informática e as dificuldades de aprendizagem na educação infantil

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS - GRADUAÇÃO “LATU SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A Informática Educativa e as dificuldades de aprendizagem na Educação Infantil Pós Graduanda Cristiane Costa da Silva aluna do Curso de Tecnologia Educacional, Turma 680. Orientador Professor Mario Luiz. Rio de Janeiro, Jul/2005

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Page 1: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS - GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A Informática Educativa e as dificuldades de aprendizagem na Educação Infantil

Pós Graduanda Cristiane Costa da Silva aluna do Curso de Tecnologia Educacional, Turma 680.

Orientador Professor Mario Luiz.

Rio de Janeiro, Jul/2005

Page 2: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS - GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A Informática Educativa e as dificuldades de aprendizagem na Educação Infantil

OBJETIVO:

Apresentação de monografia ao Conjunto

Universitário Candido Mendes como condição

prévia para conclusão do Curso de Pós-Graduação

“Lato-Sensu” em Tecnologia Educacional.

Page 3: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

AGRADECIMENTOS

Ao corpo docente do Projeto “A vez do

Mestre”, ao professor Mario Luiz pela

revisão dos textos. Aos amigos e colegas

de classe que, direta e indiretamente

contribuíram para transformar os nossos

ideais em realizações.

Page 4: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

DEDICATÓRIA

Dedico a concretização desta etapa da

minha vida aos meus pais, irmãos e minha

avozinha que tanto colaboraram para a minha

permanência e sucesso no curso.

Também ao meu noivo que muito

contribuiu para o meu êxito, compreendendo

minhas ausências e compartilhando meus ideais.

Não poderia deixar de fora os meus

verdadeiros amigos, em especial Paulo Henrique

que através do incentivo me motivou a prosseguir

na minha caminhada acadêmica que apenas está

começando.

E para terminar dedico também está

monografia a alguém que guardo em meu coração,

alguém que no inicio da minha caminhada se

preocupou em contribuir de alguma forma para

minha formação.Ao meu padrinho Almir (in

memorin).

A estas pessoas eu ofereço o meu sonho de

ser uma profissional capacitada e dedicada, o meu

abraço, o meu beijo, o meu diploma e o meu muito

obrigada por me ajudarem a escrever estas linhas

da minha vida.

Page 5: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

RESUMO

Esta monografia tem por finalidade ampliar o conhecimento do educador, para

que o mesmo possa encontrar no uso da informática um suporte a mais para sua sala de

aula, onde os recursos colocados a sua disposição poderão ser utilizados para evitar ou

atenuar problemas de DPA e ajudar o aluno a construir novos conhecimentos, haja vista

que com a entrada da Informática em nossas escolas poderá ser dado um novo ânimo

para que se promovam mudanças nas abordagens mais tradicionais de ensino, de tal

forma que este venha a favorecer a aprendizagem do aluno.

Page 6: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

METODOLOGIA

A metodologia utilizada nessa pesquisa foi fundamentada com base em um

enfoque teórico, visto que foram coletadas idéias e conceitos, a partir de fontes

bibliográficas.

Através de leituras sucessivas foi permitido adquirir uma idéia concreta sobre as

dificuldades, os questionamentos, as discordâncias e opiniões assumidas a cerca do

assunto em questão. O que possibilitou a rápida obtenção das informações requeridas,

representando desta forma a base para o desenvolvimento da dissertação.

Page 7: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................09

CAPÍTULO I

A CRIANÇA E OS PROBLEMAS ESCOLARES DE APRENDIZAGEM........10

1.1 – Sujeito Aprendente – Interferências na Aprendizagem ............................10

1.1.1 – Aparelho Biológico ..........................................................................11

1.1.2 – Estrutura Psico-Afetiva ....................................................................11

1.1.3 – Estrutura Psico-Cognitiva ................................................................12

1.2 – Dificuldades mais freqüentes ....................................................................13

CAPÍTULO II

CONTRIBUIÇÕES DA INFORMÁTICA EDUCATIVA...................................17

2.1 – Histórico da Informática na Educação no Brasil.......................................17

2.2 - Correlações entre o computador e a Teoria das Inteligências Múltiplas ...20

2.3 – As Novas Tecnologias na Atual Sociedade ..............................................23

2.4 – O Computador e as demais tecnologias educacionais...............................26

2.5 - Como nasce a Informática Educativa na escola........................................28

2.6 - Aplicações da Informática Educativa .......................................................31

2.6.1 – Objetivo da Aplicação......................................................................31

2.6.2 – Trabalhando com Editores de Texto e de Gráficos ..........................32

2.6.3 – Utilizando a Linguagem Logo .........................................................34

2.6.4 –O uso da Internet nas escolas ............................................................36

Page 8: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

2.6.5 –Robótica ............................................................................................37

2.6.6 – Compondo Histórias em Quadrinhos ...............................................38

2.6.7 – Jornal como Recurso Didático .........................................................38

2.6.8 – Banco de Dados................................................................................39

2.6.9 – Planilhas Eletrônicas ........................................................................39

2.6.10 – Softwares de Apresentação ............................................................40

2.6.11 – Jogos...............................................................................................40

CAPÍTULO III

O PAPEL DO PROFESSOR EM CONJUNTO COM A INFORMÁTICA

EDUCATIVA ......................................................................................................42

3.1 – Trabalhando em Grupo .............................................................................43

3.2 – Interdisciplinaridade no Processo de Ensino Aprendizagem ....................44

3.3 – Equipe de Informática Educativa ..............................................................44

3.4 –Relação Professor - Aluno .........................................................................48

CONCLUSÃO ......................................................................................................51

BIBLIOGRAFIA...................................................................................................52

ANEXOS ..............................................................................................................53

Page 9: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

INTRODUÇÃO

Esta monografia tem como objetivo principal tornar amplo o conhecimento do

educador, para que o mesmo possa visualizar a Informática como sendo um instrumento

de interferência no progresso global dos alunos, especialmente daqueles que apresentam

Dificuldades no Processo de Aprendizagem em sala de aula.

Sua contribuição está diretamente relacionada ao fato de que a Informática

Educativa poderá auxiliar a Educação Infantil rompendo certas barreiras e avançando

com maior liberdade, flexibilidade e prazer na busca da construção de seus

conhecimentos.

A possibilidade de utilizar a tecnologia para uma educação de qualidade não é

um sonho ou modismo, é uma realidade, mas que só se tornará possível com muito

trabalho, pesquisa e inovações nas didáticas de ensino.

A informática tem a seu favor a sua versatilidade de aplicação, sua

adaptabilidade a todas as atividades, e sem dúvida o ensino tem um meio de ser mais

aberto e de qualidade que leve a população brasileira aos mais altos níveis não só de

conhecimento tecnológico, mas também de cidadania e cultura.

O conteúdo aqui apresentado é composto por três capítulos.

No primeiro foram caracterizados os diferentes aspectos do sujeito que aprende,

ou “aprendente”: biológico, afetivo-social e cognitivo para definir o aparecimento das

dificuldades no processo de aprendizagem.

No segundo capítulo foi destacado o Histórico da Informática na Educação no

Brasil, as correlações entre o computador e a teoria das inteligências múltiplas de

Gardner, a utilização do computador como fim e como meio, o que podemos fazer com

um computador no ambiente educacional, isto é, suas possíveis aplicações enquanto

recurso didático.

Finalmente no terceiro capitulo são discutidos os pontos básicos da elaboração

das propostas de trabalho com a Informática, assim como a atitude a ser assumida pelo

mestre na qualidade de mediador, de facilitador do processo.

Page 10: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

CAPÍTULO I

A CRIANÇA E OS PROBLEMAS ESCOLARES DE

APRENDIZAGEM

Refletindo sobre a identificação das Dificuldades no Processo de Aprendizagem

– DPA – no contexto de sala de aula, entende-se que para o desenvolvimento da

aprendizagem o papel do professor e a qualidade do ambiente escolar são fundamentais

como potencializadores de um espaço de troca, de estimulação e de desafios para o

sujeito.

O aluno deverá encontrar na escola, um local onde possa continuar a se

desenvolver e a construir e reconstruir hipóteses em relação aos objetos do

conhecimento. É essencial sentir-se amparado em suas angustias, conflitos e

questionamentos, incentivado em suas reflexões, estimulado no uso e no

desenvolvimento do seu potencial.

Vigotsky contribuiu para essa linha de pensamento, enfatizando a ação do meio

ambiente (professor, colegas etc.) como estimulador e instigador da aquisição do

conhecimento pela criança. Formulou seu conceito de Zona de Desenvolvimento

Proximal (ZDP) que sustenta esse principio.

“(ZDP) é a distância entre o nível de desenvolvimento

real, que se costuma determinar através da solução

independente de problemas, e o nível de desenvolvimento

potencial, determinado através da solução de problemas sob a

orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros

mais capazes.”

(Vigotsky, 1988) 1.1 – Sujeito Aprendente – Interferências na Aprendizagem

O sujeito que aprende, que está em processo de construção de seu conhecimento

pode sofrer interferências na aprendizagem em decorrência de diversos fatores como:

Biológicos, Psico-Afetivos e Psico-Cognitivos.

Page 11: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

1.1.1 – Aparelho Biológico

Sem dúvida, o aparelho biológico de que dispõe o sujeito pode limitar, ampliar,

reduzir suas próprias possibilidades, nas suas construções e interações com o ambiente.

É com o corpo que fazemos nossas primeiras relações e aprendizagens.

Dificuldades na audição, visão, por exemplo, podem determinar modalidades

diferentes de interagir no mundo e com as pessoas, que se não forem percebidas e

trabalhadas, podem gerar sérias perturbações, tanto do ponto de vista afetivo quanto na

produção escolar. Problemas visuais ou auditivos não identificados em tempo hábil são

freqüentes causas de perturbações no processo de alfabetização e levam à repetência,

deixando “marcas” de fracasso na auto-estima do aluno.

Muitas dessas defasagens podem não ser facilmente percebidas, mas a qualquer

sinal de suspeita devem ser avaliadas por profissionais qualificados, que possibilitem

uma intervenção adequada e evitem os problemas decorrentes.

1.1.2 – Estrutura Psico-Afetiva

Ao mencionar a estrutura psíquico afetiva, aborda-se a estruturação subjetiva do

sujeito. Não se pode ignorar que o sujeito pertence a uma família que está imersa em

uma sociedade com suas contradições e diferenças sociais, morais e culturais. A sua

posição social e condições econômicas podem lhe proporcionar, ou não, maior

qualidade de vida, participação ou conscientização política.

Este emaranhado de fatores, gerador de falta de oportunidades, pode determinar

o fracasso escolar do indivíduo, muito antes dele nascer, não lhe sendo oferecidas

possibilidades de reverter esse quadro. Mais uma vez, temos a necessidade da Escola se

questionar quanto a seus papéis, ou a quem serve.

O fracasso escolar, como bem coloca Alicia Fernández (1990), responde a duas

ordens de causas:

“externas à estrutura familiar e individual do sujeito que

fracassa em aprender, ou internas à estrutura familiar e

individual.

No primeiro caso falamos do problema de aprendizagem reativo,

e no segundo, de sintoma e inibição.”

Page 12: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

Podem ser acrescentadas também dificuldades decorrentes de situações

incidentais tais como: impossibilidades temporárias decorrentes de doenças; trocas de

escola; suspensão de aulas; alterações familiares como mortes, separações etc.

