associação entre doença celíaca e artrite idiopática ......a artrite idiopática juvenil é uma...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de fevereiro de 1808
Monografia
Associação entre doença celíaca e artrite idiopática juvenil em
criança e adolescentes: revisão sistemática
Duilho Pablo de Oliveria Leão
Salvador (Bahia)
Fevereiro, 2014
II
FICHA CATALOGRÁFICA
(elaborada pela Bibl. SONIA ABREU, da Bibliotheca Gonçalo Moniz : Memória da Saúde Brasileira/SIBI-UFBA/FMB-
UFBA)
L437
Leão, Duilho Pablo de Oliveira
Associação entre doença celíaca e artrite idiopática juvenil em criança e
adolescente: revisão sistemática/ Duilho Pablo de Oliveira Leão. (Salvador,
Bahia): DPO, Leão, 2014
Vii, 29p.
Monografia, como exigência parcial e obrigatória para conclusão do Curso de Medicina da
Faculdade de Medicina da Bahia (FMB), da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Professor orientador: Teresa Cristina Martins Vicente Robazzi
Palavras chaves: 1. Doença Celíaca. 2. Artrite Reumatoide Juvenil. 3. Criança. I. Robazzi,
Teresa Cristina Martins Vicente. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de
Medicina da Bahia. III. Título.
CDU: 616.341-053.6
III
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA
Fundada em 18 de fevereiro de 1808
Monografia
Associação entre doença celíaca e artrite idiopática juvenil em
criança e adolescentes: revisão sistemática
Duilho Pablo de Oliveira Leão
Professor orientador: Teresa Cristina Martins Vicente Robazzi
Monografia de Conclusão do Componente
Curricular MED-B60/2013.2, como pré-
requisito obrigatório e parcial para conclusão
do curso médico da Faculdade de Medicina da
Bahia da Universidade Federal da Bahia,
apresentada ao Colegiado do Curso de
Graduação em Medicina.
Salvador (Bahia)
Fevereiro, 2014
IV
Monografia: Associação entre doença celíaca e crtrite idiopática juvenil em
criança e adolescentes: revisão sistemática, de Duilho Pablo de Oliveira Leão.
Professor orientador: Teresa Cristina Martins Vicente Robazzi
COMISSÃO REVISORA:
Teresa Cristina Robazzi (Presidente), Professora Adjunta do Departamento de Pediatria da
Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.
Victor Luiz Correia, Professor Auxiliar 1 do Departamento de Patologia e Medicina Legal
da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.
Valéria Gusmão, Professor Auxiliar I Depertamento de Clínica Médica da Faculdade de
Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.
Lucas Frederico de Almeida, Doutorando do Curso de Doutorado do Programa de Pós
graduação em Ciências da Saúde (PPgCS) da Faculdade de Medicina da Bahia da
Universidade Federal da Bahia.
TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO: Monografia avaliada
pela Comissão Revisora, e julgada apta à apresentação pública no VI
Seminário Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA,
com posterior homologação do conceito final pela coordenação do Núcleo de
Formação Científica e de MED-B60 (Monografia IV). Salvador (Bahia), em
___ de _____________ de 2014.
V
“Quanto mais aumenta nosso conhecimento, mais evidente fica nossa ignorância”. (John F.
Kennedy)
VI
.
Aos Meus Pais, José Leão e Maria
Ildete, minhas irmãs e a Simone Rocha
de Araujo que foram o meu pilar
durante todos estes anos de Acadêmico,
eu dedico.
VII
EQUIPE Duilho Pablo de Oliveira Leão, Faculdade de medicina da Bahia/UFBA. Endereço para
contato: Rua Politeama de Cima, 25, Politeama – CEP: 40080136, Salvador, Bahia,
Brasil. Correio-e: [email protected].
Tereza Robazzi. Professor Orientador. Professor Adjunto do Departamento de Pediatria da
Faculdade de Medicina da Bahia/UFBA;
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)
FONTES DE FINANCIAMENTO
1. Recursos próprios.
VIII
AGRADECIMENTOS
Ao meu Professor orientador, Doutora Tereza Robazzi pela presença constante e substantivas
orientações acadêmicas e à minha vida profissional de futuro médico.
