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ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL COMISSÃO DE REPRESENTAÇÃO EXTERNA ACOMPANHAMENTO SITUAÇÃO GRUPO PARMALAT RELATÓRIO FINAL Março de 2006

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ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

COMISSÃO DE REPRESENTAÇÃO EXTERNAACOMPANHAMENTO SITUAÇÃO GRUPO PARMALAT

RELATÓRIO FINAL

Março de 2006

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MEMBROS TITULARES:

Dep. ELVINO BOHN GASS – PT (coordenador)

Dep. ALOÍSIO CLASSMANN – PTB *

Dep. GERSON BURMANN - PDT

Dep. MÁRCIO BIOLCHI - PMDB

Dep. VILSON COVATTI – PP

* em substituição ao Dep. Iradir Pietroski a partir de 03 de janeiro de 2005

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I. INTRODUÇÃO E CONSTITUIÇÃO

A Comissão de Representação Externa (CRE) para acompanhamento da situação da empresa Parmalat foi criada a partir do requerimento RCR 01/2004, de 17 de fevereiro de 2004, de autoria de 53 deputados e deputadas (Anexo 1). A proposição foi aprovada por todos os 41 parlamentares presentes à Sessão Plenária Ordinária de 25 de fevereiro de 2004. Coube ao deputado Elvino Bohn Gass, primeiro signatário do requerimento, a coordenação dos trabalhos.

A CRE encerrou os trabalhos após a aprovação do Plano de Recuperação Judicial da Parmalat Brasil Indústria de Alimentos pela Assembléia Geral de Credores.

O objetivo da Comissão foi avaliar os impactos da crise da empresa e auxiliar na busca de soluções para os problemas desta crise, especialmente para manutenção dos empregos e da renda dos trabalhadores urbanos e dos agricultores familiares.

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II. BREVE HISTÓRICO DA CRISE DO GRUPO PARMALAT

A origem do atual Grupo Parmalat tem como marco a criação da Parmalat Spa em 1973, que sucedeu uma pequena empresa da família Tanzi, criada em 1961 na região da Emilia Romagna, no centro-norte da Itália. Em 1990, foi iniciado um plano de reestruturação financeira da companhia, com o objetivo de saldar dívidas e promover a sua expansão internacional. Com o apoio de uma associação de bancos italianos, foi feita uma oferta pública de ações, que resultou na aquisição de 75% do capital da Parmalat Spa pela Finanziaria Centro Nord, depois chamada Parmalat Finanziaria.

A Parmalat Finanziaria permaneceu sob controle da família Tanzi (50,68% do capital votante) e é a principal holding do Grupo Parmalat. A Parmalat Spa é a sua principal subsidiária e uma das principais garantidoras de operações financeiras.

O resultado da reestruturação foi positivo em termos da maior internacionalização da empresa. Em 1990, o Grupo Parmalat estava presente em 5 países, além da Itália: Brasil (desde 1974), Alemanha (1977), França (1979), Espanha (1983) e Portugal (1990). Em 2003, o Grupo estava presente em 31países de seis continentes, incluindo: Argentina, Uruguai e Estados Unidos (1992), Rússia e Hungria (1993), Ucrânia, Venezuela, Chile, Paraguai e Colômbia (1994), México, Equador e China (1995), Romênia e Austrália (1996), Canadá, Moçambique e Rep.Dominicana (1997), África do Sul e Zâmbia (1998), Nicarágua, Cuba e Suazilândia (1999), Reino Unido e Botsuana (2000) e Polônia (2001).

A Parmalat Brasil S.A. Indústria de Alimentos (CNPJ 89.940.878/0001-10) é atualmente a empresa líder do Grupo Parmalat no Brasil. Esse grupo chegou ao País por volta de 1974 e instalou sua primeira unidade industrial em 1977. Em 2003 a subsidiária brasileira respondia por cerca de 15% das receitas mundiais do Grupo.

A Parmalat Brasil foi criada em 1997, como parte de uma ampla reformulação societária, operacional e administrativa, tendo absorvido a quase totalidade das atividades operacionais e investimentos correlatos das empresas Parmalat no País.

Entre estas empresas estava a Lacesa S.A. Indústria de Alimentos, sucessora da companhia Laticínios e Cereais S.A., fundada em 1946 e adquirida pelo grupo italiano em 1993. A partir de 1968 a Lacesa passou a industrialização de leite pasteurizado, sendo pioneira no País na comercialização de leite em sacos plásticos. Na década de 70, expandiu suas atividades, incorporando empresas locais, expandindo a área de coleta de leite. Em 1973, em associação com a LPC – Produtos Alimentícios S.A. (Grupo Gervais - Danone), constituiu a Dansul - Iogurtes e Sobremesas Lácteas Ltda., para a produção e distribuição da linha Danone, e na década de 80 lançou iogurtes e sobremesas lácteas cremosas sob a marca Yoplait, por meio de um contrato com a empresa Sodima Internacional S.A., ligada a Union des Cooperatives Agricoles.

Antes do período da crise, a Parmalat Brasil S.A. Indústria de Alimentos era controlada pela Parmalat Empreendimentos e Administração Ltda., que detinha 99,87% do total de ações. Essa empresa, por sua vez, era controlada pela Parmalat Participações do Brasil Ltda., que detém 81,82% do total de ações. O restante pertencia à Food Holding Limited (9,09%) e à Dairy Holding Limited (9,09%), ambas norte-americanas. O controle da Parmalat Participações estava dividido entre a

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Parmalat Spa (81,03%), e uma das suas subsidiárias financeiras, a Parmalat Food Holding Limited, do Reino Unido (18,97%). A Parmalat Spa detinha diretamente 96,61% do controle desta última empresa.

A Food Holding e a Dairy Holding são “veículos especiais” (espécie de fundos) da Parmalat Spa no paraíso fiscal das Ilhas Cayman. Elas foram constituídas em 1999 quando um grupo de investidores, representados pelo Bank of America, aplicou recursos na Parmalat Empreendimentos e Administração, controladora da subsidiária brasileira. Na época, eles receberam 18,8% das ações da empresa e mais a opção de revender mais tarde os papéis à Parmalat ou devolvê-lo em troca do dinheiro. No final de dezembro de 2003, a empresa não honrou a primeira parcela da dívida pela recompra destas ações e tentou renegociar o prazo do pagamento da outra parcela.

Isto chamou a atenção dos investidores internacionais. Em seguida, o Bank of America negou que uma subsidiária da Parmalat nas Ilhas Cayman, a Bonlat Financing Corporation, tivesse 3,95 bilhões de euros aplicados naquele paraíso fiscal por seu intermédio. Esses recursos tinham como objetivo o fechamento das contas da Bonlat em 2002. A Parmalat teve então que confessar o rombo, que se mostrou bem maior. A Bonlat é controlada 100% pela Parmalat Capital Finance Limited, sediada no paraíso fiscal da Ilha de Malta e que tem uma pequena participação (0,1%) da Parmalat Participações do Brasil no seu capital ordinário. A Parmalat Malta Holding Limited, que controla a Parmalat Capital Finance com 99,57% das ações ordinárias, está sob o comando (95%) da Parmalat Soparfi SA, outra empresa financeira do Grupo Parmalat.

O Balanço da Parmalat Finanziaria de setembro de 20031 revelava estreitas relações entre a Bonlat e a subsidiária brasileira, entre outras. Internamente ao Grupo Parmalat sempre foram realizadas operações de financiamento entre suas subsidiárias, especialmente nos países em que surgem problemas de liquidez. Em 30 de setembro de 2003, o valor destas operações alcançou US$ 819 milhões. As operações entre diferentes empresas do grupo estão representadas no Anexo 2.

