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Uma revolução nos estaleiros Avanços tecnológicos e mudanças nas embarcações trazem transformações para a construção naval As lições da longevidade Os desafios e ensinamentos de algumas das empresas mais antigas do Brasil Uma publicação do Grupo Wilson Sons Agosto 2017 | ano 13 | nº 67

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Uma revolução nos estaleirosAvanços tecnológicos e mudanças nas embarcações trazem transformações para a construção naval

As lições da longevidadeOs desafios e ensinamentos de algumas das empresas mais antigas do Brasil

Uma publicação do Grupo Wilson Sons Agosto 2017 | ano 13 | nº 67

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2 Agosto 2017 NEW,S

Giro pela WSEditorial

A construção do amanhãAo completar 180 anos, o Grupo Wilson Sons observa sua própria história, ana-lisando o que aprendemos ao longo dessa jornada. Essa é uma necessidade para todas as empresas de longa tra-jetória que querem pensar nos rumos dos negócios. Por isso, procuramos outras companhias centenárias, que ref letem sobre suas experiências e dão dicas para empresas mais jovens.

Estamos de olho também no futu-ro, avaliando o que os próximos anos nos proporcionarão. Esta edição da NEW,S traz uma matéria especial pa-ra analisar as perspectivas de um dos setores em que atuamos: a construção naval. Vamos mostrar as principais tendências, tanto para as embarcações quanto para os estaleiros, a partir da visão de especialistas a respeito de co-mo a tecnologia vai evoluir e qual se-rá o peso do meio ambiente para o futuro do mercado.

As corporações têm tendência a sempre destacar seus grandes feitos, como inaugurações e aquisições,

quando, na verdade, a história é construída no dia a dia, a

cada operação. Por isso, na seção “Memória”, olhamos para nosso pas-sado em busca de alguns desses momentos que

nos ajudaram a chegar aqui. Boa leitura!

Cézar BaiãoCEO do Grupo Wilson Sons

ExpedienteNEW,S é uma publicação trimestral do Grupo Wilson Sons, produzida e editada pela Textual Comunicação.

Jornalista responsável | Ludmilla Totinick

Edição | Daniel Cúrio e Ludmilla Totinick

Redação | Daniel Cúrio

Revisão | Liciane Corrêa

Diagramação | Traço Design

Fotos | Fotos: Divulgação DPC (páginas 7 a 9), Divulgação Leão Alimentos e Bebidas (páginas 14 e 15), Divulgação

Cedro Têxtil (página 16), Divulgação Mackenzie (página 17) e Acervo Wilson Sons.

E-mail | [email protected]

GRUPO WILSON SONS – CEO

Cézar Baião

CFO e Relações com Investidores

Fernando Salek

Vice-presidente de Rebocadores, Offshore, Agenciamento e Estaleiros

Arnaldo Calbucci

Vice-presidente de Terminais e Logística

Sérgio Fisher

Coordenação editorial

Carolina Gouveia

Desenvolvimento & Comunicação

Os artigos assinados e as opiniões são de total responsabilidade de seus autores. Nenhum material desta publicação pode ser reproduzido sem prévia autorização.

Rua da Quitanda, 86 - 5º andar Centro | Rio de Janeiro | RJ Cep: 20091-005T 55 21 3504-4222 www.wilsonsons.com.br

SumárioEntrevistaVice-almirante Lima Filho, da Diretoria de Portos e Costas (DPC), comenta a boa relação com a comunidade marítima e os esforços da Marinha para garantir o cumprimento das normas nos portos e no mar.

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Empresas CentenáriasCompanhias brasileiras que superaram a marca dos 100 anos contam como se mantiveram relevantes nos mercados em que atuam, de que forma essa história colabora com o planejamento e dão dicas para empresas que buscam a longevidade.

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TAMBÉM NESTA EDIÇÃO

Giro pela WSAtuação mais forte da Wilson Sons Rebocadores no Pará e novo contrato da Wilson Sons Estaleiros

SegurançaTecon Rio Grande e Wilson Sons Rebocadores recebem Prêmio WS+

EspecialEspecialistas apontam tendências para o futuro da construção naval

MemóriaAlguns marcos dos 180 anos do Grupo Wilson Sons

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41418

empresa associada

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NEW,S Agosto 2017 3

Giro pela WSGiro pela WS

A Wilson Sons Estaleiros fortaleceu sua carteira de en-comendas. A companhia assinou contrato para a cons-trução de dois rebocadores para a Saam Smit, amplian-do o total de encomendas para quatro embarcações.

“Essa parceria reforça a competitividade na execução, entrega e qualidade das embarcações produzidas pela Wilson Sons, em um momento notadamente difícil pa-ra a indústria naval brasileira”, diz o diretor executivo da Wilson Sons Estaleiros, Adalberto Souza.

Os rebocadores terão propulsão azimutal, 24 metros de comprimento, 11 metros de largura e tração estática (bollard pull) de 70 toneladas, com projeto elaborado pe-

la Damen Gorinchem Shipyards, parceira da Wilson Sons no Brasil há mais de 20 anos.

A Wilson Sons Estaleiros é especialista na construção de rebocadores e embarcações de apoio offshore, com robusto histórico de entregas nos últimos anos. Além dos quatro rebocadores para a Saam Smit, a carteira da companhia conta ainda com outras duas encomendas da Wilson Sons Rebocadores.

Estaleiro vai construir mais dois rebocadoresAo todo, companhia tem seis embarcações em carteira

A frota da Wilson Sons Rebocadores no Pará cresceu. Em abril, a compa-nhia destacou para o estado o rebo-cador Vega, com o objetivo de forta-lecer as operações na região, que começaram em 2014. A Wilson Sons atua nos portos de Belém, Vila do

Conde e Trombetas, com oito rebo-cadores, atualmente.