Ao Professor José Tavares Neto pela disponibilida e pelas valiosas orientação que foram de
grande importância para o andamento deste trabalho.
Aos Doutores Victor Luiz, Valéria Gusmão membros da Comissão Revisora desta
Monografia meus especiais agradecimentos pela constante disponibilidade.
À Professora Patricia Calvacanti por em momento difícil da minha vida ter me instruindo e
participado do meu desenvolvimento mental.
À Acadêmica Simone Rocha, pela colaboração para o desenvolvimento deste trabalho e
companherismo nos momentos difíceis.
1
SUMÁRIO
ÍNDICE DE QUADRO .............................................................................. 2
I. RESUMO ................................................................................................ 3
II. OBJETIVO .............................................................................................. 4
III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................... 5
IV. METODOLOGIA ................................................................................... 8
V. RESULTADO ......................................................................................... 9
VI. DISCUSSÃO ........................................................................................ 13
VII. CONCLUSÃO .................................................................................... 16
VIII. ABSTRACT ........................................................................................ 17
IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................. 18
2
ÍNDICE DE TABELA
Quadro 1: Características principais do estudo sobre a associação entre
AIJ e DC. ....................................................................................................... 9
3
I. RESUMO
ASSOCIAÇÃO ENTRE DOENÇA CELÍACA E ARTRITE IDIOPÁTICA JUVENIL
EM CRIANÇA E ADOLESCENTES: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA. Introdução: A
doença celíaca (DC) é uma enteropatia crônica imunomediada que ocorre em indivíduos
geneticamente predispostos devido à intolerância do intestino aos alimentos que contém
glúten. Apresenta-se classicamente com sintomas gastrointestinais com consequente má
absorção de alimentos. No entanto, outras formas de apresentações podem estar presentes
(atípica, assintomática e latente) e estas têm sido associadas a grupos de riscos para
desenvolvimento da doença, entre eles as doenças autoimunes, incluindo as reumatológicas,
sobretudo lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide e síndrome de Sjögren e, entre elas,
há estudos que investigam e questionam esta relação com a artrite idiopática juvenil (AIJ).
Objetivo: Definir, através de uma revisão sistemática, a associação da DC em pacientes
portadores de AIJ. Metodologia: Informações foram obtidas a partir da busca de artigos nas
bases de dados MEDLINE (National Library of Medicine, Bethesda, MD), SCielo e LILACS,
de 1968 a 2013, usando palavras-chave como: “(disease celiac OR disease coeliac) and
(juvenile idiopathic arthritis or chronic juvenile arthritis or juvenile rheumatoid arthritis).
Resultado: Foram encontrados 12 artigos que estudaram a associação entre DC e AIJ.
Destes: três estudos transversais, três coortes prospectivas, dois caso-controles e três relatos
de caso. Sete artigos, não incluindo os relatos de casos, encontraram que existe uma
prevalência da DC em pacientes com AIJ maior do que na população em geral e dois que não
encontraram nenhuma associação. Discussão: Os autores revisaram a possível associação
entre AIJ e DC e, através de informações obtidas, observaram uma necessidade de estudos
com um maior segmento e utilização de marcadores mais específicos para a triagem da DC.
Entretanto, deve-se atentar para o rastreio da DC (assintomática, latente e atípica) em
pacientes com AIJ e a investigação da DC em pacientes com AIJ com sintomas
gastrointestinais e déficit do crescimento. Conclusão: A revisão mostrou a necessidade de
atenção para esta possível associação, porém novos estudos que possam indicar com maior
propriedade essa associação precisam ser realizados.
Palavras-chave: 1. Doença Celíaca; 2.Artrite Idiopática Juvenil; 3. Criança.
4
II. OBJETIVO
Sumarizar as evidências encontradas na literatura avaliando a existência de relação
entre Doença Celíaca e Artrite Idiopática Juvenil.
5
III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A DC é uma enteropatia crônica imunomediada que ocorre em indivíduos
geneticamente predispostos devido à intolerância do intestino, principalmente da porção
proximal, aos alimentos que contem glúten, em particular, a gliadina e a outras prolaminas
encontradas em cereais tais como trigo, centeio e cevada. A intolerância ao glúten
desencadeia resposta imunológica exacerbada, seguida por inflamação crônica da mucosa do
intestino delgado e desaparecimento progressivo das vilosidades intestinais, dificultando a
absorção de nutrientes. É uma síndrome que acomete crianças e adultos e tem, classicamente,
sintomatologia gastrintestinal com consequente má absorção de alimentos, ainda que as suas
manifestações clínicas principais possam ser extraintestinais (Melo
et al., 2005: Hill et al.,
2002; Kumar et al., 2001).
