a psicopedagogia frente as dificuldades de aprendizagem renata

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7 cm RENATA GUIZZO NERY A PSICOPEDAGOGIA FRENTE ÀS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM SANANDUVA FEVEREIRO/2014

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1

7 cm ↓

RENATA GUIZZO NERY

A PSICOPEDAGOGIA FRENTE ÀS DIFICULDADES

DE APRENDIZAGEM

SANANDUVA

FEVEREIRO/2014

2

ANA MARIA MACHADO

↓8 cm

A PSICOPEDAGOGIA FRENTE ÀS DIFICULDADES

DE APRENDIZAGEM

Monografia do curso de Pós-Graduação

apresentada a Faculdade Dom Bosco

como parte dos requisitos para a obtenção

do título de Especialista em

Psicopedagogia Clínica e Institucional.

Orientadora: ProfªMa.Alessandra Nunes

Bastos.

SANANDUVA

FEVEREIRO/2014

3

RENATA GUIZZO NERY

A PSICOPEDAGOGIA FRENTE ÀS DIFICULDADES

DE APRENDIZAGEM

Monografia Científica apresentada ao curso

de Pós-Graduação Lato Sensu da Faculdade

Dom Bosco, como requisito parcial para a

obtenção do certificado de Especialista em

Psicopedagogia Clínica e Institucional, sob a

orientação da Professora Mestra Alessandra

Nunes Bastos.

SANANDUVA

FEVEREIRO/2014

4

DEDICATÓRIA

Dedico primeiramente a Deus, por me dar condições

de concluir mais esta etapa. Para aqueles que mais

amo, meus pais, e ao meu amado esposo. A vocês

que me deram sempre muita força, com seu sorriso

alegre em todos os momentos de minha vida.

5

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me privilegiou

com a vida, aos professores, pela paciência,

dedicação e conhecimentos a nós transferidos.

Muito Obrigada!

6

“Ser professor é ser condutor

de almas e de sonhos, é

lapidar diamantes”

(GABRIEL CHALITA)

7

RESUMO

O presente trabalho tem sua essência na pesquisa qualitativa, com cunho bibliográfico que buscou a investigação e análises, ressaltando a importância da Psicopedagogia Clínica e Institucional frente às dificuldades de aprendizagem. A Psicopedagogia como mais recente área científica ainda tem um grande caminho na busca de teorias que fundamentem sua prática, tendo a mesma apresentado bons resultados. Construída a partir de diversas outras áreas do conhecimento, sua fundamentação principal se dá da Psicologia,da Pedagogia e da reflexão do papel do Psicopedagogo, conhecendo sua passagem histórica e legislação que acercam o assunto,buscando conhecer e refletir sobre as dificuldades de aprendizagem encontradas dentro e fora da escola. Consideram-se os fatores como o meio em que se vive, as condições familiares, culturais, econômicas e emocionais que podem interferir no processo de aprendizagem, bem como, as diferentes maneiras de aprender e compreender a dinâmica escolar e seus conteúdos. Conclui-se com análise de dados e ideias de autores que embasou tal pesquisa investigativa. A manifestação de pouco rendimento ou dificuldade de aprendizagem, momentânea ou duradoura deve-se existir como um alerta, tanto para os pais como para a escola, facilitando assim, o aprendizado do aluno bem como sua mudança comportamental e sua forma de agir com o meio que está inserido. Com isso, a intervenção Psicopedagógica faz-se necessário, sendo o foco o sujeito e sua relação com o processo de ensino e aprendizagem.

Palavras-chave: Psicopedagogia. Dificuldades de aprendizagem. Ensino. Conhecimento.

8

Abstract

This work has its essence in qualitative bibliographic research nature that sought to

investigation and analysis, emphasizing the importance of Educational Clinic Psychology and

Institutional on learning difficulties. The psychoeducation as most recent scientific area still has

a long way in search of theories to justify its practice, having the same introduction with good

results. Built from several other areas of the knowledge, its main reasons stems from

psychology, pedagogy and reflection on the role of the educational psychologist, knowing its

historic passage and legislation covering the subject, seeking to know and reflect upon the

learning difficulties found inside and outside of school. Considered the factors as the

environment that it lives, family, cultural, economic and emotional conditions that may interfere

in the learning process as well as the different ways to learn and comprehend the school

dynamics and contents. It concludes with data analysis and ideas of authors who provided this

investigative research. The manifestation of some income or learning difficulties, momentary or

lasting must exist as an alert as much for parents and for the school, making it easier for the

learning student and its behavior to change or way of acting in the environment in which this

inserted. With this, the pedagogical intervention becomes necessary, the focus and the subject

and its relation to the process of teaching and learning.

Keywords: Educational Psychology. Learning difficulties. Education.

9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO........................................................................................10

1 A PSICOPEDAGOGIA E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA..................12

1.1 A Psicopedagogia no Brasil..............................................................13

1.2 A formação e atuação do Psicopedagogo no Brasil.........................16

2.CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM................................................19

2.1 O que é aprendizagem?....................................................................19

2.2 Condições internas e externas da aprendizagem.............................22

2.3 Dificuldade e transtornos de aprendizagem......................................24

3.UM DIÁLOGO ESCLARECEDOR.......................................................32

3.1 Constituição do pesquisador..............................................................36

3.2 Diálogo frente às ideias expostas pelos autores...............................38

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................43

10

INTRODUÇÃO

O presente trabalho é resultado de muita leitura e pesquisa

bibliográfica, com o objetivo de registrar informações que permeiam o trabalho

psicopedagógico clínico e institucional, analisando suas contribuições para uma

melhor construção da aprendizagem, voltada aos problemas de aprendizagem

encontrados na vida do educando, dentro e fora da escola, o qual tem o

objetivo deformar integralmente os indivíduos, evitando, com isso, defasagens

educacionais e também o fracasso na escola.

O trabalho tem como base o projeto de pesquisa onde aponta como

objetivos específicos: a reflexão sobre o papel do psicopedagogo clínico e

institucional; Aprofundamentos das concepções a respeito da Psicopedagogia

e dificuldades de aprendizagem através de pesquisa bibliográfica; Identificação

de passagens históricas e legislação acerca do assunto e conhecimento e

reflexão sobre as dificuldades de aprendizagem, extraescolares e

intraescolares.

Algumas perguntas permeiam no trabalho e haverá busca de

respostas, como:

Quais as dificuldades de aprendizagem mais comuns enfrentadas

pelos educandos?

Como deve atuar o psicopedagogo na clínica ou em instituições

frente às dificuldades de aprendizagem?

Algumas hipóteses são elencadas e deverão ser consideradas ao

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longo da pesquisa como meio em que se vive, condições familiares, cultural,

econômica, emocionais podem interferir no processo de aprendizagem no

cotidiano escolar, implicando assim, nas dificuldades de aprendizagem. As

diferentes maneiras de aprender e também compreender o conteúdo escolar,

bem como a desmotivação e a apatia apresentadas por aprendentes quando

se trata de ensino aprendizagem, poderá acarretar dificuldades de

aprendizagem.

Encontra-se dividido em três capítulos com focos específicos.

No primeiro capítulo apresenta-se o surgimento da Psicopedagogia

internacionalmente e no Brasil. Através de pesquisas vai destacando toda a

sua trajetória bem como seu objeto de estudo e toda a contribuição para

desenvolver cada vez mais a educação. Narra o perfil dos profissionais e

também sua área de atuação. Autores renomados são destacados bem como

suas contribuições ao longo dos tempos de caminhada da Psicopedagogia.

No segundo capítulo encontram-se algumas dificuldades de

aprendizagem comuns dentro e fora da escola, bem como, suas

complexidades, causas e profissionais que deverão atuar juntamente com o

Psicopedagogo, focando seu trabalho psicopedagógico e suas contribuições

institucionais e clínicas para prevenir o fracasso dos alunos.

O terceiro capítulo narra um diálogo entre os autores citados na

presente monografia enfatizando suas ideias e concepções acerca da

Psicopedagogia, bem como, relata dados da autora da pesquisa bibliográfica

presente investigação, neste trabalho.