O Balanço da Parmalat Alimentos do final de 2003 revelava uma receita anual de R$ 1,6 bilhão, o emprego direto de seis mil profissionais e a aquisição anual de 1,2 bilhão de litros de leite (cerca de 5% da produção nacional), fornecidos por doze mil produtores diretos e dezenas de cooperativas. A empresa possuía unidades industriais em seis estados: Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Goiás e Rondônia.

1 Disponível em http://www.borsaitalia.it/media/borsa/db/pdf/new/1519.pdf

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CRONOLOGIA

2003

Dezembro, 08 – A Parmalat Finanziaria deixa de cumprir o prazo para o pagamento de 150 milhões de euros (US$ 183 milhões), depois de não conseguir recuperar cerca de 500 milhões de euros (US$ 608,3 milhões) - montante igual a cerca de um quarto do valor de mercado da empresa – do fundo de investimentos Epicurum, registrado nas Ilhas Cayman. Em setembro, a Parmalat disse que tinha 4,2 bilhões de euros (US$ 5,1 bilhões) em caixa e equivalentes.

Direção do Grupo Parmalat solicita a suspensão das negociações de suas ações na Bolsa de Milão. Enrico Bondi, ex-diretor da Telecom Italia e da Montedison, assume a diretoria financeira da Parmalat. Quatro dias depois, é nomeado principal executivo da companhia, assumindo o lugar de Calisto Tanzi, o fundador do grupo.

Dezembro, ___ - Parmalat não exerce o direito de recompra da participação do Bank of America na Parmalat Brasil, no valor de US$ 400 milhões, e leva ao rebaixamento dos títulos da empresa para o pior nível.

Dezembro, ___ - Direção do Grupo Parmalat anuncia, na Itália, a descoberta de um rombo fiscal de 4 bilhões de euros (equivalente a R$ 14,18 bilhões), provocado por desvios ilegais de recursos ao longo de vários anos. Anúncio desencadeia grave crise, que atinge em cheio a filial brasileira.

Dezembro, 12 – Parmalat Brasil envia uma carta aos fornecedores informando que atrasará os pagamentos temporariamente em virtude dos problemas enfrentados pela matriz. A região mais afetada é o Rio de Janeiro, onde não foi feito o pagamento a 11 cooperativas que forneceram leite à unidade de Itaperuna.

Dezembro, 16 - A nova direção da Parmalat Finanziaria considera "indispensável" levantar 1,5 bilhão de euros (US$ 1,85 bilhão) em capital novo para saldar dívidas estimadas em 1,2 bilhão (US$ 1,48 bilhão). A Parmalat substitui os auditores da Grant Thornton e da Deloitte & Touche Price Waterhouse.

Dezembro, 19 – Bank of America nega a autenticidade de documento datado de 6 de março de 2003, que certificava a existência de recursos da ordem de aproximadamente 3,950 bilhões de euros, que estariam relacionados à Bonlat Financing Corporation, empresa sediada nas Ilhas Cayman e que faz parte do Grupo Parmalat.

Dezembro, 23 – Dois inquéritos e uma investigação parlamentar são instalados para descobrir se houve crime de associação criminosa e falsificação de balanço nas operações da Parmalat e qual o paradeiro do dinheiro. São investigados Calisto Tanzi e outros 20 ex-executivos do grupo.

Dezembro, 24 – Parmalat Finanziaria solicita concordata nos termos da recém-promulgada lei que regulamenta um regime especial de gestão na Itália, sem efeitos fora desse país. A medida foi tomada para evitar que uma cobrança judicial de credores durante um período de 120 dias inviabilizasse a continuidade das operações

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até que se tivesse um resultado completo da situação. Com isso, buscou-se isolar a situação financeira do grupo da operação de suas indústrias, o que, de outra forma, poderia agravar o quadro. Valor real do rombo do grupo é estimado em 8,9 bilhões de euros. Enrico Bondi é nomeado comissário especial de reestruturação.

Dezembro, 26 – Declarada, pelo Tribunal de Falências de Parma, a insolvência da Parmalat. A insolvência permite que a empresa continue em operação, pagando trabalhadores e fornecedores, até a elaboração de um plano de recuperação no prazo de seis meses. Calisto Tanzi é preso e interrogado por promotores italianos.

Dezembro, 30 – Parmalat Brasil atrasa pagamentos em Minas Gerais e Goiás, além do Rio de Janeiro, onde deixaram de ser pagos R$ 2,3 milhões com um grupo de 11 cooperativas de Itaperuna (RJ), que fornecem 300 mil litros de leite por dia para a fábrica da empresa na cidade. Os únicos fornecedores pagos em dia são os cerca de dez mil médios e grandes produtores de leite, responsáveis pela maior parte do leite captado pela empresa. Outros 100 fornecedores da Parmalat - entre empresas de distribuição e fabricantes de embalagem e polpa de fruta - estão com créditos a receber, em um valor total estimado em mais de R$ 30 milhões.

2004

Janeiro, 05 – O diretor de relações com os investidores da Parmalat Brasil, Paulo Carvalho Engler Pinto Júnior, renuncia.

Janeiro, 08 – Estimativa da dívida da Parmalat com bancos que operam no mercado brasileiro é elevada de R$ 400 milhões para R$ 1 bilhão.

Janeiro, 21 – Câmara dos Deputados instala em Brasília uma Comissão Especial para tratar da crise da Parmalat, com a presidência do deputado Waldemir Moka (PMDB/MS) e relatoria do deputado Assis Miguel do Couto (PT/PR).

Janeiro, 28 - Parmalat protocola na 29ª Vara Cível da Comarca da Capital de São Paulo pedido de concordata preventiva, buscando amparo legal para equilibrar a situação financeira que a empresa vivenciava. A medida é justificada em razão do corte das linhas de crédito por instituições financeiras aliado à dissolução do fundo de securitização o que acabou resultando em ações judiciais que imobilizaram a empresa.

Fevereiro, 03 – O governo brasileiro, por meio do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, solicita ao interventor da Parmalat na Itália, Enrico Bondi, maior agilidade na definição da situação da empresa no Brasil, com inclusão dessas unidades no Plano de recuperação do grupo. O pedido foi feito durante reunião realizada no consulado brasileiro em Milão, na Itália, da qual também participaram o secretário de Direito Econômico, Daniel Goldberg, parlamentares e sindicalistas. Ficou definida a criação de uma coordenação comum em os dois países para trocar informações e definir a situação da Parmalat no Brasil. Bondi, afirma que o grupo quer capitalizar a subsidiária brasileira, mas só fará isso se houver segurança jurídica de que o dinheiro não será retido por credores e possa ser destinado para capital de giro, permitindo que as operações voltem à normalidade.

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Dos seis mil funcionários da Parmalat Alimentos, 1.200 ficam sem receber os salários de janeiro nas fábricas de Carazinho (RS), Itaperuna (RJ), Santa Helena (GO) e Garanhuns (PE). A unidade de Itaperuna para de produzir por falta de matéria-prima.

Fevereiro, 04 – Administração Central da Unidade Industrial localizada em Itaperuna (RJ) sofre intervenção judicial do Estado do Rio de Janeiro.

Fevereiro, 06 – Juiz da 1a. Vara Cível da cidade de Castro (PR), concede liminar aos acionistas minoritários da Batávia S.A., controlada pela Parmalat Alimentos, na Ação de Exclusão de Acionista com Apuração de Haveres, cujo mérito ainda não foi julgado até a presente data.

