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0 AS DONAS DA HISTÓRIA Capítulo 17. Novela de Renan Fernandes. Escrita por Renan Fernandes. Personagens deste capítulo: Antônio Sônia Constantinopla Gringo Olívio Nader Fabiano Neusa Taís Motorista Sérvia Malu Padre Sérvia Cláudia Jaqueline André Lucas

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AS DONAS DA

HISTÓRIA Capítulo 17.

Novela de Renan Fernandes.

Escrita por Renan Fernandes.

Personagens deste capítulo:

Antônio Sônia

Constantinopla Gringo Olívio Nader

Fabiano Neusa Taís

Motorista Sérvia Malu

Padre Sérvia Cláudia

Jaqueline André Lucas

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

CENA 1. MANSÃO DE ANTÔNIO. SALA. INT. NOITE.

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior.

Sônia prensa Antônio a revelar que sempre a traiu.

ANTÔNIO — (esquiva-se/anda pra todos os lados) Você

fala de um jeito que parece que quer se sentir a

mulher passada pra trás/

SÔNIA — As suas ironias e a sua capacidade de ser

relapso não me enganam mais! (pega-o pelo braço)

Para de se mover pra todos os lados, porque isso já

ta me deixando tonta!

ANTÔNIO — (surpreso/tira o braço) Eu nunca te vi tão

nervosa, tão decidida!

SÔNIA — Vai ver era isso que tava faltando pra minha

vida: atitude!

Logo, Antônio olha para os lados, direciona-se à adega e senta-se,

encarando-a de longe.

ANTÔNIO — Tudo bem, Sônia! Se você quer saber da

verdade, eu não tenho o direito de omitir. Tudo o

que a Cláudia falou no dia do enterro foi fato! Eu

tive uma relação com ela, sim!

Música de suspense. CAM se aproxima aos poucos do rosto de Sônia, que

coloca as mãos sobre a boca, transtornada.

SÔNIA — (chorando) Como eu queria que isso fosse

mentira! Como eu me iludi achando que tudo não

havia passado de um mal-entendido! (aproxima-se)

A minha esperança, Antônio, era você conseguir

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

provar que a Cláudia tinha inventado essa história.

E a minha burrice me anestesiou até a revelação.

Agora, eu posso dizer que sinto nojo de você, seu

cafajeste!

No ímpeto, Sônia mete um forte tapa no rosto de Antônio, que não reage.

ANTÔNIO — Só que essa relação com a Cláudia não passou de

uma aventura barata/

SÔNIA — Aventura barata que traumatizou a menina, né?

Que fez ela ter a ousadia de vir na minha casa pra

te confrontar. E o mais repulsivo: você e ela, dois

Judas, fingiram pra mim que nunca tinham se visto

antes, e tiveram a proeza de jantarem na minha

frente!

ANTÔNIO — Mas nada daquilo foi planejado! Eu também fui

pego de surpreso com a visita! Não sei se você

lembra, mas eu tinha tido um dia exaustivo na

clínica... Não tava com vontade de encarar

ninguém!

SÔNIA — Chega! Chega de inventar desculpas! Apenas me

esclareça mais algumas dúvidas... A Cláudia disse

que você traiu a primeira mulher e abandonou um

filho de 4 anos... E eu quero saber: essa gente

realmente existe? Por que você nunca me contou

que teve filhos?

ANTÔNIO — (mentindo/nervoso) Eu não sei da onde essa

maluca tirou essa história! ...

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

... Será que até agora você não percebeu que a

intenção dela foi acabar com a nossa felicidade?

SÔNIA — Não adianta tentar mudar o foco e a vítima

dessa trama ordinária! Você deve saber muito bem

do que ela tava falando, inclusive, da outra

acusação que a mãe da Cláudia fez, dizendo que

você armou uma cilada contra o Humberto!

ANTÔNIO — Você pode achar o que quiser! E principalmente

entrar no jogo de intrigas dessas duas cobras

venenosas! A minha consciência ta limpa agora, eu

já despejei toda a verdade que você queria saber!

SÔNIA — (recompondo-se) Tudo bem! Eu vou botar um

fim nesse interrogatório. Sei que você vai se

desvencilhar cada vez mais!

Logo, ela se direciona até a escada, mas antes de subir, encara-o pela última

vez.

SÔNIA — Só mais uma coisa! Não pense que eu me

convenci de que você não teve filho e ex-mulher...

