as consequências do choque elétrico no organismo humano e os meios de proteção atraves da nr-10

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Monografia USP Pós de Engenharia de Segurança do Trabalho

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  • EDMAR MARINO DE OLIVEIRA

    AS CONSEQUNCIAS DO CHOQUE ELTRICO NO ORGANISMO

    HUMANO E OS MEIOS DE PROTEO ATRAVS DA APLICAO

    DA NR-10 ESTUDO DE CASO EM UM PRDIO DE

    ADMINISTRAO PBLICA

    So Paulo

    2015

  • EDMAR MARINO DE OLIVEIRA

    AS CONSEQUNCIAS DO CHOQUE ELTRICO NO ORGANISMO

    HUMANO E OS MEIOS DE PROTEO ATRAVS DA APLICAO

    DA NR-10 ESTUDO DE CASO EM UM PRDIO DE

    ADMINISTRAO PBLICA

    Monografia apresentada Escola

    Politcnica da Universidade de So

    Paulo para a obteno do ttulo de

    Especialista em Engenharia de

    Segurana do Trabalho

    So Paulo

    2015

  • FICHA CATALOGRFICA

    Oliveira, Edmar Marino de

    As consequncias do choque eltrico no organismo huma- no e os meios de proteo atravs da aplicao da NR-10: estu-

    do de caso em um prdio de administrao pblica / E.M. de

    Oliveira. -- So Paulo, 2014.

    79 p.

    Monografia (Especializao em Engenharia de Segurana

    do Trabalho) - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.

    Programa de Educao Continuada em Engenharia.

    1.Segurana no trabalho 2.Normas de segurana 3.Eletrici-

    dade (Segurana) 4.Choque eltrico (Consequncias) 5.Estudo

    de caso I.Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Pro-

    grama de Educao Continuada em Engenharia II.t.

  • DEDICATRIA

    Dedico esse trabalho ao meu pai pela sua

    sabedoria, a minha me pelo seu amor

    incondicional e aos meus filhos, Leonardo e

    Jssica, por serem as estrelas no cu de

    minha vida.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo primeiramente a Deus e a minha Me no cu, o qual sem eles nada sou.

    Agradeo a meu pai e minha me pelo exemplo de perseverana e f no trabalho,

    que contribuiu para moldar meu carter.

    Agradeo a toda equipe de apoio do curso, pelo esforo constante em nos dar

    suporte e criar ambientes propcios ao aprendizado.

    Agradeo a Srta. Tereza da Biblioteca do Instituto de Cincias Biomdicas da USP

    pela ajuda quanto literatura sobre a fisiologia humana e por fazer a ponte de

    ligao com os profissionais da Biomedicina.

    Agradeo ao Sr. Marcelo Elias Costa, Presidente da CIPA do prdio objeto do

    estudo de caso, pela sua grande contribuio nesse trabalho, abrindo as portas e

    dando apoio para que pudssemos colher o material necessrio e tambm pelo seu

    incansvel trabalho, muitas vezes de cavar buraco no mar, na tarefa herclea de

    semeador da cultura de segurana na rea pblica.

    Agradeo ao Sr. Paulo Patullo do PECE, pela sua sensibilidade, compreenso,

    diligncia e simpatia, o qual no fosse por seu intermdio e ajuda no teria a

    oportunidade de estar fazendo essa Ps Graduao em to respeitada instituio.

    Agradeo a todos os professores e mestres, principalmente aos que possuem o dom

    de transformar o complicado e superficial em simples e profundo, despertando em

    ns, alunos, o xtase do aprendizado.

  • O conhecimento da Sabedoria uma Luz,

    que serve para iluminar a nossa escurido

    interior, e quando cultivada, se transforma

    em tocha ardente e posta ao alto, serve de

    guia a humanidade.

    Samael Aun Weor

  • RESUMO

    O choque eltrico pode causar no organismo humano uma srie de danos, podendo

    at criar efeitos a mdio e longo prazo, porm o que uma parte significativa dos

    profissionais da rea no leva em considerao, ou do pouca ateno, so os

    pequenos choques em baixa tenso, chegando at a banalizar as suas

    consequncias. O presente trabalho apresenta de uma forma simples, direta e

    prtica os principais efeitos fisiolgicos da passagem de corrente eltrica no corpo

    humano, principalmente ao percorrer o corao humano. O Trabalho inicia-se com a

    apresentao de conceitos bsicos da energia eltrica, necessrios, como base

    terica, ao desenvolvimento do tema, alm de uma exposio da fisiologia dos

    principais efeitos causados no corpo humano. Posteriormente apresentado um

    estudo de caso, das condies das instalaes eltricas de um prdio de

    Administrao Pblica, para verificao da aplicao prtica dos itens da principal e

    mais importante norma nacional de segurana destinada a rea eltrica, a Norma

    Regulamentadora NR-10, do Ministrio do Trabalho e Emprego, onde foi coletado

    dados atravs de vistorias nas instalaes eltricas, auditoria na documentao

    existente e de entrevistas com os profissionais envolvidos, tendo como resultado

    dessas verificaes um relatrio tcnico das instalaes eltricas, com levantamento

    fotogrfico, um check-list de verificao de atendimento dos itens da NR-10, os

    quais geraram ao final, um plano de ao com as providncias necessrias para que

    a instalao eltrica alcance as condies mnimas de segurana, para preveno

    de acidentes e proteo dos trabalhadores que interagem com a energia eltrica.

    Palavras Chaves: 1. Segurana no trabalho Choque eltrico. 2. Normas de

    segurana. 3. Eletricidade (Segurana). 4. Choque eltrico (Consequncias) . 5.

    Estudo de Caso. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Programa de

    Educao Continuada.

  • ABSTRACT

    The electric shock can cause in humans a lot of damage and can even create

    effects in the medium and long term, but that a significant proportion of

    professionals does not take into account, or pay little attention are the small

    shocks at low voltage , reaching to trivialize its consequences. This paper

    presents a simple, direct and practical major physiological effects of the passage

    of electric current in the human body, especially to go through the human heart.

