dignidade da pessoa

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A DIGNIDADE DA PESSOA E OS LIMITES A ELA IMPOSTOS PELA RESERVA DO POSSÍVEL *Rui Magalhães Piscitelli RESUMO O presente artigo tem por objetivo analisar o conceito da dignidade humana, doutrinária e jurisprudencialmente, e situá-lo no ambiente econômico, no qual se sobressai a teoria da reserva do possível. Como alternativa, o Autor associa as políticas públicas a serviço da dignidade humana, utilizando- se, para isso, o instrumento do orçamento. 1- AS DIMENSÕES DOS DIREITOS HUMANOS De pronto, a título de definição, devemos ter que direitos fundamentais e direitos humanos são conceitos muito próximos. Resumidamente: “o termo direitos fundamentais se aplica para aqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, ao passo que a expressão direitos humanos guardaria relação com os documentos de direito internacional, ... independentemente de sua vinculação com 1

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A DIGNIDADE DA PESSOA E OS LIMITES A ELA IMPOSTOS PELA RESERVA DO POSSÍVEL

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A DIGNIDADE DA PESSOA E OS LIMITES A ELA IMPOSTOS PELA RESERVA DO POSSVEL

A DIGNIDADE DA PESSOA E OS LIMITES A ELA IMPOSTOS PELA RESERVA DO POSSVEL

*Rui Magalhes Piscitelli

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo analisar o conceito da dignidade humana, doutrinria e jurisprudencialmente, e situ-lo no ambiente econmico, no qual se sobressai a teoria da reserva do possvel. Como alternativa, o Autor associa as polticas pblicas a servio da dignidade humana, utilizando-se, para isso, o instrumento do oramento.1- AS DIMENSES DOS DIREITOS HUMANOS

De pronto, a ttulo de definio, devemos ter que direitos fundamentais e direitos humanos so conceitos muito prximos. Resumidamente:

o termo direitos fundamentais se aplica para aqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, ao passo que a expresso direitos humanos guardaria relao com os documentos de direito internacional, ... independentemente de sua vinculao com determinada ordem constitucional... de tal sorte que revelam um inequvoco carter supranacional.

Os direitos humanos, originariamente, tiveram como funo fazer com que o Estado no interferisse, ou o fizesse no menor grau possvel, na autonomia privada dos cidados, ou seja, os direitos dos indivduos perante o Estado se caracterizavam como de defesa .

O cenrio de ento, com a Declarao de Direitos do povo da Virgnia, de 1776, e a Declarao dos direitos do homem e do cidado, de 1789, marcos do incio da era contempornea - , estava ainda muito ressentido pelo Estado absolutista at ento vigente.

Sobre o termo geraes de direitos, o Autor prefere descartar o seu uso, em prol do termo dimenso, pois, este sim, denota a complementariedade entre os direitos sucessivamente, e no, substitutividade, como faz expressar aquele primeiro vocbulo.Nesse estdio, que a doutrina convencionou chamar de 1 dimenso, as garantias aspiradas diziam respeito liberdade individual, de empresa e de pensamento. A igualdade formal bastava num momento em que os agentes econmicos participavam de um sistema de livre concorrncia. Assim o vemos em Alexy: Los derechos de defensa del ciudadano frente al Estado son derechos a acciones negativas (omisiones) del Estado.

Contudo, a sociedade se transformava rapidamente, e ao Estado no era mais suficiente que garantisse somente os direitos de defesa aos cidados. A Revoluo Industrial, como efetivamente provocou crescimento econmico, tambm aumentava cada vez mais a desigualdade na repartio da riqueza . Diante desse quadro, o liberalismo na Economia, representado sobremaneira pelas idias de Adam Smith, no conseguia mais sustentar que a concorrncia maximiza o desenvolvimento econmico e que os benefcios do desenvolvimento seriam partilhados por toda a sociedade.

No final do sculo XIX, surgem movimentos sociais e, com eles, novas concepes filosficas e econmicas. Karl Marx foi um dos maiores crticos do sistema ento vigente, diagnosticando a concentrao de renda que estava sendo gerada pelo processo de industrializao, fazendo com que cada vez mais o excedente do tempo de trabalho dos operrios fosse apropriado pelos donos dos fatores de produo.

Nas palavras da Professora Titular do Departamento de Economia da USP:

O capitalismo atomizado e concorrencial do incio do sculo XIX cedera lugar a um capitalismo molecular ou de grandes concentraes econmicas, de forte tendncia monopolstica; o Estado abandonara sua passividade de simples guardio da ordem para interferir, cada vez mais, no campo econmico...

Assim, surgem os direitos fundamentais de segunda dimenso, calcados nos ideais sociais das Constituies do Mxico, 1.917, e Weimar, 1.919, demonstrando uma preocupao para que o Estado, sim, interfira positivamente na sociedade, justamente nos mbitos econmico, social e cultural. Veja-se: aqui, j falamos de aes positivas do Estado na sociedade.

Sobre o assunto: ...estes direitos fundamentais, no que se distinguem dos clssicos direitos de liberdade e igualdade formal, nasceram abraados ao princpio da igualdade, entendida esta num sentido material.

Nessa quadra, o Estado passa a ter uma participao ativa na sociedade. Na histria do sculo XX, passamos a conviver com o Welfare state, Estado de bem-estar social. Progressivamente, mais recursos pblicos so destinados a gastos sociais, como sade, educao e previdncia social. O Estado passa a ser devedor de prestaes positivas da sociedade, como nos ensina Alexy:

Para el problema de los derechos subjetivos a prestaciones tienen importncia, sobre todo, ls decisiones em ls que no solo se habla como suele suceder de obligaciones objetivas Del Estado, sino que, adems, se analizan derechos subjetivos a acciones positivas

Ainda, aponta-nos Sarlet, uma terceira dimenso dos direitos humanos. Nesta, a titularidade sai do indivduo passando para a coletividade, o povo, a nao. Ressaltam a importncia os direitos paz e ao meio-ambiente sadio. Como matiz de sua caracterizao, exigem uma postura eminentemente negativa. Digno de nota, Sarlet os enquadra como atualizao dos direitos da 1 gerao, adaptados s novas exigncias da nova sociedade contempornea.

Por fim, ainda Sarlet nos noticia a categoria da 4 gerao dos direitos fundamentais, mas alerta: ...no entanto, ainda aguarda sua consagrao na esfera do direito internacional e das ordens constitucionais internas. Direito informao e participao popular direta, dentre outros, marcam essa nova dimenso, na qual o ponto realmente diferenciador a garantia de capacitao dos indivduos para fazerem parte de uma sociedade globalizada.

2- A DIGNIDADE HUMANA E A COLISO ENTRE AS NORMAS

Questo a que nos ateremos incontinenti a caracterizao da dignidade humana.

No plano internacional, assim a temos prevista no prembulo da Declarao Universal dos Direitos Humanos, da Organizao das Naes Unidas, de 1948: CONSIDERANDO que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da famlia humana e seus direitos iguais e inalienveis o fundamento da liberdade, da justia e da paz no mundo.