Com isso, o presente trabalho tem como objetivo trazer a importância

do professor Psicopedagogo, frente às dificuldades de aprendizagem

encontradas nas famílias e na escola, com foco em possíveis atuações para,

com isso, melhorar o desempenho de alunos, mostrando que é possível sim

uma educação de qualidade através de atitude e atuações psicopedagógicas

focadas na aprendizagem.

12

1 A PSICOPEDAGOGIA E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA

De acordo com Bossa (2011) a Psicopedagogia iniciou suas

atividades na Europa durante o século XIX, tendo ela sua preocupação

centralizada nas dificuldades de aprendizagem ligadas a área médica.

O surgimento dos primeiros centros foi na França no ano de 1946, os

quais tinham o objetivo de tratar crianças que apresentassem comportamentos

inadequados na sociedade, ou dificuldade na aprendizagem.

Bossa (2011) apresenta que:

Na literatura francesa influencia as ideias sobre Psicopedagogia na Argentina a qual, por sua vez, influencia a práxis brasileira. A Psicopedagogia francesa apresenta algumas considerações sobre o termo Psicopedagogia e sobre origem dessas ideias na Europa, e os trabalhos de GeogeMauco, fundador do primeiro centro médico psicopedagógico na França, em que se percebem as primeiras tentativas de articulações entre medicina, psicologia, psicanálise e pedagogia, na solução dos problemas de comportamento e de aprendizagem (p.57).

Foi aos longos dos anos 60, da forte corrente européia que o

trabalho entre psicopedagogos e a escola e sua relação com os psicólogos e

os pedagogos passam a influenciar a Argentina na sua atuação

psicopedagógica.

De acordo com Alícia Fernandes, psicopedagoga Argentina, o curso

de Psicopedagogia surgiu há mais de 30 anos. Sendo a Universidade de

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Buenos Aires (UBA) a primeira a oferecer o curso de Psicopedagogia (apud

Bossa, 2011, p.62-63).

Entretanto, a Psicopedagogia iniciou seu trabalho bem antes da

formação de seu curso. Profissionais atuantes em outras áreas e com outra

formação passavam a ocupar o espaço que não podia ser preenchido pelo

psicólogo e pelo pedagogo. A partir disso, a reeducação começa, com o intuito

de reduzir os fracassos escolares.

Perez (1998) apresenta que:

A Psicopedagogia passa despertar a atenção de vários países que, preocupados com os altos índices de fracassos escolares passam a buscar novas alternativas de trabalho. Dentre estes países, na Argentina, a Psicopedagogia tem recebido um enfoque especial, sendo considerada uma carreira profissional. (p.42).

A Psicopedagogia teve seu início na Argentina, como disciplina de

currículo ofertada pelo curso de Psicologia, tratando mais os aspectos

relacionados à saúde mental.

E a Universidad Del Salvador (USAL), em Buenos Aires que nos

meados do ano de 1956, da um pontapé inicial ao primeiro curso de graduação

em Psicopedagogia.

Oliveira (2007) aponta:

Na década de 40, a Psicopedagogia aparece como uma disciplina na recém-criada Faculdad de Psicologia da Universidad Del Salvador,BuenosAires.Em 1956, na USAL, a Psicopedagogia torna-se curso de graduação de três anos.(p.10).

Foi na Argentina que influenciou o Brasil à sua forte e significante

trajetória, e a partir dos anos 60 de forma clandestina e secreta ela chega para

nós. (ANDRADE, 2004).

1.1 A Psicopedagogia no Brasil

No Brasil, seu enfoque apresenta características similares aos

adotados na Europa com a visão de cunho médico-pedagógico.

14

Durante a década 70, devido à grande evasão escolar e o fracasso

escolar, o Brasil trás um grande aporte pedagógico para a Psicopedagogia com

grandes nomes como Jorge Visca, Sara Paín e Alicia Fernandes. Estudos

estes que perduram até os dias atuais em busca de respostas e auxiliando nas

dificuldades de aprendizagem.

Neste breve histórico não podemos deixar de citar o trabalho da

professora Genny Golubi (Bossa, 2011, p. 84) de Moraes, que contribui para

compreensão e no tratamento das dificuldades de aprendizagem.

Coordenadora dos cursos da PUC/SP, sendo responsável por um grande

número de profissionais formados na área da Psicopedagogia com seus

importantes trabalhos. Fazendo assim, que cada vez menos as crianças

chegassem às clinicas por problemas escolares.

Por outro lado, em 1979 , eis que em São Paulo surge o primeiro

curso regular em Psicopedagogia, no 1Instituto Sedes Sapientiae.

Segundo Scoz e Mendes (1987):

Maria Alice Vassimon, preocupada com a perspectiva de um homem global, percebida a partir de referências intelectuais, afetivas e corporais, questionando o mito da Psicologia na época e com uma grande vontade de retomar a educação como área de conhecimento mais atuante, faz uma proposta para que o Instituto Sedes Sapientatiae, até então literalmente ocupado por Psicólogos e Psicanalistas, abrisse o seu espaço para um curso que valorizasse a ação do educador. (p.85).

Vemos então, que o curso voltava-se para uma linha em nível clínico.

Porém, com os novos conhecimentos das áreas de Linguística, Psicolinguística

e Teorias do Desenvolvimento, tendo contribuições de Emilia Ferreiro, as

dificuldades de aprendizagem, passam a ter novos significados, e o curso um

novo direcionamento, iniciando assim, uma nova linha de trabalho em nível

preventivo.

Desta nova abordagem e daquele curso pioneiro começam a refletir

a forma de conceber a problemática do fracasso escolar e a busca por uma

nova identidade para este profissional brasileiro, que nasce como reeducador e

com o tempo amplia seu compromisso assumindo a responsabilidade com a

1Texto digital não paginado. Disponível em: http://sedes.org.br/site/ com acesso em

17/11/2013.

15

diminuição das dificuldades de aprendizagem nas escolas, e em consequência

a redução do fracasso escolar.

Desta formação, os profissionais formados preocupados em resolver

problemas pedagógicos e aperfeiçoar as metodologias utilizadas em sala de

aula unem-se e criam uma Associação Estadual de Psicopedagogia em São

Paulo (AEP).

Rubinstein (1987) ressalta:

A Associação Estadual de Psicopedagogia de São Paulo foi criada por um grupo de profissionais que já atuavam na área, acabava de fazer sua formação em Psicopedagogia pelo Instituto Sedes Sapientiae e sentia a necessidade de reconhecido como categoria profissional, consciente do seu papel na comunidade. Tendo a Associação se expandido, pois temos associados no interior de São Paulo e dos outros Estados da União e este crescimento faz com que sintamos a necessidade de efetivar a proposta de criação da Associação Brasileira de Psicopedagogia. (p.13).

Foi a AEP que contribui logo então para construção da Associação

Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), que passa a ter forte importância sobre a

área da Psicopedagogia e a luta pelo seu papel dentro da sociedade Brasileira.

A partir de 1980, cada vez mais os psicopedagogos vêm numa luta

constante por seus direitos, e Associação Brasileira de Psicopedagogia

(ABPp), veio a contribuir com os psicopedagogos pela busca do

reconhecimento enquanto área do conhecimento científico.

Vale ressaltar que, houve uma grande contribuição do aporte teórico

Argentino para construção da área da Psicopedagogia, pois foram teóricos

como Jorge Visca que fizeram com que a Psicopedagogia Brasileira, passasse

a ter papel fundamental frente às dificuldades de aprendizagem bem como o

fracasso escolar.

Para destacar alguns destes pontos comuns da história da

Psicopedagogia no Brasil e na Argentina, menciono alguns:

1. A atividade prática iniciou-se antes da criação dos cursos nos dois países.

2. Em ambos os países, a pratica surgiu da necessidade de contribuir na questão do “fracasso escolar”.

3. Inicialmente, o exercício psicopedagógico apresentava um caráter reeducativo, assumindo ao longo do tempo um enfoque terapêutico.

16

4. A Psicopedagogia nasce com o objetivo de um trabalho na clínica e vai ampliando a sua área de atuação até a instituição escolar, ou seja, vai dar prioridade curativa “a preventiva”.

5. Encontra terreno fértil nesses dois países, em função da demanda que lhe deu origem.

Desta visão, podemos considerar que em ambos, Brasil e Argentina

suas práticas assemelham-se em muitos pontos, e o próprio referencial

adotado pelos brasileiros está ligado pelas influências argentinas.