    The work begins with the presentation of basic concepts of electricity, needed as

    theoretical basis, the development of the theme, plus a physiology of exposure of

    the main effects on the human body. Subsequently we present a case study of

    the conditions of electrical installations of a building of Public Administration, to

    verify the practical application of the items of the main and most important

    national security standard aimed at electrical area, the Regulatory Standard NR-

    10, the Ministry of Labor and Employment, which has been collecting data

    through surveys in electrical installations, the existing audit documentation and

    interviews with professionals involved, as a result of these checks a technical

    report of electrical installations, with photographic survey, a checklist check care

    of the items of NR-10, which led to the end an action plan with the necessary

    measures so that the wiring reach the minimum security conditions, accident

    prevention and protection of workers who interact with the electricity.

    Key Words: 1. Safety in electric shock work. 2. Safety standards. 3. Electricity

    (Safety). Electric 4.Choque (Consequences). 5. Case Study. University of So

    Paulo. Escola Politcnica. Programa of Continuing Education.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Espraiamento da corrente do choque no corpo humano..........................15

    Figura 2 Corao humano Partes constituintes...................................................17

    Figura 3 Sistema respiratrio humano....................................................................18

    Figura 4 Corao humano Bomba mecnica.......................................................19

    Figura 5 Gerador eltrico NSA................................................................................21

    Figura 6 Transmisso dos sinal eltrico pelas paredes do corao.......................22

    Figura 7 Imagem de Eletrocardiograma normal......................................................23

    Figura 8 Presso Arterial.........................................................................................24

    Figura 9 E.C.G. e Presso Arterial do corao em Fibrilao Ventricular..............32

    Figura 10 Choque eltrico no instante da onda T...................................................34

    Figura 11 Funcionamento do DR............................................................................46

    Figura 12 Profissional realizando medio de Vibrao.........................................51

    Figura 13 Anlise de leoDeteco de anomalias na composio do leo.........52

    Figura 14 Imagem de um Laudo de Termografia....................................................52

  • SUMRIO

    1. INTRODUO ..................................................................................................11

    1.1 OBJETIVO.........................................................................................................11

    1.2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................12

    2. REVISO DA LITERATURA.............................................................................13

    2.1 ELETRICIDADE.................................................................................................13

    2.2 CHOQUE ELTRICO.........................................................................................14

    2.2.1 Macro Choque ...............................................................................................14

    2.2.2 Micro Choque ................................................................................................15

    2.2.3 Espraiamento da corrente eltrica durante um choque eltrico..............15

    2.3 FISIOLOGIA DO CORPO HUMANO................................................................16

    2.3.1 Corpo humano..............................................................................................16

    2.3.2 Clula.............................................................................................................16

    2.3.3 Sangue..........................................................................................................16

    2.3.4 Corao Humano..........................................................................................17

    2.3.5 Sistema Respiratrio Humano....................................................................18

    2.3.6 Funcionamento Mecnico do Corao.......................................................19

    2.3.7 Funcionamento Eltrico do Corao...........................................................21

    2.3.8 Presso Arterial.............................................................................................24

    2.4. EFEITOS DO CHOQUE ELTRICO NO CORPO HUMANO...........................25

    2.4.1 Choque Eltrico no Organismo Humano....................................................25

    2.4.2 Resistncia Eltrica do Corpo Humano......................................................26

    2.4.3 Efeitos do Choque Eltrico..........................................................................27

    2.4.4 Queimaduras.................................................................................................28

    2.4.5 Tetanizao....................................................................................................29

    2.4.6 Parada Cardaca...........................................................................................30

    2.4.7 Parada Cardiorrespiratria...........................................................................30

    2.4.8 Fibrilao Ventricular....................................................................................31

    2.4.8.1 Fibrilao Ventricular devido ao Choque Eltrico........................................33

    2.4.9 Efeitos Crnicos e Efeitos Longo Prazo..................................................35

    2.5 RISCOS DA ENERGIA ELTRICA...................................................................37

    2.6 SEGURANA DOS TRABALHOS COM ELETRICIDADE...............................40

  • 2.6.1 Principais Normas Tcnicas de Eletricidade em Baixa Tenso...............40

    2.6.2 NBR5410 Instalaes Eltricas em Baixa Tenso..................................40

    2.6.3 NR-10 Segurana em Instalaes e Servios em Eletricidade............41

    2.6.4 Medidas de Proteo e Controle.................................................................43

    2.6.5 Aterramento...................................................................................................43

    2.6.6 Interruptor Diferencial-Residual (DR) .........................................................44

    2.6.7 Outras Protees .........................................................................................46

    2.6.8 Manuteno das Instalaes.......................................................................48

    2.6.8.1 Manuteno Corretiva.................................................................................50

    2.6.8.2 Manuteno Preventiva...............................................................................50

    2.6.8.3 Manuteno Preditiva..................................................................................51

    2.6.8.4 Manuteno Detetiva..................................................................................53

    3. MATERIAIS E MTODOS...................................................................................53

    3.1 COLETA DE DADOS.........................................................................................53

    3.2 ESTUDO DE CASO..........................................................................................54

    3.3 DIAGNSTICO DAS INSTALAES VISTORIA DO LOCAL........................54

    3.4 PLANO DE AO..............................................................................................55

    4. RESULTADOS ....................................................................................................56

    4.1 RESULTADO DAS VISTORIAS E DA AUDITORIA...........................................56

    4.2 PLANO DE ADEQUAO................................................................................57

    4.3 ESTUDO DO CHOQUE ELTRICO NO BRASIL E TCNICAS DE

    PREVENO...........................................................................................................57

    4.4 CONSIDERAES FINAIS...............................................................................58

    5 CONCLUSO......................................................................................................60

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................................61

    ANEXO A LEVANTAMENTO FOTOGRFICO DA VISTORIA NAS

    INSTALAES ELTRICAS.................................................................................64

    ANEXO B CHECK-LIST DE VERIFICAO DE ATENDIMENTO DOS ITENS

    DA NR-10.................................................................................................................67

    ANEXO C PLANO DE AO (PLANILHA 5W2H)..............................................78

  • 1. INTRODUO

    1.1. OBJETIVO

    A eletricidade est presente em quase todos os momentos de nossa vida, o

    grande propulsor da vida moderna, proporcionado inmeros benefcios, porm pelo

    fato de ser uma energia em potencial, pode gerar srios danos ao homem quando

    no controlada, e por isso requer conhecimento sobre sua natureza e sobre suas

    consequncias quando em contato com o organismo humano.