A frequência da DC é estimada em torno de 1% (1:100) na população em geral nos
EUA e 1,5% na Europa (Melo et al., 2005; Neuhausen et al., 2008; Fasano et al., 2003). Na
população geral europeia, sua incidência oscila entre 0,3 a 3/1000 nascidos vivos (Greco et
al., 1992). A DC silenciosa vem sendo reconhecida mais frequentemente, sobretudo em
pacientes com outras doenças autoimunes ou com parentes de primeiro grau acometidos.
Após a descrição clássica de Samuel Gee em 1888, outras formas de apresentação da
doença foram identificadas: atípica ou oligoassintomática (quadro oligoassintomático com
manifestações digestivas ausentes ou secundárias), assintomática ou silenciosa (alterações
sorológicas e histológicas da mucosa intestinal em grupos de risco sem sintomas) e latente
(anticorpo e/ou HLA compatível com histologia normal) (Melo et al.,2005; Hill et al., 2002;
Kumar et al., 2001; Sdepanian et al., 1999).
Os estudos de triagem populacional têm permitido a detecção e o reconhecimento destas
formas pré-clínicas da DC. O encontro dos marcadores sorológicos em indivíduos com perfil
de HLA DQ2 ou DQ8 torna muito provável o desenvolvimento posterior de lesões na mucosa
intestinal compatíveis com DC (Hill et al., 2002; Kumar et al., 2001; Sdepanian et al., 1999).
Os marcadores para DC são os anticorpos antigliadina, o antiendomísio e
antitransglutaminase tecidual, com sensibilidade e especificidade variáveis para o diagnóstico
de DC, mas de maneira geral, é indiscutível a superioridade dos anticorpos antiendomísio e
antitransglutaminase em relação à antigliadina (Hill et al., 2005).
O espectro clínico da DC é bastante variado, podendo se apresentar durante os primeiros
anos de vida através de sua forma clássica, com diarreia, perda de peso, má absorção e
sintomas relacionados à deficiência de proteínas, vitaminas lipossolúveis e folatos, como
6
também através de manifestações musculoesqueléticas secundárias à doença osteometabólica
ou depleção de eletrólitos, representadas por dor óssea, fraqueza muscular (hipocalemia) e
parestesias (hipocalcemia) (Newmann et al., 2003).
Há consenso na literatura sobre a importância da sua investigação em grupos de risco,
tais como: parentes do primeiro grau, anemia ferropriva resistente à reposição oral,
diminuição da densidade óssea, atraso puberal ou baixa estatura sem causa aparente,
deficiência seletiva de imunoglobulina A (IgA), síndrome de Down (SD), síndrome de
Turner, elevação inexplicada das transaminases, infertilidade, amenorréia, abortos repetidos,
linfomas, adenocarcinoma intestinal, doenças neurológicas e doenças autoimunes, incluindo
as reumatológicas (Nisihara et al., 2007).
A DC pode estar associada a outras doenças autoimunes, como diabetes mellitus tipo 1,
desordens autoimunes da tireoide, doença de Addison, hepatite autoimune, vasculite,
pericardite recorrente, poliomiosite, púrpura trombocitopênica idiopática, cirrose biliar
primária, estomatite de repetição, síndrome de Sjögren (SS), lúpus eritematoso sistêmico
(LES), artrite reumatoide (AR) e AIJ (Cooper et al., 1978; Colin P & Maki, 1994).
A frequência da DC nos pacientes com doenças autoimunes da tireoide tem se mostrado
de quatro a oito vezes maiores do que na população geral ou em doadores de sangue
(Viljamaa et al., 2005). Da mesma forma, a prevalência de DC em pacientes com DM1 é 3-
6% maior em relação à população geral (Mello et al., 2005).