Há aspectos que nos diferem dos argentinos, principalmente, das

condições de formação.

Uma das características a ser salientada, é a questão da abordagem

da prática, e a forma de diagnóstico psicopedagógico. Aos Psicopedagogos

argentinos é permitida a aplicação de testes, enquanto no Brasil, o uso é

exclusivo dos profissionais da área da Psicologia.

Segundo Bossa (2011) alguns instrumentos utilizados pelos

argentinos não é permitido aos brasileiros:

No Brasil não é permitido ao Psicopedagogo recorrer a muitos instrumentos que são de uso do Psicólogo. O Psicopedagogo, que não tem formação em Psicologia, quando a situação requer, solicita ao Psicólogo ou, dependendo do caso, a outros profissionais (Neurologistas, Psiquiatras, Fonoaudiólogos) habilitados e de sua confiança, nas informações necessárias para contemplar seu diagnóstico. (p.92).

Esta questão da formação do Psicopedagogo acaba assumindo um

papel fundamental, que inicia o percurso para formação da identidade deste

profissional.

1.2 A formação e atuação do Psicopedagogo no Brasil

A Psicopedagogia passa a modificar suas práxis, dando assim um

novo rumo à formação profissional, com nova postura na sua linha teórico-

prática. Assim sendo, a regulamentação desta profissão de Psicopedagogo,

efetivaria a existência legal deste profissional.

17

Foi em 1988, que a necessidade desta regulamentação passa a se

definir. Traçando um perfil do profissional do Psicopedagogo que pudesse

clarear o seu campo de atuação e conhecimentos essenciais para este

profissional.

Neste intuito de sua identificação, em 1992, a partir de um

documento, que passou por muitas reformulações, cria-se o Código de Ética do

Psicopedagogo, essencial já que sua profissão não era reconhecida.

Este documento torna-se elemento essencial para embasar o

currículo de inúmeros cursos de formação em Psicopedagogia em várias

universidades brasileiras.

A Associação Brasileira de Psicopedagogia prossegue na luta pela

regulamentação, por meio da aprovação do projeto de Lei n°3.124/97, do

Deputado Barbosa Neto, que regulamenta a profissão e cria o Conselho

Federal e os Conselhos Regionais de Psicopedagogia.

Segundo Bossa (2011):

O Psicopedagogo é o profissional que auxilia na identificação e resolução dos problemas no processo de aprender. O Psicopedagogo está capacitado a lidar com as dificuldades de aprendizagem, um dos fatores que, leva a multirrepetência e a evasão escolar, conduzindo a marginalização social. (p.113).

Ao tratar da formação do Psicopedagogo, neste capítulo, ela é

abordada considerando três aspectos:

1. Que conhecimentos se fazem necessários para uma prática

consistente, na forma como é concebida a Psicopedagogia no

presente trabalho?

2. Quem são os psicopedagogos e que formação os habilita?

3. A formação no Brasil, da forma como se apresenta, proporciona

condições para que essa seja uma prática consistente?

O que caracteriza uma atuação Psicopedagógica é sua

especificidade, ou seja, seu campo de atuação voltado para o processo de

aprendizagem. E esta especificidade implica a necessidade de um corpo

teórico, que procura conhecimentos, constituído de outras áreas.

Desse modo, a formação em Psicopedagogia deve permitir ao

profissional reconhecer a aprendizagem e como ocorre esta interação.

18

Atualmente existem muitos cursos de especialização em

Psicopedagogia, sendo que os cursos devem atender as exigências mínimas

fixadas pela Resolução n° 3, de 05 de outubro de 1999.

A Psicopedagogia busca uma melhor compreensão no que se diz

respeito aos processos de aprendizagem, então o trabalho Psicopedagógico,

pode e deve ser visto a partir da instituição escolar.

A forma de ser abordada pode assumir características específicas, a

depender da modalidade: Clínica, preventiva e teórica, umas articulando-se as

outras. O trabalho clínico não deixa de ser preventivo, uma vez, ao tratar

alguns transtornos de aprendizagem, pode evitar o aparecimento de outros.

É uma área de conhecimento que tem seu estudo voltado para

aprendizagem enquanto processo inerente ao ser humano, configurando-se no

âmbito das ciências humanas. Nesse sentido, o objeto de estudo da

Psicopedagogia é a aprendizagem humana e o ser que aprende é o sujeito

para o qual a Psicopedagogia se dirige, favorecendo a apropriação deste

conhecimento. Este trabalho pode se dar na forma individual ou na grupal, na

área da saúde mental e da educação.

19

2 CONCEPÇÕES DE APRENDIZAGEM

2.1 O que é aprendizagem?

Para Elizabete da Assunção José e Maria Teresa Coelho (2009),

aprendizagem é: “[...] é o resultado da estimulação do ambiente sobre o

indivíduo já maturo, que se expressa, diante de uma mudança de

comportamento em função da experiência”.

Segundo a autora Sara Paín (2008) e com base nos referenciais teóricos

como a teoria Piagetiana da inteligência e a teoria psicanalística de Freud,

podemos compreender o processo de aprendizagem, para isso faz-se

necessário a análise de três dimensões:

Primeira Dimensão Biológica: Segundo Piaget há duas funções em

comum à vida e ao conhecimento que é a conservação da informação e

antecipação. A aquisição da aprendizagem e sua conservação garantem o

ajustamento dos indivíduos em situações que poderão ser expostos. Haveria

três tipos de conhecimento que são eles: forma hereditária que é recebida

antecipadamente; formas lógico-matemático, responsáveis pelo equilíbrio e

coordenação de ações e, por último, as formas adquiridas em função de

experiência em que o indivíduo é submetido. Portanto, na dimensão biológica a

aprendizagem ocorre mais estritamente e sempre por assimilação.

Segunda Dimensão Cognitiva: nesta dimensão há três tipos de

aprendizagem, primeira aquela em que o indivíduo adquire conduta nova,

adapta-se nas situações; segunda é a aprendizagem de regulação que

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confirma ou corrige as hipóteses ou antecipações, promovendo assim as

acomodações necessárias; a terceira aprendizagem é a estrutural, está

vinculada às estruturas lógicas do pensamento, organizando assim, realidade e

equilíbrio.

Terceira Dimensão Social: compreende ao processo de ensino-

aprendizagem, todos os processos dedicados à transmissão de cultura,

incluindo família e escola. Os indivíduos podem escolher uma cultura particular

com fala, uso de objetos e meio onde viver e conviver.

Para Sara Paín (2008, p17): “Educar consiste então em ensinar, no

sentido de mostrar, de estabelecer sinais, de marcar como se faz o que pode

ser feito.”

A aprendizagem garante um processo histórico, conservando a

sociedade, mas ao mesmo tempo auxiliando para uma evolução e

estruturação, pois a aprendizagem reúne a educação e o pensamento.

Algumas teorias da aprendizagem buscam explicar o processo da

aprendizagem, tanto na Educação com na psicologia. Para isso cabe destacar

alguns autores que abordam este tema na educação como Jean Piaget, Lev

Vygotsky e Burrhus Frederic Skinner.

A Teoria do Behaviorismo, também chamada de comportamentalista foi

de responsabilidade do psicólogo Skinner (1904 – 1990). Ele lançou o conceito

“condicionamento operante”, explicando que o comportamento caso seja

influenciado por atos positivos (recompensa) ou atos negativos (supressão)

poderá haver maior frequência do mesmo, dependendo do estímulo.

O autor biólogo, psicólogo suíço Jean Piaget (1896 – 1980),

desenvolveu estudos baseados em experiências com crianças a partir do seu

nascimento até a adolescência. Denominou-se Epistemologia Genética, onde o

indivíduo adquire o conhecimento através da interação do sujeito com o seu

meio, onde, a aquisição deste conhecimento vai depender da estrutura

cognitiva e também a relação do sujeito, meio e objeto.

Para Piaget o desenvolvimento humano divide-se por estágios. São eles:

- Estágio sensório-motor - do nascimento até dois anos de idade, nessa fase o

indivíduo constrói conhecimento físico da realidade e esquemas sensórios-

motores sendo capaz de fazer imitações, tem início as representações mentais.

