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Associação da Juventude Activa da Castanheira Boletim Nº 21 Abril 2007 Apoio César Prata ajuda nas recolhas O trabalho do MUSOPA continua O trabalho de recolha de gravações continua na Castanheira sob a direcção de César Prata, antigo coordenador do Núcleo de Animação Cultural da Câmara da Guarda. Com estas recolhas a AJAC pretende criar o MUSO- PA-Museu do Som e da Palavra, uma espécie de Museu da Memória da Castanheira. Página 3 OBRAS NA CASTANHEIRA Passeios, igreja, lombas, jardim As obras recentes na Cas- tanheira trouxeram beleza mas também algumas complicações. pág. 6, 7 e 9 PROFISSÕES Engenheiros pág.5 CARTAS DE LONGE Luis Gonçalves e Delfim Pires pág.8 e 9 FREGUESIA A última Assembleia pág.9 CAMINHOS À volta dos nichos pág.9 Amadeu Marques Fortunato, empresário e autarca É da Castanheira, nasceu em 18 de Maio de 1942, filho de Manuel Fortunato e Ana Marques Sância (mais conhecida por “Ana Mocha”) e vive em Pínzio desde 1968. Casou com Maria de Jesus Marques Fortunato, também da Castanheira, e tem 4 filhos. Foram 64 anos de uma vida cheia de dinâmica, “sem parar”. Depois de uma rápida permanência na França e Alemanha nos anos 60, voltou para Portugal e criou a A. M. Fortunato, que fabricou blocos e manilhas durante muitos anos e agora comercializa esses e outros materiais de construção. Amadeu Fortunato tem também hoje a Cerâmica da Marofa, na Zona Industrial de Figueira de Castelo Rodrigo, além da bomba de gasolina e restaurante Marofa que ficam do outro lado da estrada. Para além disso, foi autarca durante 26 anos como Presidente da Junta de Freguesia de Pínzio, como independente primeiro nas listas da AD e depois do CDS. Perdeu nas eleições passadas pela primeira vez, contra o actual Presidente da Junta de Pínzio (lista independente). Mantém ainda hoje a Presidência da Assoc. Cultural e Recr. de Pínzio, cuja imagem de marca é a Banda Filarmónica. Entrevista na página 4.

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Page 1: OBRAS O trabalho do MUSOPA continua · tatuagens, os instrumentos, quer de toque musical, quer de adorno e enfeite corporal, os vestuários usados por toda aquela gente, os movimentos

Associação da Juventude Activa da CastanheiraBoletim Nº 21 A b r i l 2 0 0 7

Apoio

César Prata ajuda nas recolhas

O trabalho do MUSOPA continua

O trabalho de recolha de gravações continua na Castanheira sob a direcção de César Prata, antigo coordenador do Núcleo de Animação Cultural da Câmara da Guarda. Com estas recolhas a AJAC pretende criar o MUSO-PA-Museu do Som e da Palavra, uma espécie de Museu da Memória da Castanheira. Página 3

OBRAS NA CASTANHEIRA

Passeios, igreja, lombas, jardim

As obras recentes na Cas-tanheira trouxeram beleza mas também algumas complicações.

pág. 6, 7 e 9

PROFISSÕESEngenheiros

pág.5

CARTAS DE LONGELuis Gonçalves e Delfim Pires

pág.8 e 9

FREGUESIAA última Assembleia

pág.9

CAMINHOSÀ volta dos nichos

pág.9

Amadeu Marques Fortunato, empresário e autarcaÉ da Castanheira, nasceu em 18 de Maio de 1942, filho de Manuel Fortunato

e Ana Marques Sância (mais conhecida por “Ana Mocha”) e vive em Pínzio desde 1968. Casou com Maria de Jesus Marques Fortunato, também da Castanheira, e tem 4 filhos.

Foram 64 anos de uma vida cheia de dinâmica, “sem parar”. Depois de uma rápida permanência na França e Alemanha nos anos 60, voltou para Portugal e criou a A. M. Fortunato, que fabricou blocos e manilhas durante muitos anos e agora comercializa esses e outros materiais de construção. Amadeu Fortunato tem também hoje a Cerâmica da Marofa, na Zona Industrial de Figueira de Castelo Rodrigo, além da bomba de gasolina e restaurante Marofa que ficam do outro lado da estrada. Para além disso, foi autarca durante 26 anos como Presidente da Junta de Freguesia de Pínzio, como independente primeiro nas listas da AD e depois do CDS. Perdeu nas eleições passadas pela primeira vez, contra o actual Presidente da Junta de Pínzio (lista independente). Mantém ainda hoje a Presidência da Assoc. Cultural e Recr. de Pínzio, cuja imagem de marca é a Banda Filarmónica.

Entrevista na página 4.

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2Abril 2007

Em 18 de Janeiro de 1758, por ordem do rei D. José, foi en-viado, pelo Ministério do Remo, a todos os bispos e outras enti-dades eclesiásticas, o pedido de cola-boração por parte dos párocos para que fornecessem, acerca

das respectivas freguesias, informações so-bre aspectos muito diversificados, estando intrinsecamente na sua origem o terramoto recentemente ocorrido no dia l de Novem-bro de 1755. Da organização das respostas dos párocos foi encarregado o académico da Academia Real da História, Padre Luís Cardoso, pertencente à Congregação do Oratório de S. Filipe Nery, que as compilou no Dicionário Geográfico de Portugal, da sua autoria. No Volume 9, n.º 192, folha 1247, vem descrita a freguesia da Castanheira através das respostas redigidas pelo prior Joaquim Freire, datadas de 1 de Junho de 1758, que são do seguinte teor:1 - Existe o lugar da Castanheira na Província da Beira Alta no Bispado da Guarda, comarca do mesmo, termo da vila do Jarmelo, freguesia de Nossa Senhora da Conceição anexa a Santa Maria da mesma Vila do Jarmelo.2 – É o dito lugar da Castanheira pertencente e da jurisdição de sua majestade e sem que seja, ao presente, de donatário algum particular.3 - Consta o sobredito lugar de cento e treze vizinhos, em que há trezentas e sete pessoas de comunhão, e setenta e uma de confissão.4 - Acha-se o dito lugar situado em uma quase campina do qual se descobre a Vila de Almeida em distância de três léguas e também os lugares de Pínzio e Rabaça distantes meia légua.5 - A Igreja Paroquial acha-se e existe dentro do mesmo lugar, à qual está sujeita uma aldeia cha-mada Porto Mourisco.6 - O orago da igreja do dito lugar é Nossa Senho-ra da Conceição, a qual igreja tem três altares; o maior com a Padroeira e com o Sacramento e dois colaterais, o da parte direita com a invocação de Nossa Senhora da Apresentação e o da esquerda com a invocação do Santo Cristo. Não tem a dita igreja naves, achando-se nela erectos a Confraria do Santíssimo Sacramento, da Senhora da Apresen-tação e a Irmandade das Almas.7 - O pároco da sobredita igreja é o prior da igreja de Santo Maria da vila do Jarmelo, porém reside

Castanheirapara além da memória

REGISTOS

Notícia do lugar da Castanheira Relatos de Guerra

Dia Festivo na TabancaNuma vivência diária normal, o ser humano tem

percursos atravancados por um trabalho constante e múltiplo, articulados, de algum modo, com horas de grande entretenimento e exultação. Também em cenários de guerra, se consegue a coabitação destas duas facetas, de teor oposto e integrantes da existência humana. Naquele povoado de Macomia, residia gente da mais diversa índole e de raças distin-tas. Faziam ainda parte da população local, ainda que, provisoriamente, os denominados peões da guerra, ali destacados e que laboravam, tal como eu, na tentativa delicada de pacificação daquela região. Este mesmo dia, que íamos absorvendo em ocupações várias de trabalho e lazer, decorreu com serena quietude, em celebrações e festividades várias, normais e de pequena monta, solenizadas por toda a povoação, até ao declinar do Sol.

