a psicopedagogia frente as dificuldades de aprendizagem renata
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MonografiaTRANSCRIPT
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RENATA GUIZZO NERY
A PSICOPEDAGOGIA FRENTE ÀS DIFICULDADES
DE APRENDIZAGEM
SANANDUVA
FEVEREIRO/2014
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ANA MARIA MACHADO
↓8 cm
A PSICOPEDAGOGIA FRENTE ÀS DIFICULDADES
DE APRENDIZAGEM
Monografia do curso de Pós-Graduação
apresentada a Faculdade Dom Bosco
como parte dos requisitos para a obtenção
do título de Especialista em
Psicopedagogia Clínica e Institucional.
Orientadora: ProfªMa.Alessandra Nunes
Bastos.
SANANDUVA
FEVEREIRO/2014
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RENATA GUIZZO NERY
A PSICOPEDAGOGIA FRENTE ÀS DIFICULDADES
DE APRENDIZAGEM
Monografia Científica apresentada ao curso
de Pós-Graduação Lato Sensu da Faculdade
Dom Bosco, como requisito parcial para a
obtenção do certificado de Especialista em
Psicopedagogia Clínica e Institucional, sob a
orientação da Professora Mestra Alessandra
Nunes Bastos.
SANANDUVA
FEVEREIRO/2014
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DEDICATÓRIA
Dedico primeiramente a Deus, por me dar condições
de concluir mais esta etapa. Para aqueles que mais
amo, meus pais, e ao meu amado esposo. A vocês
que me deram sempre muita força, com seu sorriso
alegre em todos os momentos de minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me privilegiou
com a vida, aos professores, pela paciência,
dedicação e conhecimentos a nós transferidos.
Muito Obrigada!
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RESUMO
O presente trabalho tem sua essência na pesquisa qualitativa, com cunho bibliográfico que buscou a investigação e análises, ressaltando a importância da Psicopedagogia Clínica e Institucional frente às dificuldades de aprendizagem. A Psicopedagogia como mais recente área científica ainda tem um grande caminho na busca de teorias que fundamentem sua prática, tendo a mesma apresentado bons resultados. Construída a partir de diversas outras áreas do conhecimento, sua fundamentação principal se dá da Psicologia,da Pedagogia e da reflexão do papel do Psicopedagogo, conhecendo sua passagem histórica e legislação que acercam o assunto,buscando conhecer e refletir sobre as dificuldades de aprendizagem encontradas dentro e fora da escola. Consideram-se os fatores como o meio em que se vive, as condições familiares, culturais, econômicas e emocionais que podem interferir no processo de aprendizagem, bem como, as diferentes maneiras de aprender e compreender a dinâmica escolar e seus conteúdos. Conclui-se com análise de dados e ideias de autores que embasou tal pesquisa investigativa. A manifestação de pouco rendimento ou dificuldade de aprendizagem, momentânea ou duradoura deve-se existir como um alerta, tanto para os pais como para a escola, facilitando assim, o aprendizado do aluno bem como sua mudança comportamental e sua forma de agir com o meio que está inserido. Com isso, a intervenção Psicopedagógica faz-se necessário, sendo o foco o sujeito e sua relação com o processo de ensino e aprendizagem.
Palavras-chave: Psicopedagogia. Dificuldades de aprendizagem. Ensino. Conhecimento.
↑
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Abstract
This work has its essence in qualitative bibliographic research nature that sought to
investigation and analysis, emphasizing the importance of Educational Clinic Psychology and
Institutional on learning difficulties. The psychoeducation as most recent scientific area still has
a long way in search of theories to justify its practice, having the same introduction with good
results. Built from several other areas of the knowledge, its main reasons stems from
psychology, pedagogy and reflection on the role of the educational psychologist, knowing its
historic passage and legislation covering the subject, seeking to know and reflect upon the
learning difficulties found inside and outside of school. Considered the factors as the
environment that it lives, family, cultural, economic and emotional conditions that may interfere
in the learning process as well as the different ways to learn and comprehend the school
dynamics and contents. It concludes with data analysis and ideas of authors who provided this
investigative research. The manifestation of some income or learning difficulties, momentary or
lasting must exist as an alert as much for parents and for the school, making it easier for the
learning student and its behavior to change or way of acting in the environment in which this
inserted. With this, the pedagogical intervention becomes necessary, the focus and the subject
and its relation to the process of teaching and learning.
Keywords: Educational Psychology. Learning difficulties. Education.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................10
1 A PSICOPEDAGOGIA E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA..................12
1.1 A Psicopedagogia no Brasil..............................................................13
1.2 A formação e atuação do Psicopedagogo no Brasil.........................16
2.CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM................................................19
2.1 O que é aprendizagem?....................................................................19
2.2 Condições internas e externas da aprendizagem.............................22
2.3 Dificuldade e transtornos de aprendizagem......................................24
3.UM DIÁLOGO ESCLARECEDOR.......................................................32
3.1 Constituição do pesquisador..............................................................36
3.2 Diálogo frente às ideias expostas pelos autores...............................38
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................43
10
INTRODUÇÃO
O presente trabalho é resultado de muita leitura e pesquisa
bibliográfica, com o objetivo de registrar informações que permeiam o trabalho
psicopedagógico clínico e institucional, analisando suas contribuições para uma
melhor construção da aprendizagem, voltada aos problemas de aprendizagem
encontrados na vida do educando, dentro e fora da escola, o qual tem o
objetivo deformar integralmente os indivíduos, evitando, com isso, defasagens
educacionais e também o fracasso na escola.
O trabalho tem como base o projeto de pesquisa onde aponta como
objetivos específicos: a reflexão sobre o papel do psicopedagogo clínico e
institucional; Aprofundamentos das concepções a respeito da Psicopedagogia
e dificuldades de aprendizagem através de pesquisa bibliográfica; Identificação
de passagens históricas e legislação acerca do assunto e conhecimento e
reflexão sobre as dificuldades de aprendizagem, extraescolares e
intraescolares.
Algumas perguntas permeiam no trabalho e haverá busca de
respostas, como:
Quais as dificuldades de aprendizagem mais comuns enfrentadas
pelos educandos?
Como deve atuar o psicopedagogo na clínica ou em instituições
frente às dificuldades de aprendizagem?
Algumas hipóteses são elencadas e deverão ser consideradas ao
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longo da pesquisa como meio em que se vive, condições familiares, cultural,
econômica, emocionais podem interferir no processo de aprendizagem no
cotidiano escolar, implicando assim, nas dificuldades de aprendizagem. As
diferentes maneiras de aprender e também compreender o conteúdo escolar,
bem como a desmotivação e a apatia apresentadas por aprendentes quando
se trata de ensino aprendizagem, poderá acarretar dificuldades de
aprendizagem.
Encontra-se dividido em três capítulos com focos específicos.
No primeiro capítulo apresenta-se o surgimento da Psicopedagogia
internacionalmente e no Brasil. Através de pesquisas vai destacando toda a
sua trajetória bem como seu objeto de estudo e toda a contribuição para
desenvolver cada vez mais a educação. Narra o perfil dos profissionais e
também sua área de atuação. Autores renomados são destacados bem como
suas contribuições ao longo dos tempos de caminhada da Psicopedagogia.
No segundo capítulo encontram-se algumas dificuldades de
aprendizagem comuns dentro e fora da escola, bem como, suas
complexidades, causas e profissionais que deverão atuar juntamente com o
Psicopedagogo, focando seu trabalho psicopedagógico e suas contribuições
institucionais e clínicas para prevenir o fracasso dos alunos.
O terceiro capítulo narra um diálogo entre os autores citados na
presente monografia enfatizando suas ideias e concepções acerca da
Psicopedagogia, bem como, relata dados da autora da pesquisa bibliográfica
presente investigação, neste trabalho.
Com isso, o presente trabalho tem como objetivo trazer a importância
do professor Psicopedagogo, frente às dificuldades de aprendizagem
encontradas nas famílias e na escola, com foco em possíveis atuações para,
com isso, melhorar o desempenho de alunos, mostrando que é possível sim
uma educação de qualidade através de atitude e atuações psicopedagógicas
focadas na aprendizagem.
