aspectos da entrega de obras de edificaÇÕes

78
ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES MULTIRESIDENCIAIS QUE INFLUENCIAM NO AUMENTO DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA Gabriel Leite Inácio Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Civil. Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro Agosto de 2015

Upload: buihuong

Post on 08-Jan-2017

218 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

MULTIRESIDENCIAIS QUE INFLUENCIAM NO AUMENTO DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Gabriel Leite Inácio

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Agosto de 2015

Page 2: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

ii    

ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES MULTIRESIDENCIAIS QUE

INFLUENCIAM NO AUMENTO DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA

Gabriel Leite Inácio

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU

DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

__________________________________________  

Prof. Jorge dos Santos, D.Sc (Orientador)

__________________________________________  

Profª. Ana Catarina Jorge Evangelista, D.Sc

__________________________________________  

Profª. Isabeth Mello, M.Sc

__________________________________________  

Prof. Wilson Wanderley da Silva

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

AGOSTO DE 2015

Page 3: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

iii    

Agradecimentos Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, sem Ele nada disso seria possível e eu jamais

teria conquistado tudo o que consegui na minha vida.

À minha família que sempre me deu total apoio e suporte para que eu pudesse um dia

finalmente falar que eu sou um engenheiro. Mãe, pai e Vitor, esse título é nosso, eu não seria

nada sem vocês e eu sou muito grato por ter uma família perfeitamente imperfeita sempre ao

meu lado, nos meus momentos de glória e de derrota.

Se alguém que tem o apoio de uma família já pode ser considerado muito feliz e completo, eu

não tenho palavras para descrever o que eu sinto tendo mais duas famílias.

Família descolads, já são nove anos juntos e ainda teremos toda uma vida para seguir rindo,

brigando, fazendo as pazes, rindo de novo e o mais importante, contando sempre com a

companhia nos momentos difíceis. Obrigado Babi, Ivanzinho, Laila, Luísa, Ramonzinho,

Valverde, Vinição e os novos membros, Zé e Balu. Quero churrasco de carne de rã!!!

Família Excluídos, muita gente viaja e traz lembranças, eu viajei pra Paris e trouxe na bagagem

os melhores amigos e as melhores experiências que alguém pode ter. Carlita, Ciça, Dani, Julia,

Larica, Paulinha e Paulo obrigado por estarem presentes em um dos melhores anos da minha

vida, Paris não é mais a mesma depois que passou o furacão brésiliens EIVP.

Também gostaria de agradecer a todos os amigos da UFRJ, que me acompanharam durante

esses longos anos de estudo e sacrifício, mas que no final todos foram compensados com o

diploma. Sobretudo o amigo e companheiro de longa data, e agora chefe, Eduardo Dukão.

Consegui!!! É ISSO!!!

E novamente um obrigado ao apoio de Luísa e Dukão por não medirem esforços em me ajudar

na execução desse trabalho e também estar presente, juntamente com Valverde, sempre

quando foi necessário.

Page 4: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

iv    

A uma menina que saiu da roça, invadiu a cidade grande e roubou meu coração. Obrigado

Gabriela, por dar calma e serenidade nos momentos mais complicados e de grande estresse,

seu apoio é muito importante para mim. Tudo que eu faço é por você, todas as minhas

conquistas também são suas, e espero que continue sendo assim para sempre. iHasta luego!

Ao meu orientador desse trabalho, Professor Jorge dos Santos, muito obrigado por aceitar esse

desafio e pela sua atenção e educação desde os primeiros momentos.

Por fim, agradeço a você que está lendo e utilizando esse trabalho como material didático,

espero que seja de bom uso.

   

Page 5: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

v    

     

Inácio,  Gabriel  Leite     Aspectos  da  entrega  de  obras  de  edificações  multiresidenciais  

que  influenciam  no  aumento  da  assistência  técnica  /  Gabriel  Leite  Inácio  -­‐  Rio  de  Janeiro:  UFRJ/  Escola  Politécnica,  2015.  

  XII,  66  f.  :  il.;  29,7  cm  Orientador:  Jorge  dos  Santos    

  Projeto   de   Graduação   -­‐   UFRJ/   Escola   Politécnica/   Curso   de  Engenharia  Civil,  2015.  

  Referências  Bibliográficas:  p.  63-­‐66     1.   Gestão   da   qualidade.   2.Assistência   técnica.   3.   Vistoria.   I.  

Santos,   Jorge   dos.   II.   Universidade   Federal   do   Rio   de   Janeiro,  Escola  Politécnica,  Curso  de  Engenharia  Civil.  III.  Engº  Civil  

 

Page 6: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

vi    

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Aspectos da entrega de obras de edificações multiresidenciais que influenciam no aumento da assistência técnica

Gabriel Leite Inácio

Agosto/2015

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

A indústria da construção civil teve um grande crescimento nos últimos anos, para que a

demanda exigida fosse cumprida. Juntamente com esse crescimento imobiliário, surgiram

problemas durante a etapa de entrega que geraram grande impacto negativo no investimento

feito. Para evitar o constrangimento com clientes e a necessidade do retrabalho, é ideal que

haja uma correta gestão da qualidade durante todas as etapas da obra, para evitar surpresas

indevidas. Atualmente há programas do governo e normas técnicas que promovem o emprego

desse tipo de gestão. O envolvimento do cliente e a satisfação do mesmo na entrega são

fatores que têm sido de grande preocupação das construtoras.

Esse trabalho tem como objetivo analisar as técnicas utilizadas pelas construtoras e o como

eles atuam de modo que diminua a necessidade da assistência técnica. Também é feito um

estudo de caso que visa mostrar o emprego das práticas utilizadas na entrega das unidades

aos clientes e o impacto gerado necessidade de ser feita uma nova vistoria.

Palavras-chave: Gestão da qualidade, vistoria, assistência técnica e edificações.

Page 7: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

vii    

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer.

Aspects of delivery of works of residential buildings that influence the increase of technical assistance

Gabriel Leite Inácio

August/2015

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

The construction industry has greatly increased in recent years, so that the required demand is

supplied. Along with this growth, problems emerged during the delivery stage that generated a

huge negative impact on the investment made. To avoid the embarrassment with customers and

the need for rework, it is ideal that be made a proper quality management at all stages of the

work, to avoid undue surprises. Currently there are government programs and technical

standards that promote the use of this type of management. The customer engagement and his

satisfaction during the delivery are factors that have been of great concern for builders.

This work aims to analyze the techniques used by the construction companies and how they act

in a way that reduces the need for technical assistance. It's also done a case study that aims to

show the use of the practices used in the delivery of units to customers and the impact

generated by the need to be made a new inspection.

Key-words: Quality management, inspection, technical assistance, buildings.

Page 8: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

viii    

Sumário

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1 1.1 Importância do tema ...................................................................................................... 1 1.2 Objetivos ........................................................................................................................ 2 1.3 Justificativa da escolha do tema .................................................................................... 2 1.4 Metodologia ................................................................................................................... 3 1.5 Estrutura do trabalho ..................................................................................................... 3

2 OBRAS MULTIRESIDENCIAIS - CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................... 5 2.1 Conceituação ................................................................................................................. 5 2.2 Aspectos Gerais de Construções Multiresidenciais ....................................................... 6 2.3 Ciclo de Vida .................................................................................................................. 7

2.3.1 Estudo de Viabilidade ................................................................................................ 7 2.3.2 Projetos e Aspectos Legais ....................................................................................... 7 2.3.3 Execução da Obra de Construção ............................................................................. 9 2.3.4 Entrega do Empreendimento ................................................................................... 10 2.3.5 Assistência Técnica ................................................................................................. 10 2.3.6 Recuperação ou Demolição ..................................................................................... 11

2.4 Duração das Obras de Construção de Edificações ..................................................... 12 2.5 Peculiaridades ............................................................................................................. 13

2.5.1 Estudo de Viabilidade .............................................................................................. 13 2.5.2 Projetos e Aspectos Legais ..................................................................................... 13 2.5.3 Execução da Obra de Construção ........................................................................... 14 2.5.4 Entrega do Empreendimento ................................................................................... 14 2.5.5 Assistência Técnica ................................................................................................. 14

2.6 Participação do Cliente ao Longo da Implantação do Empreendimento ..................... 14 2.6.1 Fase de Construção ................................................................................................. 15 2.6.2 Fase de Entrega de Obra ........................................................................................ 15 2.6.3 Fase Pós Entrega .................................................................................................... 16

3 ASPECTOS LEGAIS E NORMALIZAÇÃO TÉCNICA ......................................................... 17 3.1 Código Civil .................................................................................................................. 17

3.1.1 Vícios Redibitórios ................................................................................................... 17 3.1.2 Inadimplemento das Obrigações ............................................................................. 19 3.1.3 Responsabilidade da Empreiteira ............................................................................ 22

3.2 Projeto de Lei 178/11 ................................................................................................... 22 3.3 Norma de Desempenho NBR 15.575 .......................................................................... 23

3.3.1 Requisitos Gerais ..................................................................................................... 23 3.3.2 Sistemas Estruturais ................................................................................................ 23 3.3.3 Sistemas de Pisos ................................................................................................... 24 3.3.4 Sistemas de Vedações Verticais Internas e Externas ............................................. 24 3.3.5 Sistemas de Coberturas .......................................................................................... 24 3.3.6 Sistemas Hidrossanitários ....................................................................................... 24

3.4 SiAC / PBQP-H ............................................................................................................ 24 3.5 ABNT NBR ISO 9001:2008 .......................................................................................... 27

4 PRÁTICAS UTILIZADAS NA ENTREGA DE OBRAS E PERCEPÇÃO DO CLIENTE NA ENTREGA ................................................................................................................................... 30

4.1 Aspectos Gerais ........................................................................................................... 30 4.2 Inspeção das Unidades habitacionais ......................................................................... 31

4.2.1 Inspeção Preliminar e Inspeção Final ...................................................................... 31

Page 9: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

ix    

4.2.2 Inspeção dos Clientes e Entrega das Chaves ......................................................... 32 4.3 Inspeção das Áreas Comuns e Entrega ao Empreendimento ..................................... 33 4.4 Constituição do Condomínio ........................................................................................ 33 4.5 Assistência Técnica ..................................................................................................... 34 4.6 Relacionamento e Influência do Atendimento com os Clientes ................................... 36

4.6.1 Marketing no Mercado ............................................................................................. 37 4.6.2 Relação na Construção Civil .................................................................................... 37

4.7 Inspeção Final e Entrega das Chaves ......................................................................... 38 4.8 Contato com as Construtoras ...................................................................................... 39

4.8.1 Assistência Técnica ................................................................................................. 39 4.8.2 Dificuldades e Reclamações .................................................................................... 40

4.9 Imagem com os Clientes ............................................................................................. 41

5 BOAS PRÁTICAS NA ENTREGA DE OBRAS .................................................................... 43 5.1 Boas Práticas de Relacionamento com os Clientes .................................................... 43

5.1.1 Boas Práticas da Empresa A ................................................................................... 44 5.1.2 Boas Práticas da Empresa B ................................................................................... 44 5.1.3 Boas Práticas da Empresa C ................................................................................... 45 5.1.4 Boas Práticas da Empresa D ................................................................................... 45 5.1.5 Resumo de Boas Práticas Identificadas .................................................................. 46

5.2 Estudo de Caso – Sinfonia Residencial Club .............................................................. 47 5.2.1 Apresentação ........................................................................................................... 47 5.2.2 Inspeção Final .......................................................................................................... 49 5.2.3 Vistoria com o Cliente .............................................................................................. 52 5.2.4 Avaliação do Custo na Etapa da Entrega ................................................................ 54 5.2.5 Assistência Técnica ................................................................................................. 54 5.2.6 Resultados Obtidos .................................................................................................. 55

6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 61  

Page 10: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

x      

Lista de Figuras

Figura 1: Fluxograma Geral da Assistência Técnica....................................................................36

Figura 2: Esquema de Retroalimentação das Etapas do Processo Construtivo..........................40

Figura 3: Localização do Empreendimento Avaliado...................................................................47

Figura 4: Masterplan do Empreendimento...................................................................................48

Figura 5: Representação da Fachada do Empreendimento .......................................................49

Figura 6: Gráfico com a Porcentagem de Necessidade de Revistoria.........................................56

Figura 7: Gráfico com Frequência dos Problemas Encontrados..................................................58

Figura 8: Gráfico com Frequência dos Problemas por Apartamento...........................................59

Page 11: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

xi    

Lista de Tabelas

Tabela 1: Resumo de Boas Práticas Utilizadas pelas Construtoras............................................46

Tabela 2: Controle de Qualidade Sinfonia Residencial Club – 206 Bloco 2................................51

Tabela 3: Relação da Entrega dos Apartamentos – Bloco..........................................................53

Tabela 4: Custos de Diária de Mão de Obra em Reais................................................................54

Page 12: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

xii    

Lista de Abreviaturas e Siglas

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

CEDAE - Companhia Estatual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro

CEG - Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro

ISO - International Organization for Standardization

NBR - Norma Brasileira

PUC - Pavimento de Uso Comum

PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat

SiAC - Sistema de Avaliação da Conformidade de Serviços e Obras

Page 13: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

1    

1. INTRODUÇÃO

1.1 Importância do tema

É dito popular que o engenheiro "não entrega a obra, mas sim a abandona", devido ao

estresse e a atenção que a fase construtiva de acabamentos exige. Entrar em cada

apartamento e verificar se não há nenhuma peça cerâmica danificada, ou um ralo entupido, ou

mesmo uma esquadria arranhada requer atenção aos detalhes e paciência.

Mesmo com a adoção de programas de qualidade como a NBR ISO 9001 e o

SiAC/PBQP-H, e a realização de inspeções de controle da qualidade ao longo da produção,

ocorrem falhas que obrigam as construtoras a realizarem uma inspeção final, antes da entrega

do empreendimento, para detectar e corrigir essas falhas. Além desta inspeção, há também, por

parte dos clientes compradores, inspeções para o recebimento do imóvel. Já é prática corrente

para a realização destas inspeções a contratação de arquitetos e engenheiros ou mesmo

empresas especializadas para avaliar e emitir um relatorio sobre a situação do imóvel antes do

recebimento. Estas inspeções geram uma série de reparos de partes da edificação,

notadamente itens de acabamento.

Os reparos, além do custo gerado pelos refazimentos, atrasam a entrega do imóvel e

gera insatisfação por parte do cliente.

Por outro lado, quando ocorre a terceirização da atividade que gerou o refazimento, após

realizado e entregue um serviço, a empreiteira irá cobrar um determinado valor para o reparo do

mesmo. Isso faz com que seja gerado uma despesa a mais, e também se perde mais tempo,

com um trabalho que já foi realizado.

Os agentes de financiamento de empreendimentos habitacionais, como a Caixa

Econômica Federal e os bancos privados vem exigindo como requisito para a concessão do

financiamento que as empresas construtoras / incorporadoras implantem sistemas de gestão da

qualidade com base no SiAC / PBQP-H. Esta iniciativa tem por objetivo estabelecer a melhoria

na qualidade dos empreendimentos habitacionais e a redução das reclamações e ações

impetradas pelos clientes compradores que acabam arrolando também as entidades

financeiras.

Page 14: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

2    

O SiAC / PBQP-H tem por objetivo organizar o setor da Construção Civil na melhoria da

qualidade do habitat e na modernização produtiva. Os seus requisitos têm abrangência a todos

os aspectos críticos de uma construção e contempla também aspectos relativos ao atendimento

ao cliente comprador, a entrega da obra e a concessão da assistência técnica nos casos em

que anomalias sejam detectadas no empreendimento como um todo, ou em uma de suas

unidades na entrega ou na pós entrega.

Há uma crescente conscientização por parte do cliente comprador, que apoiado pelo

código de defesa do consumidor, cada vez mais faz valer os seus direitos junto as construtoras

/ incorporadoras. Essa prática vem aumentando sensivelmente a concessão de assistências

técnicas, promovendo altos custos relativos aos refazimentos. Dessa forma, o estudo das

práticas utilizadas para a inspeção final, entrega da obra, atendimento ao cliente e concessão

de assistência técnica assume caráter de grande importância para que sejam selecionadas

práticas cujos resultados auferidos proporcionem melhoria na satisfação dos clientes e redução

dos custos das empresas envolvidas.