Na Carta Poltica brasileira de 1988, seu prembulo no s se assemelha em muito do inserido naquela Declarao, como avana, fazendo constar os direitos sociais em seu corpo.

E, sob o prisma topogrfico, a dignidade humana, em nossa vigente Constituio est assim inserida:

TTULO I Dos Princpios Fundamentais

Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos:

(...)

III - a dignidade da pessoa humanaArt. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil:

I - construir uma sociedade livre, justa e solidria;

(...)

Art. 4 A Repblica Federativa do Brasil rege-se nas suas relaes internacionais pelos seguintes princpios:II - prevalncia dos direitos humanos;

(...)

TTULO IIDos Direitos e Garantias FundamentaisCAPTULO IDOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

CAPTULO IIDOS DIREITOS SOCIAIS

CAPTULO IIIDA NACIONALIDADE

CAPTULO IVDOS DIREITOS POLTICOS

CAPTULO VDOS PARTIDOS POLTICOS(grifo aposto)

Fazendo-nos uso de uma interpretao sistemtica do Texto Maior de 88, percebemos que a dignidade humana est prevista no ttulo I, que trata dos princpios fundamentais, quer como fundamento do Estado brasileiro, quer como princpio nas suas relaes internacionais. E, somente abaixo, no ttulo II, temos os 5 captulos acerca dos direitos e garantias fundamentais . Verdade que nem s no art. 5 constam direitos fundamentais, seno espalhados em seu corpo, nos tratados internacionais e, at, implicitamente em seu conjunto.

Disso, podemos concluir que a dignidade humana um vetor de interpretao, um princpio fundante que se faz necessria para a posterior hermenutica constitucional, inclusive dos direitos fundamentais. Ou seja, constitucionalmente, a dignidade humana no um direito fundamental estrito senso, e sim, um princpio fundamental.

E, alis, assim o no direito comparado alemo, como nos noticia Alexandre Cunha: A jurisprudncia constitucional alem vem interpretando a dignidade humana como sendo, alm de direito fundamental, programa constitucional e princpio de base do Estado de Direito.

Da doutrina nacional abalizada, tiramos que a origem da dignidade humana remonta o Evangelho cristo:

A idia do homem como ser criado imagem e semelhana de Deus, presente no Gnesis, a doutrina crist do amor incondicional ao prximo, difundida no Novo Testamento, e o reconhecimento da igualdade entre os povos perante Deus, destaca na Epstola de So Paulo aos Glatas, so ricos exemplos da influncia do pensamento cristo sobre a idia da dignidade da pessoa humana.

Contudo, somente aps os horrores da 2 Guerra Mundial, o Mundo, numa tentativa de reconstruo, oficializou a dignidade humana, com assento da Declarao Universal dos Direitos do Homem, de 1.948, da ONU, e isso j na 1 frase de seu prembulo: o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da famlia humana e de seus direitos iguais e inalienveis o fundamento da liberdade, da justia e da paz no mundo.

Logo aps, aos poucos, nos ordenamentos constitucionais, foi sendo introduzido o princpio, a saber, a Constituies alem de 1949 e italiana de 1947. Tambm Portugal, na sua Constituio de 1976, e Espanha, na sua Carta Maior de 1978 fizeram o mesmo , logo aps livrarem-se dos regimes autoritrios de Salazar e Franco, aos quais estavam submetidos. J, na Frana, o reconhecimento da dignidade humana com peso constitucional veio de deciso do seu Conselho Constitucional, em 1.994, visto que o texto constitucional no o agasalhe expressamente .E, na jurisprudncia ptria, a dignidade humana assim tambm tratada, seno como um fundamento, um princpio que se sobressai, inaugurando a Carta:

Hodiernamente, inviabiliza-se a aplicao da legislao

infraconstitucional impermevel aos princpios constitucionais,

dentre os quais sobressai o da dignidade da pessoa humana, que um

dos fundamentos da Repblica, por isso que inaugura o texto

constitucional, que revela o nosso iderio como nao.

(grifo nosso)

Ainda, problema clssico na interpretao constitucional o da coliso entre os direitos fundamentais l previstos. Nisto consiste a problemtica:

Em outras palavras, os direitos colidem porque no esto dados de uma vez por todas; no se esgotam no plano da interpretao in abstracto. As normas de direito fundamental se mostram abertas e mveis quando de sua realizao ou concretizao na vida social. Da a ocorrncia de colises. Onde h um catlogo de direitos fundamentais constitucionalizado, h colises in concreto.

Tambm Alexy, ao catalogar os princpios e as regras como espcies do gnero normas, muito bem expe a questo.

Na viso do Autor, no caso de um conflito, as regras necessariamente so excludentes, so do tipo tudo ou nada, melhor dizendo, na anlise de determinado problema, uma regra invlida juridicamente para resolv-lo, cedendo outra; j, os princpios, possuem graus de eficcia para cada questo, isto , no se resolvem pelo plano da invalidade seno pelo plano eficacial, baseados na dialtica jurdica, que, dependendo do momento e do intrprete a que submetida a querela, maior carga dada a um em detrimento de outro. Quando entram em coliso princpios, Alexy nos ensina a chegar soluo:

Pone claramente de manifesto que el peso de los princpios no es determinable em si mismo o abaolutamente, sino que siempre puede hablarse tan solo de pesos relativos... Com la ayuda de curvas de indiferencia, tales como las que se usan en las ciencias econmicas, pueden ilustrarse las ideas que se encuentran detrs de la ley de la ponderacin... Cuanto mayor es el grado de la no satisfaccin o de afectacin de un principio, tanto mayor tiene que ser la importancia de la satisfaccin del otro.

Assim sendo, a dignidade humana deve ser utilizada como vetor de interpretao aplicao dos direitos fundamentais, pois prepasa a todos, cabendo ao intrprete a aplicao da proporcionalidade entre os directos fundamentais em coliso: O princpio da dignidade da pessoa humana nutre e perpassa todos os direitos fundamentais que, em maior ou menor medida, podem ser considerados como concretizaes ou exteriorizaes suas.

3 DAS FINANAS PBLICAS

Na medida em que no estado social, ao Estado dada a responsabilidade da pacificao social, o instrumento de que este se utiliza para governar o oramento.

E na Constituio da Repblica tem assento o oramento no art. 165:

Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecero:

I - o plano plurianual;

II - as diretrizes oramentrias;

III - os oramentos anuais.

1 - A lei que instituir o plano plurianual estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administrao pblica federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de durao continuada.

2 - A lei de diretrizes oramentrias compreender as metas e prioridades da administrao pblica federal, incluindo as despesas de capital para o exerccio financeiro subseqente, orientar a elaborao da lei oramentria anual, dispor sobre as alteraes na legislao tributria e estabelecer a poltica de aplicao das agncias financeiras oficiais de fomento.

3 - O Poder Executivo publicar, at trinta dias aps o encerramento de cada bimestre, relatrio resumido da execuo oramentria.

4 - Os planos e programas nacionais, regionais e setoriais previstos nesta Constituio sero elaborados em consonncia com o plano plurianual e apreciados pelo Congresso Nacional.

