as dificuldades de aprendizagem

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 AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Dulcineia Apareci da de Lima Ferreira e Eunice Barros Ferreira Bertoso Sumário As dificuldades de aprendizagem de alunos do 4º e 5º anos e a contribuição do educador RESUMO Este artigo apresenta os resultados obtidos por uma pesquisa realizada no ano de 2010, sobre o tema “As dificuldades de aprendizagem de alunos do 4º e 5º anos e a contribuição do educador.”E sta pesquisa foi desenvolvida em institu ições das r edes particular e publica. O  público-alv o foram professores de 4º e 5º anos. Foi aplicado questionário contendo questões relacionadas à criança com dificuldades de aprendizagem. O presente estudo teve por objetivo identificar as dificuldades de aprendizagem de alunos do 4º e 5º anos, na faixa etária de 8 a 11 anos; descrição das habilidades e competências do aluno segundo os professores e verificar as contribuições do educador nas dificuldades apresentadas em sala de aula. O trabalho teve como instrumento a coleta de dados através de questionário constituído de 6 questões, sendo 3 de múltipla escolha e 3 abertas, onde participaram 40  professores das redes particular e pública de Itapecerica da Serra. No que se r efere às causas, 40% dos entrevistados indicam os cálculos como a causa mais comum; 30% alegam leitura e ortografia e 20% consideram como causa comum interpretação, raciocínio lógico, caligrafia, tabuada e alfabetização. Através dos resultados obtidos concluímos que o acompanhamento familiar, neuropsicológico e do educador contribuem para o desenvolvimento acadêmico da criança com dificuldades na aprendizagem. Palavra-chave: dificuldades, aprendizagem, educador, neuropsicológico. ABSTRACT This article presents the results of a survey conducted in 2010 on the theme "Learning Difficulties of Students in 4th and 5th Year and Educator's Contribution." This survey was developed in the institutions of private and public. The audience were teachers of 4 and 5 years. Was administered questionnaire containing questions related to children with learning difficulties. This study aims to identify the learning difficulties of students in 4th and 5th years, ranging in age from 8 to 11 years; description of the skills and competencies of students according to teachers and verify the contributions of educators in the difficulties presented in room class. The work has as a tool to collect data through a questionnaire consisting of 6 questions, 3 multiple choice and 3 open, attended by 40 teachers from private and public Itapecerica Sierra. With regard to causes, 40% of respondents regard the calculations as the most common cause, 30% say reading and spelling and 20% considered as a common cause interpretation, logical reasoning, handwriting, literacy and math facts. Through the results we conclude that the family monitoring, neuropsychological and educators contribute to the academic development of children with learning difficulties. Keyword: learning difficulties, educator and neuropsychological evaluation. 1 INTRODUÇÃO Temos visto que nos últimos anos o número de alunos com dificuldades de ensino aprendizag em aumentou muito. E por esse motivo, uma grande quantidad e de crianças tem chegado aos consultórios de psicopedagogia. Barone (1996) enfatiza que os problemas na aprendizagem podem estar relacionados a conflitos em tais vivências, quando precariamente elaborados, impedindo a criança de lidar 

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As dificuldades de aprendizagem de alunos do 4º e 5º anos e a contribuição do educador

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AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEMDulcineia Aparecida de Lima Ferreira e Eunice Barros Ferreira Bertoso

Sumário

As dificuldades de aprendizagem de alunos do 4º e 5º anos e a contribuição do educador 

RESUMOEste artigo apresenta os resultados obtidos por uma pesquisa realizada no ano de 2010, sobreo tema “As dificuldades de aprendizagem de alunos do 4º e 5º anos e a contribuição doeducador.”Esta pesquisa foi desenvolvida em instituições das redes particular e publica. O

 público-alvo foram professores de 4º e 5º anos. Foi aplicado questionário contendo questõesrelacionadas à criança com dificuldades de aprendizagem.O presente estudo teve por objetivo identificar as dificuldades de aprendizagem de alunos do4º e 5º anos, na faixa etária de 8 a 11 anos; descrição das habilidades e competências do alunosegundo os professores e verificar as contribuições do educador nas dificuldades apresentadasem sala de aula. O trabalho teve como instrumento a coleta de dados através de questionárioconstituído de 6 questões, sendo 3 de múltipla escolha e 3 abertas, onde participaram 40

 professores das redes particular e pública de Itapecerica da Serra. No que se refere às causas,40% dos entrevistados indicam os cálculos como a causa mais comum; 30% alegam leitura eortografia e 20% consideram como causa comum interpretação, raciocínio lógico, caligrafia,tabuada e alfabetização. Através dos resultados obtidos concluímos que o acompanhamentofamiliar, neuropsicológico e do educador contribuem para o desenvolvimento acadêmico dacriança com dificuldades na aprendizagem.Palavra-chave: dificuldades, aprendizagem, educador, neuropsicológico.