1.2 Objetivos

O objetivo desse trabalho é identificar e descrever as práticas adotadas por empresas

construtoras para efetuar a entrega de empreendimentos multiresidenciais aos clientes

compradores. Objetiva também avaliar a contribuição das mesmas no que diz respeito a maior

ou menor quantidade de reclamações dos clientes compradores por ocasião da entrega do

empreendimento e consequentemente de assistências técnicas na pós entrega.

1.3 Justificativa da escolha do tema

O boom imobiliário que atingiu o Rio de Janeiro nos últimos anos, movimentado pelo

aquecimento da economia, aumentou a demanda por imóveis. Essa expectavia de lucro, gerou

nas construtoras um ímpeto de produzir as suas obras o mais rápido possível, de modo que

obtivesse um retorno financeiro.

Porém não adianta fazer um serviço rápido e mal feito, a qualidade deve andar em

conjunto, para que não haja problemas futuros e seja reduzido a necessidade de assistência

técnica. Pois senão serão gerados passivos nas empresas que não foram previstos

anteriormente.

Page 15: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

3    

Devido aos motivos citados acima, a qualidade na entrega diminuiu muito. Por isso foi

abordado o tema, será feito um estudo dos processos atuais, de modo a identificar e verificar as

falhas e as boas práticas utilizadas, e o que elas induzem nas assistências técnicas e na

quantidade de reclamações.

1.4 Metodologia

Para a execução deste trabalho foram utilizadas bibliografias como monografias de

mestrado e cursos de pós graduação, teses de, livros de apoio, normas técnicas, artigos de

revistas, sites na internet e da bibliografia utilizada e recomendada durante o curso de

graduação em engenharia civil na Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Também foram obtidas,

mediante entrevistas, experiências de engenheiros que estão trabalhando ou já trabalharam na

construção de edificações e puderam acrescentar com informações relativamente a entrega de

obras de edificações multiresidenciais.

Foi realizado também um estudo de caso, com pesquisa de campo e análise crítica dos

dados apurados, mostrando as não conformidades percebidas pelos proprietários no momento

da entrega das unidades. Foi feita um levantamento de dados e analisado as boas práticas que

estão sendo utilizadas pelas construtoras atualmente que visam a redução da assistência

técnica.

1.5 Estrutura do trabalho

Para uma boa organização, permitindo que o leitor compreenda facilmente os conceitos

tratados, o trabalho foi dividido em 7 capítulos:

O capítulo 1 apresenta a introdução do tema a ser tratado, as considerações iniciais

sobre o trabalho que foi feito, compondo a importância e a justificativa do tema, os objetivos a

serem alcançados, a metodologia adotada e a estrutura do trabalho.

O capítulo 2 se trata da contextualização do tema. Mostra o que são obras

multiresidenciais, todo o ciclo de vida (estudo de viabilidade, projeto, aspectos legais, execução,

entrega e manutenção), o que é feito atualmente para a recuperação ou a demolição das

mesmas, introduzindo o conceito de retrofit, peculiaridades dos empreendimentos e duração

das obras. Também será tratado a participação do cliente, seja na etapa de construção, seja na

etapa de entrega, e abordada como é feita a assistência técnica (como é solicitada, realizada e

Page 16: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

4    

os indicadores). Outro fator que será abordado é a influência da satisfação do cliente na entrega

das unidades.

O capítulo 3 enfatiza na parte legal, descrevendo a legislação (federal, estadual ou

municipal) que há para entrega de obras de edificações, normas de desempenho e os requisitos

para se obter o selo da ISO 9001 e PBQP-H.

O capítulo 4 aborda as práticas utilizadas na entrega de obras, descrevendo os métodos

mais utilizados pelas construtoras, sendo um empreendimento de alta, média ou baixa renda.

Como é vistoria final dos apartamentos e a vistoria final com os clientes, o processo de entrega

de chaves, entrega de áreas comuns e constituição do condomínio. Também será dito como é

feita a assistência técnica no pós entrega, os principais indicadores, principais falhas, os custos

para a construtora e as maiores reclamações dos clientes.

O capítulo 5 mostra a percepção do cliente na entrega das unidades, o contato com a

construtora, se há um bom relacionamento e se ele é diferente de acordo com a renda, a

influência do atendimento ao longo da obra. Será apresentado como os clientes se preparam

para a vistoria e a entrega de chaves, como elas são realizadas, as principais não

conformidades questionadas, e sua percepção nas assistências técnicas. O que também

mostra é a importância de uma boa imagem da construtora e da incorporadora, brigas judiciais

e a satisfação do cliente.

O capítulo 6 apresenta as boas práticas na entrega de obras, descrevendo como elas

vem sendo desenvolvidas e aplicadas pelas construtoras, seja de qualquer renda, e os frutos

que elas têm apresentado, minimizando as dificuldades na entrega e desgastes entre a

construtora e os clientes. Nesse capítulo também será apresentado o estudo de caso,

mostrando as principais críticas feitas no momento da entrega e como a construtora as

conduziu, juntamente com uma análise crítica dos serviços prestados/questionados, e a

necessidade da solicitação da assistência técnica pós entrega.

O capítulo 7 é a conclusão, composta de considerações finais e onde serão propostas

sugestões para trabalhos futuros.

Page 17: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

5    

2 OBRAS MULTIRESIDENCIAIS - CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1 Conceituação

Segundo consta no artigo 6° do projeto de lei complementar nº 31/2013, do Código de

Obras e Edificações da Cidade do Rio de Janeiro, uma edificação multifamiliar é aquela

destinada a abrigar mais de duas unidades residenciais, em outras palavras, são edifícios

destinados a habitação de pelo menos 3 famílias.

Após a segunda revolução industrial no final do século XIX esta evolução ganhou força,

com o crescimento acentuado das grandes cidades, tendo como resultado deste crescimento,

ordenados ou não, um problema logístico, ou seja, pouco espaço para abrigar uma população

que aumentava vertiginosamente. Para resolver este impasse, foram criadas as habitações

coletivas, que em um determinado espaço, que depois de concluída garantiam à cada um dos

seus possuidores, domínio individual, onde poderia ser construída apenas uma habitação,

passou a abrigar varias delas, dando assim início ao condomínio. (HOLFIN 2012)

Na era moderna, as áreas comuns ganharam força e evoluindo muito. Elas eram

pequenas, contando apenas com as entradas e portarias das edificações, com o passar dos

anos, elas passaram a ser compostas por salões de festas e pátios de recreação, e foram

batizadas de playground. Atualmente, devido a uma demanda do mercado, essas áreas

comuns sofreram mais uma mutação, e estão mais complexas, compostas por piscinas,

academias, salões de festas, cinemas e até bares. Sendo muitas vezes comparados a clubes, e

com isso foi renomeado, conhecido como Pavimento de Uso Comum (PUC). (HOLFING 2012)

Comumente é visto a execução de edificações verticais, contendo as unidades de

apartamentos, garagens, subsolo (caso exista), portaria, térreo de acesso entre outros.

Mas também há a definição de empreendimentos horizontais, que é popularmente

conhecido como condomínio de casas, que também é muito explorado, dependendo da

localidade da construção. Empreendimentos horizontais, podem ser geminados ou não, e é por

definição do Código de Edificações Gerais, Lei 1.674, que são casas geminadas aquelas cujas

“Edificações que tendo paredes comuns constituem uma unidade arquitetônica, para abrigo de

duas unidades familiares. ”

Page 18: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

6    

2.2 Aspectos Gerais de Construções Multiresidenciais

Como dito em Gondin (2013), o crescimento da economia nacional e o aumento do PIB

dos últimos anos, houve um grande investimento do governo em obras de infraestrutura,

movidos pela Copa do Mundo e Olimpíadas, com isso houve também um crescimento muito

grande das construtoras, interessadas em fazer edificações multiresidenciais, o que gerou um

crescimento também do mercado imobiliário.

Programas do governo como o Minha Casa Minha Vida, financiados pela Caixa

Econômica Federal, foram criados de forma a suprir essa demanda de oferta de unidades

residenciais, e dar um acesso as famílias mais carentes. Porém, assim como consta em seu

site oficial, depois de uma auditoria feita pelo relator Ministro Werder de Oliveira, o Tribunal de

Contas da União revelou que muitas delas são feitas com uma qualidade muito abaixo do que

deveriam e com isso exigem uma manutenção constante, mas que nem sempre são atendidas.

A partir de 2014, quando culminou a crise econômica no setor da construção civil no

Brasil, todo esse investimento acabou diminuindo e o ritmo das obras está muito menor. Não há

muitas construções sendo inciadas e a recuperação estimada é lenta, porém ainda há um

grande número de obras se encerrando e sendo entregues aos clientes. (AMORIM 2015)

Devido a essa queda do mercado imobiliário, juntamente com o alto número de

entregas, as obras de edificações multifamiliar, ou multiresidenciais, estão dando um enfoque

muito grande no que diz respeito a qualidade. Muitos empreendimentos estão sendo finalizados

com pressa e não é dado o devido valor, o que tem gerado uma insatisfação alta dos clientes

na entrega. Além disso, há o desgaste da construtora tendo que voltar para reparar os erros no

ato da entrega, quando o proprietário percebe durante a vistoria final, ou mesmo após a

mudança, acionando a assistência técnica. (SANTOS, ROSA e NEVES 2013)

Após a vistoria, e a entrega das chaves, feita pela incorporadora da obra, é entregue ao

cliente o Manual do Proprietário, onde nele há descrito todas as especificações, os projetos As-

Built, e também as garantias, para que a assistência técnica seja acionada. É de

responsabilidade do engenheiro a vistoria e a qualidade dos serviços prestados durante a

construção, logo, para que sejam gerados menos problemas futuros, deve-se haver uma

fiscalização e cobrança de que seja feito um serviço bem feito. A carreira dele depende da

satisfação do cliente, das vendas das unidades, por isso essa preocupação deve existir.

(SANTOS, et al 2003)

Page 19: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

7    

2.3 Ciclo de Vida

Uma edificação pode ser comparada ao corpo humano e dividido em etapas de ciclo de

vida, desde o seu nascimento, quando é feito o estudo de viabilidade, até a sua morte, quando

a edificação não é mais viável para ser habitada, fazendo com que ela seja desabitada e depois

demolindo-a.

Para a concepção de uma edificação multiresidencial são necessárias diversas etapas

produtivas que integram o seu ciclo de vida, segundo Pereira (2012), eles vão desde o estudo

de viabilidade até a assistência técnica após a entrega, e elas devem ser seguidas fielmente,

sem que sejam puladas etapas, para isso é necessário que seja feito um bom planejamento.

Nesse item são discutidas todas essas etapas da construção de uma edificação.

2.3.1 Estudo de Viabilidade

Como dito por Balarine (1990) antes de qualquer etapa, deve-se fazer o estudo de

viabilidade do empreendimento, para saber se o mesmo vale o investimento que será feito. Não

existe uma regra exata que rege um estudo de viabilidade, e ele pode ser feito e interpretado de

várias maneiras, cabendo ao investidor a decisão final. Esse estudo realiza basicamente um

fluxo de caixa, avaliando as entradas e as saídas no decorrer da obra, ao final é feita uma

comparação entre as duas, gerando uma Taxa de Retorno, onde ela será entregue para a

avaliação do investidor, para saber se o projeto é aceitável e vale o investimento feito nele.

Seguindo a mesma fonte de raciocínio, para que ele seja feito de maneira correta, deve-

se fazer uma estimativa do custo total da obra (englobando os projetos, documentação,

marketing, terreno, corretagem, entre outros), para isso deve-se fazer um orçamento detalhado

e fiel a realidade. Deve-se fazer também uma projeção da receita mensal de vendas,

juntamente com a projeção dos juros a serem cobrados dos clientes, levantamento das

despesas tributárias, taxa da construtora e da incorporadora (caso sejam contratados) e por fim

um fluxo de caixa com o investimento e o retorno, para gerar os indicadores de desempenho.

2.3.2 Projetos e Aspectos Legais

Afim de evitar que a obra tenha problemas de obter as licenças e ter toda a

documentação necessária, deve-se fazer os projetos respeitando cada uma das suas normas. A

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) desenvolve normas para cada uma das

etapas da obra, há NBR para execução de fundações (NBR 6122), estruturas de concreto

Page 20: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

8    

armado (6118), desempenho (NBR 15575), entre outros. Com isso recomenda-se que os

projetos sejam contratados junto a projetistas que tenham bons precedentes, e que sejam

confiáveis.

É necessário que haja uma integração entre todos os projetos da edificação, de modo que

a execução de um não interfira na do outro, evitando problemas advindos de modificação de

projeto. Segundo Melo (2009) essa etapa pode ser divida em três partes e elas são definidas

como:

a) Projeto Legal ou Projeto de Licenciamento

Corresponde ao conjunto de desenhos que é encaminhado aos órgãos públicos de fiscalização

de edifícios. Por este motivo, possui algumas regras próprias de apresentação, variando de

cidade em cidade. Costuma-se trabalhar nas mesmas escalas do anteprojeto.

b) Anteprojeto

Esboço ou conjunto dos estudos preliminares que irão constituir, depois das necessárias

alterações, as diretrizes básicas do projeto definitivo de uma obra.

c) Projeto Executivo

Segundo a lei 8.666 de 21 de junho de 1993 do Brasil, é o conjunto dos elementos necessários

e suficientes à execução completa da obra, de acordo com as normas pertinentes da ABNT.

Como dito por Macedo (2012), antes de começar uma obra é necessário resolver todos

os problemas burocráticos para a construção, como por exemplo, em âmbito federal, o Estudo

de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA RIMA) e a escritura do terreno,

para o caso municipal. E para a conclusão da obra, é necessário dar entrada na prefeitura do

município para obter as licenças de habitação, como, no caso do município do Rio de Janeiro, o

Habite-se (para a moradia dos proprietários), CEDAE (para o esgoto), CEG (para o gás) entre

outros.

Segundo Melo (2009), antes da execução da obra é necessário que se tenha a

aprovação legal de todos os projetos, como já foi dito, mas deve-se buscar também a

legalização para se obter o alvará / habite-se, a aprovação dos orgãos ambientais e a

aprovação no patrimônio histórico e artístico.

Page 21: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

9    

2.3.3 Execução da Obra de Construção

A etapa de execução é uma das mais importantes da obra, é nela que são gerados os

maiores custos, gerando um grande impacto no orçamento. Deve-se haver uma correta gestão

de matérias, afim de evitar gastos excessivos que gerem grande impacto. Outro fator que

influencia nessa etapa é o prazo que é necessário para que seja materializado o

empreendimento. Ele deve ser respeitado, evitando um desgaste com os clientes no momento

da entrega. Por fim deve-se também haver uma correta convivência, pois nessa etapa há uma

grande quantidade de pessoas envolvidas, o que pode gerar dificuldades, impactando a

execução da obra. (DUARTE e CORDEIRO, 2009)

Durante essa etapa deve-se utilizar o material de construção em conformidade com as

especificações de projeto, pois o desempenho da edificação depende também dos materiais

aplicados.

Outro fator que influencia muito na qualidade e desempenho da edificação, é a escolha

de empreiteiras. São terceirizadas total ou parcialmente as atividades fins da construção,

promovendo um grande número de intervenientes no canteiro de obras. Em função de cada

empreiteiro ter uma função e consequentemente objetivos específicos dentro do canteiro de

obras, suas atividades via de regra promovem impactos nas atividades dos outros empreiteiros,

dificultando o gerenciamento da obra tanto no que diz respeito a obra, ao custo, a produtividade

e ao prazo. (NASCIMENTO e FELDMANN 2013)

Como já foi citado, cada obra tem a sua complexidade e sua peculiaridade, e para a sua

execução, é necessário escolher o método construtivo correto. Para que isso ocorra, pesa muito

a experiência do engenheiro no trabalho realizado, e o conhecimento que ele tem da

capacidade de sua equipe. Com isso é executada a construção respeitando o cronograma

planejado anteriormente.

Como dito em Nascimento e Feldmann (2013), durante a etapa de execução, é muito

comum se escolher serviços de empreitada, terceirizando e agilizando a conclusão dos

serviços. Porém, visando o alcance de uma melhor qualidade, é necessária uma fiscalização,

não deixando que sejam entregues, e posteriormente pagos, serviços mal executados. Para

isso conta muito também a experiência do engenheiro, pois ele já conhece o mercado e sabe

quais são as melhores empreiteiras.