21

- Estágio pré-operatório – vai aproximadamente dos dois anos até os seis anos

de idade, nesta fase inicia-se a relação entre causa e efeito e simbolizações, é

também conhecida com fase dos porquês e do faz-de-conta.

- Estágio operatório-concreto - dos sete aos onze anos, observa-se

estruturação lógica, observações de quantidades e construção do número.

- Estágio operatório-formal – dos onze aos dezesseis anos, nesta fase o

adolescente constrói o pensamento propositalmente, levanta hipóteses

possíveis sobre diferentes pontos de vista sendo capaz de pensar

cientificamente.

Segundo Balestra (2007, p. 81) “[...] para Piaget o desenvolvimento da

criança é um processo temporal por excelência, seja no aspecto psicológico,

seja no biológico, pois todo desenvolvimento supõe uma duração, e a infância

dura mais quanto mais superior for à espécie.”

A concepção piagetiana chama a atenção para o fato de que a educação

tem um papel determinante na construção do conhecimento e desenvolvimento

das estruturas mentais, abrindo possibilidades e propondo desafios capazes de

estimular a interação do individuo com o mundo que o cerca.

Na teoria em questão, para que haja construção de um novo

conhecimento, é preciso que haja desequilíbrio, nas estruturas mentais, onde

os conceitos já assimilados precisam se desorganizar para organizar-se

novamente, acontecendo assim a aquisição de um novo conhecimento.

Os estudos de Lev Vigotsky (1896 – 1934) apontam para a teoria sócio-

interacionista, onde o desenvolvimento é impulsionado pela linguagem. Difere

da Teoria de Piaget na concepção de sua dinâmica. Enquanto Piaget defende

que a estruturação do organismo precede o desenvolvimento, Vigotsky defende

que a aprendizagem é que gera e move as estruturas mentais.

Sobre Vigotsky, Oliveira (1995:55) comenta: “Sua posição é

essencialmente genética, procura compreender a gênese, isto é, a origem dos

processos psicológicos”.

Segundo Vigotsky (1984:101),

A aprendizagem está relacionada ao desenvolvimento desde o início

da vida humana, sendo “um aspecto necessário e universal” do

22

processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente

organizada e especificamente humanas.

Na teoria de Vigotsky, um ponto central é o conceito de Zona de

Desenvolvimento Proximal, denominada ZDP, onde afirma que a aprendizagem

acontece no intervalo entre conhecimento real e o conhecimento potencial, ou

seja, é a distância entre o que o indivíduo sabe e o que pode aprender. As

interações tem papel fundamental para o conhecimento, quanto mais rico for as

interações maior o nível de aprendizado.

2.2 Condições internas e externas da aprendizagem

As condições externas da aprendizagem é comum a criança/indivíduo

com problema de aprendizagem, apresentar déficit de aprendizagem devido à

confusão de estímulos, ritmos, a velocidade em que recebem informações, a

pobreza ou a carência.

As condições internas referem-se a três planos: Primeiro é o corpo cuja

sua integridade garante conservação e dinâmica, caso seja harmônico ou

rígido, lento ou ágil, bonito ou feio. Senso com o corpo a aprendizagem, as

condições em que está é que contribuem favorecendo ou atrasando os

processos cognitivos, em especial na aprendizagem. Há referência aos

problemas neuropatológicos, afasias, desordem no cognitivo, transtornos de

lateralidade ligados à dislexia.

O segundo plano refere-se às condições cognitivas da aprendizagem, ou

seja, estruturas capazes para organizar o conhecimento, como a matemática,

geometria, compreensão de leis, física, química. Os sujeitos apresentam certas

predisposições para áreas de conhecimentos.

O terceiro plano há ligações entre condições internas da aprendizagem e

a dinâmica do comportamento. Compreende-se que a aprendizagem é o efeito

do comportamento, há variações da aprendizagem conforme os interesses, as

premiações, castigos, consequências positivas ou negativas e prazer que

proporcionará.

Portanto encontra-se definição em dois tipos de condições para

aprendizagem: as externas definindo assim o campo de estímulo e as internas

que definem os indivíduos.

23

O processo de aprendizagem sofre influência de vários fatores que

podem desencadear problemas ou distúrbios de aprendizagem.

Paín (1981, citado por Rubinstein, 1996) considera a dificuldade para

aprender como um sintoma, que cumpre uma função positiva tão integrativa

como o aprender, e que pode ser determinado por:

Fatores orgânicos: Para a leitura e integração de experiências é

fundamental a integridade dos órgãos diretamente envolvidos, também da

coordenação do sistema nervoso central. É preciso entender a saúde, pois

crianças com alguma dificuldade sensorial, visão ou adição tendem-se a isolar-

se e solicitam ajuda para copiar ou falar.

Nesse caso a avaliação neurológica faz-se necessário. O sistema

Nervoso precisa estar sadio para garantir comportamento, ritmo, plasticidade e

equilíbrio. Caso o contrário encontra-se condutas estereotipadas com

dificuldades como dislexias, apraxias e afasias.

Outro ponto a ser investigado é o funcionamento glandular em relação à

falta de concentração, sonolência, memória. Cabe também investigar se o

indivíduo possui uma alimentação balanceada, pois o déficit alimentar pode

prejudicar a capacidade cognitiva de aprender.

Fatores Específicos: certos tipos de transtornos na área perceptivo-

motora aparecem durante a aprendizagem da linguagem, sua articulação e sua

lecto-escrita, sua manifestação é percebida quando há alterações de

sequências, impossibilidades em construir fonemas, silabas e palavras.

Encontra-se ligadas geralmente às dificuldades de lateralidade, seja natural,

hereditária ou cultural.

Fatores Psicógenos: deve-se observar e investigar a história prévia dos

indivíduos ao ingressar na escola, se algum indício de sinais de neurose infantil

(pavor noturno, enurese, agressividade). Os problemas surgem como reação

secundária a seus problemas de rendimento escolar. Atitude depressiva diante

das dificuldades, tristeza e culpa, o aluno diante do temor de viver novo

fracasso retira-se e recusa-se a competir, vivenciar novos desafios. Quando

relacionado a um sintoma, o não aprender possui um significado inconsciente;

quando relacionado a uma inibição, trata-se de uma retração intelectual do ego,

ocorrendo uma diminuição das funções cognitivas que acaba por acarretar os

problemas em aprender.

24

Fatores Ambientais: relacionados às condições objetivas ambientais que

podem favorecer ou não a aprendizagem do indivíduo. Neste fator refere-se ao

ambiente material do indivíduo aprendente, suas possibilidades, quantidade,

qualidade, estímulos e das características do meio em que vive como sua

moradia, seu bairro sua cultura. É necessário entender o fator ambiental para

determinar um diagnóstico.

Scoz (1994: 22) afima que:

[...] os problemas de aprendizagem não são restringíveis nem a causas físicas ou psicológicas, nem a análises das conjunturas sociais. É preciso compreendê-los a partir de um enfoque multidimensal, que amalgame fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das articulações sociais. Tanto quanto a análise, as ações sobre os problemas de aprendizagem devem inserir-se num movimento mais amplo de luta pela transformação da sociedade.

2.3 Dificuldades e transtornos de aprendizagem

As dificuldades ou também conhecidos como transtornos de

aprendizagem mais comuns são: a dislexia, a disgrafia, a discalculia, a dislalia,

a disortografia e o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade).2Afetam a habilidade da pessoa de falar, escutar, ler, escrever,

soletrar, pensar, recordar, organizar informações ou aprender a matemática.

Não podem ser curadas, durando assim, a vida toda.

3Dislexia: é a dificuldade que aparece na leitura. A criança faz trocas ou

omissões de letras, inverte sílabas, apresenta leitura lenta, apresentando

dificuldades para ler um texto fluentemente. Estudiosos afirmam a dislexia é

causada por fatores genéticos, mas, ainda não foi comprovado pela Medicina.

2De acordo com a definição estabelecida em 1981 pelo National Joint Comittee for

Learning Disabilities (Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem), nos Estados Unidos

da América.

3Texto digital não paginado. Disponível em:<http:// http://www.dislexia.org.br. Acesso

em 15/10/2013.

25

Os sintomas encontrados pela escola e família para uma possível

dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só levam a um distúrbio de

aprendizagem, lesões ou síndromes, não confirmando a dislexia.