Se a escola e a família abordarem estas questões de forma inadequada, elas

poderão vir de encontro com problemáticas já existentes na criança ou em sua família, e

provavelmente, se constituirá um problema de aprendizagem-sintoma.

Vários autores chamam a atenção para o fato de que o maior percentual de

fracasso na produção escolar, de crianças encaminhadas aos consultórios e clinicas,

encontra-se no âmbito do problema de aprendizagem reativo, produzido e incrementado

no ambiente escolar.

Neste sentido, a Informática Educativa pode funcionar como um recurso de

prevenção a tais problemas, através de uma metodologia adequada, em que as atividades

permitam a troca social, a estimulação psicomotora e o crescimento cognitivo.

1.1.3 – Estrutura Psico-Cognitiva

Quanto à estrutura psico-cognitiva deverá ser tomada uma postura a cerca do

processo de aprendizagem / construção do conhecimento, bastante diferenciada de uma

postura que só valorize o treinamento como forma de ensinar-aprender.

De acordo com Barbosa (1994, p.71):

“Enquanto nas teorias associacionistas o sujeito da

aprendizagem é um sujeito passivo, que recebe o ensino e

aprende, nas abordagens cognitivas é um sujeito ativo que age

sobre o conhecimento, apropriando-se do objeto a ser

apreendido”.

Se considerarmos as contribuições de Emília Ferreiro e Ana Teberosky,

encontraremos as crianças construindo o seu próprio processo de alfabetização, vivendo

conflitos cognitivos progressivamente mais elaborados, até chegar ao sistema alfabético.

Nessa perspectiva, uma criança que escreva OEO e leia CO-E-LHO está dentro

de uma lógica de formulação de hipóteses do nível silábico. Um professor que seja

consonante com esta visão entenderá isto e proporcionará atividades estimuladoras seja

Page 13: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

em grupos pequenos ou no “grupão” da turma, num ambiente enriquecedor, que a

coloque em conflitos e reflexões para evoluir até chegar a uma ordem alfabética.Outro

professor que desconsidere tal visão tratará esta resposta (OEO) como absurda, sem

propósito, que está “comendo letras”, patologizando o aluno, muitas vezes

encaminhando-o precipitadamente para atendimento com profissional especializado.

Da mesma forma, para muitos professores ficam confusas as questões das

categorias operatórias de Piaget (classificação, inclusão, intercessão e reversibilidade).

Usam-nas apenas para “testar” a criança, avaliar o nível em que se encontra (operatório

ou pré-operatório) e não avançam no processo de construção cognitiva de seus alunos.

Assim, por vezes, fica complicado para a criança entender as relações de classe e

inclusão, presentes em bairro/município/ estado/ país, ou ainda conteúdos de História e

Geografia, que necessitem também da construção das noções temporal e espacial.

O mesmo fazem com o material concreto tipo “blocos lógicos”, “ensinando” seu

uso, ou simplesmente deixando que sejam manipulados, sem promover a verdadeira

troca entre os alunos, não percebendo a relação desses trabalhos com a aquisição real do

número, com a compreensão das operações matemáticas, que exigem raciocínios de

inclusão, intercessão, reversibilidade, etc.

Desta forma, na identificação das DPA no contexto da sala de aula, cabe ao

professor e aos demais profissionais da escola envolvidos no processo ensino-

aprendizagem, analisar o seu próprio perfil didático e o do funcionamento da instituição,

em coerência com o que está sendo exigido e detectado no aluno.

1.2 – Dificuldades mais freqüentes

Como bem colocam Alba Maria e Mara Lúcia (2001, p.58), a seguir serão

listadas, algumas das dificuldades dos alunos em sala de aula, segundo os seus

professores, tendo em mente que elas não se dão isoladamente, mas sim muitas vezes

entrecruzadas e combinadas.

“Falta de atenção / pouca concentração – não olha nunca para o

dever e sim para o lado; faz de qualquer jeito, sem olhar; não

termina o que começou.

Hiperativo – nunca fica quieto; não pára; levanta o tempo todo;

não se fixa em nada; mexe com os colegas.

Page 14: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

Lento – não acaba nem de copiar o cabeçalho.

Dificuldade de memorizar o conteúdo escolar – parece que não

guarda; as coisas não ficam na cabeça.

Dificuldade de compreensão – não pensa; não entende.

Interesse apenas em algumas disciplinas / conteúdos – fracassa

só na Matemática; lê bem, mas a ortografia.

“Dá o branco” – ele sabe, mas fracassa nas provas e testes.

“É agressivo” – responde ao professor; provoca sempre brigas.

Dificuldades em desenvolver textos por escrito – ele sabe contar

ótimas histórias, mas na hora de escrever.

Letra ilegível – ele até escreve certo, mas não dá para entender o

que está escrito.” Existem casos de crianças com baixo rendimento escolar que, diante do

computador, mostram-se mais participativas e interessadas. Outras ditas hiperativas na

sala de aula, comportam-se com mais tranqüilidade na aula de Informática. Há também

situações opostas, com incidentes de súbita agressividade com a máquina, ou

dificuldades específicas que se revelam e / ou intensificam a partir dessa experiência.

É de fundamental importância a reflexão sobre a realidade da Informática

Educativa nas escolas, o seu potencial e o tipo de influência que o computador pode

exercer sobre as crianças.

Há casos de crianças que não correspondem, satisfatoriamente, às expectativas

da escola. Diante desse fato é imprescindível um olhar atento. Esta é uma tarefa que

exige sensibilidade e, talvez, a ajuda de profissionais especializados. No entanto, é

necessário muito cuidado para não estabelecer falsos limites à capacidade do aluno, por

meio de rótulos como: “portador de dificuldades de aprendizagem”.

Se a criança já estiver em acompanhamento com psicólogo, psicopedagogo,

fonoaudiólogo ou outro profissional, é importante tentar integrá-lo ao trabalho realizado

na escola. Assim, esse profissional pode esclarecer melhor seu diagnóstico ou

tratamento, ajudando a descobrir novos caminhos para o professor chegar a essa

criança; pode também avaliar, junto com a escola, se a metodologia empregada está

adequada às características da criança.

No trabalho interdisciplinar, todos os profissionais que lidam com o sujeito

trocam experiências e contribuem, cada um com sua área de conhecimento, para o

Page 15: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

desenvolvimento global desse mesmo sujeito. De qualquer forma, nessa troca, a escola

tem grande contribuição a dar à terapia realizada na clinica.

É importante “apostar” sempre nas possibilidades da criança e não a

superproteger ou, ao contrário, expor suas dificuldades para que se torne o “atrativo” da

turma. Através do diálogo, o grupo compreenderá que são todos diferentes e sempre

haverá algo que não sabem fazer, ou demoram mais tempo para aprender.

(Angotti, 1994, p.24) destaca:

“A criança precisa tornar-se consciente de si mesma,

senhora dos seus atos, para que, através da ´mente absorvente´,

utilize-se do poder de chamar para si os elementos que lhe são

indispensáveis, apropriando-se deles, incorporando-os à sua

pessoa, transformando em beneficio do seu ´crescimento´ e da

expressão do seu ser.”

Certas dificuldades, surgidas no trabalho de Informática, são devidas à

inadequação do tipo de experiência anteriormente vivida pela criança, em confronto

com a exigência escolar. Dessa forma, são diagnosticados precipitadamente certos

“problemas”, como, por exemplo: má coordenação motora (o aluno não consegue

dominar o manuseio do mouse), pobreza de vocabulário (a criança só produz duas

linhas utilizando software que possibilita elaborar histórias), entre outros.

A interação com a máquina não substitui a necessidade de conhecer seu próprio

corpo, e explorá-lo, assim como de vivenciar situações concretas, reais. Estas poderão

ter ocorrido ou não, ao longo de sua vida, dependendo das oportunidades que lhe foram

proporcionadas pela família e pela Escola. Programas de computador não substituem a

manipulação de objetos reais, concretos, indispensáveis para algumas crianças.

Se, no uso da Informática Educativa, houver uma perspectiva de construção do

conhecimento, o computador perderá o caráter mágico de “mestre infalível”, e o aluno

poderá posicionar-se como o verdadeiro construtor do próprio conhecimento.

O professor ficará como o responsável por planejar atividades, utilizando o

computador como recurso para atingir seus objetivos pedagógicos. Neste caso, a “aula

de Informática” não representará um fim em si mesma e deverá levar em consideração o

aluno, o grupo, os recursos utilizados e as relações existentes entre eles.

Page 16: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

A Informática Educativa, quando bem planejada e implementada, será um

eficiente meio de prevenção das Dificuldades no Processo de Aprendizagem.

A escola, o professor devem atuar tanto na prevenção das dificuldades de

aprendizagem, como também evitando a cristalização de algumas dificuldades mais

superficiais. Mais uma vez, deve-se ressaltar que muitos dos casos de dificuldades, de

obstaculização na aprendizagem, não podem ser resolvidos exclusivamente pela escola,

constituindo-se em casos para encaminhamento a profissionais especializados, tornado-

se necessária uma atuação integrada entre a Escola e o trabalho clínico.

Page 17: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

CAPÍTULO II

CONTRIBUIÇÕES DA INFORMÁTICA EDUCATIVA

2.1 – Histórico da Informática na Educação no Brasil

A Informática na Educação, no Brasil, nasceu a partir do interesse de educadores

de algumas universidades brasileiras motivados pelo que já vinha acontecendo em

outros países como Estados Unidos da América e França.

Em 1971, foi realizado na Universidade Federal de São Carlos um seminário

intensivo sobre o uso de computadores no ensino de Física, ministrado por E. Huggins,

especialista da Universidade de Dartmouth, Estados Unidos da América (Souza, 1983).

Ainda em 1971, o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras

promoveu, no Rio de Janeiro, a Primeira Conferência Nacional de Tecnologia em

Educação Aplicada ao Ensino Superior. Durante essa conferência, um grupo de

pesquisadores da Universidade de São Paulo, acoplou, via modem, um terminal no Rio

de Janeiro a um computador localizado no campus da Universidade de São Paulo

(Souza, 1983).

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1973, o Núcleo de Tecnologia

Educacional para a Saúde e o Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional

usou software de simulação no ensino de Química.

Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ainda em 1973, realizaram-se

algumas experiências, usando simulação de fenômenos de Física com alunos de

graduação. O Centro de Processamento de Dados da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul desenvolveu o software SISCAI para avaliação de alunos de pós-

graduação em Educação.

Em 1982, o SISCAI foi traduzido para os microcomputadores de 8 bits como

CAIMI (CAI para Microcomputadores), funcionando como um sistema CAI (Instrução

auxiliada por computador ou o Computer Aided Instruction) e foi utilizado no ensino do

2º grau pelo grupo de pesquisa da Faculdade de Educação, liderado pela professora

Lucila Santarosa.

Na Universidade Estadual de Campinas, em 1974, José Armando Valente

desenvolveu com um aluno de iniciação cientifica, Marcelo Martelini, um software tipo

CAI, implementado em linguagem BASIC, para o ensino de fundamentos de

Page 18: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

programação BASIC. Esse CAI foi usado por alunos do Mestrado em Ensino de Ciência

e Matemática, coordenado pelo Prof. Ubiratan D’ Ambrósio, realizado no Instituto de

Matemática, Estatística e Ciência da Computação e financiado pela Organização dos

Estados Americanos e Ministério da Educação.

Em 1975, aconteceu a primeira visita de Seymour Papert e Marvin Minsky ao

Brasil, que lançaram as primeiras sementes das idéias do Logo.

