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Revista Virtual Direito Brasil – Volu AS POLÍTICAS PÚBLIC PRINCÍPIO DA DIGNIDAD NACIO RESUMO: Este estudo tem como a forma pela qual o Est humana. Será realizada a ana exemplo de política pública n da pessoa humana através da r ABSTRACT: This study aim which the State acts to implem National Solid Waste Policy w that seeks to implement the recycling and environmental e PALAVRAS-CHAVE: Dign Nacional dos Resíduos Sólido KEYWORDS: Dignity of h Waste. 1 Introdução O presente escrito tem Sólidos, notadamente dois do alumínio, aliando essas fe possibilidade da inserção socia Neste sentido, a invest obrigatoriamente pela análise como os seus reflexos, que s entre os cidadãos brasileiros d 2 Dignidade humana e o mín Sob o peso da histór Revolução Industrial e da Re humanidade cristalizou a ne 1 Doutor em Educação. Mestre em Direito da Universidade de Sorocaba ume 12 – nº 2 - 2018 CAS COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃ DE DA PESSOA HUMANA: O CASO DA PO ONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS Fernando Silveira Melo Plen m por objetivo examinar as políticas públicas tado atua para efetivar o princípio da dignidade alise da Política Nacional dos Resíduos Sólidos nacional que busca a efetivação do princípio da reciclagem e da educação ambiental. ms at examining Brazilian public policies as t ment the principle of the dignity of the human p will be analyzed as an example of a national pu principle of the dignity of the human perso education. nidade da pessoa humana; Políticas pública os. human person; Public policy; National Policy por finalidade analisar a Política Nacional dos os seus mecanismos, a coleta seletiva e a reci rramentas legais aos Direitos Humanos, a al das pessoas de baixa renda. tigação necessária para a abordagem do assu e das origens da sociedade moderna e consum se tornam perceptíveis pelas profundas diferen da atualidade. nimo existencial ria das sociedades humanas, notadamente a evolução Francesa, sob a égide das gerações de ecessidade de oferecer alguma espécie de pro Direito. Especialista em Direito Empresarial. Professor a. Advogado e Administrador de Empresas. ÃO DO OLÍTICA ntz Miranda 1 brasileiras e da pessoa s como um a dignidade the way in person. The ublic policy on through as; Política y on Solid s Resíduos iclagem do através da unto passa mista, bem nças sociais partir da e direito, a oteção aos do Curso de

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Page 1: AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃO … · dignidade da pessoa humana, bem como os direitos sociais e econômicos, entre outros. A Ca rta constitucional de 1988

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: O CASO DA POLÍTICA

NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

RESUMO: Este estudo tem por objetivo examinarcomo a forma pela qual o Estado atua para efetivar o princíhumana. Será realizada a analise da Política Nacional dos Resíduos Sólidos exemplo de política pública nacional que busca a efetivação do princípio da dignidade da pessoa humana através da reciclagem e da educação ambient ABSTRACT: This study aims at examining Brazilian public policies as the way in which the State acts to implement the principle of the dignity of National Solid Waste Policy will be analyzed as an example of a national public policy that seeks to implement the principle of the dignity of the human person through recycling and environmental education. PALAVRAS-CHAVE: Dignidade da pessoa humanaNacional dos Resíduos Sólidos KEYWORDS: Dignity of human Waste.

1 Introdução

O presente escrito tem por finalidade analisar a Política Nacional dos Resíduos

Sólidos, notadamente dois dos seus mecanismos, a coleta seletiva e a reciclagem do

alumínio, aliando essas ferramentas legais aos Direitos Humanos, através da

possibilidade da inserção social da

Neste sentido, a investigação necessária para a abordagem do assunto passa

obrigatoriamente pela análise das origens da sociedade moderna e consumista, bem

como os seus reflexos, que se tornam perceptíveis pelas profundas diferen

entre os cidadãos brasileiros da atualidade.

2 Dignidade humana e o mínimo existencial

Sob o peso da história das sociedades humanas, notadamente a partir da

Revolução Industrial e da Revolução Francesa, sob a égide das gerações de direito, a

humanidade cristalizou a necessidade de oferecer alguma espécie de proteção aos

1 Doutor em Educação. Mestre em Direito. Especialista em Direito Empresarial. Professor do Curso de Direito da Universidade de Sorocaba. Advogado e Administrador de Empresas.

Volume 12 – nº 2 - 2018

AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: O CASO DA POLÍTICA

NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

Fernando Silveira Melo Plentz Miranda

Este estudo tem por objetivo examinar as políticas públicas brasileiras como a forma pela qual o Estado atua para efetivar o princípio da dignidade da pessoa humana. Será realizada a analise da Política Nacional dos Resíduos Sólidos exemplo de política pública nacional que busca a efetivação do princípio da dignidade da pessoa humana através da reciclagem e da educação ambiental.

This study aims at examining Brazilian public policies as the way in which the State acts to implement the principle of the dignity of the human person. The National Solid Waste Policy will be analyzed as an example of a national public policy that seeks to implement the principle of the dignity of the human person through recycling and environmental education.

Dignidade da pessoa humana; Políticas públicasNacional dos Resíduos Sólidos.

Dignity of human person; Public policy; National Policy on Solid

tem por finalidade analisar a Política Nacional dos Resíduos

Sólidos, notadamente dois dos seus mecanismos, a coleta seletiva e a reciclagem do

alumínio, aliando essas ferramentas legais aos Direitos Humanos, através da

possibilidade da inserção social das pessoas de baixa renda.

Neste sentido, a investigação necessária para a abordagem do assunto passa

obrigatoriamente pela análise das origens da sociedade moderna e consumista, bem

como os seus reflexos, que se tornam perceptíveis pelas profundas diferen

entre os cidadãos brasileiros da atualidade.

mínimo existencial

Sob o peso da história das sociedades humanas, notadamente a partir da

Revolução Industrial e da Revolução Francesa, sob a égide das gerações de direito, a

humanidade cristalizou a necessidade de oferecer alguma espécie de proteção aos

Doutor em Educação. Mestre em Direito. Especialista em Direito Empresarial. Professor do Curso de

Direito da Universidade de Sorocaba. Advogado e Administrador de Empresas.

AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃO DO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: O CASO DA POLÍTICA

Fernando Silveira Melo Plentz Miranda 1

as políticas públicas brasileiras pio da dignidade da pessoa

humana. Será realizada a analise da Política Nacional dos Resíduos Sólidos como um exemplo de política pública nacional que busca a efetivação do princípio da dignidade

This study aims at examining Brazilian public policies as the way in the human person. The

National Solid Waste Policy will be analyzed as an example of a national public policy that seeks to implement the principle of the dignity of the human person through

Políticas públicas; Política

person; Public policy; National Policy on Solid

tem por finalidade analisar a Política Nacional dos Resíduos

Sólidos, notadamente dois dos seus mecanismos, a coleta seletiva e a reciclagem do

alumínio, aliando essas ferramentas legais aos Direitos Humanos, através da

Neste sentido, a investigação necessária para a abordagem do assunto passa

obrigatoriamente pela análise das origens da sociedade moderna e consumista, bem

como os seus reflexos, que se tornam perceptíveis pelas profundas diferenças sociais

Sob o peso da história das sociedades humanas, notadamente a partir da

Revolução Industrial e da Revolução Francesa, sob a égide das gerações de direito, a

humanidade cristalizou a necessidade de oferecer alguma espécie de proteção aos

Doutor em Educação. Mestre em Direito. Especialista em Direito Empresarial. Professor do Curso de

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

homens, sob o fundamento de que todos os seres humanos do planeta são titulares de

dignidade, protegendo e resguardando os direitos adquiridos, universalmente aceitos,

fossem individuais ou coletivos.

Das discussões nas Nações Unidas, sob o acordo do que é dignidade humana,

destacamos o seguinte comentário de Celso Duvivier de Albuquerque Mello:

A história dos Direitos Humanos é tão antiga quanto a própria História. Sempre os fipensadores defenderam para alguns ou todos os seres humanos algum direito importante para o seu desenvolvimento.

O grande fundamento é a dignidade do ser humano, fácil de ser explicada para aqueles que têm mentalidade reser humano é uma criação de Deus feito a sua imagem. Para os agnósticos, a questão envolve uma discussão mais sofisticada, e muitas vezes temos dúvidas que alguns seres humanos tenham realmente a referida dignidade. Ao vermos um bandtemos dificuldade em descobrir a dignidade humana. Esta é sutil e realmente indefinível. O ser humano é o único animal racional e é uma individualidade, que tem todo o direito a ser respeitado e a desenvolver todas as suas potencialidades. tem direito a esta evolução.

Que todos os homens são, em sua essência humana, iguais, escreve Fábio Konder

Comparato:

(...) todos os seres humanos, apesar das inúmeras diferenças biológicas e culturais que os distinguem entre sirespeito, como únicos entes capazes de amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento universal de que, em razão dessa radical igualdade, ninguém social, grupo religioso ou nação demais. 3

Desta forma, o princípio da dignidade humana chega até os dias atuais, podendo

ser conceituado segundo as palavras de Ingo Wolfgang Sarlet:

(...) temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade,

2 MELLO, Celso Duvivier de Albuquerque. A proteção dos direitos humanos sociais nas Nações Unidas. In: Interesse Público, Porto Alegre: Notadez, Ano 4, n. 14, p.3 COMPARATO, Fábio Konder. Saraiva, 2010, p. 13.

Volume 12 – nº 2 - 2018

homens, sob o fundamento de que todos os seres humanos do planeta são titulares de

dignidade, protegendo e resguardando os direitos adquiridos, universalmente aceitos,

ndividuais ou coletivos.

Das discussões nas Nações Unidas, sob o acordo do que é dignidade humana,

destacamos o seguinte comentário de Celso Duvivier de Albuquerque Mello:

A história dos Direitos Humanos é tão antiga quanto a própria História. Sempre os filósofos ou de um modo mais amplo os pensadores defenderam para alguns ou todos os seres humanos algum direito importante para o seu desenvolvimento.

O grande fundamento é a dignidade do ser humano, fácil de ser explicada para aqueles que têm mentalidade religiosa, uma vez que o ser humano é uma criação de Deus feito a sua imagem. Para os agnósticos, a questão envolve uma discussão mais sofisticada, e muitas vezes temos dúvidas que alguns seres humanos tenham realmente a referida dignidade. Ao vermos um bando de miseráveis temos dificuldade em descobrir a dignidade humana. Esta é sutil e realmente indefinível. O ser humano é o único animal racional e é uma individualidade, que tem todo o direito a ser respeitado e a desenvolver todas as suas potencialidades. O ser humano evolui e ele tem direito a esta evolução. 2

Que todos os homens são, em sua essência humana, iguais, escreve Fábio Konder

(...) todos os seres humanos, apesar das inúmeras diferenças biológicas e culturais que os distinguem entre si, merecem igual respeito, como únicos entes capazes de amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento universal de que, em razão dessa radical igualdade, ninguém – nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe social, grupo religioso ou nação – pode afirmar-se superior aos

Desta forma, o princípio da dignidade humana chega até os dias atuais, podendo

ser conceituado segundo as palavras de Ingo Wolfgang Sarlet:

temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do

mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade,

MELLO, Celso Duvivier de Albuquerque. A proteção dos direitos humanos sociais nas Nações Unidas. , Porto Alegre: Notadez, Ano 4, n. 14, p. 54-65,abr./ jun., 2002. p. 55.

COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 7. ed. São Paulo:

homens, sob o fundamento de que todos os seres humanos do planeta são titulares de

dignidade, protegendo e resguardando os direitos adquiridos, universalmente aceitos,

Das discussões nas Nações Unidas, sob o acordo do que é dignidade humana,

A história dos Direitos Humanos é tão antiga quanto a própria lósofos ou de um modo mais amplo os

pensadores defenderam para alguns ou todos os seres humanos algum

O grande fundamento é a dignidade do ser humano, fácil de ser ligiosa, uma vez que o

ser humano é uma criação de Deus feito a sua imagem. Para os agnósticos, a questão envolve uma discussão mais sofisticada, e muitas vezes temos dúvidas que alguns seres humanos tenham

o de miseráveis temos dificuldade em descobrir a dignidade humana. Esta é sutil e realmente indefinível. O ser humano é o único animal racional e é uma individualidade, que tem todo o direito a ser respeitado e a

O ser humano evolui e ele

Que todos os homens são, em sua essência humana, iguais, escreve Fábio Konder

(...) todos os seres humanos, apesar das inúmeras diferenças , merecem igual

respeito, como únicos entes capazes de amar, descobrir a verdade e criar a beleza. É o reconhecimento universal de que, em razão dessa

nenhum indivíduo, gênero, etnia, classe se superior aos

Desta forma, o princípio da dignidade humana chega até os dias atuais, podendo

temos por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor do

mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade,

MELLO, Celso Duvivier de Albuquerque. A proteção dos direitos humanos sociais nas Nações Unidas.

7. ed. São Paulo:

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover a sua participação ativa e codestinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais seres humanos.

No mesmo sentido, conceituando a dignidade da pessoa humana, são as palavras

de Eduardo C. B. Bittar:

(...) expressão de amplo alcance, que reúne em seu bojo todo o espectro dos direitos humanos (que são tratados no âmbito privado como da personalidade), que se esparge por diversas dimensões dogmáticojurídicas (...)

Estando estabelecidos os conceitos a que se refere o princípio da dignidade da

pessoa humana, a história da sociedade brasileira, imersa em grandes contrastes e

desigualdades, absorveu no período da abertura política pós

1980, a necessidade de positivar em um novo texto constitucional o princípio da

dignidade da pessoa humana, bem como os direitos sociais e econômicos, entre outros.

A Carta constitucional de 1988 prevê a dignidade da pessoa humana como

princípio fundamental da República, uma vez que a inseriu já no artigo 1º, inciso III. O

direito a uma vida digna, ao respeito pelo ser humano de forma incondicional, norteia e

guia a partir de então todo o texto constitucional. No mesmo sentido de oferecer uma

vida digna aos seres humanos, a Emenda Constitucional nº 31, de 14 de dezembro de

2000, inseriu ao artigo 3º do texto constitucional o inciso III, em que a erradicação da

pobreza e da marginalização, bem como a redução das desigualdades sociais e

regionais, também passou a ser princípio fundamental da República brasileira.

Ao adentrar na análise dos direitos e garantias fundamentais inseridos no texto

constitucional brasileiro, devemos

lecionando sobre a teoria dos direitos fundamentais, faz uma distinção entre disposição

de direitos fundamentais e norma de direitos fundamentais; para ele, as disposições de

4 SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição Federal de 1988. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 62.5 BITTAR, Eduardo C. B. Hermenêutica e Constituição: a dignidade da pessoa humana como legado à pós-modernidade. In: BITTAR, Eduardo C. B.; FERRAZ, Anna Cândida da Cunha (orgs.). humanos fundamentais: positivação e concretização. Osasco: Edifieo, 2006, p. 49.

Volume 12 – nº 2 - 2018

implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato

unho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover a sua participação ativa e co-responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais eres humanos. 4

No mesmo sentido, conceituando a dignidade da pessoa humana, são as palavras

(...) expressão de amplo alcance, que reúne em seu bojo todo o espectro dos direitos humanos (que são tratados no âmbito privado como da personalidade), que se esparge por diversas dimensões dogmáticojurídicas (...)5.

Estando estabelecidos os conceitos a que se refere o princípio da dignidade da

pessoa humana, a história da sociedade brasileira, imersa em grandes contrastes e

esigualdades, absorveu no período da abertura política pós-ditadura militar, nos anos

1980, a necessidade de positivar em um novo texto constitucional o princípio da

dignidade da pessoa humana, bem como os direitos sociais e econômicos, entre outros.

rta constitucional de 1988 prevê a dignidade da pessoa humana como

princípio fundamental da República, uma vez que a inseriu já no artigo 1º, inciso III. O

direito a uma vida digna, ao respeito pelo ser humano de forma incondicional, norteia e

r de então todo o texto constitucional. No mesmo sentido de oferecer uma

vida digna aos seres humanos, a Emenda Constitucional nº 31, de 14 de dezembro de

2000, inseriu ao artigo 3º do texto constitucional o inciso III, em que a erradicação da

marginalização, bem como a redução das desigualdades sociais e

regionais, também passou a ser princípio fundamental da República brasileira.

Ao adentrar na análise dos direitos e garantias fundamentais inseridos no texto

constitucional brasileiro, devemos destacar as palavras do jurista alemão Robert Alexy,

lecionando sobre a teoria dos direitos fundamentais, faz uma distinção entre disposição

de direitos fundamentais e norma de direitos fundamentais; para ele, as disposições de

Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição

ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 62. BITTAR, Eduardo C. B. Hermenêutica e Constituição: a dignidade da pessoa humana como legado à

BITTAR, Eduardo C. B.; FERRAZ, Anna Cândida da Cunha (orgs.). : positivação e concretização. Osasco: Edifieo, 2006, p. 49.

implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato

unho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de

responsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com os demais

No mesmo sentido, conceituando a dignidade da pessoa humana, são as palavras

(...) expressão de amplo alcance, que reúne em seu bojo todo o espectro dos direitos humanos (que são tratados no âmbito privado como direitos da personalidade), que se esparge por diversas dimensões dogmático-

Estando estabelecidos os conceitos a que se refere o princípio da dignidade da

pessoa humana, a história da sociedade brasileira, imersa em grandes contrastes e

ditadura militar, nos anos

1980, a necessidade de positivar em um novo texto constitucional o princípio da

dignidade da pessoa humana, bem como os direitos sociais e econômicos, entre outros.

rta constitucional de 1988 prevê a dignidade da pessoa humana como

princípio fundamental da República, uma vez que a inseriu já no artigo 1º, inciso III. O

direito a uma vida digna, ao respeito pelo ser humano de forma incondicional, norteia e

r de então todo o texto constitucional. No mesmo sentido de oferecer uma

vida digna aos seres humanos, a Emenda Constitucional nº 31, de 14 de dezembro de

2000, inseriu ao artigo 3º do texto constitucional o inciso III, em que a erradicação da

marginalização, bem como a redução das desigualdades sociais e

regionais, também passou a ser princípio fundamental da República brasileira.