12
1 A PSICOPEDAGOGIA E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA
De acordo com Bossa (2011) a Psicopedagogia iniciou suas
atividades na Europa durante o século XIX, tendo ela sua preocupação
centralizada nas dificuldades de aprendizagem ligadas a área médica.
O surgimento dos primeiros centros foi na França no ano de 1946, os
quais tinham o objetivo de tratar crianças que apresentassem comportamentos
inadequados na sociedade, ou dificuldade na aprendizagem.
Bossa (2011) apresenta que:
Na literatura francesa influencia as ideias sobre Psicopedagogia na Argentina a qual, por sua vez, influencia a práxis brasileira. A Psicopedagogia francesa apresenta algumas considerações sobre o termo Psicopedagogia e sobre origem dessas ideias na Europa, e os trabalhos de GeogeMauco, fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na França, em que se percebem as primeiras tentativas de articulações entre medicina, psicologia, psicanálise e pedagogia, na solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (p.57).
Foi aos longos dos anos 60, da forte corrente européia que o
trabalho entre psicopedagogos e a escola e sua relação com os psicólogos e
os pedagogos passam a influenciar a Argentina na sua atuação
psicopedagógica.
De acordo com Alícia Fernandes, psicopedagoga Argentina, o curso
de Psicopedagogia surgiu há mais de 30 anos. Sendo a Universidade de
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Buenos Aires (UBA) a primeira a oferecer o curso de Psicopedagogia (apud
Bossa, 2011, p.62-63).
Entretanto, a Psicopedagogia iniciou seu trabalho bem antes da
formação de seu curso. Profissionais atuantes em outras áreas e com outra
formação passavam a ocupar o espaço que não podia ser preenchido pelo
psicólogo e pelo pedagogo. A partir disso, a reeducação começa, com o intuito
de reduzir os fracassos escolares.
Perez (1998) apresenta que:
A Psicopedagogia passa despertar a atenção de vários países que, preocupados com os altos índices de fracassos escolares passam a buscar novas alternativas de trabalho. Dentre estes países, na Argentina, a Psicopedagogia tem recebido um enfoque especial, sendo considerada uma carreira profissional. (p.42).
A Psicopedagogia teve seu início na Argentina, como disciplina de
currículo ofertada pelo curso de Psicologia, tratando mais os aspectos
relacionados à saúde mental.
E a Universidad Del Salvador (USAL), em Buenos Aires que nos
meados do ano de 1956, da um pontapé inicial ao primeiro curso de graduação
em Psicopedagogia.
Oliveira (2007) aponta:
Na década de 40, a Psicopedagogia aparece como uma disciplina na recém-criada Faculdad de Psicologia da Universidad Del Salvador,BuenosAires.Em 1956, na USAL, a Psicopedagogia torna-se curso de graduação de três anos.(p.10).
Foi na Argentina que influenciou o Brasil à sua forte e significante
trajetória, e a partir dos anos 60 de forma clandestina e secreta ela chega para
nós. (ANDRADE, 2004).
1.1 A Psicopedagogia no Brasil
No Brasil, seu enfoque apresenta características similares aos
adotados na Europa com a visão de cunho médico-pedagógico.
14
Durante a década 70, devido à grande evasão escolar e o fracasso
escolar, o Brasil trás um grande aporte pedagógico para a Psicopedagogia com
grandes nomes como Jorge Visca, Sara Paín e Alicia Fernandes. Estudos
estes que perduram até os dias atuais em busca de respostas e auxiliando nas
dificuldades de aprendizagem.
Neste breve histórico não podemos deixar de citar o trabalho da
professora Genny Golubi (Bossa, 2011, p. 84) de Moraes, que contribui para
compreensão e no tratamento das dificuldades de aprendizagem.
Coordenadora dos cursos da PUC/SP, sendo responsável por um grande
número de profissionais formados na área da Psicopedagogia com seus
importantes trabalhos. Fazendo assim, que cada vez menos as crianças
chegassem às clinicas por problemas escolares.
Por outro lado, em 1979 , eis que em São Paulo surge o primeiro
curso regular em Psicopedagogia, no 1Instituto Sedes Sapientiae.
Segundo Scoz e Mendes (1987):
Maria Alice Vassimon, preocupada com a perspectiva de um homem global, percebida a partir de referências intelectuais, afetivas e corporais, questionando o mito da Psicologia na época e com uma grande vontade de retomar a educação como área de conhecimento mais atuante, faz uma proposta para que o Instituto Sedes Sapientatiae, até então literalmente ocupado por Psicólogos e Psicanalistas, abrisse o seu espaço para um curso que valorizasse a ação do educador. (p.85).
Vemos então, que o curso voltava-se para uma linha em nível clínico.
Porém, com os novos conhecimentos das áreas de Linguística, Psicolinguística
e Teorias do Desenvolvimento, tendo contribuições de Emilia Ferreiro, as
dificuldades de aprendizagem, passam a ter novos significados, e o curso um
novo direcionamento, iniciando assim, uma nova linha de trabalho em nível
preventivo.
Desta nova abordagem e daquele curso pioneiro começam a refletir
a forma de conceber a problemática do fracasso escolar e a busca por uma
nova identidade para este profissional brasileiro, que nasce como reeducador e
com o tempo amplia seu compromisso assumindo a responsabilidade com a
1Texto digital não paginado. Disponível em: http://sedes.org.br/site/ com acesso em
17/11/2013.
15
diminuição das dificuldades de aprendizagem nas escolas, e em consequência
a redução do fracasso escolar.
Desta formação, os profissionais formados preocupados em resolver
problemas pedagógicos e aperfeiçoar as metodologias utilizadas em sala de
aula unem-se e criam uma Associação Estadual de Psicopedagogia em São
Paulo (AEP).
Rubinstein (1987) ressalta:
A Associação Estadual de Psicopedagogia de São Paulo foi criada por um grupo de profissionais que já atuavam na área, acabava de fazer sua formação em Psicopedagogia pelo Instituto Sedes Sapientiae e sentia a necessidade de reconhecido como categoria profissional, consciente do seu papel na comunidade. Tendo a Associação se expandido, pois temos associados no interior de São Paulo e dos outros Estados da União e este crescimento faz com que sintamos a necessidade de efetivar a proposta de criação da Associação Brasileira de Psicopedagogia. (p.13).
Foi a AEP que contribui logo então para construção da Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), que passa a ter forte importância sobre a
área da Psicopedagogia e a luta pelo seu papel dentro da sociedade Brasileira.
A partir de 1980, cada vez mais os psicopedagogos vêm numa luta
constante por seus direitos, e Associação Brasileira de Psicopedagogia
(ABPp), veio a contribuir com os psicopedagogos pela busca do
reconhecimento enquanto área do conhecimento científico.
Vale ressaltar que, houve uma grande contribuição do aporte teórico
Argentino para construção da área da Psicopedagogia, pois foram teóricos
como Jorge Visca que fizeram com que a Psicopedagogia Brasileira, passasse
a ter papel fundamental frente às dificuldades de aprendizagem bem como o
fracasso escolar.
Para destacar alguns destes pontos comuns da história da
Psicopedagogia no Brasil e na Argentina, menciono alguns:
1. A atividade prática iniciou-se antes da criação dos cursos nos dois países.
2. Em ambos os países, a pratica surgiu da necessidade de contribuir na questão do “fracasso escolar”.
3. Inicialmente, o exercício psicopedagógico apresentava um caráter reeducativo, assumindo ao longo do tempo um enfoque terapêutico.
16
4. A Psicopedagogia nasce com o objetivo de um trabalho na clínica e vai ampliando a sua área de atuação até a instituição escolar, ou seja, vai dar prioridade curativa “a preventiva”.
5. Encontra terreno fértil nesses dois países, em função da demanda que lhe deu origem.
Desta visão, podemos considerar que em ambos, Brasil e Argentina
suas práticas assemelham-se em muitos pontos, e o próprio referencial
adotado pelos brasileiros está ligado pelas influências argentinas.