Em 1976, um grupo de professores do Departamento de Ciência de Computação,

produziu o documento “Introdução a Computadores” (Takahashi et al, 1976), financiado

pelo Programa de Expansão e Melhoria do Ensino.

Ainda em 1976, foram iniciados os primeiros trabalhos com o uso de Logo com

crianças1. Papert e Minsky retornam ao Brasil para ministrar seminários e participar das

atividades do grupo de pesquisa sobre o uso de Logo em educação que tinha se

estabelecido. Essas experiências e estudos deram origem à dissertação de mestrado de

Maria Cecília Calani (1981) e, posteriormente, o grupo de pesquisa foi consolidado com

a criação do Núcleo de Informática Aplicada à Educação, em maio de 1983.

Em 1981, o Logo foi intensamente utilizado por um grupo de pesquisadores

liderados pela professora Léa da Cruz Fagundes do Laboratório de Estudos Cognitivos

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O Laboratório de Estudos Cognitivos

foi criado em 1973 por pesquisadores preocupados com as dificuldades da

aprendizagem de matemática apresentadas por crianças e adolescentes da escola

pública. Os estudos realizados tinham uma forte base piagetiana e eram coordenados

pelo Dr. Antônio Battro, discípulo de Piaget.

O Logo, também desenvolvido com bases piagetianas, passou a ser uma

importante ferramenta de investigação de processos mentais de crianças de 7 a 15 anos

que faziam parte dos estudos do Laboratório de Estudos Cognitivos.

Portanto, existiam no inicio dos anos 80 diversas iniciativas sobre o uso da

informática na educação, no Brasil. Esses esforços, aliados ao que se realizava em

outros países e ao interesse do Ministério de Ciência e Tecnologia na disseminação da

informática na sociedade, dispertaram o interesse do governo e de pesquisadores das

1 Essa experiência era realizada com filhos de professores da Universidade Estadual de Campinas e utilizava o único terminal de raio catodo ligado ao computador PDP 10 que a Universidade Estadual de Campinas dispunha.

Page 19: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

universidades na implantação de programas educacionais baseados no uso da

informática.

Essa implantação teve inicio com o primeiro e o segundo Seminário Nacional de

Informática em Educação, realizados respectivamente na Universidade de Brasília em

1981 e na Universidade Federal da Bahia em 1982 (Seminário Nacional de Informática

na Educação 1 e 2, 1982).

Esses seminários estabeleceram um programa de atuação que originou o Projeto

EDUCOM e que foi implantado pela Secretaria Especial de Informática e pelo

Ministério da Educação, com suporte do CNPq e FINEP, órgãos do Ministério de

Ciência e Tecnologia. O Projeto EDUCOM permitiu a formação de pesquisadores das

universidades e de profissionais das escolas públicas que possibilitaram a realização de

diversas ações iniciadas pelo Ministério da Educação, como realização de Concursos

Nacional de Software Educacional (em 1986, 1987 e 1988), a implementação do Curso

de Especialização em Informática na Educação (realizados em 1987 e 1989), e

implantação nos estados dos Centros de Informática em Educação (iniciado em 1987).

Em 1989, foi implantado na Secretaria Geral do Ministério da Educação o Plano

Nacional de Informática Educativa. Esse programa consolidou as diferentes ações que

tinham sido desenvolvidas em termos de normas e uma rubrica no Orçamento da União,

realizou o Curso de Especialização em Informática na Educação III (Goiânia) e IV

(Aracajú) destinados a formar professores das escolas técnicas e implantou os Centros

de Informática Educativa nas Escolas Técnicas Federais.

Em 1997, foi criado o Programa Nacional de Informática na Educação,

vinculado à Secretaria de Educação a Distância, do Ministério da Educação e sob a

coordenação de Cláudio Salles.

Esse programa implantou, até o final de 1998, 119 Núcleos de Tecnologia

Educacional em 27 Estados e Distrito Federal, e capacitou, por intermédio de cursos de

especialização em informática em educação (360 horas), cerca de 1419 multiplicadores

para atuarem nos Núcleos de Tecnologia Educacional.

A análise das ações e políticas de informática na educação realizadas no Brasil

nos permite afirmar que, inquestionavelmente, temos conhecimento e experiências

sobre informática na educação instalados nas diversas instituições do país. Temos uma

abordagem muito particular de atuação nessa área e acumulado conhecimento e

Page 20: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

experiências que permitem ao Programa Nacional de Informática na Educação realizar

as atividades e assumir as metas planejadas.

Claro que não se está ignorando o que é realizado em outros países, mas toda a

informação e experiência que está sendo utilizada pelos diferentes elementos atuando no

programa – multiplicadores, professores, técnicos e administradores – são frutos do

trabalho que foi desenvolvido nessa área, no Brasil.

2.2 - Correlações entre o computador e a Teoria das Inteligências Múltiplas

Gardner define a inteligência como a “capacidade de resolver problemas ou

elaborar produtos que sejam valorizados em um ou mais ambientes culturais. A

inteligência não pode ser medida; ela não é um produto acabado, pois, dependendo do

contexto sócio-econômico-cultural, uma ação pode ser valorizada em um ambiente e em

outro ambiente não ter nenhuma significância”. Gardner apresenta sete competências

intelectuais autônomas do ser humano:

Ø Inteligência lingüística: habilidade ou capacidade em lidar com os desafios

relacionados com a linguagem.

Ø Inteligência lógico-matemática: habilidade de resolução de problemas por

meio da dedução e da observação.

Ø Inteligência corporal-cinestésica: habilidade em utilizar movimentos

corporais para superar desafios de uma determinada realidade.

Ø Inteligência musical: habilidade de produzir e perceber as notações

musicais.

Ø Inteligência espacial: habilidade em abstrair interação com o ambiente, o

espaço e o ciberespaço para elaborar um produto ou resolver um problema.

Ø Inteligência intrapessoal: habilidade em conhecer os aspectos internos de

uma pessoa.

Ø Inteligência interpessoal: habilidade em perceber as intenções e desejos

dos seus interlocutores e, com isso, resolver ou minimizar problemas de

comunicação e relacionamento.

Além das inteligências acima citadas, outras estão em fase de pesquisa, que

são:

Page 21: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

Ø Inteligência Pictórica: habilidade em transcrever situações, fatos, emoções

por meio de desenhos.

Ø Inteligência Naturalista: habilidade em lidar com situações ligadas à

natureza.

Ø Inteligência Existencial: habilidade em lidar com situações relacionadas

à religiosidade.

Baseados nas abordagens mencionadas anteriormente, podemos verificar quanto

o uso do computador pode ser importante e útil para o desenvolvimento dos aspectos de

garantia do sucesso no século XXI e para o próprio desenvolvimento das habilidades

especificas do ser humano.

Para exemplificar as correlações entre o computador e as demais abordagens

apresentadas, a seguir são sugeridas algumas exemplificações, tais como:

Ø Por meio de softwares abertos, mais especificamente, os editores de textos,

é possível desenvolver diversas atividades que estimulam as habilidades

lingüísticas, tais como a escrita e a leitura, promovendo diferentes tipos de

produções.

Ø Os softwares de simulações e de programação são excelentes recursos

computacionais que permitem o aprimoramento das habilidades de lógica,

matemática e de resolução de problemas.

Ø Por meio dos softwares gráficos, é possível estimular o desenvolvimento

das habilidades pictóricas. Os softwares gráficos disponibilizam uma série

de recursos que facilita a criação de desenhos e representações artísticas.

Ø Como medidor e planejador de atividades físicas, o computador poderá ser

um grande aliado.

Ø O grande “trunfo” do computador é sua característica interativa com o

meio. Por meio dele é possível integrar diversas mídias e demais recursos

tecnológicos, desde o rádio, a televisão, os vídeos, as filmadoras; portanto,

um recurso perfeito para trabalhar sons e, ainda, torna-los visuais conforme

as descrições de seus compassos, medidas dos ritmos sonoros.

Ø A Internet, como mídia que mais cresce nos últimos anos e tende a ser a

mídia mais popular a médio prazo, tem uma característica ampla de

possibilitar diversos tipos de comunicações e interações entre culturas, de

Page 22: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

forma bastante enriquecedora. Quais são as abordagens das pessoas

discutindo as questões históricas entre seus países? Por exemplo: qual é a

visão da escravidão para os alunos portugueses, comparando-a com a visão

dos alunos brasileiros? Para discussão de um tema como este é de

fundamental importância que ambos os agentes ativos estejam preparados

quanto aos seus aspectos interpessoal e intrapessoal.

Citando Beatriz Scoz (1994)

“é preciso planejar situações educativas que promovam

uma aprendizagem efetiva, levando os alunos a explicitarem seus

conhecimentos, a questionarem, a preencherem lacunas de

informações, a se apropriarem de novos conhecimentos. Também

é necessário orientar a interação social por meio de regras

claras e bem definidas, organizando, integrando e apresentando

os conhecimentos, concebendo atividades bem coordenadas,

ajudando os alunos a superar os entraves que, necessariamente,

aparecem ao longo do saber.”

Percebe-se que os computadores possuem diferentes tipos de utilidades,

compatíveis com o mundo em que vivemos: em constante mutação e interativo.

Por meio dele, a escola poderá estimular a busca do conhecimento e a

criatividade do aluno, haja vista que no terceiro milênio o conhecimento será o grande

diferencial de competição. Onde pais, educadores e empresários terão a mesma

preocupação: investir no conhecimento de crianças, jovens e adultos.

Outra bandeira fundamental do terceiro milênio, por ser a “era do

conhecimento”, será a capacidade de aprender rapidamente, de se adaptar à nova, rápida

e emergente tecnologia.

O importante não é o montante de conhecimento a ser acumulado, mas fazer

com que esses conhecimentos sejam a base para as futuras e novas aprendizagens.

Page 23: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

2.3 – As Novas Tecnologias na Atual Sociedade

Mudança é a palavra de ordem na sociedade atual. Os meios de produção e de

serviço passam por profundas mudanças, caracterizadas como uma mudança de

paradigma da produção em massa, do empurrar a produção para o paradigma da

produção “enxuta2”, do puxar a produção.

Essas mudanças implicam profundas alterações em praticamente todos os

segmentos da nossa sociedade, afetando a maneira como atuamos e pensamos. Elas

demarcam a passagem para a sociedade do conhecimento, na qual fatores tradicionais

de produção como matéria prima, o trabalho e o capital terão um papel secundário,

como apontam diversos pensadores (Drucker, 1993; Naisbitt & Aburdene, 1990;

Toffler, 1990).

“Durante o século XIX e a primeira metade do século XX,

era possível dar como certo que as tecnologias estranhas a uma

indústria exerciam impactos mínimos sobre aquela indústria.

Quem conhecesse bem sua própria tecnologia prosperava”

(Drucker, 1998)

O conhecimento e, portanto, os seus processos de aquisição assumirão papel de

destaque, de primeiro plano. Essa valorização do conhecimento demanda uma nova

postura dos profissionais em geral e, portanto, requer o repensar dos processos

educacionais, principalmente aqueles que estão diretamente relacionados com a

formação de profissionais e com os processos de aprendizagem.

A mudança pedagógica que todos almejam é a passagem de uma educação

totalmente baseada na transmissão da informação, na instrução, para a criação de

ambientes de aprendizagem nos quais o aluno realiza atividades e constrói o seu

conhecimento. Essa mudança acaba repercutindo em alterações na escola como um

todo: sua organização, na sala de aula, no papel do professor e dos alunos e na relação

com o conhecimento.