Então, como diagnosticar e ter certeza de que se trata de dislexia?

Primeiramente faz-se necessário uma identificação do problema de

rendimento escolar e outros sintomas que se encontram isolados, mas que

pode-se levar a uma suspeita de dislexia, podem ser percebidos na escola ou

em casa. Com alguma suspeita já definida é necessário buscar profissionais,

ou seja, uma equipe, formada por Neuropsicólogos, Fonoaudiólogos e

Psicopedagogos para dar inicio a uma detalhada investigação. Essa rede de

profissionais, caso seja necessário, deverão verificar pareceres de outros

profissionais como, Neurologista e Oftalmologista.

Esta avaliação segundo a Associação de Disléxicos é chamada de

avaliação multidisciplinar e de exclusão, pois alguns fatores precisam ser

descartados como déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e

visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas),desordens afetivas

anteriores ao processo de fracasso escolar. Além de identificar as causas

através destas avaliações, também é possível estabelecer juntamente com a

escola e um psicopedagogo meios para auxiliar estes indivíduos.

4Disgrafia: geralmente vem associada à dislexia, porque a criança faz

trocas e inversões de letras e consequentemente encontra dificuldade na

escrita. Além disso, está associada a letras mal traçadas e ilegíveis e

apresenta desorganização ao produzir um texto.

Tais alterações na escrita podem afetar na forma ou no significado.

Descreve-se como perturbação na motora do ato de escrever, provocando

compressão e cansaço muscular, originando uma caligrafia muitas vezes

ilegível. O educando com disgrafia apresenta sinais ou manifestações

secundárias motoras que acompanham a dificuldade no desenho das letras,

determinando-a. Pode-se destacar alguns deles como: Postura gráfica

incorreta; Maneira incorreta de segurar o lápis que se escreve; Ritmo lento ou

4 Texto digital não paginado. Disponível em:<http://

http://www.appdae.net/disgrafia.html. Acesso em 15/10/2013.

26

muito rápido na escrita; Letra demasiadamente grande; Letras soltas ou

sobrepostas e ilegíveis ou alguns traços grossos e ou muito suaves.

Para chegar a um diagnóstico é necessário uma rede de profissionais

como psicopedagogo, neurologista entre outros caso haja necessidade para

analise de alguns fatores como: biológicos; esquema corporal, motricidade e

equilíbrio; investigação na área pedagógica e pessoal na maturidade física,

motora habilidades, posturas esquema corporal e lateralidade.

Depois de detectar o profissional psicopedagogo, que poderá atuar na

instituição ou em seu consultório poderá realizar algumas questões como;

Encorajar a criança a se expressar através de diferentes materiais

(modelagem, pinturas e lápis). Incitar várias tarefas que seja necessário o uso

das mãos e dos dedos são positivas; Incitar a criança a recortar desenhos e

figuras, a fazer colagens e picotar; Elaborar e promover situações em que a

criança utilize a escrita como escrever pequenos recados ou fazer convites;

Realizar atividades como contornar figuras, pintar dentro de limites, ligar

pontos, seguir um tracejado e também deixar a criança expressar-se

livremente no papel, sem corrigir nem julgar os resultados.

5Discalculia: é a dificuldade para cálculos e números. Geralmente os

portadores dessa dificuldade não identificam os sinais das quatro operações e

não sabem usá-los. Não compreendem os enunciados de problemas, não

conseguem quantificar, comparar e consegue fazer sequências lógicas. Esse

problema é um dos mais complexos e mais difíceis de diagnosticar.

Discalculia deriva-se da má formação neurológica, manifestando-se

como problema de aprendizagem ligado a números, tal dificuldade não é

causada deficiência mental, má escolarização, déficits visuais ou auditivos, e

não tem nenhuma ligação com níveis de QI e inteligência.

Crianças com discalculia não identificam sinais matemáticos, não são

capazes de montar operações, classificar números, entender princípios de

medida, seguir sequências, compreender conceitos matemáticos, relacionar o

valor de moedas entre outros.

5 Texto digital não paginado. Disponível em:

http://www.brasilescola.com/doencas/discalculia.htm. Acesso em 18/09/2013.

27

Dr. Ladislav Kosc,foi o investigador que identificou a discalculia em

1974. Descreveu seis tipos de discalculia, cada uma correspondendo a

capacidades específicas e tarefas da matemática. Estes tipos de discalculia

podem ocorrer individual ou conjuntamente.

Discalculia verbal: dificuldades em nomear quantidades matemáticas,

números, termos e símbolos;

Discalculia gráfica: dificuldade na escrita de símbolos matemáticos;

Discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e

cálculos numéricos;

Discalculia practognóstica: dificuldade na enumeração, manipulação e

comparação de objetos reais ou em imagens;

Discalculia ideognóstica: dificuldades nas operações mentais e no

entendimento de conceitos matemáticos.

Discalculia léxica: dificuldade na leitura de símbolos matemáticos;

O psicopedagogo clínico ou institucional é o profissional indicado no

tratamento da discalculia. O trabalho deve ser realizado em parceria com a

escola onde o educando frequenta. Os professores devem desenvolver

atividades específicas com esse aluno, sem deixá-lo isolado dos demais.

6Dislalia: é a dificuldade na emissão da fala, apresentando pronúncia

errada das palavras, com trocas de fonemas e sons errados, tornando-as

confusas. É uma dificuldade mais manifestada em pessoas com problemas no

palato, flacidez na língua ou lábio leporino.

A pessoa com dislalia, faz trocas de palavras por outras parecidas na

pronuncia, fala com ironia as palavras, omite ou troca as letras. As

manifestações clínicas da dislalia consistem em omissão, substituição ou

deformação dos fonemas.

Pode-se dizer que a palavra do dislálico é fluída, ainda que possa ser

incompreensível, sendo que o desenvolvimento da linguagem pode ser normal

ou atrasado. Crianças que chupam chupeta e mamam mamadeira, chupam o

dedo ou mesmo mamam pouco tempo no seio, podem apresentar um quadro

de dislalia.

6 Texto digital não paginado. Disponível em:

http://www.infoescola.com/doencas/dislalia/. Acesso em 25/09/2013.

28

Apesar de não existir relação direta, é indiscutível que essas crianças

passam a apresentar flacidez muscular e postura indevida da língua, o que

pode resultar nesse distúrbio. Outras causas são: línguas hipotônicas

(flácidas), podendo ainda apresentar alterações na arcada dentária, ou então,

falhas na pronúncia de determinados fonemas em consequência da postura e

respiração dificultada.

A dislalia pode ser subdividida em quatro tipos:

Dislalia evolutiva: considerada normal em crianças, sendo corrigida

gradativamente durante o seu desenvolvimento.

Dislalia funcional: neste caso, ocorre substituição de letras durante a

fala, não pronunciar o som, acrescente letras na palavra ou distorce o

som.

Dislalia audiógena: ocorre em indivíduos que são deficientes auditivos

e que não conseguem imitar os sons.

Dislalia orgânica: ocorre em casos de lesão no encéfalo,

impossibilitando à correta pronuncia, ou quando há alguma alteração na

boca.

Pode-se considerar normais os erros de linguagem até os quatro anos

de idade. Após essa fase, a criança pode vir a ter problemas caso continue

falando errado, podendo afetar até a escrita. O caso clássico desse distúrbio é

o Cebolinha, personagem da Turma da Mônica.

O tratamento da dislalia é feita com o auxilia de um fonoaudiólogo e

varia de acordo com a necessidade de cada criança.

7Disortografia: é a dificuldade na linguagem escrita e também pode

manifestar-se como consequência da dislexia. As principais características da

disortografia são: troca de grafemas, desmotivação para escrever, aglutinação

ou separação indevida das palavras, falta de percepção e compreensão dos

sinais de pontuação e acentuação.

Sinais indicadores de disortografia: Substituição de letras semelhantes;

Omissões e adições, inversões e rotações; Uniões e separações; Omissão -

7Texto digital não paginado. Disponível em:

http://www.appdae.net/disortografia.html. Acesso em 03/10/2013.

29

adição de “h“; Escrita de “n“ em vez de “m“ antes de “p“ ou “b“; Substituição de

“r“ por “rr“.