5 - A lei oramentria anual compreender:

I - o oramento fiscal referente aos Poderes da Unio, seus fundos, rgos e entidades da administrao direta e indireta, inclusive fundaes institudas e mantidas pelo Poder Pblico;

II - o oramento de investimento das empresas em que a Unio, direta ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto;

III - o oramento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e rgos a ela vinculados, da administrao direta ou indireta, bem como os fundos e fundaes institudos e mantidos pelo Poder Pblico.

6 - O projeto de lei oramentria ser acompanhado de demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de isenes, anistias, remisses, subsdios e benefcios de natureza financeira, tributria e creditcia.

7 - Os oramentos previstos no 5, I e II, deste artigo, compatibilizados com o plano plurianual, tero entre suas funes a de reduzir desigualdades inter-regionais, segundo critrio populacional.

Na doutrina, o oramento, pea esta no s de natureza contbil, mas de estatura legal e de assento constitucional, assim nos apresentado:

A ao planejada do Estado, quer na manuteno de suas atividades, quer na execuo de seus projetos, materializa-se atravs do oramento pblico, que o instrumento de que dispe o Poder Pblico (em qualquer de suas esferas) para expressar, em determinado perodo, seu programa de atuao, discriminando a origem e o montante dos recursos a serem obtidos, bem como a natureza e o montante dos dispndios a serem efetuados.

Na lei com status complementar que trata sobre a matria, assim temos sua definio: A Lei do Oramento conter a discriminao da receita e despesa de forma a evidenciar a poltica econmica financeira e o programa de trabalho do Governo, obedecidos os princpios de unidade universalidade e anualidade

Forte no acima, no oramento-programa que o Governo traa sua poltica para os diversos setores sociais, fixando a despesa, e, para custe-la, prevendo fontes de arrecadao. Tem-se, pois, que precipuamente a funo de traar as polticas pblicas do Poder Executivo, com a aprovao do Poder Legislativo.

Diz-se precipuamente pois de sua iniciativa a elaborao oramentria, para posterior aprovao pelo Congresso Nacional. Contudo, no exclusivamente, visto que o processo oramentrio complexo. Assim o temos:

Os rgos do Poder Executivo e demais Poderes enviam suas propostas para o Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto/Secretaria de Oramento Federal, rgo central do sistema oramentrio, que analisa e consolida as propostas oramentrias. nesse momento que o rgo central realiza os ajustes, que so negociados com os rgos setoriais do Poder Executivo, decorrentes de reviso das estimativas de receitas e fixao das despesas...O processo legislativo tem incio com a apreciao dos projetos de lei relativos ao oramento anual pelas duas Casas do Congresso Nacional, na forma do Regimento Comum.

Assim sendo, Como no Executivo, no Legislativo h uma intensa disputa pela alocao de recursos oramentrios.

Dentre os princpios oramentrios, sobressai-se o da no-vinculao da receita proveniente dos impostos. Isso significa que o oramento no deve destinar percentual fixo a determinada despesa, pois tal fato poderia provocar o engessamento do Poder Executivo na sua funo administrativa. Excees regra so dadas pelo Texto Maior, no tocante gastos em educao e sade.

Contudo, no nos pode escapar anlise o princpio da universalidade. Dele, com assento legal, tiramos que todas as despesas e receitas devem estar previstas na pea oramentria:

Art. 3 A Lei de Oramentos compreender tdas as receitas, inclusive as de operaes de crdito autorizadas em lei.

Art. 4 A Lei de Oramento compreender tdas as despesas prprias dos rgos do Govrno e da administrao centralizada, ou que, por intermdio dles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2

Outro valor constitucional assegurado a competncia legislativa para a transferncia de recursos entre gastos pblicos, seno pela vedao transposio, o remanejamento ou a transferncia de recursos de uma categoria de programao para outra ou de um rgo para outro, sem prvia autorizao legislativa.

Quanto aos recursos necessrios para cobrir as despesas decorrentes de decises judiciais, expressa a Constituio atual:

Art. 100. exceo dos crditos de natureza alimentcia, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentena judiciria, far-se-o exclusivamente na ordem cronolgica de apresentao dos precatrios e conta dos crditos respectivos, proibida a designao de casos ou de pessoas nas dotaes oramentrias e nos crditos adicionais abertos para este fim. 1 obrigatria a incluso, no oramento das entidades de direito pblico, de verba necessria ao pagamento de seus dbitos oriundos de sentenas transitadas em julgado, constantes de precatrios judicirios, apresentados at 1 de julho, fazendo-se o pagamento at o final do exerccio seguinte, quando tero seus valores atualizados monetariamente.(Redao dada pela Emenda Constitucional n 30, de 2000) 1-A Os dbitos de natureza alimentcia compreendem aqueles decorrentes de salrios, vencimentos, proventos, penses e suas complementaes, benefcios previdencirios e indenizaes por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentena transitada em julgado.(Includo pela Emenda Constitucional n 30, de 2000) 2 As dotaes oramentrias e os crditos abertos sero consignados diretamente ao Poder Judicirio, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a deciso exeqenda determinar o pagamento segundo as possibilidades do depsito, e autorizar, a requerimento do credor, e exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedncia, o seqestro da quantia necessria satisfao do dbito.(Redao dada pela Emenda Constitucional n 30, de 2000)

Ressalte-se que, durante o ano em curso, pode haver o que a legislao denomina de crditos adicionais, com a finalidade de cobrir despesas ou no previstas ou insuficientemente previstas. Seu procedimento est previsto tambm na lei geral sobre finanas pblicas:

Art. 40. So crditos adicionais, as autorizaes de despesa no computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Oramento.

Art. 41. Os crditos adicionais classificam-se em:

I - suplementares, os destinados a refro de dotao oramentria;

II - especiais, os destinados a despesas para as quais no haja dotao oramentria especfica; III - extraordinrios, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoo intestina ou calamidade pblica.

Art. 42. Os crditos suplementares e especiais sero autorizados por lei e abertos por decreto executivo.

Art. 43. A abertura dos crditos suplementares e especiais depende da existncia de recursos disponveis para ocorrer a despesa e ser precedida de exposio justificativa. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)Uma vez aprovada a lei oramentria pelo Congresso Nacional, inicia-se, ento, sua execuo. Isto quer dizer que a realizao das despesas e a concretizao das receitas vai ocorrendo durante o ano em curso. Tecnicamente chamada de programao financeira, tal processo, sistematizado pelo Poder Executivo, o que efetivamente faz com que o oramento se concretize. Ao que interessa especificamente para o nosso tema, veja-se a possibilidade legal de os demais Poderes tambm influrem: Compete s unidades responsveis pelas atividades do Sistema de Administrao Financeira Federal: promover a integrao com os demais Poderes e esferas de governo em assuntos de administrao e programao financeira.

Dogmaticamente sobre o tema, no poderamos nos furtar de mencionar o sistema integrado de dados oramentrios, o SIDOR e o sistema integrado de administrao financeira do governo federal o SIAFI. Atravs deles, possvel o acompanhamento, respectivamente, dos crditos oramentrios e despesas, e da execuo financeira da Unio.

