra brilhar, não pra morrer de fomeGente deste planeta do céu de anilGente, não entendendo gente nada nos viuGente espelho de estrelas, reflexo do esplendorSe as estrelas são tantas, só mesmo o amorMaurício, Lucinda, GildásioIvonete, Agripino, Gracinha, ZezéGente espelho da vida, doce mistério

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Ambientes Saudáveise Escolas Promotoras de Saúde

A criação de ambientes favoráveisà saúde está diretamente relacionadaà implementação de políticas públicassaudáveis, um dos pilares da promoçãode saúde e um dos principais eixos deuma Escola Promotora de Saúde.

Os diferentes núcleos de convivên-cia das pessoas, como casa, escola, am-biente de trabalho, de lazer ou espaçocomunitário, podem estimular melhorescondições de saúde ou, ao contrário,comprometer essas condições e afetá-las do ponto de vista físico, mental e/ou social. Portanto, há ambientes quegeram situações de risco em contra-posição a outros que propiciam situa-ções de proteção e acolhimento.

Ao destacar a escola como um dessesnúcleos de convivência, na perspectivade uma Escola Promotora de Saúde pres-supõe-se, no seu cotidiano, uma situa-ção de acolhimento e proteção àcomunidade educativa. Pretende-se aconstrução de um ambiente saudável no

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e Escolas Promotoras de Saúdesentido de gerar ao indivíduo e à pró-pria comunidade oportunidades favo-ráveis ao processo de crescimento,desenvolvimento e aprendizagemcom qualidade, segurança e como di-reitos de cidadania.

Os ambientes favoráveis à saúdenão se restringem a preocupações ape-nas com os importantes aspectos físi-co-ambientais, às questões desegurança e/ou de prevenção de aci-dentes. Devem favorecer diretamenteo exercício de direitos e deveres, o res-peito por si próprio e pelo outro e asrelações interpessoais. O investimen-to nesses cuidados e atitudes propiciarelações mais harmoniosas e solidáriasentre as pessoas, inclusive na questãode gênero, estimulando uma culturade paz e de prevenção da violência.

A valorização das relações de con-vivência com carinho, respeito, afetoe outros valores positivos que os alu-nos mantêm com a família, com a es-

cola e com os amigos, nos mais dife-rentes espaços, quer em agremiaçõesou associações da comunidade, na prá-tica de esportes ou em outras ativida-des socioculturais e comunitáriasfavorecem o caráter de proteção paracrianças e adolescentes e minimizamagravos e riscos sociais. Nesse aspec-to, estão privilegiados ambientes pro-motores de saúde, que compõem umaEscola Promotora de Saúde.

Ao destacar o espaço físico daescola e de seu entorno, podemospropor reflexões críticas sobre mui-tas situações. Para cada uma delaspode haver níveis diferentes de deci-sões para que se encontrem soluções.Como vimos no primeiro número des-sa coletânea, decisões que depen-dem do poder público e de outrosórgãos, da própria escola e de seucorpo diretor, e em todas as esferas,a participação de cada cidadão émuito importante!

Vejamos alguns exemplos:

• Uma boa instalação de água embebedouros com filtros ecom jatos fortes e altos facilita oacesso à água com melhorqualidade e menor risco decontaminação. A água mantém aspessoas hidratadas, aliviao calor e gera bem-estar.

• Banheiros adequados, com vasossanitários e papel higiênico, piascom torneiras e água para lavar asmãos e toalhas para secar,estimulam a criação de hábitos dehigiene e atitudes mais saudáveisentre seus usuários.

• Salas arejadas para boa circulaçãodo ar (nem quentes e nem frias)compõem melhores ambientes paraas tarefas da escola.

• Salas bem iluminadas e quadro-negro sem reflexos facilitama visão e a leitura.

• Paredes bem conservadas,sem mofo ou umidade, evitamproblemas ou afecçõesrespiratórias e alergias de alunose professores.

• Caixas-d’água lavadas regularmente,bem tampadas, que evitemcontaminação da água e aproliferação de mosquitos. A boamanutenção da rede de água eda rede elétrica evita problemas.

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Você poderá, com seu grupo de alunos, com responsáveis ououtras representações da comunidade, discutir algumas dessassituações na escola e na comunidade e pensar em ajudar para quea escola seja um espaço de promoção de saúde e qualidade de vida.