2 O termo “produção enxuta” é uma tradução do termo “lean production” instituído por Womack, Jones & Roos (1990), para designar uma produção sem desperdícios de energia, tempo, material e esforço humano.

Page 24: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

Se a mudança na Educação é lenta e quase imperceptível, a mudança em outros

segmentos da nossa sociedade – como no sistema produtivo – é rápida, visível, afetando

drasticamente o nosso comportamento, principalmente o modo de trabalhar e, por

conseguinte, o modo de pensar e atuar.

O que ocorre no sistema produtivo é a passagem do paradigma da produção em

massa para o paradigma da produção “enxuta” – do Fordismo, que empurra o produto

na linha de montagem e, portanto, para o cliente, para uma produção desencadeada pelo

cliente “puxando” o produto da prateleira.

Alguns serviços, como supermercados, bancos 24 horas e restaurantes “self-

service” já operam com base no paradigma enxuto, também conhecido como o

paradigma do “puxar”. Embora sutil, a mudança do “empurrar” para o “puxar”, implica

em alterações profundas, principalmente, do nível de formação dos trabalhadores.

No Fordismo, o controle da produção está centralizado nas mãos de especialistas

que planejam a tarefa, fragmentando-a em subtarefas simples para serem dominadas e

realizadas por trabalhadores com pouca qualificação.

Já a produção enxuta exige trabalhadores melhor qualificados, capazes de

assumir responsabilidades, tomar decisões, e buscar soluções para problemas que

ocorrem durante o processo de produção. De fato, o nosso bom desempenho no

supermercado, no banco 24 horas e no restaurante “self-service” exige muito mais

conhecimento e discernimento do que acontecia quando éramos “servidos”.

Essa mudança na produção de bens e nos serviços implicará, certamente, em

mudanças no sistema educacional. A educação deverá operar segundo esse novo

paradigma. Isso implicará em professores mais bem qualificados, não para empurrar a

informação ao aluno, mas para saber criar situações onde o aluno “puxa” a informação.

Mais ainda, somente ter a informação, não implica em ter conhecimento.

O conhecimento deverá ser fruto do processamento dessa informação, aplicação

dessa informação processada na resolução de problemas significativos e reflexão sobre

os resultados obtidos. Isso exigirá do aluno a compreensão do que está fazendo para

saber tomar decisões, atuar e realizar tarefas. Portanto, a educação não pode ser mais

baseada em um fazer descompromissado, de realizar tarefas e chegar a um resultado

igual à resposta que se encontra no final do livro texto, mas do fazer que leva ao

compreender.

Page 25: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

“(...) a escola pode se tornar o espaço onde os alunos e

especialistas se encontram para esclarecer e digerir, refletir e

depurar suas idéias. Deverá ser o espaço na nossa sociedade, no

qual a informação adquirida das mais diferentes formas, meios e

locais, poderá ser convertida em conhecimento.”

(Paulo Freire, 1996)

Implantar mudanças na escola, adequando-a às exigências da sociedade do

conhecimento, constitui hoje um dos maiores desafios educacionais (Hargreaves, 1995).

A escola é um espaço de trabalho complexo, que envolve inúmeros outros

fatores, além do professor e alunos. A implantação de novas idéias depende,

fundamentalmente, das ações do professor e dos alunos. Porém essas ações, para serem

efetivas, devem ser acompanhadas de uma maior autonomia para tomar decisões, alterar

o currículo, desenvolver propostas de trabalho em equipe e usar novas tecnologias da

informação.

Para Aroeira (1996, p.27):

“a forma empirista de pensar tem levado muitos

professores a tratar o aluno como aquele que nada sabe, (...)

enquanto ele, professor, é o que já sabe, o possuidor do saber.

Assim, é o mestre que escolhe o que, como e quando ensinar.”

De acordo com Garcia (1995), é preciso pensar o novo papel do professor de

modo amplo, não só com relação ao seu desempenho frente à classe, mas em relação ao

currículo e ao contexto da escola. Portanto, a mudança na escola deve envolver todos os

participantes do processo educativo – alunos, professores, diretores, especialistas e a

comunidade de pais.

É diante de todas essas mudanças, oriundas das transformações sociais e do

avanço das tecnologias, que percebemos as mudanças que estão ocorrendo com o

comportamento dos homens e das mulheres.

É necessária a formação de um novo homem. O perfil do novo profissional não é

mais o especialista. O importante é saber lidar com diferentes situações, resolver

problemas imprevistos, ser flexível e multifuncional e estar sempre aprendendo.

Page 26: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

Algumas dessas mudanças podem ser realizadas pelo professor que, tendo uma

visão de futuro e possuindo mente aberta para refletir criticamente sobre sua prática no

processo de ensino-aprendizagem, torna-se um agente ativo no sistema educacional.

Nessa “onda” de mudança a informática deverá assumir duplo papel na escola.

Primeiro, deverá ser uma ferramenta para permitir a comunicação de profissionais da

escola e consultores ou pesquisadores externos, permitindo a presença virtual desse

sistema de suporte na escola. Segundo, a informática poderá ser usada para apoiar a

realização de uma pedagogia que proporcione a formação dos alunos, possibilitando o

desenvolvimento de habilidades que serão fundamentais na sociedade do conhecimento.

Somente a inclusão da informática na escola, o fato do aluno usar o computador

para realizar tarefas (agora bem apresentadas, coloridas, animadas, etc.) não é indicação

de que ele compreendeu o que fez, mais ainda não é indicação de mudança.

A qualidade da interação aprendiz-objeto, descrita por Piaget é, particularmente

pertinente no caso do uso da informática e de diferentes softwares educacionais. Do

mesmo modo que não é o objeto que leva à compreensão, não é o computador que

permite ao aluno entender ou não um determinado conceito. A compreensão é fruto de

como o computador é utilizado e de como o aluno está sendo desafiado na atividade de

uso desse recurso.

2.4 – O Computador e as demais tecnologias educacionais

Muitos educadores consideram o termo tecnologia educacional como um

paradigma do futuro, mas a tecnologia educacional está relacionada aos antigos

instrumentos utilizados no processo ensino-aprendizagem.

Pablos Pons (1994) define tecnologia educacional da seguinte forma:

“É uma maneira sistemática de elaborar, levar a cabo e

avaliar todo o processo de aprendizagem em termos de objetivos

específicos, baseados na investigação da aprendizagem e da

comunicação humana, empregando uma combinação de recursos

humanos e materiais para conseguir uma aprendizagem mais

efetiva”.

Page 27: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

As escolas também são tecnologias; são alternativas de solução para a educação

e aprendizagem. Mecklenburger (1990) afirma:

“A escola é uma tecnologia da educação, no mesmo

sentido em que os carros são uma tecnologia do transporte. Com

a escolaridade maciça, as salas de aula são invenções

tecnológicas criadas com a finalidade de realizarem uma tarefa

educacional. São um meio de organizar uma grande quantidade

de pessoas para que possam aprender determinadas coisas”.

O giz, a lousa, o retroprojetor, o vídeo, a televisão, o jornal impresso, um

aparelho de som, um gravador de fitas cassete e de vídeo, o rádio, o livro e o

computador são todos elementos instrumentais componentes da tecnologia educacional.

Mas, por que tantas atenções voltadas para o computador?

Os demais instrumentos têm seus usos limitados. Por exemplo, a programação

de uma aula com o uso do rádio terá sempre de ser realizada no horário do programa da

transmissora de rádio. Não há como pararmos um noticiário para efetuar

questionamentos. O aluno é um receptor das mensagens transmitidas, não ocorrendo a

interatividade com o rádio. O videocassete possibilita a paralisação da apresentação,

conforme o interesse do professor, mas também não ocorre a interatividade. No caso do

giz, além de ter uma produção lenta e cansativa, muitos professores apresentam

sintomas alérgicos ao seu pó; dessa forma, o retroprojetor ganhou um imenso impulso,

facilitando, agilizando e tornando a aula mais atrativa, mas este não apresenta

características além da projeção de imagens num telão. O uso da televisão, também, é

passivo, e temos de nos adequar à programação prevista pela emissora.

Segundo Colom Cañellas (1994):

“(...) utilizando a informática, o homem alcança novas

possibilidades e estilos de pensamento inovador jamais postos

em prática. (...) A tecnologia vai transformando, também, as

nossas mentes porque de alguma maneira temos acesso aos

dados, mudamos nosso modelo mental da realidade (...). Os

Page 28: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

integrados entendem a tecnologia como neutra, objetiva, positiva

em si mesma e cientifica. Incorporá-la é sinônimo de progresso

(...)”

O ganho do computador em relação aos demais recursos tecnológicos, no âmbito

educacional, está relacionado à sua característica de interatividade, à sua grande

possibilidade de ser um instrumento que pode ser utilizado para facilitar a aprendizagem

individualizada, visto que ele só executa o que ordenamos; portanto, limita-se aos

nossos potenciais e anseios. Além disso, vários dos recursos tecnológicos citados

anteriormente podem ser incorporados ao computador.

Já é possível acessarmos a Internet e ao mesmo tempo ouvir rádio, a partir do

“real áudio”; podemos inserir, nas nossas apresentações nos computadores, as fotos e

filmagens que produzimos com a máquina fotográfica e a filmadora; os retroprojetores

tomam uma nova forma, passando para os “data-show”; para acessarmos a televisão

pelo computador, basta termos o Aver TV; podemos conversar com pessoas distantes,

utilizando o microfone do computador. O computador funciona como um grande

aglutinador das várias tecnologias existentes.

O computador é uma máquina que possibilita a interatividade em tempo real. O

conceito básico de diferenciação dessa máquina em relação às demais, também, se dá

por conta do seu próprio sistema de funcionamento: entrada, processamento e saída de

informações – sistema do qual nenhuma outra máquina dispõe.

2.5 - Como nasce a Informática Educativa na escola

As instituições escolares têm escolhido diferentes formas de introdução da

Informática Educativa em seu trabalho, muito em função de sua história particular.

Ao longo dos últimos anos, aconteceram movimentos oriundos de diversos

pontos. Algumas escolas de vanguarda, procurando estar sempre atualizadas e

integradas com a evolução da sociedade, começaram a buscar informações e formas de

implantação, ainda na época do “velho” MSX – um dos primeiros computadores

pessoais, que utilizava acessórios como fita cassete para armazenar dados.

Page 29: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

Muitas escolas públicas e privadas participaram e ainda participam de projetos

conjuntos com universidades. Outras, conveniadas com grandes empresas de

computação que começaram também a entrar no mercado escolar.

No momento, vários projetos governamentais de informática são desenvolvidos

para implantação crescente na rede pública de ensino. Algumas experiências

acadêmicas surgiram a partir do interesse de determinado membro ou grupo da própria

instituição, querendo desenvolver projetos envolvendo a Informática Educativa.

Empresas se organizaram com o intuito de formar uma equipe na escola ou terceirizar

totalmente esse serviço.

Vivenciamos hoje, uma inegável “ebulição” da Informática Educativa, num

processo crescente e contraditório, como não poderia deixar de ser, de apropriação desta

ferramenta, com deslumbramentos, frustrações, ganâncias, progressos e reestruturações.

Algumas escolas decidem manter convênios com empresas de terceirização, que

trazem os computadores e/ ou seus instrutores. Outras, adquirem seus próprios

equipamentos, contratam professores ou, ainda, treinam sua equipe de sala de aula para

utilizar o computador.

A decisão sobre qual dos caminhos a escola deverá seguir, passa pela definição

dos objetivos do trabalho com a Informática.