    Pretende-se neste trabalho, buscar, na fisiologia do corpo humano o

    conhecimento sobre os efeitos do choque eltrico, e diminuir a gravidade dos riscos

    inerentes exposio dos trabalhadores do setor eltrico atravs da aplicao das

    Normas Regulamentadoras de Segurana e Sade do Trabalho do Ministrio do

    Trabalho e Emprego e Normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    (ABNT).

    Prope-se, neste trabalho, justificar, por meio da demonstrao dos efeitos da

    corrente eltrica na fisiologia humana, a importncia da obrigatoriedade dos

    trabalhadores do setor utilizarem medidas de proteo coletiva, equipamentos de

    proteo individual, de atenderem aos procedimentos de trabalho e de se

    submeterem a uma maior capacitao tcnica, cumprindo assim as legislaes

    vigentes.

    A proposta do presente trabalho a de realizar uma analise do ponto de vista

    prtico sobre os reais riscos existentes nas instalaes eltricas com foco em um

    aprofundamento nas consequncias do choque eltrico no organismo dos

    trabalhadores, apresentando os principais sintomas e danos provocados em curto

    prazo, porm abrindo um campo de discusso e anlise para os efeitos a mdio e

    longo prazo, e com isso reforar a importncia da aplicao dos itens da Norma

    Regulamentadora N10 (NR-10), na preveno e proteo dos servios em

    instalaes eltricas, tendo como objeto de estudo, a verificao das condies

    atuais de segurana das instalaes eltricas de um prdio de administrao

    pblica.

  • 1.2. JUSTIFICATIVA

    A escolha do tema se deu devido a necessidade de verificar as condies de

    segurana existentes em um prdio de administrao pblica, para que suas

    instalaes eltricas passem a atender as condies de segurana mnimas, para

    que se tenha um ambiente mais protegido para os eletricistas e usurios contra

    acidentes de origem eltrica, principalmente em baixa tenso.

    De acordo com o levantamento realizado pela Associao Brasileira de

    Conscientizao para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), em 2013 mais de mil

    pessoas foram vtimas de acidentes eltricos no Brasil, desses acidentes, 765 foram

    causados por choque eltrico e 592 resultaram em morte, ou seja, em mdia quase

    dois bitos por dia sendo a maior parte na construo civil.

    Outro dado que chamou a ateno nesse levantamento a quantidade de

    acidentes ocorridos dentro das residncias. Dessa estatstica podemos fazer vrias

    inferncias importantes, dentre elas podemos ressaltar dois indicadores que esto

    relacionados a esse nosso trabalho acadmico, um deles a alta porcentagem de

    trabalhadores mortos em acidentes com eletricidade na construo civil e nas

    residncias, o qual chama a ateno para dois pontos importantes: a necessidade

    de qualificao dos trabalhadores que interagem com as instalaes eltricas, seja

    na construo, manuteno ou operao, pois, infelizmente, ainda prtica comum,

    por exemplo, pedreiros receberem a incumbncia, ou se aventurarem em realizar

    trabalhos com eletricidade, muitas vezes sem possuir uma base mnima de

    conhecimento dos riscos da energia eltrica, e outro ponto que chama a ateno o

    fato de muitos moradores no possurem conhecimento da importncia de terem nas

    instalaes eltricas de suas residncias um sistema de aterramento confivel e

    dispositivos para proteo contra choques eltricos, como o DR por exemplo, os

    quais certamente colaborariam para a diminuio desse nmero to elevado de

    acidentes em residncias.

    Outro dado que chama a ateno a quantidade de incidentes que no

    culminaram em morte, ou seja, houve o contato com a corrente eltrica, o choque

    eltrico em si, o qual teve seu efeito no organismo da pessoa atingida, gerando

    danos perceptveis (queimaduras, paradas cardiorrespiratrias, etc.) e danos

    imperceptveis em curto prazo, porm com potencial para ter causado danos

  • crnicos, que podem ocasionar, ou contribuir para a ocorrncia de distrbios no

    futuro, como um infarto, por exemplo, j que uma corrente eltrica mnima de 30 mA

    circulando pelo corpo j suficiente para iniciar um processo danoso nos rgos

    internos, principalmente no corao.

    2. REVISO DA LITERATURA

    2.1 ELETRICIDADE

    Desde os primrdios da humanidade, o ser humano j era submetido aos

    riscos do choque eltrico. As descargas atmosfricas, ou seja, os raios,

    proporcionavam descargas que direta ou indiretamente provocavam acidentes por

    choque eltrico, devido aos efeitos da tenso de toque e de passo.

    Aps um perodo de descobertas, e graas ao esforo, sabedoria e dedicao

    de grandes seres ao longo da histria, como por exemplo Nikola Tesla (1856-1943),

    a humanidade passou a ter um maior domnio sobre a energia eltrica e

    respectivamente a usufruir de seus benefcios.

    Entre as descobertas ao longo do tempo, uma delas foi que a matria

    composta por tomos, os quais so constitudos de eltrons, prtons e neutros, e

    quando um material exposto a uma determinada fora externa (diferena de

    potencial) pode ocorrer a circulao dos eltrons nesse material e quando isso

    ocorre dizemos que o material est sendo um condutor de Eletricidade e quando

    ocorre o contrrio, ou seja, quando o material, apesar dessa fora externa atuando

    sobre ele, oferece uma resistncia a essa passagem de corrente eltrica, no

    conduzindo os eltrons, dizemos que o material isolante, sendo assim podemos

    concluir que Eletricidade um fenmeno fsico gerado por cargas eltricas em

    movimento ou estticas, ou seja, a passagem de corrente eltrica em um condutor.

    Porm, como a corrente eltrica sempre procura um caminho de menor resistncia ,

    esse caminho pode ser o corpo humano, o que pode gerar graves consequncias na

    sade e segurana, principalmente dos profissionais que trabalham ou interagem em

    instalaes eltricas.