E muito menos dessa história mal-contada da

morte do seu patrão. Aos poucos eu vou descobrir

com quem eu tive a idiotice de desperdiçar 10 anos

da minha juventude. Nesse momento, durma no

quarto de hóspedes e reflita sobre tudo o que

você perdeu... E que ainda perderá!

Por fim, ela sobe as escadas, e CAM volta a focar em Antônio, que fica

pensativo e com um semblante de tristeza.

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

CENA 2. UISQUERIA. INT. NOITE.

Constantinopla e o gringo que ela tenta seduzir continuam conversando.

CONSTANTINOPLA — Eu confesso que não suporto esse barulho de

gente pobre e infectante! Esses festeiros só

sabem farrear, nasceram sem vocação nenhuma!

GRINGO — Depende de quem você se refira, né? (bebe um

uísque) Aqui temos variados tipos de dançarinas,

variados talentos...

CONSTANTINOPLA — (insinuante) E a minha presença não te instiga a

experimentar alguém com mais vivência, mais

conteúdo?

GRINGO — (aproxima-se) A sua presença me traz um

desejo enorme. Desejo de ingressar em algo mais

duradouro!

Feliz da vida, Constantinopla acaricia o rosto do gringo, que beija a mão

dela. De repente, CAM se direciona até a saída da sala de Olívio, que surge

junto com Nader. Eles conversam entre e sim e se surpreendem ao verem

Constantinopla acompanhada.

OLÍVIO — Espera aí, eu to reconhecendo aquele cara!

NADER — Aquele que ta com a madame?

OLÍVIO — Sim! Eu não to acreditando! É um trapaceiro que

me passou a perna quando eu tinha um negócio de

distribuidora de bebidas! Esse safado me roubou e

fugiu sem deixar rastros! (decidido) Mas é hoje

que ele vai pagar pelo que fez!

NADER — Calma lá, cara! Sem escândalos!

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

Olívio anda rapidamente até a mesa, e quando Constantinopla e o gringo o

notam, ele chuta a mesa deste com toda a força.

Música de suspense. Constantinopla encara Nader, que está atrás de Olívio.

CONSTANTINOPLA — (chocada) O que ta acontecendo?

OLÍVIO — Esse filho da mãe vai sair daqui agora! Ele me

roubou no passado, e agora teve a cara de pau de

vir no meu novo negócio pra gastar a minha grana!

GRINGO — (levanta-se) Qual foi, Olívio? Você

enlouqueceu? Eu não roubei nada de você! Aquela

grana da distribuidora foi uma garantia de que eu

não ia sair lesado do negócio que não deu certo!

OLÍVIO — Nós dois dividimos o capital da empreitada!

Então cala a boca, e apanha!

Nisso, Olívio volta a socar o gringo, que tenta reagir, mas é pego pelos

seguranças.

GRINGO — (debochando) Então agora o vendedorzinho de

refrigerantes virou um magnata! Mas eu tenho

certeza que você ta aprontando... Que nem na

época da distribuidora, quando você investiu o

capital com o dinheiro do assalto que você fez no

escritório de advocacia do meu irmão!

OLÍVIO — Você tem provas do que ta falando?

GRINGO — Não tenho! Você foi esperto naquele golpe. Por

sorte, eu descobri e me vinguei pelo meu irmão.

Agora, eu vou me vingar de volta, mas pela porrada

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

que você deu na minha cara! Se prepara, Olívio! Eu

vou acabar com a sua vida criminosa!

Nisso, os seguranças carregam o gringo até a saída, e CAM volta até Olívio,

que é observado por todos. Por fim, o mesmo volta até a sua sala, e Nader

senta ao lado de Constantinopla.

CONSTANTINOPLA — Esse seu comparsa acabou com o meu prazer

momentâneo! Toma cuidado, Nader! Esse Olívio é

perigoso, pode trapacear com você!

NADER — Ninguém me faz de idiota, não! E mesmo que ele

tenha esse passado de roubos e desfalques, eu

também sou safo! O meu investimento nessa

uisqueria vai dar certo!

CONSTANTINOPLA — É o que veremos!

CENA 3. CASA DE FABIANO. QUARTO DE TAÍS. INT. NOITE.

Fabiano decide botar um fim na discussão entre Taís e Neusa.

FABIANO — Vocês estão exaltadas demais! Eu e o

Leandrinho somos os únicos que ainda não

perdemos a cabeça! Portanto, vamos parar com

essas brigas repetitivas!