Anoitecia e pela estrada principal da vila, vislumbrava-se já, ao longe, um assinalável número de pessoas em movimento, com uma multiplicidade de colorações e pinturas sortidas, na generalidade dos rostos e pele, vestindo cores garridas e festivas. Toda aquela gente se movimentava, tranquilamente, interpelando-se, nos assuntos mais diversos, dançando uns, em passo ritmado ou saltitante e movimentando-se outros, sem desmedidos apertos. Toda aquela gente rumava, contente na sua caminhada, em direcção ao largo das festas.

Podia observar-se que, com o decorrer do tempo, o espaço vazio, talhado para aqueles acontecimentos prazenteiros, restava cada vez mais pequeno, tamanha era a multidão que afluía de todos os recantos da vila.

Com o evoluir da noite, principiavam a desenhar-se, no recinto, as danças mais variadas e típicas daquelas regiões de África. Nada similares aos nossos bailes provincianos ou de bairro, em que as pessoas, dançando juntas, encos-tam os corpos em harmónicos desenhos musicais a dois e, assim se deleitam e rodopiam. Aquelas danças africanas eram de uma beleza distinta, no seu conteúdo e com movimentos rítmicos mais céleres. Na sua generalidade, aquele conjunto de bailados e batucadas expressavam toda a alegria dos povos regionais, através de uma actuação cadenciada e harmoniosa dos corpos em oscilação. Apesar das calamidades e adversidades com que era alvejada e perturbada no dia a dia, aquela gente conseguia reunir forças físicas e mentais, para exteriorizar todo aquele contentamento.

As batucadas famosas, de que a raça “maconde “ era fértil, interiori-zavam em todas as pessoas presentes, um desejo momentâneo, de entrar naquele ritmo harmónico, espalhado no silêncio da noite. A variedade dos sons nocturnos e melodias belas e sublimes enleava de deslumbramento, nomeadamente aqueles que ali se encontravam, oriundos de outras regiões mundanas. Todo aquele múltiplo colorido, as pinturas faciais com farinha, as tatuagens, os instrumentos, quer de toque musical, quer de adorno e enfeite corporal, os vestuários usados por toda aquela gente, os movimentos de danças variadas e agradáveis, captavam em todos os presentes uma atenção indescritível. Todos nós suavizávamos, desta forma, numa noite de devaneio, a escuridão dos espíritos soturnos e carrancudos de raiva pela vivência diária, numa guerra infame, que a uns matava e a outros obscurecia, causando danos profundos, físicos ou morais. Já a noite ia avançada, quando, um pouco fatigado e sonolento, mas com o coração grato, pela simpatia e generosidade daquela gente, necessitei de abandonar, com alguma mágoa, toda aquela fascinação. Ao romper do dia, esperava-me, uma outra missão, imposta por soberania nacional e necessidade do cumprimento do dever.

Um abraço amigo do conterrâneoA. Moita Marquescontinua na página 9

por Carlos Videirapor António Moita Marques

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3Abril 2007

César Prata desde cedo é um interventor e criador cultural. O seu lado de músico realiza-o como instru-mentista e cantor em projectos como “Canções do Ceguinho”. Colabora também com associações como a Associação Cultural Desp. do Jarmelo (tendo dado origem ao grupo Ronda do Jarmelo) e com o Grupo de Amigos do Manigoto com o qual compôs e gravou em CD doze canções a partir de sonetos de António José Osório de Pina Leitão (1762-1825). Envol-veu-se durante algum tempo como coordenador do Núcleo de Animação Cultural da Câmara da Guarda. Actu-almente ensina na Escola Secundária de Trancoso e continua a intervir ao nível musical no projecto de música tradicional que desenvolve com Julieta Silva (Chuchurumel). Recentemente fez na Guarda um espectáculo de música electrónica (Requiem pelo Azul). Ao nível da actividade de pesquisa, desen-volve agora com a AJAC o projecto de recolha de materiais para o MUSOPA (Museu do Som e da Palavra).

Como se recolhe a tradição oral? A recolha da tradição oral é uma acti-

vidade importantíssima e é uma activida-de única: apenas através dela podemos contactar directamente com as fontes. Implica uma grande proximidade das pessoas e uma relação de confiança. No caso do MUSOPA (Museu do Som e da Palavra), esta condição está satisfeita à partida. O Vitor Gonçalves acompanha todos os trabalhos de recolha e, assim, não existem quaisquer desconfianças. Noutras situações, é preciso explicar o que se quer, quem somos e ganhar pou-co a pouco a confiança dos informantes. Na maior parte das vezes chega-se a uma relação de grande afectividade. As pessoas entrevistadas têm bastante idade e, portanto, já não têm uma vida profissional activa. Assim, têm muito tempo para conversar. O importante é saber ouvi-las e ter muito tempo dis-ponível. À partida, não existe qualquer guião pré-definido. Muitas são feitas na

sede da Associação da Juventude Activa da Castanheira, mas outras acontecem noutros locais; a oficina de um antigo construtor de carros de vacas ou a loja de um sapateiro, por exemplo.

Que instrumentos e cuidados técni-cos é preciso ter?

É conveniente fazer registos em diver-sos suportes: fotografia, vídeo e audio. Neste caso, o mais importante é o registo audio que é feito através de um gravador digital que grava com qualidade CD (44,1Khz em 16 bits).

Considera que ainda há coisas valio-sas para recolher na Castanheira?

Há, se há! Na Castanheira e em centenas de outros lugares. A questão é que este trabalho é uma luta contra o tempo. As pessoas com mais de setenta ou oitenta anos são as últimas que têm experiência de um mundo rural que se começou a desagregar nas décadas de cinquenta e sessenta. Ora, esse tal mundo rural está intrinsecamente ligado a um conjunto de práticas que interessa registar. Não numa perspectiva de elogio do passado, mas antes no sentido de dar consistência ao conhecimento de um património imaterial valiosíssimo.

Qual é o programa desta recolha? Registar todos os habitantes da Cas-

tanheira. Sem preocupações especiais; apenas e só o registo de memórias: experiências pessoais, práticas colecti-vas, canções,... Tudo cabe neste grande baú que, nesta primeira fase, queremos encher. (Cofre é sinónimo de baú, relem-bremos). Registaremos, também, sons ligados aos antigos ofícios (sapateiros ou tecedeiras, por exemplo). Já foram feitas diversas entrevistas. E esse trabalho vai continuar nos próximos tempos.

Alguma surpresa até agora? A surpresa é uma constante neste tipo

de trabalho. No caso presente, lidando-se com a população de toda uma aldeia, co-meçam a surgir ligações e apelos à memó-ria dos amigos que partilharam os factos relatados. O mais estimulante é aprender com as pessoas que entrevistamos. Muitas vezes em dois minutos aprende-se mais do que com a leitura de centenas de páginas de teses de doutoramento. Outra coisa excepcional é a forma como as pessoas lidam com as realidades e com as mudan-ças. A título de exemplo, ficam as palavras de José André, antigo construtor de carros de vacas: “Eu ainda hoje fazia carros, porque não fui eu que deixei a arte; foi a arte que me deixou a mim!”

Entrevista a César Prata, responsável pelas recolhas para o MUSOPA

“Há um mundo imensopor recolher”

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4Abril 2007

Como começou a sua actividade profis-sional?

Em 1963, com 21 anos, emigrei para o estrangeiro a salto. Primeiro estive em França meio ano e depois estive na Alemanha até 1968. Aí fiz sociedade com um alemão, para além de trabalhar numa base americana e na Vitapan. O alemão tinha sociedade com um primo meu (Manuel Saraiva) em Portugal numa fábrica de blocos em Vascoveiro. Ele então propôs-me a venda da parte dele nesta fábrica e comprei depois também a parte do meu primo. Depois, optei por mudar a fábrica para Pínzio.