A DC pode se apresentar com queixas reumáticas como artralgia ou oligoartrite
soronegativa e pode mostrar positividade para um amplo espectro de autoanticorpos
(Korponay et al., 1997; Lumardi et al., 1988). Por outro lado, a variedade de sintomas das
doenças reumáticas pode dificultar o diagnóstico de duas doenças autoimunes sistêmicas
associadas.
Entre as doenças autoimunes, a associação da DC com a Artrite Idiopática Juvenil (AIJ)
é descrita na literatura e o reconhecimento desta associação nem sempre é fácil pela
superposição de sintomas (Nisihara et al., 2007).
A artrite idiopática juvenil é uma doença inflamatória crônica, caracterizada por sinovite
crônica e algumas vezes, pela associação de manifestações extra-articulares, principalmente
febre, rash cutâneo, pericardite e uveíte (Cassidy JT & Petty RE, 2005).
Crianças com AIJ podem se apresentar com sintomas gastrintestinais e atraso do
crescimento. Embora a maioria dessas complicações seja induzida pelos medicamentos ou
7
pela própria doença, outras possibilidades, inclusive doenças gastrintestinais primárias, devem
ser consideradas.
Vários estudos têm mostrado associação entre DC e marcadores sorológicos da doença
com diferentes doenças reumáticas, sobretudo LES, AR e SS (Colin P & Maki, 1994 Collin et
al., 1992; Lepore et al., 1996; Lindqvist et al., 2002) e, entre elas, há estudos que investigam e
questionam esta relação com a AIJ (George et al., 1996; Lepore et al. 1993).
8
IV. METODOLOGIA
O estudo foi realizado com dados secundários obtidos de uma revisão sistemática da
literatura nos seguintes bancos de dados on-line: MEDLINE em
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/, Scielo em http://www.scielo.org, Web of Science em
http://apps.webofknowledge.com e LILACS em http://lilacs.bvsalud.org/. Informações foram
obtidas a partir da busca de artigos nas bases de dados, de 1968 a 2013, usando palavras-
chave como: “(disease celiac OR disease coeliac) and (juvenile idiopathic arthritis or
chronic juvenile arthritis or juvenile rheumatoid arthritis)”.
No presente estudo foram incluídos artigos (estudos de caso-controles, coortes, corte
transversal e relato de casos) que possuiam com população de estudo pacientes menores que
21 anos portadores da patologia AIJ, tendo como objetivo avaliar a prevalencia da DC nesta
população. Foram selecionado os artigos que utilizaram parâmetros sorológicos para realizar
triagem e posteriormente biópsia do tratro gastrointestinal para avaliar a presença da DC em
pacientes com AIJ. Não houve restrições no que diz respeito à linguagem ou ano de
publicação. Como critério de exclusão: estudos nos quais não fizeram uma relação direta entre
as patologias; não incluiram menores de 21 anos; que não realizaram biópsia para diagnóstico
da DC; artigos de revisão; e que não estavam disponível no portal de periódicos CAPES-
UFBA.
Uma triagem inicial foi feita através da leitura dos títulos e resumos obedecendo os
critéiro de inclusão. Os artigos que não foram excluídos com base nessa triagem foram lidos
integralmente para avaliação da adequação dos critérios de elegibilidade supracitados.
As características analisadas dos estudos incluídos na revisão sistemática foram:
autor, ano de publicação, país que foi realizado o estudo, tipo de estudo, numero de pacientes,
marcadores sorológicos da DC, porcentagem da relação entre as patologias.
Para este tipo de estudo não há necessidade de análise por Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP), segundo o regramento estabelecido na Resolução CNS-MS nº 196 de 1996.
9
V. RESULTADOS
Os resultados foram obtidos através da estratégia de busca no MEDLINE e no Web
of Science. Foram encontrados um total de 69 artigos, dos quais foram selecionado 33 artigos
através da leitura do resumo e título. Buscas realizadas nas bases de dados LILACS e Scielo
não obtiveram resultados adicionais. Dos 33 artigos selecionado inicialmente, foram
excluídos 07 artigos por não estar disponível no portal de periódicos CAPES-UFBA e 14
artigos pela leitura completa do texto. Foram selecionados, em ultima analise, através da
leitura completa, 12 artigos que estudaram a relação entre a AIJ e DC em crianças. Destes:
três estudos transversais, três coortes prospectivas, dois caso controles e três relatos de caso
(Tabela 1). Todos estes estudos fizeram o diagnóstico de DC através de biópsia do trato gastro
intestinal. Apenas em um trabalho não foi encontrada nenhuma associação entre AIJ e DC.