Neusa levanta-se de cama, encara Taís com tristeza e sai lentamente do

quarto. Leandrinho, por sua vez, conforta-a, dando-lhe um abraço.

NEUSA — Eu sei que eu exagerei com as minhas atitudes!

Mas Taís, pense bem em tudo o que eu fiz pra te

impedir de continuar com essa vingança! Você vai

compreender que eu sempre estive certa!

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

TAÍS — Tudo bem, mãe! Eu concordo com você em alguns

pontos! Aqueles bandidos que me exploraram nos

EUA realmente são dois perigos públicos. Agora,

eu não vou poder ficar a vida inteira amedrontada!

Um dia eles vão ter que pagar!

NEUSA — Mas você promete que não vai nessa clínica do

filho da mulher que te maltratou no estrangeiro?

TAÍS — Prometo! Dessa vez eu vou ficar na minha!

NEUSA — (sussurra) Que bom... Melhor assim...

Logo, Neusa sai do quarto e Leandrinho a acompanha, abraçado. Já Fabiano,

fecha a porta e se direciona até a sua irmã.

FABIANO — Você não falou isso só pra acalmar a nossa mãe,

né?

TAÍS — Também! A questão é que se eu for lá nessa

clínica, eu posso me precipitar, a Constantinopla

pode descobrir que eu to a procurando, e arrumar

um jeito de sumir da minha vista! E enquanto eu

arrumo uma outra estratégia de achar essa

bandida, eu vou respeitar a vontade da dona

Neusa. Isso até eu voltar a agir!

Som de suspense no final da cena.

CENA 4. MANSÃO DE ANTÔNIO. QUARTO. INT. NOITE.

Ao som de Fast Car-Tracy Chapman, Sônia entra na suíte, começa a tirar a

sua roupa, e se direciona até o chuveiro.

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

Já lá, ela liga a torneira, fecha os olhos e deixa a água penetrar nos seus

cabelos. Quando abre os olhos novamente, é possível focalizar a suas

lágrimas escorrendo.

CENA 5. MANSÃO DE ANTÔNIO. SALA. INT. NOITE.

No embalo da mesma música, Antônio decide parar de beber, levanta-se da

adega, dá uma olhada no espelho que ele quebrou com o arremesso de um

copo e se joga no sofá. Olhando para o teto, ele pensa nas cenas recentes

em que confirmou para Sônia que se envolveu com Cláudia, e na acusação que

sofreu de ter traído a primeira mulher e abandonado um filho de 4 anos.

ANTÔNIO — (p/si) Como que a Cláudia soube dessa história?

Será que ela conhece a Renée e o Lucas? Seria

muito azar, meu Deus! Muito azar...

CENA 6. TRANSIÇÃO DE TEMPO. NOITE/AMANHECER.

CURITIBA. VISTA GERAL DA CIDADE. EXT. DIA.

Ao som de Do Ya Think I`m Sexy-Rod Stewart, apresentam-se os prédios

do Centro, o fluxo de pedestres, o ônibus atravessando as ruas, até cortar

para a fachada da Uisqueria. Constantinopla e Nader são focalizados saindo

do local.

CONSTANTINOPLA — (debocha) Eu sabia que não ia aproveitar nada a

noite! Só você mesmo pra me trazer até esse

pulgueiro e me propor negociata!

NADER — Mas você gosta de criticar, né? Eu não tenho

culpa se o seu investimento amoroso não deu certo!

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

CONSTANTINOPLA — Pode escrever, Nader! Você vai ter um prejuízo

enorme com esse Olívio! Vai perder todo o dinheiro

que o meu filho te deu de graça!

NADER — Pois eu acho o contrário! Vou me dar muito bem!

Logo, ambos param na frente de um sinaleiro, e um carro passa ao lado de

Constantinopla. O motorista zomba dela.

MOTORISTA — E aí seu travesti? Já rodou a bolsinha na rua

XV?

Momento cômico. Constantinopla fica enfurecida com o comentário, e grita

com o motorista. Nader apenas observa, achando graça da situação.

CONSTANTINOPLA — Repete o que você falou, seu ordinário!

MOTORISTA — Travesti! Traveco do tempo das cavernas!

De repente, o motorista acelera o carro com tudo, Constantinopla corre

atrás, mas a pessoa que está acompanhada daquele, atira uns ovos no rosto

dela.

CONSTANTINOPLA — (gritando) Mas que inferno!