“Chegamos ao Pará há três anos e afretamos embarcações para assumir uma operação que era de outra com-panhia. Nossa satisfação foi tão grande que, em 2016, adquirimos esses mes-mos rebocadores e hoje o atendimen-to é feito com frota própria, a maior do estado. Essas operações são muito estratégicas para a Wilson Sons, por is-so, trouxemos uma embarcação ainda mais potente para o Pará, reafirmando nosso compromisso com o desenvolvi-mento da logística portuária da região”, diz o diretor de Operações da Wilson Sons Rebocadores, Marcio Castro.

O rebocador Vega tem tração estáti-ca de 73,5 toneladas e é o mais potente da frota local. Ele está realizando ma-

nobras no Porto de Vila do Conde, no município de Barcarena, na Região Me-tropolitana de Belém. Com sua chega-da, o número de rebocadores subiu de quatro para cinco, atendendo aos 12 berços de Vila do Conde.

“Vila do Conde é um porto em ple-no desenvolvimento, que vinha sendo atendido por quatro rebocadores com tração média de 45 toneladas. No ano passado, já havíamos ampliado a capa-cidade da frota para uma média de 50 toneladas de tração. Nós estamos mos-trando que acreditamos no crescimen-to local com a inclusão do Vega, uma embarcação ainda mais potente, em nossa frota”, afirma o gerente da filial Pará da Wilson Sons Rebocadores, Fá-bio Frazão. “Estamos comprometidos no longo prazo.”

Operações mais fortes no ParáWilson Sons Rebocadores amplia frota no Norte do país

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4 Agosto 2017 NEW,S

O trabalho estruturado de segurança nos negócios do Grupo Wilson Sons continua gerando resultados impor-tantes. Nos últimos meses, duas de suas empresas bateram seus respecti-vos recordes em período sem aciden-tes com afastamento. O Tecon Rio Grande completou 4 milhões de ho-mens-horas sem qualquer ocorrência, enquanto a Wilson Sons Rebocadores chegou a 2 milhões de homens-horas. Para celebrar as marcas, ambas rece-beram o Prêmio WS+.

Essa foi a segunda vez que o Tecon Rio Grande conquistou o prêmio, tor-nando-se o primeiro negócio da Wilson Sons nesse patamar. De acordo com o diretor-presidente do Terminal, Paulo Bertinetti, o resultado é consequência de uma série de iniciativas e programas realizados desde 2012, voltados à mu-dança comportamental dos colaborado-res com foco na segurança.

“Para todos os que trabalham aqui, a segurança deixou de ser uma obrigação e passou a ser um valor. Essa nova cul-

Dois negócios batem recorde

Segurança

Tecon Rio Grande chegou a 4 milhões de homens-horas sem acidentes, e Wilson Sons Rebocadores, a 2 milhões de homens-horas

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NEW,S Agosto 2017 5

tura nos permitiu alcançar a marca de 4 milhões de homens-horas trabalhadas sem acidentes”, explica Bertinetti.

A partir da campanha Risco Zero e com a implantação do Programa WS+, o Tecon Rio Grande reduziu a taxa de frequência de 8,75 acidentes a cada 1 milhão de homens-horas tra-balhadas em 2011 para 1,00 em 2015 e 0,00 em 2016, índice mantido até o momento. Hoje, 1.144 pessoas traba-lham no Tecon Rio Grande, entre funcionários próprios e terceirizados.

“Ao longo de cinco anos, realizamos grandes transformações no terminal. Essa é uma conquista de todos os cola-boradores, que estão comprometidos, conscientes e vigilantes da segurança”, comemora o diretor-presidente do Te-con Rio Grande.

REBOCADORESNa Wilson Sons Rebocadores, o Prê-mio WS+ representa a evolução no negócio, reafirmando seus esforços na busca por segurança. “Mais importan-te do que chegarmos a esse patamar, é perceber que permanecemos sem ocor-rências desse tipo desde agosto do ano passado. A conscientização de cada um de nossos colaboradores das equipes administrativas, de manutenção, ope-rações e tripulantes foi fundamental para a conquista do prêmio, que ser-virá de incentivo para continuarmos buscando a excelência em segurança”,

diz o diretor de Operações da Wilson Sons Rebocadores, Marcio Castro. Du-rante o período, 33.479 manobras fo-ram realizadas sem que nenhum cola-borador de bordo fosse afastado.

O gerente de Saúde, Meio Ambien-te e Segurança (SMS) de Rebocadores e Agenciamento, Guilherme Silva, explica que a conquista também é con-sequência da implementação do WS+. O programa teve início em 2012 nas filiais Santos, Rio de Janeiro e Vitória e, atualmente, está presente em todas as unidades.

“Ganhar um prêmio como o WS+ é um grande feito, que demonstra a

evolução da Wilson Sons Rebocado-res na gestão de segurança”, acrescen-ta Silva. “Fica claro que a preocupa-ção com o tema faz parte da vida de todos os nossos colaboradores, e esse tipo de comemoração é fundamental para dar visibilidade ao esforço de to-do mundo.”

O desempenho das duas empresas ajudou na performance do Grupo. Em fevereiro, a Wilson Sons comple-tou mais de 5 milhões de horas tra-balhadas sem ocorrência de acidentes com afastamento, seu melhor resul-tado histórico.