Ao adentrar na análise dos direitos e garantias fundamentais inseridos no texto

destacar as palavras do jurista alemão Robert Alexy,

lecionando sobre a teoria dos direitos fundamentais, faz uma distinção entre disposição

de direitos fundamentais e norma de direitos fundamentais; para ele, as disposições de

Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição

BITTAR, Eduardo C. B. Hermenêutica e Constituição: a dignidade da pessoa humana como legado à BITTAR, Eduardo C. B.; FERRAZ, Anna Cândida da Cunha (orgs.). Direitos

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

direitos fundamentais são aquelas contidas no início do texto constitucional, bem como

aquelas disposições que garantem os direitos individuais; já as normas de direitos

fundamentais referem-se àquelas normas do texto constitucional que são diretamente

expressas e dirigidas pelas disposições de direitos fundamentais.

Assim, além dos princípios de direitos fundamentais, a Constituição Federal

elenca entre os artigos 5º ao 17º os direitos e garantias fundamentais, que são

disposições de direitos fundamentais e que, portanto, devem se

nortear toda a legislação pátria. Sobre estas garantias fundamentais, destaque

seguinte comentário:

O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano, que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por mproteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana (...).

Neste sentido, a Constituição Federal elenca uma série de princípios e

fundamentos que, somados aos direit

constitucionalmente previstos, exigirá do Estado e da sociedade a observância a

parâmetros mínimos de exigência de vida, na qual a vida humana se torna digna, o que

se denomina de mínimo existencial

Sobre a conceituação jurídica do mínimo existencial, discorre Ingo Wolfgang

Sarlet:

(...) o que importa, nesta quadra, é a percepção de que a garantia (direito) do mínimo existencial independe de expressa previsão

6 ALEXY, Robert. Teoria dos direitos fundamentais.Malheiros, 2008, p. 66-9. 7 MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil interpretada e Paulo: Atlas, 2011, p. 90. 8 O mínimo existencial é um conceito das ciências sociais, utilizado na esfera jurídica. Contudo, esta ideia de que aos homens existem parâmetros mínimos de existência também são objeto de eseconômicas, que se iniciaram a partir dos estudos de Abraham Maslow, que desenvolveu uma escala da hierarquia das necessidades humanas, elaborando esta escala em uma pirâmide, em que da base ao topo, está dividida em 5 grupos: i) necessidsexo e outras necessidades orgânicas); ii) necessidades de segurança (proteção contra ameaças à sobrevivência, como garantia de emprego e integridade física); iii) necessidades sociais (interação social); iv) necessidades de estima (autonecessidades de auto-realização (utilização do potencial de aptidões e habilidades para alcançar o autodesenvolvimento e a realização pessoaadministração: da revolução urbana à revolução digital. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p

Volume 12 – nº 2 - 2018

quelas contidas no início do texto constitucional, bem como

aquelas disposições que garantem os direitos individuais; já as normas de direitos

se àquelas normas do texto constitucional que são diretamente

sposições de direitos fundamentais.6

Assim, além dos princípios de direitos fundamentais, a Constituição Federal

elenca entre os artigos 5º ao 17º os direitos e garantias fundamentais, que são

disposições de direitos fundamentais e que, portanto, devem ser seguidas e devem

nortear toda a legislação pátria. Sobre estas garantias fundamentais, destaque

O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano, que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por mproteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade humana (...).7

Neste sentido, a Constituição Federal elenca uma série de princípios e

fundamentos que, somados aos direitos sociais, econômicos e culturais

constitucionalmente previstos, exigirá do Estado e da sociedade a observância a

parâmetros mínimos de exigência de vida, na qual a vida humana se torna digna, o que

se denomina de mínimo existencial8.

jurídica do mínimo existencial, discorre Ingo Wolfgang

(...) o que importa, nesta quadra, é a percepção de que a garantia (direito) do mínimo existencial independe de expressa previsão

Teoria dos direitos fundamentais. Tradução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo:

Constituição do Brasil interpretada e legislação constitucional

O mínimo existencial é um conceito das ciências sociais, utilizado na esfera jurídica. Contudo, esta ideia de que aos homens existem parâmetros mínimos de existência também são objeto de estudo nas ciências econômicas, que se iniciaram a partir dos estudos de Abraham Maslow, que desenvolveu uma escala da hierarquia das necessidades humanas, elaborando esta escala em uma pirâmide, em que da base ao topo, está dividida em 5 grupos: i) necessidades básicas (alimento, abrigo contra a natureza, repouso, exercício, sexo e outras necessidades orgânicas); ii) necessidades de segurança (proteção contra ameaças à sobrevivência, como garantia de emprego e integridade física); iii) necessidades sociais (amizade, afeto, interação social); iv) necessidades de estima (auto-estima e estima pelos e para com os outros); v)

realização (utilização do potencial de aptidões e habilidades para alcançar o autodesenvolvimento e a realização pessoal). MAXIMILIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria geral da

da revolução urbana à revolução digital. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004, p. 288

quelas contidas no início do texto constitucional, bem como

aquelas disposições que garantem os direitos individuais; já as normas de direitos

se àquelas normas do texto constitucional que são diretamente

Assim, além dos princípios de direitos fundamentais, a Constituição Federal

elenca entre os artigos 5º ao 17º os direitos e garantias fundamentais, que são

r seguidas e devem

nortear toda a legislação pátria. Sobre estas garantias fundamentais, destaque-se o

O conjunto institucionalizado de direitos e garantias do ser humano, que tem por finalidade básica o respeito a sua dignidade, por meio da proteção contra o arbítrio do poder estatal e o estabelecimento de condições mínimas de vida e desenvolvimento da personalidade

Neste sentido, a Constituição Federal elenca uma série de princípios e

os sociais, econômicos e culturais

constitucionalmente previstos, exigirá do Estado e da sociedade a observância a

parâmetros mínimos de exigência de vida, na qual a vida humana se torna digna, o que

jurídica do mínimo existencial, discorre Ingo Wolfgang

(...) o que importa, nesta quadra, é a percepção de que a garantia (direito) do mínimo existencial independe de expressa previsão

Tradução de Virgílio Afonso da Silva. São Paulo:

legislação constitucional. 8. ed. São

O mínimo existencial é um conceito das ciências sociais, utilizado na esfera jurídica. Contudo, esta ideia tudo nas ciências

econômicas, que se iniciaram a partir dos estudos de Abraham Maslow, que desenvolveu uma escala da hierarquia das necessidades humanas, elaborando esta escala em uma pirâmide, em que da base ao topo,

ades básicas (alimento, abrigo contra a natureza, repouso, exercício, sexo e outras necessidades orgânicas); ii) necessidades de segurança (proteção contra ameaças à

amizade, afeto, estima e estima pelos e para com os outros); v)

realização (utilização do potencial de aptidões e habilidades para alcançar o Teoria geral da . 288-9.

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

constitucional para poder ser reconhecida, já que decorrente dproteção da vida e da dignidade da pessoa humana. No caso do Brasil, onde também não houve uma previsão constitucional expressa consagrando um direito geral à garantia do mínimo existencial, os próprios direitos sociais específicos (como a assistênciasaúde, a moradia, a previdência social, o salário mínimo dos trabalhadores, entre outros) acabaram por abarcas algumas das dimensões do mínimo existencial, muito embora não possam e não devam ser (os direitos sociais) reduzidos pura e simplesmenconcretizações e garantias do mínimo existencial, como, de resto, já anunciado. Por outro lado, a previsão de direitos sociais não retira do mínimo existencial sua condição de direitoautônomo e muito menos não afasta a necessidaddemais direitos sociais à luz do próprio mínimo existencial, notadamente para alguns efeitos específicos, o que agora não serão objeto de atenção mais detida.

Neste contexto, há que enfatizar que o mínimo existencial compreendido indispensáveis para assegurar a cada pessoa uma vida condigna (portanto, saudável) tem sido identificável constituindo o núcleo essencial dos direitos fundamentais sociais, núcleo este blindaEstado e da sociedade.

O esforço social para a garantia do mínimo existencial a toda a população,

constitui um aspecto importante da realidade jurídico

texto legal positivamente posto à sociedade, não é, por si só, garantidor de que será

efetivamente cumprido. A legislação constitucional oferece os parâmetros da legislação

infra-constitucional e, principalmente, de atuação da sociedade na esfera social, atuando

para que o texto constitucional não se torne letra fria, desvinculada da realidade da

conjuntura social brasileira.

É certo que há a necessidade da legislação na busca da justiça e o texto

constitucional é praticamente perfeito, mas que não se basta em si mesmo, ha

necessidade de todo um ordenamento jurídico infraconstitucional. Em se tratando de

mínimo existencial, deve existir toda uma estrutura pública que garanta uma vida

humana digna. Este conceito é respaldado pelo pensamento de John Rawls, a seguir

exposto: 9 SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais sociais, “mínimo existencial” e direito privado: breves notas sobre alguns aspectos da possível eficácia dos direitos sociais nas relações entre particulares. Direitos fundamentais: estudos em homenagem ao professor Ricardo Lobo Torres. SARMENTO, Daniel; GALDINO, Flávio (orgs.). Rio de Janeiro: Ren

Volume 12 – nº 2 - 2018

constitucional para poder ser reconhecida, já que decorrente dproteção da vida e da dignidade da pessoa humana. No caso do Brasil, onde também não houve uma previsão constitucional expressa consagrando um direito geral à garantia do mínimo existencial, os próprios direitos sociais específicos (como a assistênciasaúde, a moradia, a previdência social, o salário mínimo dos trabalhadores, entre outros) acabaram por abarcas algumas das dimensões do mínimo existencial, muito embora não possam e não devam ser (os direitos sociais) reduzidos pura e simplesmenconcretizações e garantias do mínimo existencial, como, de resto, já anunciado. Por outro lado, a previsão de direitos sociais não retira do mínimo existencial sua condição de direito-garantia fundamental autônomo e muito menos não afasta a necessidade de se interpretar os demais direitos sociais à luz do próprio mínimo existencial, notadamente para alguns efeitos específicos, o que agora não serão objeto de atenção mais detida.

Neste contexto, há que enfatizar que o mínimo existencial compreendido como todo o conjunto de prestações materiais indispensáveis para assegurar a cada pessoa uma vida condigna (portanto, saudável) tem sido identificável – por muitos constituindo o núcleo essencial dos direitos fundamentais sociais, núcleo este blindado contra toda e qualquer intervenção por parte do Estado e da sociedade. 9

O esforço social para a garantia do mínimo existencial a toda a população,

constitui um aspecto importante da realidade jurídico-social brasileira, uma vez que o

vamente posto à sociedade, não é, por si só, garantidor de que será

efetivamente cumprido. A legislação constitucional oferece os parâmetros da legislação

constitucional e, principalmente, de atuação da sociedade na esfera social, atuando

texto constitucional não se torne letra fria, desvinculada da realidade da

É certo que há a necessidade da legislação na busca da justiça e o texto

constitucional é praticamente perfeito, mas que não se basta em si mesmo, ha

necessidade de todo um ordenamento jurídico infraconstitucional. Em se tratando de

mínimo existencial, deve existir toda uma estrutura pública que garanta uma vida

humana digna. Este conceito é respaldado pelo pensamento de John Rawls, a seguir

SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais sociais, “mínimo existencial” e direito privado: breves tas sobre alguns aspectos da possível eficácia dos direitos sociais nas relações entre particulares.

estudos em homenagem ao professor Ricardo Lobo Torres. SARMENTO, Daniel; GALDINO, Flávio (orgs.). Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 572.

constitucional para poder ser reconhecida, já que decorrente da já proteção da vida e da dignidade da pessoa humana. No caso do Brasil, onde também não houve uma previsão constitucional expressa consagrando um direito geral à garantia do mínimo existencial, os próprios direitos sociais específicos (como a assistência social, a saúde, a moradia, a previdência social, o salário mínimo dos trabalhadores, entre outros) acabaram por abarcas algumas das dimensões do mínimo existencial, muito embora não possam e não devam ser (os direitos sociais) reduzidos pura e simplesmente a concretizações e garantias do mínimo existencial, como, de resto, já anunciado. Por outro lado, a previsão de direitos sociais não retira do

garantia fundamental e de se interpretar os

demais direitos sociais à luz do próprio mínimo existencial, notadamente para alguns efeitos específicos, o que agora não serão

Neste contexto, há que enfatizar que o mínimo existencial – como todo o conjunto de prestações materiais

indispensáveis para assegurar a cada pessoa uma vida condigna por muitos – como

constituindo o núcleo essencial dos direitos fundamentais sociais, do contra toda e qualquer intervenção por parte do

O esforço social para a garantia do mínimo existencial a toda a população,

social brasileira, uma vez que o

vamente posto à sociedade, não é, por si só, garantidor de que será

efetivamente cumprido. A legislação constitucional oferece os parâmetros da legislação

constitucional e, principalmente, de atuação da sociedade na esfera social, atuando

texto constitucional não se torne letra fria, desvinculada da realidade da

É certo que há a necessidade da legislação na busca da justiça e o texto

constitucional é praticamente perfeito, mas que não se basta em si mesmo, havendo a

necessidade de todo um ordenamento jurídico infraconstitucional. Em se tratando de

mínimo existencial, deve existir toda uma estrutura pública que garanta uma vida

humana digna. Este conceito é respaldado pelo pensamento de John Rawls, a seguir

SARLET, Ingo Wolfgang. Direitos fundamentais sociais, “mínimo existencial” e direito privado: breves tas sobre alguns aspectos da possível eficácia dos direitos sociais nas relações entre particulares. In:

estudos em homenagem ao professor Ricardo Lobo Torres. SARMENTO,

Page 6: AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃO … · dignidade da pessoa humana, bem como os direitos sociais e econômicos, entre outros. A Ca rta constitucional de 1988

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

Pois bem, eu disse que a estrutura básica é o principal objeto da justiça. Sem dúvida, qualquer teoria ética reconhece a importância da estrutura básica como objeto da justiça, porém, nem todas as teorias consideram do mesmo modo esta importância. Naequidade a sociedade é interpretada como uma empresa de cooperação para benefício mútuo. A estrutura básica é um sistema público de regras que definem um esquema de atividades, conduzindo os homens a atuar conjuntamente de modo que produzbenefícios, ao mesmo tempo que consignam a cada um certos direitos reconhecidos a compartilhar os produtos. O que alguém fizer dependerá do que as regras públicas disserem que tem direito de fazer e, por sua vez o que tem direito a fazdistribuição resultante se obterá satisfazendo as pretensões, as quais se determinarão pelo que as pessoas empreendam conforme todas as expectativas legítimas.

Segundo o pensamento de John Rawls, estando garantido o princípio

liberdade, pelo qual o Estado garante a proteção individual e que os homens não serão

de alguma forma diferenciados, o que resultaria no privilégio de alguns, pode

o princípio da diferença, em que as desigualdades sociais e econômicas

devem ser distribuídas, garantindo uma expectativa de benefícios aos desfavorecidos,

bem como oferecendo igualdade de oportunidades a todas as pessoas, com justiça

distributiva. Percebe-se então, que o texto constitucional brasileiro assegura o

da igualdade e guia a sociedade brasileira no sentido da justiça social, cabendo à

legislação infraconstitucional e à estrutura pública atuar com a busca da justiça

distributiva, oferecendo condições mínimas

digno.

Conceituado o mínimo existencial, percebemos que da sua análise surge uma

divergência doutrinária em relação à eficácia e à forma de atuação do Estado no sentido

de oferecer maior abrangência de tais direitos aos cidadãos do país. A primeira corr

doutrinária afirma que, em que pese o reconhecimento da dignidade da pessoa humana e

do mínimo existencial, a atuação do Estado está limitada pelo processo

político/legislativo. Sobre esta tese, leciona Ricardo Lobo Torres:

10 RAWLS, John. Uma teoria da justiçade Brasília, 1981, p. 85. 11 “A existência possível de um patrimônio mínimo concretiza, de algum modo, a expiação da desigualdade, e ajusta, ao menos em parte, a lógica do direito à razoabilidade da vida daqueles que, no mundo do ter, menos têm e mais necessitam.” FACHIN, Luiz Edson.mínimo. Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p. 298

Volume 12 – nº 2 - 2018

Pois bem, eu disse que a estrutura básica é o principal objeto da justiça. Sem dúvida, qualquer teoria ética reconhece a importância da estrutura básica como objeto da justiça, porém, nem todas as teorias consideram do mesmo modo esta importância. Na justiça enquanto equidade a sociedade é interpretada como uma empresa de cooperação para benefício mútuo. A estrutura básica é um sistema público de regras que definem um esquema de atividades, conduzindo os homens a atuar conjuntamente de modo que produzam uma soma maior de benefícios, ao mesmo tempo que consignam a cada um certos direitos reconhecidos a compartilhar os produtos. O que alguém fizer dependerá do que as regras públicas disserem que tem direito de fazer e, por sua vez o que tem direito a fazer dependerá do que fizer. A distribuição resultante se obterá satisfazendo as pretensões, as quais se determinarão pelo que as pessoas empreendam conforme todas as expectativas legítimas.10

Segundo o pensamento de John Rawls, estando garantido o princípio

liberdade, pelo qual o Estado garante a proteção individual e que os homens não serão

de alguma forma diferenciados, o que resultaria no privilégio de alguns, pode

o princípio da diferença, em que as desigualdades sociais e econômicas das pessoas

devem ser distribuídas, garantindo uma expectativa de benefícios aos desfavorecidos,

bem como oferecendo igualdade de oportunidades a todas as pessoas, com justiça

se então, que o texto constitucional brasileiro assegura o

da igualdade e guia a sociedade brasileira no sentido da justiça social, cabendo à

legislação infraconstitucional e à estrutura pública atuar com a busca da justiça

distributiva, oferecendo condições mínimas11 para que o ser humano seja considera

Conceituado o mínimo existencial, percebemos que da sua análise surge uma

divergência doutrinária em relação à eficácia e à forma de atuação do Estado no sentido

de oferecer maior abrangência de tais direitos aos cidadãos do país. A primeira corr

doutrinária afirma que, em que pese o reconhecimento da dignidade da pessoa humana e

do mínimo existencial, a atuação do Estado está limitada pelo processo

político/legislativo. Sobre esta tese, leciona Ricardo Lobo Torres:

Uma teoria da justiça. Tradução de Vamireh Chacon. Brasília: Editora Universidade

A existência possível de um patrimônio mínimo concretiza, de algum modo, a expiação da em parte, a lógica do direito à razoabilidade da vida daqueles que, no

mundo do ter, menos têm e mais necessitam.” FACHIN, Luiz Edson. Estatuto jurídico do patrimônio . Rio de Janeiro: Renovar, 2001, p. 298-9.