  • 2.2 CHOQUE ELTRICO

    Podemos definir a corrente eltrica como a energia eltrica em movimento, a

    qual em condies normais percorre um condutor gerando como subproduto luz,

    calor, movimento, imagem, som, etc., porm em situaes indesejveis, como um

    toque acidental em um equipamento energizado por exemplo, pode circular pelo

    corpo humano, gerando no organismo uma perturbao, de natureza e efeitos

    diversos, que pode reagir com pequenas ou violentas contraes musculares,

    podendo ocasionar srios danos, at a morte.

    O choque eltrico pode ser definido, como um estmulo rpido e acidental do

    sistema nervoso do corpo humano, pela passagem de uma corrente. Essa corrente

    circular pelo corpo da pessoa quando ele tornar-se parte de um circuito eltrico que

    possua uma diferena de potencial suficiente para vencer a resistncia eltrica

    oferecida pelo corpo (REIS; FREITAS, 1983).

    Em termos de riscos fatais, o choque eltrico, de um modo geral, pode ser

    analisado sob dois aspectos:

    Correntes de choque de baixa intensidade, sendo o efeito mais grave a

    considerar o da fibrilao ventricular;

    Correntes de choque de maior intensidade, provenientes de acidentes de alta

    tenso , sendo o efeito trmico (queimaduras) o mais grave.

    Segundo Cotrim (2003), devem-se considerar dois tipos de contatos de

    exposio:

    Direto: existe contato direto com a parte viva de uma instalao eltrica;

    Indireto: no existe contato direto com a parte viva; o contato das pessoas com a

    massa sob tenso causado por falha de isolamento ou aterramento.

    2.2.1 Macro Choque

    definido quando a corrente eltrica entra na pele, invade o corpo e sai

    novamente pela pele, pelo lado externo, ficando assim a corrente do choque

    limitada pela resistncia da pele do corpo e a intensidade da tenso do choque

    (choque comum).

  • 2.2.2 Micro Choque

    o que ocorre no interior do corpo humano, entre um condutor interno e a

    pele, ou entre dois condutores internos no corpo humano.

    De acordo com Kindermann (1995), este o tipo de choque mais perigoso

    porque a rede de energia mantm a pessoa energizada, ou seja, a corrente de

    choque persiste constantemente, com a manuteno da corrente passando pelo

    corpo, os rgos internos vo sofrendo as consequncias e perdendo sua

    capacidade de resistir.

    2.2.3 Espraiamento da corrente eltrica durante um choque eltrico

    A corrente eltrica que percorre o corpo humano durante um choque eltrico,

    devido diferena de resistncia das vrias partes do corpo, provoca uma distribuio

    diferenciada dessa mesma corrente eltrica, o qual chamada de espraiamento,

    sendo assim algumas regies ficam sujeitas a diferentes densidades de corrente

    eltrica, assim alguns locais de densidade maior apresentam efeitos trmicos mais

    intensos que os de densidade menor (KINDERMANN,1995).

    A densidade tambm est relacionada a rea total da regio do corpo, por

    exemplo, a regio do trax devido a sua rea ser maior, a densidade de corrente

    pequena, diminuindo assim os efeitos trmicos, a fibrilao do corao e contraes.

    Figura 1 - Espraiamento da corrente do choque no corpo humano Fonte: SENAI Apostila NR-10

  • 2.3 FISIOLOGIA DO CORPO HUMANO

    2.3.1 Corpo Humano

    Segundo Frana (2014), o corpo humano uma estrutura complexa, formada

    por milhes de clulas, que possuem funes especficas, que em condies

    normais as cumprem com exatido, gerando um convvio integrado dos rgos

    internos. Quando esta integrao entre os rgos se d de forma harmoniosa,

    nessas condies a mquina humana apresenta perfeita sade.

    2.3.2 Clula

    A organizao dos seres vivos vai muito alm da organizao da matria sem

    vida. Enquanto esta formada por tomos que podem reunir-se e formar molculas

    e, s vezes, cristais, nos seres vivos as molculas organizam-se de modo

    extremamente complexo, formando unidades denominadas clulas. Na maioria dos

    seres vivos, h grupos de clulas reunidas para executar determinada funo; so

    os tecidos. Estes formam os rgos, que se organizam em sistemas. Vrios

    sistemas reunidos e trabalhando em harmonia formam um organismo (FRANA,

    2014).

    O corpo humano constitudo de uma quantidade enorme de clulas que,

    agrupadas de acordo com a estrutura do cdigo gentico, formam o fentipo

    humano. Cada clula um ser vivo, o qual nasce, cresce e morre.

    Uma clula, para se manter viva necessita receber nutrientes e oxignio e

    eliminar os resduos, a qual elabora energia para sua sobrevivncia, resultando

    desse processo a liberao de gua e gs carbnico. Sendo que a clula recebe

    esses nutrientes atravs do processo de bombeamento do sangue feito pelo

    corao.

    2.3.3 Sangue

    O sangue composto por vrios elementos importantes ao bom

    funcionamento do corpo humano, sendo o veculo responsvel pelo transporte dos

    nutrientes e oxignio das clulas e o recolhimento dos resduos e gs carbnico .

  • Segundo Gozzi (2013), o sangue arterial rico em oxignio, e pobre em gs

    carbnico, e tem colorao vermelho intenso, enquanto que o sangue venoso o

    sangue com grande concentrao de gs carbnico e pobre em oxignio, com

    colorao vermelho escuro, o qual levado aos pulmes para se oxigenar,

    transformando-se em sangue arterial.

    Devido ao fato de ser um lquido com grande concentrao de sais minerais,

    o sangue um condutor de eletricidade. Por isso, a corrente eltrica gerada por um

    choque transmitida a todos os rgos (KINDERMANN,1995).

    2.3.4. Corao Humano

    O corao humano um rgo que bombeia o sangue, levando nutrientes e

    oxignio a cada clula e, ao mesmo tempo, recolhe o gs carbnico (GOZZI, 2013).

    O sistema circulatrio humano composto basicamente por:

    Corao que bombeia o sangue;

    Artrias que transportam o sangue que sai do corao;

    Rede de vasos capilares arteriais, que levam o sangue a cada clula para o

    suprimento de nutrientes e oxignio;

    Rede de vasos capilares venosos, que retiram das clulas o gs carbnico e

    os resduos.

    Veias que conduzem o sangue ao corao.