Fevereiro, 09 – A Comissão em Defesa dos Produtores e Trabalhadores da Parmalat no RS, formada pela Central Única do Trabalhadores (CUT) e outras entidades pede ao governador Germano Rigotto medidas para evitar a desestruturação da cadeia produtiva do leite no RS.

Das oito fábricas instaladas no país, três permanecem paradas, sendo duas em Jundiaí (SP) e uma em Santa Helena (GO). A Polícia Federal pede à Justiça a quebra de sigilo bancário e fiscal de todos os dirigentes da Parmalat e suas subsidiárias no Brasil

Fevereiro, 11 - Juiz Titular da 42a. Vara Cível da Capital de São Paulo, Carlos Henrique Abrão, acata medida cautelar de um credor financeiro e nomeia três Administradores Judiciais Provisórios (o ex-diretor do Banco Central, Keyler Carvalho Rocha, que exercerá a função de presidente, Rubens Salles de Carvalho e Jorge Lobo), afastando os administradores nomeados pelo acionista majoritário italiano. É declarada a cessação de pagamentos por seis meses de qualquer classe ou categoria de credores.

Em Brasília, durante audiência pública da Comissão Especial, o governo federal anuncia que não pretende intervir na Parmalat Brasil e que apóia a abertura de uma CPI Mista do Congresso sobre a crise do grupo. São apontadas três preocupações principais: a garantia de que não haja interrupção das atividades dos produtores de leite, o abastecimento no mercado e a manutenção dos empregos.

Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) promove reunião sobre impactos da crise do leite e a construção de uma agenda conjunta para o fortalecimento da agricultura familiar.

Fevereiro, 12 – A fábrica da Parmalat em Carazinho, que empregava 418 funcionários, pára por falta de insumos. A empresa recebeu o leite, realizou o processo de pasteurização, mas interrompeu as atividades por insuficiência de óleo e embalagens.

Fevereiro, 13 – A empresa Elegê, do grupo Avipal, manifesta publicamente interesse em administrar filial da Parmalat do Rio Grande do Sul.

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O governador Germano Rigotto participa em Brasília de audiência com o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, e com o secretário de Coordenação Política e Assuntos Institucionais, Aldo Rebelo, uma solução para a crise.

O administrador judicial da Parmalat Brasil, Keyler Carvalho Rocha, reconhece que só com novos empréstimos à empresa os credores conseguirão recuperar sues créditos. O crédito pleiteado é de R$ 70 milhões a R$ 100 milhões.

Fevereiro, 17 – Entidades representativas da cadeia produtiva e dos poderes públicos federal e estadual formalizam no MDA no RS, o grupo de trabalho que vai operacionalizar a planta industrial da Parmalat em Carazinho, através de um consórcio de cooperativas gaúchas. A principal vantagem seria impedir uma concentração ainda maior do setor, o que é uma preocupação comum aos governos. Para as cooperativas, o maior benefício seria a possibilidade de diversificar produtos, incluindo o leite condensado, o creme de leite e o leite in natura tipo premium. Participaram o MDA, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, a Fetag, a Fecoagro, a Ocergs, a Fetraf-Sul, a CUT/RS e as cooperativas Coorlac, Cosuel, Cosulati, Piá e Santa Clara. O projeto será apresentado ao interventor indicado pela Justiça, Keyler de Carvalho Rocha2.

Fevereiro, 20 – Secretário de Agricultura do RS, Odacir Klein, discute com Keyler de Carvalho Rocha propostas de arrendamento ou venda da unidade de Carazinho pretendida por cooperativas gaúchas.

Fevereiro, 25 - A Associação dos Produtores de Leite de Carazinho, que havia suspendido entrega à Parmalat, assina contrato de fornecimento com a empresa Bom Gosto de Tapejara (RS). Fábrica da Parmalat em Carazinho, com capacidade de receber mais de um milhão de litros diários passa a processar cem mil litros por dia.

A Prefeitura de Giruá ganha provisoriamente o direito de posse do posto de recebimento da Parmalat da cidade.

Fevereiro, 26 – A formação de um consórcio de cooperativas gaúchas para o arrendamento da unidade industrial da Parmalat em Carazinho é discutida com o secretário do Gabinete de Reforma Agrária e Cooperativismo (Grac), Vulmar Leite. Em Chapada (RS), um grupo de agricultores forma comissão para negociar com a Parmalat valores referentes aos 28 dias de janeiro não pagos. Em Estrela (RS), os vereadores manifestaram preocupação com a unidade de recebimento e resfriamento de leite da Parmalat localizada em Santa Rita, no município.

Em fevereiro de 2004, a captação nacional de leite baixou para 300 mil litros por dia, quando o nível normal passava de 1,5 milhão de litros diários, chegando a até 2.3 milhões de litros/dia.

Março, 10 – Comissão Especial da Câmara dos Deputados para tratar da crise da Parmalat apresenta e aprova relatório final. O documento aborda três pontos principais: a crítica ao modelo de produção e industrialização do leite no país, o

2 A íntegra da proposta apresentada está no Anexo 3.

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destino do parque industrial da empresa e a investigação de crimes tributário e financeiro da Parmalat no Brasil por meio de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI)3.

Março, 11 – Entidades reunidas na Câmara Setorial do Leite do RS debatem extensão da crise da Parmalat e reivindicam agilidade na conclusão dos trabalhos do Judiciário sobre o destino das plantas das unidades da Parmalat Brasil, especialmente a de Carazinho.

Março, 12 – O secretário-geral da Fetag, Elton Weber, afirma que 571 produtores gaúchos não receberam o pagamento da entrega do leite referente ao mês de janeiro e que o prejuízo passa de 500 mil.

Março, 16 – Enrico Bondi anuncia versão inicial de Plano de Reestruturação global da Parmalat que objetiva transformar as suas empresas em “um grupo italiano com estratégia multinacional” com foco em cerca de 30 marcas contra as 120 atuais. A atividade ficará restrita a dez dos 30 países ao final do processo de reestruturação, previsto para terminar em dois anos. O número de funcionários passará de 32 mil para menos de 17 mil. O Plano atinge principalmente a América Latina, exclui o Brasil dos mercados-chave e indica concentração de atividades na Itália, Espanha, Canadá, Austrália, África do sul e Venezuela. O Plano inclui a troca de dívida por ações da companhia e a venda de ativos considerados não-estratégicos. A dívida declarada é de 14,8 bilhões de euros, dos quais 4,2 bilhões de euros são com bancos e os outros 9,4 bilhões de euros são bônus.

Março, 25 – O governador Germano Rigotto reúne-se com a direção da empresa Mu–Mu Alimentos para examinar duas propostas relacionadas ao espaço deixado no RS pela quebra da Parmalat.

Março, 31 – Acionistas majoritários da Parmalat, de comum acordo com o Juiz da 42a. Vara Cível, nomeiam novo Conselho de Administração da empresa, com membros indicados pela Justiça ou pelos acionistas. Nelson de Sampaio Bastos, um dos sócios da Integra, empresa especializada na reestruturação de companhias e indicado pelos advogados que representam a matriz italiana, é escolhido novo presidente do Conselho. A supervisão judicial por meio do comitê interventor é mantida por determinação do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Com o fim da intervenção, foi desarticulada momentaneamente a formação de um grupo de cooperativas interessadas em assumir a planta.