O que profissionais psicopedagogos especialistas ou professores podem

fazer para auxiliar estes casos: Encorajara escrita da criança, mostrar interesse

pelos trabalhos escritos e elogiá-la; Incitar a criança a elaborar os seus próprios

postais e convites, a escrever o seu diário no final do dia como rotina; Chamar

a atenção da criança para as situações diárias em que é necessária a

utilização da escrita; Incite a criança a ajudá-la na elaboração de uma carta;

Não valorize demasiadamente os erros ortográficos da criança uma vez que

estes já são motivo de repreensão e frustração demasiadas vezes; Não corrija

simplesmente os seus erros; tente antes procurar a solução com a; Recorrer a

livros de atividades que permitam à criança trabalhar os vários casos de

ortografia.

8 TDAH: O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um

problema de ordem neurológica, manifestando sinais evidentes de inquietude,

desatenção, falta de concentração e impulsividade. É comum vermos crianças

e adolescentes sendo rotulados como hiperativos. Por isso, é importante que

esse diagnóstico seja feito por um médico neurologista e outros profissionais.

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) aparece

na infância e muitas vezes acompanha o indivíduo pela sua vivência toda. É

chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). É também

reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da

Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de

TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na

escola.

A ocorrência é de 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do

mundo. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na

vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais controlados.

Já existem vários estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil -

demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões,

o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas

8Texto digital não paginado. Disponível em:

http://www.tdah.org.br. Acesso em 26/10/2013.

30

de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou

resultado de conflitos psicológicos.

Alguns estudos científicos mostram que indivíduos com TDAH possuem

alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. Sendo

região frontal orbital uma das mais desenvolvidas no ser humano em

comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do

comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela

capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e

planejamento.

O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento do

sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores

(principalmente dopamina e noradrenalina), por onde passam informação entre

as células nervosas (neurônios). Existem causas que foram investigadas para

estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões,

como:

Hereditariedade: Os genes parecem ser responsáveis por uma predisposição

ao TDAH. A suspeita foi a partir de observações nas famílias de portadores de

TDAH, onde, havia maior frequência em parentes também afetados com este

transtorno. Segundo pesquisa a prevalência da doença entre os parentes das

crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral.

No entanto, como em qualquer outro transtorno do comportamento, a

maior incidência na própria família pode ser constatada devido a influências

ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo

"desatento" ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais se comportando

desta maneira. Então, foi possível a comprovação de que a recorrência familial

era de fato devida a uma predisposição genética, e não somente ao ambiente.

Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter certeza da

participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos

com adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças

afetadas, verificando se há diferença na presença do TDAH entre os dois

grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos têm 3vezes mais TDAH

que os pais adotivos.

Substâncias ingeridas na gravidez: Pesquisas têm observado que a nicotina

e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em

31

algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital.

Pesquisas indicam que mães alcoólatras têm mais chance de terem filhos com

problemas de hiperatividade e desatenção.

Sofrimento fetal: Outros estudos mostram que problemas no parto acabaram

causando sofrimento fetal, a probabilidade de crianças com TDAH era maior.

Exposição a chumbo: Crianças pequenas que sofreram intoxicação por

chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH.

Problemas Familiares: Algumas teorias apontam que problemas entre

familiares como: alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe,

famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias

com nível socioeconômico mais baixo, poderiam ser a causa do TDAH, no

entanto, estudos recentes apontam que problemas familiares podem agravar

um quadro de TDAH, mas não causá-lo.

A criança hiperativa muitas vezes fica com atrasos na aprendizagem, em

conteúdo teórico em comparação aos demais da classe escolar. A desatenção

e a falta de controle podem promover dificuldades específicas na

aprendizagem.

Segundo Benczik (2010, p. 98), o papel do psicopedagogo e seu

acompanhamento é de suma importância no auxílio direto nas dificuldades

apresentadas pela criança com este transtorno, suprindo assim, a defasagem e

reforçando o conteúdo, sempre buscando a ocorrência de novos aprendizados.

Algumas técnicas são utilizadas pelo psicopedagogo como jogos que

estimulam o sensório motor, tipo amarelinha, bola de gude, e também

combinações intelectuais como xadrez, carta, memória, entre outros. Estes

jogos e também associados a inúmeras técnicas que os psicopedagogos

podem coletar dados cognitivos, permitindo ao portador de TDAH, maior

desenvolvimento nos limites, participação, saber ganhar e perder e desenvolver

melhor o cognitivo da criança fazendo com que ela pense e refaça certas

atividades.

32

3 UM DIÁLOGO ESCLARECEDOR

As teorias apresentadas no presente trabalho estão sempre em

contínua experiência e adaptação, mesmo que produzidas ao longo dos

tempos, continuam muito presentes no dia-a-dia da vida escolar. Os autores

com maior destaque nesta pesquisa foram Nádia Bossa, Sara Paín, Maria

Lúcia Lemme Weiss, Jean Piaget e Lev Semionovich Vygotsky.

Pesquisar dificuldades de aprendizagem dentro e fora da escola não

é tarefa fácil, mas com teorias muito bem embasadas dos autores citados, foi

possível identificar os aspectos que causam tais dificuldades bem como

destacar a importância do profissional psicopedagogo frente a tudo isso.

O aprendizado não se adquire somente na escola, mas se constrói

com a criança desde seu meio social, na família e no mundo que o cerca.

Segundo Piaget (2010):

A inteligência é uma adaptação. Para aprender as suas relações com a vida em geral é necessário determinar quais as relações que existem entre o organismo e o meio ambiente. [...] a vida é uma criação continua de formas cada vez mais completas uma busca progressiva do equilíbrio entre essas formas e o meio. (p.28).

A intervenção do Psicopedagogo tem como principal inferência incluir

os pais em todo processo sendo com reuniões, acompanhando professores,

fazendo com que a família ocupe o espaço correto, pois é o meio em que a

criança está inserida que faz a diferença.

33

Com base nas obras de Lev S.Vygotsky (2010), um dos maiores

psicólogos do século XX, mesmo sem receber estudo em Psicologia, baseia-se

na teoria do desenvolvimento mental, ou seja, tem sua concepção em um

ensinamento epistemológico.

Para definir a teoria de Vygotsky pode-se falar em sociabilidade do

homem, interação social, signo e instrumento, cultura histórica e funções

mentais superiores. Para este autor o indivíduo tem como características sua

sociabilidade primária.

Segundo ele, a educação não se resume na aquisição de conjuntos

de informações, e sim como fonte de desenvolvimento no qual o sujeito se

encontra inserido dentro de uma sociedade, o qual transforma-se se no papel

fundamental para construção e formação do educando

Na teoria Vygotskyana de “Zona Proximal”, o desenvolvimento

infantil, suas aptidões e sua educação não podem ser analisadas sem

considerar seus vínculos sociais. Ou seja, a criança é um ser social e para

melhor se desenvolver o adulto deve proporcionar modelos para imitação,

exemplo, questões para reflexão intelectual, conhecimento, e colaborando na

construção de seu desenvolvimento.

Para a autora Maria Lúcia Lemme Weiss (2012) a questão de não

aprendizagem é bem ampla. Faz-se necessária investigação em diferentes

perspectivas como a sociedade, escola e aluno. Para iniciar a investigação,

alguns elementos se tornam necessários para pesquisa, tais como:

Aspectos Orgânicos - sua construção biofisiológica do sujeito

aprendente, diferentes problemas no sistema nervoso alteram sua

aprendizagem escolar como disfasias, afasias, dislexias,TDA, TDAH entre

outros identificando os casos o trabalho do psicopedagogo deve ser feito no

momento certo, envolvendo família e escola.

Aspectos Cognitivos - área ligada à memória, atenção, antecipação,

com base na visão piagetiana onde a “interação se da entre o sujeito e meio”.

Aspectos Emocionais – é mais ligado ao desenvolvimento afetivo e

sua relação com a construção do conhecimento sendo vista no meio escolar,

são aspectos inconscientes no ato de aprender.

Aspectos Sociais – ligados às expectativas e perspectivas da

sociedade em que a família e escola estão inseridas como oportunidade,

34

ideologias. É necessário pensar em todas estas questões, bem como, a base

cultural da escola, a mistura de vários níveis sociais dentro da escola e suas

aceitações. Verificar as modificações curriculares e pedagógicas que são

necessárias, para ajudar as crianças menos favorecidas, a ter sucesso na

aprendizagem podendo assim sentir-se bem nos grupos.