ABSTRACTThis article presents the results of a survey conducted in 2010 on the theme "LearningDifficulties of Students in 4th and 5th Year and Educator's Contribution." This survey wasdeveloped in the institutions of private and public. The audience were teachers of 4 and 5years. Was administered questionnaire containing questions related to children with learningdifficulties.This study aims to identify the learning difficulties of students in 4th and 5th years, ranging inage from 8 to 11 years; description of the skills and competencies of students according toteachers and verify the contributions of educators in the difficulties presented in room class.The work has as a tool to collect data through a questionnaire consisting of 6 questions, 3

multiple choice and 3 open, attended by 40 teachers from private and public ItapecericaSierra. With regard to causes, 40% of respondents regard the calculations as the mostcommon cause, 30% say reading and spelling and 20% considered as a common causeinterpretation, logical reasoning, handwriting, literacy and math facts. Through the results weconclude that the family monitoring, neuropsychological and educators contribute to theacademic development of children with learning difficulties.Keyword: learning difficulties, educator and neuropsychological evaluation.

1 INTRODUÇÃOTemos visto que nos últimos anos o número de alunos com dificuldades de ensinoaprendizagem aumentou muito. E por esse motivo, uma grande quantidade de crianças tem

chegado aos consultórios de psicopedagogia.Barone (1996) enfatiza que os problemas na aprendizagem podem estar relacionados aconflitos em tais vivências, quando precariamente elaborados, impedindo a criança de lidar 

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com determinados aspectos inerentes a todo o aprender, tais como reconhecer o seu não saber,muitas vezes expresso pelos erros que comete; colocar-se em posição de autonomia e autoriaem relação às suas aprendizagens; suportar que outro saiba mais do que ela e que seuconhecimento é sempre parcial.

Um indivíduo com dificuldades de aprendizagem não apresenta necessariamente baixo ou altoQI: significa apenas que ele está trabalhando abaixo da sua capacidade devido a um fator comdificuldade, em áreas como por exemplo o processamento visual ou auditivo. As dificuldadesde aprendizagem normalmente são identificadas na fase de escolarização, por profissionaiscomo psicólogos, através de avaliações específicas de inteligência, conteúdos e processos deaprendizagem.Professores podem fundamentais no processo de identificação e descoberta desses problemas,

 porém não possuem formação específica para fazer tais diagnósticos, que devem ser feitos por médicos, psicólogos e psicopedagogos. O papel do professor se restringe em observar o alunoe auxiliar o seu processo de aprendizagem, tornando as aulas mais motivadas e dinâmicas, nãorotulando o aluno, mas dando-lhe a oportunidade de descobrir suas potencialidades.

Linhares, Parreira, Maturano e Sant’ana (1993) observaram a presença de mais de uma área problema nos relatos dos pais que procuravam atendimento para seus filhos, havendo padrõesde queixas combinadas. As queixas escolares apareciam associadas a problemas afetivos-sociais, relacionados ou não à escola, e a alterações de processos cognitivos. As dificuldadesde aprendizagem devem ser levadas em conta não como fracassos, mas como desafios a seremenfrentados (SOARES, 2003). Crianças com dificuldades de aprendizagem, geralmente,apresentam desmotivação e incômodo com as tarefas escolares gerados por um sentimento deincapacidade, que leva à frustração. Neste caso, a orientação é de valorizar o que a criançasabe para fortalecer sua auto-estima. Mostrar para a criança o quanto ela é boa em tarefas naqual tem habilidade e incentivá-la a desenvolver outras tarefas nas quais não é tão boa, éfundamental.Os pais têm que dar segurança e atenção para ensinar à criança a aceitar as frustrações. Criar um ambiente adequado para que ela desenvolva o estudo e estabelecer limite de horários paraa realização das tarefas, são outras dicas importantes.Mas não se deve confundir dificuldade de aprendizagem com falta de vontade de realizar astarefas. Problemas de aprendizagem podem ser causados por uma simples preferência por determinadas disciplinas ou assuntos. Nestes casos, um professor particular pode, muitasvezes, resolver o problema.Se os pais perceberem que seu filho apresenta dificuldades de aprendizagem, devem procurar um profissional para receber as orientações. Neste caso, os psicólogos com especialização emclinica infantil, são os profissionais adequados para realizar uma avaliação e tratar da criança,