O que tiramos como lio dos especialistas acima que discusso oramentria, como plano da sociedade de receitas e despesas, a populao, a maior interessada, tem sido alijada. E isso no por falta de previso legal, seno vejamos:

So instrumentos de transparncia da gesto fiscal, aos quais ser dada ampla divulgao, inclusive em meios eletrnicos de acesso pblico: os planos, oramentos e leis de diretrizes oramentrias; as prestaes de contas e o respectivo parecer prvio; o Relatrio Resumido da Execuo Oramentria e o Relatrio de Gesto Fiscal; e as verses simplificadas desses documentos. Pargrafo nico. A transparncia ser assegurada tambm mediante incentivo participao popular e realizao de audincias pblicas, durante os processos de elaborao e de discusso dos planos, lei de diretrizes oramentrias e oramentos.(grifo nosso)

s entidades de classe, aos partidos polticos, do Ministrio Pblico e Ordem dos Advogados do Brasil, entendemos, devemos cobrar uma postura mais ativa na lei oramentria, pois a populao civil deve poder usufruir de seu direito de influir nos gastos e formas de financiamento de seu Governo, quer municipal, quer estadual, quer federal.

E aqui destacamos a atuao que as organizaes no-estatais deveriam ter:

Nessa lgica, tampouco pode-se eleger uma forma de organizao: se nos anos 50 a 70, o protagonismo foi do movimento sindical, na contemporaneidade devem somar esforos os movimentos e organizaes trabalhistas, as organizaes no-governamentais, os movimentos ecolgicos, pacifistas, de gnero, etnia, etc. na articulao em rede global, e na construo de agendas tambm globais de lutas, que se cria o ambiente propcio para a politizao da concepo e da presena da excluso social, dando centralidade ao debate sobre o risco social e humano e a implicao do Estado, dos organismos internacionais e da sociedade geral tanto para seu estabelecimento quanto para sua resoluo.

Veja-se, por oportuno, que, legislativamente, a transparncia est prevista, inclusive com a participao popular na elaborao oramentria:

So instrumentos de transparncia da gesto fiscal, aos quais ser dada ampla divulgao, inclusive em meios eletrnicos de acesso pblico: os planos, oramentos e leis de diretrizes oramentrias; as prestaes de contas e o respectivo parecer prvio; o Relatrio Resumido da Execuo Oramentria e o Relatrio de Gesto Fiscal; e as verses simplificadas desses documentos.

Pargrafo nico. A transparncia ser assegurada tambm mediante incentivo participao popular e realizao de audincias pblicas, durante os processos de elaborao e de discusso dos planos, lei de diretrizes oramentrias e oramentos(grifo aposto)4- DAS POLTICAS PBLICAS

Isso posto, os oramentos, quer o da Unio, quer o do Estado, quer o dos Municpios, so uma pea sobretudo da cidadania, vinculativa a todos os agentes e Autoridades, pois uma lei com previso constitucional. Verdade que em nosso Pas sua relevncia no bem dimensionada, a ponto de o oramento da Unio de 2.006 ter sido aprovado pelo Congresso Nacional somente no dia 18 de abril do ano em curso. Sobre sua importncia, destacamos:

Seja na produo e fornecimento de bens e servios pblicos, seja atuando nas clssicas funes tendentes a promover o crescimento, a redistribuio e a estabilizao, o Estado o agente fundamental que, por meio de diferentes polticas, pode interferir decisivamente na atividade econmica de qualquer pas. Por tais razes que a funo oramentria e financeira da Administrao Pblica to importante. Em pases em que j se adquiriu a conscincia poltica de sua relevncia em todas as atividades governamentais, os cidados e as instituies participam mais ativamente do processo de alocao e utilizao dos recursos pblicos... E a lei oramentria anual, com base nas estimativas e autorizao para a obteno de receitas, fixa, at o encerramento da sesso legislativa, os gastos para o exerccio seguinte. Este o calendrio previsto, tudo dentro de uma perspectiva de planejamento a mdio prazo, com planos plurianual nacionais, regionais e setoriais...O planejamento uma forma de a sociedade, por meio de seus representantes e instituies, aferir suas potencialidades e limitaes, coordenando seus recursos e esforos para realizar, por intermdio das estruturas do Estado as aes necessrias ao atingimento dos objetivos nacionais... Em sntese, irrecusvel a tarefa de identificar e avaliar a direo e o papel do Estado, a gesto dos recursos e a destinao final do gasto pblico...

Tambm da doutrina constitucional, colhe-se que as opes polticas do no qu e quanto gastar so do legislador:

Ao legislador compete, dentro das reservas oramentrias, dos planos econmicos e financeiros, das condies sociais e econmicas do pas, garantir as prestaes integradoras dos direitos sociais, econmicos e culturais.

E, aqui, podemos jungir idia de oramento o conceito de poltica pblica: :

Polticas pblicas so programas de ao governamental visando a coordenar os meios disposio do Estado e as atividades privadas, para a realizao de objetivos socialmente relevantes e politicamente determinados.

E a mesma Autora professa que a poltica pblica tarefa do legislador, executvel pela Administrao Pblica:

Parece relativamente tranqila a idia de que as grandes linhas das polticas pblicas, as diretrizes, os objetivos, so opes polticas que cabem aos representantes do povo, e, portanto, ao Poder Legislativo, que as organiza sob forma de leis, para execuo pelo Poder Executivo, segundo a clssica tripartio das funes estatais em legislativa, executiva e judiciria. Entretanto, a realizao concreta das polticas pblicas demonstra que o prprio carter diretivo do plano ou do programa implica a permanncia de uma parcela da atividade formadora do direito nas mos do governo (Poder Executivo), perdendo-se a nitidez da separao entre os dois centros de atribuies.

5- O PAPEL DO JUDICIRIO FRENTE DIGNIDADE HUMANA E A RESERVA DO POSSVEL

Os Magistrados de carreira, como Membros de Poder, quando de sua posse, prestam juramento de cumprir e fazer observar os ditames da Constituio e das leis vigentes no Pas.

Sabemos que nosso sistema de controle de constitucionalidade judicirio do tipo misto, qual seja, qualquer Magistrado pode decretar, incidentalmente a inconstitucionalidade num determinado feito sua apreciao, aplicando-se aos Tribunais a regra prevista no art. 97 da Carta Maior. E, ainda, o Supremo Tribunal Federal competente para fazer o controle abstrato, via ao direta de constitucionalidade, ao declaratria de constitucionalidade e argio de descumprimento de preceito fundamental.

E, na aplicao da lei, o juiz atender aos fins sociais a que ela se dirige e s exigncias do bem comum , somente se furtando de aplic-la quando inconstitucional ou quando a lei for omissa, o juiz decidir o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princpios gerais de direito.

E, conforme o exposto, em matria de recursos pblicos, h suficiente previso constitucional e legal, quer em nvel complementar, quer ordinrio, a respeito.

No entanto, tem-se observado cada vez mais decises judiciais imputando ao Estado, indistintamente nos 3 nveis federativos, o cumprimento imediato de desembolsos vultosos, e, at, do bloqueio de verba pblica, sob a fundamentao, no mais das vezes, do respeito dignidade humana, com uma minoria de julgados entendendo pela reserva oramentria.