Aspectos Pedagógicos – os fatores externos incluem-se as

metodologias de ensino, a avaliação, a dosagem de informações, estruturas de

turmas, organização geral. Com isso interferindo na qualidade de ensino que

também interfere no ensino aprendizagem.

Podemos fazer interferências aqui ao Vygotsky quando ressaltava

que “o único bom ensino é o que adianta ao desenvolvimento”.

Para ser uma boa escola ela deve estimular o aprender, e a função

do educador deve ser melhorar o ensino promovendo o crescimento da

aprendizagem e prevenir dificuldades do aluno. Favorecer ao aluno fornecendo

meios para o aluno superar suas limitações e contribuir para não agravar os

problemas de aprendizagem considerando sua “pré-história”, ou seja, do aluno

e da família.

O Psicopedagogo precisa investigar todos estes aspectos e intervir,

buscando retirar as causas que levam ao não aprender.

De acordo com Nadia Bossa (2011), a Psicopedagogia nasceu de

uma necessidade de contribuição na busca por alternativas e soluções que

viessem a contribuir para as dificuldades de aprendizagem.

Na sua obra, reforça a questão quanto à postura metodológica dos

professores, utilizadas apenas e meramente numa transmissão conteudista e

considerada pela maioria a principal fonte para ensino aprendizagem. Não

podemos pensar em teoria sem prática, como também não podemos ter

práticas sem teorias, ambas complementam o ensino numa busca por o melhor

desempenho dos educandos.

A autora traz de forma clara o trabalho profissional no campo Clínico

e Institucional, enfatizando a contribuição das Universidades pela grande

procura pelo curso. Relata a discussão em torno da formação do

Psicopedagogo no Brasil, amparado por lei.

A Pedagogia não tem preparo suficiente para dar conta de toda

demanda, precisa de algo que vá além, ou seja, que relacione os

35

conhecimentos pedagógicos aos conhecimentos psicológicos contribuindo de

forma decisiva para uma melhor compreensão dos Transtornos ligados as

dificuldades de aprendizado, tornando assim o profissional qualificado em

Psicopedagogia o mais adequado e preparado a enfrentar todos esses

problemas intra e extraescolar.

A procura pelo curso é muito grande e não por ser um curso

meramente novo, e sim, por tratar de uma área que trabalha com a

aprendizagem humana e que contribui para que o ser aprendente tenha a

oportunidade de estar inserido ao meio sem diferenças ou discriminações.

A obra nos fornece a construção do conhecimento científico, por

tratar de uma vasta discussão, onde a autora discute a articulação e a

construção de uma nova área que está por vir.

Objetiva de forma clara, o objeto de estudo e atuação do

Psicopedagogo, dando ampla compreensão do que é a Psicopedagogia.

Finalizando, discute a questão profissional a partir de análises de dados e

procedimentos científicos.

Para a autora Sara Paín (2008), a educação é um reflexo da

sociedade e cumpre funções interdependentes: função mantenedora,

socializadora, repressora e transformadora.

Conforme a cultura que pertencemos, notamos que o aprendiz está

mais ligado ao instinto de reprodução do que a função de adaptação. O ser

humano tem sua aprendizagem ligada ao outro e transmite seus modos de ser

aos valores culturais que pertence. É por meio da aprendizagem que nos

apropriamos daquilo que é humano.

A autora aponta para um olhar de escuta que pode ser relativo à

aprendizagem de uma família, sociedade e de um país. Relata de forma

especial o campo da Psicopedagogia e todo o seu processo de identificação e

tratamento das dificuldades de aprendizagem, dando uma visão ampla da

constituição do saber.

A autora mostra que a Psicopedagogia permite ao sujeito que não

aprende fazer cargo de sua dificuldade de aprender, interagindo com o meio e

dentre desta perspectiva a necessidade de sua transformação.

36

Relaciona o Id, Ego e Superego com aprendizagem, se reunindo

num só processo a educação e o pensamento, sendo que ambos estão

relacionados com a realidade.

Através de sua obra nos traz um panorama retrospectivo histórico,

relacionado aos fatores que proporcionam as dificuldades de aprendizagem

sejam eles orgânicos, específicos, psicogênicos e ambientais.

A autora busca demonstrar de forma relevante a questão hipótese-

diagnóstica, devolução diagnóstica e o tratamento que busca avaliar os

transtornos de aprendizagem. A tarefa mais importante está aqui, dentro do

diagnóstico em que o educando, terá a obtenção da grande transformação.

Paín nos prende sobre como a evolução às novas técnicas de

tratamento psicopedagógicos se tornam de suma importância para o sujeito,

ser aprendente. Por isso as técnicas a serem utilizadas e os instrumentos

devem agir de forma a transformar o sujeito e dar-lhes a oportunidade de

aprender normalmente.

Lembramos o valor desta obra que articula saberes, e transforma

técnicas em possibilidades de um melhor entendimento quanto ao tratamento

das dificuldades de aprendizagem e, ao mesmo tempo, elucida o trabalho do

profissional psicopedagogo, o qual opera de forma preventiva e terapêutica nas

lacunas que se apresentam aos educandos.

Tendo como base em todos esses autores e suas ideias, podendo

destacar que possuem em comum que a aprendizagem é um processo de

construção que se dá através da interação direto e permanente do sujeito

aprendente com seu meio. Este, expresso primeiramente pela família, depois,

escola e rodeado pela sociedade em que está inserido.

3.1 Constituição do pesquisador

Como as crianças aprendem?

Todas ao mesmo tempo?

Todas da mesma maneira?

Por que aprendem algumas coisas melhor do que outras?

Como ensinar para obter um melhor aprendizado?

37

Eis algumas das perguntas feitas por educadores nos últimos tempos

e que igualmente acompanham a autora desta investigação.

Para iniciar vamos descrever um breve memorial sobre a autora

deste trabalho monográfico para, com isso, auxiliar ao leitor a compreender

nossas reflexões.

Ingressou no Ensino Médio em 1999. Cursando o 2° Ano, recebeu a

proposta para ingressar no Magistério, em turno integral. Na parte da manhã

realizava o ensino normal e, na parte da tarde, cursava o Magistério com

término em 2003.

No ano de 2004, ingressou no curso de Licenciatura Plena em Física,

com término em 2007, etapa essa marcante, pois teve uma perda muito grande

de sua mãe, que era seu porto seguro. No ano de 2009 começou a trabalhar

com Ensino Médio e lecionar a disciplina de Física de 1° a 3° Anos o qual tem

uma realização e satisfação muito grande.

Especializou-se em Educação Ambiental no ano de 2010, e recebeu

a proposta no ano de 2012 para iniciar a Especialização em Psicopedagogia

Clínica e Institucional, a qual está em fase de conclusão.

Curso o qual, inicialmente, não via muito propósito se não a

especialização em si, mas que com o tempo foi tornando-se muito importante

para vida, favorecendo subsídios e estratégias para serem trabalhadas em

casa com sua filha.

A educação precisa de respostas às quais podemos obtê-las

significativamente, se apostarmos em uma mudança curricular, transformando

problemas em soluções, dificuldades em oportunidades de aprendizado.

Nosso desafio, por hora, é tomar consciência de quem somos de

quem são os educandos que estão chegando com novos conhecimentos,

novos valores, um novo olhar e uma nova atitude diante da vida e das

dificuldades que aparecem, e acreditar em uma grande transformação

pedagógica, política e social.

Por isso o psicopedagogo é extremamente importante dentro da

instituição escolar, pois é a partir deste profissional que estimula o

desenvolvimento de relações interpessoais, os vínculos, e a utilização de vários

métodos de ensino que a transformação educacional vai ocorrer.

A equipe escolar deve ser envolvida, ajudando-a na mudança por um novo

38

olhar em torno do aluno e das circunstâncias que o levam a aprender, ajudando

o aluno a superar suas dificuldades que se fazem necessária para

compreensão do mundo.