No Grupo Wilson Sons, o programa WS+ começou a ser implementado em 2011. O piloto foi realizado na Wilson Sons Estaleiros, no Guarujá (SP), e, em seguida, reproduzido nas demais em-presas do Grupo. O objetivo é criar uma cultura de segurança com base no re-conhecimento das responsabilidades de cada colaborador, em disciplina no cumprimento das regras, no conceito de dono, no engajamento das lideran-ças e naadministração dos desvios. Além das duas empresas, já foram pre-miadas no ano passado a Brasco e a Wilson Sons Estaleiros.

NÚMERO DE ACIDENTES/1 MILHÃO DE HOMENS-HORASTECON RIO GRANDE

2011 2015 2016 até hoje

8,75 1,00 0,00

O vice-presidente Arnaldo Calbucci (centro) entrega o prêmio para Jonathan Dumphreys (esquerda) e Marcio Castro, diretores da Wilson Sons Rebocadores

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NEW,S | O senho está satisfeito com a modernização da frota de apoio portuário? Julga que hou-ve bom progresso?Vice-almirante Lima Filho | A atividade desenvolvida pela frota de apoio portuário é de suma impor-tância para uma operação segura nos portos brasileiros, e tenho a per-cepção de que essas embarcações têm operado em consonância com as normas da Autoridade Marítima, buscando seguir os padrões de se-gurança estabelecidos. O progresso é notório, mas enfatizo que tão im-portante quanto essa modernização são a qualif icação e o treinamento dos aquaviários que guarnecem essas embarcações, que se tornam cada vez mais complexas em virtude das evoluções tecnológicas.

NEW,S | Como julga a cobertu-ra geográfica de rebocadores nos portos brasileiros? Pela percepção da Autoridade Marítima, estamos bem servidos?Vice-almirante Lima Filho | De uma maneira geral, não temos rece-bido reclamações sobre o atendimen-to ao longo da costa brasileira, mas há conhecimento sobre eventual ca-rência de rebocadores portuários nas regiões Norte e Nordeste.

Diálogo aberto com a comunidade marítima

6 Setembro 2016 NEW,S

Entrevista

E streitar laços para garantir o melhor relacionamento com a comunida-

de marítima: essa é uma das marcas do vice-almirante Wilson Pereira

de Lima Filho em seu período à frente da Diretoria de Portos e Costas

(DPC), organização militar da Marinha do Brasil responsável por atualizar,

divulgar e fiscalizar o cumprimento das Normas da Autoridade Marítima

referentes a segurança da navegação, salvaguarda da vida humana no

mar e prevenção da poluição hídrica. Segundo ele, a DPC busca manter

diálogo aberto com a comunidade marítima, a fim de facilitar o bom rela-

cionamento com os seus representantes. “O objetivo maior dessa intera-

ção é melhorar continuamente os processos empregados na organização

e conhecer eventuais dificuldades”, diz o diretor de Portos e Costas.

O vice-almirante assumiu a chefia da DPC em 2015. Conta a seu favor

o fato de já ter sido Capitão dos Portos do Rio de Janeiro e de Alagoas.

Nessas ocasiões, teve a oportunidade de conhecer outras facetas dos

profissionais e das empresas que atuam nos portos e na costa brasileira.

Justamente por conta dessa relação, ele tem como uma de suas pautas a

desburocratização do setor, por meio da Norma da Autoridade Marítima 8

(NORMAM-08/DPC).

“A NORMAM-08/DPC é muito dinâmica e a aprimoramos constantemente,

tendo em vista a evolução de sistemas e tecnologias, como ocorre com o

Porto sem Papel. Recentemente, normatizamos o transbordo de pessoas

em embarcações em áreas não abrigadas. Especificamente, sobre o apoio

portuário, as embarcações desse segmento não estão sujeitas ao proces-

so de despacho, que é um dos focos da referida norma”, conta.

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NEW,S | Existe, ainda, algum gar-galo na formação de marítimos, subalternos e oficiais? Os currícu-los têm sido revistos? Como enxer-ga o panorama hoje? Como man-ter e aumentar os recursos para o Fundo de Desenvolvimento do En-sino Profissional Marítimo?Vice-almirante Lima Filho | O principal gargalo para a formação, o

aperfeiçoamento e o aprimoramen-to profissional de marítimos, sejam oficiais ou subalternos, sem dúvida, é a escassez de recursos f inanceiros. Esse problema impede o oferecimen-to de uma maior quantidade de va-gas nos diversos cursos do EPM. E, ainda, a aquisição de equipamentos instrucionais modernos (avisos de instrução e simuladores, em espe-

cial), ou até mesmo a modernização dos existentes.

No que se refere à habilitação de oficiais, por meio das Escolas de For-mação de Oficiais da Marinha Mer-cante (EFOMM), dos cursos de Adaptação para Segundo Oficial de Náutica (ASON/M) e dos cursos de Acesso a Segundo Oficial de Náu-tica (ACON/M), a falta de vagas su-ficientes para o obrigatório estágio embarcado que se segue às fases aca-dêmicas é a principal razão que de-terminou a redução do número de vagas oferecidas anualmente, mas não foi a única.

Um enorme esforço foi desenvol-vido pela Autoridade Marítima, com o importante apoio da comunidade marítima nacional, para incrementar quantitativa e qualitativamente a ha-bilitação de oficiais. No período de 2011 a 2016, foram colocados no mercado de trabalho brasileiro cer-ca de 700 oficiais por ano. Hoje, es-se mercado estaria equilibrado, mas a grave crise pela qual passa o país afetando, em especial, o apoio ma-rítimo, provoca um excesso de ofi-ciais disponíveis, principalmente se-gundos oficiais. Esse excesso não é alarmante e deve sempre existir. Lo-go, em proveito da realização de inúmeros outros cursos, em especial os de aperfeiçoamento, que permitem ascensão, foi possível reduzir quanti-tativamente a formação de oficiais.