Quadro 1: Características principais do estudo sobre a associação entre AIJ e
DC.
Autor Local Ano Tipo de Estudo N° Pacientes
(F/M)
Marcadores
para DC
Associação
entre AIJ e
DC
Simon e Amor.22
França 1992 Relato de caso (1/0) -----
Lepore et al.21
Itália 1993 Corte Transversal 53 AGA 0,0%
Lepore et al.23
Itália 1996 Corte Transversal 119 (87/32) AEA 3,3%
George et al.20
Holanda 1996 Coorte Prospectiva 62 (36/26) AGA, ARA e
AEA
1,5%
Al-Mayouf et al.24
Arábia
Saudita
2003 Corte Transversal 42 (24/18) AGA, ARA e
AEA
2,38%
Stagi et al.25
Itália 2004 Caso Controle 151(130/31) ATA 6,6%
Alpigiani et al.26 Itália 2008 Coorte prospectiva 108(71/37) ATA, AGA e
AEA
2,8%
Michelin et al.27
Brasil 2010 Relato de caso 1(1/0) AEA -----
Prignano et al.28
Itália 2010 Relato de Caso 1(0/1) -----
Gheita et al.29
Cairo 2011 Caso Controle 60(32/28) ATA -----
Stoll et al.30
EUA 2011 Caso Controle 42 ATA 0,0%
Robazzi et al.31
Brasil 2012 Coorte Prospectiva 53 (1/0) ATA 1,5%
Abreviações: DC, Doença Celíaca; AIJ, Artrite Idiopática Juvenil; AGA, AntiGliadina;
AEA, Antiendomísio; ARA, Antireticulina; ATA, Antiglutaminase.
10
Os detalhes desses artigos são apresentados abaixo, obedecendo à ordem
cronológica da publicação.
Em 1991, houve a descrição de uma paciente com diagnóstico de doença celíaca e
artrite psoriasica, com boa resposta das queixas articulares à dieta isenta de glúten e ao uso de
AINH.
Em 1992, (Simões & Amor. 1992), descrevem o caso de um paciente com diarreia e
artrite crônica iniciadas respectivamente aos 08 meses e 2 anos de idade, cujo diagnóstico de
DC foi realizado apenas aos 16 anos através de biópsia, que demonstrou atrofia das
vilosidades e, após início da dieta apropriada, houve resolução completa do quadro articular.
Com estes relatos de artrite crônica e doença celíaca, reflexões sobre a possibilidade desta
associaçãz passam a ser mais discutidas, não limitando as manifestações articulares da DC
apenas como secundárias à depleção de cálcio, potássio e magnésio ou ainda à doença do
metabolismo ósseo (osteoporose e /ou osteomalácia).
Em um estudo realizado em 1993 (Lepore et al., 1993), mostrou-se que os níveis de
anticorpos antigliadina estiveram aumentados nos pacientes com AIJ em 33,9% (18/53), sem
correlação com os testes realizados para avaliar o aumento da permeabilidade intestinal
(lactulose/manitol). Destes, oito realizaram biópsia intestinal (pacientes com anticorpo
antigliadina IgA positivo) e, em todos, a mucosa intestinal estava normal. Os autores
concluem de que, nos pacientes com AIJ, a resposta imunológica ao glúten não está
relacionada à DC ou ao aumento da permeabilidade intestinal e que os anticorpos antigliadina
não têm valor preditivo para o diagnóstico de DC.
Posteriormente em 1996 (Lepore et al., 1996) avaliou a prevalência da DC na AIJ,
utilizando os anticorpos antiendomísio IgA como screening. Resultados e conclusões foram
bem diferentes do estudo prévio: das 119 crianças avaliadas, todas sem deficiência de IgA,
quatro apresentavam anticorpos antiendomísio positivos e destas, em três (2,5%), a biópsia
intestinal revelou atrofia das vilosidades (um caso de forma de início pauciarticular, um
poliarticular e outro sistêmico). Nenhum paciente apresentava sintomas intestinais no
momento da biópsia e para todos foi iniciada a dieta isenta de glúten, com boa resposta clínica
(melhora da curva pondero-estatural e da artrite) em dois casos.