Page 22: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

10    

2.3.4 Entrega do Empreendimento

A etapa de entrega do empreendimento consiste na inspeção final de conformidade

realizada preliminarmente pela própria construtora e depois conjuntamente pelo cliente

comprador e representante da construtora. Esta etapa no ciclo da vida do empreendimento é de

grande importância em virtude da sua influência num maior ou menor número de reclamações

por parte do cliente comprador com relação a qualidade do empreendimento como um todo e

da sua própria unidade residencial. (SANTOS et al, 2003)

A inspeção preliminar tem por objetivo detectar falhas internas e promover a correção

das mesmas antes da entrega do empreendimento aos clientes. Efetuados os reparos é

agendada com o cliente a inspeção final. Durante a mesma são registrados os itens não

conformes e programado o refazimento de cada um deles. Juntamente a entrega das chaves é

entregue a cada cliente comprador o manual do proprietário com as diretrizes específicas

quanto a utilizaçãoo e manutençãoo do imóvel. (SANTOS et al, 2003)

Com relação ao empreendimento como um todo e as áreas comuns, o procedimento é

similar, ocorrendo anteriormente a constituiçãoo do condomínio e a definição da convenção que

regerá o funcionamento do mesmo. É então convocada uma assembleia com a participaçãoo

dos condôminos e representantes da construtora / incorporadora e eleito o síndico. (SANTOS et

al, 2003)

A inspeção final, entrega das áreas comuns do empreendimento e obtençãoo do termo

de aceito é feito pelo síndico, Juntamente a entrega das chaves das partes comuns é entregue

o manual do síndico com as diretrizes específicas quanto a utilizaçãoce manutenção das partes

comuns. (MERLONE 2012).

2.3.5 Assistência Técnica

Caso após a inspeção final e o aceite da unidade o cliente identifique anomalias na sua

unidade, ele pode recorrer a assistência técnica oferecida pela construtora. Para tanto, as

empresas construtoras estruturam setores internos ou terceirizados para efetuar o atendimento

ao cliente e o registro de suas reclamações e posteriormente, após análise da sua pertinência,

programar e realizar a assistência técnica reparando o item não conforme. (RAMOS e FILHO

2007)

Page 23: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

11    

Antes do atendimento, é realizada a análise do manual do proprietário, projeto e

especificações da obra para verificação da pertinência da reclamação quanto ao prazo de

garantia e abrangência ao escopo contratual. Via de regra, é realizada uma visita a unidade por

profissional qualificado da construtora para avaliar a causa da anomalia, a extensão dos danos

e definição da técnica a ser utilizada para o refazimento. (RAMOS e FILHO 2007)

Constatada a responsabilidade da construtora na anomalia identificada, é pragramado

junto ao cliente e realizado o refazimento. Para o encerramento do atendimento é obtido junto

ao cliente o termo de aceitaçãoo do refazimento efetuado. (RAMOS e FILHO 2007)

2.3.6 Recuperação ou Demolição

Quando encerra o ciclo de vida de uma edificação multiresidencial, deve-se tomar

algumas decisões quanto a o que será feito com ela. De forma geral, edificações horizontais ou

de pequeno porte têm sido demolidas e em seu lugar edificados novos empreendimentos,

normalmente de maior porte

No caso de empreendimentos de maior porte, a tendência crescente para atender as

demandas de redução da geração de resíduos e de consumo de materiais em novos

empreendimentos, é a de realizar obras de retrofit, modificando a utilizaçãoo e promovendo a

recuperação e a modernização necessária para o novo uso. (BUNEMER, LEÃO E SOARES

2013)

A decisão quanto ao procedimento a ser adotado, ainda segundo Bunemer, Leão e

Soares (2013) envolve uma série de fatores, como por exemplo se há ainda condições de

habitabilidade, a utilizada urbanística do local no qual a edificação está localizada e o custo

necessário para a revitalização.

O retrofit faz com que seja prolongada a vida útil da edificação, porém não

necessariamente ela volta a ter as características anteriores, podem ser introduzidas melhorias

as edificações. Esse conceito ganhou muita força no Brasil não só pelo seu caráter

reconstrutivo, mas também por essas melhoras aos patrimônios, como por exemplo, uma maior

eficiência energética ou um gasto menor de recursos. (BUNEMER, LEÃO E SOARES 2013)

Entretando, é ainda significativa a opção pela venda do terreno para que seja incorporado

um novo empreendimento no local. Neste caso, ocorre a demolição. Essa prática é muito

Page 24: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

12    

comum, tendo em vista o crescimento demográfico ser muito alto, demandando novas

construções. (GONDIM 2013)

2.4 Duração das Obras de Construção de Edificações

Pereira (2012) diz que antes de realizar qualquer tipo de obra, é necessário que haja um

planejamento da mesma. Esse planejamento toma como base todas as etapas descritas no

item anterior, a partir da análise total desses pontos, é elaborado o orçamento e estipulado o

prazo de conclusão. Com esses dados em mãos, é feito um “plano de ataque” e assim é dada

entrada no processo de concorrência, caso haja mais de uma construtora competindo por essa

obra.

Assim, para conceber uma obra, é necessário realizar um planejamento adequado, nada

que extrapole para mais ou para menos, para que seja o mais próximo da realidade. Deve ser

analisado também, na questão financeira, a participação de um financiamento acompanhado

por engenheiro de um banco, prática muito comum atualmente. Assim serão adquiridas todas

as licitações necessárias para tal.

O tempo para a conclusão de uma obra de edificações varia muito com o seu porte, com

as técnicas construtivas adotadas e também com padrão do empreendimento. Em

empreendimentos destinados a clientes com alta renda geralmente é dado um enfoque muito

grande na qualidade dos acabamentos, enquanto o mesmo não é feito em edificações de baixa

renda.

As edificações multiresidenciais seguem um padrão de apartamentos pequenos, mas com

uma área comum muito grande e abrangente, com salão de festas, academias, espaço infantil

entre outros. Isso aumenta a complexidade da obra. (HOLFIN 2012)

A mensuração da produtividade da mão-de-obra é um outro fator que incluencia no tempo

da obra. Um aumento na produtividade gera uma melhoria da construção. Tais indicadores

podem suprir um problema bastante significativo nos atuais sistemas de certificação de

empresas, qual seja a falta de avaliação do desempenho das mesmas. Mas, para que isto

possa acontecer sobre base sólida, há que se ter uma definição clara de como se padronizar a

mensuração da produtividade da mão-de-obra. (SOUZA, 2000)

Page 25: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

13    

2.5 Peculiaridades

Quando analisado o segmento de obras de edificações multiresidenciais em relação aos

demais segmentos da construção civil, constata-se uma série de peculiaridades que são

ímpares, não se manifestando ou se manifestando, mas em escala muito reduzida nos demais

segmentos. Mesmo no caso das obras de edificações comerciais, há peculiaridades muito

diferentes, como por exemplo, no acabamento das unidades que requer menor atenção que no

caso das multiresidenciais. Nesse item são destacadas as peculiaridades em cada uma das

etapas da construção.

2.5.1 Estudo de Viabilidade

Nesse ponto é necessário definir o produto a ser vendido. No caso de edificicações

multiresidenciais, deve-se analisar o público alvo onde será feita a obra e analisar se há um

mercado que faça valer o investimento. É o momento em que se deve definir os clientes, se

será atendida a expectativa demandada, e então elaborar um memorial descritivo do

empreendimento. (BALARINE 1990)

A taxa de retorno, em uma edificação multiresidencial, pode não ter um valor percentual

muito grande, mas em termos de quantia ela atinge valores elevados, ainda segundo Balarine

(1990). Isso acontece, pois, o investimento feito é muito alto. Por exemplo, 10% do que se

investe para a construção de uma unidade unifamiliar representa muito menos que os mesmos

10% do investido em um prédio de 15 andares.

2.5.2 Projetos e Aspectos Legais

Devido a grande complexidade que uma edificação multiresidencial pede, há um grande

número de projetos que precisam ser detalhados. Há a necessidade da realização de projetos

de detalhes hidráulicos, esquadrias de alumínio, decoração entre outros, que em outras obras

não há essa necessidade.

Outro fator que influencia é a modernização da tecnologia, os projetos devem se

adequar a tecnologia vivia na época. Como por exemplo, projetos de ar condicionados

atualmente devem prever a utilização de aparelhos Split, entre outros fatores. (TAKARA 2008)

Page 26: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

14    

2.5.3 Execução da Obra de Construção

Nas obras de edificações há uma sequencia executiva bastante definida. A evolução da

execução da obra segue um padrão que é muito praticada e há grande experiência no ramo. As

construções começam pelas findações, seguindo pela concretagem, instalação, alvenaria,

emboço e assim por diante. Esse fator ajuda na construção de edificações multiresidenciais,

pois agiliza o processo e devido a alta prática, ela é muito difundida. (TAVARES 2011)

2.5.4 Entrega do Empreendimento

No ato da entrega, o cliente tem um leque maior de detalhes para vistoriar em uma obra

multiresidencial, como pedras, louças e metais. A inspeção é mais detalhada, e acaba tendo

uma conotação sentimental, pois para muitos é o imóvel que irão morar. Por esses pontos

levantados, a questão da estética ganha muito mais força quando comparado a outras obras.

(SANTOS et al, 2003)

2.5.5 Assistência Técnica

A solititação da assistência técnica em edificações multiresidenciais muitas vezes é

solicitada por pessoas que são leigas no assunto. O que faz com que a não conformidade não

proceda, ou que não tenham proporção da complexidade dos problemas ocorridos. (RAMOS e

FILHO 2007)

O local de execução da assistência é uma residência habitada, o que dificulta a

assistência, pois há bens materiais que não podem ser lesados. Com isso, os serviços ali

realizados devem ser executados com grande cuidado.

Nesse ponto, mais uma vez a questão sentimental está envolvida, pois os proprietários

não tratam o seu bem imóvel como um negócio. Existe um apego, que dificulta a resolução do

problema que originou a solicitação da assistência técnica.

2.6 Participação do Cliente ao Longo da Implantação do Empreendimento

O cliente é a peça chave de qualquer empreendimento, pois é dele que depende a

construção. Sua satisfação é de grande importância para o futuro das empresas envolvidas,

mais para a construtora e a incorporadora, pois o investimento é feito a partir do retorno deles.

Então é aceitável que a sua participação seja cada vem mais decisiva e frequente nas obras

(LOPES 2013)

Page 27: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

15    

Mesmo não havendo uma lei específica que envolva a participação do cliente na etapa de

construção, essa prática é comum, partindo do interesse dos próprios clientes. Com isso,

normalmente é aberto um apartamento modelo para receber essas visitas, possibilitando ao

cliente participar das etapas construtivas, visitando a obra e acompanhando o cronograma.

Esse assunto será abordado no item que se segue.

É do interesse do engenheiro civil de construção a busca da satisfação do cliente, pois ela

influencia todos os itens que serão descritos abaixo. Vale ressaltar também que há a

necessidade do acompanhamento de alguém com mais experiência para esclarecer dúvidas,

sempre tendo paciência, evitando que sejam feitas algumas conclusões erradas

precipitadamente.

2.6.1 Fase de Construção

É formada uma comissão de obras, representando o cliente final, que se responsabiliza

pelo acompanhamento da construção do empreendimento. Durante as visitas são feitos

esclarecimentos e avaliações sobre o andamento da obra. Costumeiramente as construtoras

recebem essa comissão naturalmente, de modo que haja uma transparência e um

esclarecimento. Isso contribui para que sejam feitas inspeções e possibilitam a correção dos

problemas no ato, o que diminui a solicitação de assistência técnica. (FITIPALDI 2011)

Seguindo o mesmo raciocínio, percebe-se que essa prática tem se tornado comum, isso

se reflete na criação de um setor de atendimento ao cliente com uma pessoa treinada para

atender as necessidades e esclarecer as dúvidas existentes. A criação desse setor ajudou a

diminuir a sobrecarga que existia em cima do engenheiro responsável pela execução da obra.

Em obras de baixa renda, há ainda a disponibilidade do atendimento aos clientes ser

feito por uma assistente social, essa exigência é feita pelo órgão de financiamento da obra. Há

também construtoras que possibilitam o avanço físico da obra em seus sites na internet,

forncecendo um login e uma senha para o acompanhamento dos clientes. Esse assunto será

mais abordado no capítulo 6 desse material de estudo.

2.6.2 Fase de Entrega de Obra

A entrega das unidades aos seus respectivos proprietários é feita geralmente

acompanhada do engenheiro responsável, para retirar eventuais dúvidas, enquanto uma equipe

é mobilizada e deixada de plantão, geralmente composta por um encarregado de obra, pintor,

Page 28: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

16    

pedreiro, eletricista, marceneiro, bombeiro e servente, para o caso do cliente observar alguma

não conformidade e ela seja recuperada no ato da vistoria. (RAMOS e FILHO 2007)

Há também alguns clientes que optam por visitar as suas unidades, mesmo antes deles

estarem entregues, para que seja feita uma vistoria prévia, e uma avaliação do mesmo. Para

que isso seja possível, é necessário que seja combinado e haja a ciência do engenheiro

responsável, para que seja autorizada a sua entrada na obra. Essa participação é importante,

para evitar que sejam encontradas não conformidades na vistoria final, e que o aceite seja

recebido de uma maneira mais tranquila.

2.6.3 Fase Pós Entrega

Toda edificação, após o término da construção, deve ter uma equipe para que seja

enviada a realizar uma eventual assistência técnica. Porém, antes da mesma ser realizada, o

engenheiro deve fazer uma visita e avaliar o defeito. Nessa etapa a participação do cliente é

fundamental, pois ele deve comunicar ao responsável essa reclamação, é do cliente que vem a

solicitação do reparo, e é do mesmo que vem a aprovação do serviço feito.

Assim como descrito no item 2.3.5, antes da solicitação da assistência, o cliente deve consultar o Manual do Proprietário para saber se o reparo ainda está dentro da garantia. Para evitar contatos constantes, deve-se buscar sempre a construção em uma boa qualidade, para que a assistência, quando necessitada, seja a mínima possível. (RESENDE, MELHADO e MEDEIROS 2002)

Caso o cliente identifique alguma anomalia, deve ser feito o contato para efetuar a

reclamação, para que assim as construtoras os atendam, seguindo os procedimentos descritos,

afim de acabar com esse problema.

Page 29: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

17    

3 ASPECTOS LEGAIS E NORMALIZAÇÃO TÉCNICA Uma edificação multifamiliar é um bem de consumo e, assim como todo produto, está

sujeito as leis, sejam de níveis federal, estadual ou municipal, e o seu não cumprimento gera

multas, podendo até levar a prisão do infrator. Com isso, é de grande importância que o

construtor se atente a essas normas, para que ele não seja autuado, prejudicando não só a si

mesmo, mas também a todos os envolvidos na obra.

3.1 Código Civil

Um Código Civil é fato de primordial relevância no ordenamento jurídico de um país,

provocando alterações de sentido em todos os quadrantes do Direito, mesmo nos que têm

menor vinculação com ele. É que constitui um valor fundamental, somente superado pelo

representado pela Constituição. Ao tratar dele costumo qualificá-lo como "a constituição do

homem comum", visto como dispõe sobre os direitos e deveres do ser humano antes de seu

nascimento, devido à proteção dispensada ao nascituro, e após a sua morte, por salvaguardar

sua última vontade e fixar o destino de seus bens.

O Código Civil, Lei nº 10.406, aplicada às relações civis,tem por objetivo o ordenamento

jurídico nas relações dispondo sobre os direitos e deveres do homem. Existem outros artigos

que poderiam ser relacionados à entrega de unidades em uma edificação multifamiliar com um

produto de venda, porém os mais relevantes foram os citados.

3.1.1 Vícios Redibitórios

Essa seção do Código Civil refere-se ao direito do consumidor que adquire um bem de

resolver o contrato ou requerer abatimento no preço caso sejam encontrados defeitos, ocultos à

época da entrega do bem, que tornam a coisa imprópria para uso ou a desvalorizam. Em se

tratando de uma edificação, com base no princípio da conservação dos contratos, diante da

existência de um defeito sanável, sem grandes repercussões sobre a utilidade da coisa, deve-

se preferir sempre o saneamento à resolução do contrato, ou seja, nesses casos, o retorno do

dinheiro não é uma opção viável, devendo-se fornecer a assistência técnica necessária para

resolver o caso. Além disso, se o vício for insignificante ou ínfimo e não prejudicar as finalidades

do contrato, não cabe sequer o pedido de abatimento do preço (TARTUCE, 2014).