A DPC acompanha permanente-mente a relação entre a oferta e a demanda de oficiais, sabendo que decisões tomadas hoje vão ref letir daqui a quatro ou cinco anos. É por meio desse acompanhamento, que envolve variáveis como crescimento da economia, da produção marítima de petróleo e da nacionalização da frota, que se estabelece anualmente o número de vagas para os cursos de formação, acesso, adaptação e atua-lização de oficiais.

NEW,S Setembro 2016 7

Para o vice-almirante Lima Filho, diretor da DPC, ouvir a comunidade marítima é fundamental para uma melhoria contínua

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8 Agosto 2017 NEW,S

NEW,S | Na sua opinião, houve boa interação com a comunidade marítima em sua gestão? Teve di-ficuldades? Vice-almirante Lima Filho | A DPC busca manter diálogo aberto com a comunidade marítima, a fim de facilitar um bom relacionamento com os seus representantes. A DPC tem entre suas atividades o atendi-mento às demandas da comunidade marítima por meio do intercâmbio de informações com entidades civis e or-ganismos internacionais. Sempre que possível, a DPC e seus subordinados recebem e escutam as comunidades marítima, náutica e portuária, no in-tuito de permitir o aprimoramento contínuo de normas e procedimentos, com foco na segurança da navegação.

NEW,S | A sua pauta de desbu-rocratização parece ter caminha-do bem, por meio das alterações introduzidas na Norma da Auto-ridade Marítima 8 (NORMAM-08/DPC). Podemos esperar mais ini-ciativas nesse sentido? O que pode ser adiantado?Vice-almirante Lima Filho | A NORMAM-08/DPC é muito dinâ-mica, e a aprimoramos constantemente, tendo em vista a evolução de sistemas e tecnologias, como ocorre com o Porto sem Papel. Recentemente, normatiza-mos o transbordo de pessoas em embar-cações em áreas não estão abrigadas. Especificamente, sobre o apoio portu-ário, as embarcações desse segmento não são sujeitas ao processo de despacho, que é um dos focos da referida norma.

Vale ressaltar que na área do Ensino Profissional Marítimo (EPM), com ini-ciativa da DPC, iniciou-se um novo procedimento para agilizar o processo de “Revalidação/Reconhecimento” da Certificação dos Marítimos, por meio da melhoria da análise e do trâ-mite desses processos, que passaram a

ser realizados por meio digital, no âm-bito da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro. Esse procedimento será gradual-mente estendido às demais Capitanias.

Além disso, novos sistemas de ge-renciamento foram implementados para agilizar o processo de acompa-nhamento da carreira e dos cursos pa-ra os aquaviários: Sistema Informati-zado de Cadastro de Aquaviários (SISAQUA), concebido para cadastrar o aquaviário e apoiar o Ensino Pro-fissional Marítimo; e Sistema de Ge-renciamento do Ensino Profissional Marítimo (SISGEPM), concebido pa-ra facilitar a elaboração das propostas de cursos, a montagem e o acompa-nhamento do Programa de Ensino Profissional Marítimo (PREPOM/Aquaviários), bem como controlar o desempenho de alunos e professores.

NEW,S | Como a DPC vê e co-mo pode ajudar a comunidade na discussão das convenções inter-nacionais sobre água de lastro e sobre emissão de gases? Podemos suportar ou manter um prazo maior de adaptação desses que-sitos para a cabotagem brasileira?Vice-almirante Lima Filho | A DPC, juntamente com a Comissão Coordenadora dos Assuntos da Or-ganização Marítima Internacional (CCA-IMO) e a Secretaria Executiva da Comissão Coordenadora dos As-suntos da Organização Marítima In-ternacional (SEC-IMO), há 18 anos,

analisa, estuda e propõe posições so-bre todos os assuntos que são objetos de discussão nas reuniões de trabalho dos Comitês e Assembleias da Orga-nização Marítima Internacional (IMO), seja nas deliberações de novos instrumentos normativos (convenções/códigos), seja na avaliação de emendas aos atos internacionais já em vigor. Essa participação efetiva da DPC tem sido norteada principalmente pelos anseios da Comunidade Marítima, mas também da própria Autoridade Marítima Brasileira (AMB) como res-ponsável pela segurança da navegação, pela salvaguarda da vida humana no

“O trabalho desenvolvido no apoio portuário por nossos marítimos e fluviários, homens e mulheres, é de suma importância para que possamos manter nossos mares e rios seguros e limpos.”

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mar e pela prevenção da poluição am-biental por parte de embarcações, pla-taformas ou suas instalações de apoio.

A Convenção de Água de Lastro está prevista para entrar em vigor em setembro de 2017. Não é exigido dos navios que realizam a navegação de cabotagem o cumprimento da Regra D-1 (troca oceânica da água de lastro), exceto se a navegação se der entre portos/terminais f luviais de bacias hi-drográficas distintas.

Com a aplicação da Convenção, em que será exigido o tratamento da água de lastro através de um sistema a bordo (Regra D-2), provavelmente, não será obrigatório para as embarca-ções que navegam nesse regime o cum-primento da regra D-2. Logo, não haverá problemas de prazo para adap-tação à Convenção no que se refere à cabotagem, exceto como previsto na situação acima.

NEW,S | E em relação à emissão de gases?Vice-Almirante Lima Filho | Es-se assunto já vem sendo tratado com

atenção especial, há longa data, não apenas no âmbito desta Diretoria, como também no Grupo Interminis-terial da CCA-IMO. Os represen-tantes dos ministérios participantes avaliam as propostas, muitas delas oriundas da Comunidade Marítima Brasileira, que serão encaminhadas aos fóruns da IMO, em que podemos somar os nossos pleitos aos dos de-mais 171 estados-membros.