Porque é que instalou uma empresa em Pínzio e não na Castanheira?

Porque em 1968 não havia energia eléctrica na Castanheira. A energia só viria 4 ou 5 anos depois. Instalei-me onde está agora o João dos Pneus na saída para a Castanheira a fazer blocos. Depois mudei-me para onde continuo agora (na saída da estrada antiga para V. Formoso) porque aqueles terrenos não estavam legalizados. Nos anos 1970 passámos também a fazer manilhas. Em 1976, fiz sociedade com um indivíduo para uma fábrica de blocos em Arouca. A fábrica abriu mas, como a estrada para Arouca era muito má, vendi a minha parte e concentrei-me na A. M. Fortunato, uma das maiores empresas do distrito da Guarda.

A empresa está agora só no ramo co-mercial?

Sim, deixámos de produzir blocos e manilhas há 7 ou 8 anos, só os comercializamos. Por questões variadas mas também de espaço. Os materiais de construção exigem muito espaço de área coberta (temos à volta de 8000m2) e era impossível manter a produção de blocos e ter uma empresa comercial moderna ao mesmo tempo. Para além de Portugal, esta-mos a vender muito material para Valladolid, Salamanca, etc.

Como veio para a Cerâmica da Marofa?Um dia, vim à Cerâmica adquirir tijolo e a

fábrica estava à venda. Interessei-me e numa sociedade com a Ferrical de Pinhel adquirimos a empresa, cada parte a 50%. Tomámos posse da Cerâmica em 2 de Janeiro de 1987. Havia 44 empregados a produzir 30 toneladas de tijolo. A fábrica estava muito degradada e tinha muito fraca capacidade de produção e pouca qualidade. Estava tudo obsoleto. Era necessário investir. A Ferrical não queria investir

e então eu optei por comprar a outra metade. Pedi empréstimo à banca. Em 1991 fiz um projecto mas não andou. Alguns anos depois, voltei a meter um projecto de 400 mil contos (2 milhões de euros) e fui contemplado, com 22% a fundo perdido e o resto em empréstimo para estufa, carga e descarga. Depois veio um 2º e um 3º projecto que era para pôr o forno em condições e para a bateria de máquinas e preparação de barro. Gastámos ali 600 mil contos e passámos de 44 pessoas para apenas 6 pessoas. E produzimos agora 160 toneladas por dia. Fazemos tijolo, tijoleira e garrafeiras, estas em pequena quantidade. Estamos a fabricar muito para os distritos da Guarda e Bragança, mas também para Espanha.

E depois o restaurante e a bomba, como vieram?

O restaurante, adquiri-o numa altura em que estava em crise e depois renovei-o e criei mai s espaço de estacionamento. As bombas, tendo em conta o Parque Industrial aqui ao lado, vinham a propósito. E abrimos então as bom-bas, com mais espaço do que o inicialmente previsto. Neste momento, vamos aguentando com alguma dificuldade a concorrência dos combustíveis em Espanha. Mas pode ser que os tempos mudem.

E quanto à Associação Cultural (Banda Filarmónica)?

Sou presidente há 17 anos. A Banda está com muita boa qualidade. Vamos ter agora um fardamento a estrear brevemente. Temos um bom lote de elementos da Castanheira, sendo perto da metade.

Que relações mantém com a Castanhei-ra?

Óptimas. Não me dou mal com ninguém da Castanheira. E sinto também que sou estimado na Castanheira, tendo lá muitos clientes.

Porque é que nunca surgiu a oportu-nidade de um projecto empresarial na Castanheira?

Eu já pensei muito nisso. Mas neste momento que projecto seria possível? Comércio tradi-cional não dá, teria que ser algo que tivesse muito movimento para se poder manter. Então o quê? É difícil neste momento. E, além disso, neste momento Pínzio é mais bem situado. A Castanheira é uma travessa. Poderia ter movi-mento mas nunca seria igual. Estar a fazer uma coisa igual ao que temos em Pínzio também não faz sentido.

O empreendedorismo passou também para os filhos? E a política?

Os meus filhos também enveredaram por esse mundo, neste caso o Alberto que está responsável pela A M Fortunato em Pínzio. Quanto à política, a minha filha Irene está como vereadora na Câmara de Pinhel.

Entrevista de Joaquim Igreja

ENTREVISTA

Amadeu Fortunato

AUTARCA 26 ANOS

Agora acabouComo foram os seus 26 anos de autarca?

Comecei como regedor durante três anos ainda antes do 25 de Abril e ainda fui presidente da Junta simultaneamente durante algum tempo. Já depois do 25 de Abril fui eleito presidente da Junta primeiro pela AD (Aliança Democrática) e depois como independente nas listas do CDS. Foi o Alfeu Campos, na altura presidente da Câmara de Pinhel, que me levou para estas andanças e continuo a ter a mesma amizade por ele. A última eleição já a fiz por pressão de muita gente, senão não me teria candidatado. Cada vez mais a Junta exige muito tempo dos autarcas. Perdi por 8 votos para a lista independente. Também acredito que o povo, ao fim de 26 anos de autarca e com tanta obra feita, tivesse pensado que já bastava. Lembro por exemplo o nó de Pínzio do IP 5 que deu muito trabalho para conseguir que ficasse aqui. E agora a vida de autarca acabou?

Penso que sim. Não se deve dizer “Desta água não beberei” mas teriam que correr as coisas muito mal para eu voltar a candidatar-me. Mas faço um balanço muito positivo de todos estes anos. E as pessoas reconhecem isso.

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5Abril 2007

NUNO MIGUEL CONCEIÇÃO CARREIRA,

30 anos

Formação: Bach. Enge-nharia Topográfica, a con-cluir a licenciatura.

Local de Trabalho: Câmara M. NelasFunções: Todas as funções inerentes ao trabalho de topografia, como levantamen-tos/medições de terrenos, acompanhamento topográfico de obras.Razão desta profissão: A razão da escolha foi pelo interesse pela profissão, ser um curso novo e pela facilidade com que os recém formados conseguem emprego. O mais interessante: O mais interessante é não ser um trabalho monótono de estar 8 horas sentado em frente ao computador, porque tem a vertente de trabalho de campo.O mais difícil: O mais difícil é quando as condições climatéricas são adversas.

ROSA DE JESUS

TOMÉ SARAIVA, 42 anosFormação: Lic. Engenharia Civil, Pós-Graduação em Eco-nomia, Gestão e Fiscalização de Empreitadas e em Engenha-

ria Rodoviária. Local de Trabalho: Estradas de Portugal, Direcção de Estradas da GuardaFunções específicas: Chefe de Divisão de Conservação, em acumulação com a Divisão de Exploração e Segurança.

O meu serviço consiste de maneira geral em colaborar com o Director de Estradas no planeamento, das tarefas e empreitadas, que conduzam à conservação e sinalização da rede. Também estou com a elaboração de projectos e beneficiação das estradas, com vista a obter melhores condições de circulação e segurança e conforto para os utentes.Razão desta profissão: Penso que o “bi-chinho” da profissão de Engenheira Civil, surgiu em virtude de na idade pré-escolar, acompanhar a minha mãe, por diversas vezes nas actividades por ela então desenvolvidas, relacionadas com a profissão do meu pai, construtor civil, nomeadamente de construtor de estradas. O mais interessante: É poder com o meu trabalho e dedicação, contribuir decisivamente, para que o Distrito da Guarda, tenha cada vez melhores estradas, com vista ao melhor confor-to dos utentes e se possível dar a contribuição

com vista à diminuição da sinistralidade.O mais difícil: Quando se gosta do que se faz, com calma e ponderação todos os problemas são ultrapassáveis, no entanto o mais difícil será porventura, tomar a melhor decisão, para que com os dados e verbas disponíveis, no momento se efectuem, os trabalhos mais urgentes.