• A criação de escolas como ambi-entes livres de tabaco propiciammelhores condições de saúde, evi-tando a poluição do ar e que aspessoas que não fumam não setornem fumantes passivos ao res-pirarem a fumaça dos cigarros dequem fuma.

• Escadas e rampas com corrimão episos de pátios e de quadras quenão sejam derrapantes, escorrega-dios ou ásperos por demais, geramambientes mais seguros e que evi-tam quedas e outros acidentes.

• As quadras ou locais para a práti-ca de educação física podem serprotegidas do sol para evitar, porexemplo, a exposição ao sol emhoras inadequadas, como sugere otema na revista nº 3 dessa coletâ-nea. O horário mais adequado paraessas aulas e a disposição de chu-veiros e acesso à água paraconsumo, certamente estimulam amelhor participação dos alunos.

• As refeições do Programa de Ali-mentação Escolar podem ser boasoportunidades de estimular esco-lhas mais acertadas dos alunos noque se refere aos cuidados com aalimentação.

• Um pátio bem cuidado e sem lixo,entulhos ou capim e mato faz par-te da construção de meio ambientemais saudável numa Escola Promo-tora de Saúde.

• Animais soltos e perambulandopela comunidade podem contribuirpara problemas e aparecimento dedoenças. Insetos e roedores tam-bém não devem fazer parte de umambiente saudável, pois são trans-missores de doenças.

É sempre importante refletir sobreas situações do cotidiano e avaliarcomo transformar situações, melhorarcondições do espaço ou do meio am-biente em que se vive, favorecendoum ambiente mais saudável, investin-do na qualidade das relações e da con-vivência com melhores oportunidadesde vida para todos.

Isso é atuar pela promoção de saú-de e a escola que se preocupa comessas questões é uma Escola Promo-tora de Saúde, como discutido nonúmero 1 dessa coletânea, Promoçãode Saúde na Escola.

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Na prática diária da escola, como podemos pensar ambientesmais protetores, acolhedores e saudáveis?

• Escola que privilegia o indivíduo e o coletivo no contexto de suas interaçõesde convivência.

• Escola que valoriza o indivíduo respeitando-o como sujeito ativo do processode constituição do conhecimento.

• Escola que favorece a auto-estima de crianças e adolescentes.

• Escola que estimula a ação protagonista de crianças e adolescentes, favorecea realização de atividades curriculares ou extracurriculares em que seusalunos estejam à frente da ação.

• Escola que prioriza o diálogo com os outros núcleos de convivênciade seus alunos, busca interagir e estimula intercâmbio com a famíliae com a comunidade.

• Escola que estabelece referências de apoio aos alunos e identifica suasdiferentes demandas e necessidades.

• Escola que busca parcerias, como com os serviços de saúde e outras instituiçõeslocais, que permitem formar uma rede de apoio.

• Escola que no seu cotidiano estimula a opção por atitudes mais saudáveise escolhas mais favoráveis à saúde.

• Escola que favorece o desenvolvimento de habilidades para a vida, comocriatividade, comunicação, juízo crítico, tomada de decisões, capacidadede negociar conflitos sem violência e sem passividade, etc.

• Escola que favorece atividades artísticas, culturais e de lazer em diferenteslinguagens.

• Escola em que a convivência das pessoas seja mais harmônica nos seusdiferentes espaços, como salas de aula, refeitórios, pátios, recreiose em outras atividades.

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Creches Promotoras de Saúde

Esses são alguns exemplos que representam a preocupação comambientes favoráveis à saúde. Certamente, num grupo dediscussão, você poderá encontrar outros. Por exemplo, querlistar alguns outros e buscar informações, se necessário?

Na educação infantil, segmentoda educação em que se encontramas creches, a criação de ambientes sau-dáveis também é fundamental paraque todos tenham melhores condi-ções de saúde e de vida.

Além de todas essas possibilida-des discutidas anteriormente, há ou-tras que talvez sejam mais específicase que precisam ser consideradas nasnossas reflexões:

• A existência de salas com vaza-mentos ou sinais de mofo propiciaproblemas respiratórios e proces-sos alérgicos, que, embora maisfreqüentes em crianças de faixaetária menor, como as que estãona creche, podem ocorrer em to-das as idades.

• Ao lidar com crianças que estejamcom coriza (nariz escorrendo), oque pode sugerir sinais de gripe eresfriado, ou ao lidar com algumatroca de fraldas e eventual mani-pulação de fezes, o ato de lavar asmãos é medida fundamental paraevitar que as infecções ou possí-veis doenças passem para outrascrianças ou mesmo para os pró-prios profissionais.