Maio, 06 - Posto de recebimento e resfriamento de leite de Giruá (RS), paralisado desde fevereiro, quando a Parmalat deixou de operar, é reaberto mediante parceria com a empresa Laticínios Bom Gosto. A prefeitura de Giruá havia cedido em comodato a posse e uso do posto aos produtores, que o alugaram à Bom Gosto. Serão resfriados diariamente 30 mil litros produzidos por 220 produtores de 13 municípios da região. Segundo o presidente da Associação Regional dos Produtores de Leite do Noroeste do Estado (Aproleite), Telmo Dias, a empresa ofereceu as melhores condições, mantendo tabelas de preços e rotas de recolhimento.

3 Disponível em http://www.camara.gov.br/sileg/integras/204376.htm

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Abril, 26 – Parmalat declara ter dobrado o recebimento de leite em Carazinho, atingindo 200 mil litros/dia. O pagamento ao produtor é quinzenal e aos poucos a empresa inicia o acerto dos atrasados. Levantamento da Fetag indica que a multinacional devia até março R$ 1,5 milhão a 1.089 agricultores gaúchos.

Maio, 14 – Parmalat Brasil recupera o seu faturamento e pretende retomar, até o final de 2004, a posição de mercado anterior ao início da crise da matriz italiana. A recuperação, conforme Nelson Bastos, se deve principalmente à retomada da produção de leite.

Maio, 18 – Justiça decide pela centralização dos processos na 29ª Vara Cível e pelo prosseguimento ao pedido preventivo de concordata e encerra o período de intervenção judicial. Conselho de Administração elege os Diretores da empresa.

Maio, 25 - Agricultores ligados à Associação dos Produtores de Leite de Carazinho recebem parte do dinheiro referente ao leite entregue a Parmalat em janeiro e voltam a entregar 15% da produção na unidade Parmalat local. Os cerca de R$ 130 mil que a empresa deve serão pagos em até cinco meses.

Junho, 05 – Unidade de Carazinho passa a captar 300 mil litros de leite de dia e a responder por 40% do leite processado pela multinacional no Brasil, que se encontra em 750 mil litros/dia. A meta anunciada é comprar do RS 60% do produto adquirido nacionalmente.

Após alcançar um redução de custos em 67%, a expectativa do Conselho de Administração da empresa é de ter caixa positivo a partir de setembro. Para elevar a produção de Carazinho, o conselho propôs adiantamento, por mês, de 20%, para em cinco meses saldar a dívida referente à entrega do mês janeiro. A dívida da Parmalat Brasil é estimada em R$ 500 milhões e o faturamento em R$ 39 milhões/mês. Em 2004, a companhia chegava a faturar cerca de R$ 130 milhões por mês.

Pela primeira vez desde o início da crise, e com o reinício das atividades da Santa Helena de Goiás (GO), todas as fábricas passam a operar simultaneamente.

Julho, 1o - Parmalat fornece documentação necessária à instrução do pedido de concordata suspensiva e respectiva análise do processo.

Fábrica no Rio Grande do Sul aumenta industrialização para 400 mil litros de leite/dia, captados junto a cerca de 1,6 mil produtores gaúchos, cerca de 400 a mais do que nos 30 dias anteriores. O diretor da Fetag, Elton Weber alerta que pelo menos 1,8 mil produtores que não retomaram o fornecimento esperam pelo pagamento da produção entregue. A dívida inicial da Parmalat com 2,5 mil famílias no Rio Grande do Sul é estimada em R$ 7 milhões.

Agosto, 04 – A unidade industrial de Carazinho inicia o mês recebendo a média diária de 600 mil litros de leite. A entrega é feita por produtores de RS, SC e PR, com aumento de 30 % ao mês na captação desde maio. Conforme a Parmalat, a unidade deverá processar 900 mil litros por dia até dezembro, ante os 800 mil l/dia de igual período em 2003.

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Agosto, 03 – Assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta firmado com o Governo do Estado do Rio de Janeiro, tratando da devolução da Unidade de Itaperuna, evidenciando a progressiva normalização das atividades da Parmalat Brasil.

Agosto, 10 – Juiz 29ª Vara Cível da Capital, Núncio Teófilo Neto, defere pedido de concordata preventiva afastando as iniciativas impostas pela 42ª Vara Cível da mesma Comarca. Com isso, a empresa ganhou um prazo legal de dois anos para saldar suas dívidas e nesse período, tentar equilibrar as finança. Foi estabelecido o pagamento de 40% dos créditos quirografários no primeiro ano, a partir da data da instrução do pedido com documentos comprobatórios, e 60% no segundo ano.

Empresa divulga proposta de plano de Reestruturação feita a 17 bancos credores que prevê a conversão da dívida, que supera R$ 1 bilhão, em ações e títulos, tornando a Parmalat Brasil uma empresa brasileira controlada pelos credores financeiros. A única relação dela com a Itália seria, então, o licenciamento das marcas Parmalat e Santal (sucos e chás) e intercâmbio de tecnologia industrial e de produto.

Agosto, 25 – Fetag divulga levantamento feito em 50 municípios do RS revelando que a Parmalat ainda deve R$ 1 milhão a pelo menos 700 produtores gaúchos de leite que não voltaram a entregar à empresa, direcionando o fornecimento para cooperativas e médias indústrias.

Novembro, 22 - Parmalat Brasil divulga balanço que registra prejuízo líquido de R$ 135,287 milhões nos primeiros seis meses de 2004, volume 230% maior em relação a igual período de 2003. A receita líquida caiu 64,4% no período, para R$ 244,198 milhões, e o lucro bruto apresentou redução de 85,7%, fechando em R$ 28,906 milhões.

Dezembro, 20 - Parmalat Brasil divulga balanço que reflete a recuperação gradual da empresa. A empresa apurou prejuízo líquido de R$ 48,1 milhões no terceiro trimestre. Foi o melhor resultado obtido pela empresa no Brasil desde o escândalo contábil deflagrado, há um ano, na matriz italiana. A empresa teve receita líquida de R$ 182,5 milhões e prejuízo operacional de R$ 45,1 milhões, incluídas as despesas financeiras. No terceiro trimestre de 2003, a Parmalat teve prejuízo de R$ 38,9 milhões e uma receita 46,3% maior, de R$ 339,9 milhões. Em relação ao primeiro trimestre, auge da crise, a receita cresceu 38%. Naquele período, a companhia perdeu R$ 78,6 milhões. No segundo trimestre, o prejuízo foi de R$ 56,6 milhões. De janeiro a setembro o prejuízo acumulado de R$ 183,4 milhões, mais que o dobro da perda registrada no mesmo período de 2003.

2005

Fevereiro, 9 – Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, sanciona a Lei Federal nº 11.101 (Lei Falências e Recuperação de Empresas – LFRE)

Abril, 29 – Gestão da Parmalat Brasil é assumida por Alberto Tepedino (diretor financeiro), Bernardino Costa (diretor comercial) e Othniel Lopes (diretor de operações). O ex-presidente Nelson Bastos permanece na presidência do Conselho de Administração da empresa.

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A Parmalat Brasil anuncia que a partir de maio inicia em suas unidades de São Paulo, Porto Alegre e Santa Catarina a produção conjunta para processamento de leite das empresas Leite Nilza, Coopercentral Aurora e Mu-Mu Alimentos. Líder de mercado em doce de leite e geléia de frutas no RS. Com as parcerias, a Parmalat pretende aumentar o volume de leite processado em suas fábricas nessas regiões e diminuir gastos fixos.

Pelo acordo, a Mu-Mu processará mensalmente, em sua unidade de Viamão (RS), um milhão de litros de leite pasteurizado (em saquinhos plásticos) para a Parmalat; enquanto a Parmalat processará o mesmo volume de leite UHT para a Mu-Mu em sua unidade de Carazinho.