MARTA SOFIA COELHA MARQUES, 24 anos

Formação: Lic. Engenharia do AmbienteLocal de Trabalho: Gabinete de Ambiente da Câmara Muni-cipal da Guarda

Funções: Desde Outubro de 2006 que estou a efectuar um POC (Programa Ocupacional) no Gabinete de Ambiente da CMG, onde se ten-tam resolver problemas de âmbito ambiental.Razão desta Profissão: Não era um sonho de infância, apenas decidi no 12ºano. O gosto pelos números e por questões ambientais, foi o principal motivo da escolha. Achei que Enge-nharia do Ambiente seria a melhor combinação desses dois aspectos.O mais interessante: Infelizmente, o tempo de experiência não me permite falar muito sobre os aspectos mais interessantes na minha vida profissional. No entanto, ajudar a melhorar o meio ambiente sempre me fascinou, é pena muita gente ainda considerar essa questão “irrelevante”.O mais difícil: Não vou falar do mais difícil ao nível do trabalho actual, uma vez que, como referi anteriormente, o tempo de experiência é ainda muito curto. Por isso, para mim, o mais difícil até ao momento, tem sido encontrar trabalho na minha área profissional.

CRISTIANO JOSÉ TEIXEIRA SARAIVA,

26 anosFormação: Lic. Engenharia InformáticaLocal de Trabalho:

Neste ano lectivo estou colocado numa Escola Secundária na Amadora (Lisboa).Funções especificas:

Actualmente sou Professor da área de Informática do ensino Básico e Secundário e Formador certificado nessa área.Razão desta profissão:

Principalmente gosto pelo ensino e pela Informática. Foi também por uma visão de futuro pois a Informática não é só uma gran-

de oportunidade de emprego no presente como será também certamente uma das mais promissoras de futuro. O ensino e formação foi a oportunidade que procurei, surgiu e aproveitei.O mais interessante: Ser uma área pouco repetitiva e actual. O ensino e formação serve também para conhecer, conviver, ajudar e aprender com muitas pessoas de todas as idades e culturas.O mais difícil: Ser uma área muito vasta e em constante e muito rápida mutação o que faz com que tenhamos de estar todos os dias em permanente actualização e aprendizagem. No ensino é conseguir mudar o comportamento e atitude de alguns alunos problemáticos.

FAUSTO DOS SANTOS MARQUES, 35 anos

Formação: Eng.º Técnico Civil Local de Trabalho: PANGEST - Sede da Empresa – Lisboa;

Obras – Lisboa, Sintra, Barreiro, Fátima, Cartaxo, Lourinhã, etc.Funções: Eng.º Fiscal numa Empresa de Enge-nharia, Consultadoria, Gestão, Planeamento e Fiscalização de Obras:

Principais actividades: Análise de Projectos, Acompanhamento e Controlo de Qualidade na fase de execução da Obra; Gestão e Controlo de Planeamento e Custo. Razões desta Profissão: Trabalhar numa Área de particular interesse e de grande utilidade/diversidade. Seguir de certa forma a actividade do meu Pai.O mais interessante: Trabalhar em grandes e variados Projectos dos quais passo a destacar: Empreendimentos habitacionais, um pavilhão de espectáculos e multiusos, duas obras na modernização da linha-férrea do Norte, loteamento e urbanização de um Campus Universitário, etc. O mais difícil: (Durante o curso) Conciliar o trabalho com os estudos; (Na actividade) As principais dificuldades em obra são os prazos muito curtos para a execução de obra e falta de mão-de-obra especializada e experiente. Isto porque actualmente as grandes empre-sas de construção trabalham em regime de subempreitada e a principal fonte de mão-de-obra são as chamadas empresas de cedência de mão-de-obra, “onde hoje são serventes e amanhã são chefes de equipas sem qualquer experiência”.

PROFISSÕES

Engenheiros

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6Abril 2007

Torre da igreja de cara lavada e com novo som

Ao longo dos anos todos os edifícios se vão degradando e é neste contexto que estão a decorrer obras na torre da igreja da Castanheira. Para além da lavagem exteriormente e interiormente, e de ser pintada, a torre recebeu novas pinhas para os altifalantes antigos, bem como a instalação de um novo. Todas as obras de restauração são bem vindas, só é pena não se tomar esta iniciativa para outras partes da igreja. O Altar-mor precisa também ser restaurado e apesar de ser uma obra de elevado custo, ficamos na expectativa de um dia a ver realizada.

OBRAS

Estrada, Ruas e Passeios

Actualidade da Castanheira

“Ondas” nos passeios, ... As obras da estrada de ligação da

Castanheira a Pousade trouxeram benefí-cios, visíveis a todos, no interior da aldeia. Para além da pavimentação ser em calçada de paralelos, que trouxeram outra formo-sura à avenida, foram feitos passeios ao longo de toda a extensão da Castanheira, acautelando dessa forma a segurança dos peões que nela se deslocam. No entanto, a opção de executar os passeios às “ondas”, de forma a facilitar os acessos das pessoas e viaturas às habitações e evitar que as águas pluviais entrem com facilidade nas propriedades, veio trazer um problema aos peões da dita avenida. É extremamente difícil às pessoas com dificuldades de locomoção, nomeadamente os idosos, de caminharem nos passeios devido aos cons-tantes desníveis a que estão sujeitos a cada passo. A avaliação entre benefício e dano da opção tomada deveria ter pendido mais a favor do peão. Dessa forma os passeios serviriam o seu objectivo e deixaríamos de ver transeuntes a caminhar no local destinado ao trânsito.

...“escadas” nas passadeiras, ...

Outro aspecto me-nos conseguido na forma de execução da estra-da prende-se com as passadeiras. As lombas nas passadeiras execu-tadas, junto à escola e ao cemitério, para que a velocidade do trânsito diminuísse mais pareciam “escadas” que os veículos tinham subir a cada passagem. Estas “escadas” eram ainda agravadas pela falta de sinalização do “inconveniente” que se seguia, o que levou a que alguns auto-mobilistas tivessem de fazer visitas a oficinas para proceder a arranjos nas viaturas. O assunto foi muito falado na Castanheira, foi discutido em reunião do executivo camará-rio e depois, finalmente, as “escadas” foram transformadas em lombas e foi colocada alguma sinalização permitindo que haja mais segurança, quer para os automobi-listas quer para os peões.

...e buracos pela aldeia.As grandes obras, como é o caso da

beneficiação da estrada, para além do tempo que demoram na execução, trazem diversas alterações (pó, desvios, buracos, etc.) à ordem estabelecida que, regra geral, são entendidas por todos. No entanto, o transtorno provocado pelas obras da estrada parece que se vai manter para além do fim das ditas obras. Os desvios, para permitir que determinados trabalhos fossem realizados, arrastaram o trânsito para o interior da aldeia, levando à deterioração de vários arruamen-tos. Aguarda-se a sua reparação.

Vítor Gonçalves

Jardim da Moita – 2ª Fase

O projecto do Jardim da Moita vai ficar concluído após uma 2ª fase de intervenção. Segundo Manuel Alberto Dinis, secretário da Junta de Freguesia, estão incluídos no projecto percursos pedonais em saibro, na parte da encos-ta, que estruturam e definem o jardim, e ainda um arruamento pavimentado com cubos de granito, que circunscre-ve o espaço. Com o alargamento do jardim pretende-se também preservar o monumento aí existente (Alminhas), inserindo-o no mesmo, uma vez que actualmente está votado ao abandono. A arborização deste espaço será efectu-ada com 55 pinheiros, e o revestimento do solo com relva, sendo colocadas várias bocas de rega para facilitar a manutenção. A iluminação será feita com 10 colunas idênticas às coloca-das na 1ª fase. No que diz respeito ao mobiliário urbano, serão colocados 5 bancos e 4 papeleiras nesta área, e 11 bancos e 4 papeleiras na área ajar-

dinada anteriormente. Serão também colocados postes de madeira tratada na delimitação da área onde se encontra o equipamento lúdico. Para que todo o espaço seja requalificado, far-se-á também a continuação do passeio até ao cimo da encosta.