“(Não) se deve cometer o erro de imaginar que a mudança

educacional será guiada pelas novas tecnologias da informação

e da comunicação, por mais poderosas que estas sejam. A

educação é muito mais que seus suportes tecnológicos; encarna

um principio formativo, é uma tarefa social e cultural que, sejam

quais forem as transformações que experimente, continuará

dependendo, antes de tudo, de seus componentes humanos, de

seus ideais e valores. A história nos ensina que as tecnologias da

palavra são cumulativas e não substitutivas, e que dependem dos

fins sociais e não o contrário... Por último, não cabe postular que

a revolução educacional chegará a nossas cidades

independentemente do que façam seus agentes sociais. Em

Page 30: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

épocas de globalização, a ameaça não é ficarmos para trás, é

ficarmos excluídos”.

(José Joaquín Brunner, 2001)

O computador é um recurso caro, se comparado ao custo de lápis ou de livros,

mas não é auto suficiente para ser tratado como algo mais que um recurso didático que

pode, por si só, resolver todos os problemas da escola. Sua aquisição se justifica pelas

inúmeras possibilidades de utilização, que serão decisivas para o sucesso ou fracasso do

trabalho desenvolvido.

Pode-se afirmar que o uso do computador só funciona efetivamente como

instrumento no processo de ensino-aprendizagem, se for inserido num contexto de

atividades que desafiem o grupo em seu crescimento. Espera-se que o aluno construa o

conhecimento: na relação consigo próprio, com o outro (o professor e os colegas) e com

a máquina.

“Dizer que estruturas intelectuais são construídas pelo

aluno, ao invés de ensinadas por um professor não significa que

elas sejam construídas do nada. Pelo contrário, como qualquer

construtor, a criança se apropria, para seu próprio uso, de

materiais que ela encontra e, mais significativamente, de

modelos e metáforas sugeridos pela cultura que a rodeia”.

(Papert, 1986)

É fundamental que a escola reflita sobre o papel do sujeito que aprende. Sua

postura não pode ser mais, uma postura em que o aluno seja um receptor passivo de

informações, mas sim, um indivíduo ativo, responsável pela sua própria aprendizagem.

Desta forma, não será a mera entrada da Informática que alterará o curso do

processo de ensino-aprendizagem. Sua utilização, como uma nova mídia educacional,

servirá como ferramenta dentro de um ambiente que valorize o prazer do aprendiz em

construir seu processo de aprendizagem, através da integração de conteúdos

programáticos significativos, não estanques. Comumente, estes são deformados para se

adaptarem ao currículo obrigatório na Escola.

Page 31: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

É importante saber o que pensa o professor de sala de aula, sobre o tema em

questão. Ele quer ser preparado para utilizar este instrumento ou prefere entregar seus

alunos ao instrutor de Informática, enquanto faz outras atividades do próprio interesse?

Esta é uma questão básica no cotidiano das escolas, uma vez que é o professor

quem cria, organiza e promove esse ambiente. Cabe a ele “facilitar” o processo de

ensino-aprendizagem, fornecendo recursos para que o aluno desenvolva, ao máximo,

seu processo de aprender.

Enfim os computadores estão chegando as nossas escolas e diante deles,

encontram-se professores com sentimentos diversos, como por exemplo:

Ø Professores que resistem ao trabalho realizado no laboratório de Informática, não

querendo se envolver.

Ø Professores que aceitam bem o trabalho, mas este é independente das atividades

curriculares.

Ø Professores que mesmo não sendo responsáveis pelo laboratório, procuram entrar,

conhecer o trabalho, tentando integrar ao máximo os objetivos.

Ø Professores da sala de aula conduzem seus alunos aos computadores e

desenvolvem com eles atividades, inseridas em projetos, dando, assim,

continuidade às atividades curriculares já iniciadas.

Ø Uma outra situação bem distinta em relação ao uso da Informática na Educação

seria uma pequena integração, aonde algumas atividades de Informática Educativa

servem de reforço ao que é trabalhado em sala de aula.

2.6 – Aplicações da Informática Educativa

2.6.1 – Objetivo da Aplicação

A classificação do uso do computador conforme o objetivo da aplicação pode ser

definida como: utilização do computador para fins pedagógicos ou sociais.

Pedagógico: a escola utiliza o computador como ferramenta, independentemente

da abordagem. A escola usa o computador para complementos e sensibilizações

disciplinares ou projetos educacionais.

Social: a escola preocupa-se em repassar para os alunos alguns conteúdos

tecnológicos.

Page 32: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

As escolas que utilizam apenas a abordagem pedagógica do computador deixam

os alunos muito inseguros quanto ao manuseio do computador e dos softwares de

gerenciamento. Por exemplo, uma escola onde a diretora presenciou um questionamento

por parte dos pais de uma dos alunos, os quais não estavam percebendo o

aproveitamento do uso do ambiente de informática, visto que seu filho não sabia sequer

ligar o computador nem utilizar os softwares existentes em casa. Esta situação é muito

encontrada nas escolas que visam à utilização da informática somente como uma

ferramenta pedagógica.

A utilização do computador apenas como enfoque social provoca um

desconhecimento por parte dos alunos em relacionar as ferramentas tecnológicas

aprendidas com suas atividades cotidianas. Por exemplo: um aluno aprende a utilizar o

sistema operacional, editor de texto, planilha eletrônica ou outro aplicativo, entretanto

não consegue relacionar essas ferramentas com a sua vida; eles não conseguem

visualizar o computador como um aliado para suas atividades básicas e rotineiras.

O enfoque social, também, está relacionado à utilização da informática nas

diversas áreas, tais como: caixas eletrônicos dos bancos, caixas de supermercados,

terminais de consulta, etc.

A prática indicada é a conciliação dos enfoques pedagógico e social; portanto, ao

elaborar o plano de curso com a utilização da informática, deverá ser previsto um

momento em que sejam repassadas algumas orientações tecnológicas básicas associadas

às orientações pedagógicas.

2.6.2 – Trabalhando com Editores de Texto e de Gráficos

Algumas escolas iniciam seu trabalho de Informática Educativa por pequenas

experiências, no apoio à alfabetização e no desenvolvimento da escrita e da leitura.

Dessa forma, trabalhando em grupos de dois ou três alunos, pode-se desenvolver

projetos de construção e produção de pequenos textos, de textos com ilustrações, livros,

utilizando o editor de texto para corrigir, voltar, modificar, ampliar ou reduzir o que se

escreve, diminuindo angústias com o errar e favorecendo o desenvolvimento e a

fluência da escrita.

Page 33: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

É muito importante para a criança a possibilidade de ter rapidamente um produto

do seu trabalho, do seu esforço. Seu texto, sua gravura aparecem facilmente na tela. Ela

pode afirmar: eu fiz, eu produzi.

Crianças que tenham dificuldade na produção original de texto, agravada pelo

medo de errar ortograficamente, podem desenvolver, inicialmente, a cópia de algum

texto, escolhido e reproduzido pelo grupo. Isto é claro, dentro de um projeto ou

atividade mais abrangente, uma vez que copiar não deve ser um fim ou objetivo em si

mesmo. Assim, num primeiro momento, haverá a necessidade de troca entre os

participantes para a escolha de um tema de interesse de todos, podendo ser pesquisado

em livros, revistas ou jornais. Num segundo momento, para que seja digitado

corretamente, as crianças se depararão com as dificuldades do teclado em fazer til (~),

cê-cedilha (ç), acentos, etc. Esse espaço pode ser de troca, de atenção à escrita, de

concentração, de descoberta lúdica das possibilidades do teclado.

Em seqüência, pode-se ampliar a proposta para a produção de novos textos nos

moldes dos já trabalhados, avançando, assim, para uma produção mais autônoma,

espontânea e criativa.

As crianças com dificuldades na produção de textos, na ortografia, na pontuação,

pela facilitação do professor e do computador, poderão receber ajuda, dessa forma, dos

próprios colegas em situação de trabalho agradável e lúdica. O uso da impressora

permite que o texto produzido seja distribuído para os colegas. (ANEXO 1)

Os programas que possibilitam uma edição de desenhos podem também

proporcionar uma “quebra de barreiras” com relação à produção de texto, além de serem

muito importantes como forma de expressão emocional.

Crianças que, por exemplo, resistam a escrever, tanto porque não acreditam em

suas possibilidades, quanto por ainda estarem iniciando seus processos de

desenvolvimento da leitura e escrita, podem beneficiar-se muito desses programas.

Geralmente, nos softwares, quando o recurso gráfico é maior, os recursos de editor

de texto são menores (espaço menor, sem cê-cedilha, sem acentuação, etc.) Assim, sem

se sentir muito cobrada da produção da escrita, a criança pode construir pequenas

histórias, a partir dos próprios desenhos, sempre contando com a boa orientação do

professor.

Page 34: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

Esses editores gráficos também favorecem a experimentação das cores, dos

contrastes, das dimensões, num trabalho em que a produção é imediatamente vista, tanto

na tela quanto podendo ser impressa e que é feita, refeita e ampliada a qualquer

momento.

Por meio de um software gráfico como o Paint, o professor pode desenvolver uma

atividade que relacione aspectos lingüísticos e pictóricos. Por exemplo: a partir de um

texto, o aluno deverá elaborar um cenário que represente o texto fornecido pelo

professor. Ou ainda, com exercícios elaborados no Paint o professor poderá desenvolver

no aluno: a percepção memória visual; a motricidade, lateralidade e posicionamento no

espaço; identificação de formas, cores, espessuras e tamanhos; relação digito /

quantidade; algarismos; etc. (ANEXOS: 2 ao 6)

Um periférico interessante no trabalho com editores de texto e gráficos é o

scanner, podendo ser utilizado desde o pré-escolar.

Com a utilização do scanner é possível acrescentar mapas, desenhos, fotos,

manchetes, gráficos, roteiros, pequenos textos de jornais, revistas, livros, enciclopédias

de escolha do grupo de crianças e assim tornar os projetos mais criativos e originais.

Pode-se escanear fotos, a letra, a assinatura dos próprios alunos incluí-las em alguma

história ou relato pessoal.

Este tipo de trabalho auxiliará ao grupo a refletir sobre a própria produção, a tomar

decisões, escolher, avaliar, criticar o produto, refazer o caminho, enfim, melhorar as

suas condições de aprendizagem.

É valido ressaltar que para o bom desenvolvimento dos programas, é aconselhável

que o computador tenha boa capacidade de memória, monitor e impressora coloridos,

placa de som, kit multimídia e microfone.

2.6.3 – Utilizando a Linguagem Logo

Papert viu na Informática a possibilidade de realizar seu desejo de criar condições

para mudanças significativas no desenvolvimento intelectual dos sujeitos.

Para tal, Papert desenvolve uma linguagem de programação, chamada Logo, de

fácil compreensão e manipulação por crianças ou por pessoas leigas em computação e

sem domínio em matemática. Ao mesmo tempo, o Logo tem o poder das linguagens de

programação profissionais.

Page 35: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

Segundo ele próprio (1994):

“Minha meta tornou-se lutar para criar um ambiente no

qual todas as crianças – seja qual for sua cultura, gênero ou

personalidade – poderiam aprender Álgebra, Geometria,

Ortografia e História de maneira mais semelhante à

aprendizagem informal da criança pequena, pré-escolar, ou da

criança excepcional, do que ao processo educacional seguido

nas escolas.”

Bons trabalhos podem ser realizados utilizando o ambiente Logo. É muito comum

em crianças com DPA a incidência de dificuldades na organização do raciocínio lógico

e problemas no desenvolvimento das noções espaciais, o que pode se refletir na troca de

letras semelhantes na escrita e dificuldade na leitura.