Há aspectos que nos diferem dos argentinos, principalmente, das
condições de formação.
Uma das características a ser salientada, é a questão da abordagem
da prática, e a forma de diagnóstico psicopedagógico. Aos Psicopedagogos
argentinos é permitida a aplicação de testes, enquanto no Brasil, o uso é
exclusivo dos profissionais da área da Psicologia.
Segundo Bossa (2011) alguns instrumentos utilizados pelos
argentinos não é permitido aos brasileiros:
No Brasil não é permitido ao Psicopedagogo recorrer a muitos instrumentos que são de uso do Psicólogo. O Psicopedagogo, que não tem formação em Psicologia, quando a situação requer, solicita ao Psicólogo ou, dependendo do caso, a outros profissionais (Neurologistas, Psiquiatras, Fonoaudiólogos) habilitados e de sua confiança, nas informações necessárias para contemplar seu diagnóstico. (p.92).
Esta questão da formação do Psicopedagogo acaba assumindo um
papel fundamental, que inicia o percurso para formação da identidade deste
profissional.
1.2 A formação e atuação do Psicopedagogo no Brasil
A Psicopedagogia passa a modificar suas práxis, dando assim um
novo rumo à formação profissional, com nova postura na sua linha teórico-
prática. Assim sendo, a regulamentação desta profissão de Psicopedagogo,
efetivaria a existência legal deste profissional.
17
Foi em 1988, que a necessidade desta regulamentação passa a se
definir. Traçando um perfil do profissional do Psicopedagogo que pudesse
clarear o seu campo de atuação e conhecimentos essenciais para este
profissional.
Neste intuito de sua identificação, em 1992, a partir de um
documento, que passou por muitas reformulações, cria-se o Código de Ética do
Psicopedagogo, essencial já que sua profissão não era reconhecida.
Este documento torna-se elemento essencial para embasar o
currículo de inúmeros cursos de formação em Psicopedagogia em várias
universidades brasileiras.
A Associação Brasileira de Psicopedagogia prossegue na luta pela
regulamentação, por meio da aprovação do projeto de Lei n°3.124/97, do
Deputado Barbosa Neto, que regulamenta a profissão e cria o Conselho
Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia.
Segundo Bossa (2011):
O Psicopedagogo é o profissional que auxilia na identificação e resolução dos problemas no processo de aprender. O Psicopedagogo está capacitado a lidar com as dificuldades de aprendizagem, um dos fatores que, leva a multirrepetência e a evasão escolar, conduzindo a marginalização social. (p.113).
Ao tratar da formação do Psicopedagogo, neste capítulo, ela é
abordada considerando três aspectos:
1. Que conhecimentos se fazem necessários para uma prática
consistente, na forma como é concebida a Psicopedagogia no
presente trabalho?
2. Quem são os psicopedagogos e que formação os habilita?
3. A formação no Brasil, da forma como se apresenta, proporciona
condições para que essa seja uma prática consistente?
O que caracteriza uma atuação Psicopedagógica é sua
especificidade, ou seja, seu campo de atuação voltado para o processo de
aprendizagem. E esta especificidade implica a necessidade de um corpo
teórico, que procura conhecimentos, constituído de outras áreas.
Desse modo, a formação em Psicopedagogia deve permitir ao
profissional reconhecer a aprendizagem e como ocorre esta interação.
18
Atualmente existem muitos cursos de especialização em
Psicopedagogia, sendo que os cursos devem atender as exigências mínimas
fixadas pela Resolução n° 3, de 05 de outubro de 1999.
A Psicopedagogia busca uma melhor compreensão no que se diz
respeito aos processos de aprendizagem, então o trabalho Psicopedagógico,
pode e deve ser visto a partir da instituição escolar.
A forma de ser abordada pode assumir características específicas, a
depender da modalidade: Clínica, preventiva e teórica, umas articulando-se as
outras. O trabalho clínico não deixa de ser preventivo, uma vez, ao tratar
alguns transtornos de aprendizagem, pode evitar o aparecimento de outros.
É uma área de conhecimento que tem seu estudo voltado para
aprendizagem enquanto processo inerente ao ser humano, configurando-se no
âmbito das ciências humanas. Nesse sentido, o objeto de estudo da
Psicopedagogia é a aprendizagem humana e o ser que aprende é o sujeito
para o qual a Psicopedagogia se dirige, favorecendo a apropriação deste
conhecimento. Este trabalho pode se dar na forma individual ou na grupal, na
área da saúde mental e da educação.
19
2 CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM
2.1 O que é aprendizagem?
Para Elizabete da Assunção José e Maria Teresa Coelho (2009),
aprendizagem é: “[...] é o resultado da estimulação do ambiente sobre o
indivíduo já maturo, que se expressa, diante de uma mudança de
comportamento em função da experiência”.
Segundo a autora Sara Paín (2008) e com base nos referenciais teóricos
como a teoria Piagetiana da inteligência e a teoria psicanalística de Freud,
podemos compreender o processo de aprendizagem, para isso faz-se
necessário a análise de três dimensões:
Primeira Dimensão Biológica: Segundo Piaget há duas funções em
comum à vida e ao conhecimento que é a conservação da informação e
antecipação. A aquisição da aprendizagem e sua conservação garantem o
ajustamento dos indivíduos em situações que poderão ser expostos. Haveria
três tipos de conhecimento que são eles: forma hereditária que é recebida
antecipadamente; formas lógico-matemático, responsáveis pelo equilíbrio e
coordenação de ações e, por último, as formas adquiridas em função de
experiência em que o indivíduo é submetido. Portanto, na dimensão biológica a
aprendizagem ocorre mais estritamente e sempre por assimilação.
Segunda Dimensão Cognitiva: nesta dimensão há três tipos de
aprendizagem, primeira aquela em que o indivíduo adquire conduta nova,
adapta-se nas situações; segunda é a aprendizagem de regulação que
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confirma ou corrige as hipóteses ou antecipações, promovendo assim as
acomodações necessárias; a terceira aprendizagem é a estrutural, está
vinculada às estruturas lógicas do pensamento, organizando assim, realidade e
equilíbrio.
Terceira Dimensão Social: compreende ao processo de ensino-
aprendizagem, todos os processos dedicados à transmissão de cultura,
incluindo família e escola. Os indivíduos podem escolher uma cultura particular
com fala, uso de objetos e meio onde viver e conviver.
Para Sara Paín (2008, p17): “Educar consiste então em ensinar, no
sentido de mostrar, de estabelecer sinais, de marcar como se faz o que pode
ser feito.”
A aprendizagem garante um processo histórico, conservando a
sociedade, mas ao mesmo tempo auxiliando para uma evolução e
estruturação, pois a aprendizagem reúne a educação e o pensamento.
Algumas teorias da aprendizagem buscam explicar o processo da
aprendizagem, tanto na Educação com na psicologia. Para isso cabe destacar
alguns autores que abordam este tema na educação como Jean Piaget, Lev
Vygotsky e Burrhus Frederic Skinner.
A Teoria do Behaviorismo, também chamada de comportamentalista foi
de responsabilidade do psicólogo Skinner (1904 – 1990). Ele lançou o conceito
“condicionamento operante”, explicando que o comportamento caso seja
influenciado por atos positivos (recompensa) ou atos negativos (supressão)
poderá haver maior frequência do mesmo, dependendo do estímulo.
O autor biólogo, psicólogo suíço Jean Piaget (1896 – 1980),
desenvolveu estudos baseados em experiências com crianças a partir do seu
nascimento até a adolescência. Denominou-se Epistemologia Genética, onde o
indivíduo adquire o conhecimento através da interação do sujeito com o seu
meio, onde, a aquisição deste conhecimento vai depender da estrutura
cognitiva e também a relação do sujeito, meio e objeto.
Para Piaget o desenvolvimento humano divide-se por estágios. São eles:
- Estágio sensório-motor - do nascimento até dois anos de idade, nessa fase o
indivíduo constrói conhecimento físico da realidade e esquemas sensórios-
motores sendo capaz de fazer imitações, tem início as representações mentais.