Intempéries

O mês de Novembro de 2006 fi-cou registado pelo vento e pelas fortes chuvadas que se fizeram sentir. Além da queda de árvores, e da derrocada na estrada do Porto Mourisco e em vários caminhos, a cobertura do palco do Porto Mourisco também não resistiu à intensidade do vento. O aumento do caudal da Ribeira das Cabras foi visível e destruidor, deixando vários terrenos agrícolas submersos, bem como o futuro parque de merendas do Porto Mourisco. Segundo a Junta de Fregue-sia, os prejuízos causados pelo temporal rondam os 13 000 euros.

Marta Marques

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7Abril 2007

Nascimentos

Noah Pereira Mou-ra to: nasc ido em 13-11-2006, em Bad Homburg, Alemanha. Filho de Nuno Mourato e Ângela Sofia Dinis Pereira;

Elène Maria Austin: Nascida a 31-01-2007 em França, filha de Brigitte Fortunato e Cédric Austin

BaptizadoNoah Pereira Mourato: Baptizado em 31-03-2007, na Igreja de Stª Elisabeth Ober-Eschbacher, Alemanha. Filho de Nuno Mourato e Ângela Sofia Dinis Pereira

Óbitos

Joaquina Ferreira Dinis 17-01-07Mel. Gonçalves Pires 23-01-07Augusto M. Abadesso 25-01-07Mel. Silva Terras (Porto Mourisco)10-02-07Tânia Vilela Gomes 16-03-07

Sílvia Teixeira

Castanheira

DonativosAnónimo 20,00 euros Nuno Miguel T. Casalta 50,00 euros Virgínia Ferreira 20,00 eurosMaria do Céu Martins 50,00 eurosLurdes Dinis 50,00 eurosJoaquim Mel. A. Ferreira 25,70 eurosFrancisco Gil Eugénia 100,00 eurosAntónio M. Saraiva 50,00 eurosJosé Joaquim Ferreira 20,00 euros

Além de todos estes donativos, a Associação da Juventude Activa da Castanheira agradece também ao Sr. Abel Saraiva a oferta de vários livros e à Sr.ª Conceição Santana a oferta de material informático, doações que vêm enriquecer a nossa biblioteca e melhorar o funcionamento desta associação.

Sílvia Teixeira

em movimentoACIMA DOS 80

António Dinis, 85 anosAntónio Dinis nasceu em 12 de

Setembro de 1921, sendo o irmão mais velho de uma fratria de 9 irmãos, 5 homens e 4 mulheres, dois dos quais já falecidos. Fez o exame da 4ª classe na cidade da Guarda, com mais 17 alunos, um dos quais o seu irmão Leopoldo. Houve apenas uma reprovação e quatro distinções. Das quatro distinções uma foi para António Dinis e outra para o seu irmão Leopoldo. Foi depois da escola que António Dinis começou a trabalhar, em casa dos pais, na arte de Sapateiro, bem como os seus irmãos, sempre a par com a agricultura, principalmente durante o Verão, época baixa para o calçado.

Ainda tiveram um dos 26 ou 27 rebanhos existentes na altura, na Castanheira, bem como juntaram rancho durante 15 ou 16 anos para as ceifas, normalmente para a zona de Pinhel. O trabalho no ofício era feito à luz da vela até por volta das 00:30 ou 01H00. “Ainda se via melhor. Num instante se encontrava qualquer forma. Não sei como era.” recordou António Dinis. Era a forma como se trabalhava e se dispunha o material no chão que fazia com que se encontrassem as coisas aos olhos fechados. Na altura em que estavam todos os irmãos no ofício faziam 8 a 9 pares de calçado por dia. Para as várias feiras que fazia, transportava os pares de calçado na mula, e mais tarde em carros alugados.

António Dinis comprou um dos primeiros rádios existentes na Castanheira, quando tinha 19/20 anos, pouco tempo depois do Sr. Augusto Sebastião também ter comprado um.

António Dinis fez tropa na cidade da Guarda em “Caçadores 7”, onde perma-neceu cerca de ano e meio. António Dinis nunca emigrou porque na altura o ofício de Sapateiro dava bastante. Quem emigrou, normalmente não tinha trabalho certo, vivia do jornal (trabalhavam de sol a sol para quem os contratava) e nem sempre havia trabalho. Apesar dos irmãos irem saindo de casa, António Dinis continuou com a arte de Sapateiro, tendo ainda contratado um empregado, por duas vezes. Apesar do irmão ter montado o seu próprio ofício, cada um fazia feiras distintas. Cabia a António Dinis a feira de Figueira de Castelo Rodrigo, Pinhel, Almeida e Freineda, enquanto ao seu irmão Leopoldo a feira de Alfaiates, Sabugal e Miuzela, conforme a zona onde tinham mais amigos. Além destas feiras e como quando começava a andar “a tripa nas feiras” (época das matanças) se deixava de vender calçado, António Dinis ainda fez a feira de Trancoso e Trinta, zona onde havia fá-bricas e compravam calçado durante todo o ano. A queda da agricultura fez com que caísse, e muito, o negócio do calçado, argumentou António Dinis. Deixou de se cultivar, deixou de se gastar o calçado.

António Dinis fez parte da Comissão Administrativa da Castanheira, juntamen-te com Albino Teixeira, antes da existência da Junta de Freguesia, na qual esteve também durante 17/18 anos, como tesoureiro.

António Dinis fez parte dos inúmeros “dramas” que há muito se fizeram na Cas-tanheira, entre os quais Os Pastorinhos, A Bandeira Roubada, Os Dois Sargentos, As Duas Órfãs (duas ou três vezes), O Tarcísio, S. Sebastião e muitos outros. Ainda hoje o teatro lhe corre nas veias. Foi com um brilho nos olhos que António Dinis nos presenteou com extractos do “drama” “As Duas Órfãs” e “A Bandeira Roubada”, nos quais ainda hoje gostaria de participar. Os ensaios para “Os Pastorinhos”, primeiro “drama” em que António Dinis participou, foram orientados por José Dias Neto. Ensaios de outros “dramas” foram orientados pelo Pe Joaquim Teixeira e pelo Pe Alexandre. “Houve ainda um “drama”que foi orientado pelo Pe Amadeu, do Azevo”, recordou António Dinis. Os “dramas” eram encenados, normalmente, em Setembro, apesar de alguns terem decorrido em fins de Agosto.

Marta Marques e Henrique Dinis

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8Abril 2007

E quem se não lembra da Castanheira? É nos primeiros anos de vida que as árvores criam as suas raízes, assim acontece com as pessoas.

Tudo correu bem no tempo em que estudava. Com o 11º ano (incompleto) fui cumprir o dever militar para Lisboa, onde estive 18 meses, nos Serviços Cartograficos do Exército. Nessa altura, apaixonado pela cartografia, tirei um curso de To-pógrafo e regressei à Guarda. As dificuldades começaram aqui. Percorri vários organismos à procura de emprego e até um que me tinha sido prometido foi ocupado por alguém sem qualquer curso na altura. As dificuldades começaram a aumentar e em Julho de 1985 vim para a Alemanha, que já era minha conhecida, por cá passar algumas férias, quando meus pais aqui eram emigrantes. Foi difícil deixar pais, irmãos e amigos para trás, e encontrar um país que, além de culturas e costumes muito diferentes, também tinha um idioma quase impossível de entender (dizia a minha mãe que para se falar bem o alemão, se devia meter uma batata quente na boca). Só não foi mais difícil porque quase toda a minha geração, incluindo os meus grandes amigos, havia também deixado a Castanheira e emigraram quase todos aqui para Frankfurt. As maiores dificuldades foram colmatadas com a enorme comunidade com ligações à Castanheira que, actualmente, conta com cerca de 300 pessoas só em Frankfurt e arredores. A maior parte deles tem a seu cargo uma pequena horta, em que, para além de poderem cultivar e apanhar frutas têm, como no meu caso, um local de lazer onde o canto das aves se mistura com os gritos das crianças, correndo na relva. É um local de convívio para amigos e família, ultrapassando esta trinta pessoas. Aqui a vida começa bem cedo, e o trabalho nunca nos abandona, pelo contrário, aumenta quando eu chego.