se o problema for gerado por fator emocional. Caso o diagnóstico da criança for dificuldadecognitiva, a criança deve ser encaminhada para um psicopedagogo, que poderá ajudar nodesenvolvimento dos processos de aprendizagem.Para obter resultados concretos, é preciso ser feito um trabalho em conjunto entre pais,

 psicólogos, escola e professores, que deverão estar envolvidos com um único objetivo: ajudar a criança. E é imprescindível que os pais conheçam seus filhos e conversem freqüentementecom eles, para que possam detectar quando algo não vai bem.A criança com dificuldade na aprendizagem pode desenvolver sentimentos de baixa auto-estima e inferioridade. Na adolescência, o fracasso escolar persistente traz risco dedesadaptação psicosocial associado à evasão. O abandono da escola pode levar ao sub-emprego, à probabilidade aumentada de afiliar-se a grupos marginalizados (SANTOS &

MATURANO, 1999).As dificuldades de aprendizagem quase sempre se apresentam associadas a outroscomprometimentos. Estudos têm revelado que comumente as crianças com dificuldades

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escolares manifestam, paralelamente, prejuízos de ordem emocional e comportamental(MEDEIROS et al, 2000).Os atrasos e problemas de aprendizagem foram durante muito tempo, considerados como umadeficiência em determinada habilidade. No entanto, as teorias da deficiência apresentaram

grandes dificuldades (Boruchovitch, 1994; Martín & Marchesi, 1995).Dificuldades na aprendizagem escolar freqüentemente são acompanhadas de déficits emhabilidades sociais, isso se verifica quando se empregam critérios mais restritivos deidentificação dessas dificuldades. (Kavale & Forness, 1996). Crianças com desempenhoescolar pobre, freqüentemente, apresentam problemas de comportamento externalizantes(Graminha, 1992; Hinshaw,1992; Santos, 1990)Segundo Pajares (1996):“Pesquisas que abordam o senso de auto-eficácia dentro do contexto acadêmico sugerem queestudantes com alto senso de auto-eficácia são capazes de desempenhar tarefas acadêmicasusando mais estratégias cognitivas e metacognitivas e persistem por mais tempo do queaqueles com baixo senso. Em contrapartida, crianças que apresentam dificuldades de

aprendizagem podem se julgar com baixo senso de auto-eficácia quanto às suas capacidadesde desempenharem com sucesso determinadas tarefas acadêmicas”.

 Não podemos, previamente, acreditar que alunos são problemas ou que famílias sãodesajustadas, ou que professores são autoritários (CUROCINI E Mc CULLOCH 1999). Estes

 problemas de aprendizagem referem-se a situações difíceis que a criança se encontra, massempre com expectativas de que, em longo prazo, terá sucesso. Um aluno que não consegueacompanhar o ritmo de seus colegas apresenta dificuldades para ajustar-se aos padrões enormas estabelecidos pela escola, ou sente-se desmotivado, perturbado emocionalmente.O propósito deste trabalho é comparar as principais dificuldades de aprendizagem dos alunos.

2 OBJETIVOS2.1 OBJETIVO GERALIdentificar as principais dificuldades de aprendizagem de alunos de 4º e 5º anos, em duasescolas, sendo uma pública e uma particular.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOSDescrever quais são as habilidades e competências dos alunos de 4º e 5º anos, segundo os

 professores.Verificar as contribuições do educador do ensino fundamental, nas dificuldades deaprendizagem dos alunos do 4º e 5º anos.

3 METODOLOGIA

Para a realização da pesquisa, a abordagem metodológica utilizada foi à qualitativa. O campoonde foi desenvolvida a pesquisa foram duas escolas sendo uma municipal e a outra particular no município de Itapecerica da Serra.Para coleta de dados, a pesquisadora submeteu os professores do 4º e do 5º anos a umquestionário constituído de 6 questões, sendo 3 de múltipla escolha e 3 abertas. E esta

 pesquisa teve por finalidade comparar as dificuldades de aprendizagem existentes nestas duasescolas e o tratamento que elas recebem.Para realizar este estudo, buscamos informações junto a alguns teóricos para a melhor compreensão dos significados dos termos técnicos. Sabemos que é preciso promover oconfronto entre os dados, as evidências, as informações coletadas sobre o assunto e oconhecimento teórico acumulado a respeito do estudo (LÜDKE; 1986).