Pois bem, eu disse que a estrutura básica é o principal objeto da justiça. Sem dúvida, qualquer teoria ética reconhece a importância da estrutura básica como objeto da justiça, porém, nem todas as teorias

justiça enquanto equidade a sociedade é interpretada como uma empresa de cooperação para benefício mútuo. A estrutura básica é um sistema público de regras que definem um esquema de atividades, conduzindo os homens

am uma soma maior de benefícios, ao mesmo tempo que consignam a cada um certos direitos reconhecidos a compartilhar os produtos. O que alguém fizer dependerá do que as regras públicas disserem que tem direito de fazer

er dependerá do que fizer. A distribuição resultante se obterá satisfazendo as pretensões, as quais se determinarão pelo que as pessoas empreendam conforme todas as

Segundo o pensamento de John Rawls, estando garantido o princípio geral da

liberdade, pelo qual o Estado garante a proteção individual e que os homens não serão

de alguma forma diferenciados, o que resultaria no privilégio de alguns, pode-se aplicar

das pessoas

devem ser distribuídas, garantindo uma expectativa de benefícios aos desfavorecidos,

bem como oferecendo igualdade de oportunidades a todas as pessoas, com justiça

se então, que o texto constitucional brasileiro assegura o princípio

da igualdade e guia a sociedade brasileira no sentido da justiça social, cabendo à

legislação infraconstitucional e à estrutura pública atuar com a busca da justiça

para que o ser humano seja considerado

Conceituado o mínimo existencial, percebemos que da sua análise surge uma

divergência doutrinária em relação à eficácia e à forma de atuação do Estado no sentido

de oferecer maior abrangência de tais direitos aos cidadãos do país. A primeira corrente

doutrinária afirma que, em que pese o reconhecimento da dignidade da pessoa humana e

do mínimo existencial, a atuação do Estado está limitada pelo processo

. Tradução de Vamireh Chacon. Brasília: Editora Universidade

A existência possível de um patrimônio mínimo concretiza, de algum modo, a expiação da em parte, a lógica do direito à razoabilidade da vida daqueles que, no

Estatuto jurídico do patrimônio

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

Até hoje os direitos sociaipolítico e da fundamentais e, por isso, não são garantidos na via judicial sem prévia lei formal, os direitos sociais e econômicos ficam na dependência do exercício da cidadania ativa, eis que ‘somente os direitos políticos de participação podem fundamentar a posição reflexiva de um cidadão, que é referida a si mesma.

No mesmo sentido:

(...) a superação das distorções sociais a qualquer custo, por outro lado, não popossibilidades orçamentárias do Estado, outorgando ao Judiciário carta branca para alocar recursos independentemente da préponderação do legislador.(...) Tendo em vista que os deveres prestacionais do Estado lei prévia que os estabeleçam e considerando, ainda, a escassez de recursos financeiros para que se satisfaçam as inesgotáveis necessidades da população, cabe ao Legislativo, em primeiro lugar, ponderar entre os diversos interesses carentes de

Em posição contrária, a segunda corrente doutrinária defende que os direitos

sociais, econômicos e culturais previstos na Constituição não podem ser adiados sob a

alegação de inexistência de regras. Neste sentido, ensina Fábio Konder

(...) bem se percebe que os direitos econômicos, sociais e culturais gozam de tanta eficácia e força impositiva quanto os direitos e liberdades individuais, não mais podendo ser considerados como os ‘primos pobres’ da família.Não é mister, nesConstituição a fim de se dizer que a eficácia nele mencionada é exclusiva dos direitos declarados no obstante aplicável aos direitos sociais do art. 6º, aquela norma terelação a esses últimos, uma aplicação contida ou limitada. Não, todos os direitos econômicos, sociais e culturais declarados em nossa Constituição não podem adiar, sob pretexto da inexistência de leis (que elas próprias, aliás, produzem), a realizaç

12 TORRES, Ricardo Lobo. Tratado de direiRenovar, 1999. v. 3. p. 162. 13 TORRES, Silvia Faber. Direitos prestacionais, reserva do possível e ponderação: breves considerações e críticas. In: Direitos fundamentais: SARMENTO, Daniel; GALDINO, Flávio (orgs.). Rio de Janeiro: Renovar, 2006,

Volume 12 – nº 2 - 2018

Até hoje os direitos sociais e econômicos dependem do processo político e da policy. Como não exibem a eficácia própria dos direitos fundamentais e, por isso, não são garantidos na via judicial sem prévia lei formal, os direitos sociais e econômicos ficam na dependência do

da cidadania ativa, eis que ‘somente os direitos políticos de participação podem fundamentar a posição reflexiva de um cidadão, que é referida a si mesma.12

(...) a superação das distorções sociais a qualquer custo, por outro lado, não pode ignorar a conjuntura socioeconômica e as possibilidades orçamentárias do Estado, outorgando ao Judiciário carta branca para alocar recursos independentemente da préponderação do legislador.

Tendo em vista que os deveres prestacionais do Estado dependem de lei prévia que os estabeleçam e considerando, ainda, a escassez de recursos financeiros para que se satisfaçam as inesgotáveis necessidades da população, cabe ao Legislativo, em primeiro lugar, ponderar entre os diversos interesses carentes de prestações públicas.

Em posição contrária, a segunda corrente doutrinária defende que os direitos

sociais, econômicos e culturais previstos na Constituição não podem ser adiados sob a

alegação de inexistência de regras. Neste sentido, ensina Fábio Konder Comparato:

(...) bem se percebe que os direitos econômicos, sociais e culturais gozam de tanta eficácia e força impositiva quanto os direitos e liberdades individuais, não mais podendo ser considerados como os ‘primos pobres’ da família. Não é mister, nessas condições, torturar o texto do art. 5º, § 1º, da Constituição a fim de se dizer que a eficácia nele mencionada é exclusiva dos direitos declarados no caput do artigo, ou então que, não obstante aplicável aos direitos sociais do art. 6º, aquela norma terelação a esses últimos, uma aplicação contida ou limitada. Não, todos os direitos econômicos, sociais e culturais declarados em nossa Constituição não podem adiar, sob pretexto da inexistência de leis (que elas próprias, aliás, produzem), a realização de políticas públicas

Tratado de direito constitucional financeiro e tributário. Rio de Janeiro:

TORRES, Silvia Faber. Direitos prestacionais, reserva do possível e ponderação: breves considerações Direitos fundamentais: estudos em homenagem ao professor Ricardo Lobo Torres.

SARMENTO, Daniel; GALDINO, Flávio (orgs.). Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 785-6.

s e econômicos dependem do processo . Como não exibem a eficácia própria dos direitos

fundamentais e, por isso, não são garantidos na via judicial sem prévia lei formal, os direitos sociais e econômicos ficam na dependência do

da cidadania ativa, eis que ‘somente os direitos políticos de participação podem fundamentar a posição reflexiva de um cidadão,

(...) a superação das distorções sociais a qualquer custo, por outro de ignorar a conjuntura socioeconômica e as

possibilidades orçamentárias do Estado, outorgando ao Judiciário carta branca para alocar recursos independentemente da pré-

dependem de lei prévia que os estabeleçam e considerando, ainda, a escassez de recursos financeiros para que se satisfaçam as inesgotáveis necessidades da população, cabe ao Legislativo, em primeiro lugar,

prestações públicas.13

Em posição contrária, a segunda corrente doutrinária defende que os direitos

sociais, econômicos e culturais previstos na Constituição não podem ser adiados sob a

Comparato:

(...) bem se percebe que os direitos econômicos, sociais e culturais gozam de tanta eficácia e força impositiva quanto os direitos e liberdades individuais, não mais podendo ser considerados como os

sas condições, torturar o texto do art. 5º, § 1º, da Constituição a fim de se dizer que a eficácia nele mencionada é

do artigo, ou então que, não obstante aplicável aos direitos sociais do art. 6º, aquela norma tem, em relação a esses últimos, uma aplicação contida ou limitada. Não, todos os direitos econômicos, sociais e culturais declarados em nossa Constituição não podem adiar, sob pretexto da inexistência de leis

ão de políticas públicas

. Rio de Janeiro:

TORRES, Silvia Faber. Direitos prestacionais, reserva do possível e ponderação: breves considerações professor Ricardo Lobo Torres.

Page 8: AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃO … · dignidade da pessoa humana, bem como os direitos sociais e econômicos, entre outros. A Ca rta constitucional de 1988

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

tendentes à progressiva melhoria do nível de vida e da qualidade de todos os seguimentos da população.

Em igual posição:

Adotar-se, portanto, a versão brasileira de que a reserva do possível justifica a não efetivação dos é dar a oportunidade de não se dar eficácia a esses direitos, e, por tabela, porque dependentes destas, as liberdades não possam ser (corretamente) exercidas por todos os indivíduos. Esse tipo de atitude é irresponsável, porque liga os direitos sociais ‘a ditadura dos cofres vazios, entendendodá conforme o equilíbrio econômico

Seja como for, compete destacar que nas últimas duas dé

brasileiro, bem como as políticas dos governos que se sucedem democraticamente têm

atuado gradativamente e de forma constante e crescente, no sentido de oferecer algum

tipo de assistência social aos cidadãos desfavorecidos economicamente, o

se define por cidadãos de baixa renda. Esta política de assistência social se faz

necessária em virtude da história política da república brasileira, que, infelizmente, é

marcada por constantes alternâncias de períodos democráticos com períod

autoritários16, modificações estas que, somadas a pouco mais de 300 anos de uma

história colonial e outros quase 70 anos de império, produziram enormes deficiências

sociais, econômicas e culturais no Brasil.

A consolidação do espírito democrático no Bras

públicas de tentativas realistas e possíveis

14 COMPARATO, Fábio Konder. O Ministério Público na defesa dos direitos econômicos, sociais e culturais. In: Estudos de direito constitucionalRoberto; CUNHA, Sérgio Sérvulo da (orgs.). São Paulo: Malheiros, 2015 SIQUEIRA, Júlio Pinheiro Faro Homem de. Os vinte anos da Constituição Brasileira: da reserva do possível à proibição de retrocesso social. SIQUEIRA, Júlio Pinheiro Faro Homem de; TEIXEIRA, Bruno Costa; MIGUEL, Paula Castello (orgs.). Florianópolis: Boiteux, 2008, p. 161.16 O Brasil republicano viveu pouquíssimos períodos de democracia eleitoral de massa, o primeiro período foi de 1946 até o golpe militar de março de 1964, e o segundo, após a redemocratização na década de 1980. Considerando a história política latinoprimeiro país da região a sofrer um gole militar e o último em que os militares entregaram o poder aos civis democraticamente eleitos. Somandoriscos e desafios a “jovem” democracia brasileira são enormes. SKIDMORE, Thomas E. Castelo a Tancredo, 1964-1985. Tradução de Mário Salviano da Silva. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, p. 594-5. 17 “Por isso, todo o foco da Filosofia do Direito e da Filodomínio da democracia, respeitadas as conquistas dos direitos humanos. Sua aplicação, sua progressão e suas técnicas devem ser levadas ao seu maior potencial. Eis a luta possível e realizável de nosso tempo.

Volume 12 – nº 2 - 2018

tendentes à progressiva melhoria do nível de vida e da qualidade de todos os seguimentos da população. 14

se, portanto, a versão brasileira de que a reserva do possível justifica a não efetivação dos direitos sociais de aplicabilidade diferida é dar a oportunidade de não se dar eficácia a esses direitos, e, por tabela, porque dependentes destas, as liberdades não possam ser (corretamente) exercidas por todos os indivíduos. Esse tipo de atitude

onsável, porque liga os direitos sociais ‘a ditadura dos cofres vazios, entendendo-se por isso que a realização dos direitos sociais se dá conforme o equilíbrio econômico-financeiro do Estado’ (...).

Seja como for, compete destacar que nas últimas duas décadas, o Estado

brasileiro, bem como as políticas dos governos que se sucedem democraticamente têm

atuado gradativamente e de forma constante e crescente, no sentido de oferecer algum

tipo de assistência social aos cidadãos desfavorecidos economicamente, ou seja, o que

se define por cidadãos de baixa renda. Esta política de assistência social se faz

necessária em virtude da história política da república brasileira, que, infelizmente, é

marcada por constantes alternâncias de períodos democráticos com períod

, modificações estas que, somadas a pouco mais de 300 anos de uma

história colonial e outros quase 70 anos de império, produziram enormes deficiências

sociais, econômicas e culturais no Brasil.

A consolidação do espírito democrático no Brasil está gerando políticas

públicas de tentativas realistas e possíveis17 de eliminação da pobreza extrema no país,

COMPARATO, Fábio Konder. O Ministério Público na defesa dos direitos econômicos, sociais e

Estudos de direito constitucional: em homenagem a José Afonso da Silva. GRAU, Eros Roberto; CUNHA, Sérgio Sérvulo da (orgs.). São Paulo: Malheiros, 2003, p. 252.

SIQUEIRA, Júlio Pinheiro Faro Homem de. Os vinte anos da Constituição Brasileira: da reserva do cesso social. In: Uma homenagem aos 20 anos de Constituição Brasileira

SIQUEIRA, Júlio Pinheiro Faro Homem de; TEIXEIRA, Bruno Costa; MIGUEL, Paula Castello (orgs.). Florianópolis: Boiteux, 2008, p. 161.

O Brasil republicano viveu pouquíssimos períodos de democracia eleitoral de massa, o primeiro período foi de 1946 até o golpe militar de março de 1964, e o segundo, após a redemocratização na década de 1980. Considerando a história política latino-americana pós década de 1960, o Brasil foi o primeiro país da região a sofrer um gole militar e o último em que os militares entregaram o poder aos civis democraticamente eleitos. Somando-se ao seu vasto território, enorme população e déficit social, os

esafios a “jovem” democracia brasileira são enormes. SKIDMORE, Thomas E. 1985. Tradução de Mário Salviano da Silva. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988,

“Por isso, todo o foco da Filosofia do Direito e da Filosofia Política devem hoje estar na ampliação do domínio da democracia, respeitadas as conquistas dos direitos humanos. Sua aplicação, sua progressão e suas técnicas devem ser levadas ao seu maior potencial. Eis a luta possível e realizável de nosso tempo.

tendentes à progressiva melhoria do nível de vida e da qualidade de

se, portanto, a versão brasileira de que a reserva do possível direitos sociais de aplicabilidade diferida

é dar a oportunidade de não se dar eficácia a esses direitos, e, por tabela, porque dependentes destas, as liberdades não possam ser (corretamente) exercidas por todos os indivíduos. Esse tipo de atitude

onsável, porque liga os direitos sociais ‘a ditadura dos cofres se por isso que a realização dos direitos sociais se

financeiro do Estado’ (...).15

cadas, o Estado

brasileiro, bem como as políticas dos governos que se sucedem democraticamente têm

atuado gradativamente e de forma constante e crescente, no sentido de oferecer algum

u seja, o que

se define por cidadãos de baixa renda. Esta política de assistência social se faz

necessária em virtude da história política da república brasileira, que, infelizmente, é

marcada por constantes alternâncias de períodos democráticos com períodos

, modificações estas que, somadas a pouco mais de 300 anos de uma

história colonial e outros quase 70 anos de império, produziram enormes deficiências

il está gerando políticas

de eliminação da pobreza extrema no país,

COMPARATO, Fábio Konder. O Ministério Público na defesa dos direitos econômicos, sociais e em homenagem a José Afonso da Silva. GRAU, Eros

SIQUEIRA, Júlio Pinheiro Faro Homem de. Os vinte anos da Constituição Brasileira: da reserva do Uma homenagem aos 20 anos de Constituição Brasileira.

SIQUEIRA, Júlio Pinheiro Faro Homem de; TEIXEIRA, Bruno Costa; MIGUEL, Paula Castello (orgs.).

O Brasil republicano viveu pouquíssimos períodos de democracia eleitoral de massa, o primeiro período foi de 1946 até o golpe militar de março de 1964, e o segundo, após a redemocratização na

a pós década de 1960, o Brasil foi o primeiro país da região a sofrer um gole militar e o último em que os militares entregaram o poder aos

se ao seu vasto território, enorme população e déficit social, os esafios a “jovem” democracia brasileira são enormes. SKIDMORE, Thomas E. Brasil: de

1985. Tradução de Mário Salviano da Silva. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988,

sofia Política devem hoje estar na ampliação do domínio da democracia, respeitadas as conquistas dos direitos humanos. Sua aplicação, sua progressão e suas técnicas devem ser levadas ao seu maior potencial. Eis a luta possível e realizável de nosso tempo.