Nesse sentido, é a redação dos artigos 441 a 444 do Código Civil:

Page 30: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

18    

“Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser

enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a

que é destinada, ou lhe diminuam o valor.

Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações

onerosas.

Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode

o adquirente reclamar abatimento no preço.

Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o

que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente

restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.

Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa

pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente

ao tempo da tradição. ”

De acordo com o artigo 445, nos casos de vício que pode ser percebido imediatamente,

é de responsabilidade do alienante dar pelo menos 1 (um) ano de garantia ao adquirente. Em

outras palavras, ao ser vendido um apartamento, a construtora, ou a incorporadora

responsável, deve oferecer uma garantia de 1 ano ao proprietário do mesmo, contados a partir

da entrega.

Caso o vício só possa ser conhecido mais tarde, o prazo de garantia de 1 (um) ano

conta-se a partir da ciência do mesmo, desde que respeitado o prazo máximo de 1 ano. Ou

seja, há que se observar dois prazos: a ciência do vício deve ocorrer dentro de 1 (um) ano da

entrega do apartamento. Ocorrendo dentro desse prazo, o adquirente terá mais 1 (um) ano para

buscar a assistência técnica necessária.

O Código Civil prevê as hipóteses de garantia legal, que incidem independentemente da

vontade do alienante do bem. Se, além dessa garantia, for oferecida também uma garantia

convencional pelo alienante, os prazos do Código Civil só correrão após o término da garantia

oferecida pela construtora ou incorporadora. No entanto, o adquirente do imóvel deve denunciar

o vício no prazo de 30 (trinta) dias contados do seu descobrimento, sob pena de perda da

garantia convencional.

Todas essas disposições estão nos artigos 445 e 446 do Código Civil:

Page 31: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

19    

“Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou

abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de

um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse,

o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.

§ 1o Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais

tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o

prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e

de um ano, para os imóveis.

§ 2o Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios

ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos

usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não

houver regras disciplinando a matéria.

Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de

cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao

alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de

decadência. ”

3.1.2 Inadimplemento das Obrigações

Esse título presente no Código se refere basicamente às consequências do não

cumprimento do contrato por uma das partes. Ele é subdividido em capítulos e, no que diz

respeito ao assunto decorrente, é válido ressaltar os 3 (três) primeiros (Disposições Gerais, Da

Mora e Das Perdas e Danos).

No primeiro, é definido que é obrigação da construtora cumprir o contrato da forma como

acordado, respeitando o prazo de entrega e as especificações do imóvel. Em caso de

descumprimento, ela estará sujeita a responder por perdas e danos, mais juros e correção

monetária. O mesmo é válido para as incorporadoras que realizam os investimentos e

contratam. A exceção ocorre quando o não cumprimento, seja da construtora ou da

incorporadora, ocorra por um motivo que não era possível ser evitado ou impedido, o que o

Código Civil chama de caso fortuito ou força maior.

Page 32: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

20    

“Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e

danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais

regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso

fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles

responsabilizado.

Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato

necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar ou impedir. ”

O Capítulo II, Da Mora, trata do inadimplemento parcial do contrato, ou seja, quando há

apenas um descumprimento parcial da obrigação, que ainda pode ser cumprida. Nesse sentido,

o art. 394 considera em mora o devedor que não efetua o pagamento e o credor que se recusa

a recebê-lo. O atraso da entrega de um apartamento configura, portanto, a mora da construtora

ou incorporadora. No caso de mora, o devedor é responsável por todos os prejuízos causados

ao credor, mais juros e atualização monetária. Em último caso, se a mora tornar a prestação

inútil ao credor, cabe a resolução da obrigação com a correspondente reparação por perdas e

danos.

Nesse sentido, é a redação dos arts. 394 e 395:

“Art. 394. Considera-se em mora o devedor que não efetuar o

pagamento e o credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma

que a lei ou a convenção estabelecer.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der

causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices

oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.

Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, se tornar inútil ao

credor, este poderá enjeitá-la, e exigir a satisfação das perdas e danos. ”

Ressalta-se que, se, em regra, o devedor não responde por caso fortuito e força maior,

em caso de mora, haverá responsabilidade, salvo se este provar que o dano aconteceria ainda

que a obrigação tivesse sido cumprida nos termos acordados:

“Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da

Page 33: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

21    

prestação, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de

força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar

isenção de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigação

fosse oportunamente desempenhada. ”

Há ainda que se falar sobre o afastamento dos efeitos do inadimplemento parcial,

chamado pelo Código Civil de “purga da mora”. De acordo com o art. 401, purga-se a mora se o

devedor, no caso, a construtora ou incorporadora, oferecer a prestação mais o valor dos

prejuízos causados pela mora:

“Art. 401. Purga-se a mora:

I - Por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a

importância dos prejuízos decorrentes do dia da oferta;

II - Por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e

sujeitando-se aos efeitos da mora até a mesma data. ”

No caso de inadimplemento absoluto, ou seja, quando a obrigação não pode mais ser

cumprida, tornando-se inútil ao credor, a principal consequência é o pagamento de perdas e

danos, previstas entre os arts. 402 e 404 do Código Civil.

Pelo artigo 402, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele

efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar. Além disso, o artigo 403 deixa

claro que, ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os

danos efetivos:

“Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas

e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente

perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas

e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito

dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.

Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro,

serão pagas com atualização monetária segundo índices oficiais

regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e honorários de

Page 34: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

22    

advogado, sem prejuízo da pena convencional.

Parágrafo único. Provado que os juros da mora não cobrem o prejuízo, e

não havendo pena convencional, pode o juiz conceder ao credor

indenização suplementar.

Art. 405. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial. ”

3.1.3 Responsabilidade da Empreiteira

Consta no artigo 618, Capítulo VIII (Da Empreitada), do Código Civil que há uma

garantia de 5 anos para os serviços de empreitadas realizados, seja de mão de obra ou de

material. O mesmo responderá por danos e riscos de segurança com relação ao serviço

prestado, e é de responsabilidade da construtora realizar o contato e mediar o reparo em 180

dias ao seu surgimento, sob pena de se tornar o responsável por ele.

“Art. 618. Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras

construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução

responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela solidez e

segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.

Parágrafo único. Decairá do direito assegurado neste artigo o dono da

obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta

dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito. ”

3.2 Projeto de Lei 178/11

Durante anos não havia uma lei que penalizava o atraso para a entrega de apartamentos,

além da relação dos artigos do código civil citados acima, e isso fez com que muitas vezes os

clientes ficassem nas mãos das incorporadoras e grandes construtoras. Muitas vezes o atraso é

inevitável e fatores imprevisíveis acontecem dentro de uma obra, porém, a grande maioria dos

compradores, quando efetuam a compra do seu novo imóvel fazem um planejamento de vida

se baseando na data acordada em contrato. Tendo em vista isso, deveria haver algum

regimento que faça com que os consumidores não saiam prejudicados, mas também que não

seja muito abusivo para as construtoras, tendo em vista essa imprevisibilidade.

No dia 03 de junho de 2014 foi aprovado o projeto de lei, 178/11, pela Comissão de

Constituição e Justiça e Cidadania, alterando a Lei 4.591/64, conhecida como Lei do

Page 35: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

23    

Condomínio. A sua proposta é de tornar obrigatório a penalização das incorporadoras que

atrasarem a entrega dos seus empreendimentos, desde que comprados em planta.

Nela há uma tolerância de 6 meses de atraso para a conclusão da obra. Caso a entrega

das chaves ultrapasse a data prevista em 180 dias, a multa aplicada será de 1% ao mês,

substituindo os 2%, e agora com juros de 0,5% a cada mês de atraso. Estes valores estão

sujeitos a correção monetária, atualizando para os dias atuais, previstos em contrato.

3.3 Norma de Desempenho NBR 15.575

Os requisitos da norma de desempenho NBR 15.575 passaram a ser exigidos a partir de

19 de julho de 2013, então os projetos feitos depois dessa data devem atender as suas

exigências. A NBR 15.575 tem como característica estabelecer e dividir as responsabilidades

de cada um dos atuantes na construção de uma edificação (os construtores, incorporadores,

projetistas, fornecedores de serviços, fabricantes do material usado, a administração do

condomínio e os próprios proprietários). (ACEBE, 2013)

Ela pode ser dividida em 6 partes, uma que diz respeito aos requisitos gerais da obra e os

outros 5 responsáveis pelos sistemas que fazem parte de uma edificação. Todos eles definem

os padrões de qualidade para a construção civil, baseados em critérios pré-estabelecidos, e

então são medidos para saber se atendem os requisitos. Abaixo é feita uma abordagem de

todos esses 6 sistemas utilizando a própria norma como fonte.

3.3.1 Requisitos Gerais O grande diferencial dessa normal no que diz respeito as anteriores, é que ela não se

limita a edifícios de até 5 pavimentos, ela trata de todas as edificações residenciais

multifamiliares. Também é estabelecida a vida útil variável de cada um dos sistemas, nível

mínimos de iluminação para cada ambiente, boas condições de acesso, devem privilegiar a

solução que minimizem o consumo de energia, entre outros.

3.3.2 Sistemas Estruturais A norma estabelece os critérios de estabilidade e resistência do imóvel, inclusive com

métodos para medir que tipos de impactos a estrutura pode aguentar sem apresentar falhas ou

fissuras. Deve-se prever as condições de agressividade do solo, vento e água no projeto, de

modo que seja protegida toda a estrutura do imóvel.

Page 36: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

24    

3.3.3 Sistemas de Pisos Devem aguentar a força de certos impactos especificados a manter níveis seguros

contra escorregamento, afim de evitar acidentes domésticos. Também é estabelecido o

desempenho a ruídos, para que se tenha um bom isolamento acústico entre as unidades,

havendo uma preocupação maior onde serão os cômodos com dormitórios previstos. Por fim, é

analisada a estanqueidade do piso com a umidade, impedindo a passagem da mesma em

áreas molháveis.

3.3.4 Sistemas de Vedações Verticais Internas e Externas Paredes externas e internas devem garantir a proteção contra a ruptura, proteção

acústica contra sons externos, conforto térmico e estanqueidade a umidade. A norma apresenta

os níveis internos de variação de temperatura de acordo com cada região climática brasileira.

Devem ser capazes de suportar solicitações provindas da fixação de prateleiras e armários,

incluindo uma tabela com cargas de ensaio nas peças. No caso de fachadas, é necessário

prever aberturas para que se tenha a circulação de vento interna o suficiente entre os

ambientes.

3.3.5 Sistemas de Coberturas O pé direito mínimo de um imóvel deve ser de 2,5 metros de altura, podendo variar em

banheiros e corredores. A norma estabelece também quais as cargas que a cobertura deve

aguentar, quantas horas ela deve resistir ao fogo sem que ceda e que a cobertura seja

impermeável, não permitindo a infiltração.

3.3.6 Sistemas Hidrossanitários A norma garante que todas as edificações devem estar ligadas a rede de esgoto, ou

possuir alternativas próprias de tratamento dos dejetos. Também é dito qual pressão e peso a

tubulação de água deve aguentar, deve resistir as solicitações mecânicas dinâmicas

provocadas pela altura de queda, de modo que não implique em risco a sua estabilidade, e os

reservatórios de água fria devem ter uma reserva técnica de incêndio, com o volume necessário

para o uso em emergências.

3.4 SiAC / PBQP-H

O PBQP-H é um programa fundamentado na ISO, de gestão que proporciona resultados

melhores ao usuário. Ele propõe-se a organizar o setor da construção civil em torno da melhoria

Page 37: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

25    

da qualidade e da modernização produtiva, gerando um ambiente de isonomia competitiva.

Para isso, o Programa conta com a participação ativa dos segmentos da cadeia produtiva,

agregando esforços na busca de soluções com maior qualidade e menor custo para redução do

déficit habitacional no país. O SiAC, pertencente ao PBQP-H, é aplicável somente a empresas

do ramo da construção civil, seu método de avaliação é feito por auditorias externas, dividido

em diferentes níveis, Nível de Adesão, B e A.

Para que sejam alcançados os Níveis superiores, a empresa passa por auditorias e

revisões, devendo cumprir os requisitos que constam no Regimento do SiAC e que são citados

abaixo:

a) Sistema de Gestão da Qualidade;

b) Responsabilidade da direção da empresa;

c) Gestão de recursos;

d) Execução da obra;

e) Medição, análise e melhoria;

Cada um desses requisitos são aprofundados e possuem subitens, de forma a aprofundar

mais a avaliação, fazendo com que ela se torne a mais próxima da realidade. Após feita a

avaliação e obtido os resultados, é dado o grau, que segue o critério que consta no Regimento.

No caso de obras de edificações, que é o foco de estudo desse trabalho, a avaliação é dividida

em duas partes, serviços de execução e materiais controlados.

Os serviços de execução são definidos em seu regimento como uma lista própria de serviços

de execução controlados pela construtora que afetem a qualidade do produto exigido pelo

cliente. Esta lista deve ser representativa dos sistemas construtivos por ela empregados em

suas obras. A partir dessa lista de serviços de execução controlados, a empresa construtora

deve preparar uma lista de materiais que sejam neles empregados, que afetem tanto a

qualidade dos serviços, quanto a do produto exigido pelo cliente. Assim são definidos também

os materiais controlados.

Para atingir o Nível A, é necessário obter um rendimento de 100% nos dois, para que seja

alcançado o Nível B, é necessário atingir pelo menos 40% na avaliação feita dos serviços de

execução controlados e 50% nos materiais controlados.

O Nível A atende integralmente às exigências da NBR ISO 9001, podendo a empresa

construtora solicitar certificação simultânea à certificação segundo este referencial normativo.

Page 38: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

26    

Por isso é de grande interesse que as empresas possuam esse certificado.

No que diz respeito a entrega, foco principal desse trabalho, o PBQP-H lista alguns itens que

são de grande importância, e eles serão comentados abaixo:

a) Item 5.2 – Foco no Cliente

“A direção da empresa construtora deve assegurar que os requisitos do cliente são

determinados com o propósito de aumentar a satisfação do cliente.”

b) Item 7.5.1 – Controle de Operações

“A empresa construtora deve planejar e realizar a produção e o fornecimento de serviço sob

condições controladas. Condições controladas devem incluir, de modo evolutivo e quando

aplicável:

I. a disponibilidade de informações que descrevam as características do

produto;

II. a disponibilidade de procedimentos de execução documentados, quando

necessário;

III. uso de equipamentos adequados;

IV. a disponibilidade e uso de dispositivos para monitoramento e medição;

V. a implementação de monitoramento e medição;

VI. a implementação da liberação, entrega e atividades pós-entrega;

VII. a manutenção de equipamentos considerados críticos para o atendimento

das exigências dos clientes.

No caso de obras do subsetor edificações, a atividade de entrega inclui o fornecimento ao

cliente de Manual de Uso, Operação e Manutenção, contendo as principais informações sobre

as condições de utilização das instalações e equipamentos bem como orientações para a

operação e de manutenção da obra executada ao longo da sua vida útil. Para os demais

subsetores, tal fornecimento é facultativo, a não ser em situações onde seja exigido pelo

cliente.”

c) Item 8.2.1 – Stisfação do Cliente

“Como uma das medições do desempenho do Sistema de Gestão da Qualidade, a empresa

Page 39: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

27    

construtora deve monitorar informações relativas à percepção do cliente sobre se a organização

atendeu aos seus requisitos. Os métodos para obtenção e uso dessas informações devem ser

determinados. “

3.5 ABNT NBR ISO 9001:2008

A ISO (Organização Internacional de Normalização) é uma Organização Não

Governamental (ONG) responsável por desenvolver e publicar normas internacionais, que são

as mais utilizadas no mundo. Em cada país há um órgão responsável pela tradução e

publicação dessa norma, no Brasil a responsável é a ABNT, e por isso elas são identificadas

pelo prefixo ABNT NBR.