4 ANÁLISE DOS DADOSAs inferências feitas tendo como base os dados coletados dos questionários, são demonstradas

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através da seqüência de gráficos que aparecem logo abaixo.Os gráficos a seguir mostram o nível de preparação dos professores para trabalhar com oaluno com dificuldade, os recursos utilizados e as causas mais comuns, segundo os

 professores, para a dificuldade detectadas em sala das crianças.

Gráfico 1 – Tempo de Experiência profissional.

Com relação ao tempo de experiência profissional, 40% dos professores entrevistados têmmais de 21 anos na carreira educacional, 30% tem entre 6 e 10 anos de profissão, 20% tem de0 a 5 anos e 10% tem de 16 a 20.As dificuldades escolares podem gerar um “círculo vicioso do fracasso”, ou seja, quanto maisa criança se sente inferiorizada, mais ela estará suscetível ao insucesso e menos poderá obter aprovação a partir de seu desempenho (OKANO & LOUREIRO,2004).

Gráfico 2 – Série em que o professor atua.

Dos 60% dos entrevistados atuam com o 4º ano do Ensino Fundamental, e 40% atuam com o5º ano. Segundo FERNÁNDES (1991), SOUZA (1995) e BOSSA (2002), observamos umacrescente demanda de atendimentos clínicos a crianças e adolescentes com queixas naaprendizagem escolar no Brasil, os quais trazem consigo uma angústia: a ameaça de fracassoescolar. Tudo isso se torna mais evidente quando se trata de jovens que, teoricamente, têmtodas as condições cognitivas e pedagógicas para aprender, mas, mesmo assim, muitas vezes,fracassam nas suas tentativas. Nossa escuta nos leva a pensar que, como sintoma, esse nãoaprender resistente pode estar traduzindo conflitos intrapsíquicos construídos nas relaçõesintersubjetivas, particularmente dentro da dinâmica familiar contemporânea.

Gráfico 3 – Número de crianças com dificuldades de aprendizagem.

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 No 4º ano, das crianças citadas, 30% apresentam dificuldade de aprendizagem. Já no 5º ano,das 11 crianças, 20% apresentam alguma dificuldade. O estudo realizado por KIGUEL (1976)

indicou que os meninos apresentam uma maior freqüência de sintomas de dificuldade deaprendizagem quando comparados com as meninas.

Gráfico 4 – Idade das crianças.

Dos sujeitos pesquisados 40% das crianças têm idade de 10 anos, 30% 9 anos e 20% 11 anos. No decorrer dos levantamentos, notou-se que 10% das crianças tem idade entre 9 e 11 anos deidade. Há constatação de uma alta demanda de crianças, nessa faixa etária, com queixa defracasso escolar em serviços públicos de assistência ligados à área de saúde mental infantil

(Figueiró & Marturano, 1991; Grogorra & Silvares, 1991; Linhares e Cols.,1993).

Gráfico 5 – Nível de preparação

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Dentre os entrevistados, 50% se sentem preparados para atender às crianças com dificuldades,30% se dizem muito preparados, enquanto que 20% se consideram pouco preparados.

 Ninguém se considera despreparado para trabalhar com a criança com dificuldades, de

aprendizagem.“Dificuldade de aprendizagem especifica” significa uma perturbação em um ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão ou utilização da linguagem faladaou escrita, que pode manifestar-se por uma aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever,soletrar, ou fazer cálculos matemáticos. O termo inclui condições como problemas

 perceptivos, lesão cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia de desenvolvimento.O termo não engloba as crianças que têm problemas de aprendizagem resultantes,

 principalmente, de deficiências visuais, auditivas ou motoras, de deficiência mental, de perturbação emocional ou de desvantagens ambientais, culturais ou econômicas (CORREIA,1999)As crianças que apresentam problemas de aprendizagem são um desafio para todos: pais,

escola e professores, pois compreender os fatores que levam ao insucesso escolar, requer acima de tudo, reflexão (MACEDO, 2003).

Gráfico 6 – Recursos utilizados para as necessidades das crianças.

 Nas respostas dos professores observamos que 60% dos entrevistados fazem uso de jogos ououtros recursos para auxiliar a criança com dificuldade, 50% fazem uso de alfabeto móvel,30% utilizam histórias, rótulos e cantigas para trabalhar com a criança, 20% fazem uso demusicas e parlendas, enquanto que 10% fazem uso de poemas e/ou poesias.