Page 9: AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃO … · dignidade da pessoa humana, bem como os direitos sociais e econômicos, entre outros. A Ca rta constitucional de 1988

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

que ocorrem conjuntamente com a consolidação da democracia brasileira. Deve

destacar que a democracia brasileira é uma conquista de toda a

lutas de gerações de brasileiros ao longo não apenas das últimas décadas, mas que

remontam os ideais republicanos dos séculos passados.

Em relação à consolidação da democracia brasileira, ao respeito aos direitos

humanos e ao conseqüente primado pela proteção dos indivíduos vulneráveis, previstos

na Constituição Federal de 1988, destacamos o comentário de Flávia Piovesan:

A Carta de 1988 institucionaliza a instauração de um regime político democrático no Brasil. Introduz também indiscutconsolidação legislativa das garantias e direitos fundamentais e na proteção se setores vulneráveis da sociedade brasileira. A partir dela, os direitos humanos ganham relevo extraordinário, situandode 1988 como o documento mais aos direitos humanos jamais adotado no Brasil. Como atenta José Afonso da Silva: ‘É a Constituição cidadã, na expressão de Ulysses Guimarães, Presidente da Assembléia Nacional Constituinte que a produziu, porque teve ampla paespecialmente porque se volta decididamente a plena realização da cidadania’. 18

Portanto, a evolução social que se pretende erigir no Brasil, a gradativa

diminuição das diferenças sociais ventilada no texto constituc

invariavelmente pela luta incessante pelos princípios democráticos, posto que tão

somente pela democracia pluralista

trabalhar para a construção de uma sociedade melhor.

Nessa medida, nada disso impede que a chama e o ideário pela transformação social não devam alimentar a vontade de mudança social, assim como nada disso impede que se continue a ter perspectivas de análise e avanços socais na Teoria Crítica. Como afirma Wesignifica un final de los impulsos libertarios, del universalismo moral y del revisionismo democrático, que son partes del proyecto de la modernidad’ “. BITTAR, Eduardo C. B. humanos: estudos de teoria crítica e filosofia do direito. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 23818 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional.Saraiva, 2012, p. 80. 19 BITTAR, Eduardo C. B. Democracia, judo direito. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 144

Volume 12 – nº 2 - 2018

que ocorrem conjuntamente com a consolidação da democracia brasileira. Deve

destacar que a democracia brasileira é uma conquista de toda a sociedade, fruto das

lutas de gerações de brasileiros ao longo não apenas das últimas décadas, mas que

remontam os ideais republicanos dos séculos passados.

Em relação à consolidação da democracia brasileira, ao respeito aos direitos

te primado pela proteção dos indivíduos vulneráveis, previstos

na Constituição Federal de 1988, destacamos o comentário de Flávia Piovesan:

A Carta de 1988 institucionaliza a instauração de um regime político democrático no Brasil. Introduz também indiscutível avanço na consolidação legislativa das garantias e direitos fundamentais e na proteção se setores vulneráveis da sociedade brasileira. A partir dela, os direitos humanos ganham relevo extraordinário, situandode 1988 como o documento mais abrangente e pormenorizado sobre os direitos humanos jamais adotado no Brasil. Como atenta José Afonso da Silva: ‘É a Constituição cidadã, na expressão de Ulysses Guimarães, Presidente da Assembléia Nacional Constituinte que a produziu, porque teve ampla participação popular em sua elaboração e especialmente porque se volta decididamente a plena realização da

18

Portanto, a evolução social que se pretende erigir no Brasil, a gradativa

diminuição das diferenças sociais ventilada no texto constitucional, passam

invariavelmente pela luta incessante pelos princípios democráticos, posto que tão

somente pela democracia pluralista19 os homens podem respeitar-se mutuamente e

trabalhar para a construção de uma sociedade melhor.

Nessa medida, nada disso impede que a chama e o ideário pela transformação social não devam alimentar a vontade de mudança social, assim como nada disso impede que se continue a ter perspectivas de análise e avanços socais na Teoria Crítica. Como afirma Wellmer: ‘... un final de la utopia en este sentido no significa un final de los impulsos libertarios, del universalismo moral y del revisionismo democrático, que son partes del proyecto de la modernidad’ “. BITTAR, Eduardo C. B. Democracia, justiça e direit

: estudos de teoria crítica e filosofia do direito. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 238-9. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 13. ed. São Paulo:

Democracia, justiça e direitos humanos: estudos de teoria crítica e filosofia do direito. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 144-9.

que ocorrem conjuntamente com a consolidação da democracia brasileira. Deve-se

sociedade, fruto das

lutas de gerações de brasileiros ao longo não apenas das últimas décadas, mas que

Em relação à consolidação da democracia brasileira, ao respeito aos direitos

te primado pela proteção dos indivíduos vulneráveis, previstos

na Constituição Federal de 1988, destacamos o comentário de Flávia Piovesan:

A Carta de 1988 institucionaliza a instauração de um regime político ível avanço na

consolidação legislativa das garantias e direitos fundamentais e na proteção se setores vulneráveis da sociedade brasileira. A partir dela, os direitos humanos ganham relevo extraordinário, situando-se a Carta

brangente e pormenorizado sobre os direitos humanos jamais adotado no Brasil. Como atenta José Afonso da Silva: ‘É a Constituição cidadã, na expressão de Ulysses Guimarães, Presidente da Assembléia Nacional Constituinte que a

rticipação popular em sua elaboração e especialmente porque se volta decididamente a plena realização da

Portanto, a evolução social que se pretende erigir no Brasil, a gradativa

ional, passam

invariavelmente pela luta incessante pelos princípios democráticos, posto que tão-

se mutuamente e

Nessa medida, nada disso impede que a chama e o ideário pela transformação social não devam alimentar a vontade de mudança social, assim como nada disso impede que se continue a ter perspectivas de análise

llmer: ‘... un final de la utopia en este sentido no significa un final de los impulsos libertarios, del universalismo moral y del revisionismo democrático, que

Democracia, justiça e direitos

13. ed. São Paulo:

: estudos de teoria crítica e filosofia

Page 10: AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃO … · dignidade da pessoa humana, bem como os direitos sociais e econômicos, entre outros. A Ca rta constitucional de 1988

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

3 Das Políticas Públicas de inserção social a partir da consolidação da democracia

brasileira

Na análise da formação do Estado, tem

objetivo do Estado é, em ultima ratio

Estado. Pela abordagem histórica da

exposta, denota-se que dentre os cidadãos que formam estes Estados, entre os quais

figura o Brasil, o processo histórico cristalizou uma situação de disparidade social, na

qual a sociedade de classes está posta

penúria sócio-econômica não conseguem desenvolver seus potenciais, simplesmente por

não terem acessos a condições básicas e mínimas de vida digna.

Neste sentido, a liberdade plena

pela consolidação do espírito democrático no Ocidente, notadamente após a década de

1980, culminando com o fim da Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim, infelizmente

não alcança a todos os indivíduos, principalmente em países em desenvol

o Brasil.

Convém destacar os apontamentos de Darcy Azambuja, especialmente em

referência ao desenvolvimento da potencialidade humana e a liberdade:

O que convém desde logo acentuar é que o Estado cria as condições necessárias para que os indisolidariamente em sociedade desenvolvam suas aptidões físicas, morais e intelectuais. Segurança e progresso, eis uma síntese do bem comum. Viver em segurança e aperfeiçoarbem comum, que em última anindivíduos que vivem em sociedade. Vivesse isolado, o homem não realizaria o bem próprio. À sociedade política, formada pelos indivíduos, compete assegurar as condições indispensáveis ao bem geral. O Estado não cria a prosperMoral, o Direito, que são criações da alma humana, e por isso não ter poder direto sobre ela. Seu domínio é o temporal, o equilíbrio e a harmonização da atividade do homem, para que a liberdade de um não prejudique a ig

20 AZAMBUJA, Darcy. Introdução à ciência política.

Volume 12 – nº 2 - 2018

inserção social a partir da consolidação da democracia

Na análise da formação do Estado, tem-se nítido entre os estudiosos que o

ultima ratio, o bem-viver dos indivíduos que formam o

Estado. Pela abordagem histórica da formação dos Estados liberais capitalistas já

se que dentre os cidadãos que formam estes Estados, entre os quais

figura o Brasil, o processo histórico cristalizou uma situação de disparidade social, na

qual a sociedade de classes está posta e consolidada e muitos indivíduos que vivem em

econômica não conseguem desenvolver seus potenciais, simplesmente por

não terem acessos a condições básicas e mínimas de vida digna.

Neste sentido, a liberdade plena – política, social e econômica – conquistada

pela consolidação do espírito democrático no Ocidente, notadamente após a década de

1980, culminando com o fim da Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim, infelizmente

não alcança a todos os indivíduos, principalmente em países em desenvolvimento, como

Convém destacar os apontamentos de Darcy Azambuja, especialmente em

referência ao desenvolvimento da potencialidade humana e a liberdade:

O que convém desde logo acentuar é que o Estado cria as condições necessárias para que os indivíduos vivendo harmonicamente e solidariamente em sociedade desenvolvam suas aptidões físicas, morais e intelectuais. Segurança e progresso, eis uma síntese do bem comum. Viver em segurança e aperfeiçoar-se, eis uma expressão do bem comum, que em última análise só pode ser criado pelos indivíduos que vivem em sociedade. Vivesse isolado, o homem não realizaria o bem próprio. À sociedade política, formada pelos indivíduos, compete assegurar as condições indispensáveis ao bem geral. O Estado não cria a prosperidade material, a Arte, a Ciência, a Moral, o Direito, que são criações da alma humana, e por isso não ter poder direto sobre ela. Seu domínio é o temporal, o equilíbrio e a harmonização da atividade do homem, para que a liberdade de um não prejudique a igual liberdade dos outros.20

Introdução à ciência política. 12. ed. São Paulo: Globo, 1999, p. 119.

inserção social a partir da consolidação da democracia

se nítido entre os estudiosos que o

viver dos indivíduos que formam o

formação dos Estados liberais capitalistas já

se que dentre os cidadãos que formam estes Estados, entre os quais

figura o Brasil, o processo histórico cristalizou uma situação de disparidade social, na

e consolidada e muitos indivíduos que vivem em

econômica não conseguem desenvolver seus potenciais, simplesmente por

conquistada

pela consolidação do espírito democrático no Ocidente, notadamente após a década de

1980, culminando com o fim da Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim, infelizmente

vimento, como

Convém destacar os apontamentos de Darcy Azambuja, especialmente em

O que convém desde logo acentuar é que o Estado cria as condições víduos vivendo harmonicamente e

solidariamente em sociedade desenvolvam suas aptidões físicas, morais e intelectuais. Segurança e progresso, eis uma síntese do bem

se, eis uma expressão do álise só pode ser criado pelos

indivíduos que vivem em sociedade. Vivesse isolado, o homem não realizaria o bem próprio. À sociedade política, formada pelos indivíduos, compete assegurar as condições indispensáveis ao bem

idade material, a Arte, a Ciência, a Moral, o Direito, que são criações da alma humana, e por isso não ter poder direto sobre ela. Seu domínio é o temporal, o equilíbrio e a harmonização da atividade do homem, para que a liberdade de um não

12. ed. São Paulo: Globo, 1999, p. 119.

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

Nesse sentido, a proposta apresentada é a de que as pessoas devam viver em

perfeita harmonia em sociedade, em perfeita liberdade e todos os indivíduos devem

respeitar-se como seres humanos livres e iguais. Infelizmente, as sociedades humanas

estão longe de alcançarem este ideal, diante das inúmeras desigualdades sociais

apresentadas. Mas, se a sociedade idealizar meta plausíveis, buscando ferramentas e

mecanismos para gradativamente galgar “degraus”, buscando soluções viáveis e

aplicáveis no sentido de dimi

então o Estado democrático de direito apresenta

atuais para aplicar esta essência do Estado, que é o de fazer com que os indivíduos sob

sua tutela desenvolvam-se.

Contudo, se é certo que o Estado democrático de direito atualmente é a melhor

alternativa ao bem social, também é correta a afirmação que o modelo de Estado que se

solidificou no processo histórico

igualmente verdadeira a verificação concreta de que o Estado sozinho não resolverá

todos os males da sociedade.

Nesta seara de pensamento, Eduardo C. B. Bittar propõe um exercício de

pensar o Estado a partir de novos paradigmas e, principalmente, de políticas pública

que promovam a inserção social. Assim discorre:

Este exercício de no ideário de concepção de Estado. Passa, sobretudo, pelo plano da ação, do fazer, do transformar, o que implica uma readequação das próprias técnicas, dos próprios saberes e das próprias ciências de Estado, inclusive o direito administrativo, que lidam com a dinâmica do aparelho, que, sobretudo, deve servir à sociedade. É o que se percebe presentemente, na própria reflexão dos juristas a reassunto, que se abrem para conceber alternativas ao falencismo declarado do modelo de Estado moderno.

Assim é que pensar as políticas públicas efetivas é um desafio em tempos em que a inoperância e o descrédito tomaram conta da consciência coletiEstado sobre a sociedade. O determinante papel do direito público no sentido de

Volume 12 – nº 2 - 2018

Nesse sentido, a proposta apresentada é a de que as pessoas devam viver em

perfeita harmonia em sociedade, em perfeita liberdade e todos os indivíduos devem

se como seres humanos livres e iguais. Infelizmente, as sociedades humanas

alcançarem este ideal, diante das inúmeras desigualdades sociais

apresentadas. Mas, se a sociedade idealizar meta plausíveis, buscando ferramentas e

mecanismos para gradativamente galgar “degraus”, buscando soluções viáveis e

aplicáveis no sentido de diminuir as desigualdades sócio-econômicas dos indivíduos,

então o Estado democrático de direito apresenta-se como a melhor opção às sociedades

atuais para aplicar esta essência do Estado, que é o de fazer com que os indivíduos sob

ontudo, se é certo que o Estado democrático de direito atualmente é a melhor

alternativa ao bem social, também é correta a afirmação que o modelo de Estado que se

solidificou no processo histórico-econômico, criou sociedades desiguais, sendo

dadeira a verificação concreta de que o Estado sozinho não resolverá

Nesta seara de pensamento, Eduardo C. B. Bittar propõe um exercício de

o Estado a partir de novos paradigmas e, principalmente, de políticas pública

que promovam a inserção social. Assim discorre:

Este exercício de re-pensar não fica somente no campo filosófico ou no ideário de concepção de Estado. Passa, sobretudo, pelo plano da ação, do fazer, do transformar, o que implica uma readequação das

ias técnicas, dos próprios saberes e das próprias ciências de Estado, inclusive o direito administrativo, que lidam com a dinâmica do aparelho, que, sobretudo, deve servir à sociedade. É o que se percebe presentemente, na própria reflexão dos juristas a reassunto, que se abrem para conceber alternativas ao falencismo declarado do modelo de Estado moderno.

Assim é que pensar as políticas públicas efetivas é um desafio em tempos em que a inoperância e o descrédito tomaram conta da consciência coletiva acerca da capacidade de ação e intervenção do Estado sobre a sociedade. O determinante papel do direito público no sentido de re-construção do desenvolvimento para sociedades

Nesse sentido, a proposta apresentada é a de que as pessoas devam viver em

perfeita harmonia em sociedade, em perfeita liberdade e todos os indivíduos devem

se como seres humanos livres e iguais. Infelizmente, as sociedades humanas

alcançarem este ideal, diante das inúmeras desigualdades sociais

apresentadas. Mas, se a sociedade idealizar meta plausíveis, buscando ferramentas e

mecanismos para gradativamente galgar “degraus”, buscando soluções viáveis e

econômicas dos indivíduos,

se como a melhor opção às sociedades

atuais para aplicar esta essência do Estado, que é o de fazer com que os indivíduos sob

ontudo, se é certo que o Estado democrático de direito atualmente é a melhor

alternativa ao bem social, também é correta a afirmação que o modelo de Estado que se

econômico, criou sociedades desiguais, sendo

dadeira a verificação concreta de que o Estado sozinho não resolverá

Nesta seara de pensamento, Eduardo C. B. Bittar propõe um exercício de re-

o Estado a partir de novos paradigmas e, principalmente, de políticas públicas

não fica somente no campo filosófico ou no ideário de concepção de Estado. Passa, sobretudo, pelo plano da ação, do fazer, do transformar, o que implica uma readequação das

ias técnicas, dos próprios saberes e das próprias ciências de Estado, inclusive o direito administrativo, que lidam com a dinâmica do aparelho, que, sobretudo, deve servir à sociedade. É o que se percebe presentemente, na própria reflexão dos juristas a respeito do assunto, que se abrem para conceber alternativas ao falencismo

Assim é que pensar as políticas públicas efetivas é um desafio em tempos em que a inoperância e o descrédito tomaram conta da

va acerca da capacidade de ação e intervenção do Estado sobre a sociedade. O determinante papel do direito público no

construção do desenvolvimento para sociedades

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

economicamente deficitárias e semiperiféricas, qual ocorre com o Brasil, não p

Em outras palavras, pode

preservação da própria sociedade, o modelo apresentado mesmo democrático, não

responde aos vastos anseios e necessidades das sociedades contemporâneas. Desta

forma, se é um fato que o Estado sozinho não irá resolver todos os problemas sócio

econômicos que lhe são postos como desafio, é certo que este mesmo Estado deve criar

regras jurídicas para que soluções sejam encontradas, notadamente incluindo a

sociedade civil como parte da solução.

Neste sentido, as Políticas Públicas que garantem alguma forma de inserção

social são muitíssimo bem vindas em um país como o Brasil, que consolidou a

democracia política, que cresce economicamente mas que, em contraponto, vê

aumentadas as desigualdades sociais. Entre as Políticas Públicas atualmente em vigor,

poderíamos citar o Bolsa Família, o Prouni, o Fies, dentre outros; contudo, merece

destaque no presente escrito a Política Nacional do Meio Ambiente, a Política Nacional

de Educação Ambiental e, principalmente, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que

serão analisadas em sequência, especialmente esta última como mecanismo de

efetividade do princípio da dignidade da pessoa humana.