Quanto ao regresso, é uma incógnita. Não podemos pensar só em nós, tenho uma filha com 15 anos que frequenta aqui a escola. Além disso é a numerosa família e grande quantidade de amigos que tenho nestas paragens. Tudo está em aberto. No entanto, a Castanheira nunca sairá do meu coração. Além de consultar a página de Internet da Asso-ciação da Juventude Activa da Castanheira, semanalmente, faço várias pesquisas à procura de algo relacionado com a nossa querida aldeia e poucas coisas encontro. Foi este facto que me levou a pensar em fazer uma pequena apresentação para, brevemente, ser mais um documento a divulgar a nossa aldeia na Internet e talvez a incentivar outros a fazê-lo pois é uma forma de nos aproximarmos mais uns dos outros.

Luis Manuel Marques Gonçalves

Como muitos Castanheirenses, também saí da Castanheira muito cedo e acabei por vir parar a Lisboa, embora passando primeiro por outras paragens. A seguir à 4ª classe e aos 2 anos da Telescola na Castanheira, fui para o Outeiro de S. Miguel onde fiz o antigo 5º ano dos liceus, como aconteceu com uma boa parte da nossa geração, devido à circunstâncias da emigração dos nossos pais.

Após 3 anos no Outeiro de S. Miguel fui para o Liceu da Guarda em Outubro de 1974. Foram 3 anos marcados por falta de professores, greves de alunos e uma famosa invasão do Liceu pelo exército. Foi uma época de alterações de programas e tam-bém de indefinição ou constantes alterações relativas ao acesso ao Ensino Superior. No rescaldo da revolução, as manifestações organizadas pelo MRPP davam alguma vida a uma cidade cheia de estudantes sem consciência política e social e que eram facil-mente influenciados.

Em Outubro de 1977, como não tinha garantido o acesso ao Ensino Superior, fui com os meus pais para a Alemanha, inicialmente para trabalhar, mas depois verifiquei que também podia continuar a estudar lá. Aprendi alemão e matriculei-me na Fachhochschule em Giessen (a 60 Km de Frankfurt), depois de um ano de preparação (ano 0) também em Giessen. Após 1 ano e meio em Giessen, para onde me deslocava diariamente de comboio, matriculei-me em Frankfurt.

Uma vez que quando fui para a Alemanha, tinha já mais que 18 anos, os serviços de incorporação militar não me consideraram como residente no estrangeiro ou emigrante e fui chamado para a tropa. No entanto, como já tinha tudo preparado para estudar lá, acabei por não vir à tropa e fui considerado refractário. Nesta altura estive dois anos e meio sem vir a Portugal, mas passado algum tempo, com a visita do Papa, acabei por ser amnistiado. Durante este período também trabalhei nos tempos livres em diversas ocupações, mas a mais interessante foi na Livraria do Teo Mesquita, que também organizava concertos de música portuguesa em diversas localidades na Alemanha, tendo assim a oportunidade de conhecer algumas personalidades da música portuguesa, como os Trovante, o Carlos Paredes e o Carlos do Carmo. Acabei o curso de Engenharia de Telecomunicações em Julho de 1983 e poucos dias depois fui com um grupo de 39 alemães e 1 inglesa numa viagem pouco vulgar naquela altura,

DELFIM PIRES

Da Castanheira para Lisboa

Luís Gonçalves, 45 anos,escreve de Frankfurt

Carta da Alemanha

CARTAS DE LONGE

(continuação na pág. 9)

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9Abril 2007

durante 3 semanas em 13 automóveis pela Polónia, antiga União Soviética (hoje Ucrânia e Rússia) regressando depois à Alemanha através da Finlândia e Suécia. Dois dias depois estava a caminho de Portugal. Trazia já alguns contactos da Siemens em Portugal e passadas poucas semanas tive uma entrevista em Lisboa. Regressei à Alemanha e comecei a trabalhar na Siemens em Janeiro de 1984, sendo o meu primeiro dia de trabalho curio-samente na Siemens em Hamburgo, onde estive 2 semanas e depois mais um mês em Munique, regressando definitivamente a Portugal em Março de 1984. Após 16 anos na Siemens, sempre em funções relacionadas com Telecomunicações, achei que era suficiente e em Junho de 2000 decidi abraçar um projecto próprio, criado de raiz, também na área das Tecnologias de Informação.

Precisamente no auge do que ficou conhecido pela “bolha da Internet” e o seu rebentamento, jun-tamente com outro sócio, criámos a Infinet-Tecnologias de Informação, empresa esta que fornece serviços e soluções que fazem a ponte entre as Telecomunicações e a Informática, ou mais concretamente entre o telefone e o computador. Visto tratar-se de bens de investimento e que apesar do enquadramento macroeconómico obrigar as empresas a reduzir os seus investimentos em tecnologias depois do boom até 2000, a evolução tem sido positiva. Este foi com toda a certe-za o maior desafio da minha vida.

Desloco-me com frequência à Castanheira e continuo a manter laços de afectividade com a aldeia onde nasci e vivi a minha infância.

Delfim Pires

neste lugar da Castanheira por posse antiquíssima, a qual freguesia é anexa à dita igreja de Santa Maria, a qual é da apresentação do duque de Lafões e rende anualmente trezentos e cinquenta mil réis.8 - Na aldeia de Porto Mourisco está situada dentro dela uma ermida com a invocação de S. João Baptista.9 - A maior abundância de frutos que os moradores do dito lugar recolhem é centeio.10 - Está sujeito o dito lugar da Castanheira aos juízes ordinários da vila do Jarmelo.11 - Não tem o dito lugar correio mas serve-se do da Guarda donde dista três léguas.12 - Dista o sobredito lugar da cidade da Guarda, capital do Bispado,

como é dito, três léguas e de Lisboa capital do Reino, cinquenta e quatro léguas.13 - Não experimentou o dito lugar ruína alguma com o terramo-to.14 - No dito lugar da Castanheira e sua freguesia não há serra alguma e por isso se não responde aos interrogatórios pertencentes ao título segundo que trata de semelhante averiguação.15 - Também no dito lugar da Castanheira não há rio e por isso se não responde aos interrogatórios do título terceiro que trata de semelhante averiguação.Castanheira, primeiro de Junho de 1758.O Prior Joaquim Freire.

Notícia do lugar da Castanheira (continuação da página 2)

ÓRGÃOS

Uma Reunião da Assembleia de FreguesiaHoje vamos contar-vos como decorre

uma reunião da Assembleia de Freguesia, órgão consultivo que reúne regularmente com a presença da Junta de Freguesia e que toma decisões sobre a freguesia. Como em qualquer reunião de órgãos de uma insti-tuição, há uma convocatória e uma Ordem de Trabalhos. Desta vez, no passado dia 27 de Dezembro de 2006, a O. T. era: Ponto 1: Apresentação do Plano de Actividades para 2007; Ponto 2: Proposta da Junta de Freguesia para aquisição de terreno. Estive-ram presentes na Reunião os eleitos Eduardo dos Santos Marques, a presidir, Joaquim Manuel Alexandre Ferreira, José dos Santos Matias, José Manuel Pinheiro Miguel, Ângela Maria Marques Ferreira e António Gonçalves Martinho, registando-se a ausência de Paulo Manuel Tenreiro Rodrigues. Do Executivo da Junta de Freguesia estiveram presentes o Pre-sidente Leonel Dinis Abadesso, o Secretário Manuel Alberto Pereira Dinis e o tesoureiro Augusto Manuel Assunção Teixeira.