Recentemente, durante a 70ª ses-são do Comitê de Proteção ao Meio Ambiente Marinho (MEPC), ocor-rida em outubro de 2016, a delegação brasileira contribuiu para que o pro-cesso de implantação do controle de gases de efeito estufa adotasse uma janela temporal coerente com as pos-sibilidades dos armadores nacionais.

Haverá também, no fórum do Comitê de Segurança Marítima (MSC), a apresentação de documen-to e apoio a um outro, de autoria do Chile, sobre o ponto de fulgor de combustíveis marítimos que po-dem representar risco aos navios e às suas tripulações.

Dessa forma, a AMB vem desempe-nhando suas atividades no sentido de cumprir com as responsabilidades de-correntes de sermos um estado-membro da IMO e, ao mesmo tempo, contribuir para um cenário positivo para a Comu-nidade Marítima Brasileira.

NEW,S | O senhor gostaria de dei-xar uma mensagem aos marítimos?Vice-almirante Lima Filho | A Marinha do Brasil, exercendo suas atri-buições como Autoridade Marítima, acompanha as atividades portuárias em todo o país, com foco na preservação do meio ambiente e, especialmente, na segurança da navegação. O trabalho desenvolvido no apoio portuário por nossos marítimos e f luviários, homens e mulheres, é de suma importância pa-ra que possamos manter nossos mares e rios seguros e limpos, e contribui para o f luxo de riquezas em nosso país. Uma boa navegação a todos e contem com a nossa Marinha do Brasil.

Formatura da Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (EFOMM)

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10 Agosto 2017 NEW,S

Empresas Centenárias

Vida longa à companhia!Casos raros no Brasil, empresas que ultrapassaram a barreira dos 100 anos avaliam a importância de suas histórias

Em um país em que um terço das companhias fecha antes de comple-tar dois anos, de acordo com levan-tamento da Fundação Getulio Var-gas (FGV), a longevidade é sempre motivo de comemoração no merca-do. E, quando a empresa supera a marca de 100 anos, torna-se uma referência. Na Wilson Sons, o pas-sado é constantemente catalogado e reavaliado, ajudando, assim, a pen-sar os próximos passos.

“Ao longo dos nossos 180 anos, vivemos todo tipo de experiência. Nosso trabalho é quase tão antigo quanto a independência do Brasil, e passamos por diversos momentos marcantes da história do país, sem-pre contribuindo com seu desenvol-vimento. Essa passado é um compo-nente inestimável para a nossa visão de futuro e para superar desafios”, diz o CEO do Grupo Wilson Sons, Cézar Baião.

A Wilson Sons tem poucos pares nesse seleto rol de empresas cente-

nárias. Exemplos como a Leão Ali-mentos e Bebidas, a Cedro Têxtil e a Mackenzie têm muitas histórias para contar e, principalmente, lições a passar para as empresas mais jovens.

Para a Leão Alimentos e Bebidas – famosa pelo Matte Leão –, a ino-vação é um dos fatores que garanti-ram à empresa se manter relevante no mercado 116 anos após sua fun-dação. “Historicamente, a Leão sem-pre esteve muito atenta às oportu-nidades de mercado e às preferências

do consumidor, buscando se posi-cionar constantemente à frente”, conta o gerente de Relações Insti-tucionais e Sustentabilidade, Fabia-no Rangel.

A Leão foi criada em 1901, em Curi-tiba, como fábrica de chás para infusão. Quase quatro décadas depois, surgiu seu carro-chefe: o chá mate tostado, que impulsionou o crescimento da

Leão: história do chá no Brasil passa pela trajetória da empresa

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NEW,S Agosto 2017 11

companhia. A marca se tornou tão po-pular que chamou a atenção da gigan-te Coca-Cola. Na época da aquisição, em 2007, a Leão tinha receita de cerca de R$ 150 milhões ao ano.

O executivo conta, ainda, que a trajetória da companhia – toda a sua experiência nos mais diversos cená-rios, seus erros e acertos – permite à Leão olhar para o futuro e planejar as decisões seguintes. “São mais de 100 anos desenvolvendo e protago-nizando a história do chá no Brasil. A evolução desse setor passa obriga-toriamente por nossa trajetória. Es-

se profundo conhecimento e reper-tório de experiência possibilitam olhar para a frente com mais clare-za”, destaca Rangel.

“Em sua vida, a Leão passou por grandes desafios e momentos de su-peração. Nas primeiras décadas, en-frentou três grandes incêndios em suas fábricas. Essa é uma história ri-quíssima, respeitada por consumido-res, funcionários e executivos que se orgulham de manter, valorizar e ex-pandir a marca”, afirma o gerente.

Fabiano Rangel comenta que a Leão tem grande preocupação em

preservar o passado. A companhia possui rico acervo de publicações históricas, que serve de base para pesquisas e trabalhos acadêmicos e científ icos, além de livros sobre sua trajetória e a da erva mate e uma área de exposição na fábrica de Fa-zenda Rio Grande (PR).

“Temos no passado os erros e os acertos que nos trouxeram até aqui, e, no presente, a atenção para a ino-vação e o respeito ao consumidor são o que mantêm a Leão forte e atenta ao futuro. Entender o passado não signif ica ‘estacionar’ no passa-do”, diz Rangel.

Como parte desse aprendizado, a Leão Alimentos e Bebidas construiu uma fábrica verde, adotando méto-dos inovadores e sustentáveis. Essa unidade foi a primeira fábrica no Brasil a receber a certif icação LEED (Leadership in Environment Design), concedida em 2012 pela organização internacional U.S. Green Building Council (USGBC).