Junho, 9 – Lei de Falências e Recuperação de Empresas entra em vigor, conferindo ao devedor concordatário que não houver descumprido obrigação no âmbito da concordata a prerrogativa de apresentar pedido de recuperação judicial.

Junho, 24 – Parmalat Alimentos e Parmalat Participações ingressam com pedidos de Recuperação Judicial na forma da LFRE perante a 1ª Vara de Falência e Recuperação Judicial de São Paulo.

Junho, 29 - Proferida decisão deferindo o processamento da Recuperação Judicial e extinguindo o regime de concordata preventiva. Com a mudança, a Parmalat conseguiu se livrar do pagamento da primeira parcela da dívida da concordata, estimada em R$ 1,8 bilhão, que venceria em poucos dias. Outro benefício da recuperação foi a blindagem da empresa contra pedidos de execução judicial por 180 dias. Decisão publicada no Diário Oficial dos dias 04 de julho (Parmalat Alimentos) e 13 de julho (Parmalat Participações). Aclibes Burgarelli, antigo comissário da concordata é nomeado administrador judicial.

Setembro, 01 – Apresentação e Protocolo em juízo do Plano de Recuperação Judicial da Parmalat Alimentos, elaborado na forma do artigo 53 e 54 da LFRE para análise dos credores. Através do Plano, a Parmalat Alimentos busca: (i) a sua preservação como fonte de geração de riquezas, tributos e a de mais de 3.200 empregos diretos e mais de 70.000 indiretos, incluindo os abrangidos pelos seus milhares de fornecedores de leite; e (ii) a preservação e efetiva melhora do seu valor econômico, bem como dos seus ativos.O Plano demonstra que a empresa é economicamente viável e discrimina os meios de recuperação a serem empregados.

Novembro, 10-11 – Publicação em jornais de grande circulação e no Diário Oficial do edital de convocação da Assembléia Geral de Credores (AGC) para aprovação do Plano de Recuperação Judicial.

Novembro, 17 – A Polícia Federal indicia seis ex-dirigentes da Parmalat no Brasil pelos crimes de evasão de dividas e lavagem de dinheiro. Entre os nomes que poderão responder a processo judicial está o ex-presidente da empresa, Gianni Grisendi.

Novembro, 28 – AGC é suspensa para estudo das propostas de emendas ao Plano.

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Dezembro, 22 – Assembléia Geral de Credores aprova o Plano de Recuperação Judicial, com alterações4. O Plano prevê, entre outras medidas, o início do pagamento dos créditos por ela devidos a todos os credores operacionais (produtores de leite, fornecedores de embalagens e outros) no prazo de 120 dias a contar da data de homologação do Plano. Desta forma, cerca de 90% dos referidos credores estarão pagos em aproximadamente 15 meses e 100% estarão pagos em aproximadamente 48 meses após a homologação do Plano. Estes prazos poderão ser abreviados na medida em que, no âmbito do Plano, se realizem as vendas de imóveis não operacionais elencados com esta finalidade. Além da capitalização, o plano aprovado prevê o reescalonamento da dívida em prazos de 4 a 7 anos para os credores financeiros garantidos, e em 12 anos para os credores financeiros quirografários.

2006

Janeiro, 26 - Parmalat Alimentos fecha um acordo de venda da marca Etti para a Assolan, empresa do grupo Monte Cristalina. O negócio envolve a compra da fábrica de atomatados da Parmalat, localizada em Araçatuba (SP), com cerca de 500 funcionários.

Fevereiro, 02 - O juiz Alexandre Alves Lazzarini, da 1ª Vara de Recuperação e Falências de Empresas do Tribunal de Justiça de São Paulo homologa o Plano de Recuperação da Parmalat Alimentos, seguindo a manifestação favorável do Ministério Público. O plano da Parmalat Alimentos foi o primeiro de uma grande empresa aprovado no Estado de São Paulo desde a regulamentação da nova Lei de Falências.

III. PRINCIPAIS ATIVIDADES REALIZADAS PELA CRE E RESULTADOS OBTIDOS

As atividades realizadas pela Comissão constaram da realização ou participação em reuniões e audiências públicas, além de contatos com as principais autoridades judiciais e administrativas, representantes dos governos, dos agricultores e dos empregados envolvidas. A seguir é feita uma breve descrição das atividades realizadas.

Março, 02 – Participação na audiência pública da Comissão Especial da Câmara Federal que trata do mesmo tema, com a presença do juiz Carlos Henrique Abrão, da 42ª Vara Cível de São Paulo, que decretou a intervenção da empresa; do interventor Keyler Rocha e de Daniel Goldberg, Secretário Nacional de Direito Econômico do Ministério da Justiça.

Março, 03 – Realização de reunião interna com deputados para aprovação de plano de trabalho.

Participação em reunião na Delegacia do MDA em Porto Alegre com entidades representativas da cadeia produtiva e os poderes públicos federal e estadual que formalizaram o grupo de trabalho para operacionalizar a planta industrial da Parmalat em Carazinho através de um consórcio de cooperativas gaúchas.

4 O Plano aprovado está no Anexo 4.

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Março, 15 – Realização de audiência púbica, em Carazinho, com participação de agricultores, empregados, prefeitos e vereadores da região, para debater alternativas para a crise. Representante da Comissão Especial da Câmara dos Deputados apresenta relatório aprovado Deputados e representantes dos agricultores e dos empregados fazem visita à planta industrial da Parmalat para verificar situação real das máquinas e equipamentos.

Março, 18 – Realização de reunião dos deputados da CRE com o presidente da Elegê Alimentos (Grupo Avipal), Frederico Dürr. A empresa é uma das interessadas em assumir a fábrica da Parmalat em Carazinho. Além dela, as cooperativas gaúchas e outras empresas já se apresentaram como pretendentes.

Março, 24 – Realização de reunião da CRE com o presidente da empresa Mu-Mu Alimentos, Henrique Tell Vontobel. A empresa é uma das interessadas em assumir a fábrica da Parmalat em Carazinho.

Abril, 14 – Realização de audiência com o Juiz Carlos Henrique Abrão, da 42ª Vara Cível de São Paulo, para informar das propostas em discussão no Rio Grande do Sul para viabilizar a retomada da produção e dos pagamentos no Estado.

Coordenador da CRE participa de audiência pública da Comissão de Agricultura e Pecuária da Assembléia Legislativa de São Paulo para discutir a crise da Parmalat e as suas perspectivas de solução. O encontro permitiu o levantamento de informações sobre a empresa, especialmente a respeito dos quadros societários e dívidas contraídas. Discutiu-se a proposta de criação de uma CPI, em nível federal, para investigar as fraudes da Parmalat, e a possibilidade de transferência dos ativos da empresa para cooperativas.

Além de deputados estaduais, estiveram o presentes Nelson de Sampaio Bastos, presidente do Conselho de Administração da Parmalat; o secretário de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania, Alexandre de Moraes; o presidente da Junta Comercial do Estado, Marcelo Manhães de Almeida; o presidente da Câmara Setorial de Leite e Derivados de São Paulo, Antonio José Xavier e produtores.

Junho, 7 – Realização de audiência pública, em Porto Alegre, com participação do presidente do Conselho de Administração da Parmalat Brasil e presidente interino da empresa Nelson Sampaio Bastos. Durante a reunião, representante da Fetag afirma que o setor produtivo vai esperar até a decisão da Justiça para definir a retomada da entrega do leite à Parmalat de Carazinho. A contra-proposta da Fetag é de adiantamento em cinco meses, de 20% do valor devido aos produtores.