Antes da Ordem de Trabalhos os pre-sentes colocaram questões ao presidente da Junta sobre questões ligadas à freguesia. Assim, foram esclarecidos assuntos como os seguintes: a situação actual das obras da estrada Castanheira – Pínzio, da responsabi-lidade da Câmara Municipal (a obra conti-nua parada); o não investimento da Câmara nas escolas com menos de 20 alunos (a Câmara terá direccionado investimento da educação para centros educativos na cidade da Guarda, segundo disse o Presidente da Junta); as lombas na estrada junto à escola e ao cemitério (houve falhas de construção tendo-se no entanto melhorado a situação); questões de terrenos e muros de particulares; a situação do projecto já pronto do Lar, tendo sido doado o terreno da Junta de Freguesia necessário à sua viabilidade (foi entretanto saldada a dívida inicial de 10.000

euros do Centro Social Paroquial N.ª S.ª da Conceição e prometida mais ajuda da Junta na altura da construção). Tomou-se também o compromisso de reconstruir o forno da Rabaça e informou-se a Assembleia de que se estão a melhorar faseadamente os caminhos rurais desta anexa. Foi também levantada a questão do mau serviço prestado pelo pessoal da recolha do lixo, que deixa os contentores na estrada em vez de os colocar no passeio. O presidente irá alertar este pes-soal para que tenha mais cuidado e atenção ao local onde abandona os contentores do lixo. Questões mais “levezinhas” são as colocadas relativamente à suposta promessa da lista vencedora da Junta na campanha eleitoral de transportar os habitantes do Porto Mourisco à missa de domingo (que o actual presidente nega ter feito) e o compromisso tomado na Assembleia de gravar as reuniões (o Presidente da Junta disse que o gravador ainda não foi adquirido). Relativamente à acusação de o presépio não ter sido colocado no palco este ano, acusação de um dos elementos da Assembleia, referiu o Presidente da Junta de Freguesia ser essa uma tarefa dos mordomos do Menino Jesus e não da Junta de Freguesia.

O Presidente da Mesa de Assembleia, após o período concedido, passou para a ordem de trabalhos. Foi em seguida apre-sentado o Plano de Actividades da Junta de Freguesia para 2007, do qual foram analisadas item por item todas as actividades previstas pelo Presidente da Junta. Posto a votação, o Plano de Actividades para 2007 foi aprovado por unanimidade. No Ponto dois apreciou-se a Proposta da Junta de Freguesia para aquisição de um terreno na Rosa, com finalidade de aí construir um de-pósito do lixo. Levada a votação, a proposta foi aprovada por unanimidade.

Henrique Dinis

(continuação)

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10Abril 2007

O «paraíso» perdido na Serra do Açor

Perdida na Serra do Açor (Paisagem Protegida), a pequena povoação de Casta-nheira da Serra esconde-se entre as impo-nentes montanhas que a rodeiam. Vitíma do isolamento e da interioridade, fustigada por vários incêndios florestais, esta aldeia do concelho Pampilhosa da Serra, fregue-sia de Fajão, acolhe, actualmente, pouco mais de uma dezena de pessoas, a maioria idosos. Longe vão os tempos em que esta aldeia, construída em xisto, era habitada por mais de 50 famílias, segundo relatos dos mais velhos. A fuga para as grandes cidades do Litoral, em especial Lisboa, e a emigração para a França, durante a vigência do Estado Novo, na busca de

uma vida melhor, conduziu à, inevitável, desertificação.

No Verão, o tempo parece voltar para trás e, em Agosto, os filhos da Terra regressam à Castanheira da Serra. É ali que muitos passam as suas férias ou aproveitam para recuperar forças nos fim de semana prolongados.

A beleza natural, o verde, o ar puro, o silêncio e o «bem receber» das gentes da Serra, é o que a Castanheira da Serra tem para oferecer a quem a visita. No Verão pode esperar dias muito quentes. No In-verno, prepare-se para o frio, e por vezes, para a neve. É que a Castanheira eleva-se quase aos mil metros de altura.

Quando visitar esta pequena aldeia, não pode deixar de passar pelas míticas fontes de água pura, fresca e cristalina, escondidas entre um conjunto de impo-nentes castanheiros centenários (há quem diga mesmo milenares, devido ao gran-dioso porte que estas árvores exibem). A “Fonte dos Namorados”, mais reservada e escondida, é ideal para namorar. A da «Palaia», ideal para quem quer fazer uma boa patuscada. O queijo curado de cabra, o mel (puro) e água-ardente de mel ou de medronho são produtos, cada vez mais raros, mas de inegável qualilade, que deve procurar provar quando visitar a Castanheira da Serra.

A chanfana de cabrito, a saborosa broa de milho, as filhós e a Tijelada, são alguns dos pratos típicos desta pequena aldeia, inserida na região do Alto Ceira.

Para ajudar a fazer render as pe-quenas reformas, os poucos habitantes

desta aldeia dedicam-se à prática de uma agricultura de subsistência - produção de batata, milho, feijão - e à criação de gado, em especial de cabras.

A Comissão de Melhoramentos de Castanheira da Serra, cridada em 1952, tem tido um papel decisivo e fundamen-tal no desenvolvimento desta pequena aldeia.

Entre os vários melhoramentos realiza-dos por esta colectividade de cariz regio-nalista contam-se: a construção do ramal de acesso da estrada principal à aldeia; a construção da Casa do Povo - onde todos os castanheirenses se reúnem para beber um café, para dois dedos de conversa, uma partida de Sueca ou, simplesmente, ver televisão; a construção de um campo de futebol de cinco; a construção de uma piscina - equipamento que faz as delícias dos mais novos; e a construção da rede e tanques de abastecimento de água à população - a água, que existe em abun-dância na zona e que é captada e arma-zenada em dois tanques de grande porte, para depois ser distribuída, gratuitamente, por toda a população.

São Tiago é o padroeiro desta pe-quena aldeia, sendo que as festas em sua honra se realizam a 15 de Agosto. Na pequena Capela de Castanheira da Serra realce para a existência de uma pequena imagem de Santa Goreti, que terá sido trazida de Itália. Quem visita a Casta-nheira da Serra, promete voltar depressa ao «paraíso» perdido, que encontrou na Serra do Açor.

Bruno Silva

CASTANHEIRAS POR TODO O LADO

Castanheira da Serra

Surgiu no Verão e apareceu-nos na caixa do Correio: uma colecção da DECOR ARTde seis pratos em porcelana sobre a Castanheira. Os desenhos são de vários locais da Castanheira e são “pirogravados” na porcelana a mais de 740º, como refere o documento de divulgação, sendo cada peça bordada a filete dou-rado. A colecção estava previsto não ultrapassar as 50 unidades e ficaria a 167,40 euros, já com o envio. Foram escolhidos como motivo para os pratos os locais seguintes: Igreja, Edifício da Junta de Freguesia, Cruzeiro, Palco, Nicho do Senhor dos Aflitos, Monumento junto ao Cemitério. Porquê estes e não outros locais, não sabemos. A Igreja aparece aliás desligada da Torre, que constitui a imagem mais habitual que temos quando se fala da Igreja. A razão da escolha de locais como o Palco, o monumento junto ao Cemitério ou a Junta

de Freguesia, edifícios de pouca monumentalidade e pouco valor simbólico para a freguesia é também um enigma. Porque não em vez desses a Capela dos Senhor dos Passos, o sítio do Calvário, o altar-mor da Igreja, as portas pintadas do altar-mor, a Escola primária, as Eiras, as poldras na Ribeira das Cabras (Porto Mourisco), a Igreja da Rabaça, o edifício da AJAC, as sepulturas antropomórficas das Desgracias, etc.? Tentámos obter esta e outras respostas através da DECOR ART mas não obtivemos resposta.