    Figura 2 - Corao Humano Partes constituintes Fonte: COSTA, Infantozzi

  • O corao humano composto de quatro cavidades, denominados de trios

    direito e esquerdo e ventrculos direito e esquerdo.

    No h comunicao entre as cavidades do lado direito e esquerdo do

    corao. A passagem do trio direito ao ventrculo direito feita por uma vlvula

    unidirecional, a Vlvula Tricspide. Do mesmo modo, a ligao do trio esquerdo

    com o ventrculo esquerdo feita pela Vlvula Mitral.

    Pode-se definir, independente da qualidade do sangue, os termos veia e

    artria da seguinte forma:

    Veia o conduto ou tubulao que transporta o sangue que entra no corao.

    Artria o conduto ou tubulao que transporta o sangue que sai do corao.

    Portanto, o sangue entra no corao atravs de uma veia, e sai pela artria

    (KINDERMANN, 1995).

    2.3.5 Sistema Respiratrio Humano

    O sistema respiratrio, ou sistema circulatrio pulmonar composto:

    Artrias pulmonares que levam o sangue venoso aos pulmes;

    Rede de vasos capilares que revestem os alvolos do pulmo, onde feita a

    troca do gs carbnico pelo oxignio.

    Rede de vasos capilares que transportam o sangue arterial;

    Veias pulmonares que conduzem o sangue arterial ao corao.

    Figura 3 Sistema Respiratrio Humano Fonte: Look for Diagnosis, 2015

  • De acordo com intensidade do choque eltrico, correntes eltricas que

    circulam nessa regio podem provocar a tetanizao do diafragma e

    consequentemente uma parada respiratria.

    2.3.6 Funcionamento Mecnico do Corao

    Sob o ponto de vista mecnico o corao uma bomba hemo-hidrulica que

    faz o sangue circular pulsivamente e continuadamente pelo corpo humano

    (KINDERMANN,1995).

    Figura 4 Corao Humano: bomba mecnica Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico

    Segundo Kindermann (1995), basicamente o corao possui dois lados:

    Lado direito: formado pelos trio e ventrculo direitos, por onde circula

    somente o sangue venoso;

    Lado esquerdo: formado pelos trio e ventrculo esquerdos, por onde circula o

    sangue arterial.

    As paredes dos trios e dos ventrculos so formados por fibras musculares,

    dispostas longitudinalmente ao corao, essas fibras dispostas uma ao lado da

    outra, formam compactamente uma verdadeira cerca, que so as paredes do

    corao, elas so fortes e compridas e suas contraes produzem o batimento

    cardaco, atravs de dois movimentos principais:

  • Distole: as fibras ventriculares relaxam e todas as fibras musculares dos trios se

    contraem, forando o sangue a ir para os ventrculos;

    Sstole: as fibras musculares se contraem, e o sangue sai do corao.

    O sangue venoso oriundos das clulas chega ao corao atravs das veias

    cavas inferior e superior e penetram na cavidade direita do corao, chamado de

    trio direito. O corao, em seu funcionamento normal, dentro do ventrculo direito,

    quando retorna ao seu estado normal, ou seja, no seu perodo de relaxamento,

    gerada uma baixa presso que puxa a sangue do trio direito, posteriormente, com a

    contrao do trio direito o restante do sangue empurrado para o ventrculo direito.

    Esse perodo de enchimento ventricular conhecido como Distole.

    Quando ocorre a contrao do ventrculo direito, o sangue venoso

    impulsionado para as artrias pulmonares, que se subdividem numa rede de vasos

    capilares, at atingir o nvel alveolar nas paredes dos pulmes, onde ocorre a troca

    do gs carbnico pelo oxignio, obtendo-se o sangue arterial que coletado pelas

    veias pulmonares e transportado ao trio esquerdo do corao. Quando trio

    esquerdo se contrai o sangue arterial transferido para o ventrculo esquerdo e,

    quando esse ventrculo se contrai, o sangue impulsionado para a artria aorta e

    levado a todo o corpo. As contraes dos trios direito e esquerdo ocorrem ao

    mesmo tempo, ou seja, o sangue simultaneamente impulsionado para os

    ventrculos. O perodo das contraes simultneas dos ventrculos direito e

    esquerdo conhecido como Sstole.

    importante ressaltar que as fibras musculares que formam as paredes dos

    trios no so muito fortes porque sua tarefa apenas empurrar o sangue para os

    ventrculos. Porm as fibras musculares das paredes dos ventrculos so muito

    fortes porque com a contrao destas fibras que o sangue, com alta presso,

    levado :

    Percorrer os vasos capilares do pulmo, via artria pulmonar, produzindo uma

    grande queda na presso;

    Circular pela artria Aorta, por todo o corpo, at fazer o sangue chegar ao

    nvel celular.

  • Por isso as fibras musculares que revestem as paredes dos ventrculos do

    corao trabalham o tempo todo, tendo assim, um alto consumo energtico. Devido

    a sua grande importncia, estes msculos so os mais irrigados do corpo humano

    para garantir uma grande oxigenao e uma boa dosagem de nutrientes.

    justamente nos msculos do ventrculo onde ocorre a fibrilao devido passagem

    da corrente eltrica proveniente do choque eltrico (KINDERMANN, 1995).

    2.3.7 Funcionamento Eltrico do Corao

    O funcionamento eltrico do corao o mecanismo de comando e controle

    do batimento cardaco, responsvel pelo funcionamento mecnico do corao,

    sendo controlado e comandado eletricamente por dois geradores eletroqumicos:

    NSA: Ndulo Sino Atrial , tambm conhecido por Ndulo de Keith-Flack;

    NAV: Ndulo trio Ventricular.

    Esses dois geradores eletroqumicos, esto situados na cavidade do trio

    direito, sendo que o Ndulo Sino Atrial (NSA) um gerador eltrico que,

    quimicamente, processa os ons de Sdio (Na+) e de Potssio ( K+), alterando-os e

    emitindo o pulso eltrico, conforme mostrado na figura abaixo:

    Figura 5 Gerador eltrico NSA Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico

    Este pulso eltrico ao passar pelas paredes dos trios produzem contraes

    simultneas em todas as fibras musculares contraindo-as e impulsionando o sangue

    aos ventrculos direito e esquerdo (distole).