Analisando a liberdade, é necessário enfat

seguindo a orientação do pensamento de Amartya Sen, segundo o qual a expressão

liberdade possui diferentes conotações, havendo inúmeras possibilidades da sua

supressão. Afirma que, no mundo contemporâneo, imenso é o número

sofrem privações em sua liberdade, seja no seu conceito mais básico quando milhões de

seres humanos são privados de alimentos, sendo

básica de sobreviver; seja a negação da liberdade política e de acesso ao

básicos, ou seja, de participação no processo político do Estado. Em referência a

supressão do direito a liberdade de existência e da liberdade de acesso político, são os

Estados autoritários líderes na aplicação deste parâmetro, algumas v

21 BITTAR, Eduardo C. B. O direito na pósJaneiro: Forense Universitária, 2009, p. 434

Volume 12 – nº 2 - 2018

economicamente deficitárias e semiperiféricas, qual ocorre com o Brasil, não pode ser descartado.21

Em outras palavras, pode-se dizer que, se o Estado é uma realidade para a

preservação da própria sociedade, o modelo apresentado mesmo democrático, não

responde aos vastos anseios e necessidades das sociedades contemporâneas. Desta

rma, se é um fato que o Estado sozinho não irá resolver todos os problemas sócio

econômicos que lhe são postos como desafio, é certo que este mesmo Estado deve criar

regras jurídicas para que soluções sejam encontradas, notadamente incluindo a

vil como parte da solução.

Neste sentido, as Políticas Públicas que garantem alguma forma de inserção

social são muitíssimo bem vindas em um país como o Brasil, que consolidou a

democracia política, que cresce economicamente mas que, em contraponto, vê

entadas as desigualdades sociais. Entre as Políticas Públicas atualmente em vigor,

poderíamos citar o Bolsa Família, o Prouni, o Fies, dentre outros; contudo, merece

destaque no presente escrito a Política Nacional do Meio Ambiente, a Política Nacional

Educação Ambiental e, principalmente, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que

serão analisadas em sequência, especialmente esta última como mecanismo de

efetividade do princípio da dignidade da pessoa humana.

nalisando a liberdade, é necessário enfatizar as dimensões desse conceito

seguindo a orientação do pensamento de Amartya Sen, segundo o qual a expressão

possui diferentes conotações, havendo inúmeras possibilidades da sua

supressão. Afirma que, no mundo contemporâneo, imenso é o número de pessoas que

sofrem privações em sua liberdade, seja no seu conceito mais básico quando milhões de

seres humanos são privados de alimentos, sendo-lhes negada, portanto, a liberdade

básica de sobreviver; seja a negação da liberdade política e de acesso aos direitos civis

básicos, ou seja, de participação no processo político do Estado. Em referência a

supressão do direito a liberdade de existência e da liberdade de acesso político, são os

Estados autoritários líderes na aplicação deste parâmetro, algumas vezes com certo

O direito na pós-modernidade e reflexões frankfurtianas. 2. ed. Rio de

Janeiro: Forense Universitária, 2009, p. 434-5.

economicamente deficitárias e semiperiféricas, qual ocorre com o

se dizer que, se o Estado é uma realidade para a

preservação da própria sociedade, o modelo apresentado mesmo democrático, não

responde aos vastos anseios e necessidades das sociedades contemporâneas. Desta

rma, se é um fato que o Estado sozinho não irá resolver todos os problemas sócio-

econômicos que lhe são postos como desafio, é certo que este mesmo Estado deve criar

regras jurídicas para que soluções sejam encontradas, notadamente incluindo a

Neste sentido, as Políticas Públicas que garantem alguma forma de inserção

social são muitíssimo bem vindas em um país como o Brasil, que consolidou a

democracia política, que cresce economicamente mas que, em contraponto, vê

entadas as desigualdades sociais. Entre as Políticas Públicas atualmente em vigor,

poderíamos citar o Bolsa Família, o Prouni, o Fies, dentre outros; contudo, merece

destaque no presente escrito a Política Nacional do Meio Ambiente, a Política Nacional

Educação Ambiental e, principalmente, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que

serão analisadas em sequência, especialmente esta última como mecanismo de

izar as dimensões desse conceito

seguindo a orientação do pensamento de Amartya Sen, segundo o qual a expressão

possui diferentes conotações, havendo inúmeras possibilidades da sua

de pessoas que

sofrem privações em sua liberdade, seja no seu conceito mais básico quando milhões de

lhes negada, portanto, a liberdade

s direitos civis

básicos, ou seja, de participação no processo político do Estado. Em referência a

supressão do direito a liberdade de existência e da liberdade de acesso político, são os

ezes com certo

2. ed. Rio de

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

sucesso econômico, uma vez que os governantes não necessitam preocupar

custos relativos às questões “humanas”

Em contraponto, os Estados democráticos, em que se garante a sobrevivência

do indivíduo e do acesso às decisões políticas, apresentam outros problemas,

principalmente sócio-econômicos, uma vez que os governantes destinam parte dos

orçamentos para atender as necessidades urgentes de sobrevivência de vários dos seus

cidadãos, deixando de aplicar os recursos financeiros no fomento da atividade

econômica. Percebe-se que mesmo nas democracias, em que se garante a liberdade de

existência e política, nem todos os

liberdades e suas potencialidades individuais, em função dos desníveis sócio

econômicos entre as pessoas da sociedade, sendo

oportunidades de participação na vida política, soci

Do estudo comparativo entre os dados de crescimento econômico dos Estados

autoritários e democráticos, da analise empírica do embate econômico entre

autoritarismo e democracia apresentados por Amartya Sen, o quadro estatístico é

extremamente complexo, demonstrando uma relação positiva de crescimento

econômico nos países que resguardam e aplicam o sistema democrático. A salvaguarda

dos direitos civis e políticos, as garantias do Estado democrático de direito, e o respeito

à liberdade são que garantem que a democracia tenha um impacto no contexto da vida

em sociedade, estimulando às pessoas a apontar aos governantes as reais necessidades

do Estado e da coletividade, como também a exigir políticas públicas como resposta do

governo à suas solicitações.24

É preciso atentar para a relação histórica da formação do Estado capitalista,

como já exposto, que criou as desigualdades sociais. Embora atualmente no Brasil a

democracia esteja consolidada, as desigualdades sociais também o estão, sen

que milhões de cidadãos brasileiros passam por várias formas de privações diárias

inclusive fome. Em qualquer Estado, a maior de todas as restrições a liberdade que se

22 SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdadeCompanhia das Letras, 2000, p. 29. 23 SEN, Amartya. Desenvolvimento como liCompanhia das Letras, 2000, p. 30-1.24 SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdadeCompanhia das Letras, 2000, p. 173

Volume 12 – nº 2 - 2018

sucesso econômico, uma vez que os governantes não necessitam preocupar

custos relativos às questões “humanas”22.

Em contraponto, os Estados democráticos, em que se garante a sobrevivência

do indivíduo e do acesso às decisões políticas, apresentam outros problemas,

econômicos, uma vez que os governantes destinam parte dos

s necessidades urgentes de sobrevivência de vários dos seus

cidadãos, deixando de aplicar os recursos financeiros no fomento da atividade

se que mesmo nas democracias, em que se garante a liberdade de

existência e política, nem todos os cidadãos conseguem exercer plenamente estas

liberdades e suas potencialidades individuais, em função dos desníveis sócio

econômicos entre as pessoas da sociedade, sendo-lhes negada, por via econômica, as

oportunidades de participação na vida política, social e econômica do Estado.23

Do estudo comparativo entre os dados de crescimento econômico dos Estados

autoritários e democráticos, da analise empírica do embate econômico entre

autoritarismo e democracia apresentados por Amartya Sen, o quadro estatístico é

extremamente complexo, demonstrando uma relação positiva de crescimento

econômico nos países que resguardam e aplicam o sistema democrático. A salvaguarda

dos direitos civis e políticos, as garantias do Estado democrático de direito, e o respeito

ade são que garantem que a democracia tenha um impacto no contexto da vida

em sociedade, estimulando às pessoas a apontar aos governantes as reais necessidades

do Estado e da coletividade, como também a exigir políticas públicas como resposta do

É preciso atentar para a relação histórica da formação do Estado capitalista,

como já exposto, que criou as desigualdades sociais. Embora atualmente no Brasil a

democracia esteja consolidada, as desigualdades sociais também o estão, sen

que milhões de cidadãos brasileiros passam por várias formas de privações diárias

inclusive fome. Em qualquer Estado, a maior de todas as restrições a liberdade que se

Desenvolvimento como liberdade. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

Desenvolvimento como liberdade. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

1. Desenvolvimento como liberdade. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

Companhia das Letras, 2000, p. 173-9.

sucesso econômico, uma vez que os governantes não necessitam preocupar-se com

Em contraponto, os Estados democráticos, em que se garante a sobrevivência

do indivíduo e do acesso às decisões políticas, apresentam outros problemas,

econômicos, uma vez que os governantes destinam parte dos

s necessidades urgentes de sobrevivência de vários dos seus

cidadãos, deixando de aplicar os recursos financeiros no fomento da atividade

se que mesmo nas democracias, em que se garante a liberdade de

cidadãos conseguem exercer plenamente estas

liberdades e suas potencialidades individuais, em função dos desníveis sócio-

lhes negada, por via econômica, as 23

Do estudo comparativo entre os dados de crescimento econômico dos Estados

autoritários e democráticos, da analise empírica do embate econômico entre

autoritarismo e democracia apresentados por Amartya Sen, o quadro estatístico é

extremamente complexo, demonstrando uma relação positiva de crescimento

econômico nos países que resguardam e aplicam o sistema democrático. A salvaguarda

dos direitos civis e políticos, as garantias do Estado democrático de direito, e o respeito

ade são que garantem que a democracia tenha um impacto no contexto da vida

em sociedade, estimulando às pessoas a apontar aos governantes as reais necessidades

do Estado e da coletividade, como também a exigir políticas públicas como resposta do

É preciso atentar para a relação histórica da formação do Estado capitalista,

como já exposto, que criou as desigualdades sociais. Embora atualmente no Brasil a

democracia esteja consolidada, as desigualdades sociais também o estão, sendo notório

que milhões de cidadãos brasileiros passam por várias formas de privações diárias

inclusive fome. Em qualquer Estado, a maior de todas as restrições a liberdade que se

. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

pode impor a um ser humano é o direito a liberdade de existência. Se essa sup

liberdade ocorre em um Estado democrático de direito, esse fato é intolerável. Mesmo

sendo historicamente grande produtor de alimentos, o Brasil conviveu por séculos com

a fome, condenando milhões no passado a total exclusão de todas as formas de

liberdade, via fome coletiva25, fato que infelizmente, faz parte da história humana.

A possibilidade de se prevenir que os cidadãos passem fome depende das

políticas públicas de assistência do Estado, que devem ser aplicadas em conjunto com

um sistema de acompanhamento social mais amplo, inclusive de saúde pública. Desta

forma, o combate a fome faz com que as pessoas tenham assegurada a liberdade básica

da existência e que, com o passar do tempo e da aquisição de outras dimensões da

liberdade, possam exercer em plenitude uma vida digna; neste sentido, as políticas

públicas adotadas no Brasil nas duas últimas décadas, com destaque para o Programa

Fome Zero, ganham notoriedade.

Além de assegurar a liberdade de existência, o Estado deve assegurar aos

cidadãos da sociedade a liberdade do exercício da vida política, garantindo eleições

democráticas e participação política. Mesmo com esta garantia, a efetiva liberdade de

escolha em eleições, depende do desenvolvimento pessoal do cidadão e eliminação da

pobreza extrema, que passa invariavelmente pela perspectiva de oferecer as

oportunidades necessárias para que cada indivíduo consiga desempenhar um papel na

sociedade, ou seja, a liberdade individual será exercida no momento em que o indivíduo

possa se concentrar nas suas capacidades de fazer coisas e levar um modo de vida pelo

qual estas possam ser valorizadas, socialmente e economicamente

um trabalho digno. A partir desta linha de pensamento, pelas palavras de Amartya Sen,

“(...) pobreza deve ser vista como privação de capacidades básicas em vez de

meramente como baixo nível de renda, que é o critério tradicional de identificação da

pobreza.”26

Logo, a pobreza priva as pessoas da efetiva liberdade política, da liberdade de

realizar-se e de viver dignamente. Por certo as desigualdades sociais brasileiras são

25 SEN, Amartya. Desenvolvimento Companhia das Letras, 2000, p. 18826 SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdadeCompanhia das Letras, 2000, p. 109.

Volume 12 – nº 2 - 2018

pode impor a um ser humano é o direito a liberdade de existência. Se essa sup

liberdade ocorre em um Estado democrático de direito, esse fato é intolerável. Mesmo

sendo historicamente grande produtor de alimentos, o Brasil conviveu por séculos com

a fome, condenando milhões no passado a total exclusão de todas as formas de

, fato que infelizmente, faz parte da história humana.

A possibilidade de se prevenir que os cidadãos passem fome depende das

políticas públicas de assistência do Estado, que devem ser aplicadas em conjunto com

companhamento social mais amplo, inclusive de saúde pública. Desta

forma, o combate a fome faz com que as pessoas tenham assegurada a liberdade básica

da existência e que, com o passar do tempo e da aquisição de outras dimensões da

r em plenitude uma vida digna; neste sentido, as políticas

públicas adotadas no Brasil nas duas últimas décadas, com destaque para o Programa

Fome Zero, ganham notoriedade.

Além de assegurar a liberdade de existência, o Estado deve assegurar aos

a sociedade a liberdade do exercício da vida política, garantindo eleições

democráticas e participação política. Mesmo com esta garantia, a efetiva liberdade de

escolha em eleições, depende do desenvolvimento pessoal do cidadão e eliminação da

ema, que passa invariavelmente pela perspectiva de oferecer as

oportunidades necessárias para que cada indivíduo consiga desempenhar um papel na

sociedade, ou seja, a liberdade individual será exercida no momento em que o indivíduo

suas capacidades de fazer coisas e levar um modo de vida pelo

qual estas possam ser valorizadas, socialmente e economicamente – portanto, exercer

um trabalho digno. A partir desta linha de pensamento, pelas palavras de Amartya Sen,

vista como privação de capacidades básicas em vez de

meramente como baixo nível de renda, que é o critério tradicional de identificação da

Logo, a pobreza priva as pessoas da efetiva liberdade política, da liberdade de

gnamente. Por certo as desigualdades sociais brasileiras são

Desenvolvimento como liberdade. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

Companhia das Letras, 2000, p. 188-219. Desenvolvimento como liberdade. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

Companhia das Letras, 2000, p. 109.

pode impor a um ser humano é o direito a liberdade de existência. Se essa supressão da

liberdade ocorre em um Estado democrático de direito, esse fato é intolerável. Mesmo

sendo historicamente grande produtor de alimentos, o Brasil conviveu por séculos com

a fome, condenando milhões no passado a total exclusão de todas as formas de

, fato que infelizmente, faz parte da história humana.

A possibilidade de se prevenir que os cidadãos passem fome depende das

políticas públicas de assistência do Estado, que devem ser aplicadas em conjunto com

companhamento social mais amplo, inclusive de saúde pública. Desta

forma, o combate a fome faz com que as pessoas tenham assegurada a liberdade básica

da existência e que, com o passar do tempo e da aquisição de outras dimensões da

r em plenitude uma vida digna; neste sentido, as políticas

públicas adotadas no Brasil nas duas últimas décadas, com destaque para o Programa

Além de assegurar a liberdade de existência, o Estado deve assegurar aos

a sociedade a liberdade do exercício da vida política, garantindo eleições

democráticas e participação política. Mesmo com esta garantia, a efetiva liberdade de

escolha em eleições, depende do desenvolvimento pessoal do cidadão e eliminação da

ema, que passa invariavelmente pela perspectiva de oferecer as

oportunidades necessárias para que cada indivíduo consiga desempenhar um papel na

sociedade, ou seja, a liberdade individual será exercida no momento em que o indivíduo

suas capacidades de fazer coisas e levar um modo de vida pelo

portanto, exercer

um trabalho digno. A partir desta linha de pensamento, pelas palavras de Amartya Sen,

vista como privação de capacidades básicas em vez de

meramente como baixo nível de renda, que é o critério tradicional de identificação da

Logo, a pobreza priva as pessoas da efetiva liberdade política, da liberdade de

gnamente. Por certo as desigualdades sociais brasileiras são

. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

gritantes, muitos cidadãos brasileiros são privados de capacidades por não terem sido

oferecidas as devidas oportunidades no passado para que pudessem tentar desenvolver

as suas capacidades – principalmente educação básica e saúde confiável. Entretanto, as

tentativas do Estado e da sociedade brasileira no sentido de erradicação da pobreza

extrema, certamente surtirão efeitos futuros positivos, quando as pessoas que deixem

esse nível de pobreza consigam realizar

decisivamente da vida política, inserido

pertencem.