A propsito, trazemos:

EMENTA: APELAO CVEL. AO ORDINRIA. FORNECIMENTO DE MEDICAO. TROMBOGLEBITE E INSUFICINCIA VALVULAR NO SISTEMA NERVOSO. DEVER DO ESTADO. O Cdigo de Processo Civil d respaldo legal determinao alternativa para bloqueio do valor equivalente ao custo do tratamento. Aplicao da tcnica de efetivao da tutela especfica prevista no 5 do art. 461 do CPC. Precedentes. As normas constitucionais referentes ao direito fundamental sade no se limitam a meros programas de atuao. Aos Entes da Federao cabe solidariamente o dever de fornecer gratuitamente tratamento mdico a pacientes necessitados, inteligncia dos artigos 6 e 196 da Constituio Federal. Descabe ao Estado alegar falta de previso oramentria, dado que a prpria Carta Constitucional lhe determina reserva de verba pblica para atendimento s demandas referentes sade pblica. No infringncia ao princpio da independncia entre os Poderes, posto que a autoridade judiciria tem o poder-dever de reparar uma leso a direito artigo 5, inciso XXXV, da Constituio Federal.EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. SADE. FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS. OBRIGAO SOLIDRIA DOS ENTES FEDERADOS. TUTELA ANTECIPADA. BLOQUEIO DE VALORES. IMPOSSIBILIDADE. -A garantia de sade pblica dever do Estado, nas trs esferas, especialmente por ligar-se ao maior de todos os direitos, que o direito vida, e tambm ao princpio da dignidade humana, vetor do Estado brasileiro (artigo 1, da Constituio Federal). Exegese do artigo 196, da Constituio Federal de 1988 e da Lei Estadual n 9.908/93. -Compete ao cidado optar dentre os entes pblicos qual o que pretende venha prestar-lhe assistncia sade, mostrando-se defeso a qualquer dos entes furtar-se obrigao. -Particularidade em que a necessidade urgente do medicamento e a convenincia de manuteno do tratamento j iniciado, pessoa de idade avanada, portadora de cncer se sobrepe recomendao de busca de assistncia junto aos Centros de Alta Complexidade em Oncologia CACONs, servios vinculados ao Sistema nico de Sade. -O bloqueio de valores ou o seqestro de quantias pblicas efetivado por meio de determinao judicial evidencia a interferncia de um Poder no mbito de competncia do outro, em clara afronta ao princpio da separao de poderes. Verba de natureza pblica, indisponvel, vinculada ao princpio estreito da legalidade e devendo obedincia dotao oramentria. -Recurso provido.

O Tribunal de Justia de Santa Cataria, ao julgar o Agravo de Instrumento n 97.000511-3, Rel. Des. Srgio Paladino, entendeu que o direito sade, garantido na Constituio, seria suficiente para ordenar ao Estado, liminarmente e sem mesmo sua oitiva, o custeio de tratamento nos Estados Unidos, beneficiando um menor, vtima de distrofia muscular progressiva de Duchenne, ao custo de US$ 163.000,00, muito embora no houvesse comprovao da eficcia do tratamento para a doena, cuja origem gentica. Nesse julgamento foi asseverado que: Ao julgador no lcito, com efeito, negar tutela a esses direitos naturais de primeirssima grandeza sob o argumento de proteger o Errio, sendo afastados os argumentos de violao aos artigos 100 e 167, I, II e VI, da Constituio Federal. O Supremo Tribunal Federal, em deciso de seu presidente Min. Celso de Mello negou pedido de suspenso dos efeitos da liminar por grave leso ordem e economia pblica, solicitada pelo Estado de Santa Catarina.

Em sentido oposto:

...no se h de permitir que um poder se imiscua em outro, invadindo esfera de sua atuao especfica sob o pretexto da inafastabilidade do controle jurisdicional e o argumento do prevalecimento do bem maior da vida. O respectivo exerccio no mostra amplitude bastante para sujeitar ao Judicirio exame das programaes, planejamentos e atividades prprias do Executivo, substituindo-o na poltica de escolha de prioridades na rea de sade, atribuindo-lhe encargos sem o conhecimento da existncia de recursos para tanto suficientes. Em suma: juridicamente impossvel impor-se sob pena de leso ao princpio constitucional da independncia e harmonia dos poderes obrigao de fazer, subordinada a critrios tipicamente administrativos, de oportunidade e convenincia ...

Aqui, introduzimos o tema da reserva do possvel. A idia subjacente a de que os indivduos no tm direito subjetivo frente ao Estado seno nos limites da razoabilidade. Esse foi o entendimento da Corte Constitucional Federal da Alemanha,conforme BverfGE (coletnea das decises do Tribunal Constitucional Federal), nr. 33, S. 333 :

Segundo o Tribunal Constitucional Federal da Alemanha, esses direitos a prestaes positivas (Teilhaberechte) esto sujeitos reserva do possvel no sentido daquilo que o indivduo, de maneira racional, pode esperar da sociedade. Essa teoria impossibilita exigncias acima de um certo limite bsico social; a Corte recusou a tese de que o Estado seria obrigado a criar a quantidade suficiente de vagas nas universidades pblicas para atender a todos os candidatos

Aqui, devemos nos deter com um pouco mais de vagar acerca da idia da razoabilidade, baliza final, no caso, ao intricado problema de saber o Magistrado at onde a dignidade humana um mnimo existencial, caracterizando-se, pois, em direito subjetivo seu, e onde comea a reserva do possvel, seara na qual, via oramentria, decidida a alocao dos recursos pblicos ante s ilimitadas necessidades outras da coletividade.

Inicialmente, devemos nos ater ao conceito de que a razoabilidade est circunscrita idia de equilbrio de uma deciso; j, a proporcionalidade lato senso analisa a adequao da via eleita que vai restringir um direito em prol de outro, a necessidade no sentido de se escolher a alternativa menos gravosa ao valor sacrificado e a proporcionalidade estrito senso, esta consistente na comparao entre 2 bens em disputa.

Na doutrina, pensamos estar bem sintetizada a questo do equilbrio, do razovel, remontando-se Antiga Grcia, na obra de Aristteles, tica a Nicmaco, na qual o fundador da tica enquanto cincia nos ensina estar no intermedirio a soluo.

E porque, por definio, um enunciado normativo no pode, por si mesmo, oferecer uma resposta unvoca s demandas objeto de controvrsia (j que a vida produz, em realidade, muito mais problemas jurdicos que os que ao legislador foi possvel prever), aqui entra em cena, com toda evidncia, o carter razovel no sentido dado por Aristteles no Livro III da tica a Nicmaco do direito: razovel h de ser a conexo entre a norma e as exigncias contingentes do caso; razovel, a valorao e a eleio entre as diferentes alternativas que tem que realizar o intrprete no jogo combinado de passos lgicos e de avaliaes em que consiste seu procedimento. Razovel, por ltimo inclusive no sentido de uma argumentao que contenha boas razes para que a deciso seja admitida , tem que ser a justificao judicial das eleies em que se fundamenta a deciso, a qual, nesta condiao, no somente deve viabilizar um efetivo equilbrio entre exigncias contrapostas como, e muito particularmente, lograr uma maior aceitabilidade e consenso por parte da comunidade na qual se insere.