• Os cuidados nos procedimentoscom crianças menores em banca-das devem ser redobrados, poisqualquer distração do adulto, numsimples piscar de olhos, com omovimento próprio da criança elapoderá cair e se machucar.

• Tomadas de fontes de energia, fiose interruptores têm que estar emboas condições para evitar que ascrianças enfiem objetos ou o dedonessas cavidades e tomem choquese se machuquem.

• Facilitar a adaptação não só da cri-ança, mas dos próprios pais à novasituação de deixar a criança nacreche é um importante apoio àssuas angústias, anseios, desejos enecessidades, além de melhorar aconfiança nos profissionais queficam com seus filhos.

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• Professor, a escola, como formadora de valores, conceitos e comportamentos,tem papel importante nas discussões sobre questões ambientais e apreservação do meio ambiente local e globalmente. Em conjunto com ascomunidades de seu entorno, ela pode favorecer o trabalho de construçãocoletiva para identificar as prioridades locais, estimular escolhas e buscarsoluções para promover saúde e melhorar a qualidade de vida.

• Uma boa dica para atividades com o grupo de alunos ou de responsáveis podeser o desenvolvimento de pesquisas sobre a história da escola, a partir doprédio e de fotos antigas. Pode-se avaliar as mudanças ambientais no entornoda escola desde sua inauguração.

Vale ressaltar que numa Escola Promotora de Saúde, a criação de ambientessaudáveis envolve as condições de saúde e bem-estar de todos os representantesda comunidade escolar. Assim, fala-se de favorecer ambientes saudáveis tambémpara os professores, manipuladores de alimento e todos os outros profissionaisda escola.

A comunidade (familiares e responsáveis pelos alunos, as lideranças comuni-tárias e outros representantes) também pode se constituir num ambiente saudável.

Se considerarmos que a escola sozinha não dará conta de resolver tantasdemandas, que inclusive envolvem questões da área da Saúde, é preciso que osserviços de saúde também façam sua parte e estabeleçam alianças e parceriascom a comunidade escolar de modo a subsidiar a construção de espaços favorá-veis à saúde na comunidade, contribuindo para que a escola seja uma EscolaPromotora de Saúde e que a própria unidade de saúde seja um espaço saudável.

Refletindo e discutindo sobre a importância dessas atitudes mais saudáveise promotoras de saúde, destaca-se o desenvolvimento de ações locais. Açõesnas quais os atores do dia-a-dia, sujeitos e comunidade, têm destaque na auto-nomia de suas decisões, prioridades e encaminhamentos. É nesse aspecto quereforçamos o ato de cuidar e preservar o meio ambiente e de participar na formula-ção de políticas sociais de modo a se propor uma Agenda para o Meio Ambiente,como pretende a Agenda 21.

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Agenda 21 – O que é?

Agenda 21 é o mais importante compromisso assinado por 170 países, inclusiveo Brasil, resultante da Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) doMeio Ambiente e Desenvolvimento – a Rio 92.

Segundo pesquisa Consultando a População Carioca sobre Meio Ambiente eQualidade de Vida no Marco da Agenda 21, realizada em 1999 pela SecretariaMunicipal do Meio Ambiente, por meio do Fórum 21, com o ISER, 92% da popula-ção carioca participam de alguma atividade comunitária. Porém, 90% da populaçãodesconhecem a Agenda 21 e não se lembram da Rio 92.

Ela pretende especificar as ações que são necessárias no âmbito global elocal para conciliar o desenvolvimento com as questões e preocupações eco-nômicas e socioambientais. Assim foi constituído o fórum que direcionará odesenvolvimento sustentável tanto na formulação de políticas quanto naspráticas para a sustentabilidade.

Ela é composta por quatro seções:• Dimensões sociais e econômicas: as relações entre meio ambiente e

pobreza, saúde e comércio, dívida externa, consumo e população.• Conservação e administração de recursos: as maneiras de gerenciar os

recursos físicos, como terra, mares, energia e lixo, para garantir o desen-volvimento sustentável.

• Fortalecimento dos grupos sociais: as formas de apoio a grupos sociaisorganizados e minoritários que colaboram para a sua sustentabilidade.

• Meios de implementação: financiamento e papel das atividades gover-namentais e não-governamentais.