NADER — (aproxima-se) Ih, Constantinopla, é melhor

voltar pra casa! Aqui nesse quarteirão você já ta

fichada!

CONSTANTINOPLA — (enfurecida) Nunca mais eu apareço nesse

lugar! Não nasci pra ser emergente, ouviu bem? E

muito menos pra ser confundida com um travesti!

Nisso, Nader dá uma risada irônica, apoia os seus braços nos ombros de

Constantinopla e atravessa a rua junto com ela. CAM abre e mostra várias

pessoas rindo da mesma.

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

CENA 7. MANSÃO DE SÉRVIA. SALA. INT. DIA.

Malu desce as escadas e Sérvia surge pelos fundos da cozinha. Elas se

deparam.

SÉRVIA — Não vai tomar café, Malu? Hoje você ta tão

afobada!

MALU — É porque agora é um momento decisivo na minha

vida! Vou marcar a data do casamento!

Som de suspense. CAM se aproxima do rosto de Sérvia, que está

visivelmente preocupada.

CENA 8. MANSÃO DE ANTÔNIO. QUARTO DE HÓSPEDES. INT.

DIA.

Minutos depois, Antônio fala com Malu no celular.

ANTÔNIO — (T) Claro, meu amor! Então você marcou na

igreja às 11 da manhã! (T) Tudo bem, eu vou

arrumar um tempo pra ir junto! (T) Ta feliz com o

casamento, né? Eu também to! (T) Beijos!

Ele desliga o aparelho e fica pensativo.

ANTÔNIO — (p/si) Marcar a data do casamento nessa altura

do campeonato? Eu vou ter que tomar uma atitude

urgente!

CENA 9. MANSÃO DE ANTÔNIO. CORREDORES. INT. DIA.

Música de suspense. Ele sai do quarto de hóspedes, fecha a porta, e se

direciona até a entrada do quarto de Sônia. Ele abre a pequena fresta e

percebe que ela já desceu para tomar café.

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

CENA 10. MANSÃO DE ANTÔNIO. MESA DO CAFÉ. INT. DIA.

Atenção sonoplastia: a música da cena anterior continua aqui.

CAM foca na mesa redonda onde Sônia está. De repente, Antônio é

focalizado descendo as escadas que dão diretamente no local. Ela está de

costas para ele, que se aproxima.

SÔNIA — (vendo-o) Eu já to terminando! Daqui a pouco eu

vou sair, espairecer, e cuidar dos meus interesses

pessoais. É melhor a gente se evitar.

ANTÔNIO — (senta-se) É Sônia! Dessa vez eu tenho que

concordar. O clima ficou pesado demais. É

impossível a gente continuar bem depois de tantas

acusações/

SÔNIA — Acusações essas muito coerentes, não é?

ANTÔNIO — Não vamos começar! Eu quero falar sobre outro

assunto. Um assunto que eu refleti muito ontem à

noite e que não permitiu que eu tivesse uma noite

tranquila de sono!

SÔNIA — Do que é que você ta falando?

ANTÔNIO — Da nossa relação de 10 anos! Sônia... Eu cheguei

à conclusão de que a gente vai ter que seguir cada

um o seu rumo, ou seja, se separar!

Som de suspense. Sônia se surpreende com a pressa de Antônio de querer a

separação. Já ele, demonstra calma e a encara seriamente.

PRIMEIRO BREAK.

Tema de abertura: UNDER PRESSURE-QUEEN.

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CENA 11. MANSÃO DE ANTÔNIO. MESA DO CAFÉ. INT. DIA.

Continuação imediata da última cena do bloco anterior.

Clima tenso na mansão.

SÔNIA — Pedir a separação? Muito bem... Você foi muito

mais rápido e direto que eu imaginava!

ANTÔNIO — Não complique mais as coisas, Sônia!

SÔNIA — Eu não to complicando! Só fiquei surpresa com a

pressa! Se bem que agora você não vai precisar

mais manter um casamento de aparências, né?

(irônica) Vai assumir a clínica do Humberto, vai

crescer profissionalmente... Quanto mais você

evolui, mais pessoas saem do seu caminho. É

impressionante como você tem a capacidade de

destruir vidas com esse seu egocentrismo!

ANTÔNIO — (nervoso) Eu já fui muito claro, Sônia! A nossa

situação se tornou insustentável, é melhor poupar

mais sofrimento!

SÔNIA — Tem razão! Não sou eu que vou atrapalhar a sua

vida! Agora você ta livre pra fazer o que quiser.