21
- Estágio pré-operatório – vai aproximadamente dos dois anos até os seis anos
de idade, nesta fase inicia-se a relação entre causa e efeito e simbolizações, é
também conhecida com fase dos porquês e do faz-de-conta.
- Estágio operatório-concreto - dos sete aos onze anos, observa-se
estruturação lógica, observações de quantidades e construção do número.
- Estágio operatório-formal – dos onze aos dezesseis anos, nesta fase o
adolescente constrói o pensamento propositalmente, levanta hipóteses
possíveis sobre diferentes pontos de vista sendo capaz de pensar
cientificamente.
Segundo Balestra (2007, p. 81) “[...] para Piaget o desenvolvimento da
criança é um processo temporal por excelência, seja no aspecto psicológico,
seja no biológico, pois todo desenvolvimento supõe uma duração, e a infância
dura mais quanto mais superior for à espécie.”
A concepção piagetiana chama a atenção para o fato de que a educação
tem um papel determinante na construção do conhecimento e desenvolvimento
das estruturas mentais, abrindo possibilidades e propondo desafios capazes de
estimular a interação do individuo com o mundo que o cerca.
Na teoria em questão, para que haja construção de um novo
conhecimento, é preciso que haja desequilíbrio, nas estruturas mentais, onde
os conceitos já assimilados precisam se desorganizar para organizar-se
novamente, acontecendo assim a aquisição de um novo conhecimento.
Os estudos de Lev Vigotsky (1896 – 1934) apontam para a teoria sócio-
interacionista, onde o desenvolvimento é impulsionado pela linguagem. Difere
da Teoria de Piaget na concepção de sua dinâmica. Enquanto Piaget defende
que a estruturação do organismo precede o desenvolvimento, Vigotsky defende
que a aprendizagem é que gera e move as estruturas mentais.
Sobre Vigotsky, Oliveira (1995:55) comenta: “Sua posição é
essencialmente genética, procura compreender a gênese, isto é, a origem dos
processos psicológicos”.
Segundo Vigotsky (1984:101),
A aprendizagem está relacionada ao desenvolvimento desde o início
da vida humana, sendo “um aspecto necessário e universal” do
22
processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente
organizada e especificamente humanas.
Na teoria de Vigotsky, um ponto central é o conceito de Zona de
Desenvolvimento Proximal, denominada ZDP, onde afirma que a aprendizagem
acontece no intervalo entre conhecimento real e o conhecimento potencial, ou
seja, é a distância entre o que o indivíduo sabe e o que pode aprender. As
interações tem papel fundamental para o conhecimento, quanto mais rico for as
interações maior o nível de aprendizado.
2.2 Condições internas e externas da aprendizagem
As condições externas da aprendizagem é comum a criança/indivíduo
com problema de aprendizagem, apresentar déficit de aprendizagem devido à
confusão de estímulos, ritmos, a velocidade em que recebem informações, a
pobreza ou a carência.
As condições internas referem-se a três planos: Primeiro é o corpo cuja
sua integridade garante conservação e dinâmica, caso seja harmônico ou
rígido, lento ou ágil, bonito ou feio. Senso com o corpo a aprendizagem, as
condições em que está é que contribuem favorecendo ou atrasando os
processos cognitivos, em especial na aprendizagem. Há referência aos
problemas neuropatológicos, afasias, desordem no cognitivo, transtornos de
lateralidade ligados à dislexia.
O segundo plano refere-se às condições cognitivas da aprendizagem, ou
seja, estruturas capazes para organizar o conhecimento, como a matemática,
geometria, compreensão de leis, física, química. Os sujeitos apresentam certas
predisposições para áreas de conhecimentos.
O terceiro plano há ligações entre condições internas da aprendizagem e
a dinâmica do comportamento. Compreende-se que a aprendizagem é o efeito
do comportamento, há variações da aprendizagem conforme os interesses, as
premiações, castigos, consequências positivas ou negativas e prazer que
proporcionará.
Portanto encontra-se definição em dois tipos de condições para
aprendizagem: as externas definindo assim o campo de estímulo e as internas
que definem os indivíduos.
23
O processo de aprendizagem sofre influência de vários fatores que
podem desencadear problemas ou distúrbios de aprendizagem.
Paín (1981, citado por Rubinstein, 1996) considera a dificuldade para
aprender como um sintoma, que cumpre uma função positiva tão integrativa
como o aprender, e que pode ser determinado por:
Fatores orgânicos: Para a leitura e integração de experiências é
fundamental a integridade dos órgãos diretamente envolvidos, também da
coordenação do sistema nervoso central. É preciso entender a saúde, pois
crianças com alguma dificuldade sensorial, visão ou adição tendem-se a isolar-
se e solicitam ajuda para copiar ou falar.
Nesse caso a avaliação neurológica faz-se necessário. O sistema
Nervoso precisa estar sadio para garantir comportamento, ritmo, plasticidade e
equilíbrio. Caso o contrário encontra-se condutas estereotipadas com
dificuldades como dislexias, apraxias e afasias.
Outro ponto a ser investigado é o funcionamento glandular em relação à
falta de concentração, sonolência, memória. Cabe também investigar se o
indivíduo possui uma alimentação balanceada, pois o déficit alimentar pode
prejudicar a capacidade cognitiva de aprender.
Fatores Específicos: certos tipos de transtornos na área perceptivo-
motora aparecem durante a aprendizagem da linguagem, sua articulação e sua
lecto-escrita, sua manifestação é percebida quando há alterações de
sequências, impossibilidades em construir fonemas, silabas e palavras.
Encontra-se ligadas geralmente às dificuldades de lateralidade, seja natural,
hereditária ou cultural.
Fatores Psicógenos: deve-se observar e investigar a história prévia dos
indivíduos ao ingressar na escola, se algum indício de sinais de neurose infantil
(pavor noturno, enurese, agressividade). Os problemas surgem como reação
secundária a seus problemas de rendimento escolar. Atitude depressiva diante
das dificuldades, tristeza e culpa, o aluno diante do temor de viver novo
fracasso retira-se e recusa-se a competir, vivenciar novos desafios. Quando
relacionado a um sintoma, o não aprender possui um significado inconsciente;
quando relacionado a uma inibição, trata-se de uma retração intelectual do ego,
ocorrendo uma diminuição das funções cognitivas que acaba por acarretar os
problemas em aprender.
24
Fatores Ambientais: relacionados às condições objetivas ambientais que
podem favorecer ou não a aprendizagem do indivíduo. Neste fator refere-se ao
ambiente material do indivíduo aprendente, suas possibilidades, quantidade,
qualidade, estímulos e das características do meio em que vive como sua
moradia, seu bairro sua cultura. É necessário entender o fator ambiental para
determinar um diagnóstico.
Scoz (1994: 22) afima que:
[...] os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensal, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade.
2.3 Dificuldades e transtornos de aprendizagem
As dificuldades ou também conhecidos como transtornos de
aprendizagem mais comuns são: a dislexia, a disgrafia, a discalculia, a dislalia,
a disortografia e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade).2Afetam a habilidade da pessoa de falar, escutar, ler, escrever,
soletrar, pensar, recordar, organizar informações ou aprender a matemática.
Não podem ser curadas, durando assim, a vida toda.
3Dislexia: é a dificuldade que aparece na leitura. A criança faz trocas ou
omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, apresentando
dificuldades para ler um texto fluentemente. Estudiosos afirmam a dislexia é
causada por fatores genéticos, mas, ainda não foi comprovado pela Medicina.
2De acordo com a definição estabelecida em 1981 pelo National Joint Comittee for
Learning Disabilities (Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem), nos Estados Unidos
da América.
3Texto digital não paginado. Disponível em:<http:// http://www.dislexia.org.br. Acesso
em 15/10/2013.
25
Os sintomas encontrados pela escola e família para uma possível
dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só levam a um distúrbio de
aprendizagem, lesões ou síndromes, não confirmando a dislexia.
Então, como diagnosticar e ter certeza de que se trata de dislexia?