  • Figura 6 Transmisso do sinal eltrico pelas paredes do corao Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico

    Em seguida, esse sinal eltrico enviado pelo NSA captado pelo feixe de His

    e distribudo pela rede de Purkinje para as fibras musculares dos ventrculos do

    corao, que ao receberem de forma sincronizada o sinal eltrico, se contraem,

    promovendo assim a contrao dos ventrculos (sstole).

    O NSA um gerador eltrico que emite os pulsos eltricos necessrios para

    promover o batimento cardaco, enquanto que o NAV tambm um gerador, mas

    apenas reserva, que acompanha os sinais do NSA sem gerar pulso. Alguns estudos

    indicam que o NSA atua no sinal eltrico retardando-o para que ocorra uma pausa

    entre a contrao dos trios e dos ventrculos. H tambm outros estudos cientficos

    que comprovam que NAV assume efetivamente a funo do NSA se, por algum

    motivo, este deixar de funcionar.

    Verificaes prticas ao longo dos anos tm demonstrado que a regio

    cardaca mais susceptvel a problemas a dos ventrculos e que, devido ao choque

    eltrico, a fibrilao acontece mais neles do que nos trios.

    Esse sinal eltrico proveniente do Ndulo Sino Atrial (NSA) percorre o

    corao, e chega a superfcie da pele, esse sinal o mesmo captado nos exames

    de Eletrocardiograma (ECG), ou seja, a repercusso das cargas eltricas da parede

    do corao nas partes externas do corpo, sendo nesse caso ampliado pelo aparelho

    para uma melhor visualizao.

  • Figura 7 Imagem de Eletrocardiograma normal. Fonte: GUYTON e HALL, 2006

    Nesse sinal eltrico que comanda o corao possvel distinguir trs fases

    bem definidas:

    Onda P : corresponde a fase de contrao dos trios;

    Onda do complexo QRS: corresponde a fase de contrao dos ventrculos;

    Onda T: corresponde a fase onde ocorre a repolarizao das fibras

    musculares dos ventrculos.

    Os msculos dos ventrculos impulsionam o sangue arterial atravs dos vasos

    capilares dos pulmes e de todo o corpo. Para que isso possa ocorrer todas as

    fibras musculares dos ventrculos devem se contrair simultaneamente, essas

    contraes dos ventrculos correspondem ao perodo da onda QRS, conhecido

    como o perodo refratrio do ciclo cardaco.

    Essa contrao simultnea possvel devido ao fato de todas as fibras

    estarem polarizadas com uma diferena de potencial negativa (em mV). Quando o

    sinal do NSA as atinge, esse valor de tenso em mV sobe, deixando as fibras com

    potencial positivo, e logo depois ficam despolarizadas, sem tenso eltrica, a inicia

    o processo de despolarizao das fibras musculares, inicia-se ento o perodo da

    onda T , ao termino desse perodo, as fibras esto repolarizadas novamente com

  • potencial negativo, ou seja, esto novamente prontas para o inicio de um novo ciclo

    cardaco.

    importante observar que, justamente no perodo de repolarizao das

    fibras, que so diagnosticadas vrias doenas no corao, esse perodo o perodo

    mais vulnervel do corao, principalmente ao choque eltrico. Esse perodo

    equivale a 1/7 do ciclo cardaco, e esse o perodo que pode ser afetado pelo

    choque eltrico levando o corao a sofrer de fibrilao ventricular

    (KINDERMANN,1995).

    2.3.8 Presso Arterial

    A contrao dos trios e dos ventrculos do corao, proporcionam, nas

    paredes internas das artrias, presses que variam continuamente entre valores

    mnimos e mximos, conforme a figura abaixo:

    Figura 8 Presso arterial Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico

    Outra observao interessante a ser feita a respeito do comportamento da

    presso relativo ao retardo que ocorre entre a contrao dos ventrculos (onda

    QRS) e a presso mxima. Isso acontece devido ao tempo que a onda de presso

    leva pra percorrer a distncia do corao at o ponto onde a presso medida. No

    caso da figura o brao.

  • importante entender o funcionamento normal do corao humano, pois

    esse entendimento de suma importncia para a real compreenso do fenmeno da

    fibrilao ventricular do corao devido ao choque eltrico (KINDERMANN,1995).

    2.4 EFEITOS DO CHOQUE ELTRICO NO CORPO HUMANO

    2.4.1. Choque Eltrico no Organismo Humano

    Segundo o Manual de Treinamento de Segurana em Instalaes Eltricas da

    FUNDAO COGE (2005), o choque eltrico um estmulo rpido no corpo

    humano, ocasionado pela passagem da corrente eltrica. Essa corrente circular

    pelo corpo onde ele tornar-se parte do circuito eltrico, onde h uma diferena de

    potencial suficiente para vencer a resistncia eltrica oferecida pelo corpo.

    Essa corrente eltrica que circula pelo corpo humano pode produzir uma

    srie de efeitos, que tem o seu grau de gravidade relacionado a algumas

    circunstncias, como:

    Percurso da corrente do choque eltrico pelo corpo humano;

    Intensidade de corrente eltrica;

    Caractersticas da corrente eltrica (CC ou CA);

    Tempo de durao do choque eltrico;

    rea de contato do choque eltrico;

    Tenso eltrica;

    Condies da pele do individuo (seca ou molhada);

    Espraiamento da corrente eltrica pelo corpo;

    Regio no corpo humano atingida;

    Caractersticas fsicas do individuo (peso e altura);

    Presso do contato;

    Estado de sade do individuo;

    Uso de Prteses, marca-passo, transplante, etc.

  • 2.4.2 Resistncia Eltrica do Corpo Humano

    O corpo humano uma massa eletroltica, sendo constituda de rgos

    presos por msculos fixados na estrutura ssea, envolvido pela pele, sendo assim,

    ao fazer parte, acidentalmente, de um circuito energizado, o corpo humano passa a

    ser um condutor de corrente eltrica.

    A corrente eltrica que invade o corpo humano trafega procurando os rgos

    de menor resistividade eltrica. Portanto, alguns rgos com esta caracterstica

    ficaro mais susceptveis a danos (KINDERMANN,1995).