George EK et al., (1996), realizou um estudo com 62 crianças com AIJ, encontrou
prevalência de 1,5% de DC (uma criança com positividade para os anticorpos antigliadina
IgA, antireticulina e antiendomísio com biópsia compatível com DC)21
. No entanto, o
11
paciente em questão era portador de Síndrome de Down (SD), e segundo outro estudo
realizado pelos mesmos autores, em 115 pacientes com SD a frequência de DC foi de 7%,
com biópsia compatível nos casos com antiendomísio positivo. Os autores discutem se a SD
foi fator predisponente para a DC e não de fato, a presença da AIJ.
Al-Mayouf et al. (2003) avaliaram a presença de marcadores sorológicos para DC
(antigliadina IgG e IgA, antireticulina e antiendomísio) em 42 crianças (24 do sexo feminino)
com AIJ. No grupo das 42 crianças avaliadas, 18 foram positivas para pelos menos um dos
marcadores sorológicos e 24 e 12 apresentavam, respectivamente, déficit de crescimento e
sintomas gastrintestinais. Os anticorpos IgG antigliadina, IgA antigliadina e antiendomísio
foram positivos, respectivamente, em 77,8% (n=14), 22,2% (n=4) e 38,9% (n=7) dos
pacientes. Foram realizada biópsia em 16 dos 18 pacientes, sendo que dois recusaram realizar
o procedimento. As alterações compatíveis com DC na biópsia intestinal (hipertrofia das
criptas e atrofia das vilosidades) foi encontrada em apenas uma criança (2,4%) do sexo
feminino com anticorpo antiendomísio positivo. Por outro lado, a biópsia intestinal revelou
leve atrofia das vilosidades focal em dois pacientes com a forma sistêmica da ARJ, ambos
tiveram positivo Antiendomísio IgA. Os resultados dos exames histológicos não garantem o
diagnóstico de doença celíaca nestes dois pacientes, no entanto, eles podem ter um potencial
de desenvolver a doença celíaca no futuro.
Stagi et al., (2004), avaliaram 151 crianças com AIJ, evidenciando a DC em dez
pacientes (6,6%), com um predomínio do sexo feminino (9:1), através dos marcadores
sorológicos (antigliadina IgA, antiendomísio IgA e antitransglutaminase IgA) e confirmação
do diagnóstico através de biópsia intestinal, com prevalência sete vezes maior em relação aos
controles.
Alpigiani et al.,
(2008) analisaram os níveis séricos do antiendomísio e
antitransglutaminase IgA em um grupo de 108 crianças (71 femininas) com AIJ sem sintomas
gastrointestinais para DC através de dosagens seriadas por um período de em média 5,5 anos.
Uma criança do sexo feminino foi diagnosticado com DC no momento do diagnóstico de AIJ
apresentando uma prevalência de DC no momento do diagnóstico da AIJ de 0,9% e no fim do
estudo de 2,8%. Este estudo não usou grupo controle.
Michelin et al., (2010) descrevem um caso de uma menina, 10 anos, com diagnóstico
de AIJ sistêmica e DC. O caso foi retirado de um estudo de coorte que foi acompanhado por
um período de 28 anos. Tal estudo tinha uma amostra de 712 pacientes com AIJ onde um
12
paciente desenvolveu alterações gastroinstesinais. No mesmo ano, 2010, (Prignano et al.,
2010) relatam o caso de uma criança de nove anos do sexo masculino que apresentou artrite
psoriásica e DC.
Gheita et al., (2011) analisaram a presença dos níveis da antitransglutaminase IgA e
IgG em 60 crianças com doenças reumáticas, com positividade de 32 (53,3%) pacientes
comparados a 20% dos controles (P = 0,03), com predominância em meninas. Stoll et al.,
(2011) também analisaram a presença dos níveis de transglutaminase IgA e IgA total em 42
crianças comparando com 10 crianças controles e nenhuma criança foi diagnosticada com
DC.