Primeiramente faz-se necessário uma identificação do problema de
rendimento escolar e outros sintomas que se encontram isolados, mas que
pode-se levar a uma suspeita de dislexia, podem ser percebidos na escola ou
em casa. Com alguma suspeita já definida é necessário buscar profissionais,
ou seja, uma equipe, formada por Neuropsicólogos, Fonoaudiólogos e
Psicopedagogos para dar inicio a uma detalhada investigação. Essa rede de
profissionais, caso seja necessário, deverão verificar pareceres de outros
profissionais como, Neurologista e Oftalmologista.
Esta avaliação segundo a Associação de Disléxicos é chamada de
avaliação multidisciplinar e de exclusão, pois alguns fatores precisam ser
descartados como déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e
visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas),desordens afetivas
anteriores ao processo de fracasso escolar. Além de identificar as causas
através destas avaliações, também é possível estabelecer juntamente com a
escola e um psicopedagogo meios para auxiliar estes indivíduos.
4Disgrafia: geralmente vem associada à dislexia, porque a criança faz
trocas e inversões de letras e consequentemente encontra dificuldade na
escrita. Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis e
apresenta desorganização ao produzir um texto.
Tais alterações na escrita podem afetar na forma ou no significado.
Descreve-se como perturbação na motora do ato de escrever, provocando
compressão e cansaço muscular, originando uma caligrafia muitas vezes
ilegível. O educando com disgrafia apresenta sinais ou manifestações
secundárias motoras que acompanham a dificuldade no desenho das letras,
determinando-a. Pode-se destacar alguns deles como: Postura gráfica
incorreta; Maneira incorreta de segurar o lápis que se escreve; Ritmo lento ou
4 Texto digital não paginado. Disponível em:<http://
http://www.appdae.net/disgrafia.html. Acesso em 15/10/2013.
26
muito rápido na escrita; Letra demasiadamente grande; Letras soltas ou
sobrepostas e ilegíveis ou alguns traços grossos e ou muito suaves.
Para chegar a um diagnóstico é necessário uma rede de profissionais
como psicopedagogo, neurologista entre outros caso haja necessidade para
analise de alguns fatores como: biológicos; esquema corporal, motricidade e
equilíbrio; investigação na área pedagógica e pessoal na maturidade física,
motora habilidades, posturas esquema corporal e lateralidade.
Depois de detectar o profissional psicopedagogo, que poderá atuar na
instituição ou em seu consultório poderá realizar algumas questões como;
Encorajar a criança a se expressar através de diferentes materiais
(modelagem, pinturas e lápis). Incitar várias tarefas que seja necessário o uso
das mãos e dos dedos são positivas; Incitar a criança a recortar desenhos e
figuras, a fazer colagens e picotar; Elaborar e promover situações em que a
criança utilize a escrita como escrever pequenos recados ou fazer convites;
Realizar atividades como contornar figuras, pintar dentro de limites, ligar
pontos, seguir um tracejado e também deixar a criança expressar-se
livremente no papel, sem corrigir nem julgar os resultados.
5Discalculia: é a dificuldade para cálculos e números. Geralmente os
portadores dessa dificuldade não identificam os sinais das quatro operações e
não sabem usá-los. Não compreendem os enunciados de problemas, não
conseguem quantificar, comparar e consegue fazer sequências lógicas. Esse
problema é um dos mais complexos e mais difíceis de diagnosticar.
Discalculia deriva-se da má formação neurológica, manifestando-se
como problema de aprendizagem ligado a números, tal dificuldade não é
causada deficiência mental, má escolarização, déficits visuais ou auditivos, e
não tem nenhuma ligação com níveis de QI e inteligência.
Crianças com discalculia não identificam sinais matemáticos, não são
capazes de montar operações, classificar números, entender princípios de
medida, seguir sequências, compreender conceitos matemáticos, relacionar o
valor de moedas entre outros.
5 Texto digital não paginado. Disponível em:
http://www.brasilescola.com/doencas/discalculia.htm. Acesso em 18/09/2013.
27
Dr. Ladislav Kosc,foi o investigador que identificou a discalculia em
1974. Descreveu seis tipos de discalculia, cada uma correspondendo a
capacidades específicas e tarefas da matemática. Estes tipos de discalculia
podem ocorrer individual ou conjuntamente.
Discalculia verbal: dificuldades em nomear quantidades matemáticas,
números, termos e símbolos;
Discalculia gráfica: dificuldade na escrita de símbolos matemáticos;
Discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e
cálculos numéricos;
Discalculia practognóstica: dificuldade na enumeração, manipulação e
comparação de objetos reais ou em imagens;
Discalculia ideognóstica: dificuldades nas operações mentais e no
entendimento de conceitos matemáticos.
Discalculia léxica: dificuldade na leitura de símbolos matemáticos;
O psicopedagogo clínico ou institucional é o profissional indicado no
tratamento da discalculia. O trabalho deve ser realizado em parceria com a
escola onde o educando frequenta. Os professores devem desenvolver
atividades específicas com esse aluno, sem deixá-lo isolado dos demais.
6Dislalia: é a dificuldade na emissão da fala, apresentando pronúncia
errada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as
confusas. É uma dificuldade mais manifestada em pessoas com problemas no
palato, flacidez na língua ou lábio leporino.
A pessoa com dislalia, faz trocas de palavras por outras parecidas na
pronuncia, fala com ironia as palavras, omite ou troca as letras. As
manifestações clínicas da dislalia consistem em omissão, substituição ou
deformação dos fonemas.
Pode-se dizer que a palavra do dislálico é fluída, ainda que possa ser
incompreensível, sendo que o desenvolvimento da linguagem pode ser normal
ou atrasado. Crianças que chupam chupeta e mamam mamadeira, chupam o
dedo ou mesmo mamam pouco tempo no seio, podem apresentar um quadro
de dislalia.
6 Texto digital não paginado. Disponível em:
http://www.infoescola.com/doencas/dislalia/. Acesso em 25/09/2013.
28
Apesar de não existir relação direta, é indiscutível que essas crianças
passam a apresentar flacidez muscular e postura indevida da língua, o que
pode resultar nesse distúrbio. Outras causas são: línguas hipotônicas
(flácidas), podendo ainda apresentar alterações na arcada dentária, ou então,
falhas na pronúncia de determinados fonemas em consequência da postura e
respiração dificultada.
A dislalia pode ser subdividida em quatro tipos:
Dislalia evolutiva: considerada normal em crianças, sendo corrigida
gradativamente durante o seu desenvolvimento.
Dislalia funcional: neste caso, ocorre substituição de letras durante a
fala, não pronunciar o som, acrescente letras na palavra ou distorce o
som.
Dislalia audiógena: ocorre em indivíduos que são deficientes auditivos
e que não conseguem imitar os sons.
Dislalia orgânica: ocorre em casos de lesão no encéfalo,
impossibilitando à correta pronuncia, ou quando há alguma alteração na
boca.
Pode-se considerar normais os erros de linguagem até os quatro anos
de idade. Após essa fase, a criança pode vir a ter problemas caso continue
falando errado, podendo afetar até a escrita. O caso clássico desse distúrbio é
o Cebolinha, personagem da Turma da Mônica.
O tratamento da dislalia é feita com o auxilia de um fonoaudiólogo e
varia de acordo com a necessidade de cada criança.
7Disortografia: é a dificuldade na linguagem escrita e também pode
manifestar-se como consequência da dislexia. As principais características da
disortografia são: troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação
ou separação indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos
sinais de pontuação e acentuação.
Sinais indicadores de disortografia: Substituição de letras semelhantes;
Omissões e adições, inversões e rotações; Uniões e separações; Omissão -
7Texto digital não paginado. Disponível em:
http://www.appdae.net/disortografia.html. Acesso em 03/10/2013.
29
adição de “h“; Escrita de “n“ em vez de “m“ antes de “p“ ou “b“; Substituição de
“r“ por “rr“.