Inclusive, me trair com quantas mulheres forem

necessárias. (levanta-se) Só mais um detalhe:

você que providencie os advogados e cuide de toda

a burocracia do processo de separação! Eu já me

estressei demais com essa história! Não quero

mais me envolver!

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

Assim sendo, Sônia sai de cena e fecha a porta da sala com toda a força.

Antônio toma um último gole de café e pega o seu celular com a outra mão.

ANTÔNIO — (p/si) Um problema resolvido! (respira fundo)

Ah, como essa vida é complicada!

Som de suspense no final da cena.

CENA 12. IGREJA. INT. DIA.

Instantes depois, Antônio chega até a igreja e percorre o extenso corredor

que termina no altar. De lá, é focalizado o padre de frente para ele, e Malu

de costas. Logo, Antônio toca nos ombros dela, que vira em direção ao

próprio e sorri.

MALU — Que bom que você veio, meu amor! É a partir de

hoje que nós vamos nos ligar pra sempre!

Som de suspense. Antônio dá um sorriso forçado, aparentemente

preocupado.

ANTÔNIO — É verdade! Mas então... Quando é que a igreja

estará disponível pra nossa cerimônia?

Corta imediatamente para...

CENA 13. IGREJA. SALA ANEXA. INT. DIA.

Agora, Malu, Antônio e o padre se encontram neste local, dando uma

conferida no livro de datas.

MALU — Daqui há 28 dias, Antônio! É um bom espaço de

tempo ainda... Dá pra eu providenciar o vestido,

cuidar da recepção dos convidados...

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

PADRE — E fazer o casamento religioso juntamente com o

casamento civil!

ANTÔNIO — Sim, claro... Mas eu vou ser sincero: eu prefiro

que essa cerimônia seja bem simples, sem muitas

pessoas... Vamos fazer algo mais discreto.

MALU — Tudo bem! (aproxima-se) O que importa mesmo

nessa história é a nossa união! (enlaça os seus

braços no ombro dele) Vai ser o dia mais

importante... Pra nós dois!

ANTÔNIO — (desanimado) Com certeza!

Nisso, Malu dá um beijo rápido nele, que finge estar contente com a

cerimônia e encara o padre com semblante cristão.

CENA 14. RUA DA IGREJA. EXT. DIA.

Após marcarem a data do casório, Malu e Antônio andam em direção aos

seus respectivos carros, que estão estacionados no outro lado da rua.

MALU — Bom, tudo bem encaminhado! Agora eu vou te

deixar trabalhar!

ANTÔNIO — Na verdade, eu vou pra clínica mais tarde hoje.

Tenho que resolver algumas pendências.

MALU — São problemas sérios?

Os dois param ao lado dos carros, e ficam frente a frente.

ANTÔNIO — Nada demais! (acaricia o rosto dela) Não fica

preocupada, ta? Eu quero ver você

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

maravilhosamente linda e preparada pro nosso

grande momento!

MALU — (sorri) Quanto a isso, eu me garanto! Beijos,

Antônio! Vou voltar pra mansão da minha avó!

ANTÔNIO — Beijos!

Os dois se despedem e Antônio observa Malu manobrar o carro dela e sumir

pela primeira esquina que surge. Logo, CAM se move em direção ao seu

rosto, e ele pensa em Cláudia.

ANTÔNIO — (p/si) Agora eu preciso procurar aquela

histérica, pra ela nunca mais atrapalhar a minha

vida!

Som de suspense no final da cena.

CENA 15. PENSIONATO NO REBOUÇAS. INT. DIA.

Constantinopla se arruma para sair. Nader surge da pia da cozinha com um

copo de chope na mão.

NADER — (irônico) Então a madame já ta pronta pra levar

mais ovos na cara?

CONSTANTINOPLA — To pronta pra correr atrás daquilo que é meu!

Sorte que ainda tinha uma roupa extra que eu

trouxe. Senão não ia ter condição de sair com

aquela cara de omelete azedo!

NADER — (ri/senta-se na poltrona) Mesmo assim, é

sempre bom se prevenir!

CONSTANTINOPLA — (vai até a porta) Chega de conversinha mole!

Vou na Sérvia, acertar os detalhes da minha

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

demissão. Mas claro, com uma remuneração à altura do meu porte!

NADER — (debocha) Boa sorte! Quanto mais grana,

melhor pro meu rendimento também! Agora, só

toma cuidado pra não ser confundida com travesti

de volta, viu?