Mais recentemente (Robazzi et al.31
2012) avaliaram a presença de DC em 53
pacientes com AIJ, através da dosagem do antitransglutaminase IgA, com diagnóstico da
doença em um paciente (1,9%) (subtipo AIJ sistêmica, 10 anos, menino, remissão clínica e
laboratorial há 24 meses e completamente assintomático para DC), confirmada pela biópsia
intestinal compatível com DC tipo IIIc (Marsh-Oberhuber).
13
VI. DISCUSSÃO
A grande variabilidade de apresentação da DC tem induzido alguns especialistas,
como gastroenterologistas, pediatras e reumatologistas, a um estado de alerta a respeito do
diagnóstico e da possibilidade da doença se apresentar como um quadro clínico sugestivo de
doença reumática.
A literatura aponta uma relação entre DC e várias doenças reumáticas. Uma das
patologias em que mais se encontra esta associação é a AIJ em uma frequência que é
considerada maior do que a esperada na população em geral. Apesar de que na literatura não
existe um consenso sobre a prevalência de DC em pacientes com AIJ, os trabalhos analisados
têm demonstrado uma associação entre DC e AIJ.
De acordo com resultados obtidos, observa-se que, na maiorias dos estudos, os
trabalhos analisados mostraram uma associação que variou de 1,5% a 6,6% no trabalho de
(Stagi et al., 2004) o qual mostrou uma prevalência sete vezes maior do que o controle (p<
0,005). E apenas um estudo não mostrou nenhuma associação entre a DC e AIJ que foi o
estudo de (Stoll et al., 2011), mesmo assim apresentaram os níveis ATA IgA maior do que o
grupo controle.
Todos os trabalhos analisados utilizaram como método de triagem diagnóstica para
DC os pacientes que apresentavam uma dosagem positiva de um dos marcadores (AGA,
ATA, AEA ou ARA) e só a partir daí foi realizado estudo histopatológico por meio de
biópsias do duodeno para diagnóstico da patologia. Na maioria dos estudos, os pacientes
avaliados não apresentavam sinais clínicos da DC e, assim, a maior dos pacientes com
diagnóstico de DC apresentavam a forma assintomática da doença. Portanto, alguns estudos,
como o de (Stagi et al., 2004), que fez acompanhamento de um ano, ressaltaram a
necessidade de estudos com maior tempo de seguimento, no intuito de se observar o
aparecimento ou não de sintomas.
Para análise dos diversos resultados encontrados na literatura, deve ser levada em
consideração a heterogeneidade dos anticorpos utilizados pelos autores em diferentes
momentos dos estudos (tabela 1). Na maioria dos estudos foram utilizados como critério de
triagem os anticorpos antiedomísio e o antireticulina, sendo que estes são de baixo grau de
sensibilidade. No trabalho (Al-Mayouf et al., 2013)24
foi feita triagem utilizando os
marcadores AGA, ARA e AEA. Neste trabalho, três pacientes com sintomas gastrointestinais
e/ou falta de crescimento e AEA positivo tiveram biópsia anormal. Comparando os estudos
14
feitos por (Lepore et al., 1993) e
(Lepore et al., 1996)
mostrou que o primeiro estudo que
utilizou AGA como marcador não mostrou associação, entretanto o segundo utilizando o
marcador AEA mostrou uma associação de 3,3%.
Estudos como o (Stagi et al., 2004) e (Alpigiani et al., 2008) que usaram ATA e
AEA como marcadores de triagem apresentaram uma associação de 6,6% e 2,8%
respectivamente chamando atenção para diagnóstico DC assintomática.
Três estudos apresentados no trabalho relataram associação entre DC, AIJ e sexo.
Todos estes mostraram uma maior prevalência da associação no sexo feminino. Entretanto, é
importante ressaltar que, nos estudos analisados, a AIJ esteve mais prevalente no sexo
feminino, o que pode ter sido responsável por esta associação.
Apesar de resultados contraditórios na literatura sobre a associação entre AIJ e DC,
deve-se atentar para os casos de AIJ com sintomas abdominais intensos ou persistentes,
sobretudo diarreia crônica, assim como, para pacientes com artrite, dificuldade de ganhar peso
e anemia. Da mesma forma, deve-se estar atento para o amplo espectro clínico da DC,
variando desde uma síndrome de má absorção até constipação, anemia, baixa estatura, atraso
puberal e artropatia, o que sem dúvida, pode estar mimetizado no curso clínico da AIJ,
principalmente nas formas em atividade de doença, de subtipo de início sistêmico, e, em uso
de medicações anti-inflamatórias e imunossupressoras.