O que profissionais psicopedagogos especialistas ou professores podem
fazer para auxiliar estes casos: Encorajara escrita da criança, mostrar interesse
pelos trabalhos escritos e elogiá-la; Incitar a criança a elaborar os seus próprios
postais e convites, a escrever o seu diário no final do dia como rotina; Chamar
a atenção da criança para as situações diárias em que é necessária a
utilização da escrita; Incite a criança a ajudá-la na elaboração de uma carta;
Não valorize demasiadamente os erros ortográficos da criança uma vez que
estes já são motivo de repreensão e frustração demasiadas vezes; Não corrija
simplesmente os seus erros; tente antes procurar a solução com a; Recorrer a
livros de atividades que permitam à criança trabalhar os vários casos de
ortografia.
8 TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um
problema de ordem neurológica, manifestando sinais evidentes de inquietude,
desatenção, falta de concentração e impulsividade. É comum vermos crianças
e adolescentes sendo rotulados como hiperativos. Por isso, é importante que
esse diagnóstico seja feito por um médico neurologista e outros profissionais.
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) aparece
na infância e muitas vezes acompanha o indivíduo pela sua vivência toda. É
chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). É também
reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da
Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de
TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na
escola.
A ocorrência é de 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do
mundo. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na
vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais controlados.
Já existem vários estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil -
demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões,
o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas
8Texto digital não paginado. Disponível em:
http://www.tdah.org.br. Acesso em 26/10/2013.
30
de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou
resultado de conflitos psicológicos.
Alguns estudos científicos mostram que indivíduos com TDAH possuem
alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. Sendo
região frontal orbital uma das mais desenvolvidas no ser humano em
comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do
comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela
capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e
planejamento.
O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento do
sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores
(principalmente dopamina e noradrenalina), por onde passam informação entre
as células nervosas (neurônios). Existem causas que foram investigadas para
estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões,
como:
Hereditariedade: Os genes parecem ser responsáveis por uma predisposição
ao TDAH. A suspeita foi a partir de observações nas famílias de portadores de
TDAH, onde, havia maior frequência em parentes também afetados com este
transtorno. Segundo pesquisa a prevalência da doença entre os parentes das
crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral.
No entanto, como em qualquer outro transtorno do comportamento, a
maior incidência na própria família pode ser constatada devido a influências
ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo
"desatento" ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais se comportando
desta maneira. Então, foi possível a comprovação de que a recorrência familial
era de fato devida a uma predisposição genética, e não somente ao ambiente.
Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter certeza da
participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos
com adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças
afetadas, verificando se há diferença na presença do TDAH entre os dois
grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos têm 3vezes mais TDAH
que os pais adotivos.
Substâncias ingeridas na gravidez: Pesquisas têm observado que a nicotina
e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em
31
algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital.
Pesquisas indicam que mães alcoólatras têm mais chance de terem filhos com
problemas de hiperatividade e desatenção.
Sofrimento fetal: Outros estudos mostram que problemas no parto acabaram
causando sofrimento fetal, a probabilidade de crianças com TDAH era maior.
Exposição a chumbo: Crianças pequenas que sofreram intoxicação por
chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH.
Problemas Familiares: Algumas teorias apontam que problemas entre
familiares como: alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe,
famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias
com nível socioeconômico mais baixo, poderiam ser a causa do TDAH, no
entanto, estudos recentes apontam que problemas familiares podem agravar
um quadro de TDAH, mas não causá-lo.
A criança hiperativa muitas vezes fica com atrasos na aprendizagem, em
conteúdo teórico em comparação aos demais da classe escolar. A desatenção
e a falta de controle podem promover dificuldades específicas na
aprendizagem.
Segundo Benczik (2010, p. 98), o papel do psicopedagogo e seu
acompanhamento é de suma importância no auxílio direto nas dificuldades
apresentadas pela criança com este transtorno, suprindo assim, a defasagem e
reforçando o conteúdo, sempre buscando a ocorrência de novos aprendizados.
Algumas técnicas são utilizadas pelo psicopedagogo como jogos que
estimulam o sensório motor, tipo amarelinha, bola de gude, e também
combinações intelectuais como xadrez, carta, memória, entre outros. Estes
jogos e também associados a inúmeras técnicas que os psicopedagogos
podem coletar dados cognitivos, permitindo ao portador de TDAH, maior
desenvolvimento nos limites, participação, saber ganhar e perder e desenvolver
melhor o cognitivo da criança fazendo com que ela pense e refaça certas
atividades.
32
3 UM DIÁLOGO ESCLARECEDOR
As teorias apresentadas no presente trabalho estão sempre em
contínua experiência e adaptação, mesmo que produzidas ao longo dos
tempos, continuam muito presentes no dia-a-dia da vida escolar. Os autores
com maior destaque nesta pesquisa foram Nádia Bossa, Sara Paín, Maria
Lúcia Lemme Weiss, Jean Piaget e Lev Semionovich Vygotsky.
Pesquisar dificuldades de aprendizagem dentro e fora da escola não
é tarefa fácil, mas com teorias muito bem embasadas dos autores citados, foi
possível identificar os aspectos que causam tais dificuldades bem como
destacar a importância do profissional psicopedagogo frente a tudo isso.
O aprendizado não se adquire somente na escola, mas se constrói
com a criança desde seu meio social, na família e no mundo que o cerca.
Segundo Piaget (2010):
A inteligência é uma adaptação. Para aprender as suas relações com a vida em geral é necessário determinar quais as relações que existem entre o organismo e o meio ambiente. [...] a vida é uma criação continua de formas cada vez mais completas uma busca progressiva do equilíbrio entre essas formas e o meio. (p.28).
A intervenção do Psicopedagogo tem como principal inferência incluir
os pais em todo processo sendo com reuniões, acompanhando professores,
fazendo com que a família ocupe o espaço correto, pois é o meio em que a
criança está inserida que faz a diferença.
33
Com base nas obras de Lev S.Vygotsky (2010), um dos maiores
psicólogos do século XX, mesmo sem receber estudo em Psicologia, baseia-se
na teoria do desenvolvimento mental, ou seja, tem sua concepção em um
ensinamento epistemológico.
Para definir a teoria de Vygotsky pode-se falar em sociabilidade do
homem, interação social, signo e instrumento, cultura histórica e funções
mentais superiores. Para este autor o indivíduo tem como características sua
sociabilidade primária.
Segundo ele, a educação não se resume na aquisição de conjuntos
de informações, e sim como fonte de desenvolvimento no qual o sujeito se
encontra inserido dentro de uma sociedade, o qual transforma-se se no papel
fundamental para construção e formação do educando
Na teoria Vygotskyana de “Zona Proximal”, o desenvolvimento
infantil, suas aptidões e sua educação não podem ser analisadas sem
considerar seus vínculos sociais. Ou seja, a criança é um ser social e para
melhor se desenvolver o adulto deve proporcionar modelos para imitação,
exemplo, questões para reflexão intelectual, conhecimento, e colaborando na
construção de seu desenvolvimento.
Para a autora Maria Lúcia Lemme Weiss (2012) a questão de não
aprendizagem é bem ampla. Faz-se necessária investigação em diferentes
perspectivas como a sociedade, escola e aluno. Para iniciar a investigação,
alguns elementos se tornam necessários para pesquisa, tais como:
Aspectos Orgânicos - sua construção biofisiológica do sujeito
aprendente, diferentes problemas no sistema nervoso alteram sua
aprendizagem escolar como disfasias, afasias, dislexias,TDA, TDAH entre
outros identificando os casos o trabalho do psicopedagogo deve ser feito no
momento certo, envolvendo família e escola.
Aspectos Cognitivos - área ligada à memória, atenção, antecipação,
com base na visão piagetiana onde a “interação se da entre o sujeito e meio”.
Aspectos Emocionais – é mais ligado ao desenvolvimento afetivo e
sua relação com a construção do conhecimento sendo vista no meio escolar,
são aspectos inconscientes no ato de aprender.
Aspectos Sociais – ligados às expectativas e perspectivas da
sociedade em que a família e escola estão inseridas como oportunidade,
34
ideologias. É necessário pensar em todas estas questões, bem como, a base
cultural da escola, a mistura de vários níveis sociais dentro da escola e suas
aceitações. Verificar as modificações curriculares e pedagógicas que são
necessárias, para ajudar as crianças menos favorecidas, a ter sucesso na
aprendizagem podendo assim sentir-se bem nos grupos.