Por fim, Constantinopla se irrita, sai de cena e Nader continua relaxado na

poltrona, tomando o último gole de chope.

NADER — (p/si) Essa cerveja já venceu há 3 anos! Isso

que eu chamo de vida de novo rico!

CENA 16. MANSÃO DE SÉRVIA. SALA. INT. DIA.

Minutos depois, Sérvia abre a porta e se depara com Constantinopla.

Momento de tensão. Elas se encaram por algum tempo.

SÉRVIA — O que você quer comigo?

CONSTANTINOPLA — (entrando) Nós já tínhamos combinado de

acertar o valor da minha demissão, não lembra?

Impaciente, Sérvia procura respirar fundo, fecha a porta da sala e se

direciona até a sua inimiga.

SÉRVIA — Você é tão insignificante na minha vida, que eu

esqueço de tudo que diz respeito ao seu nome.

CONSTANTINOPLA — (irônica) Não vamos perder tempo com detalhes

irrelevantes... Eu só vim aqui pra livrar você da

minha presença incômoda. (insinuante) E também

pra excluir qualquer possibilidade da Malu

descobrir alguns pobres da falsa vovozinha!

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

SÉRVIA — Que ótimo! (indica a sala de estar) Então

vamos até a minha salinha. De lá, eu pago o preço

da sua língua de vaca venenosa!

CONSTANTINOPLA — Ok!

Corta imediatamente para...

CENA 17. MANSÃO DE SÉRVIA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Já lá, Sérvia entrega a quantia num envelope.

CONSTANTINOPLA — Uma transação bancária seria muito mais

prática!

SÉRVIA — Eu acabei de sacar esse dinheiro do banco! Você

pode depositar aonde quiser... Na sua conta, no

cafofo de algum gigolô... Ou então investir num

bordelzinho de beira de estrada... São várias

alternativas!

CONSTANTINOPLA — Aprendi a dar valor pro pouco que eu tenho!

Ainda mais sabendo que esse dinheiro surgiu do

meu grande amor, o Cristiano!

SÉRVIA — (provoca) Então pode considerar isso como uma

esmolinha dele... Por você ter o proporcionado

momentos inesquecíveis como amante! Já comigo,

né, foi muito mais além... Afinal, nós nos casamos,

ele deixou toda a herança pra eu cuidar... Enfim,

fui muito mais privilegiada do que você!

Clima tenso. Constantinopla controla a raiva, mas não disfarça a tristeza.

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

CONSTANTINOPLA — Você sempre acha que consegue me vencer, né?

Mas um dia eu vou virar esse jogo!

SÉRVIA — Você já tentou tantas vezes e não conseguiu. Se

contente com a sua posição de sombra alheia,

Constantinopla! Se contente em apenas presenciar

a vitória dos seus inimigos, não de você!

CONSTANTINOPLA — (enfurecida) Sua ordinária!

De repente, quando Constantinopla vai meter um forte tapa no rosto de

Sérvia, Malu abre a porta e surpreende as duas.

MALU — Ta acontecendo alguma coisa aqui, gente?

(observa o envelope) O que tem nesse envelope,

Constantinopla?

CONSTANTINOPLA — É o dinheiro da minha demissão!

MALU — (estranha) Mas espera... Você foi demitida?

Que história é essa, vó?

CLOSES alternados entre as três personagens.

CENA 18. BRECHÓ LE FREAK. ATELIÊ. INT. DIA.

Ao som de Time After Time-Cindy Lauper, Jaqueline abre o brechó em

câmera lenta, as cortinas escuras, e deixa a luz do sol se propagar no local.

Cláudia surge pelos fundos e fica admirada com a atitude de sua mãe.

CLÁUDIA — Nossa, dona Jaqueline! Pelo visto você renovou

as energias...

JAQUELINE — (animada) Sim, meu amor! Decidi não me deixar

mais influenciar pelo luto. A vida continua, né?

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

CLÁUDIA — (aproxima-se) Claro que sim! Quer a minha

ajuda em alguma coisa?

JAQUELINE — Quero sim! Vamos fazer uma liquidação!

Corta imediatamente para...

CENA 19. FACHADA DO BRECHÓ LE FREAK. EXT. DIA.