Portanto, é este profissional da Psicopedagogia que contribui e auxilia

no desenvolvimento das mudanças educacionais, trazendo para a criança uma

melhora na sua capacidade de aprender, bem como modificar o olhar destes

educandos mostrando o mundo em que vivem de uma forma diferenciada, no

qual terão condições de participar e interagir no meio com segurança e

competência.

Contudo não podemos esquecer que vivenciamos uma época de

mudanças de âmbito social, político, econômico, pedagógico e histórico, que

evolui em processos lentos.

3.2 Diálogo frente às ideias expostas pelos autores

Ao nos depararmos com os autores em suas mais diversas

colocações que acercam o mundo da Psicopedagogia, observamos em seus

temas as mais diversas indagações e aflições frente às dificuldades de

aprendizagem e como os mesmos são tratados pelos pais, instituição e

sociedade.

Em uma das falas de Weiss, deixa às claras a importância do

diagnóstico para o Psicopedagogo, pois a partir do mesmo podemos identificar

os problemas e desvios que impedem os educandos de crescer em sua

aprendizagem.

Concordamos com Weiss, pois o diagnóstico é crucial para o

Psicopedagogo, acho que uma das ferramentas mais importantes onde você

consegue compreender e identificar os problemas que levam o educando a não

aprender, e se desenvolver. Este artifício é que trará sentido ao profissional,

permitindo o investigar, procurar hipóteses para a solução do mesmo.

Temos também o enfoque de Bossa, quanto ao trabalho pedagógico

e como as metodologias são utilizadas pelos professores.

39

Bossa (2011) destaca:

Cabe ao Psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo de aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa, favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo, realizando processos de orientação. Já no caráter assistencial, o Psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais, fazendo com que professores, diretores e coordenadores possam repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades individuais de aprendizagem da criança ou, da própria "ensinagem".

Não temos dúvidas e nem como discordar da autora, pois a mesma

percebe que somente a Pedagogia não consegue sanar e identificar todos os

problemas enfrentados pelos educandos. Precisa-se de um profissional aliado,

no caso o Psicopedagogo, e que os professores precisam também aperfeiçoar

suas técnicas e metodologias se querem que o processo de ensino e de

aprendizagem realmente ocorra.

É imprescindível e essencial a contribuição de Vigostsky para

Psicopedagogia, uma vez que seu enfoque trás de forma clara que o ser

humano esta inserido ao meio em que vive, e em constante transformação.

Deixando claras as possibilidades de aprendizagem e contrariando as ideias

que nos haviam sido deixadas e herdadas por parte das ciências psicológicas,

quanto ao desenvolvimento do ser humano como imutável. Sua obra nos

possibilita compreender e entender que o sujeito tem e deve ter a oportunidade

de se inserir e se modificar, transformando assim sua aprendizagem e se

inserindo na sociedade como ser aprendente.

Piaget como Vigostsky vê e busca subsídios numa linha onde o sujeito

aprende comas experiências que vive na sociedade. Sim, logo acreditamos que

realmente aprendizagem se origine de um processo social, onde o sujeito

passe a atuar com o meio em que vive e transforme suas vivencias em

aprendizado e o professor seja o mediador para o que o mesmo atinja suas

expectativas e construa sua autonomia.

Temos Paín, que tange a ideia:

40

[...] a questão é devolver à criança este prazer de aprender, o prazer de resolver um problema, o prazer do tipo olímpico (no sentido de olimpíadas mesmo) de poder ganhar do problema. O problema é o desafio, o assunto é a alegria ou a força com a qual a criança toma o desafio e luta para solucionar o problema. (PAÍN, 2000).

A aprendizagem necessita de prazer, prazer em querer aprender, em

buscar novas descobertas que possibilitem o conhecimento deixando o sujeito

autoconfiante.

Somos seres aprendentes e a busca por novos conhecimentos é

imprescindível. São autores como os já citados que demonstram sua

preocupação com a educação e que valorizam o ser humano e suas

diferenças; ninguém nasce sabendo, mas todo mundo pode aprender e tem

este direito.

Sabe-se que crianças com problemas de aprendizagem são desafios

para os pais, professores, escola em geral e sociedade. Precisamos

primeiramente, e isso todos os autores que embasam esta pesquisa salientam,

conhecer os fatores que levam ao problema, refletir sobre o meio, a família, a

metodologia da escola, olhar todos estes fatores com olhos investigativos,

buscar ajuda, apontar soluções.

Mas somente o psicopedagogo, a escola e o professor trabalhando

sozinhos, não é possível o encontro de soluções para sanar as dificuldades de

aprendizagem. É essencial que trabalhem em parceria formando uma rede

cooperativa.

Ainda, para ser resolvido, deveria começar pela vontade política em

diminuir as desigualdades sociais, distribuição melhor de renda entre as

famílias e acesso de todos a uma educação de qualidade. Sem estas, sabemos

que as dificuldades de aprendizagem ainda vão gerar fracassos escolares,

podendo ser amenizado aqui e ali, mas, jamais erradicado.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através de estudos e pesquisas bibliográficas e experiências

adquiridas no meio educacional é possível a percepção da importância do

trabalho psicopedagógico para desenvolver a educação, construir o

conhecimento tendo como base a aprendizagem durante toda a vida humana.

O Psicopedagogo tanto, Clínico ou Institucional, é muito importante

para o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo dos educados, consegue

direcionar o conhecimento à prática e valorizar todos os aspectos da

aprendizagem.

Buscou-se atingir alguns objetivos específicos durante toda a pesquisa

como:

-Refletir sobre o papel do psicopedagogo clínico e institucional;

- Aprofundar as concepções a respeito da Psicopedagogia e dificuldades de

aprendizagem através de pesquisa bibliográfica;

- Identificar passagens históricas e legislação acerca do assunto;

- Conhecer e refletir sobre as dificuldades de aprendizagem, extraescolares e

intraescolares.

Algumas perguntas foram destaques durante o trabalho como: Quais

são as dificuldades de aprendizagem mais comuns enfrentadas pelos

educandos? E, como deve ser a atuação do Psicopedagogo frente às

dificuldades de aprendizagem? Nas duas questões pode-se verificar as

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respostas no capítulo 2, onde elenca-se todas as dificuldades de

aprendizagem, bem como, qual é o profissional responsável em auxiliar e como

deve interferir, no caso específico o Psicopedagogo.

Nas reflexões sobre a Psicopedagogia e suas contribuições frente às

dificuldades de aprendizagem, foi possível perceber através das pesquisas,

permite concluir que a aprendizagem é um processo de trocas, para isso é

necessário um ambiente que objetive a aprendizagem, sendo prazerosa para

todos os envolvidos, onde o profissional Psicopedagogo tem em suas mãos

uma formação com conhecimentos suficientes e instrumentos que possibilitem

o auxílio na busca da superação das dificuldades de aprendizagem dos alunos.

Com isso contribuir para a formação dos cidadãos.

Após considerar fatores como o meio em que se vivem condições

familiares, cultural, econômica, emocionais que podem interferir no processo de

aprendizagem no cotidiano escolar, implicando assim, nas dificuldades de

aprendizagem. As diferentes maneiras de aprender e também compreender o

conteúdo escolar, bem como a desmotivação e a apatia apresentadas por

aprendentes quando se trata de ensino aprendizagem, poderá acarretar

dificuldades de aprendizagem.

Ressalta-se que é importante que o psicopedagogo trabalhe

em dois enfoques: o preventivo, que considera o ser humano em seu

desenvolvimento enquanto educável, onde seu objeto de estudo é o ser

humano como pessoa a ser educada, seus processos de desenvolvimento e

possíveis alterações.

O foco maior é as possibilidades do aprender e o enfoque

terapêutico que identifica, analisa, elabora uma metodologia de diagnóstico e

tratamento das dificuldades de aprendizagens.

Nos processos de reflexão-ação-reflexão, desenvolvemos

criticidade relacionada ao meio em que vivemos e suas influências. Isso tudo

vai determinar o sucesso ou insucesso dos indivíduos na sociedade atual.

Concluímos que o trabalho do Psicopedagogo é de suma importância

na construção de uma educação de qualidade e diante das relações afetivas,

propiciando ações que podem agir preventivamente ou terapeuticamente frente

às dificuldades de aprendizagem. Acredita-seque todo indivíduo é capaz de

aprender e jamais desiste em construir o conhecimento.

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