Aspectos Pedagógicos – os fatores externos incluem-se as
metodologias de ensino, a avaliação, a dosagem de informações, estruturas de
turmas, organização geral. Com isso interferindo na qualidade de ensino que
também interfere no ensino aprendizagem.
Podemos fazer interferências aqui ao Vygotsky quando ressaltava
que “o único bom ensino é o que adianta ao desenvolvimento”.
Para ser uma boa escola ela deve estimular o aprender, e a função
do educador deve ser melhorar o ensino promovendo o crescimento da
aprendizagem e prevenir dificuldades do aluno. Favorecer ao aluno fornecendo
meios para o aluno superar suas limitações e contribuir para não agravar os
problemas de aprendizagem considerando sua “pré-história”, ou seja, do aluno
e da família.
O Psicopedagogo precisa investigar todos estes aspectos e intervir,
buscando retirar as causas que levam ao não aprender.
De acordo com Nadia Bossa (2011), a Psicopedagogia nasceu de
uma necessidade de contribuição na busca por alternativas e soluções que
viessem a contribuir para as dificuldades de aprendizagem.
Na sua obra, reforça a questão quanto à postura metodológica dos
professores, utilizadas apenas e meramente numa transmissão conteudista e
considerada pela maioria a principal fonte para ensino aprendizagem. Não
podemos pensar em teoria sem prática, como também não podemos ter
práticas sem teorias, ambas complementam o ensino numa busca por o melhor
desempenho dos educandos.
A autora traz de forma clara o trabalho profissional no campo Clínico
e Institucional, enfatizando a contribuição das Universidades pela grande
procura pelo curso. Relata a discussão em torno da formação do
Psicopedagogo no Brasil, amparado por lei.
A Pedagogia não tem preparo suficiente para dar conta de toda
demanda, precisa de algo que vá além, ou seja, que relacione os
35
conhecimentos pedagógicos aos conhecimentos psicológicos contribuindo de
forma decisiva para uma melhor compreensão dos Transtornos ligados as
dificuldades de aprendizado, tornando assim o profissional qualificado em
Psicopedagogia o mais adequado e preparado a enfrentar todos esses
problemas intra e extraescolar.
A procura pelo curso é muito grande e não por ser um curso
meramente novo, e sim, por tratar de uma área que trabalha com a
aprendizagem humana e que contribui para que o ser aprendente tenha a
oportunidade de estar inserido ao meio sem diferenças ou discriminações.
A obra nos fornece a construção do conhecimento científico, por
tratar de uma vasta discussão, onde a autora discute a articulação e a
construção de uma nova área que está por vir.
Objetiva de forma clara, o objeto de estudo e atuação do
Psicopedagogo, dando ampla compreensão do que é a Psicopedagogia.
Finalizando, discute a questão profissional a partir de análises de dados e
procedimentos científicos.
Para a autora Sara Paín (2008), a educação é um reflexo da
sociedade e cumpre funções interdependentes: função mantenedora,
socializadora, repressora e transformadora.
Conforme a cultura que pertencemos, notamos que o aprendiz está
mais ligado ao instinto de reprodução do que a função de adaptação. O ser
humano tem sua aprendizagem ligada ao outro e transmite seus modos de ser
aos valores culturais que pertence. É por meio da aprendizagem que nos
apropriamos daquilo que é humano.
A autora aponta para um olhar de escuta que pode ser relativo à
aprendizagem de uma família, sociedade e de um país. Relata de forma
especial o campo da Psicopedagogia e todo o seu processo de identificação e
tratamento das dificuldades de aprendizagem, dando uma visão ampla da
constituição do saber.
A autora mostra que a Psicopedagogia permite ao sujeito que não
aprende fazer cargo de sua dificuldade de aprender, interagindo com o meio e
dentre desta perspectiva a necessidade de sua transformação.
36
Relaciona o Id, Ego e Superego com aprendizagem, se reunindo
num só processo a educação e o pensamento, sendo que ambos estão
relacionados com a realidade.
Através de sua obra nos traz um panorama retrospectivo histórico,
relacionado aos fatores que proporcionam as dificuldades de aprendizagem
sejam eles orgânicos, específicos, psicogênicos e ambientais.
A autora busca demonstrar de forma relevante a questão hipótese-
diagnóstica, devolução diagnóstica e o tratamento que busca avaliar os
transtornos de aprendizagem. A tarefa mais importante está aqui, dentro do
diagnóstico em que o educando, terá a obtenção da grande transformação.
Paín nos prende sobre como a evolução às novas técnicas de
tratamento psicopedagógicos se tornam de suma importância para o sujeito,
ser aprendente. Por isso as técnicas a serem utilizadas e os instrumentos
devem agir de forma a transformar o sujeito e dar-lhes a oportunidade de
aprender normalmente.
Lembramos o valor desta obra que articula saberes, e transforma
técnicas em possibilidades de um melhor entendimento quanto ao tratamento
das dificuldades de aprendizagem e, ao mesmo tempo, elucida o trabalho do
profissional psicopedagogo, o qual opera de forma preventiva e terapêutica nas
lacunas que se apresentam aos educandos.
Tendo como base em todos esses autores e suas ideias, podendo
destacar que possuem em comum que a aprendizagem é um processo de
construção que se dá através da interação direto e permanente do sujeito
aprendente com seu meio. Este, expresso primeiramente pela família, depois,
escola e rodeado pela sociedade em que está inserido.
3.1 Constituição do pesquisador
Como as crianças aprendem?
Todas ao mesmo tempo?
Todas da mesma maneira?
Por que aprendem algumas coisas melhor do que outras?
Como ensinar para obter um melhor aprendizado?
37
Eis algumas das perguntas feitas por educadores nos últimos tempos
e que igualmente acompanham a autora desta investigação.
Para iniciar vamos descrever um breve memorial sobre a autora
deste trabalho monográfico para, com isso, auxiliar ao leitor a compreender
nossas reflexões.
Ingressou no Ensino Médio em 1999. Cursando o 2° Ano, recebeu a
proposta para ingressar no Magistério, em turno integral. Na parte da manhã
realizava o ensino normal e, na parte da tarde, cursava o Magistério com
término em 2003.
No ano de 2004, ingressou no curso de Licenciatura Plena em Física,
com término em 2007, etapa essa marcante, pois teve uma perda muito grande
de sua mãe, que era seu porto seguro. No ano de 2009 começou a trabalhar
com Ensino Médio e lecionar a disciplina de Física de 1° a 3° Anos o qual tem
uma realização e satisfação muito grande.
Especializou-se em Educação Ambiental no ano de 2010, e recebeu
a proposta no ano de 2012 para iniciar a Especialização em Psicopedagogia
Clínica e Institucional, a qual está em fase de conclusão.
Curso o qual, inicialmente, não via muito propósito se não a
especialização em si, mas que com o tempo foi tornando-se muito importante
para vida, favorecendo subsídios e estratégias para serem trabalhadas em
casa com sua filha.
A educação precisa de respostas às quais podemos obtê-las
significativamente, se apostarmos em uma mudança curricular, transformando
problemas em soluções, dificuldades em oportunidades de aprendizado.
Nosso desafio, por hora, é tomar consciência de quem somos de
quem são os educandos que estão chegando com novos conhecimentos,
novos valores, um novo olhar e uma nova atitude diante da vida e das
dificuldades que aparecem, e acreditar em uma grande transformação
pedagógica, política e social.
Por isso o psicopedagogo é extremamente importante dentro da
instituição escolar, pois é a partir deste profissional que estimula o
desenvolvimento de relações interpessoais, os vínculos, e a utilização de vários
métodos de ensino que a transformação educacional vai ocorrer.
A equipe escolar deve ser envolvida, ajudando-a na mudança por um novo
38
olhar em torno do aluno e das circunstâncias que o levam a aprender, ajudando
o aluno a superar suas dificuldades que se fazem necessária para
compreensão do mundo.