(grifo aposto)

Sarlet posiciona-se claramente o sentido de que no tocante ao mnimo existencial, tem, sim, o indivduo um direito subjetivo frente ao Estado, sendo perfeitamente possvel, neste caso, a propositura de ao judicial e a entrega do bem da vida pelo Magistrado.

No entanto, quanto s demais necessidades humanas, a via legtima a alocao via recursos oramentrios, como muito bem assinala tambm Sarlet:

Com efeito, quanto mais diminuta a disponibilidade de recursos, mais se impe uma deliberao responsvel a respeito de sua destinao, o que nos remete diretamente necessidade de buscarmos o aprimoramento dos mecanismos de gesto democrtica do oramento pblico, alm de uma crescente conscientizao por parte dos rgos do Poder Judicirio, que no apenas podem como devem zelar pela efetivao dos direitos fundamentais sociais, mas ao faz-lo havero de obrar com a mxima cautela e responsabilidade, seja ao concederem, ou no, um direito subjetivo a determinada prestao social, seja quando declararem a inconstitucionalidade de alguma medida restritiva e/ouretrocessiva de algum direito social. Neste sentido (e desde que assegurada atuao dos rgos jurisdicionais, quando e na medida do necessrio) efetivamente h que dar razo a Holmes e Sunstein quando afirmam que levar direitos a srio (especialmente pelo prisma da eficcia e efetividade) levar a srio o problema da escassez.

(grifo aposto)

, pois, dever do Magistrado atentar s limitaes no s jurdicas, como tambm as fticas, realizao dos direitos de proteo do indivduo frente ao Estado, e ponderar a dignidade humana dentro da garantia ao mnimo existencial e as polticas pblicas traadas pela coletividade: Por outra, los deberes de proteccin tienen el carcter de principios, es decir, exigen una proteccin lo ms amplia posible con relacin a las posibilidades fcticas y jurdicas, lo que significa que pueden entrar en colisin con otros principios.

Sobre as limitaes financeiras, veja-se:

a efectivao dos direitos econmicos, sociais e culturais no depende apenas da aplicao das normas constitucionais concernentes organizao econmica. Depende, tambm, e sobretudo, dos prprios factores econmicos, assim como o que nem sempre suficientemente tido em conta dos condicionalismos institucionais, do modo de organizao e funcionamento da Administrao pblica e dos recursos financeiros.

Nesse diapaso, a aplicao da reserva do possvel ficaria legitimada para os casos em que o Estado est progressivamente implantando um direito:

A teoria da reserva do possvel somente poder ser invocada se houver comprovao de que os recursos arrecadados esto sendo disponibilizados de forma proporcional aos problemas encontrados, e de modo progressivo a fim de que os impedimentos ao pleno exerccio das capacidades sejam sanados no menor tempo possvel.

Este, alis, o entendimento esposado pelo Ministro Celso de Mello, firmando posio do Egrgio Supremo Tribunal Federal sobre a participao do Judicirio, sim, na formulao de polticas pblicas, mas de forma acessria na concreo do mnimo existencial; aos demais casos, a atribuio cabendo aos Poderes Executivo e Legislativo, mas levando-se em considerao a reserva do possvel.

certo que no se inclui, ordinariamente, no mbito das funes institucionais do Poder Judicirio - e nas desta Suprema Corte, em especial - a atribuio de formular e de implementar polticas pblicas (JOS CARLOS VIEIRA DE ANDRADE, "Os Direitos Fundamentais na Constituio Portuguesa de 1976", p. 207, item n. 05, 1987, Almedina, Coimbra), pois, nesse domnio, o encargo reside, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo. Tal incumbncia, no entanto, embora em bases excepcionais, poder atribuir-se ao Poder Judicirio, se e quando os rgos estatais competentes, por descumprirem os encargos poltico-jurdicos que sobre eles incidem, vierem a comprometer, com tal comportamento, a eficcia e a integridade de direitos individuais e/ou coletivos impregnados de estatura constitucional, ainda que derivados de clusulas revestidas de contedo programtico. Cabe assinalar, presente esse contexto - consoante j proclamou esta Suprema Corte - que o carter programtico das regras inscritas no texto da Carta Poltica "no pode converter-se em promessa constitucional inconseqente, sob pena de o Poder Pblico, fraudando justas expectativas nele depositadas pela coletividade, substituir, de maneira ilegtima, o cumprimento de seu impostergvel dever, por um gesto irresponsvel de infidelidade governamental ao que determina a prpria Lei Fundamental do Estado" (RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO). No deixo de conferir, no entanto, assentadas tais premissas, significativo relevo ao tema pertinente "reserva do possvel" (STEPHEN HOLMES/CASS R. SUNSTEIN, "The Cost of Rights", 1999, Norton, New York), notadamente em sede de efetivao e implementao (sempre onerosas) dos direitos de segunda gerao (direitos econmicos, sociais e culturais), cujo adimplemento, pelo Poder Pblico, impe e exige, deste, prestaes estatais positivas concretizadoras de tais prerrogativas individuais e/ou coletivas. que a realizao dos direitos econmicos, sociais e culturais - alm de caracterizar-se pela gradualidade de seu processo de concretizao - depende, em grande medida, de um inescapvel vnculo financeiro subordinado s possibilidades oramentrias do Estado, de tal modo que, comprovada, objetivamente, a incapacidade econmico-financeira da pessoa estatal, desta no se poder razoavelmente exigir, considerada a limitao material referida, a imediata efetivao do comando fundado no texto da Carta Poltica. No se mostrar lcito, no entanto, ao Poder Pblico, em tal hiptese - mediante indevida manipulao de sua atividade financeira e/ou poltico-administrativa - criar obstculo artificial que revele o ilegtimo, arbitrrio e censurvel propsito de fraudar, de frustrar e de inviabilizar o estabelecimento e a preservao, em favor da pessoa e dos cidados, de condies materiais mnimas de existncia. Cumpre advertir, desse modo, que a clusula da "reserva do possvel" - ressalvada a ocorrncia de justo motivo objetivamente afervel - no pode ser invocada, pelo Estado, com a finalidade de exonerar-se do cumprimento de suas obrigaes constitucionais, notadamente quando, dessa conduta governamental negativa, puder resultar nulificao ou, at mesmo, aniquilao de direitos constitucionais impregnados de um sentido de essencial fundamentalidade. Da a correta ponderao de ANA PAULA DE BARCELLOS ("A Eficcia Jurdica dos Princpios Constitucionais", p. 245-246, 2002, Renovar): "Em resumo: a limitao de recursos existe e uma contingncia que no se pode ignorar. O intrprete dever lev-la em conta ao afirmar que algum bem pode ser exigido judicialmente, assim como o magistrado, ao determinar seu fornecimento pelo Estado. Por outro lado, no se pode esquecer que a finalidade do Estado ao obter recursos, para, em seguida, gast-los sob a forma de obras, prestao de servios, ou qualquer outra poltica pblica, exatamente realizar os objetivos fundamentais da Constituio. A meta central das Constituies modernas, e da Carta de 1988 em particular, pode ser resumida, como j exposto, na promoo do bem-estar do homem, cujo ponto de partida est em assegurar as condies de sua prpria dignidade, que inclui, alm da proteo dos direitos individuais, condies materiais mnimas de existncia. Ao apurar os elementos fundamentais dessa dignidade (o mnimo existencial), estar-se-o estabelecendo exatamente os alvos prioritrios dos gastos pblicos. Apenas depois de atingi-los que se poder discutir, relativamente aos recursos remanescentes, em que outros projetos se dever investir. O mnimo existencial, como se v, associado ao estabelecimento de prioridades oramentrias, capaz de conviver produtivamente com a reserva do possvel." V-se, pois, que os condicionamentos impostos, pela clusula da "reserva do possvel", ao processo de concretizao dos direitos de segunda gerao - de implantao sempre onerosa -, traduzem-se em um binmio que compreende, de um lado, (1) a razoabilidade da pretenso individual/social deduzida em face do Poder Pblico e, de outro, (2) a existncia de disponibilidade financeira do Estado para tornar efetivas as prestaes positivas dele reclamadas. Desnecessrio acentuar-se, considerado o encargo governamental de tornar efetiva a aplicao dos direitos econmicos, sociais e culturais, que os elementos componentes do mencionado binmio (razoabilidade da pretenso + disponibilidade financeira do Estado) devem configurar-se de modo afirmativo e em situao de cumulativa ocorrncia, pois, ausente qualquer desses elementos, descaracterizar-se- a possibilidade estatal de realizao prtica de tais direitos. No obstante a formulao e a execuo de polticas pblicas dependam de opes polticas a cargo daqueles que, por delegao popular, receberam investidura em mandato eletivo, cumpre reconhecer que no se revela absoluta, nesse domnio, a liberdade de conformao do legislador, nem a de atuao do Poder Executivo. que, se tais Poderes do Estado agirem de modo irrazovel ou procederem com a clara inteno de neutralizar, comprometendo-a, a eficcia dos direitos sociais, econmicos e culturais, afetando, como decorrncia causal de uma injustificvel inrcia estatal ou de um abusivo comportamento governamental, aquele ncleo intangvel consubstanciador de um conjunto irredutvel de condies mnimas necessrias a uma existncia digna e essenciais prpria sobrevivncia do indivduo, a, ento, justificar-se-, como precedentemente j enfatizado - e at mesmo por razes fundadas em um imperativo tico-jurdico -, a possibilidade de interveno do Poder Judicirio, em ordem a viabilizar, a todos, o acesso aos bens cuja fruio lhes haja sido injustamente recusada pelo Estado.