    Segundo Cotrim (2003) e Creder (2002), as principais variveis que

    influenciam no valor da resistncia do corpo humano so:

    Estado da pele: a maior resistncia est na pele, diminuindo com a sudorese ou

    feridas no corpo;

    Local do contato: depende do trajeto da corrente que passa pelo corpo humano de

    mo para mo, de mo para p, de dedo para dedo e outros;

    rea de contato: o aumento da rea desenvolve tambm a resistncia, porm,

    dependendo da intensidade, poder aumentar a rea da leso;

    Presso de contato: quanto maior a tenso de contato, maior a resistncia;

    Durao de contato: quanto maior o tempo de contato, menor a resistncia, no

    entanto, com o Efeito Joule haver queimadura da pele, levando reao

    imediatamente inversa, ou seja, a resistncia atinge os valores mais baixos;

    Natureza da corrente: ocorrem alteraes em razo da frequncia aplicada;

    Taxa de lcool: no caso de ingesto de quantidades altas de lcool, a resistncia

    eltrica do corpo diminui;

    Tenso eltrica do choque: a resistncia do corpo diminui com o aumento do

    choque, ocorrendo maiores variaes nos nveis mais baixos.

    Deve-se considerar que essas reaes mudam de pessoa para pessoa, pois,

    alm das diferenas antropomtricas, existem as condies biolgicas.

    Com o aumento da tenso do choque eltrico a resistncia do corpo humano

    diminui, provocando o aumento da corrente eltrica, e consequentemente o aumento

  • dos riscos de danos mais graves, por isso importante, para os eletricistas, o uso de

    Equipamentos de Proteo Individual (EPI), principalmente sapato de proteo e

    luva, pois esses EPIs so muito importantes para aumentar a resistncia eltrica do

    corpo humano para evitar ou minimizar os danos da circulao da corrente eltrica

    em caso de acidentes por choque eltrico.

    2.4.3 Efeitos do Choque eltrico

    O choque eltrico pode ocasionar no corpo humano uma srie de efeitos,

    dentre eles: contraes violentas dos msculos, tetanizao, fibrilao ventricular do

    corao, queimaduras dos ossos, rgos e msculos, parada respiratria, parada

    cardaca, eletrlise no sangue, deslocamento dos msculos internos (prolapso),

    perturbao do sistema nervoso, problemas mentais, danos renais, leses trmicas

    e no trmicas, alm de outros efeitos indiretos, como as quedas e batidas

    (KINDERMANN,1995).

    A morte por asfixia ocorrer, se a intensidade da corrente eltrica for de valor

    elevado, normalmente acima de 30 mA e circular por um perodo de tempo re-

    lativamente pequeno, normalmente por alguns minutos. Da a necessidade de uma

    ao rpida, no sentido de interromper a passagem da corrente eltrica pelo corpo.

    A morte por asfixia advm do fato do diafragma da respirao se contrair

    tetanicamente, cessando assim, a respirao. Se no for aplicada a respirao

    artificial dentro de um intervalo de tempo inferior a trs minutos, ocorrero srias

    leses cerebrais e possvel morte. A fibrilao ventricular do corao ocorrer se

    houver intensidades de corrente da ordem de 15mA que circulem por perodos de

    tempo superiores a um quarto de segundo. A fibrilao ventricular a contrao

    disritimada do corao que, no possibilitando desta forma a circulao do sangue

    pelo corpo, resulta na falta de oxignio nos tecidos do corpo e no crebro. O corao

    raramente se recupera por si s da fibrilao ventricular. No entanto, se aplicarmos

    um desfribilador, a fibrilao pode ser interrompida e o ritmo normal do corao pode

    ser restabelecido. No possuindo tal aparelho, a aplicao da massagem cardaca

    permitir que o sangue circule pelo corpo, dando tempo para que se providencie o

    desfribilador, na ausncia do desfribilador deve ser aplicada a tcnica de massagem

    cardaca at que a vtima receba socorro especializado (FUNDAO COGE, 2005).

  • A corrente eltrica gerada por um choque eltrico, ao percorrer o corpo

    humano pode produzir uma srie de efeitos, dentre eles podemos citar:

    Efeitos Eletromagnticos: Em torno dos condutores em que circula um fluxo

    de corrente, cria-se um campo magntico perpendicular ao sentido de conduo.

    Esse fenmeno, proveniente da criao do campo magntico, pode ser demonstrado

    por vrios efeitos, como o deslocamento de ims em torno de condutores, exemplo:

    Interferncia em marca-passos (CAMINHA, 1977).

    Efeitos Eletroqumicos: O fluxo eltrico pode produzir ao qumica, ao

    circular em solues eletrolticas. Esse fenmeno verificado no recobrimento de

    metais por deposio de material, como galvanoplastia e cromao, e na carga e

    descarga dos acumuladores eltricos, as baterias (RAMALHO JUNIOR, 1999).

    Efeitos Fsicos: queimaduras, fibrilao,etc.

    Efeito Joule a circulao do fluxo de corrente eltrica em um condutor

    apresenta um fenmeno de produo de calor, resultado das violentas colises dos

    eltrons livres com os tomos dos condutores. Essa velocidade de deslocamento

    dos eltrons livres aumenta o impacto com os tomos e que, adicionada

    velocidade prpria de translao em torno do ncleo, gera o efeito de agitao entre

    eles, produzindo efeito trmico denominado de Efeito Joule (RAMALHO JUNIOR,

    1999).

    Efeitos Fisiolgicos: resulta da passagem do fluxo eltrico por organismos

    vivos, podendo agir diretamente no sistema nervoso muscular e cardaco, como

    exemplo a fibrilao ventricular (GUYTON; HALL, 2002).

    2.4.4. Queimaduras

    A circulao da corrente eltrica no corpo humano acompanhada do Efeito

    Joule, fenmeno de produo de calor, portanto, h probabilidade de queimaduras

    (CAMINHA, 1977).