Dadas as características pessoais de cada indivíduo, origem social, situação

econômica, potenciais íntimos inerentes aos talentos particulares de cada cidadão que

compõe a sociedade, o potencial de capital humano existente em uma sociedade é

enorme, uma vez que a potencialidade que uma pessoa tem para fazer algo ou ser

alguém, pode ser valorado. Essa valoraç

condições de vida de uma pessoa, ou indireta, quando as ações somadas de indivíduos

aumentam a produção de um determinado produto ou serviço. A interrelação entre a

valoração direta e indireta do capital huma

sociedade, uma vez que quando instaurado gera um processo de sinergia, em que um

fator acelera o outro, ganhando o indivíduo e a sociedade. Assim, capital humano pode

ser definido como “as qualidades humanas que podem se

produção (do modo como se emprega o capital físico)”

estímulo ao potencial humano e, por conseguinte, ao aumento do capital humano de um

Estado, devem ser estimuladas, não somente como incentivo econ

social, posto que o aumento do capital humano reflete na melhoria da qualidade de vida

das pessoas, com efeitos sociais positivos. Neste sentido, leciona Amartya Sen:

Apesar da utilidade do conceito de capital humano, é importante ver os seres humanos de uma perspectiva mais ampla (anulando a analogia com a “cômoda”). Devemos ir humano, depois de ter reconhecido sua relevância e seu alcance. A ampliação necessária é adicional e inclusiva, e não, em nenhum sentido, uma

Importa ressaltar também o papel instrumental da expansão de capacidades na geração da mudança

27 SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdadeCompanhia das Letras, 2000, p. 332.

Volume 12 – nº 2 - 2018

gritantes, muitos cidadãos brasileiros são privados de capacidades por não terem sido

oferecidas as devidas oportunidades no passado para que pudessem tentar desenvolver

ncipalmente educação básica e saúde confiável. Entretanto, as

tentativas do Estado e da sociedade brasileira no sentido de erradicação da pobreza

extrema, certamente surtirão efeitos futuros positivos, quando as pessoas que deixem

sigam realizar-se, viver dignamente e, desta forma, participar

decisivamente da vida política, inserido-se socialmente nas comunidades a que

Dadas as características pessoais de cada indivíduo, origem social, situação

os inerentes aos talentos particulares de cada cidadão que

compõe a sociedade, o potencial de capital humano existente em uma sociedade é

enorme, uma vez que a potencialidade que uma pessoa tem para fazer algo ou ser

alguém, pode ser valorado. Essa valoração pode ser direta, pois pode oferecer melhores

condições de vida de uma pessoa, ou indireta, quando as ações somadas de indivíduos

aumentam a produção de um determinado produto ou serviço. A interrelação entre a

valoração direta e indireta do capital humano ganha magnitude e importância na

sociedade, uma vez que quando instaurado gera um processo de sinergia, em que um

fator acelera o outro, ganhando o indivíduo e a sociedade. Assim, capital humano pode

ser definido como “as qualidades humanas que podem ser empregadas como ‘capital’ na

(do modo como se emprega o capital físico)”27. Assim, os benefícios do

estímulo ao potencial humano e, por conseguinte, ao aumento do capital humano de um

Estado, devem ser estimuladas, não somente como incentivo econômico, mas também

social, posto que o aumento do capital humano reflete na melhoria da qualidade de vida

das pessoas, com efeitos sociais positivos. Neste sentido, leciona Amartya Sen:

Apesar da utilidade do conceito de capital humano, é importante ver seres humanos de uma perspectiva mais ampla (anulando a

analogia com a “cômoda”). Devemos ir além da noção de capital humano, depois de ter reconhecido sua relevância e seu alcance. A ampliação necessária é adicional e inclusiva, e não, em nenhum

uma alternativa à perspectiva do “capital humano”.

Importa ressaltar também o papel instrumental da expansão de capacidades na geração da mudança social (indo muito além da

mento como liberdade. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

Companhia das Letras, 2000, p. 332.

gritantes, muitos cidadãos brasileiros são privados de capacidades por não terem sido

oferecidas as devidas oportunidades no passado para que pudessem tentar desenvolver

ncipalmente educação básica e saúde confiável. Entretanto, as

tentativas do Estado e da sociedade brasileira no sentido de erradicação da pobreza

extrema, certamente surtirão efeitos futuros positivos, quando as pessoas que deixem

se, viver dignamente e, desta forma, participar

se socialmente nas comunidades a que

Dadas as características pessoais de cada indivíduo, origem social, situação

os inerentes aos talentos particulares de cada cidadão que

compõe a sociedade, o potencial de capital humano existente em uma sociedade é

enorme, uma vez que a potencialidade que uma pessoa tem para fazer algo ou ser

ão pode ser direta, pois pode oferecer melhores

condições de vida de uma pessoa, ou indireta, quando as ações somadas de indivíduos

aumentam a produção de um determinado produto ou serviço. A interrelação entre a

no ganha magnitude e importância na

sociedade, uma vez que quando instaurado gera um processo de sinergia, em que um

fator acelera o outro, ganhando o indivíduo e a sociedade. Assim, capital humano pode

r empregadas como ‘capital’ na

. Assim, os benefícios do

estímulo ao potencial humano e, por conseguinte, ao aumento do capital humano de um

ômico, mas também

social, posto que o aumento do capital humano reflete na melhoria da qualidade de vida

das pessoas, com efeitos sociais positivos. Neste sentido, leciona Amartya Sen:

Apesar da utilidade do conceito de capital humano, é importante ver seres humanos de uma perspectiva mais ampla (anulando a

da noção de capital humano, depois de ter reconhecido sua relevância e seu alcance. A ampliação necessária é adicional e inclusiva, e não, em nenhum

à perspectiva do “capital humano”.

Importa ressaltar também o papel instrumental da expansão de (indo muito além da

. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

mudança econômica

como instrumentos de meconômica (para qual comumente aponta a perspectiva do “capital humano”) e incluir o desenvolvimento social e político. (...) a expansão da educação para as mulheres pode reduzir a desigualdade entre os sexos na distrredução das taxas de fecundidade e de mortalidade infantil. A expansão da educação básica pode ainda melhorar a qualidade dos debates públicos. Essas realizações instrumentais podem ser, em última análise, iprodução de mercadorias convencionalmente definidas.

Ao buscar uma compreensão mais integral do papel das capacidades humanas, precisamos levar em consideração:

1) sua relevância

2) seu papel

3) seu papel

A relevância da perspectiva das capacidades incorpora cada uma dessas contribuições. Em contraste, o capital humano da dominante é visto primordialmente em relação ao terceiro desses três papéis. Existe uma clara sobreposição de abrangências sobreposição é importantíssima. Mas também existe uma forte necessidade de ir muito além desse papel acentuadamencircunscrito do capital humano ao concebermos o desenvolvimento como liberdade.

Tanto no aspecto econômico como no social, as políticas públicas de inserção

social brasileiras oferecem um efeito positivo e multiplicador na sociedade, assegu

a liberdade dos indivíduos ao assegurar uma vida digna, auxiliando os que vivem na

pobreza a conseguirem, ainda que gradativamente, melhores condições de vida, para

que efetivamente o princípio da dignidade humana seja exercida.

4 A Política Nacional dos Resíduos Sólidos

28 SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdadeCompanhia das Letras, 2000, p. 335

Volume 12 – nº 2 - 2018

econômica) De fato, o papel dos seres humanos, mesmo como instrumentos de mudança, pode ir muito além da produção econômica (para qual comumente aponta a perspectiva do “capital humano”) e incluir o desenvolvimento social e político. (...) a expansão da educação para as mulheres pode reduzir a desigualdade entre os sexos na distribuição intrafamiliar e também contribuir para a redução das taxas de fecundidade e de mortalidade infantil. A expansão da educação básica pode ainda melhorar a qualidade dos debates públicos. Essas realizações instrumentais podem ser, em última análise, importantíssimas – levando-nos muito além da produção de mercadorias convencionalmente definidas.

Ao buscar uma compreensão mais integral do papel das capacidades humanas, precisamos levar em consideração:

1) sua relevância direta para o bem-estar e a liberdade das pessoas;

2) seu papel indireto, influenciando a mudança social, e

3) seu papel indireto, influenciando a produção econômica.

A relevância da perspectiva das capacidades incorpora cada uma dessas contribuições. Em contraste, o capital humano da dominante é visto primordialmente em relação ao terceiro desses três papéis. Existe uma clara sobreposição de abrangências sobreposição é importantíssima. Mas também existe uma forte necessidade de ir muito além desse papel acentuadamente limitado e circunscrito do capital humano ao concebermos o desenvolvimento como liberdade.28

Tanto no aspecto econômico como no social, as políticas públicas de inserção

social brasileiras oferecem um efeito positivo e multiplicador na sociedade, assegu

a liberdade dos indivíduos ao assegurar uma vida digna, auxiliando os que vivem na

pobreza a conseguirem, ainda que gradativamente, melhores condições de vida, para

que efetivamente o princípio da dignidade humana seja exercida.

l dos Resíduos Sólidos

Desenvolvimento como liberdade. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

Companhia das Letras, 2000, p. 335-6.

) De fato, o papel dos seres humanos, mesmo udança, pode ir muito além da produção

econômica (para qual comumente aponta a perspectiva do “capital humano”) e incluir o desenvolvimento social e político. (...) a expansão da educação para as mulheres pode reduzir a desigualdade

ibuição intrafamiliar e também contribuir para a redução das taxas de fecundidade e de mortalidade infantil. A expansão da educação básica pode ainda melhorar a qualidade dos debates públicos. Essas realizações instrumentais podem ser, em

nos muito além da

Ao buscar uma compreensão mais integral do papel das capacidades

dade das pessoas;

A relevância da perspectiva das capacidades incorpora cada uma dessas contribuições. Em contraste, o capital humano da literatura dominante é visto primordialmente em relação ao terceiro desses três papéis. Existe uma clara sobreposição de abrangências – e essa sobreposição é importantíssima. Mas também existe uma forte

te limitado e circunscrito do capital humano ao concebermos o desenvolvimento

Tanto no aspecto econômico como no social, as políticas públicas de inserção

social brasileiras oferecem um efeito positivo e multiplicador na sociedade, assegurando

a liberdade dos indivíduos ao assegurar uma vida digna, auxiliando os que vivem na

pobreza a conseguirem, ainda que gradativamente, melhores condições de vida, para

. Tradução de Laura Teixeira Motta. São Paulo:

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

O texto constitucional de 1988 assimilou uma necessidade humana básica, qual

seja, de viver em harmonia com o meio ambiente natural, oferecendo vários dispositivos

à proteção e preservação da natureza brasileira. Ao mesmo tempo, o le

constituinte originário, percebeu a dimensão da responsabilidade de legislar tutelando

constitucionalmente os bens ambientais e, ao mesmo tempo, resguardar os direitos de

ordem política, social e econômicas de todos os cidadãos. Considerando que m

embora o texto constitucional brasileiro seja considerado como dos mais avançados do

Planeta no que diz respeito em matéria ambiental, é certo que compete ao legislador

derivado criar as regras normativas que regulamentem as determinações constitucion

efetivando o texto constitucional segundo os parâmetros das novas exigências da

sociedade brasileira.29

A profunda modificação da sociedade e do modo de vida das pessoas após a

drástica e acelerada urbanização do Brasil, projetou um fato social extrema

relevante, decorrente da imensa quantidade de resíduos sólidos doravante produzidos.

Houve a necessidade, com o passar do tempo, da legislação pátria regular uma mudança

que já se fazia necessária há muito tempo, qual seja, a elaboração de uma legisl

específica para proceder à correta destinação dos resíduos sólidos. Desta necessidade de

mudança social, aliada a determinação constitucional de normatizar a proteção aos bens

ambientais, o legislador instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos

vigência da Lei n. 12.305 de 2 de agosto de 2010, regulamentada posteriormente pelo

Decreto n. 7.404 de 23 de dezembro de 2010.

Em relação ao papel transformador do direito na sociedade, José Reinaldo de

Lima Lopes leciona que:

Como detectar aque se distingue a observação sociológica da histórica, visto que a mudança é inserida na esfera do tempo e da ação? Como mensurar mudanças? Tais são, entre muitos outros, alguns dos problemas teóricos colomecanismos de socialização existentes em todas as sociedades, os novos membros, sejam as novas gerações, as crianças que nascem, sejam aqueles incorporados de outras formas (estrangeiros, imigrantes, migrpor várias instituições sociais para isto existentes a crer na permanência e na identidade das estruturas e relações sociais como a

29 MILARÉ, Édis. Direito do ambiente7. ed. São Paulo: RT, 2011, p. 184-5.

Volume 12 – nº 2 - 2018

O texto constitucional de 1988 assimilou uma necessidade humana básica, qual

seja, de viver em harmonia com o meio ambiente natural, oferecendo vários dispositivos

à proteção e preservação da natureza brasileira. Ao mesmo tempo, o le

constituinte originário, percebeu a dimensão da responsabilidade de legislar tutelando

constitucionalmente os bens ambientais e, ao mesmo tempo, resguardar os direitos de

ordem política, social e econômicas de todos os cidadãos. Considerando que m

embora o texto constitucional brasileiro seja considerado como dos mais avançados do

Planeta no que diz respeito em matéria ambiental, é certo que compete ao legislador

derivado criar as regras normativas que regulamentem as determinações constitucion

efetivando o texto constitucional segundo os parâmetros das novas exigências da

A profunda modificação da sociedade e do modo de vida das pessoas após a

drástica e acelerada urbanização do Brasil, projetou um fato social extrema

relevante, decorrente da imensa quantidade de resíduos sólidos doravante produzidos.

Houve a necessidade, com o passar do tempo, da legislação pátria regular uma mudança

que já se fazia necessária há muito tempo, qual seja, a elaboração de uma legisl

específica para proceder à correta destinação dos resíduos sólidos. Desta necessidade de

mudança social, aliada a determinação constitucional de normatizar a proteção aos bens

ambientais, o legislador instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, através da

vigência da Lei n. 12.305 de 2 de agosto de 2010, regulamentada posteriormente pelo

Decreto n. 7.404 de 23 de dezembro de 2010.

Em relação ao papel transformador do direito na sociedade, José Reinaldo de

Como detectar as mudanças? Quais os seus aspectos relevantes? Em que se distingue a observação sociológica da histórica, visto que a mudança é inserida na esfera do tempo e da ação? Como mensurar mudanças? Tais são, entre muitos outros, alguns dos problemas teóricos colocados. Parte de sua razão está no fato de que pelos mecanismos de socialização existentes em todas as sociedades, os novos membros, sejam as novas gerações, as crianças que nascem, sejam aqueles incorporados de outras formas (estrangeiros, imigrantes, migrantes, vencidos e cativos de guerra, etc.) são levados por várias instituições sociais para isto existentes a crer na permanência e na identidade das estruturas e relações sociais como a

Direito do ambiente. A gestão ambiental em foco. Doutrina, jurisprudência, glossário.

5.

O texto constitucional de 1988 assimilou uma necessidade humana básica, qual

seja, de viver em harmonia com o meio ambiente natural, oferecendo vários dispositivos

à proteção e preservação da natureza brasileira. Ao mesmo tempo, o legislador

constituinte originário, percebeu a dimensão da responsabilidade de legislar tutelando

constitucionalmente os bens ambientais e, ao mesmo tempo, resguardar os direitos de

ordem política, social e econômicas de todos os cidadãos. Considerando que muito

embora o texto constitucional brasileiro seja considerado como dos mais avançados do

Planeta no que diz respeito em matéria ambiental, é certo que compete ao legislador

derivado criar as regras normativas que regulamentem as determinações constitucionais,

efetivando o texto constitucional segundo os parâmetros das novas exigências da

A profunda modificação da sociedade e do modo de vida das pessoas após a

drástica e acelerada urbanização do Brasil, projetou um fato social extremamente

relevante, decorrente da imensa quantidade de resíduos sólidos doravante produzidos.

Houve a necessidade, com o passar do tempo, da legislação pátria regular uma mudança

que já se fazia necessária há muito tempo, qual seja, a elaboração de uma legislação

específica para proceder à correta destinação dos resíduos sólidos. Desta necessidade de

mudança social, aliada a determinação constitucional de normatizar a proteção aos bens

, através da

vigência da Lei n. 12.305 de 2 de agosto de 2010, regulamentada posteriormente pelo

Em relação ao papel transformador do direito na sociedade, José Reinaldo de

s mudanças? Quais os seus aspectos relevantes? Em que se distingue a observação sociológica da histórica, visto que a mudança é inserida na esfera do tempo e da ação? Como mensurar mudanças? Tais são, entre muitos outros, alguns dos problemas

cados. Parte de sua razão está no fato de que pelos mecanismos de socialização existentes em todas as sociedades, os novos membros, sejam as novas gerações, as crianças que nascem, sejam aqueles incorporados de outras formas (estrangeiros,

antes, vencidos e cativos de guerra, etc.) são levados por várias instituições sociais para isto existentes a crer na permanência e na identidade das estruturas e relações sociais como a

. A gestão ambiental em foco. Doutrina, jurisprudência, glossário.

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

regra. Vêem o passado como prolongamento e continuação de seu presente e projetam para o futuro a mesma continuidade. Quando a socialização não gera suficiente conformismo, ao contrário, dandoconta desta continuidade como um peso, ou desta falsa continuidade como uma mistificação, sonham com um futuro diferente, promovede formas diversas uma espécie de resistência à socialização que afirma a permanência pura e simples das coisas como estão, elaboram estratégias e projetos de ruptura com a continuidade real ou aparente.Há duas formas básicas e dois deveres colocados pasociedades: produzir sua própria existência e reproduzirproduzir sua sobrevivência e sua continuidade no tempo formaminstituições, estruturas que fazem com que uma coisa seja igual a si mesma, princípio de identidade, ‘padrões de sistema’. De tal modo que a produção de sua vida material e a reprodução, o quanto possível, de suas próprias condições de existência determinam muitas das relações sociais e de modo especial as próprias instituições socializadoras que elugar, ou o seu papel, e mais do que isso dão o sentido da vida ao grupo. Tanto o funcionalismo quanto a tradição marxista, de formas diversas, enfrentam o tema. Aparentemente, pois, tudo é feito para que os padrões de comportamento se alterem. A despeito disso, as mudanças ocorrem, seja em meio a uma permanência do cotidiano e da dominação política, seja em meio a rupturas. Não fazemos aqui distinção entre mudanças e transformação social: bastaou processuais, assim como mudanças de padrão estrutural, ou revolucionárias ou não revolucionárias.