As crianças podem vir a desenvolver estas noções, usando os pressupostos da

linguagem Logo. Esse é um trabalho bastante interessante, no qual a criança deve

ensinar ao robô-tartaruga a fazer algo.

Partindo dos comandos básicos do Logo e também possibilitando programações,

esses robôs instigam a curiosidade, possibilitam a experimentação concreta, fazendo

com que as crianças, além de trabalharem a psicomotricidade, sejam introduzidas, como

sujeitos ativos, em noções geométricas, de desenho, de Matemática e outras, servindo

como agente integrador das diversas atividades curriculares.

Através do trabalho com os conceitos matemáticos, o Logo contribui para o

desenvolvimento das estruturas do pensamento, o que vem a auxiliar o aluno em

qualquer disciplina.

É essencial, porém, principalmente em alunos de pré-escolar e ensino

fundamental, que, antes do computador, essas noções sejam trabalhadas pelo uso do

próprio corpo, lembrando que nessa fase ainda não podemos exigir que a criança faça,

por exemplo, projeção da lateralidade (a minha direita não é a direita do colega se ele

estiver de frente para mim).

Neste período, o espelhamento (escrita de letras e números de forma invertida) é

normal e aparece ao longo do desenvolvimento da criança.

Page 36: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

A construção da noção de espaço se consolida pela percepção, a partir do

conhecimento do próprio corpo e da exploração do ambiente.

É importante ressaltar que algumas experiências de implementação de um trabalho

com a linguagem Logo se tornam frustrantes para alunos e professores porque nem

sempre é criado um ambiente de aprendizagem adequado e em muitos casos a proposta

restringe-se ao ensino da linguagem ao invés de ser usada para a criação de programas

motivadores para o grupo, vinculados aos seus interesses e necessidades.

2.6.4 – O uso da Internet nas escolas

As escolas com maiores possibilidades econômicas não devem desprezar os

benefícios da instalação de seus computadores em rede ou ainda na conecção com a

Internet, para além do uso exclusivo de seus profissionais.

“Como marco do novo milênio, temos a Internet que, a

partir de 1995, penetrou no mercado, iniciando uma nova

revolução, a revolução digital, a era da inteligência em rede, na

qual seres humanos combinam sua inteligência, conhecimento e

criatividade para revoluções na produção de riquezas e

desenvolvimento social. Essa revolução atinge todos os

empreendimentos da humanidade – aprendizagem, saúde,

trabalho, entretenimento.”

(Tapscott, 1997)

Crianças com dificuldade de comunicação e de expressão, por serem tímidas, com

sua auto-estima abalada, ou ainda por apresentarem dificuldades orgânicas, podem se

interessar por “brincadeiras” de se comunicarem através da rede, que pode ser interna

ou conectada a um grupo de fora, mandando mensagens, cartas, fazendo entrevistas, etc.

Dessa forma, acabarão sendo estimuladas também em sua expressão escrita, pela

necessidade de se fazerem compreender pelo outro que recebe sua mensagem. É preciso

vencer o medo, a timidez, as ansiedades para, através do computador se comunicar.

Surgem, de imediato, questões que obrigam a refletir, a pensar mais, como, por

Page 37: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

exemplo: O que vou falar? Como vou falar? Como vou escrever? Vou entender o que o

outro quer? Saberei responder?

Da mesma forma, a Internet pode ampliar o mundo dessas crianças, por meio de

conexões entre escolas, construção de projetos e também na extensa fonte de pesquisa

que chega de todo o planeta.

Enriquecer o projeto do grupo com o material pesquisado através da Internet, é

uma oportunidade incrível para trabalhar expectativas, ansiedades, coragem de enfrentar

o novo, essenciais no processo de aprender.

Um projeto interessante com a Internet, já desenvolvido por várias escolas é o da

construção de homepage da escola e de cada aluno. A possibilidade de ter projetada

para o mundo a sua imagem e informações sobre si próprio, envolve o sujeito no

processo de avaliação e construção de sua auto-imagem. Além disso, a dimensão de

abertura cultural proporcionada por este projeto pode favorecer a inserção social de

pessoas privadas normalmente destas possibilidades.

2.6.5 – Robótica

Para Aroeira (1996, p.29):

“O professor que utiliza os princípios de Piaget em seu

trabalho considera o aluno como um sujeito ativo, capaz de

estabelecer relações lógicas, isto é, capaz de pensar, raciocinar,

construir internamente o seu conhecimento, o que requer

experiências, vivências, interação da criança com tudo aquilo

que ela deseja conhecer”.

A robótica (comando de movimentos de maquetes via linguagem computacional)

é um interessante integrador lúdico dos domínios da Matemática e da Física. Por

exemplo, um projeto de construção de um carro que se movimentará numa estrada com

obstáculos. O grupo envolvido terá que experimentar, descobrir e aplicar leis da Física,

para que as rodas do carro se movimentem dentro do sistema de tração das roldanas.

Dessa forma, serão necessários diferentes cálculos, tanto na elaboração, quanto na

conexão com a linguagem de programação que comandará o sistema.

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Assim, estará sendo feita uma vinculação desses conceitos físicos e matemáticos

com uma vivência prática, que os alunos podem visualizar e manipular, dando sentido

para esses conceitos, que muitas vezes ficam incompreensíveis num nível apenas

abstrato, como são usualmente transmitidos.

Nesse processo de descoberta grupal, mesmo aqueles alunos que já se auto-

rotularam como fracos nessas disciplinas, poderão descobrir o prazer de ser “cientistas

mirins”, assumindo a responsabilidade por essa aprendizagem, viabilizando-a.

2.6.6 – Compondo Histórias em Quadrinhos

Existem alguns tipos de softwares úteis ao professor que permitem a composição

de historias sob a forma de livros ou revistinhas em quadrinhos e que são ricos em

promover a criatividade do aluno.

Ao utilizar esse software, o aluno necessita escolher cenários, personagens e

ações; colocar sons e fundo musical; fazer textos compreensíveis à leitura; etc.

São programas que permitem lidar com as figuras prontas de forma pessoal:

aumentando; diminuindo; trocando de posição, cor; tirando e acrescentando partes;

importando figuras de outros programas. (ANEXO 7)

2.6.7 – Jornal como Recurso Didático

Os jornais e as revistas são um grande veículo de comunicação e de informação. O

professor ao utilizar este recurso deve estar atento ao sensacionalismo das reportagens

contidas, visto que as redações jornalísticas, geralmente, utilizam expressões e

argumentações que muitas vezes distorcem a realidade, visando atrair a atenção do

leitor e o atendimento do retorno comercial. Muitas reportagens jornalísticas são

arbitrárias, atendem a interesses de grupos específicos ou visões dos seus próprios

autores. Algumas reportagens são tendenciosas. Cabe ao professor articular junto a seus

alunos uma visão critica dessa leitura.

Existem várias formas de utilização do jornal na escola:

Para fins institucionais: são os jornais desenvolvidos com o intuito de divulgar

as atividades da escola, as áreas físicas, o corpo de profissionais e todas as demais

informações que delimitam a imagem da instituição; funciona como um instrumento de

marketing.

Page 39: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

Para fins educativos: são os jornais que possuem todas suas matérias e

reportagens desenvolvidas pelos próprios alunos e professores. Esses jornais servem

como instrumento motivador para o desenvolvimento da leitura e da escrita. As matérias

e reportagens estão relacionadas aos projetos trabalhados pelos próprios alunos.

Híbridos: quando existem as duas características anteriormente citadas num

mesmo jornal.

As grandes vantagens dos jornais para fins educacionais são:

Ø Estimular a leitura e a escrita;

Ø Proporcionar a formação critica dos alunos quanto às informações recebidas;

Ø Estimular aprendizado de novos conhecimentos;

Ø Facilitar o acesso aos fatos e acontecimentos na comunidade do aluno, ou

mesmo, no sentido global.

2.6.8 – Banco de Dados

Possibilitam o arquivamento de informações que poderão posteriormente ser

relacionadas para diversos tipos de análises e ordenações conforme o interesse do

usuário.

Com o banco de dados, por exemplo, o professor de Geografia pode efetuar,

juntamente com os alunos, uma coletânea de informações sobre os países, tais como:

nome do país, extensão territorial, população, etnias, religiões, etc. e, em seguida,

efetuar uma série de comparações entre os paises para uma posterior análise.

Por meio dos bancos de dados, os alunos poderão imprimir relatórios com filtros

de informações, dessa forma eles desenvolvem atitudes de associação, de definição de

prioridades, de lógica e hierarquização de informações.

O mesmo pode ocorrer para as disciplinas de Português, Matemática, História e

outras, bem como, para os projetos da escola.

2.6.9 – Planilhas Eletrônicas

Possibilitam a realização de cálculos, de uma forma rápida, a partir dos dados

informados e, posteriormente, a elaboração de gráficos em formatos de barras, linhas,

pontos, pizza e outras modalidades que facilitam a visualização das informações.

Um exemplo de atividade que pode ser realizada com as planilhas eletrônicas é o

ensinamento de controles financeiros, a partir das quatro operações matemáticas, além

Page 40: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

de cálculos de percentuais. O professor pode simular as entradas de dinheiro dos alunos

a partir de suas mesadas, e as despesas, a partir dos gastos que eles possuem com

lanches, revistas, cinemas, etc.

Com esses dados poderá ser construído um gráfico. A onde o professor deverá

elaborar uma análise das despesas, tais como: qual o percentual de cada uma das

despesas em relação à despesa e à receita total? Os gastos são adequados?

Com as planilhas eletrônicas podem ser trabalhadas fórmulas e funções

matemáticas. Apesar desse aplicativo ser voltado para questões numéricas, alguns

professores de disciplinas da área de humanas poderão desenvolver atividades por meio

dele, aproveitando a sua estrutura de colunas, células e linhas.

As planilhas eletrônicas estimulam o desenvolvimento das habilidades lógico-

matemáticas e de interpretações gráficas.

2.6.10 – Softwares de Apresentação

Esses programas são muito utilizados para elaborar apresentações de palestras e

aulas. Possuem recursos de visualização de telas, bem como permitem produções de

slides e transparências.

Os softwares de apresentação são bem aceitos pelos alunos, pois eles poderão

exibir seus trabalhos em forma de apresentação no próprio computador, diferentemente

de entregar textos impressos. O mesmo pode ocorrer com o professor que prepara sua

aula e utiliza o Power Point para exibi-la. Dentre esses softwares, o mais conhecido é o

Power Point.

2.6.11 – Jogos

São os softwares de entretenimento, indicados para atividades de lazer e diversão.

Com certeza, os jogos apresentam grande interatividade e recursos de programação

muito sofisticados.

Os jogos sofrem grande preconceito na área educacional, pois é comum ouvirmos

professores informando aos pais que os alunos usam o ambiente de informática para

aprender, com propósitos apenas educacionais, mas os jogos também são grandes

ferramentas de que os professores dispõem para ministrar aulas mais divertidas e

atraentes aos alunos.

Oliveira (1995, p.67) destaca:

Page 41: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

“Sendo assim, a promoção de atividades que favoreçam o

envolvimento da criança em brincadeiras, principalmente

aquelas que promovem a criação de situações imaginarias, tem

nítida função pedagógica. A escola e, particularmente, a pré-

escola poderiam se utilizar deliberadamente desse tipo de

situações para atuar no processo de desenvolvimento das

crianças.”

Existem muitos jogos que podem ser utilizados para finalidades educativas.