Em 1987 a ISO adotou uma norma inglesa que se tratava de gestão da qualidade, e deu

origem a série de normas ISO 9000. Ela designa um grupo de normas técnicas que

estabelecem um modelo de gestão da qualidade para organizações em geral, qualquer que

seja o seu tipo ou dimensão. Para adequar as necessidades do mercado, as normas da série

ISO 9000 são revisadas periodicamente. No caso de certificação de sistemas da qualidade é

utilizada a norma ISO 9001. A sua última revisão foi feita em 2008, e é a utilizada por empresas

em mais de 140 países. (FREITAS 2011)

Ainda seguindo essa metodologia, é ideal

que uma empresa consiga o selo da ISO para que assim ela ganhe conhecimento e melhore a

sua imagem no mercado, aumentando a confiança do cliente, melhora o desempenho dos

serviços, reduza os custos por ineficiência, diminua os riscos, entre outros. A ISO 9001:2008 é

baseada em 8 princípios básicos, que são:

a) Foco no cliente;

b) Liderança;

c) Envolvimento de todos;

d) Abordagem de processos;

e) Abordagem sistêmica;

f) Melhoria contínua e continuada;

g) Decidir baseado em fator reais e concretos;

h) Benefícios mútuos entre a organização, os clientes e os fornecedores;

Page 40: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

28    

Esses fatores são aplicados a qualquer tipo de empresa, inclusive para construtoras. Quando

uma empresa é certificada pelo PBQP-H, ela pode também certificar-se pela ISO 9001, visto

que os requisitos normativos estão contemplados. Abaixo é destacada a parcela da ISO 9001

que pode ser relacionado com a entrega de obra (produto):

“5.2 Foco no cliente

A Alta Direção deve assegurar que os requisitos do cliente são

determinados e atendidos com o propósito de aumentar a satisfação do

cliente (ver 7.2.1 e 8.2.1).

7.5.1 Controle de produção e fornecimento de serviço

A organização deve planejar e realizar a produção e o fornecimento de

serviço sob condições controladas. Condições controladas devem incluir

quando aplicável

a) a disponibilidade de informações que descrevam as características do

produto,

b) a disponibilidade de instruções de trabalho, quando necessário,

c) o uso de equipamento adequado,

d) a disponibilidade e uso de dispositivos para monitoramento e

medição,

e) a implementação de medição e monitoramento, e

f) a implementação da liberação, entrega e atividades pós-entrega.

8.2.1 Satisfação dos clientes

Como uma das medições de desempenho do sistema de gestão da

qualidade, a organização, deve monitorar informações relativas à

Page 41: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

29    

percepção do cliente sobre se a organização atendeu aos requisitos do

cliente. Os métodos para obtenção e uso dessas informações devem ser

determinados. “

 

Page 42: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

30    

4 PRÁTICAS UTILIZADAS NA ENTREGA DE OBRAS E PERCEPÇÃO DO CLIENTE NA ENTREGA Desde o início da engenharia civil até os dias de hoje, já foram utilizadas diversas práticas

para entregar obras, se transformando com o tempo, porém ela se padroniza de acordo com o

momento vivido. Com isso, nesse capítulo são citadas as práticas mais comuns realizadas

atualmente.

4.1 Aspectos Gerais

Para que a entrega das obras de edificações multiresidenciais seja dada como completa,

é necessário que sejam entregues todas as unidades do empreendimento e também a área

comum. E elas se dão quando as sequências de serviços ali necessários são concluídas.

A entrega das unidades aos proprietários é feita mediante a agendamento prévio e ela

sucede algumas revisões. Antes de efetuar a entrega final aos clientes, é necessário que seja

feita uma revisão final do apartamento, para que sejam reparados eventuais danos. Antecede

essa revisão final, a inspeção dos serviços efetuados pelas empreiteiras contratadas na etapa

de execução da obra. Concluído essas duas etapas, é feita a vistoria do cliente e, com o aceite,

é marcado a entrega das chaves (NORONHA 2013)

Para que seja efetuada a entrega das áreas comuns, deve-se haver as mesmas

inspeções revisando os serviços efetuados e posteriormente revisando qualquer dano causado

no local. Como atualmente as áreas comuns estão muito amplas e representam uma alta

valorização do apartamento, essa entrega é feita a um corpo de proprietários, e não apenas um,

escolhidos e nomeados para exercer essa função. Essa escolha geralmente é feita mediante a

assembleias e a entrega é efetuada antes das entregas das unidades. (SANTOS et al, 2003)

Com a grande integração da sociedade atualmente, e o crescimento da economia de

alguns anos atrás, como dito em capítulos anteriores e por Gondin (2013), vem sendo feito um

vasto investimento também nas zonas de baixa renda no Brasil. Porém as vistorias nesses

casos são feitas com menos rigor, uma prática que, infelizmente, é muito comum, é ter uma

preocupação muito maior com a qualidade e com os acabamentos em unidades localizadas em

empreendimentos de alta renda, enquanto o mesmo não se repete em empreendimentos de

baixa renda.

Page 43: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

31    

4.2 Inspeção das Unidades habitacionais

4.2.1 Inspeção Preliminar e Inspeção Final

Como dito anteriormente, antes de que seja feita a inspeção final juntamente com o

cliente, são feitas duas inspeções, buscando a melhor qualidade no momento da entrega. Para

que seja executado um serviço a construtora se dispõe de duas possibilidades, fazer por

empreitada ou fazer com a própria mão de obra. Nos dois casos é necessário que haja uma

revisão do serviço executado, onde ela é feita juntamente do mestre de obras, o encarregado

da empreiteira, caso seja uma empreitada, e algum membro do setor de engenharia,

engenheiro ou estagiário. É de grande importância que essa revisão seja feita de forma

rigorosa, para que seja evitado o retrabalho posteriormente. No caso de empreitadas, essa

revisão é feita para que seja realizado o pagamento do serviço contratado, e vale também para

avaliar a qualidade do mesmo, para a ciência do engenheiro na contratação em futuras obras.

Essa é a inspeção preliminar. (NORONHA 2013)

A inspeção final é realizada após a conclusão de todos os serviços necessários para a

entrega. É realizado o agendamento com os proprietários das suas respectivas unidades. A

ordem que em que ela é feita depende de uma série de fatores, e eles são discutidos entre a

construtora e a incorporadora, porém esse não é o foco principal desse material de estudo.

Efetuados os agendamentos, é feita essa revisão final, ela é realizada devido a eventuais danos

causados depois da entrega dos serviços ou quando não percebidos na primeira inspeção.

Então é realizada uma revisão em todos os serviços prestados por uma equipe com mão

de obra própria ou contratada para tal. Revisa-se desde vazamentos nos metais, até trincas ou

rachaduras nas cerâmicas e azulejos, não podendo deixar de revisar também as esquadrias e

pinturas, finaliza-se com a limpeza da unidade. Esse é um serviço delicado, e que requer muita

atenção, por isso exige uma mão de obra mais qualificada, em geral são fornecidas equipes

próprias por empreiteiras.

Ramos e Filho (2007) propõem a elaboração de um check-list, devido a grande

importância dessa revisão, constando os itens a serem revisados em cada unidade. Assim fica

mais fácil que seja atacado apenas os defeitos encontrados, evitando que sejam feitos mais de

uma vistoria no local e que possíveis vícios encontrados sejam esquecidos e não corrigidos.

Ainda é proposto que se atente os sistemas presentes no imóvel, verificar o funcionamento dos

Page 44: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

32    

equipamentos instalados, verificar e tratar vícios aparentes, como azulejos lascados, pintura

riscada, caixilho com falha no fechamento, sifões vazando, etc.

Também segundo Noronha (2013), para uma ajuda na realização desse check-list, o

engenheiro dispõe de uma planilha com os serviços e os cômodos para guiar nessa revisão, e é

feito por alguém do setor de engenharia com olhos mais críticos, mais comumente o estagiário

o realiza, o que faz com que em alguns casos, inicialmente, passe algo desapercebido, devido a

inexperiência.

O uso dessas metodologias que estão sendo aplicadas pelas construtoras atualmente

será abordado no capítulo 6 desse material de estudo. Serão exemplificados e aprofundados os

procedimentos para entrega de obras, como são feitas as inspeções e a utilização do check-list

nelas.

4.2.2 Inspeção dos Clientes e Entrega das Chaves

Com a conclusão da inspeção final é realizada a inspeção com o cliente, onde o mesmo

entra e vistoria o seu próprio imóvel comprado. Ele é acompanhado de um responsável da

engenharia, engenheiro ou estagiário, para que sejam retiradas eventuais dúvidas. Uma prática

comum utilizada em entregas, é a contratação de, ou a companhia de amigos, engenheiros ou

arquitetos que já possuem uma certa experiência no ramo para auxiliar, quando o cliente não

entende ou não está seguro para isso. (SANTOS et al, 2003)

É imprescindível a presença do proprietário, pois é necessário que ele assine o termo de

vistoria dando o aceite, ou acusando possíveis não conformidades. Caso a segunda opção

venha a acontecer, o item questionado será avaliado pelo engenheiro, e então será fornecido

uma solução. Caso o serviço prestado não seja muito grande é pedido o aguardo do cliente,

para que ele seja solucionado na hora. Isso ocorre pois é deixada uma equipe em plantão,

composta por pintor, pedreiro, marceneiro, eletricista, bombeiro e ajudante e um encarregado

para direcionar e organizar a equipe. A não conformidade exposta pelo proprietário é passada

ao encarregado para a correção da mesma.

Ainda seguindo toda essa linha de raciocínio proposta por Santos et al (2003), pode-se

dizer que com o aceite da unidade, é assinado o termo de aceite e assim é possibilitado a

entrega das chaves. Isso não ocorre no ato da assinatura, pois juntamente das chaves da

entrada, são entregues também um kit, composto (quando a existência) pelas chaves dos

Page 45: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

33    

cômodos, como quartos e cozinhas, aerador das torneiras e tampões dos ralos, muito comum

serem retiradas para evitar roubos, além dos projetos As-Built e o manual do proprietário,

composto de informações importantes que devem ser seguidas.

Na vistoria que é feita com o cliente, deve-se informar ao mesmo o correto método de

utilização, manutenção preventiva e a limpeza dos componentes presentes no imóvel, de modo

a buscar e garantir o bom funcionamento, para que assim seja solicitada o menos possível de

assistência técnica (RAMOS e FILHO 2007).

4.3 Inspeção das Áreas Comuns e Entrega ao Empreendimento

Como já foi dito no item 2.1, as áreas comuns ganharam muita força e representam

grande valorização do condomínio. Isso faz com que seja dado uma grande importância para

essa parte da obra. Pois há a possibilidade do interesse da revenda ou aluguel do imóvel

comprado pelo cliente, e também para o uso do mesmo, caso opte por morar em sua unidade.

Segundo Santos et al (2003), entrega das áreas comuns é feita de maneira similar a

entrega das unidades, com a diferença de que ela é realizada por uma equipe maior, são

escolhidos mais de um proprietário para a realização. Essa comissão pode ser escolhida

através de uma votação ou por voluntariedade, de acordo com a disponibilidade de cada um.

Essa vistoria usualmente é feita antes da entrega das unidades e após a assembleia de

instalação de condomínio, como foi observado após as pesquisas feitas com engenheiros

construtores, e também pode ser acompanhada de um engenheiro ou arquiteto, contrato para

essa fiscalização, com experiência no ramo.

4.4 Constituição do Condomínio

Após a conclusão da obra, de uma edificação multifamiliar, ela passa-se a ser chamada

de condomínio, e isso ocorre, pois, a incorporadora entrega a administração do mesmo aos

proprietários e estabelece o condomínio. Também é de sua responsabilidade orientar os

moradores na constituição do condomínio.

A constituição do condomínio é realizada após ser convocada uma assembleia. As

construtoras e incorporadoras ajudam na orientação para a elaboração da convenção, eleição

do síndico, vice síndico e conselho fiscal. (HERNANDES 2013)

Page 46: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

34    

O condomínio deve respeitar o Código Civil Brasileiro, segundo a lei 4.591, Título I - Do

Condomínio, que é subdividido em 6 capítulos. É de responsabilidade tanto do síndico quanto

da administradora respeitá-lo, sendo sujeito as penalidades prevista na Constituição Brasileira.

O Título II – Das Incorporações, diz respeito as responsabilidades das incorporadoras presentes

na lei, sendo sujeita também as penalidades previstas na Constituição. Como não é do

interesse desse material de estudos focar nas leis do condomínio, os capítulos presentes no

Título I são apenas listados abaixo, para o interesse e informação do leitor:

a) Da Convenção de Condomínio;

b) Das Despesas do Condomínio;

c) Do Seguro, do Incêndio, da Demolição e da Reconstrução Obrigatória;

d) Utilização da Edificação ou do Conjunto de Edificações;

e) Da administração do Condomínio;

f) Da Assembleia Geral;

Para cuidar de todas essas áreas comuns, sem que o síndico do condomínio seja

sobrecarregado, podem ser contratadas empresas especializadas na administração dessas

áreas comuns, como proposto por Merlone (2012). Elas são escolhidas mediante assembleia e

se responsabilizam na administração após realizada a entrega dessas áreas comuns por parte

das construtoras. E essas etapas serão discutidas nos itens a seguir.

4.5 Assistência Técnica

Como já foi abordado, no aceite do apartamento, o cliente assina o termo de vistoria

confirmando receber o apartamento, para que então sejam entregues as chaves ao mesmo no

kit. Porém, mesmo com o termo assinado, as construtoras ainda têm suas obrigações a prestar

com os clientes. Como debatido no capítulo 3 desde estudo, é obrigado que sejam dadas

garantias aos clientes, e elas são feitas na forma de assistências técnicas.

Ao ter o contato com o dano, o cliente deve entrar em contato com os responsáveis, no

caso as construtoras, para que seja agendada uma visita na unidade. Com a visita é feita a

vistoria pelo responsável e elaborado um laudo pelo engenheiro. Caso o vício seja procedente,

é programado os serviços necessários para a realização do reparo, ele é entregue e avaliado

pelos clientes. Deve-se avaliar os dados, para que esse problema não se repita em obras

futuras. Caso ele não seja procedente, pode-se realizar os serviços de cortesia, ou dar um

suporte para o cliente, de modo que ele seja satisfatório (RAMOS e FILHO 2007).

Page 47: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

35    

É importante que depois de ser efetuada a assistência técnica, todos os problemas sejam

solucionados, e sejam tomadas medidas duradouras e não paliativas, de modo que os

problemas não sejam reincidentes, gerando uma maior satisfação do cliente.

Ainda segundo Ramos e Filho (2007), “é importante que as empresas tenham um setor

específico de assistência técnica, bem como procedimentos padronizados para as várias

atividades como: entrega do edifício e/ou unidade ao cliente externo; auxílio ao usuário para

melhor utilização e maior durabilidade do imóvel; atendimento à solicitação do cliente; análise

da solicitação, programação e realização do serviço; apropriação dos custos envolvidos no

atendimento; ações preventivas e retroalimentação do sistema e levantamento da satisfação do

cliente em relação aos serviços prestados.”

A Figura 1 representa um fluxograma com as etapas e como deve ser realizada uma

assistência técnica. Como foi explicitado anteriormente nesse capítulo, primeiramente é

realizado o contato para o agendamento da visita. Na visita técnica é feito um laudo para saber

a procedência da reclamação, para que assim seja avaliado se será feito ou não o reparo.

No capítulo 6 será abordada uma avaliação dos indicadores, principais falhas e as

reclamações dos clientes, tanto na assistência técnica quanto na vistoria de entrega e cada um

dos seus respectivos custos.

Page 48: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

36    

 

Figura 1: Fluxograma Geral da Assistência Técnica

Fonte: RAMOS e FILHO (2007)

4.6 Relacionamento e Influência do Atendimento com os Clientes

A partir do final da década de 80, as empresas começaram uma busca pela qualidade e

produtividade, incorporando grandes mudanças nos conceitos da gestão da qualidade e

produtividade. Uma das razões para essa mudança, é a constante busca para um melhor

relacionamento com o cliente. Isso fez com que incorporadoras e grandes construtoras

investissem em um mercado não muito explorado. Assim sendo ter o foco no cliente, a atender

suas necessidades, mantendo-o satisfeito representa o sucesso da empresa no mercado, seu

crescimento ou mesmo sobrevivecia. (RAMOS e FILHO 2007)

Page 49: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

37    

4.6.1 Marketing no Mercado

O marketing, como em qualquer mercado, é de grande importância. O mesmo acontece

com o setor da construção civil, então é de muita importância que se tenha um bom

relacionamento com os clientes. Buscando até mesmo a fidelizar os mesmos, de modo que eles

possam confiar no investimento em que estão fazendo.

Segundo Abreu (1996), é necessário que haja um relacionamento entre o cliente e a

empresa contratada no pós-venda, de forma que seja mantida a satisfação dos mesmos

aumentando a possibilidade da recompra. É importante que a empresa seja ativa e atue com

proximidade aos clientes, visando se antecipar as necessidades, buscando a sua satisfação

com o bem adquirido.