Alguns trabalhos avaliados, como o (Lepore et al., 1993) mostram a eficácia de uma
dieta isenta de glúten em pacientes que apresentaram sintomas gastrointestinais e deficiência
de crescimento apresentando melhora também nos sintomas articulares. Sendo assim, os
pacientes com AIJ podem beneficiar com intervenção dietética, melhorando o crescimento e
o controle da doença reumática.
Apesar de relatarem uma prevalência maior da DC do que o da população em geral, é
importante ressaltar que os trabalhos avaliados chamam atenção para a necessidade de
realização de novos estudos com tempo de seguimento mais prolongado e utilização de
marcadores sorológicos mais específicos.
Não há definição, na literatura, da necessidade de triagem para DC em todos os
pacientes com AIJ. Deve-se estar alerta, no entanto, para a descrição na literatura de casos de
pacientes com AIJ e diagnóstico para DC, incluindo casos assintomáticos da doença, o que
chama a atenção para a possibilidade de formas não clássicas e para o amplo espectro da DC,
15
assim como da necessidade de se monitorar o surgimento de doenças autoimunes órgão-
específicas no curso da AIJ.
16
VII. CONCLUSÕES
1. Evidenciou-se a existência de poucos estudos que apontam uma associação entre
a prevalência de DC e AIJ, então novos estudos que possam indicar com maior propriedade
essa associação precisam ser realizados.
2. Atenta para que nos próximos estudos a triagem para DC deva ser feita com a
escolha de marcadores mais específicos.
3. A partir dos resultados analisados, onde foi encontrado uma prevalência da DC
em pacientes com AIJ maior do que a população geral, verifica a necessidade de investigar
nos pacientes com AIJ que apresente sintomas gastrointestinais e déficit de crescimento a
presença da DC.
4. Mais estudos de coorte precisam ser realizados objetivando investigar e fazer o
acompanhamento dos pacientes de AIJ com marcadores específicos positivos para DC.
17
VIII. ABSTRACT
ASSOCIATION BETWEEN CELIAC DISEASE AND JUNENILE
IDIOPATHIC ARTHRITIS IN CHILDREN AND TEENS: A
SYSTEMATIC REVIEW. Introduction: Celiac disease (CD) is a chronic immune-
mediated enteropathy that occurs in genetically predisposed individuals due to bowel
intolerance to containing foods gluten. It classically manifests itself with gastrointestinal
symptoms due to poor food absorption. However, other forms of presentation may occur
(atypical, latent, and asymptomatic) and these groups have been associated with the risk of
developing several autoimmune diseases, including systemic lupus erythematosus,
rheumatoid arthritis and Sjögren syndrome, but medical literature is controversial regarding
association with juvenile idiopathic arthritis (JIA). Objective: Define, through a systematic
review, the association between CD and JIA. Methods: Data was obtained by searching
articles in MEDLINE (National Library of Medicine, Bethesda, MD), SciELO and LILACS
databases, published between 1968 and 2013, using keywords such as "(celiac disease OR
coeliac disease) and (juvenile idiopathic arthritis or chronic juvenile arthritis or juvenile
rheumatoid arthritis)." Twelve articles that examined the association between DC and JIA
were found. Results: Of these, there were three cross-sectional studies, three prospective
cohorts, two case controls and three case reports. Seven articles, not including case reports,
found that there is a higher prevalence of CD in patients with JIA than in the general
population and two that have found no association. Discussion: The authors reviewed the
possible association between JIA and DC, and with data obtained, observed a need for studies
with a larger follow-up and use of more specific markers for DC screening. However, special
attention should be given to the screening of DC (asymptomatic, latent and atypical) in
patients with JIA and research of DC in JIA patients with gastrointestinal symptoms and
growing problems. Conclusion: The review showed the demand for attention to this possible
association, but new studies need to be performed.
Keywords: 1. Celiac Disease; 2.Artrite Juvenile Idiopathic 3. Child.
18
IX. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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