Minutos depois, ao som de Le Freak-Chic, uma seqüência de fatos marca a

manhã restante:

1. Jaqueline liga para todas as suas clientes, enquanto Cláudia organiza as

roupas usadas numa vitrine exposta;

2. As mulheres começam a aparecer, tomam um chazinho, conversam

descontraídas com Jaqueline e olham para as roupas mostradas por

Cláudia;

3. A maioria delas passam o cartão, e pegam as suas sacolas.;

4. Jaqueline e Cláudia vão até a fachada do brechó, de onde se pode

focalizar a palavra “50% OFF” na entrada.

CENA 20. BRECHÓ LE FREAK. ATELIÊ. INT. DIA.

Atenção sonoplastia: a música da cena anterior acaba aos poucos.

Horas depois, Jaqueline e Cláudia observam o ateliê quase vazio, com a

maioria dos estoques vendidos.

JAQUELINE — Agora a gente deu uma renovada, né? Nos

livramos da maioria das roupas antigas, e voltamos

com força maior!

CLÁUDIA — E nesse momento nós já podemos pensar nas

novas costuras. Eu to cheia de ideias!

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

JAQUELINE — Você sabe que eu também tava pensando em

alguns projetos, como retomar a produção de

vestidos de noiva/

CLÁUDIA — Olha que nós temos bastante tecidos guardados.

Dá pra improvisar um vestido mais reciclável, e

porque não classudo?!

As duas riem.

JAQUELINE — Hoje o nosso dia está cheio! To adorando esse

meu novo pique.

CLÁUDIA — Você merece, mãe! Uma pessoa tão iluminada

não pode se deixar abater por nada!

JAQUELINE — É exatamente isso. Nada pode mais me abater,

mas tudo pode levar a crer que eu ainda terei

chances viáveis de ser feliz!

CLÁUDIA — Praticamente 100%! A vida é uma superação...

Nós ainda podemos nos surpreender com ela... E

positivamente!

Música emocionante. Tempo no olhar fixo das duas, que sorriem uma para a

outra e se abraçam.

CENA 21. MANSÃO DE SÉRVIA. SALA DE ESTAR. INT. DIA.

Malu ouve as explicações de Constantinopla e Sérvia.

CONSTANTINOPLA — (cínica) Minha querida, não interprete mal essa

situação entre eu e a sua avó! A verdade é que eu

me demiti porque o Antônio não vê motivos pra eu

trabalhar! E eu o entendo perfeitamente: ele quer

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

me proteger! Não é à toa que me prometeu pagar

uma pensão mensal!

MALU — (desconfiada) Ta certo! Você confirma essa

história, vó?

SÉRVIA — (mentindo) Mas é claro que sim! E justamente

hoje a Constantinopla veio acertar o aviso prévio.

Mas como eu não sou nenhuma ditadora, eu vou

livrá-la desse martírio.

MALU — (convencida) Então ta! Você já ta de saída,

Constantinopla?

CONSTANTINOPLA — Estou sim! Já resolvi os meus assuntos com a

Sérvia!

MALU — Eu quero tanto conversar com você. Te

confortar depois de tudo o que aconteceu naquele

sequestro/

CONSTANTINOPLA — (fazendo cena) Mas eu fiquei tão apavorada,

Malu! (aproxima-se) Ai, minha norinha... (abraça-

a) Eu achei que o patrão do meu filho ia me matar!

Música de suspense. Sérvia observa o rosto de deboche que Constantinopla

faz para ela. Malu não percebe, apenas continua abraçada.

MALU — O importante é que você está aqui... Bem,

inteira! (desvencilha-se) Quero muito que você me

acompanhe até um lugar. Vou te dar uma notícia

que vai animar a sua vida!

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

CONSTANTINOPLA — (estranha/encara Sérvia) Nossa, agora eu

fiquei curiosa. Mas tudo bem, vamos saindo! Tchau

Sérvia!

SÉRVIA — (seca) Tchau!

MALU — Até mais, vó!

SÉRVIA — Até, Malu!

Nisso, as duas saem de cena e CAM se aproxima do rosto aliviado de Sérvia.

SÉRVIA — (p/si) Pelo menos de uma coisa eu não posso

reclamar... Me livrei dessa velha caquética!

CENA 22. MANSÃO DE SÉRVIA. EXT. DIA.

Segundos depois, Malu e Constantinopla andam em direção ao carro daquela.

CONSTANTINOPLA — Tanta curiosidade vai me matar, Malu! Onde

você ta querendo me levar?

MALU — Até um lugar pra provar o meu vestido de

noiva... (encara-a) É isso mesmo, Constantinopla!

Eu e o Antônio marcamos a data do casamento!