Para que haja essa aproximação com o cliente, deve ser feita uma associação de modo

que ele participe do desenvolvimento de novos produtos e serviços, criando vínculos com a

empresa, seja a construtora ou a incorporadora. Dessa maneira é possível que se tenha uma

análise de feedback, dedicando-se mais aos clientes e monitorando a concorrência, de modo a

desenvolver um método de se usufruir mais do produto desenvolvido, no caso, edificações

multifamiliares. (SALIBY 1997).

4.6.2 Relação na Construção Civil

No setor da construção civil, o período de contato entre o cliente e a empresa é muito

longo, tendo em vista que os mesmos começam a se relacionar antes mesmo do início da

construção, e continuam mesmo após a entrega. Porém, o que é muito visto é uma prioridade

em focalizar na qualidade do produto, com o objetivo apenas da valorização na venda, não

priorizando a qualidade no atendimento a serviços prestados (DANTAS e HOCHHEIM)

A preocupação com satisfação do cliente não acaba quando é realizada a entrega da

unidade, pois o contato ainda é mantido nas assistências técnicas, e uma eventual insatisfação

pode afastar possíveis futuros clientes, como dito por Dantas e Hoccheim. Ainda seguindo essa

linha de raciocínio, esse relacionamento pode ser dividido e analisado, de acordo com a etapa

em que a obra se encontre.

Page 50: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

38    

4.7 Inspeção Final e Entrega das Chaves

O ato da entrega do apartamento ao cliente gera uma grande expectativa, tanto para a

construtora, pois é onde o seu trabalho será avaliado, quanto para os clientes, pois foi feito um

grande investimento para a compra do seu bem imóvel. Por isso é de grande importância que

não se tenha grandes falhas, pois pode gerar uma frustração no cliente que prejudica a imagem

da construtora e incorporadora no mercado. Como já foi dito no capítulo 4, são realizadas

algumas inspeções antes da entrega definitiva ao cliente, então subentende-se que o reparo

prévio das falhas garantirá que o cliente fique satisfeito no dia da vistoria. (RAMOS e FILHO

2007)

Com a facilidade de acesso a informação e a maior comunicação, proporcionada pela

internet, fez com que os clientes se atentassem mais na qualidade da sua unidade. Isso ocorre

pois há uma grande quantidade de blogs e notícias vinculados a portais que auxiliam nessa

etapa da obra. Desde que haja um interesse e um empenho do cliente, dificilmente haverá o

aceite com alguma pendência para trás, ocasionando em assistência técnica.

Como proposto por Guimarães (2014), é ideal que a vistoria seja feita em um dia com Sol,

para que se possa ter uma boa iluminação e claridade do ambiente, para poder observar melhor

os possíveis danos encontrados. E sejam verificados os itens listados a seguir, pois são os que

geralmente se encontram com mais falhas:

a) Esquadrias: abrir e fechar para ver se não há nenhum defeito nas portas e janelas;

b) Cerâmicas: verificar se não há nenhuma peça do piso ou azulejo trincado, riscado ou mesmo

oco;

c) Louças: verificar se foi instalada corretamente e não há um possível vazamento, e se não há

alguma peça arranhada;

d) Metais: testar para ver se não há nenhum vazamento nos sifões e se não estão entupidos;

e) Caimentos: fazer o teste se as áreas molhadas vendidas estão com o caimento correto para

os ralos;

f) Pintura: conferir se não há rachaduras, danos ou sujeira nas paredes ou forros de gesso;

Há também a possibilidade que sejam contratados profissionais especializados em entregas

de apartamentos para acompanhar o cliente durante ou antes da vistoria com o cliente.

Resende, Melhado e Medeiros (2002) chamam esse acompanhante de cliente externo e o

Page 51: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

39    

proprietário de cliente interno e propõem que a visita do cliente interno seja feita antes para

reparos de supostos defeitos. Depois de corrigidas as falhas identificadas durante a entrega ao

cliente interno, procede-se à entrega do imóvel ao cliente externo. Essa entrega deve seguir,

com menor nível de detalhamento, os mesmos procedimentos realizados para a entrega ao

cliente interno, inspecionando, principalmente, os itens básicos e aqueles de maior valor para

os clientes

De acordo com o trabalho realizado por Jobim (1997), as principais reclamações dos clientes

para com as construtoras envolvem a receptividade no atendimento, cumprimento de prazos,

imagem da empresa, documentação fornecida e assistência técnica. Essa última foi a que

apresentou um maior índice de insatisfação, por isso será abordada a seguir.

4.8 Contato com as Construtoras

4.8.1 Assistência Técnica

Segundo Jobim (1997), a assistência técnica representa uma frequência acima de 50%

de insatisfação dos clientes, na pesquisa foram adotados a receptividade, o cumprimento dos

prazos, a assistência técnica, a imagem e a documentação fornecida como itens relacionados a

construtora. E sua possível causa está a falta de disponibilização de uma equipe especializada

para exercer essa função.

Ainda seguindo Jobim (1997), é de grande importância que o serviço de assistência

técnica tenha um elevado grau de satisfação, pois ele é responsável por reverter o quadro em

que o cliente se encontra, tendo em vista que são atendidos clientes insatisfeitos com

determinado serviço.

Como abordado no item 4.5, e ilustrado na Figura 2, deve-se também haver uma coleta

de dados, visando a minimização de assistências futuras. De modo que seja feita uma coleta de

dados, possibilitando uma ação preventiva do ressurgimento nas obras seguintes. O serviço de

Assistência Técnica tem grande importância, pois além da função de atender a clientes

insatisfeitos e buscar reverter esse quadro, coleta dados que retroalimentam todos os setores

da empresa, como incorporação, projeto, obras, etc. e possibilita uma ação preventiva da

reincidência em novas obras ou em obras em execução. (RAMOS e FILHO 2007)

Page 52: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

40    

Figura 2: Esquema de Retroalimentação das Etapas do Processo Construtivo

Fonte: RAMOS e FILHO (2007)

É de grande importância que o cliente receba o manual do proprietário no ato da entrega

das chaves, e é de sua responsabilidade o uso do mesmo. Isso ocorre, pois, o manual é um

instrumento fundamental para a minimização da ocorrência de falhas devido a erros

provenientes da ausência ou da má́ execução da manutenção preventiva. Essa diminuição de

problemas causados pelo mau uso da edificação pelos proprietários proporciona uma redução

dos custos de manutenção. (RESENDE, MELHADO e MEDEIROS 2002)

Com o crescimento do setor de comunicação e informação, as grandes construtoras

contam com um espaço reservado aos clientes em seus portais na internet, permitindo que

sejam feitas críticas ou solicitada a assistência técnica em qualquer lugar e a qualquer hora.

Isso agilizou o processo, gerando uma maior satisfação e consequentemente uma aproximação

que há alguns anos não se tinha.

4.8.2 Dificuldades e Reclamações

Assim como foi descrito no item 3.1 desse material de estudo, para recorrer aos seus

direitos, os clientes podem recorrer ao judiciário. No caso de vício redibitório, para mover uma

ação com o intuito de abater o preço, chamada de ação estimatória. Caso ela tenha o intuito de

exigir a resolução do contrato, ela se chama ação redibitória. Isso está presente no código civil.

Com isso, as construtoras devem possuir um setor para que os clientes recorram.

Entretanto, a existência desses procedimentos não deve dificultar as reclamações dos clientes,

Page 53: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

41    

uma vez que as insatisfações não reportadas à empresa podem gerar comentários negativos, e

esses comentários tem sobre as vendas um impacto maior do que os comentários positivos.

Além de facilitar as reclamações dos clientes, as empresas devem possuir uma eficiência no

atendimento dessas, visando um aumento da satisfação dos seus clientes em relação aos

serviços prestados pela empresa. (RESENDE, MELHADO e MEDEIROS 2002)

Após finalizado o processo de atendimento à reclamação, é importante apropriar os

custos incorridos com os serviços de assistência técnica por empreendimento e tipo de

manifestação patológica, procurando caracterizar a parcela dos custos da não qualidade

relativos aos serviços e reparos executados após a entrega da obra. A apuração dos custos

associados aos reparos pode identificar as principais oportunidades para a redução dos custos,

da insatisfação do consumidor e servir de estímulo para o aperfeiçoamento tecnológico da

empresa. (RESENDE, MELHADO e MEDEIROS 2002)

4.9 Imagem com os Clientes

Diariamente é apurado um total de avaliações feitas pelo site Reclame Aqui

(<www.reclameaqui.com.br>), um portal conhecido por contabilizar e publicar as principais

reclamações feitas pelos clientes. No caso de das construtoras, a incidência de reclamações

das nos últimos 12 meses apontam os seguintes números:

- 6.873 (construtora com maior número de reclamações);

- 3.308 (segundo lugar);

- 1.312 (terceiro lugar);

- 1.102 (quarto lugar);

Isso é muito prejudicial, pois como já comentado, o acesso às informações pelas

pessoas está muito grande, e isso gera um impacto negativo para futuros negócios.

Ainda segundo esse portal, os principais motivos de reclamações envolvem o atraso na

entrega, o desrespeito com o consumidor, o cliente se sentiu prejudicado, foi realizada alguma

cobrança indevida, propaganda enganosa, demora na devolução do dinheiro, ou mesmo um

mau atendimento.

Page 54: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

42    

As grandes construtoras, juntamente com as incorporadoras responsáveis por fazer os

investimentos, devem se preocupar com a sua imagem, pois assim é que haverá o retorno ao

investimento realizado. Essa é uma questão cada vez mais preocupante, tendo em vista ao

esfriamento do mercado, devido a diminuição do PIB e da explosão da bolha imobiliária,

questão já levantada no capítulo 2.  

Page 55: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

43    

5 BOAS PRÁTICAS NA ENTREGA DE OBRAS Durante todo o estudo para o desenvolvimento desse trabalho, foram realizadas pesquisas

e os seus resultados foram exposto no corpo do mesmo. As construtoras e as incorporadoras dispõem de programas, normas e legislação que possuem a finalidade de fazer com que elas busquem uma melhor qualidade na entrega das unidades aos clientes mediante a padronização de suas práticas.

A gestão na qualidade, como já dito, virou um diferencial nos empreendimentos em

construção. Cada vez mais está sendo procurado alcançar a total satisfação do cliente, por isso

as grandes construtoras possuem em suas páginas na internet canais de acesso para um

contato direto com eles.

Para identificar as práticas de entrega de obras que de alguma forma tenham contribuído

para a minimização de reclamações dos clientes na entrega e na pós entrega foram realizadas

pesquisas junto a empresas construtoras consideradas como referencial de qualidade pelo

mercado. Procurou-se pesquisar construtoras cujos índices de reclamações dos clientes são

reduzidos quando comparados com aqueles apresentados no item 4.9.

Foram pesquisadas as práticas de entrega de obras de edificações multiresidenciais

adotadas por quatro empresas construtoras atuantes na cidade do Rio de Janeiro. Os

resultados são apresentados no item 6.1

Um outro estudo, mais aprofundado, foi realizado em uma construtora cujo processo de

entrega de obras foi acompanhado no campo. Este estudo é reportado no item 6.2.

5.1 Boas Práticas de Relacionamento com os Clientes

A satisfação com o cliente tem sido uma das preocupações das grandes construtoras e

incorporadoras na hora de fazer um alto investimento, como já dito. Isso se reflete com as

novas práticas utilizadas e o contato maior que, sendo um diferencial, tem a finalidade de atrair

e fidelizar o cliente. Essa satisfação também se da respeitando os prazos e transparecendo as

dificuldades encontradas, pois assim há uma maior aproximação.

Um conjunto de boas práticas se torna referencia para contratantes e contratados, sejam

as construtoras, incorporadoras, projetista, ou qualquer outra do ramo imobiliário. Todas elas

executando um trabalho bem feito, contribui para que a edificação atenda os principais

requisitos de desempenho, buscando uma melhor gestão da qualidade.

Page 56: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

44    

Deixa-se de apresentar a identificação das empresas pesquisadas em função de não ter

sido obtida a autorização formal para tal. Dessa forma, as empresas são identificadas como A,

B, C e D.

5.1.1 Boas Práticas da Empresa A

Atualmente no mercado, a empresa A disponibiliza em seu site oficial um canal de

relacionamento com o cliente. Nele é possível obter informações sobre os empreendimentos,

seja em qualquer etapa da obra, também é disponível um vídeo com dicas, orientações e os

procedimentos utilizados nas vistorias, ajudando aos proprietários leigos no assunto. Com uma

linguagem simples e prática e a criação de um personagem de desenho, faz com que o cliente

se sinta à vontade e fique mais confortável. Há também conteúdo próprio para os clientes, como

promoções, mediante a efetuação de um login.

Ainda na empresa A, a aproximação com o cliente é feita a partir de chat’s online

durante todo o dia, telefones para contatos, perfis em redes sociais e até a edição de revistas.

Tudo isso mostra como a satisfação do cliente ganhou muito destaque e se tornou um grande

diferencial.

Também é possível ter acesso a informações como o lançamento dos próximos

empreendimentos e como está o andamento das obras. Além da criação do personagem de

desenho, a empresa A também mostrou a iniciativa de interagir com o público infantil criando

uma revista voltada para as crianças.

Essas práticas utilizadas pela empresa A, também vem sendo utilizadas por outras

empresas no mercado atualmente, cada uma com a sua peculiaridade, mas todas com o

mesmo objetivo, fazer com que o cliente “sinta-se em casa” e fique satisfeito com a compra

realizada. Até empresas de menor porte também possuem esse portal de contato com o cliente,

porém com uma maior simplicidade, tendo em vista a limitação de seu menor investimento.

5.1.2 Boas Práticas da Empresa B

No site oficial da empresa B, muito forte no mercado da construção civil, é possível obter

informações dos investidores, das ações da empresa e também é divulgado o balanço da

receita. Isso mostra uma transparência, o que melhora a sua imagem com o cliente, assunto

discutido no item 5.4. Outro fator de aproximação com o cliente é o fato de ser possível

negociar o seu terreno com a construtora para uma futura construção.

Page 57: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

45    

Há um portal do cliente com acesso mediante a login, nele são informadas as condições

da obra, obter informações quanto aos calendários, canal de atendimento ao cliente, marcar

visitas a obra, consultar as garantias e ainda é possível solocitar e agendar uma assistência

técnica, sem haver a necessidade de sair de casa.

Também há a possibilidade de se comunicar via chat online durante o dia inteiro, via as

redes sociais mais utilizadas, ou mesmo por telefone, mas não houve a mesma interatividade e

informação vista na empresa A.

Na questão de assistência técnica, a empresa B não demonstrou a mesma preocupação

em informar os clientes como a empresa A. Não há vídeos ou cartilhas informativas qie ajude

quem é leigo nesse assunto.

5.1.3 Boas Práticas da Empresa C

A empresa C também demonstrou grande preocupação com o cliente. Fornecendo

também vídeos informativos, ajudando os clientes, assim como visto na empresa A. O portal

dos clientes, também com acesso mediante a login, é bastante explicativo. Nele é possível

obter informações sobre o imóvel, estágio da construção, área financeira entre outros.

São oferecidas diversas formas de se entrar em contato, afim de que seja solicitada e

agendada a assistência técnica, quando for necessário. Esses vídeos informativos ajudam a

mostrar aos clientes o que pode e deve ser feito na assistência técnica e contribui também para

mostrar como ocorrem o que deve ser visto durante as vistorias.

É oferecido também um programa que oferece alternativas pré-definidas para

customização do seu próprio imóvel. As escolhas serão executadas durante a fase de

construção, permitindo que a unidade seja ajustada de acordo com as necessidades e estilo de

vida do Cliente. As sugestões aplicam-se conforme o segmento de cada empreendimento. E

também são oferecidas informações pelo blog oficial da empresa.

5.1.4 Boas Práticas da Empresa D

A empresa D, apesar de ser uma grande construtora e muito atuante no mercado, não

demonstra a mesma preocupação com os clientes como as três anteriores. Em seu site oficial é

possível entrar em contato via chat online ou mesmo via redes sociais.

Page 58: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

46    

Ela se destaca na transparência, qualquer pessoa, seja cliente ou não, tem acesso ao

andamento da obra. É possível ver o andamento e a evolução dos serviços executados em

cada uma das obras.