E continua o autor:

A razão de ser deste processo de identificação da totalidade do sistema jurídico com a pelo dinamismo normativo (regras) e institucional (aparelhos). Regras enunciadas de modo semelhante podem ser experimentadas ou vividas de modos distintos. Consequentemente, mudanças ocorridas na cujurídica são mudanças que repercutem em todo o sistema jurídico, ou seja, expendemprocesso de aplicação, legislação, etc.) e para o sistema. Nas tentativas de reforma ou, ao contrário, resistências suconta a cultura jurídica. (...)Mudanças na cultura jurídica podem ocorrer em várias esferas. Podem dizer respeito ao nível de profissionalização de grupos determinados (juízes, promotores, legisladores, advogados, delegados de polfunções. Nesse âmbito, tem importância a forma do ensino: se o

30 LOPES, José Reinaldo de Lima. Direito e transformação social: no direito. Belo Horizonte: Nova Alvorada, 1997, p. 40

Volume 12 – nº 2 - 2018

regra. Vêem o passado como prolongamento e continuação de seu e e projetam para o futuro a mesma continuidade. Quando a

socialização não gera suficiente conformismo, ao contrário, dandoconta desta continuidade como um peso, ou desta falsa continuidade como uma mistificação, sonham com um futuro diferente, promovede formas diversas uma espécie de resistência à socialização que afirma a permanência pura e simples das coisas como estão, elaboram estratégias e projetos de ruptura com a continuidade real ou aparente.Há duas formas básicas e dois deveres colocados para todas as sociedades: produzir sua própria existência e reproduzirproduzir sua sobrevivência e sua continuidade no tempo formaminstituições, estruturas que fazem com que uma coisa seja igual a si mesma, princípio de identidade, ‘padrões de configuração de um sistema’. De tal modo que a produção de sua vida material e a reprodução, o quanto possível, de suas próprias condições de existência determinam muitas das relações sociais e de modo especial as próprias instituições socializadoras que ensinam a cada um o seu lugar, ou o seu papel, e mais do que isso dão o sentido da vida ao grupo. Tanto o funcionalismo quanto a tradição marxista, de formas diversas, enfrentam o tema. Aparentemente, pois, tudo é feito para que os padrões de comportamento e as estruturas de relações sociais não se alterem. A despeito disso, as mudanças ocorrem, seja em meio a uma permanência do cotidiano e da dominação política, seja em meio a rupturas. Não fazemos aqui distinção entre mudanças e transformação social: basta reconhecer que há mudanças conjunturais ou processuais, assim como mudanças de padrão estrutural, ou revolucionárias ou não revolucionárias. 30

A razão de ser deste processo de identificação da totalidade do sistema jurídico com a ‘cultura jurídica’ está no fato de que esta é responsável pelo dinamismo normativo (regras) e institucional (aparelhos). Regras enunciadas de modo semelhante podem ser experimentadas ou vividas de modos distintos. Consequentemente, mudanças ocorridas na cujurídica são mudanças que repercutem em todo o sistema jurídico, ou seja, expendem-se para as normas (decisões, normas individuais, processo de aplicação, legislação, etc.) e para o sistema. Nas tentativas de reforma ou, ao contrário, resistências surdas às reformas, também conta a cultura jurídica. (...) Mudanças na cultura jurídica podem ocorrer em várias esferas. Podem dizer respeito ao nível de profissionalização de grupos determinados (juízes, promotores, legisladores, advogados, delegados de polfunções. Nesse âmbito, tem importância a forma do ensino: se o

Direito e transformação social: ensaio interdisciplinar das mudanças

a Alvorada, 1997, p. 40-1.

regra. Vêem o passado como prolongamento e continuação de seu e e projetam para o futuro a mesma continuidade. Quando a

socialização não gera suficiente conformismo, ao contrário, dando-se conta desta continuidade como um peso, ou desta falsa continuidade como uma mistificação, sonham com um futuro diferente, promovem de formas diversas uma espécie de resistência à socialização que afirma a permanência pura e simples das coisas como estão, elaboram estratégias e projetos de ruptura com a continuidade real ou aparente.

ra todas as sociedades: produzir sua própria existência e reproduzir-se. Para produzir sua sobrevivência e sua continuidade no tempo formam-se instituições, estruturas que fazem com que uma coisa seja igual a si

configuração de um sistema’. De tal modo que a produção de sua vida material e a reprodução, o quanto possível, de suas próprias condições de existência determinam muitas das relações sociais e de modo especial

nsinam a cada um o seu lugar, ou o seu papel, e mais do que isso dão o sentido da vida ao grupo. Tanto o funcionalismo quanto a tradição marxista, de formas diversas, enfrentam o tema. Aparentemente, pois, tudo é feito para que

e as estruturas de relações sociais não se alterem. A despeito disso, as mudanças ocorrem, seja em meio a uma permanência do cotidiano e da dominação política, seja em meio a rupturas. Não fazemos aqui distinção entre mudanças e

reconhecer que há mudanças conjunturais ou processuais, assim como mudanças de padrão estrutural, ou

A razão de ser deste processo de identificação da totalidade do sistema ‘cultura jurídica’ está no fato de que esta é responsável

pelo dinamismo normativo (regras) e institucional (aparelhos). Regras enunciadas de modo semelhante podem ser experimentadas ou vividas de modos distintos. Consequentemente, mudanças ocorridas na cultura jurídica são mudanças que repercutem em todo o sistema jurídico, ou

se para as normas (decisões, normas individuais, processo de aplicação, legislação, etc.) e para o sistema. Nas tentativas

rdas às reformas, também

Mudanças na cultura jurídica podem ocorrer em várias esferas. Podem dizer respeito ao nível de profissionalização de grupos determinados (juízes, promotores, legisladores, advogados, delegados de polícia) e funções. Nesse âmbito, tem importância a forma do ensino: se o

ensaio interdisciplinar das mudanças

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

treinamento é acadêmico ou corporativoprofissionalizante ou especializante, etc.

Em função situação fática ocorrida a partir da segunda metade do século XX

no Brasil, em que os resíduos sólidos eram, e em muitos locais ainda o são, descartados

sem nenhum cuidado nos chamados lixões a céu aberto, ocasionando a poluição do

solo32 bem como tendo conseqüências sociais, visto que muitas pessoas vivem catando

lixo a céu aberto. Um exemplo típico desta situação, que infelizmente se repete em

muitas cidades brasileiras, é o do chamado lixão de Gramacho, localizado na Região

Metropolitana do Rio de Janeiro, RJ, onde por décadas milhares de pessoas vivem

catando resíduos sólidos recicláveis em meio a todos os demais dejetos, em uma

situação social deplorável. Mas, em função dos novos paradigmas brasileiros impostos a

partir da Política Nacional dos resíduos sólidos, foi implantado um novo aterro sanitário

de alta tecnologia, que está recebendo todos os resíduos sólidos da Capital Fluminense a

partir de junho de 2012 (6,7 mil toneladas diariamente), e no qual não há a possibilidade

de contaminação do meio ambiente, bem como não existe mais o trabalho dos catadores

no lixão, pois estes deverão ser encaminhados às cooperativas de catadores.

Percebe-se, desta forma, que sobre novos conceitos econômicos, ambientais e

sociais, a sociedade brasileira tem

com a proteção do meio ambiente

e cidadania, pontos relevantes que são tratados pela nova legislação. Provavelmente a

iniciativa mais difundida da Política Nacional de resíduos sólidos é o incentivo à coleta

seletiva dos resíduos sólidos, em que estes deverão ser segregados de forma prévia, ou

seja, ocorrerá a separação das diversas espécies e formas de resíduos sólidos e,

posteriormente, enviados ao destino apropriado.

31 LOPES, José Reinaldo de Lima. Direito e transformação social: no direito. Belo Horizonte: Nova Alvorada, 1997, p. 10732 O solo é poluído quando resíduos sólidos, entre outros eventos, sãomeio ambiente natural, podendo ocorrer hipóteses de dano ambiental ao solo, subsolo, ao ar atmosférico, às águas subterrâneas ou superficiais, à flora e fauna, bem como à saúde humana. SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental.33 MORATELLI, Valmir. Tecnologia inédita no País varre todo o lixo do Rio para cima do tapete. Segundo IG, Rio de Janeiro, 31 de maio de 2012. Disponível em :< http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/2012para-cima-do.html>; acesso em 2/6/2018

Volume 12 – nº 2 - 2018

treinamento é acadêmico ou corporativo-profissional, se é profissionalizante ou especializante, etc. 31

Em função situação fática ocorrida a partir da segunda metade do século XX

sil, em que os resíduos sólidos eram, e em muitos locais ainda o são, descartados

sem nenhum cuidado nos chamados lixões a céu aberto, ocasionando a poluição do

bem como tendo conseqüências sociais, visto que muitas pessoas vivem catando

berto. Um exemplo típico desta situação, que infelizmente se repete em

muitas cidades brasileiras, é o do chamado lixão de Gramacho, localizado na Região

Metropolitana do Rio de Janeiro, RJ, onde por décadas milhares de pessoas vivem

os recicláveis em meio a todos os demais dejetos, em uma

situação social deplorável. Mas, em função dos novos paradigmas brasileiros impostos a

partir da Política Nacional dos resíduos sólidos, foi implantado um novo aterro sanitário

e está recebendo todos os resíduos sólidos da Capital Fluminense a

partir de junho de 2012 (6,7 mil toneladas diariamente), e no qual não há a possibilidade

de contaminação do meio ambiente, bem como não existe mais o trabalho dos catadores

estes deverão ser encaminhados às cooperativas de catadores.33

se, desta forma, que sobre novos conceitos econômicos, ambientais e

sociais, a sociedade brasileira tem-se mostrado cada vez mais interessada e preocupada

com a proteção do meio ambiente natural, como também em políticas de inserção social

e cidadania, pontos relevantes que são tratados pela nova legislação. Provavelmente a

iniciativa mais difundida da Política Nacional de resíduos sólidos é o incentivo à coleta

dos, em que estes deverão ser segregados de forma prévia, ou

seja, ocorrerá a separação das diversas espécies e formas de resíduos sólidos e,

posteriormente, enviados ao destino apropriado.

Direito e transformação social: ensaio interdisciplinar das mudanças

no direito. Belo Horizonte: Nova Alvorada, 1997, p. 107-8. O solo é poluído quando resíduos sólidos, entre outros eventos, são dispostos de forma inadequada no

meio ambiente natural, podendo ocorrer hipóteses de dano ambiental ao solo, subsolo, ao ar atmosférico, às águas subterrâneas ou superficiais, à flora e fauna, bem como à saúde humana. SIRVINSKAS, Luís

eito ambiental. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 344. MORATELLI, Valmir. Tecnologia inédita no País varre todo o lixo do Rio para cima do tapete.

, Rio de Janeiro, 31 de maio de 2012. Disponível em :< http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/2012-05-31/tecnologia-inedita-no-pais-varre-todo-o-lixo

; acesso em 2/6/2018.

profissional, se é

Em função situação fática ocorrida a partir da segunda metade do século XX

sil, em que os resíduos sólidos eram, e em muitos locais ainda o são, descartados

sem nenhum cuidado nos chamados lixões a céu aberto, ocasionando a poluição do

bem como tendo conseqüências sociais, visto que muitas pessoas vivem catando

berto. Um exemplo típico desta situação, que infelizmente se repete em

muitas cidades brasileiras, é o do chamado lixão de Gramacho, localizado na Região

Metropolitana do Rio de Janeiro, RJ, onde por décadas milhares de pessoas vivem

os recicláveis em meio a todos os demais dejetos, em uma

situação social deplorável. Mas, em função dos novos paradigmas brasileiros impostos a

partir da Política Nacional dos resíduos sólidos, foi implantado um novo aterro sanitário

e está recebendo todos os resíduos sólidos da Capital Fluminense a

partir de junho de 2012 (6,7 mil toneladas diariamente), e no qual não há a possibilidade

de contaminação do meio ambiente, bem como não existe mais o trabalho dos catadores

se, desta forma, que sobre novos conceitos econômicos, ambientais e

se mostrado cada vez mais interessada e preocupada

natural, como também em políticas de inserção social

e cidadania, pontos relevantes que são tratados pela nova legislação. Provavelmente a

iniciativa mais difundida da Política Nacional de resíduos sólidos é o incentivo à coleta

dos, em que estes deverão ser segregados de forma prévia, ou

seja, ocorrerá a separação das diversas espécies e formas de resíduos sólidos e,

ensaio interdisciplinar das mudanças

dispostos de forma inadequada no meio ambiente natural, podendo ocorrer hipóteses de dano ambiental ao solo, subsolo, ao ar atmosférico, às águas subterrâneas ou superficiais, à flora e fauna, bem como à saúde humana. SIRVINSKAS, Luís

MORATELLI, Valmir. Tecnologia inédita no País varre todo o lixo do Rio para cima do tapete. Último , Rio de Janeiro, 31 de maio de 2012. Disponível em :<

lixo-do-rio-

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

Neste sentido, podemos afirmar que após a vigência da Política Nac

resíduos sólidos, iniciou-se no Brasil efetivamente uma relação entre o consumo e o

pós-consumo, uma vez que, se é certo que os cidadãos da sociedade irão consumir, estes

devem preocupar-se com o destino de todos os resíduos produzidos pelo ato d

consumo.

Certamente o ponto fundamental na relação entre o consumidor e o pós

consumo, é a informação, uma vez que o consumidor informado, conhece o produto ou

serviço que consume e, principalmente, doravante sabe como proceder para realizar o

descarte correto dos resíduos sólidos produzidos.

Analisando a importância da informação para o pós

Antônio Carlos Efing e Fernanda Mara Gibran:

Neste momento de mudança social, constatamo egocentrismo, a exclusão, a complexacerbado. Em tal contexto, a função do Direito é justamente a interpretação coerente do ordenamento jurídico, promovendo os valores e os princípios que legitimam a dignidade humana.A informação é um instrumento central para a socitornando-se premissa das formas de contratação, uma vez que os consumidores devem ser informados sobre todas as características dos produtos e serviços que poderão adquirir. E, se em um primeiro momento a informação voltatambém orienta o pós

Decorrente da informação do consumidor consciente, surge a segregação dos

resíduos sólidos, sendo que alguns poderão ser encaminhados à reciclagem,

principalmente metais – entre eles o alumínio

ser enviados a uma destinação apropriada, seja em aterro sanitário, compostagem,

incineração ou usina verde35.

Vê-se, desta forma, que embora cada vez mais os consumidores brasileiros

estejam se informando e pautando

dos resíduos sólidos, implementando

34 EFING, Antônio Carlos; GIBRAN, Fernanda Mara. Informação para o pósDireito Ambiental. São Paulo: RT, Ano 17, n. 66, p. 222, abr./jun. 2012. 35 SIRVINSKAS, Luís Paulo. Manual de direito ambiental.

Volume 12 – nº 2 - 2018

Neste sentido, podemos afirmar que após a vigência da Política Nac

se no Brasil efetivamente uma relação entre o consumo e o

consumo, uma vez que, se é certo que os cidadãos da sociedade irão consumir, estes

se com o destino de todos os resíduos produzidos pelo ato d

Certamente o ponto fundamental na relação entre o consumidor e o pós

consumo, é a informação, uma vez que o consumidor informado, conhece o produto ou

serviço que consume e, principalmente, doravante sabe como proceder para realizar o

correto dos resíduos sólidos produzidos.

Analisando a importância da informação para o pós-consumo, asseveram

Antônio Carlos Efing e Fernanda Mara Gibran:

Neste momento de mudança social, constatam-se o vácuo de valores, o egocentrismo, a exclusão, a complexidade e o consumismo exacerbado. Em tal contexto, a função do Direito é justamente a interpretação coerente do ordenamento jurídico, promovendo os valores e os princípios que legitimam a dignidade humana. A informação é um instrumento central para a sociedade pós

se premissa das formas de contratação, uma vez que os consumidores devem ser informados sobre todas as características dos produtos e serviços que poderão adquirir. E, se em um primeiro momento a informação volta-se precipuamente ao consumo, ela agora também orienta o pós-consumo.34

Decorrente da informação do consumidor consciente, surge a segregação dos

resíduos sólidos, sendo que alguns poderão ser encaminhados à reciclagem,

entre eles o alumínio –, papel e plásticos; os demais, deverão

ser enviados a uma destinação apropriada, seja em aterro sanitário, compostagem,

se, desta forma, que embora cada vez mais os consumidores brasileiros

estejam se informando e pautando-se pelo consumo consciente e pela destinação correta

dos resíduos sólidos, implementando-se o pós-consumo, esta se tornará eficaz tão

EFING, Antônio Carlos; GIBRAN, Fernanda Mara. Informação para o pós-consumo. In

São Paulo: RT, Ano 17, n. 66, p. 222, abr./jun. 2012. Manual de direito ambiental. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 350

Neste sentido, podemos afirmar que após a vigência da Política Nacional dos

se no Brasil efetivamente uma relação entre o consumo e o

consumo, uma vez que, se é certo que os cidadãos da sociedade irão consumir, estes

se com o destino de todos os resíduos produzidos pelo ato do

Certamente o ponto fundamental na relação entre o consumidor e o pós-

consumo, é a informação, uma vez que o consumidor informado, conhece o produto ou

serviço que consume e, principalmente, doravante sabe como proceder para realizar o

consumo, asseveram

se o vácuo de valores, exidade e o consumismo

exacerbado. Em tal contexto, a função do Direito é justamente a interpretação coerente do ordenamento jurídico, promovendo os

edade pós-moderna,

se premissa das formas de contratação, uma vez que os consumidores devem ser informados sobre todas as características dos produtos e serviços que poderão adquirir. E, se em um primeiro

e ao consumo, ela agora

Decorrente da informação do consumidor consciente, surge a segregação dos

resíduos sólidos, sendo que alguns poderão ser encaminhados à reciclagem,

el e plásticos; os demais, deverão

ser enviados a uma destinação apropriada, seja em aterro sanitário, compostagem,

se, desta forma, que embora cada vez mais os consumidores brasileiros

lo consumo consciente e pela destinação correta

consumo, esta se tornará eficaz tão-

In: Revista de

Paulo: Saraiva, 2011, p. 350-5.