O gerente afirma que um dos fa-tores que diferencia uma empresa cen-tenária das demais é a grande capaci-dade de se moldar ou de se renovar de acordo com as tendências de mercado e da sociedade. “Mas, é preciso ter consciência de que a indústria e o mercado evoluem, de que os consu-midores também buscam por novida-des e novas experiências de vida por meio de produtos, serviços e ideias. Uma empresa centenária tem a van-tagem de conhecer profundamente o mercado e o cliente, o que ajuda a lançar novos produtos e serviços que possam agregar valor à vida dos indi-víduos, bem como facilitar suas ativi-dades no cotidiano.”

Fabiano Rangel garante que a ex-periência da Leão pode servir como ensinamento para as empresas mais jovens. “Você pode ter encontrado a mina de ouro, mas não esgote seus recursos. A longevidade da sua história

“A atenção para a inovação e o respeito ao consumidor são o que mantêm a Leão forte e atenta ao futuro. Entender o passado não significa ‘estacionar’ no passado.”Fabiano Rangel, gerente de Relações Institucionais e Sustentabilidade da Leão

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depende da sua capacidade de se reer-guer das cinzas, de se manter atento e focado no gosto e nas necessidades dos consumidores, ciente da importância de desenvolver, implantar e manter prá-ticas eficientes e sustentáveis.”

COLABORADORES, ÉTICA E COMPROMETIMENTOO cenário econômico do Brasil era mui-to diferente em 1872, quando a Cedro Têxtil foi fundada em Minas Gerais, ainda sob o nome Companhia de Fia-ção e Tecidos Cedro e Cachoeira. O Brasil, ainda governado por D. Pedro II, era um país basicamente agrário. Os irmãos Bernardo, Caetano e Antônio Cândido Mascarenhas, porém, viram uma oportunidade diferente e decidi-ram investir em um segmento pouco explorado por aqui na época.

Já se passaram 145 anos e a compa-nhia segue em atividade, com fábricas nas cidades mineiras de Sete Lagoas, Caetanópolis e Pirapora, além de dois centros de distribuição produzindo cer-ca de 168 milhões de metros quadrados de tecidos por ano (um pouco mais do que a área do Acre).

Segundo a Cedro, sua longevidade é amparada por três pilares: colabora-dores, ética e comprometimento. Atu-almente, a empresa conta com 3 mil pessoas na equipe e, ano após ano, re-gistra recordes de participação com ideias para ajudar a reduzir desperdícios. Só em 2016, por exemplo, foram 3.627 ideias para otimização de recursos, da-das por 1.300 trabalhadores. Em relação aos acionistas, a companhia trabalha com máxima transparência e ética, re-sultando na confiança que impulsiona sua estabilidade mesmo em momentos de instabilidade política e econômica. A Cedro afirma ainda que, por meio de uma gestão séria e atenta ao cenário para agir no momento certo, está cons-

Colaboradores, ética e comprometimento fizeram a Cedro Têxtil chegar aos 145 anos

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tantemente investindo em tecnologia e inovação e adaptando a produção à de-manda do mercado.

Desde 1983, a Cedro Têxtil é man-tenedora do Museu Têxtil Décio Mas-carenhas, situado na Fábrica do Cedro, em Caetanópolis. Com acervo de mais de mil peças, esse é o mais completo museu têxtil do país, uma referência para estudantes, historiadores, estudio-sos e empresários do setor. Recente-mente, a companhia atuou como par-ceira do Museu da Moda de Belo Horizonte, o Mumo, o primeiro museu público destinado à atividade no Brasil. A companhia cedeu parte de seu acer-vo para a primeira exposição do espaço, “33 Voltas em Torno da Terra”.

REFORÇAR TRAÇOSUma das instituições educacionais mais antigas do país, a Universidade Pres-biteriana Mackenzie, foi fundada há 147 anos por missionários presbiteria-nos e pioneira em diversos aspectos, como a formação de turmas com me-ninos e meninas e o incentivo à prá-tica esportiva. Segundo o professor Marcel Mendes, diretor do Centro de Educação, Filosofia e Teologia (CEFT) da Mackenzie, a preservação da iden-tidade foi fundamental para garantir a longevidade da empresa.

“Essa instituição tem uma proposta educacional diferenciada pelos princí-pios e valores que adota. As pessoas que procuram o Mackenzie esperam que o ambiente vivenciado por seus pais ou avós tenha mantido a essência, ainda que as estratégias pedagógicas sejam constantemente renovadas, como não poderia deixar de ser. Podemos chamar isso de tradição”, diz ele. “Adicional-mente, a manutenção do endereço fí-sico por mais de um século pode ser considerado também um fator signifi-cativo para a fixação da imagem de uma instituição estável e duradoura.”

O professor Mendes destaca que uma instituição que ostenta creden-ciais de sólida tradição sem perder de vista sua atualidade e relevância é sempre percebida como um em-preendimento “que deu certo”, ca-paz de superar as crises, que sabe exercitar a resiliência, inspira respei-to e passa credibilidade. “A tudo is-so se junta a cultura patrimonialista do Mackenzie, seus confortáveis in-dicadores econômico-financeiros e sua gestão austera. Esse conjunto de fatores contribui, sem dúvida, para alçar o Mackenzie a um excepcional patamar de credibilidade em qual-quer negócio. Por f im, a grife da instituição e sua envergadura eco-nômica também atraem parceiros, chamam candidatos e instigam a competição.”

Para as empresas mais jovens, o diretor do CEFT diz que a Macken-zie tem uma importante lição a pas-sar: investir sempre no fortalecimen-to dos traços marcantes de seus produtos ou serviços. “Só assim se poderá falar em marca, imagem e tradição”, conclui Mendes.