(grifo nosso)

6- CONCLUSES:

Longe estamos, na verdade, de colocar uma p de cal na discusso sobre o dilema da assegurao de prestaes de bens ao indivduo, tendo-se em conta a dignidade humana, a escassez de recursos, as necessidades ilimitadas da sociedade e a legitimidade sobre destinao dos gastos pblicos.

Contudo, foi nosso intento trazer discusso uma proposta na qual o Estado, sim, o principal receptculo dos direitos dos cidados; contudo, no o nico, aos particulares tambm exigido o cumprimento dos direitos fundamentais:

Assim, o princpio da supremacia constitucional tambm denominado princpio da constitucionalidade se projeta no somente sobre as relaes intra-estatais e as relaes verticais indivduo-Estado, mas tambm sobre relevantes mbitos materiais da vida social, nos quais os particulares mantm relaes intersubjetivas de interao (coordenao, cooperao e conflito); a dignidade da pessoa princpio jurdico-constitucional e valor tico fundante e fundamental da Repblica Federativa do Brasil...

No sentido positivo, podemos citar a contribuio cada vez mais exigida da coletividade, por intermdio de associaes civis e organizaes no-governamentais.

Mas, quando falamos em Estado, tomamos-lhe como nico, sendo o Executivo, Legislativo e Judicirio funes suas especializadas.

E, nesse contexto, trazemos que o oramento o palco no qual devem estar explicitadas as polticas pblicas de um Estado em um determinado momento. E, nele, o Estado, conjuntamente as funes Executiva e Legislativa devem se fazer presente, via processo oramentrio, , desde a elaborao do plano plurianual, passando pela lei de diretrizes oramentrias, e culminando na lei oramentria anual, mas, no s, o Judicirio deve, sim, exercer seu papel constitucional de julgamento das polticas pblicas no sentido de implementao gradual dos direitos fundamentais prestao e de garantia da dignidade humana, alcanando o bem da vida queles que lhe socorrerem.

Mas, para isso, no dia-a-dia dos foros, deveriam os Magistrados atentar para a execuo oramentria e a reserva do possvel, ponderando a garantia ao mnimo existencial, desde que com previso oramentria, com as necessidades ilimitadas de toda a coletividade, conforme opes feitas previamente naquela pea, que deveria ser a mais importante garantia cidad de concreo de direitos. Lcito ao Magistrado, em acaso no havendo dotao e execuo oramentria, a sim, a proviso por ato jurisdicional da efetivao do direito fundamental ora buscado. A no ser assim, pensamos que o Judicirio no s estaria assumindo a tarefa do legislador e do administrador (o que no deve ocorrer), mas perdendo sua imparcialidade para julgamento de eventual poltica pblica.

Contudo, no s o Estado, a coletividade organizada, via audincias pblicas, deve participar das discusses oramentrias, como j previsto na legislao, ainda que haja que se pressionar os Executivos e Parlamentos para sua concreo. E no s da elaborao do oramento, mas de sua execuo. Sugerimos, inclusive, que escolas, associaes, partidos polticos, e o prprio governo, inclusive eletronicamente, popularizem o acesso ao oramento e sua execuo.

Assim, esperamos, seno pacificar, harmonizar as interrelaes entre dignidade humana, garantias fundamentais, reserva do possvel e cidadania.

a nossa contribuio.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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-SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relaes privadas. Rio de janeiro: ed. Lmen jris, 2.004;- SCAFF, Fernando Facury. Reserva do possvel, mnimo existencial e direitos humanos. Interesse pblico. Vol. 7, nr. 32, p 225, julho-agosto/2.005; - SILVEIRA, Sandra da Silva. Polticas sociais globalizadas e direitos humanos: uma equao possvel. Opinio Revista de Cincias Empresariais, polticas e Sociais da ULBRA. Nr. 14, p 25-29, jan-jun/2005;

- STEINMETZ, Wilson Antnio. A vinculao dos particulares a direitos fundamentais.. So Paulo: Malheiros Editores Ltda, 2.004;- STEINMETZ, Wilson Antnio. Coliso de direitos fundamentais e princpio da proporcionalidade. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2.001

*Procurador Federal, Especialista em Processo Civil e Mestrando em Direitos Fundamentais SARLET, Ingo Wolfgang. A eficcia dos direitos fundamentais. 5 edio. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005, p 35

Cf. Sarlet, A eficcia dos direitos fundamentais, p 54.