Portanto, é este profissional da Psicopedagogia que contribui e auxilia
no desenvolvimento das mudanças educacionais, trazendo para a criança uma
melhora na sua capacidade de aprender, bem como modificar o olhar destes
educandos mostrando o mundo em que vivem de uma forma diferenciada, no
qual terão condições de participar e interagir no meio com segurança e
competência.
Contudo não podemos esquecer que vivenciamos uma época de
mudanças de âmbito social, político, econômico, pedagógico e histórico, que
evolui em processos lentos.
3.2 Diálogo frente às ideias expostas pelos autores
Ao nos depararmos com os autores em suas mais diversas
colocações que acercam o mundo da Psicopedagogia, observamos em seus
temas as mais diversas indagações e aflições frente às dificuldades de
aprendizagem e como os mesmos são tratados pelos pais, instituição e
sociedade.
Em uma das falas de Weiss, deixa às claras a importância do
diagnóstico para o Psicopedagogo, pois a partir do mesmo podemos identificar
os problemas e desvios que impedem os educandos de crescer em sua
aprendizagem.
Concordamos com Weiss, pois o diagnóstico é crucial para o
Psicopedagogo, acho que uma das ferramentas mais importantes onde você
consegue compreender e identificar os problemas que levam o educando a não
aprender, e se desenvolver. Este artifício é que trará sentido ao profissional,
permitindo o investigar, procurar hipóteses para a solução do mesmo.
Temos também o enfoque de Bossa, quanto ao trabalho pedagógico
e como as metodologias são utilizadas pelos professores.
39
Bossa (2011) destaca:
Cabe ao Psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo de aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já no caráter assistencial, o Psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria "ensinagem".
Não temos dúvidas e nem como discordar da autora, pois a mesma
percebe que somente a Pedagogia não consegue sanar e identificar todos os
problemas enfrentados pelos educandos. Precisa-se de um profissional aliado,
no caso o Psicopedagogo, e que os professores precisam também aperfeiçoar
suas técnicas e metodologias se querem que o processo de ensino e de
aprendizagem realmente ocorra.
É imprescindível e essencial a contribuição de Vigostsky para
Psicopedagogia, uma vez que seu enfoque trás de forma clara que o ser
humano esta inserido ao meio em que vive, e em constante transformação.
Deixando claras as possibilidades de aprendizagem e contrariando as ideias
que nos haviam sido deixadas e herdadas por parte das ciências psicológicas,
quanto ao desenvolvimento do ser humano como imutável. Sua obra nos
possibilita compreender e entender que o sujeito tem e deve ter a oportunidade
de se inserir e se modificar, transformando assim sua aprendizagem e se
inserindo na sociedade como ser aprendente.
Piaget como Vigostsky vê e busca subsídios numa linha onde o sujeito
aprende comas experiências que vive na sociedade. Sim, logo acreditamos que
realmente aprendizagem se origine de um processo social, onde o sujeito
passe a atuar com o meio em que vive e transforme suas vivencias em
aprendizado e o professor seja o mediador para o que o mesmo atinja suas
expectativas e construa sua autonomia.
Temos Paín, que tange a ideia:
40
[...] a questão é devolver à criança este prazer de aprender, o prazer de resolver um problema, o prazer do tipo olímpico (no sentido de olimpíadas mesmo) de poder ganhar do problema. O problema é o desafio, o assunto é a alegria ou a força com a qual a criança toma o desafio e luta para solucionar o problema. (PAÍN, 2000).
A aprendizagem necessita de prazer, prazer em querer aprender, em
buscar novas descobertas que possibilitem o conhecimento deixando o sujeito
autoconfiante.
Somos seres aprendentes e a busca por novos conhecimentos é
imprescindível. São autores como os já citados que demonstram sua
preocupação com a educação e que valorizam o ser humano e suas
diferenças; ninguém nasce sabendo, mas todo mundo pode aprender e tem
este direito.
Sabe-se que crianças com problemas de aprendizagem são desafios
para os pais, professores, escola em geral e sociedade. Precisamos
primeiramente, e isso todos os autores que embasam esta pesquisa salientam,
conhecer os fatores que levam ao problema, refletir sobre o meio, a família, a
metodologia da escola, olhar todos estes fatores com olhos investigativos,
buscar ajuda, apontar soluções.
Mas somente o psicopedagogo, a escola e o professor trabalhando
sozinhos, não é possível o encontro de soluções para sanar as dificuldades de
aprendizagem. É essencial que trabalhem em parceria formando uma rede
cooperativa.
Ainda, para ser resolvido, deveria começar pela vontade política em
diminuir as desigualdades sociais, distribuição melhor de renda entre as
famílias e acesso de todos a uma educação de qualidade. Sem estas, sabemos
que as dificuldades de aprendizagem ainda vão gerar fracassos escolares,
podendo ser amenizado aqui e ali, mas, jamais erradicado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através de estudos e pesquisas bibliográficas e experiências
adquiridas no meio educacional é possível a percepção da importância do
trabalho psicopedagógico para desenvolver a educação, construir o
conhecimento tendo como base a aprendizagem durante toda a vida humana.
O Psicopedagogo tanto, Clínico ou Institucional, é muito importante
para o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo dos educados, consegue
direcionar o conhecimento à prática e valorizar todos os aspectos da
aprendizagem.
Buscou-se atingir alguns objetivos específicos durante toda a pesquisa
como:
-Refletir sobre o papel do psicopedagogo clínico e institucional;
- Aprofundar as concepções a respeito da Psicopedagogia e dificuldades de
aprendizagem através de pesquisa bibliográfica;
- Identificar passagens históricas e legislação acerca do assunto;
- Conhecer e refletir sobre as dificuldades de aprendizagem, extraescolares e
intraescolares.
Algumas perguntas foram destaques durante o trabalho como: Quais
são as dificuldades de aprendizagem mais comuns enfrentadas pelos
educandos? E, como deve ser a atuação do Psicopedagogo frente às
dificuldades de aprendizagem? Nas duas questões pode-se verificar as
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respostas no capítulo 2, onde elenca-se todas as dificuldades de
aprendizagem, bem como, qual é o profissional responsável em auxiliar e como
deve interferir, no caso específico o Psicopedagogo.
Nas reflexões sobre a Psicopedagogia e suas contribuições frente às
dificuldades de aprendizagem, foi possível perceber através das pesquisas,
permite concluir que a aprendizagem é um processo de trocas, para isso é
necessário um ambiente que objetive a aprendizagem, sendo prazerosa para
todos os envolvidos, onde o profissional Psicopedagogo tem em suas mãos
uma formação com conhecimentos suficientes e instrumentos que possibilitem
o auxílio na busca da superação das dificuldades de aprendizagem dos alunos.
Com isso contribuir para a formação dos cidadãos.
Após considerar fatores como o meio em que se vivem condições
familiares, cultural, econômica, emocionais que podem interferir no processo de
aprendizagem no cotidiano escolar, implicando assim, nas dificuldades de
aprendizagem. As diferentes maneiras de aprender e também compreender o
conteúdo escolar, bem como a desmotivação e a apatia apresentadas por
aprendentes quando se trata de ensino aprendizagem, poderá acarretar
dificuldades de aprendizagem.
Ressalta-se que é importante que o psicopedagogo trabalhe
em dois enfoques: o preventivo, que considera o ser humano em seu
desenvolvimento enquanto educável, onde seu objeto de estudo é o ser
humano como pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e
possíveis alterações.
O foco maior é as possibilidades do aprender e o enfoque
terapêutico que identifica, analisa, elabora uma metodologia de diagnóstico e
tratamento das dificuldades de aprendizagens.
Nos processos de reflexão-ação-reflexão, desenvolvemos
criticidade relacionada ao meio em que vivemos e suas influências. Isso tudo
vai determinar o sucesso ou insucesso dos indivíduos na sociedade atual.
Concluímos que o trabalho do Psicopedagogo é de suma importância
na construção de uma educação de qualidade e diante das relações afetivas,
propiciando ações que podem agir preventivamente ou terapeuticamente frente
às dificuldades de aprendizagem. Acredita-seque todo indivíduo é capaz de
aprender e jamais desiste em construir o conhecimento.
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