“As pessoas que procuram o Mackenzie esperam que o ambiente vivenciado por seus pais ou avós tenha mantido a essência, ainda que as estratégias pedagógicas sejam constantemente renovadas, como não poderia deixar de ser. Podemos chamar isso de tradição.”Marcel Mendes, diretor do Centro de Educação, Filosofia e Teologia (CEFT) da Universidade Presbiteriana Mackenzie

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Especial

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Setor se prepara para transformações no processo de produção e no perfil das embarcações

O futuro da construção naval

Junco e madeira deram lugar a cha-pas de aço. As velas que impulsio-navam as maiores embarcações foram substituídas por motores potentes. Bússolas e telescópios, aos poucos, perderam espaço para computadores modernos e comunicação via saté-lite. Os navios mudaram ao longo dos séculos e, com eles, a construção naval também se transformou. A to-do momento, a indústria procurou entender qual seria o próximo passo a ser tomado, e hoje não é diferente. Empresas e especialistas estudam os rumos do mercado para determinar como serão as embarcações e os es-taleiros de amanhã.

No Brasil, o futuro da indústria naval está muito atrelado à explora-ção e produção de petróleo, segun-do Sérgio Bacci, vice-presidente do

Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) e presidente exe-cutivo da Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav). Ele destaca que é um mercado ainda muito depen-dente da demanda desse segmento, mas garante que os estaleiros estão muito bem equipados. “Do ponto de vista da capacidade e da tecnolo-gia, o momento é muito bom. O mais importante é não perdermos isso. As encomendas precisam ser priorizadas e mantidas no Brasil.”

Bacci explica que apenas com a garantia de um índice de conteúdo local, com ações governamentais pa-ra criar demanda quando não hou-ver encomendas, além de f inancia-mentos, é que a construção naval

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poderá se desenvolver no país. Ele reforça que essa é uma tendência que foi seguida em todas as nações que hoje têm indústrias navais fortes. “O Brasil tem boa oferta de f inancia-mento, por meio do Fundo de Ma-rinha Mercante (FMM), e empresas capazes de fornecer para esse mer-cado. O que nós precisamos é que a indústria petroleira encomende em-barcações aqui”, diz.

Para o vice-presidente do Sina-val, um fator fundamental para o fortalecimento do setor no país é que se chegue a um índice de con-teúdo local que seja satisfatório pa-ra todos os envolvidos. “O índice exigido para as embarcações era de 65%. O governo agora reduziu pa-ra 25%. Com isso, há tendência de que grande parte da embarcação agora seja construída fora do Brasil. O ideal para a indústria seria algo em torno de 50%. Isso seria positi-vo para os estaleiros, para os ope-

radores e para o país. Falta o gover-no casar os interesses.”

Quanto aos avanços tecnológicos, tão comuns quando pensamos no futuro, Bacci diz que não há neces-sidade desse tipo de investimento no Brasil atualmente. “Os estaleiros brasileiros já se modernizaram bas-tante em comparação com 14 ou 15 anos atrás. Não dá para equiparar o Brasil aos países da Ásia, pois são realidades muito distintas. A China recebe encomendas para 1,5 mil ou 2 mil navios por ano. No Brasil, no auge, tivemos 150 encomendas em um ano. Se a demanda aumentar, os estaleiros poderão se equipar, mas hoje estão adequados para a deman-da”, comenta Bacci.

Essa visão é compartilhada por outro especialista do mercado bra-sileiro. Para o presidente da Socie-dade Brasileira de Engenharia Na-val (Sobena), Luis de Mattos, não falta no país competência técnica,

lideranças empresariais e, mesmo com a crise, uma economia forte – fatores que podem viabilizar fu-turos avanços. “Não estamos atra-sados. O que existe é uma situação econômica que impactou a nossa produção”, reforça.

Avaliando o cenário internacional do setor, Mattos afirma que estamos

“Do ponto de vista da capacidade e da tecnologia, o momento é muito bom. O mais importante é não perdermos isso. As encomendas precisam ser priorizadas e mantidas no Brasil.”Sérgio Bacci, vice-presidente do Sinaval

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vivendo uma revolução. Segundo ele, os rumos do mercado serão de-terminados por fatores tecnológicos e econômicos, mas as perspectivas ainda não estão bem definidas. “O futuro é muito importante para a Sobena. Sempre fomentamos essa discussão, mesmo quando estamos olhando para o cenário atual. Os pro-blemas de hoje é que vão gerar essa transformação.”

Ele defende que há uma tendên-cia para que as embarcações f iquem mais avançadas, e a linha de produ-ção dos estaleiros deve ir pelo mes-mo caminho. O especialista reforça que esse desenvolvimento não vai reduzir o número de empregos na indústria. “O volume de pessoas não vai diminuir. Os profissionais ape-nas vão ocupar outros postos. A tec-nologia não gera desemprego, mas outros empregos. Novas oportuni-dades surgem, e os profissionais de-vem se preparar para isso”, diz o pre-sidente da Sobena. “Não dá para imaginarmos que daqui a 100 anos

os navios serão construídos da mes-ma maneira que hoje.”

Luis de Mattos comenta também a tendência de navios cada vez maio-res. Segundo ele, o limite de tama-nho pode estar próximo. “Para saber até onde essas embarcações podem crescer, precisamos considerar dois fatores: o preço das commodities transportadas e a eficiência energé-tica do navio. Vai chegar a um pon-

to em que o consumo de combustível não vai compensar mais, ou o tempo que a embarcação ficará no porto se-rá muito longo”, diz o especialista. “É difícil dizer se já chegamos nesse limite ou se ainda estamos distantes. Os motores já evoluíram bastante e estão mais fortes e compactos. A par-te estrutural também tem avançado. O desafio, mais do que tecnológico, será econômico.”