 No Brasil, a preocupação com a evasão e a reprovação escolar é um problema antigo e temmerecido a atenção de educadores, psicólogos, pedagogos e sociólogos, bem como de órgãosrelacionados à educação (NEVES & BOROCHOVICH, 2004).

QUESTÕES ABERTAS (RESULTADOS)1-Qual o tipo e as causas mais comuns de dificuldade que as crianças com dificuldades

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apresentam na sua sala de aula?

Questionados quanto às causas e tipos mais comuns de dificuldades apresentadas em sala deaula, 10% dos entrevistados disseram que as causas são diversas: por má alfabetização nos

 primeiros anos escolares; falta de interesse do aluno e dos pais que não acompanham a vidaacadêmica do filho; ausência nas aulas; de dislexia a déficit de atenção e coordenação motora;linguagem, leitura, ortografia, caligrafia, raciocínio e cálculos.Segundo SANCHES et al., (2004), as causas do fracasso escolar, possivelmente, estãorelacionadas a fatores como situação sócio econômica familiar, alterações neurológicas,condições físicas, desnutrição, imaturidade, localização da escola, motivação e qualidade deensino. No entanto, as causas mais comuns que impedem um bom desempenho daaprendizagem, são as dificuldades não superadas específicas de cada aluno como baixacapacidade de memória, déficits de raciocínio numérico, de linguagem oral e escrita.Estudos de SANCHES (2004) mostram alguns resultados que relacionam o rendimentoescolar a problemas familiares; constatou-se que a maioria dos alunos de conceito de médiageral “C” apresentou problemas familiares, e a maioria dos alunos com conceito de mediageral “A” não apresentou. E as crianças de baixa renda não apresentaram desenvolvimentocognitivo individual, mas apresentam um desenvolvimento cognitivo diferente daqueleapresentado pelas crianças mais bem favorecidas sócio-economicamente.2- Na sua visão, quais as circunstâncias que levam as crianças a apresentarem esses tipos dedificuldades de aprendizagem?

O meio ambiente é um fator importante, não só no processo de composição da escrita, mas para todas as aprendizagens do ser humano, o que demonstra a importância e, especialmente,a necessidade de sua consideração, também, no que concerne às dificuldades enfrentadas

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 pelas crianças. Dentro dessa perspectiva, vários estudos têm sugerido que as crianças quefreqüentam um ambiente familiar, escolar, social e economicamente favorecidos apresentamcondições mais adequadas ao aprendizado, em detrimento daquelas que não têm os mesmos

 privilégios (Barreto, 1981; Poppovic, Espósito & Campos, 1975).

3- Na sua opinião, o que falta para o professor no trabalho com os alunos que temdificuldades?

Como podemos observar, alguns professores citam leitura e ortografia como causas dedificuldade. Outros dizem que as causas de dificuldades em sala são: interpretação, raciocíniológico, caligrafia, tabuada e alfabetização.Para a maioria, as circunstâncias que levam às dificuldades, são: problemas

neuropsicológicos, a falta de acompanhamento familiar, a má alfabetização inicial,imaturidade, desestruturação no lar, traumas familiares, de origem orgânica ou decorrente, deacidentes; prevalecendo, tanto para educadores da rede particular, como da rede pública, adesestruturação familiar, onde os pais não acompanham a vida acadêmica dos filhos.Para FERNÁNDEZ (1991, p.92), a família que apresenta um membro com problemas deaprendizagem muito freqüentemente funciona como um bloco indissociado, em que qualquer tentativa de diferenciar-se pode ir de encontro ao mandado familiar de anulação da diferença.

 Nesse caso, pensar com autonomia, de forma singular e criativa, pode ser tão ameaçador como se implicasse rechaçar, excluir e perder o outro. Por isso, a autora propõe a presença dafamília no diagnóstico de problemas de aprendizagem em crianças, o que permite observar mais rapidamente a existência de "significações sintomáticas localizadas em vínculos emrelação ao aprender".

5 CONSIDERAÇÕES FINAISO número de crianças em fase escolar com dificuldades de aprendizagem tem aumentado cadavez mais. Os problemas na aprendizagem podem estar relacionados a problemas de cunhosocioeconômico da família, alterações neurológicas, condições físicas ou motivação equalidade no ensino, sendo mais comum a baixa capacidade de memória, déficit de raciocínio,linguagem oral e escrita, alem de problemas familiares.