Música de suspense. CLOSE na expressão surpresa de Constantinopla, que

pensa longe, mas volta a olhar para Malu com cinismo.

CONSTANTINOPLA — Que maravilha! Que bênção, né?

Logo, Malu abre as portas do carro e se projeta para entrar.

MALU — Eu sabia que isso ia te deixar animada! Então,

vamos comigo provar o vestido?

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

CONSTANTINOPLA — Vamos! (finge empolgação) É tão importante pra

mim! Ai, Malu... É muita emoção pra uma sogra tão

coruja como eu sou!

MALU — (feliz) Pois aguenta esse coração! Tem ainda

uma sucessão de acontecimentos até o grande dia!

Nisso, ambas entram no carro, Malu coloca o cinto, e CAM se aproxima do

rosto de Constantinopla, que inclina para o lado e denuncia um semblante de

nojo.

CONSTANTINOPLA — (pensando) Essa toupeira é até mais idiota do

que a Letícia! Imagina se soubesse que o Antônio

já é casado? (ri mentalmente) Como é bom brincar

de princesa Barbie!

Por fim, ela vira novamente em direção à Malu, encara-a e começa a sorrir

cinicamente. Malu corresponde, mas logo volta a prestar atenção no

trânsito. CAM abre no quarteirão e mostra o carro andando em linha reta.

CENA 23. FACHADA DO BRECHÓ LE FREAK. EXT. DIA.

Jaqueline sai do local junto com Cláudia e, lá do alto, elas avistam o

quarteirão.

CLÁUDIA — Já que você vai encomendar os vestidos de

noiva, eu vou rapidinho conversar com o André.

Depois eu volto!

JAQUELINE — Tudo bem! Vou divulgar a novidade nas redes

sociais! Quero ver esse brechó transbordar de

noivas!

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

As duas riem e Cláudia desce as escadarias externas. Jaqueline, por sua vez,

volta ao estabelecimento.

CENA 24. QUARTEIRÃO DO BRECHÓ LE FREAK. EXT. DIA.

Nesse instante, Cláudia se direciona até a frente da casa de André, que

acaba de sair da porta. Ele se aproxima.

ANDRÉ — (abre o portão) E aí, Claudinha, quer entrar?

CLÁUDIA — Não, não... Só queria ter uma conversa rápida.

To ajudando a minha mãe num novo projeto do

brechó... Encomendar vestidos de noiva!

ANDRÉ — Dessa vez eu fiquei surpreso! A sua mãe sempre

cheia de ideias extravagantes!

CLÁUDIA — Pois é. Mas eu confio no potencial dela! Ela sabe

chamar a atenção dos clientes!

ANDRÉ — O bom mesmo é que ela ta se recuperando da

morte do namorado!

CLÁUDIA — Sim! A dona Jaqueline é um exemplo claro de

fortaleza!

De repente, Lucas surge de moto atrás de Cláudia, que dá um giro de 360º e

o observa estacioná-la ao lado.

CLÁUDIA — Lucas, que boa surpresa!

LUCAS — (aproxima-se) Tudo bom, gente? Pois é, meu

amor! Eu só vim aqui pra te ver mesmo! Eu espero

que você tenha gostado!

CLÁUDIA — E por qual motivo eu não ia gostar? (aproxima-

se) Agora que nós estamos juntos, você pode me

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AS DONAS DA HISTÓRIA CAPÍTULO 17

ver quantas vezes quiser... E me surpreender

também!

Os dois sorriem um para o outro e se beijam. André apenas observa. Logo,

CAM subjetiva foca em alguém se direcionando a eles. André dá uma virada,

e se surpreende ao ver a tal pessoa. Cláudia e Lucas param de se beijar, se

olham, apaixonados, mas mudam o semblante depois de verem quem está se

aproximando. Finalmente, CAM subjetiva gira em torno do personagem

misterioso, até focar no seu rosto. É Antônio.

ANTÔNIO — (p/Cláudia) Agora eu entendi da onde você tirou

aquela história de eu ter traído a minha ex-mulher

e abandonado o meu filho. O que me surpreendeu

foi você ter se envolvido com alguém relacionado a

mim só pra me atingir. Cláudia... Que obsessão é

essa? Aonde você quer chegar seduzindo o meu

filho?

Som de suspense. CAM foca na expressão temerosa de Cláudia, no olhar

surpreso de André e no semblante de ódio de Lucas.

FIM DO CAPÍTULO 17.