Joaquim Igreja

Colecção de Pratos

Uma certa imagem da Castanheira

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11Abril 2007

CAMINHOS

O percurso dos nichosO percurso dos nichos

que iremos fazer constitui sobretudo o caminho dos Passos, realizados cada meia dúzia de anos (ou mais) na Castanheira. Um nicho é em geral uma estrutura em pedra, com a altura de 2 metros apro-ximadamente e com duas reentrâncias. A de cima acolhe uma imagem em estátua ou azulejo ou está simplesmente à espera de uma cerimónia religiosa para ser enfeitada com pa-nos bonitos, imagens e flo-res. O andar de baixo em geral está livre e nalguns casos serve para deixar promessas. Ao cimo uma cruz em pedra ou cimento ajuda a criar o efeito de pequeno oratório.

Começando pelo Oi-tão, encontramos logo à direita o nicho da Senhora da Conceição. Imagem de azulejo, no dia em que passámos estava sem enfeites de maior. Junto à casa actual da ti Gracin-da antigamente havia um nicho, que entretanto foi retirado. O percurso se-gue avenida acima até ao nicho junto ao Cemitério, ao lado de umas almi-nhas. Foi implantado aqui recentemente. 50 metros adiante, na estrada em direcção de Pínzio, o nicho de Santa Ana. Novamente em azulejo a cores, a ima-gem sem grandes arroubos artísticos da Santa Ana e de sua filha, Nossa Senhora. Um vaso branco com flores artificiais revela o cuidado em ter o nicho enfeitado.

Cem metros mais abai-xo, o nicho mais conhecido na Castanheira: o Nicho ou Oratório do Senhor dos Aflitos, situado junto à Moita. Quatro degraus,

um portão e um pequeno recinto a circundar o nicho. A cobertura tem já algumas dezenas de anos e recen-temente, para proteger da intempérie quem entre no pequeno recinto, criou-se uma protecção lateral de vidro. Quanto ao nicho, a imagem do Senhor Cruci-ficado aparece-nos ali de joelhos esmurrados, corpo obliquamente inclinado para trás, rosto pungente de sofrimento. Talvez seja o nicho mais antigo da aldeia

e é claramente o mais visi-tado por quem quer rezar ou cumprir uma promessa. Deve ter sido no início uma pedra com Alminhas mas há talvez um século que ele está dignificado em forma de nicho. No cubículo su-perior cabem ainda dois vasos de flores artificiais e uma lanterna com velas. No de baixo a caixa de esmolas.

Seguindo rua abaixo, no Largo das Camionetas, viramos à esquerda para o interior da povoação

seguindo o caminho dos peregrinos dos Passos. Esse nicho que encontramos logo a seguir junto à casa do José “Pedro” costuma ser dos mais enfeitados quando há cerimónias. Hoje está vazio. Deve aliás dizer-se a propósito que estes nichos costumam ser enfeitados para as cerimó-nias religiosas distribuindo-se o acondicionamento e adorno dos nichos por grupos de habitantes. Em salutar concorrência e competição, cada grupo enfeita o melhor possível. Na desmontagem, festeja-se com um lanche entre os que colaboraram.

Os Passos acabavam aqui junto à Capela, se-guindo depois a procissão para a Igreja. Entre as Alminhas que se tornaram nichos, de referir ainda o nicho das Lajas da Car-reira, o nicho de Nª Se-nhora de Fátima, este de construção relativamente recente, talvez dos anos 60 do séc. XX. Tem também a imagem em azulejo da Senhora de Fátima, com flores artificiais lá dentro e porta fechada. Fica ao cimo da barreira das Lajas e por isso tem um ar mais imponente.

De frisar que vários destes nichos foram já sim-ples Alminhas, ficando nos limites da povoação ou no cruzamento de caminhos, lugares emblemáticos do território e que sempre con-veio marcar com símbolos protectores. Continuam Al-minhas junto ao Cemitério, na Moita, no desvio para o caminho em direcção à Ra-baça junto à casa de João Saraiva, no cruzamento do Porto Mourisco, etc.

Joaquim Igreja

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12Abril 2007

PALAVRA DE PRESIDENTE

É esta a oportunidade?

A associação, com a construção do espaço aquático, uma das principais obras da Castanheira nos últimos anos, está a dar um pequeno, mas efectivo, contributo para inverter o ciclo de deser-tificação a que estão vetadas as aldeias do interior.

Este simples “tanque com água”, mais que motivo de atracção sazonal, está a criar expectativas. Será que vai abrir portas para que outros investi-mentos circundantes possam ser con-cretizados? É essa a oportunidade que deve ser aproveitada. Não esperem que a piscina, por si só, crie emprego, de-senvolvimento ou resolva os problemas existentes. Essa é uma incumbência e uma iniciativa de todos.

Nos últimos anos foram criadas algumas condições que ofereceram oportunidades para o desenvolvimento a diversos níveis. Poucas foram utilizadas e as que foram desenvolvidas foram-no de uma forma muito tímida.

Nós, aqui na associação, apesar de cientes das nossas capacidades e re-cursos, temos vontade e queremos fazer mais. Alguém pensava que era possível fazer uma piscina? Pois é, as obras estão no terreno. Uma caminhada, por mais longa que seja, começa sempre com um primeiro passo. Não fiquem a ver a caravana passar. Envolvam-se na caminhada, e invistam na Castanheira, mais que não seja porque vale sempre a pena.

Vitor Gonçalves,Presidente da AJAC

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Ficha TécnicaBoletim da Associação da Juventude Activa da Castanheira

6300-075 Castanheira e-mail: [email protected] ou [email protected] Director: Vitor Gonçalves Coordenador: Joaquim Martins Igreja Periodicidade: Quadrimestral Tiragem: 1.000 ex. Paginação: Elsa Fernandes Impressão: Marques e Pereira (Guarda)

Novidades da AJACPiscinas para o Verão

A empreitada de execução do Espaço Aquático continua a bom ritmo, mantendo-se o mês de Maio para finalização das obras, podendo, assim estar as piscinas em pleno funcionamento no próximo Verão.

Até ao momento já foram executados os muros, parte dos balneários e dos WC’s, esperando-se para breve o início dos trabalhos de construção dos tanques. Depois fica a faltar a fase dos acabamentos, arranjos exteriores e testes aos equipamentos. Pode acompanhar o desenvolvimento das obras em www.ajac.com.pt. A nível financeiro já estão executados e pagos ao empreiteiro cerca de 20% do valor total da obra.

Quotas de SóciosJá está definido o valor das quotas para sócios da AJAC. 6 euros para

menores de 16 anos, e 12 euros para maiores de 16. Após pagamento, ser-lhe-á emitido um cartão de sócio, e passará a beneficiar de descontos em qualquer actividade organizada pela Associação, bem como na utilização das piscinas (ainda em fase de construção). Para efectuar o respectivo pagamento basta dirigir-se a qualquer elemento desta associação.

Relatório de contas da AJAC

Saldo em 01/01/2006 13.890,21 eurosDespesas de 2006 48.600,64 eurosReceitas de 2006 39.335,73 eurosSaldo negativo em 2006 -9.264,91 eurosSaldo existente em 31/12/2006 4.625,30 euros

O relatório de contas foi aprovado na assembleia-geral de sócios de 17 de Março de 2007, estando disponível para consulta dos sócios na sede da associação.

Marta Marques