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A Macrofunção do Fórum 21, que reúne as 22 SecretariasMunicipais, por sua vez também indica seus projetos aoPlano de Ação. No total são 49 projetos, cujos temas são:água, reflorestamento, resíduos sólidos, educaçãoambiental, cidadania.

Você sabia?

AtençãoÉ importante destacar que a Agenda 21, além dos compromissos do poder

público, deve garantir a participação da comunidade na formulação da propostade um plano de ação local. A participação social e comunitária é fundamental noprocesso de construção de um novo modelo de desenvolvimento comprometidocom a qualidade de vida atual e das futuras gerações.

Nessa perspectiva, espera-se que um movimento coletivo local analise, debata,troque informações e experiências sobre as questões relacionadas à moradia, àágua, ao lixo, à poluição do ar, etc. O grupo poderá, assim, identificar as açõesprioritárias da comunidade e estar mais instrumentalizado para buscar propostase soluções viáveis envolvendo os diversos atores sociais e autoridades locais.

O Fórum da Agenda 21 LocalÉ, em sentido amplo, um exercício permanente de ampliação do espaço pú-

blico de construção do compromisso entre os diversos atores sociais. Diferentesrepresentantes governamentais, por meio da Macrofunção 21-21 e os movimen-tos sociais envolvidos nos Comitês Regionais, têm ao longo desses últimos anostecido suas agendas locais.

Na cidade do Rio de Janeiro temos cinco Comitês Regionais, um em cada Áreade Planejamento (AP) da Cidade. Esses Comitês trabalham voluntariamente utili-zando metodologia participativa da Agenda 21 e apresentam à Secretaria Execu-tiva do Fórum seus projetos, demandas e recomendações, que compõem o Planode Ação da Agenda 21 da Cidade do Rio de Janeiro.

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Fórum 21Espaço Inovador de Diálogo

Em cada ação local podem se desenvolver propostas responsáveis para que se tenhaum bom ambiente que propicie melhores condições de saúde e da qualidade de vida.

referido à qualidade das relações do indivíduo com osoutros e com o meio ambiente em que vive. Ambientesalegres e relações prazerosas favorecem o bom humor econtribuem para a construção de felicidade conseqüentee compartilhada, logo, são elementos necessários à saú-de mental e física. São indicadores de integração harmo-niosa entre corpo/razão e emoções.

Então, vale registrar que não existem fórmulas. O im-portante é compartilhar, participar e construir coletiva-mente ambientes mais favoráveis à nossa saúde e à dosque convivem conosco.

Repensando as questões!

• Já vimos que o excesso de barulho prejudica a vida detodos e também é uma das formas de agressãoambiental! Mas, atenção! Alunos calados e escola si-lenciosa..., significando menor participação, pode serdesaconselhável à criatividade e à saúde do grupo!

• Cantar, dançar, pular, correr, brincar são atividadesfísicas que melhoram as condições de saúde e podemajudar a constituição de conhecimentos e valores,favorecer o aprendizado e o desenvolvimento e fazera vida mais feliz!O conceito de saúde toma dimensão especial quando

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Assim, como a saúde, o meio ambiente também tem um diaem nosso calendário que é dedicado a ele?• Você sabe dizer quais são esses dias?

Dia mundial da saúde: __ de ___________Dia mundial do meio ambiente: __ de _________

• Você lembra de outras datas no calendário da cidade, quese referem a questões de preservação da vida com qualidade?

• O que se pretende quando se escolhe um dia nocalendário para se dedicar a esses temas?

O tema escolhido para o dia mundial do meio ambiente em2000, foi: Milênio do Meio Ambiente: é hora de atuar!

Você sabia?

As ações escolares e o Dia do Meio Ambiente

Desde o ano de 1996, as escolas da rede pública mu-nicipal de educação têm feito exposição de seus traba-lhos e promovido muitas atividades em praças da cidadeem comemoração a essa data. É uma oportunidade decompartilhar com a comunidade a importância do cuida-do com o meio ambiente. As Coordenadorias Regionaisde Educação se empenham, estimulando a participaçãodas escolas e suas comunidades, no evento chamado “Tudoao mesmo tempo no Rio”.