Junho, 23 – Realização de audiência com o juiz da 29ª Vara do Tribunal de Justiça de São Paulo, Núncio Teófilo Neto, encarregado de analisar o pedido de concordata da Parmalat Brasil, para solicitado a priorizar o pagamento da dívida da empresa com os pequenos produtores gaúchos. O comissário Aclibes Burgarelli, presente à reunião, afirma que está disposto a estudar uma forma diferenciada de tratamento dos produtores em relação aos demais credores.

Durante o período de elaboração e análise do Plano de Recuperação Judicial, apresentado em setembro de 2005, as atividades da CRE voltaram-se para o

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acompanhamento das propostas, informando as entidades interessadas. O principal objetivo foi obter prioridade no pagamento dos agricultores que não aderiram às iniciativas da empresa e deixaram de fornecer à empresa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A crise desencadeada pelas fraudes da matriz da Parmalat e de suas subsidiárias trouxe fortes impactos sobre as suas filiais. Desde a sua fundação no Brasil a Parmalat jamais apresentou qualquer resultado econômico ou financeiro positivo, tendo sido mantida em operação no País às custas de enormes subsídios e transferências anualmente concedidos pela matriz italiana.

Porém, ao contrário do que se previa para o curto prazo, a empresa manteve a sua presença destacada no mercado brasileiro. Em pouco mais de um ano Parmalat Brasil retomou o funcionamento das suas plantas industriais, inclusive voltando a liderar o mercado em determinadas regiões do país.

As tabelas 1 e 2 abaixo mostra a evolução da recepção de leite, número de produtores e produção média diária das principais empresas que atuam no setor lácteo nacional em três anos diferentes. A partir dela é possível dimensionar as significativas perdas do grupo italiano.

Tabela 1. Evolução da recepção de leite, número de produtores e produção média diária das principais empresas no Brasil ( 1996, 2000, 2004)

Recepção Anual Leite

(milhões litros)

Número de Produtores

(mil)

Produção Média Diária

(litros/dia/produtor)

1996 2000 2004* 1996 2000 2004 1996 2000 2004*

Nestlé/DPA 1.432 1.393 1.509 39,2 14,1 6,1 100 270 678

Parmalat 795 919 393 35,8 15,6 4,6 61 162 234

Itambé 710 773 829 19,9 8,4 6 98 252 379

Paulista/CCL 668 513 338 25,4 8,9 4,6 72 157 201

CCGL/Elegê 560 760 717 44 32,2 21,4 35 65 92

Grupo Vigor 302 230 196 8,4 3,7 1,5 99 170 358

Batavia/ Agromilk 268 273 208 11,8 7,5 3,9 62 100 146

Fleischmann Royal 176 140 n.d 6 2,3 n.d 80 164 n.d

Danone 173 130 200 2,1 1,4 1 225 251 548

Morrinhos 87 146 252 4,3 7,3 2,2 55 55 314

* inclui recepção de terceiros

Fonte: Leite Brasil, CNA, OCB/CBCL, Embrapa, Pensa/USP

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Tabela 2. Variação da recepção de leite, número de produtores e produção média diária das principais empresas no Brasil ( 1996,2000,2004) (em %)

Produção *

(%)

Produtores

(mil)

Produção Média Diária*

(litros/ produtor)

Nestlé 5 -33,1 578

Parmalat -51 -31,2 173

Itambé 17 -13,9 281

Paulista/CCL -49 -20,8 129

CCGL/Elegê 28 -22,6 57

Grupo Vigor -35 -6,9 259

Batavia/ Agromilk -22 -7,9 84

Danone 16 -1,1 323

Morrinhos 189 -2,1 259

* inclui recepção de terceirosFonte: Leite Brasil, CNA, OCB/CBCL, Embrapa, Pensa/USP

A tabela abaixo mostra a mudança no perfil das vendas da Parmalat no Brasil em 2004. Ele acentuou o crescimento da participação do grupo de produtos lácteos com maior valor agregado em detrimento do leite UHT, principal produto comercializado.

Tabela 3. Participação dos grupos de produtos no total da Receita Líquida da Parmalat Brasil (em %)

1999 2000 2001 2002 2003 2004

Leite UHT 33,29 37,00 37,30 38,45 32,78 30,97

Creme de leite UHT/ fresco, leite aromatizado, condensado, pó 8,86 11,00 14,30 20,94 25,11 28,71

Chá, atomatados, molhos, conservas, condimentos, doces 9,03 11,00 13,60 11,96 15,83 19,39

Biscoitos, merendas 5,73 5,00 8,50 5,43 5,30 6,71

Divisão Food Service - - - 2,28 2,14 5,92

Leite pasteurizado 9,53 7,00 7,40 6,33 7,89 4,47

Sucos frescos/ concentrado/ UHT 2,61 4,00 4,00 3,62 2,88 2,15

Outros (chocolates, base sorvetes, frutas/polpas, revendas) 18,51 11,00 2,70 6,25 4,57 1,44

Iogurtes, bebidas lácteas 8,91 11,00 12,20 4,74 3,50 0,24

Manteiga, requeijão,doce de leite, queijos 3,53 3,00 - - - -

Fonte: Parmalat Brasil (Informações Anuais CVM)

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A tabela 4 a seguir mostra a captação e resfriamento de leite sob inspeção federal no RS no período de 2002 a 2004, segundo a empresa recebedora. A partir dela é possível identificar as empresas e cooperativas gaúchas que absorveram a maioria dos antigos produtores da Parmalat.

Tabela 4. Captação e resfriamento de leite sob inspeção federal no RS (em litros)

Razão Social 2002 2003 2004 2002 2003 2004

Elege Alimentos S/A 415.441.193 386.769.168 382.501.186 27,7 26,7 24,1

Laticínios Bom Gosto Ltda 36.030.009 42.110.258 111.782.413 2,4 2,9 7,0

Parmalat Brasil S/A Ind. Alim. 205.934.096 170.655.932 85.810.177 13,7 11,8 5,4

Coop. Santa Clara Ltda 72.515.985 82.047.242 83.527.032 9,7 11,2 10,3

Laticinios Nutrilat ltda 2.224.864 28.288.696 81.652.274 0,1 1,9 5,1

Coop. Suinocultores de Encantado Ltda 48.496.714 50.500.738 67.357.404 6,5 6,9 8,3

Coop. Tritícola de Erechim Ltda 37.960.995 43.527.377 55.345.257 5,1 5,9 6,8

Coop. Sulriograndense de Laticinios Ltda 56.834.452 53.028.021 54.510.624 7,6 7,2 6,7

Coop. Agropecuária Petrópolis Ltda 42.611.492 41.689.248 46.153.281 5,7 5,7 5,7

Milkaut Laticínios Ltda 22.906.062 22.375.621 30.328.753 1,5 1,5 1,9

Laticínios Tirol Ltda. 12.003.916 17.135.478 21.150.409 0,8 1,2 1,3

outros 549.259.933 513.077.969 567.705.579 36,6 35,4 35,8

TOTAL 1.502.219.711 1.451.205.748 1.587.824.389 100,0 100,0 100,0

Fonte: Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Os relatórios oficiais da Parmalat mostram que a partir de um ano e meio do escândalo financeiro que abalou a matriz italiana, a subsidiária brasileira tornou-se mais eficiente e rentável, mesmo sem a recuperação integral da captação de leite e da participação no mercado varejista. O foco estratégico de empresa mudou sensivelmente: antes voltada exclusivamente para a liderança de mercado, passou a buscar lucro. A orientação seguida foi a de melhorar o fluxo de caixa e buscar o crescimento com capital de giro próprio. Houve um rigoroso processo de redução de custos variáveis e fixos, profundas alterações nos processos de gestão, vendas, informática, industrial e suprimentos. O primeiro resultado positivo foi visualizado em agosto 2004, quando o caixa encerrou com saldo positivo de R$ 200mil.