MEIO AMBIENTE

O futuro das embarcações passa também pela sustentabilidade. O presidente da Sobena reforça que a sociedade está cada vez mais exi-gente com a relação entre a tec-nologia e o meio ambiente. “É um caminho sem volta. O transporte aquaviário tem um dos menores impactos para o ambiente, mas também é um dos mais controla-dos e regulamentados. Isso faz com que o setor esteja sempre na van-guarda pela busca de novas tecno-logias. Isso é muito positivo.”

Não são só os engenheiros na-vais que se preocupam com as transformações na maneira de cons-truir embarcações. As empresas do setor são também as mais preocu-padas em antecipar tendências e se adaptar às transformações. Para a Damen – grupo internacional de construção naval e parceiro da Wil-son Sons Estaleiros –, as embarca-ções do futuro emitirão menos ga-ses de efeito estufa (GEE) e consumirão menos combustível, além de usar fontes de energia al-ternativas, entre outras mudanças.

“Acreditamos que os navios de carga não crescerão no futu-ro, mas se tornarão mais ef icien-tes, mais sustentáveis. Isso exi-girá que os rebocadores também

se adaptem a esses requisitos”, diz o gerente de Vendas da Da-men para as Américas, Rutger Dolk. “Também está entrando rapidamente na indústria a apli-cação de novos materiais, como os compósitos (formados pela união de outros materiais com o objetivo de se obter um pro-duto de maior qualidade).”

O gerente explica que a Damen busca constantemente por inova-ções, tanto no aperfeiçoamento da construção naval quanto no design das embarcações. Um exemplo disso é que a empresa es-tá testando atualmente a primeira hélice impressa em 3D.

“Essa é uma das tecnologias que mudarão a indústria, não apenas o modo de produção, mas tam-bém o f luxo de material pelo mun-do. Mais matérias-primas serão transportadas em vez de materiais completos. A produção local será muito mais fácil”, conta Dolk. “Como estamos no início de uma mudança de tecnologia, será mui-to importante que as pessoas per-maneçam f lexíveis. Precisamos manter a adaptação às novas téc-nicas e ao desenvolvimento. O gerenciamento de mudanças é bas-tante relevante.”

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Memória

1908Wilson Sons agencia o Kasato Maru, navio que trou-xe as primeiras 158 famílias japonesas para o Brasil e se tornou um marco na história do país. Em 1917, a companhia agencia também a primeira linha de navegação de passageiros entre o Japão e o Brasil, que empregava, além do Kasato Maru, o Tocoma Ma-ru, ambos da Osaka Shosen Kaisha.

1928Companhia inaugura o maior depósito coberto da América Latina, em São Cristóvão, no Rio de Janeiro.

1972Wilson Sons lança o primeiro rebocador de alto--mar da sua frota, o Aquarius.

Pedaços de uma históriaAo comemorar 180 anos, Wilson Sons destaca operações e momentos mais do que especiais

Nem só de inaugurações e

lançamentos é feita a história

de uma empresa. A trajetória da

Wilson Sons é construída a cada

dia, seja a bordo das embarcações,

nos terminais ou nos escritórios.

Para comemorar os 180 anos da

companhia, separamos alguns

momentos importantes, que não

costumam fazer parte das linhas

do tempo tradicionais.

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DÉCADA DE 1970Contribuindo para o desenvolvimento da infraestrutu-ra do Brasil, os rebocadores da Wilson Sons participam da construção da Ponte Rio-Niterói. As embarcações foram responsáveis por rebocar os vãos da ponte.

1980Mais um passo no incremento da infraestrutura bra-sileira, a Wilson Sons assina contrato com o De-partamento de Estradas do Pará para o forneci-mento de 34 pontes que ligam Marabá à Usina Hidrelétrica de Tucuruí.

1984Wilson Sons é pioneira na adoção de tecnologia azimutal no Brasil. O primeiro rebocador azimutal da companhia é o Titan.

2002Wilson Sons dá iní-cio à parceria com o governo de Per-nambuco para de-senvolvimento do projeto Parque dos Naufrágios Artifi-ciais. Desde então, 12 rebocadores da companhia foram afundados na costa do Recife para ajudar na preservação da vida marinha e para estimular o turismo de mergulho na região.

2006Companhia conquista 60% de nacionalização na construção do PSV (Platform Supply Vessel) Saveiros Fragata, pata-mar que supera a mé-dia do mercado à épo-ca, de 40%.

2009Wilson Sons adquire moderno simulador para treinamen-to de condução e manobras de rebocadores, o primeiro de uma empresa pri-vada no Brasil. Loca-lizado no Centro de Aper feiçoamento Marítimo William Salomon, no Guaru-já (SP), ele contribui com a formação dos marítimos e com o planejamento de no-vas operações.

2010Wilson Sons, com o propósito de consolidar sua pre-sença no setor de agenciamento marítimo, passou a con-tar com representantes exclusivos na Europa e nos Es-tados Unidos, além de um escritório próprio em Xangai, na China.

2012Com o conhecimento adquirido em diversos seg-mentos de atuação da Wilson Sons Agência, a em-presa é contratada para coordenar toda a logística internacional da importação de uma cimenteira da China para o Brasil, instalada na unidade da Cimen-to Tupi, em Carandaí (MG).

2015Wilson Sons Estaleiros entrega o Fugro Aquarius, um marco para a indústria naval brasileira: foi o primeiro ROVSV (Remotely Operated Vehicle Sup-port Vessel) construído no país.

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