A organização, supervisão e acompanhamento são feitospelo E/DGED/DEF/Projetos de Extensão Meio Ambiente eSaúde da Secretaria Municipal de Educação e CoordenadoriasRegionais de Educação, que agregam parcerias com Organi-zações Governamentais e Não-governamentais. E o que setem observado, nesses anos, é o entendimento das escolassobre o tema Saúde, que tem sido articulado cada vez maiscom a questão ambiental. Dessa forma, o tema Saúde está

cada vez mais presente nos trabalhos realizados, propician-do uma reflexão sobre a relação das condições de saúde comas condições do meio ambiente. A Secretaria Municipal deSaúde tem sido uma parceira freqüente desse evento.

Na área de saúde, um outro movimento vem se juntarà luta pelo resgate de melhores condições ambientais eda própria qualidade de vida, que é a proposta de criaçãode Cidades ou Municípios Saudáveis. Ele surgiu a partirda preocupação da área da saúde em reverter situaçõesque favorecem o adoecimento do homem e do meio emque ele vive. Este é outro investimento que vem somar àbusca pelo restabelecimento de condições mais adequa-das à promoção de saúde e à preservação do meio ambi-ente nas cidades. Vamos detalhá-lo mais adiante, poisprecisamos discutir antes como identificar, prestar aten-ção e acompanhar como as doenças ou diferentes agravosà saúde da população se manifestam na cidade.

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Vigilância em Saúde

Ato de cidadaniaO pulso ainda pulsaO pulso ainda pulsaPeste bubônica, câncer, pneumoniaRaiva, rubéola, tuberculose, anemia,Rancor, cisticircose, caxumba, difteria,Encefalite, faringite, gripe, leucemia...

O pulso ainda pulsaO pulso ainda pulsa

Hepatite, escarlatina, estupidez, paralisia,Toxoplasmose, sarampo, esquizofrenia.Úlcera, trombose, coqueluche, hipocondria.Sífilis, ciúmes, asma, cleptomania.

O corpo ainda é poucoO corpo ainda é pouco

Reumatismo, raquitismo, cistite, disritmia.Hérnia, pediculose, tétano, hipocrisia.Brucelose, febre tifóide,arterioesclerose, miopiaCatapora, culpa, cárie, câimbra, lepra, afasia

O pulso ainda pulsaO corpo ainda é pouco.

Arnaldo Antunes e Toni Belloto

Vigilância em Saúde 41

A inter-relação dos homens entresi e com o meio ambiente, as condi-ções socioculturais e econômicas sãofatores determinantes das condiçõesde saúde e da gênese de uma série dedoenças que podem ser transmitidasou veiculadas através da água, do ar,da terra, das relações sexuais ou poroutra forma de contato com uma pes-soa doente, por exemplo. Outras do-enças dependem do nível de estressedas pessoas, da atitude passiva e aco-modada do homem diante de algunsfatores de risco ou do modo pelo qualele convive com as suas emoções.

Muitas doenças não são transmiti-das de uma pessoa a outra, mesmo as-sim há condições que possibilitam queelas se “alastrem” na comunidade, nobairro ou na cidade, muitas vezes de-correntes das questões ambientaisestabelecidas ou das atitudes e esco-lhas das pessoas ou das condições a queelas estão submetidas no seu dia-a-dia.

É preciso, portanto, conhecer o cur-so e a natureza das doenças e compre-ender como surgem, se disseminam e

se comportam, pois, só assim é possívelcoletar e sistematizar dados para pro-duzir informações, traçar estratégias eagilizar decisões eficazes para tratá-lasou, melhor ainda, evitar que apareçam.Ou seja, melhorar o conhecimento e asinformações para subsidiar a formulaçãoda Política de Saúde para a região oupara a cidade.

Na Saúde há uma área, a Epidemi-ologia, que observa o curso das doen-ças e tem como objetivo estudar,descrever, identificar suas causas edesenvolver ações de controle das do-enças, que permite assinalar os fenô-menos típicos da saúde das populaçõeshumanas. É esse tipo de serviço, dis-ponível nas principais unidades desaúde, que faz a “vigilância” das con-dições de saúde da população e docomportamento das doenças por bair-ro, por área programática e no muni-cípio como um todo.

Falar em vigilância, no nosso caso,não significa ter poder de polícia nemde detetive, mas ter atenção e cuidadoredobrados. Uma postura cidadã a ser

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Uma boa idéia seria visitar com seus alunos a unidadede saúde de referência da sua escola e/ou convidarum profissional de saúde para conversar sobre esse temacom a turma ou com a comunidade.

estimulada pela escola e pelo professorconsiste em fortalecer toda comunida-de para que estejam todos sempre aten-tos e vigilantes quanto à sua própriasaúde, às condições de saúde do seugrupo social e de sua comunidade.