Inclusive como forma de auxilio para os alunos com Dificuldade no Processo de

Aprendizagem, um exemplo disso são crianças hiperativas que diante de um recurso

como esse se mostram bastante interessadas, participativas e acabam por se sociabilizar

com os demais alunos. (ANEXO 8)

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CAPÍTULO III

O PAPEL DO PROFESSOR EM CONJUNTO COM A

INFORMÁTICA EDUCATIVA

O professor no uso da Informática Educativa, pode ser considerado como

um fator integrador de conhecimentos e promotor de aprendizagens.

“Não posso ser professor se não percebo cada vez

melhor que, por não ser neutra, minha prática exige de

mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão.

Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo.

Não posso ser professor a favor simplesmente do Homem

ou da Humanidade, frase de uma vaguidade demasiado

contrastante com a concretude da prática educativa”.

(Paulo Freire, 1997)

É preciso que o professor seja valorizado e que se reconheça como

facilitador da aprendizagem e como um modelo. Para isso, tem que ter a

liberdade dada pelo espaço escolar, como a liberdade de seus processos internos.

O professor precisa estar seguro de seu prazer de aprender e de ensinar para que

possa proporcionar o mesmo aos seus alunos.

O educador deve perceber que não é neutro no momento em que se

estabelece a relação ensino-aprendizagem. Assim, tem que estar consciente de

suas possibilidades, preferências e limitações que entrarão, obrigatoriamente, no

contexto da aprendizagem. Essas características individuais serão suas

ferramentas fundamentais para o entendimento e oferta de conexões para seus

alunos.

Atuando num ambiente estimulante, de respeito e troca, o professor estará

não só favorecendo ao grupo como um todo, mas também ajudando aos que têm,

por exemplo, dificuldade de expressão, de sistematização de idéias, de

generalizações e de reflexões mais profundas. Os alunos que têm menos

Page 43: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

facilidade de concentração, tentarão estar mais atentos para poder participar em

igualdade com os colegas. Os mais tímidos poderão ser incentivados pela

produção grupal a dividir seus sucessos e insucessos.

3.1 - Trabalhando em Grupo

A importância do trabalho em grupo no processo de ensino-aprendizagem é

grande. Principalmente, em se tratando da Informática, podemos constatar, hoje, uma

certa tendência ao isolamento das pessoas em situações em que utilizam o computador

para ficar horas jogando, ou mesmo na utilização da Internet, nos chamados chats

(conversa em tempo real) de “bate-papo”. Nesses, na busca de se conhecer diferentes

pessoas, muitas vezes o que acontece é um processo inverso de isolamento, quando

quase não se sai de casa, não se “arriscando” a conhecer efetivamente as pessoas ou

mesmo se retirando do convívio familiar, para ficar “grudado” ao computador

realizando essas conversações. O perigo é que, muitas vezes, o “bate-papo” de

“internautas” pode ser desenvolvido sobre a pura ficção, quando quem conversa, são

personagens e não os sujeitos verdadeiramente.

Assim, mais do que nunca, a escola, como local de encontro de sujeitos, deve

promover situações em que se possa estar frente a frente com o outro, olhando, falando,

expondo-se, aprendendo a ouvir seus interlocutores, aprendendo a trocar e perceber a

riqueza do crescimento e do aprendizado nessa troca.

“Hoje, o que dispomos nas escolas é um determinado

método sendo priorizado e generalizado para todos os

aprendizes. Alguns se adaptam muito bem ao método em uso e

acabam vencendo. Outros, não sobrevivem ao massacre e

acabam abandonando a escola. São estes que poderão

beneficiar-se destas novas concepções de ensino e aprendizado”.

(Valente, 1993)

A formação de um grupo não se reduz a indivíduos sentados juntos. A atuação

do professor é fundamental, para que promova o trabalhar em conjunto,

cooperativamente. É necessário que o professor saiba ter o manejo desse grupo. Em

Page 44: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

primeiro lugar, ele próprio precisa aprender a respeitar o “tempo do outro”, no que se

refere a poder experimentar, errar, refazer caminhos, possibilitando que os alunos

aprendam a partir do pensar sobre os problemas enfrentados. Agindo dessa forma,

poderá ser um modelo vivo para que seus alunos operem em grupo, aprendendo com as

diferenças dentro da coletividade.

3.2 Interdisciplinaridade no Processo de Ensino Aprendizagem

O conceito de interdisciplinaridade pode ser aplicado em diferentes contextos.

Um deles, refere-se à forma de transmitir os conteúdos curriculares: de forma mais

natural, utilizando as situações vivenciadas na sala para que se integrem às áreas do

conhecimento.

Em outro contexto, interdisciplinaridade refere-se à atuação conjunta de

profissionais de áreas diferentes, que se complementam. Para que isto aconteça

efetivamente, é necessário que todos tenham princípios (fundamentos) filosóficos

semelhantes.

Ao contrário da multidisciplinaridade, onde um profissional não interfere na área

do outro, na interdisciplinaridade as práticas se fundem num trabalho integrado, sendo

que cada um contribui com sua experiência, somando, e não compartimentalizando o

saber que, desta forma, torna-se comum.

No caso da criança com DPA, por exemplo, a equipe pode discutir e procurar

ajuda para esse aluno, que é visto como um sujeito total e único, inserido no contexto

social e não como aquele aluno que não aprende, ou aquele menino que fala errado.

3.3 – Equipe de Informática Educativa Um ponto importante a ser discutido é em torno da constituição da equipe que

trabalhará com a Informática Educativa e sua integração com os demais elementos do

processo de ensino-aprendizagem.

Concordo com Larry Cuban quando afirma que:

“... sem dar atenção às condições do local de trabalho dos

docentes e sem o reconhecimento dos saberes que levam para a

sala de aula, há pouca esperança de que as novas tecnologias

tenham mais do que um impacto mínimo no ensino e na

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aprendizagem. Sem uma visão mais ampla do papel cívico e

social que as escolas desempenham nas sociedades

democráticas, nossa atual ênfase excessiva no uso da tecnologia

na escola corre o perigo de banalizar nossos ideais nacionais”.3

Se a opção da escola é pela terceirização das aulas de Informática, a empresa

contratada não deveria ser admitida sem o envolvimento da equipe pedagógica, ou

funcionar isoladamente, como uma atividade extra da escola. O ideal é que a equipe de

trabalho da terceirização esteja integrada com os professores de sala de aula para que

haja uma troca efetiva.

Da mesma forma, se a opção é pela montagem de um laboratório, com

professores da Escola especializados na área de Informática, é indispensável que estes

estejam integrados à rotina pedagógica da escola e aos professores de sala de aula.

Faz-se necessário que a Escola promova uma sensibilização nos seus

profissionais, antes da implantação da Informática Educativa, para que estes, ao invés

de rejeitarem o trabalho possam se interessar e se envolver nele, desenvolvendo projetos

integrados.

Como assinala um informe chileno:

“à maioria dos professores foram fornecidos elementos

básicos de computação, mas não se trabalhou com eles as formas

como essas tecnologias podem ser usadas transversalmente em

todos os setores curriculares. A escassa capacitação fornecida

aos docentes carece de um enfoque coerente com os princípios

que guiam esse processo de incorporação de tecnologias à

educação, pois foram fornecidos predominantemente elementos

para operar o computador, para comunicar-se via correio

eletrônico ou navegar pela Internet, mas não se trabalhou com a

planificação e geração de atividades pedagógicas na classe, com

o acompanhamento do rendimento dos alunos, etc.”4

3 L.Cuban, op. Cit., p.197. 4 Departamento de Sociologia, Universidad de Chile, op. cit., Informe Ejecutivo.

Page 46: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

Um dos fatores primordiais para a obtenção do sucesso na utilização da

informática na educação é a capacitação do professor perante essa nova realidade

educacional. O professor deverá estar capacitado de tal forma que perceba como deve

efetuar a integração da tecnologia com a sua proposta de ensino. Cabe a cada professor

descobrir a sua própria forma de utilizá-la conforme o seu interesse educacional, já que,

não existe uma forma universal para a utilização dos computadores na sala de aula.

O professor deve estar aberto para as mudanças, principalmente em relação à sua

nova postura: o de facilitador e coordenador do processo de ensino-aprendizagem; ele

precisa aprender a prender, a lidar com as rápidas mudanças, ser dinâmico e flexível.

Acabou a esfera educacional de detenção do conhecimento, do professor “sabe tudo”.

A capacitação do professor deverá envolver uma série de vivências e conceitos,

tais como: conhecimentos básicos de informática; conhecimento pedagógico; integração

de tecnologia com as propostas pedagógicas; formas de gerenciamento da sala de aula

com os novos recursos tecnológicos em relação aos recursos físicos disponíveis e ao

“novo” aluno, que passa a incorporar e assumir uma atitude ativa no processo; revisão

das teorias de aprendizagem, didática, projetos multi, inter e transdisciplinares.

O trabalho de Informática Educativa exige a organização de pequenos grupos

para que haja a possibilidade de troca permanente entre os alunos na construção do

conhecimento, tendo o computador como instrumento. Tal proposta apóia-se na visão

teórica de Vigotsky.

Na pré-escola e nas séries iniciais do Primeiro grau, quando o aluno ainda não

consolidou as estruturas operatórias e formais do pensamento, este trabalho com

dinâmicas de grupo torna-se fundamental para que, gradativamente, a criança possa

vivenciar atividades mais simbólicas, lembrando que no computador não há uma

realidade concreta, que possa ser manipulada, e sim a realidade virtual.

A metodologia e os softwares utilizados caracterizam o uso do computador. É

possível que a criança utilize a máquina sem que tenha a menor noção ou influencia

sobre seu funcionamento.

Os softwares de exercício e pratica permitem que a criança tente várias vezes,

repetindo o que faz no papel, sem que necessariamente, reflita sobre o porquê de seus

erros. Este é um caso típico do “livro eletrônico”, em que no laboratório de Informática

Page 47: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

se reproduz o que é feito em sala, funcionando como o quadro de giz, cadernos ou

livros.

Existem escolas, mesmo as que se fundamentam numa abordagem construtivista,

que ao introduzirem a Informática Educativa simplesmente montam um laboratório,

colocam técnicos em Informática e oficializam um horário para as aulas. Não preparam,

ou não verificam a postura pedagógica dos técnicos e muito menos integram

efetivamente a atividade com as demais da escola. No máximo, o que realizam de

“integração” é a confecção de trabalhos (digitação, ilustração) pedidos pelo professor da

turma. Encontram como “forma de incentivação” da Informática, o “valer para nota”, ou

ser instrumento para competições.

Nestes casos, as crianças com diferentes tipos de problemas como dificuldades

na simbolização, problemas psicomotores ou ainda com dificuldade de relacionamento

correm o risco de serem ainda mais prejudicadas, uma vez que a Informática surge

como mais um obstáculo na vida escolar, mais uma disciplina para vencer.

(ANEXO 9)

Como técnicos na área de Informática, com despreparo pedagógico e sem

integração com os professores, poderão ajudar ou detectar obstáculos na aprendizagem?

Quando muito, se o aluno está bastante agitado, “perde” a aula de Informática ou ainda

se é difícil para o grupo se concentrar muito tempo, melhor excluí-lo do “projeto” da

turma ou da escola.

Muitas vezes, em séries mais avançadas, os técnicos optam por introduzir

linguagens de programação. É comum eles não terem noção, nem apoio para perceber

como essas linguagens, se bem construídas, podem ser muito importantes – como, por

exemplo, no desenvolvimento do raciocínio lógico – e por isso, generalizáveis a outras

situações escolares e de vida. Provavelmente, alunos com dificuldades na

aprendizagem, podem não acompanhar tais raciocínios e reagir com agitação ou apatia.