A empresa foi recuperada como um todo, sem promover a venda ou a disponibilidade isolada de unidades. Esta orientação foi favorecida pela concessão de concordata preventiva e pela aprovação da Lei de Recuperação e Falências, que consolidou a renegociação das dívidas financeiras com 17 bancos.

A estratégia adotada incluiu a antecipação do pagamento da dívida com os produtores de leite. Para cada cinco litros de leite entregue foi pago o valor de um litro

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a mais para repor as perdas de janeiro de 2004. Aproximadamente 85% dos produtores aceitaram a proposta da empresa e conseguiram regularizar sua situação, restando atualmente algo em torno de R$ 5 milhões do total de R$ 20 milhões. A produção de leite foi normalizada em torno de uma captação mensal que oscilava em 80 milhões de litros de leite. Além disto, houve o reposicionamento de marcas no varejo, como a Alimba e Glória, que ganhou versão UHT; manutenção de presença na mídia e a realização de campanhas em pontos-de-venda.

A análise dos resultados econômicos da recuperação da Parmalat deve considerar que, segundo a própria empresa, o número de funcionários caiu de 4,5 mil para 2,2 mil (queda de 51%) e o de fornecedores foi reduzido de 12 mil para 6,5 mil (queda de aproximadamente 46%). Foram eliminados seis cargos de diretoria e extintos 23 postos de gerentes executivos. A estrutura física foi transferida de um prédio de 17 andares para outro com apenas dois.

No Plano de Recuperação aprovado, a Parmalat reconhece uma dívida de R$ 2,2 bilhões com as instituições financeiras. Desse total, R$ 1,5 bilhão é a dívida da Parmalat Participações e R$ 700 milhões é da empresa operacional (Parmalat Alimentos). Com os fornecedores, a dívida chegaria a R$ 150 milhões. Alguns credores dizem que o montante está subestimado. O Plano acatou a proposta de acelerar o início do pagamento dos créditos por ela devidos a todos os credores operacionais, entre eles os produtores de leite.

Segundo Nelson Bastos, que comandou recuperação da empresa, a idéia que permanece é a de transformação da Parmalat Alimentos em uma empresa brasileira, sem vínculos societários com a empresa italiana. Trata-se de um processo não concluído e que deve continuar sendo acompanhado pela Assembléia Legislativa.

Esta perspectiva mantida pela empresa esteve continuamente em pauta pela CRE, que cumpriu plenamente o objetivo da Comissão de auxiliar a busca de soluções para os problemas desta crise, especialmente para manutenção dos empregados e da renda dos trabalhadores urbanos e dos agricultores familiares.

Sala das Sessões, 15 de março de 2006.

Deputado ELVINO BOHN GASSCoordenador

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Anexo 1

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ANEXO 2

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PROPOSTA DE REESTRUTURAÇÃO DO SETOR LEITEIRO DO RIO GRANDE DO SUL E REGIÃO SUL DO BRASIL*

(versão preliminar, 16.02.04, d)

Documento de referência construído em consenso entre MDA e cooperativas Coorlac, Cosuel, Cosulati, Piá e Santa Clara com o objetivo de subsidiar a elaboração de uma proposta de revitalização do setor leiteiro na região Sul, com ênfase na definição de um novo formato jurídico, econômico-financeiro e

administrativo para a gestão da planta industrial da Parmalat localizada em Carazinho (RS).Este documento está sendo discutido pelo segmento cooperativo do Paraná e Santa Catarina e será

apresentado para discussão ampla com representações de agricultores familiares, movimentos sociais rurais, cooperativas e trabalhadores da indústria.

Porto Alegre, 16 de fevereiro de 2003.

OBJETIVOS

• Promover a competitividade sistêmica do setor leiteiro do Rio Grande do Sul com o objetivo de alcançar o crescimento sustentável e a distribuição de renda entre os seus agentes

• Fortalecer as cooperativas de produção através de alianças estratégicas para a produção, processamento e comercialização de produtos lácteos

• Reverter a tendência de exclusão dos agricultores familiares da atividade, viabilizando a sua capitalização, especialmente através da melhor remuneração e de programas de fomento

• Ampliar a geração de empregos industriais e de prestação de serviços nas diferentes atividades relacionadas à produção, processamento e comercialização de produtos lácteos

• Apoiar a ampliação do consumo interno de produtos lácteos através de programas e campanhas institucionais, especialmente aqueles vinculados aos programas de segurança alimentar e combate à fome

• Apoiar a desconcentração do poder de mercado industrial e varejista, coibindo infrações à ordem econômica

• Otimizar as estruturas industriais existentes e potencializar os instrumentos de logística das cooperativas

• Ampliar a capacidade de estocagem de produtos lácteos, reduzindo os efeitos negativos da sazonalidade da produção de leite

• Promover a maior agregação de valor ao leite fluido produzido no Estado, ampliando a oferta de produtos lácteos aos consumidores industriais e finais

• Promover a constante capacitação tecnológica na produção agrícola e agroindustrial, ampliando a oferta de novos produtos, como por exemplo, o leite “média vida”

• Promover o acesso a novos mercados, inclusive o institucional, o interestadual e os estrangeiros

• Reduzir a produção e a comercialização do leite fluido não inspecionado• Combater as principais doenças que podem incidir sobre o rebanho leiteiro, como a

febre aftosa, a brucelose e a tuberculose

ALIANÇA ESTRATÉGICA

Estabelecimento de mecanismos de interação entre cooperativas da Região Sul, visando a otimização do uso da matéria-prima, estruturas de processamento, embalagens e integração dos conhecimentos para comercialização e prospecção de novos mercados.

* Baseado no documento “Revitalização do Setor Leiteiro do Rio Grande do Sul” do Departamento de Desenvolvimento de Sistemas Agroindustriais da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Rio Grande do Sul (DDSAG/SAA), de setembro de 2002.

Ministério do Desenvolvimento Agrário

GOVERNO FEDERAL

ANEXO 3

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Estes mecanismos promoverão a especialização e a complementariedade dos produtos e subregiões abrangidas.

EMPREENDIMENTO

Criação de uma empresa controlada de processamento, logística e comercialização de produtos lácteos, operada mediante arrendamento (com ou sem opção de compra) ou comodato da unidade da Parmalat em Carazinho a cooperativas da região Sul, visando a manutenção e a otimização das atividades de produção, processamento e comercialização. Esta empresa terá a característica principal de prestação de serviços às cooperativas associadas.

Instalação de máquinas e equipamentos para processamento de leite visando a secagem para produção de leite concentrado e em pó, com elevada capacidade de beneficiamento de leite fluido por dia. O dimensionamento da capacidade física, recursos, metas e prazos será detalhado em um projeto econômico-financeiro próprio1.

PRODUTOS

Os produtos do empreendimento incluem os já existentes na unidade de Carazinho2 e outros decorrentes dos investimentos para sua diversificação produtiva, especialmente para secagem do leite:• Leite Longa Vida (integral, desnatado e especiais (minerais e vitaminas), nas

embalagens brik e garrafa)• Leite Condensado (nas embalagens lata, brik e a granel)3

• Creme de Leite (resfriado e longa vida, nas embalagens brik e lata)• Manteiga (nos formatos tablete e bloco)• Leite Pasteurizado (sachet)• Leite em Pó (integral e desnatado, nas embalagens de papel e polietileno, lata e

sachet)

GESTÃO E ESTRUTURA DE ADMINISTRAÇÃO

A gestão e a estrutura de administração do empreendimento serão definidas pelas cooperativas controladoras, garantida na estrutura de administração uma instância superior de caráter deliberativo com participação direta das associadas.