É importante buscar entender e dis-cutir a informação além de conhecercomo se comporta a doença e que fato-res favorecem sua manifestação. Daí aimportância da formação de grupos detrabalho locais, a formulação e a parti-cipação na Agenda 21 Local paracongregar os diversos atores e repre-sentações para reverter situações adversase promover a qualidade de vida local.Para isso, o sistema de saúde, particu-larmente o setor de epidemiologia, podecontribuir bastante.

É claro que isto não é mais umatarefa para o professor, é uma observa-ção de deveres de cidadão, porque há

serviços de saúde equipados para rea-lizar essa tarefa. Eles precisam ser avi-sados quando surgem as doenças. Écomum a escola saber que um alunofaltou a aula porque estava com rubé-ola, mas o serviço de saúde nem sem-pre tem essa informação.

De um modo geral, dificilmente teráque se paralisar as atividades da escolapor ocorrência de doenças. Os procedi-mentos de vigilância podem ajudar aresolver as mais diferentes situações eevitar o agravamento dos casos.

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Certas doenças têm que ser comunicadas e notificadas aosserviços de saúde, obedecendo à Lei nº 6.259 de 30/10/75,que dispõe sobre a organização das ações de vigilânciaepidemiológica e o programa de vacinas?Essa Lei diz que “... a notificação compulsória é dever detodo profissional de saúde ou de qualquer cidadão que delatome conhecimento”, portanto todos podem contribuir.

Você sabia?

Informar aos serviços de saúde sobre os casos de doenças na comunidadetem a finalidade de otimizar o uso das informações na prevenção e nocontrole das doenças, por comunidade, bairro, cidade, até se integraruma rede de informações no âmbito do Estado, do País e até da vigilânciaem caráter internacional.

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Vigilância epidemiológicaAções importantes

Estas atividades são exercidas por médicos, enfermeirose sanitaristas das unidades de saúde ou das equipes de saúde da família.Mas a ação depende de cada doença em questão!!!!

• Visitas domiciliares, aos locais de trabalho, escolas/creches ou a hospitaisquando se trata de caso de internação.

• Orientações à comunidade.• Quimioprofilaxia (uso de medicamento para evitar que a doença se alastre).• Vacinação de bloqueio (para evitar que a doença se alastre e proteger

outras pessoas).• Investigação laboratorial para confirmar a doença.

• Meningite pode exigir a visita à escola e, dependendo do tipo,a quimioprofilaxia e orientações gerais.

• Sarampo pode exigir vacinação de bloqueio.• Hepatite, dependendo do tipo, pode levar à análise da água consumida,

se forem casos de hepatite “A”.

Mas atenção! Nem todas as doenças são de notificação compulsória:gripe, catapora ou piolho não precisam ser notificadas compulsoriamente.Contudo, o surgimento de vários casos num mesmo espaço, como numa escolaou creche, pode ser trabalhado em conjunto com as pessoas e com as institui-ções envolvidas e essas situações podem ter soluções coletivas, mais eficazes,se orientadas pelos serviços ou profissionais de saúde, sempre que necessário.

Do modo como está organizado o sistema de vigilância no município doRio de Janeiro, é possível acessar as equipes de acordo com a localizaçãogeográfica do problema, por região ou por Coordenação de Saúde de ÁreaProgramática: participe você também dessa rede!

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Novas Doenças x Doenças VelhasAs doenças do nosso tempo

O conceito de vigilância em saúde incorpora o adoecimento e as mortespelas chamadas “causas externas”, decorrentes de uma relação não saudável dacidade com seus habitantes, que incluem os acidentes de trânsito, homicídios,suicídios e a violência nas suas diferentes manifestações. Tema de grandepreocupação nos dias de hoje, reunindo um grupo de eventos que estãodiretamente ligados às condições ambientais, socioculturais e econômicas,responsáveis pelo adoecimento e morte prematura dos indivíduos.

Com o crescimento das cidades e a urbanização acelerada, surge a necessidadede incorporar novas metodologias ao conceito e à prática de vigilânciaepidemiológica tradicional/clássica que permita o monitoramento da cidade soboutros aspectos não contemplados inicialmente.