Seguindo esta postura desvinculada, a escola não estará ajudando essas crianças.

É importante que a Escola trabalhe os seus professores e equipe técnica no

sentido de sensibilizá-los para o trabalho mais adequado de Informática Educativa,

tentando derrubar barreiras e rejeições, seja pelo “pavor à tecnologia” ou pelo medo de

se tornarem dispensáveis.

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Só a integração entre os profissionais poderá favorecer a troca de idéias,

diminuir ansiedades e angústias e buscar soluções em relação aos casos dos alunos que

passam por dificuldades, tanto no âmbito pedagógico, quanto no emocional.

3.4 – Relação Professor-Aluno

Os alunos também perceberão as mudanças ocorridas com a utilização dessa

tecnologia. Muitos deles já possuem maiores conhecimentos tecnológicos que os

próprios professores, o que, de certa forma, vai inibi-los, cabendo nesse momento ao

professor assumir o seu novo papel: facilitador do processo de ensino-aprendizagem e

não mais o grande detentor de todo o conhecimento.

“São os saberes do vivido que trazidos por ambos – alunos

e professores – se confrontam com outros saberes,

historicamente sistematizados e denominados “conhecimentos”

que dialogam em sala de aula”

(Geraldi, 1997, p.21)

O ambiente de informática educativa é ativo; os alunos conversam entre si e

entre os grupos. Os alunos que melhor conhecem a informática assumem postura de

monitores, e a antiga “ordem” é posta de lado. O que conta é o aprendizado coletivo e

em equipe. As habilidades são desenvolvidas de forma mais natural e sem imposições.

Os alunos tornam-se mais expansivos e não têm receios de errar; são hábeis em relação

às ferramentas disponíveis.

Em função da grande rapidez da evolução na área da informática, os professores

terão uma necessidade constante de reciclagem, principalmente, quanto às novidades e

novas versões dos softwares, bem como, em relação aos novos equipamentos que

surgem a todo momento.

Ao preparar suas aulas no ambiente de informática, o professor deverá ficar

atento para abordar os seguintes aspectos:

Ø No planejamento de aulas, deverão ser descritos: os objetivos a serem atingidos, os

conteúdos a serem abordados, a estratégia a ser utilizada para alcançar os objetivos

previamente definidos, os recursos necessários para a prática da aula. Neste

Page 49: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

momento é indicado o software a ser utilizado e, por fim, qual critério de avaliação

será usado.

Ø Deve-se sempre ter como ponto de partida a previa experiência do aluno e suas

relações cotidianas, dessa forma, o enfoque deve ser orientado para as atividades

significativas.

Ø As aulas deverão ser desafiadoras, com problemas a serem resolvidos. Devem-se

evitar as aulas mecânicas, em que o aluno repete passos, mas não associa o

aprendizado.

Ø Os planejamentos devem ser em equipe com os demais professores da escola,

dessa forma, a utilização da informática torna-se mais ampla e dinâmica.

Ø Devem ser previstas as práticas sociais da informática nos planos de aula, sempre

relacionando as ferramentas com as mudanças sociais.

As inovações na área de informática deixam-nos sempre em defasagem. É

impossível acompanhar todas elas. Estamos em constante estágio de ignorância

tecnológica. Se não nos lançarmos a essas inovações, com certeza, ficaremos cada vez

mais atrasados. Devemos estar convictos de que estamos diante de um imperativo

tecnológico. Devemos sempre questionar tais alterações e nem sempre adotá-las. O

questionamento é imprescindível; precisamos ser críticos e saber usar a criticidade.

As mudanças não se limitam aos instrumentos físicos, mas às mudanças na

sociedade, na cultura, na economia, na forma de produção, na forma de aprender, nos

sistemas de comunicação e nas atividades mais simples do nosso cotidiano.

O aprender é um processo de mudança contínua; o ser indivíduo é um sujeito

inacabado que está sempre aprendendo e se transformando. A sua transformação deve ir

além de suas alterações internas, mas transcender externamente.

“À medida que o homem, em curso de se auto-realizar,

domina a natureza, colhendo experiências novas e atuando com

respostas originais aos desafios do ambiente, vai criando

instrumentos inexistentes anteriormente, desenvolve técnicas sem

precedentes, a partir da instrumentalização dos objetos jacentes

ao seu poder, porém só transformados em instrumentos quando a

Page 50: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

ideação em surgimento os utiliza pondo-os ao serviço de

finalidades que começam então a ser percebidas na idéia da

ação intentada.”

(Álvaro Vieira Pinto)

Se o individuo consegue transformar, significa que ele conseguiu aprender e

formulou um novo conhecimento a partir de suas interconexões biológicas, psicológicas

e históricas, sociais e culturais.

O aprendizado, além de ser um processo em continua mudança, é coletivo.

Negar o contexto no qual vivemos é nos transformar numa “caixa preta”; é não querer

perceber o que está ao nosso redor; é desprezar uma característica típica do ser humano:

capacidade de aprender.

Aprender é mudar. Aprender significa romper constantemente para que

possamos nos posicionar como seres autônomos e transformadores diante do

ecossistema no qual estamos inseridos.

Page 51: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

CONCLUSÃO

A sociedade atual passa por grandes mudanças, exigindo cidadãos críticos,

criativos, reflexivos, com capacidade de aprender a aprender, de trabalhar em grupo, de

se conhecer como individuo e como membro participante de uma sociedade que busca o

seu próprio desenvolvimento, bem como o de sua comunidade.

Cabe à educação formar este profissional. Por essa razão, a educação não pode

mais restringir-se ao conjunto de instruções que o professor transmite a um aluno

passivo, mas deve enfatizar a construção do conhecimento pelo aluno e o

desenvolvimento de novas competências necessárias para sobreviver na sociedade atual.

Sabemos que mudanças dessa ordem são complexas, lentas e acima de tudo não

existe uma receita a ser aplicada com uma resposta predefinida. Essas mudanças

requerem alterações profundas nas formações dos educadores e um novo repensar no

papel da escola.

A escola e os professores devem oferecer a seus educandos os recursos

disponíveis nos seus meios.

O computador é um dos recursos que devem ser inseridos no cotidiano da vida

escolar, visto que já estão inseridos no cotidiano de todos nós, mesmo dos que

pertencem às classes econômicas menos favorecidas.

Pensar em estratégias de implementação de projetos multi, inter e

transdisciplinares com o apoio dos computadores tem sido uma das alternativas mais

viáveis, práticas e com melhores resultados para atrair e motivar os alunos em

ambientes educativos.

Os projetos educacionais atendem aos anseios dos alunos em relação à

construção de novos conhecimentos, permitindo uma interação das diferentes séries e

professores e tornando dinâmicas e ricas as aulas.

O computador é um dos elementos inovadores que podem auxiliar a construção

coletiva dos conhecimentos envolvidos nos projetos, por se tratar de uma máquina com

múltiplas funções e tratar as informações como um elemento integrado no processo

ensino-aprendizagem.

Cabe aos educadores assumirem os riscos de novas experiências e

reverem suas crenças enquanto facilitadores e coordenadores dos ambientes de

aprendizagem.

Page 52: Informática e as Dificuldades de Aprendizagem Na Educação Infantil

BIBLIOGRAFIA 1. ALMEIDA, F. J. Educação e Informática: Os computadores na Escola. São Paulo:

Cortez, 1988.

2. COX, Kenia Kodel. Informática na Educação Escolar. São Paulo. Editora Autores

Associados. 2003.

3. FAGUNDES, L. C. e MOSCA, P. “Interação com o computador de crianças com

dificuldades de aprendizagem”. In: Arquivo brasileiro de Psicologia. FGV. Rio de

Janeiro, março, 1985.

4. LÉVY, P. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da

Informática. Rio de Janeiro. Editora 34. 1996

5. OLIVEIRA, R. Informática Educativa. São Paulo. Papirus. 1997.

6. PAPERT, S. LOGO: computadores e educação. São Paulo. Brasiliense. 1986.

7. TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na Educação. São Paulo. Editora Érica. 2001

8. TEDESCO, Juan Carlos. Educação e Novas Tecnologias: esperança ou incerteza?

Brasília. UNESCO. 2004.

9. VALENTE, José Armando. O Computador na Sociedade do Conhecimento.São

Paulo. Nied. 2002.

10. WEISS, Alba Maria Lemme, e CRUZ, Mara Lúcia R. M. da. A Informática e os

Problemas Escolares de Aprendizagem.Rio de Janeiro. DP&A.2001

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Exemplificando o trabalho com o editor de texto, citamos o caso de

Carlos: 15 anos, com diagnóstico de dislexia (dificuldade de compreender e /

ou produzir a escrita e / ou leitura), multirrepetente, e com trocas constantes de

colégios. Já fugia das situações de escrita e leitura porque “pulava as palavras

ou as frases”, “errava muito na ortografia”. Achava que a professora deveria

corrigir suas provas diferentemente. Foi-lhe dada a possibilidade de trabalhar

no editor de texto (ele teoricamente já conhecia, pois tinha em casa um

computador) de forma realmente produtiva e significativa para ele,

desenvolvendo pequenos textos de críticas a matérias de jornais ou sobre sua

vida. Num ambiente diferenciado da rotina de sua sala de aula, que cada vez lhe

era mais penosa, passou a se dedicar mais às produções, revendo o enredo do

que escrevera, permitindo-se dar conta de seus “erros ortográficos”, procurando

se interessar mais.

Seguindo assim, foi percebendo que sua produção melhorava sempre e

que seu chamado “problema” não era tão intransponível. Começou a enfrentar

as suas dificuldades e a se arriscar mais ao invés de fugir das situações. Em

alguns meses já ousava deixar bilhetes para os seus familiares em casa, estudar

sozinho e foi aprovado após realizar as provas finais do ano letivo.

ANEXO 1

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ANEXO 2

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ANEXO 3

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ANEXO 4

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ANEXO 5

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ANEXO 6

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ANEXO 7

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ANEXO 8

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ANEXO 9

Não raro, encontramos crianças e adolescentes com aversão ao

computador, como a pequena Amanda, de quatro anos e meio, aluna de

uma conceituada “escola construtivista”. Estava em terapia

fonoaudiológica, devido às trocas que cometia na fala (dislalia). Na sala de

aula, falava e participava pouco das atividades de grupo, apresentando até

mesmo atraso na evolução do grafismo. Através de um trabalho integrado

de fonoaudióloga – professora – pais, Amanda, gradativamente,

apresentava progressos. No sentido inverso, porém, atuavam as aulas de

Informática. Os técnicos do laboratório utilizavam softwares educativos

com objetivos incompatíveis com seu estado de desenvolvimento atual.

Amanda limitava-se a escolher desenhos para a companheira colorir ou

rabiscava o que a outra produzia, sempre depois de impresso. O laboratório

era um espaço que permitia à menina ficar bem quieta em seu canto. A

crise maior se deu quando utilizaram joguinhos em um “torneio” de

Informática, envolvendo toda a turma. As crianças que jogavam em casa,

foram muito bem sucedidas e ganharam prêmios, enquanto Amanda, que

nem sequer conseguia dominar o mouse – não por incapacidade motora,

mas por falta de experiência adequada – não teve a mínima chance de

participar do concurso. Neste exemplo, fica evidente que o uso inadequado

do computador a prejudicou.