O portal do cliente, também com acesso mediante a login, é muito limitado. Não

apresenta vídeos informativos de modo a tirar dúvidas quanto as vistorias de entrega da

unidade, ou mesmo os medidores de assistência técnica. Não é possível agendar e solicitar

assistência técnica via internet, como visto nas anteriores, e também não são agendadas visitas

a obra.

Esses motivos justificam e corroboram o que foi dito no item 5.4 desse material de

estudo, pois a empresa D está presente no ranking entre as construtoras com maiores

reclamações que foi mostrado.

5.1.5 Resumo de Boas Práticas Identificadas

Esses fatores mostram uma preocupação da construtora em se aproximar e informatizar

os seus clientes. Isso se torna incluente no momento de assistência técnica quando são

evitadas as solicitações por uso indevido, ou mesmo com reclamações que não são

procedentes. A Tabela 1 mostra um resumo do que foi dito no decorrer dos itens anteriores. Foi

feito um levantamento com os itens que o autor julgou serem os principais nas boas práticas

utilizadas e quais empresas, dentre as pesquisadas, estão aplicando.

Tabela 1: Resumo de Boas Práticas Utilizadas pelas Construtoras

 EMPRESA  

BOAS  PRÁTICAS  UTILIZADAS   A   B   C   D  Chat  Online   X   X   X   X  

Status  da  Obra   X   X   X   X  Vídeos  Informativos   X       X      

Canal  Direto  com  o  Cliente   X   X   X   X  Diversos  Meios  de  Comunicação   X   X   X      

Interatividade   X              Modificações  no  Imóvel           X      

Fonte: O Autor (2015)  

Page 59: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

47    

5.2 Estudo de Caso – Sinfonia Residencial Club

O estudo de caso foi realizado em um empreendimento multiresidencial tomando por

base no que foi apresentado no conteúdo desse trabalho, com o intuito de avaliar se neste

empreendimento há o emprego das técnicas descritas. São expostos as técnicas utilizadas e os

critérios de avaliação, bem como uma relação comparativa de quais as principais reclamações

e o impacto que isso gerou.

Também é feita uma análise entre os apartamentos aprovados sem que fosse

documentado alguma não conformidade e os que foram necessários agendar uma revistoria. E

para finalizar é feita uma abordagem da necessidade de assistência técnica no pós entrega,

para concluir se há alguma relação com as unidades em que foi necessário realizar uma

revistoria.

5.2.1 Apresentação

O empreendimento estudado localiza-se na Estrada Intendente Magalhães, 95 –

Madureira, Rio de Janeiro – RJ, conforme ilustrado na Figura 3. Tal empreendimento é de

responsabilidade da construtora ORQUIN, com sede em Avenida das Américas, 17.777, sala

302 – Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro – RJ, e incorporada pela TAO

Empreendimentos, com sede em Rua Dias Ferreira, 190, sala 402 – Leblon, Rio de Janeiro –

RJ.

Figura 3: localização do empreendimento avaliado. Dados retirados de

http://www.taoempreendimentos.com.br/web/mostra_empreendimento.asp?emp=sinfonia&cid=ri

o (29 de Julho de 2015 - 22:42).

Page 60: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

48    

O empreendimento leva o nome de SINFONIA – Residencial Club

(http://www.taoempreendimentos.com.br/sinfonia/), composta por dois blocos, sendo o primeiro

com 9 andares (8 apartamentos por andar) e o segundo é composto por 10 andares (6

apartamentos por andar). A área comum é composta por PUC, duas garagens e térreo. No

térreo, o empreendimento possui 2 lojas e uma portaria. O local possui, como mostrado na

Figura 4, Piscina com Raia, Piscina Infantil, Bar da Piscina, Espaço Chopp, Quadra de Grama

Sintética, Saunas Seca e a Vapor, Churrasqueiras com forno à lenha, Salões de Festa Infantil e

Adulto, Brinquedoteca, Street Ball, Fitness, Fitness Externo, Pistas de Skate e Patinação, Spa

com Hidromassagem, Espaço de Jogos, Espaço do Torcedor, Mini-Golf e Play Ground.

Na figura 5 é mostrada a fachada do empreendimento em estudo. Esse

empreendimento tem como público alvo da classe média, pois apesar de sua localização não

ser muito boa, possui um grande porte e acabamentos diferenciados. Essa obra foi financiada

pela Caixa Econômica Federal.

Figura 4: masterplan do empreendimento. Dados retirados de

http://www.taoempreendimentos.com.br/sinfonia/plantas.asp#!prettyPhoto (29 de Julho de 2015

- 22:45).

Page 61: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

49    

Figura 5: representação da fachada do empreendimento. Dados retirados de

http://www.taoempreendimentos.com.br/web/mostra_empreendimento.asp?emp=sinfonia&cid=ri

o (29 de Julho de 2015 – 22:41).

Foram feitas visitas à obra com a finalidade de realizar de check list das unidades com a

revisão final e posterior vistoria com os clientes. Cada unidade possui uma cozinha, com a

opção de ser fechada ou estendida (americana), uma sala, uma varanda, dois quartos, sendo

um suíte, e dois banheiros, um da suíte e um social.

5.2.2 Inspeção Final

Assim como descrito em capítulos anteriores, após a entrega de cada um dos serviços é

feita uma revisão, seja pelo encarregado, mestre de obras estagiário de engenharia ou o próprio

engenheiro. Ao final da entrega de todos os serviços na etapa de execução da obra, é

começada a mobilização para a entrega ao cliente.

Essa nova etapa consiste na inspeção de cada unidade que será entregue. elaboração

de um check list com as irregularidades e a solução deles. No estudo de caso proposto foi feito

Page 62: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

50    

um caderno com cada um deles, para um controle da qualidade de cada unidade. Onde o

responsável pela revisão preenchia uma tabela simples, acusando o defeito, o responsável para

o seu ajuste e as datas em que foi relatado o problema e quando ele foi solucionado, para que

se tenha tudo armazenado e documentado. De modo que seja gerado um banco de dados.

Para exemplificar o que foi dito é dada a Tabela 2, abaixo, que representa o controle de

qualidade feito na unidade 206 do bloco 2.

Tabela 2: Controle de Qualidade Sinfonia Residencial Club – 206 Bloco 2

CONTROLE DE QUALIDADE BLOCO 2 UNIDADE 206

data local irregularidade responsável

correção

data visto

03/jul Cozinha Tubo de esgoto MLR para fora Orquin 07/jul G. Leite

03/jul Cozinha Grelha ralo desparafusada Orquin 07/jul G. Leite

03/jul Cozinha Revisão rejunte Orquin 07/jul G. Leite

03/jul Cozinha Acabamento ralo pia solto Orquin 07/jul G. Leite

03/jul Cozinha Alizar parte dentro quebrado Gonzaga 07/jul G. Leite

03/jul Varanda

Parte de cima da porta varanda sem

calafate Orquin 07/jul G. Leite

03/jul Varanda Chapim da varanda sem rejunte Orquin 07/jul G. Leite

03/jul Varanda Ralo da varanda sem rejunte Orquin 07/jul G. Leite

03/jul Sala Alizar em cima porta varanda solto Gerpol 07/jul G. Leite

03/jul Sala

Parede quebrada em volta da porta de

entrada Orquin 07/jul G. Leite

Page 63: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

51    

03/jul

BH

Social Revisão de rejunte

Orquin 07/jul G. Leite

03/jul

BH

Social

Teto em volta canopla de exaustão sem

pintar Opas 07/jul G. Leite

03/jul

BH

Social Alizares com furos dos pregos amostra Gonzaga 07/jul G. Leite

03/jul Quarto Porta descascando na dobradiça superior Gonzaga 07/jul G. Leite

03/jul Quarto Porta não trava Gonzaga 07/jul G. Leite

03/jul Quarto

Tinta descascando na parede em volta

tomadas Opas 07/jul G. Leite

03/jul Quarto 2 buracos tampa Ar Condicionado Orquin 07/jul G. Leite

03/jul Quarto Viga torta Orquin 07/jul G. Leite

03/jul Quarto Tomada embaixo janela torta Orquin 07/jul G. Leite

03/jul BH Suíte Revisão de cerâmica Orquin 07/jul G. Leite

03/jul BH Suíte Viga torta Orquin 07/jul G. Leite

03/jul BH Suíte Alizares com furos dos pregos amostra Gonzaga 07/jul G. Leite

03/jul BH Suíte Porta não trava Gonzaga 07/jul G. Leite

03/jul BH Suíte Porta amassada em cima Gonzaga 07/jul G. Leite

03/jul Q. Suíte Viga torta Orquin 07/jul G. Leite

03/jul Q. Suíte Porta não trava Gonzaga 07/jul G. Leite

Fonte: O Autor (2015)

Page 64: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

52    

5.2.3 Vistoria com o Cliente

Após o reparo dos apartamentos, guiados pelo check list apresentado anteriormente,

foram feitas as vistorias com os clientes para a entrega das unidades. Foram utilizados métodos

similares aos descritos nos capítulos anteriores. Uma equipe composta por um encarregado,

um pintor, um bombeiro, um pedreiro, um carpinteiro e um ajudante ficava de plantão para

eventuais reparos acusados que fossem pequenos, enquanto um membro da equipe de

engenharia, estagiário ou engenheiro, acompanhava o cliente.

O cliente levava consigo o termo de vistoria, para que fossem anotadas as não

conformidades, caso houvessem, e posterior assinatura de aceite do apartamento. Muitos

levaram um material de guia retirados da internet, ou foram acompanhados de amigos

engenheiros, ou mesmo contrataram profissionais para realizar essa vistoria. Essa prática é

comum e também foi descrita no decorrer desse artigo.

Algumas unidades foram aprovadas no ato, mas algumas foi necessário agendar uma

nova vistoria com o cliente. É válido ressaltar que após acusada alguma não conformidade, ela

seria avaliada pelo engenheiro para que assim fosse reparada. O preenchimento do termo não

impõe que futuros problemas não seriam reparados, tendo em vista a possibilidade de

assistência técnica.

Após todas as vistorias concluídas, foi realizada a Tabela 2, com as relações dos

apartamentos que foram entregues no mesmo dia, marcados com o símbolo “o”, e com os que

houve a necessidade de agendar uma nova vistoria, marcados com o símbolo “x”.

Page 65: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

53    

Tabela 3: Relação da Entrega dos Apartamentos – Bloco 2

Aptº Situação Aptº Situação Aptº Situação Aptº Situação

201 x 301 o 401 o 501 o

202 o 302 x 402 o 502 o

203 o 303 o 403 o 503 x

204 o 304 o 404 o 504 o

205 o 305 x 405 o 505 o

206 x 306 o 406 o 506 o

Aptº Situação Aptº Situação Aptº Situação Aptº Situação Aptº Situação

601 o 701 o 801 x 901 o 1001 o

602 o 702 o 802 x 902 x 1002 o

603 o 703 o 803 x 903 x 1003 x

604 o 704 x 804 o 904 o 1004 x

605 o 705 x 805 x 905 o 1005 x

606 o 706 o 806 o 906 x 1006 x

Fonte: Autor (2015)

A coleta dos dados e os comentários dessa etapa serão feitos no último item desse

capítulo, de forma a ilustrar o desempenho desse empreendimento.

Page 66: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

54    

5.2.4 Avaliação do Custo na Etapa da Entrega

Para a execução dos serviços contidos no controle de qualidade e dos contestados

pelos clientes durante a vistoria existe uma equipe que fica disposta em plantão. Essa equipe é

constituída por um encarregado, cinco pedreiros, um eletricista, quatro pintores, um lustrador,

um gesseiro e cinco ajudantes. Além dos gastos de campo há também o custo da mão de obra

de escritório, que é composto pelo almoxarife e apontador.

Essa equipe representa um grande gasto para a obra, gerando impactos no orçamento.

Por isso a fiscalização da execução dos serviços é muito importante, para que esse impacto

seja o menor possível. Para enumerar esses impactos, a Tabela 4 mostrada abaixo, mostra

quanto custa a diária dessa equipe no empreendimento em estudo.

Tabela 4: Custos de Diária de Mão de Obra em reais

Folha  de  pagamento  Orquin  Apontador   1   292   292  Almoxarife   1   166   166  Encarregado   1   250   250  

Pintor   4   330   1320  Pedreiro   5   165   825  Ajudante   5   111   555  Lustrador   1   350   350  Gesseiro   1   200   200  

   Total   3958  

Fonte: O Autor (2015)

5.2.5 Assistência Técnica

Até o momento da realização desse estudo de caso, não houve muito a necessidade de

realizar a assistência técnica. Sendo solicitada apenas 4 vezes, e nas unidades a seguir:

a) Apartamento 305

Causa do contato: o ralo da cozinha se apresentava entupido.

Relatório do engenheiro: havia massa presente entupindo o ralo, mas o mesmo foi testado

na vistoria, não apresentando defeito. Houveram obras no apartamento, então concluiu-se que

Page 67: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

55    

a construtora não há responsabilidade. Mesmo assim o dano foi reparado, para garantir a

satisfação do cliente.

b) Apartamento 602

Causa do contato: Pontos de luz não estavam funcionando.

Relatório do engenheiro: não foi possível ser testado no ato da vistoria. Ao ser vistoriado foi

notado que o barramento do quadro de luz estava frouxo. O problema foi solucionado no ato.

c) Apartamento 706

Causa do contato: vazamento do sifão do tanque.

Relatório do engenheiro: o sifão estava vazando e era de responsabilidade da construtora.

Foi feita uma aplicação de silicone e com isso o vazamento parou.

d) Apartamento 903

Causa do contato: a porta do banheiro social estava sem tranca e a roseta estava frouxa.

Relatório do engenheiro: a solicitação era verdadeira, e foi instalado os materiais faltantes no

ato da vistoria.

Com isso, não há um material suficiente para que seja possível realizar uma conclusão

abrangente. O intuito desse item é comparar a necessidade da assistência técnica com a

necessidade de ser realizada uma revistoria. A intenção do autor era concluir que é possível

diminuir a assistência técnica na pós entrega se for realizada uma vistoria mais rigorosa no ato

da entrega, por parte do cliente. Esse rigor e aumento de critério surge com a troca de

informações, ou até mesmo com uma maior experiência na realização desse tipo de trabalho.

Deixando essa oportunidade para estudos futuros.

5.2.6 Resultados Obtidos

Após a vistoria e entrega de todas as unidades do bloco 2, foi possível traçar o grau de

aproveitamento do empreendimento. De todas as 56 unidades presentes no bloco 2, como visto

na Tabela 3, 36 foram aprovadas e aceitas no ato, enquanto as outras 18 foi necessário

agendar uma nova vistoria para serem aceitas. Isso demonstra um rendimento de 67% nas

entregas, como ilustrado no gráfico da Figura 6.

Page 68: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

56    

Figura 6: Gráfico com a porcentagem de necessidade de revistoria

Fonte: Autor (2015)

Nesses apartamentos em que foi necessário realizar uma nova vistoria, foi feito um

levantamento das não conformidades encontradas, a partir dos dados coletados nos termos de

vistoria. Foi contabilizado quantos defeitos foram encontrados em cada um dos serviços. Para

uma melhor análise, esses defeitos foram subdivididos em 8 tópicos, que são os seguintes:

a) Contratual

Nesse item foi contabilizado as reclamações na divergência que houve entre o pedido pelo

cliente na escolha do tipo da cozinha, fechada ou estendida. Houveram casos que o cliente

queria a cozinha do tipo americana, porém no contrato estava marcado que seria do tipo

tradicional, gerado pela falta de leitura do contrato assinado ou de confusão feita pelo corretor

na venda. Esse tipo de problema também pode ter ocorrido devido a um erro de comunicação

entre a incorporadora e a construtora.

b) Cerâmica

Aqui foi considerado quando os clientes notavam alguma falha nas cerâmicas dos

apartamentos (azulejo do banheiro, azulejo da cozinha ou o piso de toda a unidade). Dentre

elas estão cerâmicas riscadas ou até mesmo trincadas. Em alguns casos foi questionado a

67%  

33%  

Vistoria  com  o  Cliente  

Apartamentos  Aprovados   Apartamenos  com  Revistoria  

Page 69: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

57    

diferença de coloração, gerado pelo fato de ter sido trocada a pouco tempo e a cola ainda não

ter secado.

c) Rejunte

Nessa parte foram listados os casos de rejunte sujo, mal acabado ou não contidos em

algumas quinas.

d) Contrapiso

Alguns clientes alegaram que o piso do seu apartamento estava oco, ou não havia o

caimento necessário nas áreas molhadas, gerando poças. Sendo necessário que seja refeito o

contrapiso naqueles locais.

e) Hidráulica

Nesse tópico foi somado cada pendência na parte da hidráulica. Desde vazamentos em

sifões e chuveiros, até a pontos d’água enterrados, necessitando prolongadores. Também foi

considerado os esgotos que estavam entupidos.

f) Esquadria de Madeira

Toda e qualquer reclamação feitas nas portas utilizadas foram contabilizadas. As mais

frequentes foram a presença de rodapés não alinhados, alizares sujos, aduelas danificadas e

portas empenadas e arranhadas.

g) Pintura

Como os apartamentos, no ato da entrega, possuem paredes pintadas na cor branca,

qualquer marca de sujeira fica muito evidenciada. Também foram contabilizados nesse item

paredes e teto com a necessidade de um melhor acabamento de massa corrida, com a

presença de pequenos furos ou rachaduras, e a necessidade de lixar, para que eles fiquem

melhor nivelados.

h) Esquadria de Alumínio

Em cada unidade contava com a presença de guarda corpo da varanda, duas janelas e a

porta da varanda em alumínio. O que foi listado nesse tópico foram as reclamações feitas

quanto ao calafate nas portas das varandas, arranhões presentes ou a mal funcionamento de

um aparelho (janela ou porta não fecha ou há dificuldade para tal). Houveram casos em que a

borracha para vedação estava mal colocada.