Page 21: AS POLÍTICAS PÚBLICAS COMO MECANISMO DE EFETIVAÇÃO … · dignidade da pessoa humana, bem como os direitos sociais e econômicos, entre outros. A Ca rta constitucional de 1988

Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

somente se houver um serviço público eficiente de coleta seletiva, em que os resíduos

sólidos segregados de fato sejam encaminh

Este serviço de coleta seletiva deve ser implementado pelo titular do serviço

público de limpeza urbana, em sede municipal, que deverá elaborar o plano municipal

de gestão integrada de resíduos sólidos, sistematizando a coleta d

limpeza urbana. É necessário enfatizar que a responsabilidade na gestão dos resíduos

sólidos não se restringe aos entes públicos municipais, sendo necessário destacar o

seguinte escrito:

(...) elemento importante é a previsão de responsabicompartilhada na legislação brasileira, envolvendo a sociedade, empresas, prefeituras e governos estaduais e federal na gestão dos resíduos sólidos. Estabelece, ainda, que as pessoas terão de acondicionar de forma adequada o lixo para o recolhimentomesmo, fazendo a separação onde houver coleta seletiva.

Contudo, é necessário indicar que a coleta seletiva dos resíduos sólidos

produzidos pelas sociedades urbanas, passa necessariamente pela conscientização da

população, pelos cidadãos que devem, n

separar os resíduos para que seja dada oportunamente a destinação correta a estes

materiais; esta conscientização, que ainda ocorre timidamente no Brasil, poderá ser cada

vez mais difundida através da educação ambie

direitos humanos, para preservação do meio ambiente, para o desenvolvimento

sustentável, e para auxílio sócio

A sistematização progressiva da coleta seletiva dos resíduos sólidos, dev

priorizar a participação de cooperativas ou qualquer forma de associação de catadores,

constituídas por pessoas físicas de baixa renda. É importantíssimo salientar a função

social da legislação, que visa modificar uma estrutura sócio

miséria em determinadas classes sociais brasileiras. Ao determinar que os municípios

introduzam a coleta seletiva dos resíduos sólidos, o legislador, além de buscar uma

solução para um dos efeitos da sociedade consumista, o excesso de resíduos sólidos,

36 CALDERAN, Thanabi Bellenzier; MAZZARINO, Jane M.; KONRAD, Odorico. Consórcios intermunicipais para a gestão de resíduos sólidos domésticos e como elemento de desenvolvimento regional sustentável. In: Revista de Direito 2012.

Volume 12 – nº 2 - 2018

somente se houver um serviço público eficiente de coleta seletiva, em que os resíduos

sólidos segregados de fato sejam encaminhados aos destinos corretos.

Este serviço de coleta seletiva deve ser implementado pelo titular do serviço

público de limpeza urbana, em sede municipal, que deverá elaborar o plano municipal

de gestão integrada de resíduos sólidos, sistematizando a coleta dos resíduos e de

limpeza urbana. É necessário enfatizar que a responsabilidade na gestão dos resíduos

sólidos não se restringe aos entes públicos municipais, sendo necessário destacar o

(...) elemento importante é a previsão de responsabicompartilhada na legislação brasileira, envolvendo a sociedade, empresas, prefeituras e governos estaduais e federal na gestão dos resíduos sólidos. Estabelece, ainda, que as pessoas terão de acondicionar de forma adequada o lixo para o recolhimentomesmo, fazendo a separação onde houver coleta seletiva.36

Contudo, é necessário indicar que a coleta seletiva dos resíduos sólidos

produzidos pelas sociedades urbanas, passa necessariamente pela conscientização da

população, pelos cidadãos que devem, no ato de consumir, informarem-

separar os resíduos para que seja dada oportunamente a destinação correta a estes

materiais; esta conscientização, que ainda ocorre timidamente no Brasil, poderá ser cada

vez mais difundida através da educação ambiental, como também pela educação em

direitos humanos, para preservação do meio ambiente, para o desenvolvimento

sustentável, e para auxílio sócio-econômico das pessoas de baixa renda.

A sistematização progressiva da coleta seletiva dos resíduos sólidos, dev

priorizar a participação de cooperativas ou qualquer forma de associação de catadores,

constituídas por pessoas físicas de baixa renda. É importantíssimo salientar a função

social da legislação, que visa modificar uma estrutura sócio-econômica de profund

miséria em determinadas classes sociais brasileiras. Ao determinar que os municípios

introduzam a coleta seletiva dos resíduos sólidos, o legislador, além de buscar uma

solução para um dos efeitos da sociedade consumista, o excesso de resíduos sólidos,

CALDERAN, Thanabi Bellenzier; MAZZARINO, Jane M.; KONRAD, Odorico. Consórcios

ão de resíduos sólidos domésticos e como elemento de desenvolvimento Revista de Direito Ambiental. São Paulo: RT, Ano 17, n. 66, p. 326, abr./jun.

somente se houver um serviço público eficiente de coleta seletiva, em que os resíduos

Este serviço de coleta seletiva deve ser implementado pelo titular do serviço

público de limpeza urbana, em sede municipal, que deverá elaborar o plano municipal

os resíduos e de

limpeza urbana. É necessário enfatizar que a responsabilidade na gestão dos resíduos

sólidos não se restringe aos entes públicos municipais, sendo necessário destacar o

(...) elemento importante é a previsão de responsabilidade compartilhada na legislação brasileira, envolvendo a sociedade, empresas, prefeituras e governos estaduais e federal na gestão dos resíduos sólidos. Estabelece, ainda, que as pessoas terão de acondicionar de forma adequada o lixo para o recolhimento do

Contudo, é necessário indicar que a coleta seletiva dos resíduos sólidos

produzidos pelas sociedades urbanas, passa necessariamente pela conscientização da

-se e após,

separar os resíduos para que seja dada oportunamente a destinação correta a estes

materiais; esta conscientização, que ainda ocorre timidamente no Brasil, poderá ser cada

ntal, como também pela educação em

direitos humanos, para preservação do meio ambiente, para o desenvolvimento

A sistematização progressiva da coleta seletiva dos resíduos sólidos, deve

priorizar a participação de cooperativas ou qualquer forma de associação de catadores,

constituídas por pessoas físicas de baixa renda. É importantíssimo salientar a função

econômica de profunda

miséria em determinadas classes sociais brasileiras. Ao determinar que os municípios

introduzam a coleta seletiva dos resíduos sólidos, o legislador, além de buscar uma

solução para um dos efeitos da sociedade consumista, o excesso de resíduos sólidos,

CALDERAN, Thanabi Bellenzier; MAZZARINO, Jane M.; KONRAD, Odorico. Consórcios ão de resíduos sólidos domésticos e como elemento de desenvolvimento

São Paulo: RT, Ano 17, n. 66, p. 326, abr./jun.

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

também busca uma forma eficiente de tentar diminuir as gritantes diferenças sociais

entre ricos e pobres que ocorrem no Brasil.

Se uma grande parcelada população brasileira é constituída de pessoas de baixa

renda, que sequer conseguem ser inseridas no merc

encontrar uma atividade que lhes proporcionem algum retorno financeiro, para que

deixem a miséria absoluta e, talvez, com o passar do tempo, trabalhando com a

reciclagem, auxiliadas pelas cooperativas de reciclagem

em que ao menos o mínimo existencial esteja presente na vida delas.

Salientamos que esta nova política pública sobre os resíduos sólidos abrange

toda a sociedade brasileira, uma vez que todos, pessoas físicas ou jurídicas, produtores

ou consumidores, sem exceção, de alguma maneira produzem resíduos. Portanto, todos

na sociedade possuem algum grau de responsabilidade

resíduos sólidos. Todos são parte do problema, logo, da mesma forma, todos devem

fazer parte da solução, que passa necessariamente pela destinação correta dos resíduos

sólidos no pós-consumo.

Certamente a solução para os desdobramentos de uma sociedade consumista, e

o que fazer com os seus resíduos sólidos, deverá passar pela educação ambiental, par

que todos tomem consciência das suas atitudes para com o meio ambiente natural e,

principalmente, envolvam-se na construção de um país socialmente mais justo e

equilibrado, conceitos que devem ser desenvolvidos pela educação em direitos

humanos, que possui condições de conscientizar as pessoas de que as suas pequenas

atitudes podem beneficiar uma grande parcela da população de baixa renda.

A partir dos ditames da Política Nacional de Educação Ambiental, o legislador,

ao redigir a Política Nacional dos Res

37 SILVA, Paulo Renato Fernandes da. direito do trabalho. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, p. 338 PINZ, Greice Moreira. A responsajurisprudência brasileira. In: Revista de Direito Ambiental.jan./mar. 2012.

Volume 12 – nº 2 - 2018

ambém busca uma forma eficiente de tentar diminuir as gritantes diferenças sociais

entre ricos e pobres que ocorrem no Brasil.

Se uma grande parcelada população brasileira é constituída de pessoas de baixa

renda, que sequer conseguem ser inseridas no mercado formal de trabalho, elas podem

encontrar uma atividade que lhes proporcionem algum retorno financeiro, para que

deixem a miséria absoluta e, talvez, com o passar do tempo, trabalhando com a

reciclagem, auxiliadas pelas cooperativas de reciclagem37, alcancem uma vida digna,

em que ao menos o mínimo existencial esteja presente na vida delas.

Salientamos que esta nova política pública sobre os resíduos sólidos abrange

toda a sociedade brasileira, uma vez que todos, pessoas físicas ou jurídicas, produtores

ou consumidores, sem exceção, de alguma maneira produzem resíduos. Portanto, todos

na sociedade possuem algum grau de responsabilidade38 com relação à geração de

resíduos sólidos. Todos são parte do problema, logo, da mesma forma, todos devem

solução, que passa necessariamente pela destinação correta dos resíduos

Certamente a solução para os desdobramentos de uma sociedade consumista, e

o que fazer com os seus resíduos sólidos, deverá passar pela educação ambiental, par

que todos tomem consciência das suas atitudes para com o meio ambiente natural e,

se na construção de um país socialmente mais justo e

equilibrado, conceitos que devem ser desenvolvidos pela educação em direitos

ui condições de conscientizar as pessoas de que as suas pequenas

atitudes podem beneficiar uma grande parcela da população de baixa renda.

A partir dos ditames da Política Nacional de Educação Ambiental, o legislador,

ao redigir a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, fez menção expressa do incentivo à

SILVA, Paulo Renato Fernandes da. Cooperativas de trabalho, terceirização da mão

. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2005, p. 3-7. PINZ, Greice Moreira. A responsabilidade ambiental pós-consumo e a sua concretização na

Revista de Direito Ambiental. São Paulo: RT, Ano 17, n. 65, p. 153

ambém busca uma forma eficiente de tentar diminuir as gritantes diferenças sociais

Se uma grande parcelada população brasileira é constituída de pessoas de baixa

ado formal de trabalho, elas podem

encontrar uma atividade que lhes proporcionem algum retorno financeiro, para que

deixem a miséria absoluta e, talvez, com o passar do tempo, trabalhando com a

ancem uma vida digna,

Salientamos que esta nova política pública sobre os resíduos sólidos abrange

toda a sociedade brasileira, uma vez que todos, pessoas físicas ou jurídicas, produtores

ou consumidores, sem exceção, de alguma maneira produzem resíduos. Portanto, todos

com relação à geração de

resíduos sólidos. Todos são parte do problema, logo, da mesma forma, todos devem

solução, que passa necessariamente pela destinação correta dos resíduos

Certamente a solução para os desdobramentos de uma sociedade consumista, e

o que fazer com os seus resíduos sólidos, deverá passar pela educação ambiental, para

que todos tomem consciência das suas atitudes para com o meio ambiente natural e,

se na construção de um país socialmente mais justo e

equilibrado, conceitos que devem ser desenvolvidos pela educação em direitos

ui condições de conscientizar as pessoas de que as suas pequenas

A partir dos ditames da Política Nacional de Educação Ambiental, o legislador,

íduos Sólidos, fez menção expressa do incentivo à

Cooperativas de trabalho, terceirização da mão-de-obra e

consumo e a sua concretização na São Paulo: RT, Ano 17, n. 65, p. 153-213,

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Revista Virtual Direito Brasil – Volume 12

educação ambiental, certamente como ferramenta de efetividade na gestão dos resíduos

sólidos.39

Há que se destacar que, a partir da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, a

educação ambiental ganha fôlego e

instrumentos da Lei, tais como coleta seletiva, logística reversa e reciclagem, dependem

da conscientização dos consumidores em sua relação com os resíduos produzidos no

pós-consumo; dos fabricantes, importadores,

implantarem as ferramentais obrigatórias e necessárias em relação aos produtos e

serviços postos a consumo na sociedade; bem como aos entes públicos, na

implementação dos serviços de limpeza pública, destinação apropriada d

sólidos, além dos incentivos exigidos, tal como o auxílio as cooperativas de catadores.

Sem prejuízo das demais exigências da Lei, a educação ambiental possui papel

fundamental na Política Nacional dos Resíduos Sólidos, como ferramenta de

conscientização da população da necessidade de se relacionar de forma sustentável com

os resíduos sólidos produzidos por todos, com seus reflexos sócio

5 Considerações finais

Demonstrou-se, ao longo do

Resíduos Sólidos é um eficiente mecanismo de combate à pobreza extrema no Brasil,

em que os excluídos sociais, aqueles que vivem muito abaixo da linha de pobreza,

geralmente catadores de lixo, podem encontrar uma forma eficien

encontrar uma vida mais digna.

Neste sentido, a coleta seletiva dos resíduos sólidos e a consequente reciclagem

destes materiais, tem o potencial de modificar a sociedade, na medida em que aqueles

que consomem podem educar

de separar o seu lixo, irão ajudar milhões de brasileiros a viverem de forma mais digna,

além de perceberem os reflexos ambientais, uma vez que a extração de matérias

39 A Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, define em seu art. 8º, VIII, a educação ainstrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, estando regulamentada no art. 77 do Decreto 7.404, de 23 de dezembro de 2010. BRASIL. 2011, p. 912-3.

Volume 12 – nº 2 - 2018

educação ambiental, certamente como ferramenta de efetividade na gestão dos resíduos

Há que se destacar que, a partir da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, a

educação ambiental ganha fôlego e espaço na sociedade, pois é certo que os

instrumentos da Lei, tais como coleta seletiva, logística reversa e reciclagem, dependem

da conscientização dos consumidores em sua relação com os resíduos produzidos no

consumo; dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes em

implantarem as ferramentais obrigatórias e necessárias em relação aos produtos e

serviços postos a consumo na sociedade; bem como aos entes públicos, na

implementação dos serviços de limpeza pública, destinação apropriada dos resíduos

sólidos, além dos incentivos exigidos, tal como o auxílio as cooperativas de catadores.

Sem prejuízo das demais exigências da Lei, a educação ambiental possui papel

fundamental na Política Nacional dos Resíduos Sólidos, como ferramenta de

ientização da população da necessidade de se relacionar de forma sustentável com

os resíduos sólidos produzidos por todos, com seus reflexos sócio-econômicos.

se, ao longo do presente escrito, que a Política Nacional dos

Resíduos Sólidos é um eficiente mecanismo de combate à pobreza extrema no Brasil,

em que os excluídos sociais, aqueles que vivem muito abaixo da linha de pobreza,

geralmente catadores de lixo, podem encontrar uma forma eficiente de buscar e

encontrar uma vida mais digna.

Neste sentido, a coleta seletiva dos resíduos sólidos e a consequente reciclagem

destes materiais, tem o potencial de modificar a sociedade, na medida em que aqueles

que consomem podem educar-se, percebendo que as suas pequenas e singelas atitudes

, irão ajudar milhões de brasileiros a viverem de forma mais digna,

além de perceberem os reflexos ambientais, uma vez que a extração de matérias

A Lei 12.305, de 2 de agosto de 2010, define em seu art. 8º, VIII, a educação ambiental como um dos

instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, estando regulamentada no art. 77 do Decreto 7.404, de 23 de dezembro de 2010. BRASIL. Legislação de direito ambiental. 4. ed. São Paulo: Saraiva,

educação ambiental, certamente como ferramenta de efetividade na gestão dos resíduos

Há que se destacar que, a partir da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, a

espaço na sociedade, pois é certo que os

instrumentos da Lei, tais como coleta seletiva, logística reversa e reciclagem, dependem

da conscientização dos consumidores em sua relação com os resíduos produzidos no

distribuidores e comerciantes em

implantarem as ferramentais obrigatórias e necessárias em relação aos produtos e

serviços postos a consumo na sociedade; bem como aos entes públicos, na

os resíduos

sólidos, além dos incentivos exigidos, tal como o auxílio as cooperativas de catadores.

Sem prejuízo das demais exigências da Lei, a educação ambiental possui papel

fundamental na Política Nacional dos Resíduos Sólidos, como ferramenta de

ientização da população da necessidade de se relacionar de forma sustentável com

econômicos.

, que a Política Nacional dos

Resíduos Sólidos é um eficiente mecanismo de combate à pobreza extrema no Brasil,

em que os excluídos sociais, aqueles que vivem muito abaixo da linha de pobreza,

te de buscar e

Neste sentido, a coleta seletiva dos resíduos sólidos e a consequente reciclagem

destes materiais, tem o potencial de modificar a sociedade, na medida em que aqueles

e as suas pequenas e singelas atitudes

, irão ajudar milhões de brasileiros a viverem de forma mais digna,

além de perceberem os reflexos ambientais, uma vez que a extração de matérias-primas

mbiental como um dos instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, estando regulamentada no art. 77 do Decreto

4. ed. São Paulo: Saraiva,

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Volume 12 – nº 2 - 2018

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professor Ricardo Lobo Torres. SARMENTO, Daniel; GALDINO, Flávio (orgs.). Rio