Portanto, é preciso estar atento não só às doenças infecto-contagiosas, mas atodos os outros fatores de risco à saúde e à vida da população, em suas comuni-dades e diferentes regiões. A epidemiologia tem apontado uma mudança no qua-dro das doenças, em que as doenças infecto-contagiosas vêm dando lugar asdoenças crônicas não-transmissíveis. Hoje elas estão sendo identificadas por“DANT“ Doenças e Agravos Não Transmissíveis.

É importante ressaltá-las porque elas também têm como determinantes ascondições de vida das pessoas. São doenças como câncer, hipertensão, diabe-tes, infarto do coração ou acidentes vasculares cerebrais (derrames), obesida-de, entre outras, que, além de fatores de cunho hereditário, podem serdecorrentes de um conjunto de fatores de risco, como fumo, sedentarismo,falta de atividade física, dieta gordurosa e inadequada, uso de álcool, estressee a tensão da vida moderna. Isto quer dizer: elas decorrem, em grande parte,de práticas e atitudes individuais pouco saudáveis e da exposição a um ambi-ente que não favorece a saúde.

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Mas se as doenças crônicas incidem em pessoas em idadeadulta, sobretudo na população acima de 45 anos, por queestamos preocupados em discuti-las no espaço da escola?

Doenças mais comunsem população adulta • Porque, em primeiro lugar,

todos que discutem promoçãode saúde devem fazê-lo incluindo-se no processo: professores,profissionais de saúde, pais,mães e outros familiares adultos.

• E, principalmente, porqueas doenças crônicas nãotransmissíveis resultamda exposição desde as idadesmais jovens aos fatoresde risco que citamos acima.

Vale lembrar que a Gerência doPrograma de Saúde Escolar desenvol-veu uma pesquisa entre escolares darede pública municipal que procurouestudar a situação de alguns fatoresde risco à saúde e fatores de proteçãoà infância e adolescência, cujos re-sultados e análises estão registradosna publicação “Solta a Voz: saúde erisco em escolares” (2000).

O Instituto de Nutrição Annes Diastambém tem coordenado, em parceriacom outros programas de saúde da SMS,pesquisas e estudo de monitoramentodos fatores de risco relacionados àalimentação e à prática de atividadefísica em escolares da rede públicamunicipal de educação. Há boletins

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Fonte: Pesquisa Solta a Voz – S/SSC/CPE/GSE

Fonte: Pesquisa Solta a Voz – S/SSC/CPE/GSE

que foram publicados, em parceria como Programa de Saúde Escolar, em 1999e 2000, indicando a necessidade deatenção e a prevenção da obesidadeentre escolares. Novas investigaçõesforam feitas em 2003, para que essassituações pudessem ser acompanhadascom mais cuidado.

Com base nesses resultados, acom-panhamentos e avaliações de situaçõesde risco e agravos têm sido formula-das. Várias iniciativas foram tomadaspara estimular na comunidade escolarpráticas educativas, ações participa-tivas e a escolha por atitudes maissaudáveis. Por exemplo maior inves-timento em Escolas Promotoras de Saú-de e Projetos, como “Com Gosto deSaúde” (S/INAD) que destacam práti-cas mais saudáveis de vida.

Para se ter melhor idéia a respeitoda importância desse acompanhamen-to e vigilância de fatores de risco, oMinistério da Saúde estará organizan-do em 2005 um inquérito de fatores derisco à saúde em escolares (como taba-gismo, consumo de álcool e outras dro-gas, comportamento sexual de risco,padrão alimentar, autocuidado, práticade atividade física, entre outros even-

tos, em escolares selecionados do Ensi-no Fundamental com vistas a estimar aprevalência (o quanto ocorrem essas si-tuações) entre escolares. Essa tem sido,também, uma preocupação de organis-mos internacionais como a Organiza-ção Pan-Americana de Saúde e aOrganização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), que incentivam essa prática nospaíses-membros.

Reforçamos, pois, a estratégia dareflexão em grupos de trabalho, comrepresentantes comunitários e do po-der público, com os quais se podeavaliar de que forma esses fatoresinterferem na vida da comunidadee o que pode ser feito para melhoraras opções e atitudes de crianças e ado-lescentes no convívio cotidiano da fa-mília, da escola, da comunidade e dosserviços de saúde.

Com esse conhecimento e a aná-lise das possibilidades que melho-ram as condições de saúde e de vidadas pessoas é que se trabalha naperspectiva de construir ambientesmais saudáveis, a Escola Saudávelou Escola Promotora de Saúde, aComunidade Saudável e até mesmoa Cidade Saudável.