Cf. Sarlet, A eficcia dos direitos fundamentais, p 53

ALEXY, Robert. Teoria de los derechos fundamentales. Madrid: Centro de Estudos Polticos y Constitucionales, 2002, p 419

PINHO, Diva Benevides et al. Manual de Economia. 3 edio. So Paulo: Saraiva, 1.998, p 37

Cf Pinho, Manual de Economia, p 41

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito constitucional .7 ed. So Paulo: ed. Malheiros, 1997, p 518

Cf. Alexy, Teoria de los derechos fundamentales, p 422.

Cf. Sarlet, A eficcia dos direitos fundamentais, p 59.

Cf. Bonavides, Curso de Direito Constitucional, p 526.

CUNHA, Alexandre dos Santos. Dignidade da pessoa humana: conceito fundamental do Direito Civil. In: Martins-Costa, Judith. A Reconstruo do Direito privado: reflexos dos princpios, diretrizes e direitos fundamentais constitucionais no direito privado. So Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2.002, p 248.

PECES-BARBA Martinez, Gregrio. Curso de Derechos Fundamentales: Teoria General, pg. 79-81

SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relaes privadas. Rio de janeiro: ed. Lmen jris, 2.004, pg. 113

94-343-344 DC

Ementa do Resp nr. 647.853, publicado no DJU de 06/06/2.005, do Egrgio Superior Tribunal de Justia, disponvel em HYPERLINK "http://www.stj.gov.br" www.stj.gov.br .

STEINMETZ, Wilson Antnio. Coliso de direitos fundamentais e princpio da proporcionalidade. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2.001, p. 63..

Cf. Alexy, Teoria de los derechos fundamentales, p 161

SARMENTO, Daniel. Direitos fundamentais e relaes privadas. Rio de janeiro: ed. Lmen jris, 2.004, pg. 113

PISCITELLI, Roberto Bocaccio et al. Contabilidade pblica: uma abordagem da administrao financeira pblica. 8 ed. So Paulo: Atlas, 2.004, p 42.

Cf. art. 2 da lei nr. 4.320/64.

Cf o inc XXIII do art. 84 da CF/88 : Compete privativamente ao Presidente da Repblica: enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes oramentrias e as propostas de oramento previstos nesta Constituio.

Cf Piscitelli, Contabilidade pblica: uma abordagem da administrao financeira pblica, p 72.

REZENDE, Fernando, Finanas Pblicas, 2 ed. So Paulo: ed. Atlas, 2.001, p 102. .

Cf. inc. IV do art. 167 da CF/88.

Cf arts. 3 e 4 da lei nr. 4320/64, que, apesar de ordinria na origem, foi recepcionada materialmente como complementar, tendo em vista o art. 163 da CF/88

Cf. inciso VI do art. 167 da Constituio Federal vigente.

Cf ttulo V da lei nr. 4320/64

Cf inciso IX do art. 12 da lei nr. 10.180/01

Maiores informaes, HYPERLINK "http://www.planejamento.gov.br/orcamento/conteudo/legislacao/portarias/portaria_04_08_03_01.htm" www.planejamento.gov.br/orcamento/conteudo/legislacao/portarias/portaria_04_08_03_01.htm e HYPERLINK "http://www.tesouro.fazenda.gov.br/siafi/index.asp" www.tesouro.fazenda.gov.br/siafi/index.asp

Cf art. 48 e seu pargrafo nico da lei complementar nr. 101/00, a conhecida lei de responsabilidade fiscal

SILVEIRA, Sandra da Silva. Polticas sociais globalizadas e direitos humanos: uma equao possvel. Opinio Revista de Cincias Empresariais, polticas e Sociais da ULBRA. Nr. 14, p 25-29, jan-jun/2005.

Cf. art. 48 da Lei Complementar nr. 101/00, a lei de responsabilidade fiscal

Cf notcia veiculada no Jornal do Senado de 24/04/2.006, disponvel em HYPERLINK "http://www.senado.gov.br" www.senado.gov.br

Cf. Piscitelli, , Contabilidade pblica: uma abordagem da administrao financeira pblica, p 18-20.

CANOTILHO, Joaquim Jos Gomes. Constituio dirigente e vinculao do legislador. Coimbra: ed. Coimbra, 1982, p 369

BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito Administrativo e polticas pblicas. So Paulo: ed. Saraiva, 2002, p 241

BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito Administrativo e polticas pblicas. So Paulo: ed. Saraiva, 2002, p 269

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 15 ed. So Paulo: ed. Atlas, 2.004, p 607

Cf leis nrs. 9868/99 e 9882/99.

Cf. art. 5 da Lei de Introduo ao Cdigo Civil - LICC.

Cf. Art. 97 da CF/88

Cf art. 4 da LICC

Processo nr. 70012097184, julgado em 10/11/2.005, Tribunal de Justia do RS

Processo nr. 70009174731, julgado em 19/10/2.004, Tribunal de Justia do RS

AMARAL, Gustavo. Direito, escassez & escolha: em busca de critrios jurdicos para lidar com a escassez de recursos e as decises trgicas. Rio de Janeiro: ed. Renovar, 2.001, p26 apud BIGOLIN, Giovani. A reserva do possvel como limite eficcia e efetividade dos direitos sociais. Revista de doutrina do Tribunal Regional Federal da 4 Regio . Disponvel em HYPERLINK "http://www.revistadoutrina.trf4.gov.br/index.htm?http://www.revistadoutrina.trf4.gov.br/artigos/constitucional/giovani_bigolin.htm" http://www.revistadoutrina.trf4.gov.br/index.htm?http://www.revistadoutrina.trf4.gov.br/artigos/constitucional/giovani_bigolin.htm . Acesso em 22/05/2.006.

Processo r. 42.530.5/4, julgado em 11/11/1997, Tribunal de Justia de So Paulo.

KRELL, Andras Joachim. Direitos sociais e controle judicial no Brasil e na Alemanha: os (des)caminhos de um direito constitucional comparado. Porto Alegre: ed. Srgio Fabris, 2.002, p 52 apud BIGOLIN, Giovani. A reserva do possvel como limite eficcia e efetividade dos direitos sociais. Revista de doutrina do Tribunal Regional Federal da 4 Regio . Disponvel em HYPERLINK "http://www.revistadoutrina.trf4.gov.br/index.htm?http://www.revistadoutrina.trf4.gov.br/artigos/constitucional/giovani_bigolin.htm" http://www.revistadoutrina.trf4.gov.br/index.htm?http://www.revistadoutrina.trf4.gov.br/artigos/constitucional/giovani_bigolin.htm . Acesso em 22/05/2.006

FERNANDEZ, Atahualpa. Prudncia e interpretao jurdica. Stio eletrnico da Associao Nacional dos Procuradores do Trabalho, www.anpt.org.br. Disponvel em HYPERLINK "http://www.anpt.org.br/biblio/ler_artigos.cfm?cod_conteudo=7024&descricao=artigos" http://www.anpt.org.br/biblio/ler_artigos.cfm?cod_conteudo=7024&descricao=artigos . Acesso em 22/04/2.006.

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