Page 70: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

58    

Para ilustrar melhor o que foi listado, foi gerado um gráfico, mostrado na Figura 7, com a

frequência de cada um dos problemas encontrados pelos clientes. Todos eles foram ajustados

para a satisfação de cada um.

Figura 7: Gráfico com frequência dos problemas encontrados

Fonte: Autor (2015)

A instalação elétrica não foi considerada como um dos tópicos, pois ela não pode ter

sido testada na vistoria. Isso ocorreu, pois, os apartamentos não estavam alimentados com

energia, sendo necessário que o proprietário dê entrada na Light, órgão responsável pelo

fornecimento de energia elétrica na cidade do Rio de Janeiro, para serem instalados os relógios

medidores. A construtora Orquin alegou que todos os pontos foram testados e estavam

corretos, mas que caso houvesse algum problema, podiam solicitar a assistência técnica.

Um outro levantamento foi feito com os problemas listados pelos proprietários no ato da

vistoria, mas dessa vez com a frequência por apartamento, mostrado na Figura 8. Nele é

possível ver que em alguns casos, ao ocorrer o problema contratual listado, o cliente optou por

não receber o apartamento, mesmo não tendo nenhum outro problema. Essa opção foi

oferecida pela própria construtora Orquin, alegando que para o aceite, era necessário que o

cliente esteja satisfeito com o seu bem imóvel.

Page 71: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

59    

Outra crítica feita a partir da análise do gráfico abaixo é que em alguns casos foram

encontradas poucas pendências com o cliente, casos 1003 e 1004, mas foi necessário agendar

uma revistoria devido a complexidade dos problemas listados. O proprietário do 1003 alegou

haver uma coloração diferente nos azulejos da cozinha, caso descrito acima, e não quis

aguardar o mesmo secar. Enquanto no 1004 o problema foi encontrado no contrapiso, o

caimento na varanda não estava o desejado pelo cliente.

Figura 8: Gráfico com frequência dos problemas por apartamento

Fonte: Autor (2015)

É possível notar a partir da análise desses dados levantados que o custo é muito alto para

a etapa em que a obra se encontra e nesse modelo de construção, onde há uma grande

terceirização da mão de obra. É válido ressaltar que uma folha salarial de aproximadamente 90

mil reais por mês é muito alta, e foi somente levado em consideração os gastos com mão de

obra, tendo em vista a alta complexidade de se levantar os gastos com materiais. Porém esse

0  

2  

4  

6  

8  

10  

12  

14  

201   206   302   305   503   704   705   801   802   803   805   902   903   906  1003  1004  1005  1006  

Frequencia  dos  Problemas  Encontrados  por  Apartamento  

Esquadria  de  Alumínio  

Pintura  

Esquadria  de  Madeira  

Hidráulica  

Contrapiso  

Rejunte  

Cerâmica  

Contratual  

Page 72: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

60    

alto investimento é feito de maneira que no pós obra os gastos com assistência técnica sejam

reduzidos.

Page 73: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

61    

6 CONCLUSÕES Após toda a análise levantada no decorrer desse trabalho, fica bastante evidenciado que a

procura por uma melhor gestão na qualidade vem aumentando muito. Nem todas as

construtoras seguem o mesmo padrão, variando de acordo com as preferências do cliente, mas

é sempre desejado que todas respeitem as normas, leis e sigam os programas.

Antes de realizar a entrega ao cliente, constam nos apartamentos alguns vícios aparentes

que devem ser resolvidos. Para que eles não sejam esquecidos, é ideal que seja feito um

levantamento, documentando, para que eles sejam reparados, reduzindo a necessidade de

realizar uma assistência técnica pós entrega. Deve-se priorizar o cumprimento do prazo de

conclusão da obra, mas também deve haver uma preocupação com a satisfação do cliente.

É válido ressaltar que a satisfação do cliente é diretamente proporcional ao lucro final, pois

além de aumentar as chances de compra de um outro imóvel futuramente, pode atuar também

melhorando a imagem dela. Mesmo com a grande influência da mídia, a principal fonte de

propaganda para as construtoras e incorporadoras são os seus futuros proprietários. Por isso

que esse contato direto é de grande importância.

Esse contato direto fez com que fosse investido cada vez mais na qualidade a informação.

É fundamental que haja uma comunicação entre construtora e cliente durante todas as etapas

da construção, de modo a deixa-lo mais próximo e esclarecendo todas as suas dúvidas,

evitando solicitações de assistência técnica ocorridas devido ao mal uso do produto.

Porém, essa tarefa não cabe ao engenheiro civil responsável pela obra, o ideal é que haja

um profissional responsável por essa questão, e também um outro responsável por fiscalizar a

qualidade na produção dos serviços da obra. Mas isso não é o que tem acontecido atualmente,

o que acaba fazendo com que o engenheiro fique sobrecarregado. Esse acúmulo de funções

gera uma queda na gestão da qualidade, o que não é o ideal.

Como já listados, alguns serviços, no que diz respeito aos acabamentos do

apartamento, necessitam de ser refeitos, como é o caso de pinturas, rejuntes, funcionamento de

portas e janelas entre outros. Isso pode ocorrer por inúmeros fatores, desde a descuido de

trabalhadores até a serviço mal feito. Quando um serviço é concluído e entregue, é necessário

que haja uma fiscalização do mesmo, de modo a evitar o retrabalho. Deve-se sempre buscar

melhor controle dos processos de execução de serviços.

Page 74: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

62    

Se a fiscalização quando a conclusão de um serviço feito for bem feita, cortam-se

futuros custos, além de prevenir atrasos. Seja de empreiteiras contratadas ou de mão de obra

da própria construtora, todo e qualquer serviço prestado tem que estar perfeitamente de acordo.

Esses fatores influenciam muito no processo de entrega da obra, devido a solicitação e

prestação de assistência técnica, pois com a maior consciência e participação do cliente na

obra, eles serão mais necessários. Se essa assistência gera custos as construtoras, ela

também gera um banco de dados capaz de dar a elas oportunidade de se aprimorar e crescer.

Para a realização de trabalhos futuros, pode-se estudar uma melhor maneira de se

fiscalizar e exigir um serviço bem feito, na etapa de execução da obra. O impacto que esse

aumento gerou na solicitação da assistência técnica, bem como na necessidade de ser feita

uma revistoria na etapa de entrega aos clientes.

Também na elaboração de um departamento responsável por ter um contato direto com

o cliente, tirando a sobrecarga de cima do engenheiro civil, de movo que ele produza melhor.

Bem como a influência que isso gerou na satisfação do cliente e na qualidade do trabalho do

engenheiro, se foi reduzida a solicitação de assistência técnica.

Page 75: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

63    

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABREU, C. B., 1996, Serviço pós-venda: a dimensão esquecida do marketing, Revista de

Administração de Empresas, V.36, N.3, p. 24-31, SP, Brasil.

ACEBE, 2013. Disponível em:

http://www.institutodeengenharia.org.br/site/noticias/exibe/id_sessao/4/id_noticia/7726/Entra-

em-vigor-hoje-a-ABNT-NBR-15575/2013---Edificações-Habitacionais---Desempenho Acesso em

25 jul. 2015 17:00.

AMORIM, L., 2015. Disponível em:

http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/109202/noticias/a-crise-e-a-crise-da-construcao

Acesso 12 ago. 2015 19:00.

BALARINE, O., 1990, Administração e Finanças para Construtores e Incorporadores. Porto

Alegre, Brasil. 196p.

BROOKFIELD, CONSTRUTORA. Disponível em:

https://www.br.brookfield.com/Empreendimento/Home/RJ Acesso em 13 ago. 2015 2015 16:00

BUNEMER, R., LEÃO, R., SOARES, S. F. Disponível em:

http://www.sindiconet.com.br/8563/Informese/Retrofit/Retrofit Acesso em 20 jul. 2015 15:30.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Disponível em: http://www2.camara.leg.br Acesso 25/07 15:15.

CÓDIGO CIVIL, LEI 4.591.

CÓDIGO CIVIL, LEI 10.406.

CÓDIGO DE OBRAS. Disponível em:

http://mail.camara.rj.gov.br/APL/Legislativos/scpro1316.nsf/016eae199bdaf0a003256caa002313

10/1cd1b54af577c93403257b4f0055f3b8?OpenDocument Acesso em 20 jul. 2015 15:00.

DANTAS, M. L. C., HOCHHEIM, N., O Relacionamento Empresa-Cliente No Setor da

Construção Civil: Um Estudo de Caso na Cidade de Florianópolis. Disponível em:

http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2001_TR19_0589.pdf Acesso em 29 jul. 2015

17:30.

Page 76: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

64    

DUARTE, F. J. C. M., CORDEIRO, C. V. C., A Etapa de execuçãoo da Obra: Um momento de

Decisões. Disponível em:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010365131999000400001&script=sci_arttext Acesso em

10 ago. 2015 16:30.

FITIPALDI, C., 2011. Disponível em: http://condominiodofuturo.com/2011/11/17/comissao-de-

obras-algumas-de-suas-funcoes-basilares/ Acesso 13 ago. 2015 16:00.

FREITAS, A. Disponível em: http://academiaplatonica.com.br/2011/gestao/iso-90012008-

sistemas-de-gestao-da-qualidade-requisitos-0-introducao/ Acesso em 25 jul. 2015 20:45.

GAFISA, CONSTRUTORA. Disponível em: http://www.gafisa.com.br/ Acesso em 13 ago. 2015

17:00

GONDIN, G. C. M., 2013, Análise de Ciclos Imobiliários e de Estratégias de Investimentos,

Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

GUIMARÃES, H., 2014. Disponível em: http://obrasatrasadas.blogspot.com.br/2010/02/como-

fazer-vistoria-de-imovel-novo.html Acesso 29 jul. 18:00.

HERNANDES, R., 2013. Disponível em:

http://portal-imobiliario-vivareal.jusbrasil.com.br/noticias/100060922/vida-em-condominio-comeca-

com-a-instituicao-do-condominio Acesso 10 ago. 16:00.

HOLFING, P. A., 2012. Disponível em: http://www.mingronebrandariz.com.br/artigos-

completo.php?id=24 Acesso 25 jul. 2015 20:15.

JOBIM, M. S. S., 1997, Método de avaliação do nível de satisfação dos clientes de imóveis

residenciais, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul ,RS, Brasil.

LOPES, M. M. Disponível em:

http://www.grandesconstrucoes.com.br/br/index.php?option=com_conteudo&task=viewMateria&

id=1287 Acesso em 21 jul. 17:30.

MACEDO, M. J. B., 2012, Gestão de Obras de Edificações: Fases Burocráticas que Antecede a

Construção de uma Edificação, Relatório do Curso de Graduação em Tecnologia em

Page 77: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

65    

Construção de Edifícios, Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Paraíba, PB,

Brasil.

MANUAL DE USO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DAS EDIFICAÇÕES. Disponível em:

http://www.sindusconpa.org.br/arquivos/File/CARTILHA_manual_de_uso_operacao_e_manuten

cao_das_edificacoes_Rev02.pdf Acesso em 20 jul. 2015 17:00.

MELO, R., 2009. Disponível em: http://www.renatomelo.com/servicos/fasesdeprojeto.html

Acesso em 15 ago. 2015 15:00.

MERLONE, 2012. Disponível em:

http://www.portaleducacao.com.br/administracao/artigos/16167/gestao-de-condominios Acesso

em 27 jul. 2015 18:00.

NASCIMENTO, L. M. F., FELDMANN, R., 2013, Estudo das Etapas de Execução de Obras de

Edifícios que Mais Implicam em Atrasos nos Cronogramas, Trabalho de Conclusão de Curso,

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, PR, Brasil.

NBR 9001:2008 - Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos.

NORONHA, M. P., 2013, Métodos Utilizados para Inspeção Final Visando a Obtenção da

Conformidade de Unidades Habitacionais na Entrega ao Cliente, Trabalho de Conclusão do

Curso, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

PDG, CONSTRUTORA Disponível em: http://www.pdg.com.br/ Acesso em 13 ago. 2015 19:00

PEREIRA, S. R. D., 2012, Planejamento para o Início de Obras em Edificações de Múltiplos

Pavimentos, Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal de São Carlos, SP, Brasil.

Programa PBQP-H. Disponível em: http://pbqp-h.cidades.gov.br Acesso em 20 jul. 2015, 17:30.

RAMOS, I. S., FILHO, C. V. M., 2007, Procedimentos De Assistência Técnica Para

Construtoras, Disponível em: http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/122/artigo287440-1.aspx

Acesso em 27 jul. 2015 19:30.

RECLAME AQUI. Disponível em: http://www.reclameaqui.com.br Acesso 29 jul. 20:30.

Page 78: ASPECTOS DA ENTREGA DE OBRAS DE EDIFICAÇÕES

66    

RESENDE, M. M., MELHADO, S. B., MEDEIROS, J. S., 2012, Gestão da Qualidade e

Assistência Técnica aos Clientes na Construção de Edifícios, MG, Brasil.

RJZ CYRELLA, CONSTRUTORA Disponível em: http://www.cyrela.com.br/rj Acesso em 13 ago.

201518:00

SALIBY, P. E., 1997, O marketing de relacionamento: O novo marketing da nova era

competitiva, Revista de Administração de Empresas, V.4, N.3, P6-12, SP, Brasil.

SANTOS, H. S. O., et al, 2003, Roteiro para Finalização e Entrega de Obra, Trabalho de

Conclusão do Curso, Universidade Federal da Bahia, BA, Brasil.

SANTOS, J. A. N., ROSA, J. F., NEVES, S. F. M., 2013, Fatores Competitivos à Manutenção do

Sistema de Gestão da Qualidade em Obras com Certificado do Programa Brasileiro de

Produtividade e Qualidade no Habitat (PBQP-H), Encontro Nacional de Engenharia de

Produção. Salvador, Brasil.

SiAC. Disponível em: http://pbqp-h.cidades.gov.br/projetos_siac_avaliacao.php Acesso em 25

jul. 19:30.

SOUZA, U., 2000, Como medir a produtividade da mão-de-obra na Construção Civil, Encontro

Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído. Salvador, Brasil.

TAKARA, E. L., 2008, Elaboração de Projetos na Engenharia Civil: Investimento que Reduz

Custos na Fase de Execução de Obras, Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade

Anhembi Morumbi, SP, Brasil.

TARUCE, F., 2014, Manual de Direito Civil: volume único. 4 ed. São Paulo, Brasil. 1522 p.

TAVARES F. I. C., 2011, O Diagrama de Sequência na Construção de Casas de Alto Padrão –

Estudo de Caso, Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal do Ceará, CE, Brasil.

RELATÓRIO DA AUDITORIA DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Disponível em:

http://portal3.tcu.gov.br/portal/page/portal/TCU/comunidades/programas_governo/areas_atuacao

/hab_san_urb/idSisdoc_6807458v2-02%20-%20Instrucao_Processo_03356820120.pdf Acesso

em 20 jul. 2015, 19:00.