OPERAÇÃO

1 Em setembro de 2002, o investimento para instalação de uma planta completa de processamento de leite em pó integral com capacidade de beneficiamento de 500 mil litros de leite fluido por dia foi estimado pelo DDSAG/SAA em R$ 35,7 milhões, incluídas as obras civis (prédios industrial e administrativo, vestiários, refeitório, caixa d'água, instalações elétricas e hidráulicas, arruamentos e iluminação externa). Este volume de leite representava aproximadamente 10% da produção estadual com fiscalização federal (SIF).

2 Segundo informações prestadas pela Parmalat Brasil à CPI do Leite/RS em maio de 2002, a capacidade produtiva nominal da unidade de Carazinho é de 1,5 milhão de litros de leite por dia. Em dezembro de 2001, as quantidades produzidas foram: leite UHT integral (16,873milhões l), leite UHT desnatado e semi-desnatado (4,587 milhões l), leites especiais (382 mil l), leite condensado (2.837 t), matérias-primas (leite condensado a granel, leite reidratado, 3.318 t), creme UHT (657 t), manteiga (16 t). A produção de leite pasteurizado foi interrompida em agosto de 2001.

3 O leite condensado possui elevado potencial exportador. Em agosto de 2003, o mercado nacional estava dividido entre as marcas Nestlé (44% do total de vendas), a Glória e Parmalat (17%, juntas), a Itambé (15%), a Mococa-Kremon (11%), Elegê (4%) e outras (7%). Atualmente, a Itambé e a Nestlé são as maiores exportadoras do leite condensado no Brasil

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Remessa da matéria-prima

O leite fluido remetido das cooperativas para a controlada de processamento será efetuado como uma venda normal. O preço de venda será vinculado a um valor mínimo estipulado periodicamente pelas controladoras. Ao final de cada período, será distribuído um bônus correspondente ao lucro obtido, na mesma proporção da sua participação sobre o total entregue.

Coleta e postos de resfriamento

O empreendimento poderá eventualmente receber leite de cooperativas não associadas, nas mesmas condições que as estabelecidas para as associadas.

Venda produto final

O produto final será comercializado pelas cooperativas controladoras, de acordo com a quantidade entregue. Serão emitidas notas fiscais de cada uma delas emitidas através de terminais próprios, ficando o recebimento do título à disposição da própria cooperativa para abatimento do pagamento do leite fornecido.

No caso de exportação, o produto será vendido para uma filiada com geração de ICMS de outros produtos para permitir a utilização do crédito recebido da controlada.

Serviços

A controlada industrial será uma prestadora de serviços às cooperativas associadas e operará mediante orçamento de custeio e investimento previamente definidos. O valores serão estabelecidos de acordo com o montante de matéria-prima entregue.

Logística

Serão disponibilizados espaços na Ceasa, na Cesa e na Conab para comercialização e estocagem de produtos finais elaborados.

A unidade da Parmalat de Porto Alegre será adaptada para distribuição de produtos e insumos industriais e constituir-se-á em central logística para as operações da controlada e das associadas.

Será garantido o acesso aos atuais Centros de Distribuição da Parmalat em outros Estados

Marcas

Serão mantidas as marcas existentes de cada uma das associadas.

Será permitida a utilização das marcas e patentes da Parmalat Brasil (Parmalat, Natura Premium, Lacesa, Batavo, Dietalat, Mimo, Toda Vida e outras).

Emprego

Serão mantidos os Acordos Coletivos de Trabalho existentes em cada uma das cooperativas associadas.Serão promovidas atividades de capacitação e aperfeiçoamento profissional adequados ao novo empreendimento.

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Será estimulada a formação de cooperativas de trabalho ou de prestação de serviços pelos atuais empregados ou contratados da Parmalat, de forma a melhor adequar a nova situação jurídica da empresa à preservação dos postos de trabalho e à manutenção dos benefícios econômicos e sociais alcançados. A geração de novos empregos será condicionada à gradativa redução da ociosidade da planta de Carazinho.

Marketing

Serão mantidas as atividades de marketing existentes em cada uma das cooperativas associadas.

Serão promovidas atividades de marketing adequados ao novo empreendimento.

Contratos de fornecimento

Serão mantidos os contratos de fornecimento existentes em cada uma das cooperativas associadas

Serão definidas e negociadas cláusulas comuns para determinação de valores extra-preço (fidelidade, crescimento, promoção e outros) junto ao comércio varejista.

Serão definidas e negociadas cláusulas comuns para obtenção de descontos e outras vantagens junto a fornecedores de embalagens e insumos.

FOMENTO À PRODUÇÃO

O fomento à produção será dirigido para a recuperação da quantidade de leite recebida, especialmente dos antigos fornecedores da Parmalat na região Sul. A ociosidade atual da planta, especialmente ampliada em razão da migração dos fornecedores de matéria-prima para outras plantas industriais, deverá ser gradualmente reduzida até a conclusão dos investimentos visando a diversificação da planta industrial, estimada para ser concluída no prazo de um ano.

Os serviços de assistência técnica aos produtores serão realizados por cada cooperativa associada ou em conjunto, com apoio dos órgãos públicos envolvidos, e visará também ampliar a bacia leiteira nos três estados do Sul.

Serão desenvolvidos programas específicos para o melhoramento sanitário dos rebanhos envolvidos, especialmente para combate à febre aftosa, brucelose e tuberculose, como parte das ações para erradicação destas doenças.

Serão definidos critérios comuns para concessão de bonificações aos preços mínimos aos produtores, bem como para fixação do preço extra-cota, quando forem praticados.

FOMENTO AO CONSUMO

A elevação do consumo doméstico será obtida através de campanhas públicas educativas que visam resgatar a importância do leite como fonte nutricional essencial, e também da disponibilidade de estoques de leite para as políticas públicas de segurança alimentar.

FOMENTO À EXPORTAÇÃO

Será dada continuidade aos processos para habilitação das controladoras para exportação.

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Serão desenvolvidas ações especiais visando a promoção comercial dos produtos, especialmente para os mercados estrangeiros.

A promoção comercial será apoiada pela disponibilidade de crédito para exportação e pela dos programas existentes no âmbito da Apex, MDIC e MRE, inclusive voltadas para o Comércio Justo.

INVESTIMENTOS E CAPITAL DE GIRO ASSOCIADOS

Serão mantidos os projetos de investimentos para mercados específicos e não concorrentes entre as associadas. Isto permitirá uma especialização das cooperativas e a complementariedade das suas produções.

Os sistemas financeiros públicos estadual e federal coordenarão ações para otimizar a utilização das linhas de crédito oficiais (Pronaf, Moderfrota, Proleite, Prosolo, Propasto, Finame, Prodecoop e outros)

Utilização dos recursos dos Fundos públicos (Feaper, Fundecoop, Fesa, RS Rural e outros)

ACORDO SETORIAL

Os critérios e as regras para o acesso dos diversos agentes aos programas e às políticas públicas serão consolidados forma de um Acordo Setorial a ser instituído entre o Governo Federal, Governo do Estado e entidades representativas dos empregadores, empregados, cooperativas e agricultores familiares.

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Anexo 4

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