A dificuldade de aprendizagem quase sempre se apresenta associada a outros

comprometimentos, como prejuízos de ordem emocional e de comportamento.As dificuldades devem ser levadas em conta como desafio a se enfrentar e não como fracasso.Cabe ao educador e, principalmente, à família intervir na vida da criança de forma positiva,

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 para ajudá-la a superar suas dificuldades e, a partir daí, ter bom desempenho acadêmico,social e emocional, também.

Bibliografia

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASCORREIA L. d. M.; MARTINS A. P. Dificuldade de aprendizagem. Que são? Como entendê-las? Porto: Porto Editora. CRUZ, V. (1999).FERREIRA M. D. C. T.; MATURANO E.M. Ambiente familiar e os Problemas do Comportamento apresentados por Crianças com BaixoDesempenho Escolar. Psicol. Reflex. Crit. vol.15 no. 1 Porto Alegre 2002MACEDO A. M.; PINTO M. d. G. C. d. S. M. Problemas de aprendizagem: Um olhar psicopedagógico Edição: 2003 – vol. 28 – nº 01MARIA M. R. S.; LINHARES M. M.B. M. Avaliação cognitiva assistida de crianças com indicações de dificuldades de aprendizagem escolar edeficiência mental leve. Psicol. Reflex. Crit. vol.15 no.1 Porto Alegre 2002MEDEIROS P. C.; LOUREIRO S. R. LINHARES M. B. M.; MARTURANO E. M. A Auto-Eficacia e os Aspectos Comportamentais de Criançascom Dificuldade de Aprendizagem Psicol.reflex. crit. Vol. 13 Porto Alegre 2000. ________________. LOUREIRO S. R.; LINHARES M. B. M.; MATURANO E. M. A Auto-Eficácia e os Aspectos Comportamentais de Criançascom Dificuldade de Aprendizagem. Psicol. Reflex. Crit. vol.13 n.3 Porto Alegre 2000 NEVES E. R. C.; BORUCHOVITCH E. A motivação de alunos no contexto da progressão continuada. Psi.: e pesq. Vol.20 nº1 Brasilia Jan. / 2004.OKANO C. B.; LOUREIRO S. R.; LINHARES M. B. M. L.; MARTURANO E. M.; Psicol. Rflex. Crit. Vol.17 nº1 Porto Alegre 2004SALVARI L. F. C.; DIAS C. M. S. B. Os problemas de aprendizagem e o papel da família: uma análise a partir da clínica. Estud. psicol. v.23Campinas set. 2006.SANCHES S. d. O.; GUERRA L. A., LUFT C. d. B.; ANDRADE A. Perfil psicomotor associado a aprendizagem escolar. revista digital • Año 10 •

 N° 79 / Buenos Aires, Diciembre 2004SANTOS L. S. d.; MARTURANO E. M.; Crianças com dificuldade de aprendizagem: um estudo de segmento; Psi. reflex. Crit. V. 12 n. 2 PortoAlegre 1999.SANTOS L.C.D.S.; MATURANO E. M. Criança com dificuldade de aprendizagem: um estudo de seguimento. Psicol. Reflex. Crit. vol.12 n.2 PortoAlegre 1999SARAVALI E. G.; JOAQUIM N. D. O. Dificuldades de aprendizagem em leitura e escrita: armadilhas transponíveis Revista Letras, n. 70, setembro adezembro de 2006, Curitiba - Paraná - BrasilSOARES A. R. Dificuldades de aprendizagem, questão psicopedagógica? Publicado no Recanto das Letras em 19/05/2006SUEHIRO A. C. B. Dificuldade de aprendizagem da escrita num grupo de crianças do ensino fundamental. Psic v.7 n.1 São Paulo jun. 2006.

Publicado em 11/10/2011 11:04:00

Currículo(s) do(s) autor(es)

Dulcineia Aparecida de Lima Ferreira e Eunice Barros Ferreira Bertoso - (clique no nome para enviar um e-mail ao autor) - Dulcineia Aparecida de Lima Ferreira: discente,Psicopedagogia UNASP/SP.Eunice Barros Ferreira Bertoso: Pedagoga, Psicopedagoga, Mestre, Docente, orientadorado UNASP/SP (Centro Universitário Adventista de São Paulo). Associada a ABPp, seção SãoPaulo.e-mail: [email protected]