    Segundo Kindermann(1995), as queimaduras so classificadas quanto ao

    agente causador, profundidade ou grau, extenso ou gravidade, localizao e

    perodo evolutivo. A evoluo dos efeitos da queimadura leva aos estgios do

  • choque circulatrio e se modifica segundo os diferentes graus de gravidade,

    dividindo-se em:

    Estgio no progressivo: no qual os mecanismos compensatrios da circulao

    normal podero causar a recuperao completa, sem a terapia de ajuda;

    Estgio progressivo: no qual, sem terapia, o choque torna-se progressiva e

    continuamente pior, levando at a morte;

    Estgio irreversvel: no qual o choque progrediu a tal grau que qualquer forma de

    terapia conhecida inadequada para salvar a pessoa, mesmo que ainda esteja viva.

    2.4.5 Tetanizao

    Os principais efeitos fisiolgicos que uma corrente eltrica (externa) produz no

    corpo humano so, tetanizao, fibrilao ventricular, parada cardiorrespiratria e

    queimadura. A intensidade da corrente eltrica imposta ao corpo humano mantido

    em contato direto com materiais condutores poder produzir a tetanizao das

    mos, que somente ser interrompida no caso de desligamento da fonte geradora

    (CAMINHA, 1977).

    Tetanizao a paralisia muscular provocada pela circulao de corrente

    atravs dos nervos que controlam os msculos. A corrente supera os impulsos

    eltricos que so enviados pela mente e os anula, podendo bloquear um membro ou

    o corpo inteiro, e de nada vale neste caso a conscincia do indivduo e a sua

    vontade de interromper o contato. Para um fcil entendimento podemos considerar

    a tetanizao como uma espcie de cimbra nos msculos.

    A tetanizao o resultado da contrao muscular na sua capacidade

    mxima, de modo que qualquer aumento adicional na frequncia de estimulao no

    exera novos efeitos (GUYTON; HALL, 2002).

    No choque eltrico, a corrente fisiolgica interna do corpo humano soma-se

    corrente externa desconhecida e de intensidade comparativamente muito maior,

    levando hipocalcemia com concentraes plasmticas de ons de clcio cerca de

    50% abaixo do normal (GUYTON; HALL, 2002).

  • 2.4.6 Parada Cardaca

    Um choque que gera uma corrente eltrica elevada no corpo produz a

    tetanizao das fibras musculares do tecido do corao, gerando a parada cardaca,

    pois o corao fica preso devido ao estado exagerado de tensionamento de suas

    fibras, com consequncias idnticas a fibrilao ventricular do corao.

    A parada total do funcionamento do corao caracterizada como parada

    cardaca, as fibras musculares ficam inativas, o corao cessa o bombeamento do

    sangue, a presso arterial cai a zero e como consequncia a vtima perde os

    sentidos. A parada cardaca pode ocorrer tanto por choque em corrente contnua,

    como em corrente alternada, como a maior parte da energia utilizada no mundo

    em corrente alternada (50 ou 60Hz) a maior parte dos estudos se referem a esse

    tipo de corrente, o qual ao passar pelo corao, durante um choque eltrico, produz

    a tetanizao das suas fibras musculares e como consequncia ocorre a parada

    cardaca (KINDERMANN, 1995).

    2.4.7 Parada Cardiorrespiratria

    Os surtos de corrente que passam pelo corpo humano com elevada

    intensidade em curtos perodos podem provocar parada cardaca, ou, simplesmente,

    o corao para de bombear. Cessam-se todos os sinais eltricos de controle no

    corao, desenvolvendo-se hipxia intensa devido respirao inadequada

    (GUYTON; HALL, 2002).

    Segundo Kindermann (1995), a hipxia impedir as fibras musculares e as

    fibras de conduo cardacas de manterem os potenciais normais de concentrao

    dos eletrlitos atravs da sua membrana. Assim, desaparece o ritmo normal de

    funcionamento. As reabilitaes dos efeitos das paradas cardacas podem ser

    revertidas com sucesso por tcnicas de ressurreio aplicadas imediatamente,

    porm as consequncias provocadas pela reduo de circulao sangunea no

    crebro sero imprecisas .

    O maior desafio na parada circulatria impedir a ocorrncia de efeitos

    prejudiciais ao crebro. So necessrios de cinco a oito minutos para que, na

    reverso da parada circulatria, no haja danos cerebrais permanentes. A morte

  • sempre foi atribuda hipxia ou queda de oxigenao, porm a medicina

    comprovou a formao de cogulos de sangue no crebro, decorrente da reduo

    da circulao sangunea ou pelo fato de esse sangue no ter como expandir-se.

    Assim, a falncia cerebral iniciada.

    Choque eltrico com corrente eltrica de intensidade inferior a do limite que

    produz a fibrilao ventricular, com o decorrer do tempo, compromete a capacidade

    respiratria da vitima, devido fadiga e tensionamento do msculo do diafragma

    (localizado entre a regio torcica e abdominal), que o responsvel pelos

    movimentos que provocam o enchimento dos pulmes.

    Se o choque for com correntes elevadas esse tensionamento exagerado ir

    gerar a tetanizao do diafragma, e em consequncia a parada respiratria, caso o

    corao continue funcionando, a circulao de sangue ser apenas de sangue

    venoso, deixando vtima em estado de morte aparente, sendo necessria respirao

    artificial de forma emergencial, pois h o risco iminente de morte.

    2.4.8 Fibrilao Ventricular

    De todos os efeitos do choque eltrico no corpo humano, o da fibrilao

    ventricular o mais importante a ser estudado e compreendido, principalmente para

    prevenir os profissionais que trabalham com eletricidade sobre a gravidade desse

    fenmeno. O conhecimento sobre a fibrilao ventricular importante para todas as

    pessoas e setores que trabalham com eletricidade, pois entre todos os efeitos do

    choque eltrico existente, esse o mais usual, principalmente por ocorrer, na maior

    parte dos casos, em baixa tenso. Sendo praticamente impossvel enumerar a

    quantidade de vtimas, a preveno o melhor caminho para se proteger, sendo que

    o primeiro passo conhecer a fibrilao ventricular da forma mais profunda possvel.

    A fibrilao ventricular o tipo de arritmia cardaca que, se no for

    interrompida no perodo de um a trs minutos, se torna irreversvel, levando morte.

    Ela decorrente de uma sequncia de impulsos cardacos desordenados, iniciando-

    se pelo msculo ventricular, e que se repetem continuamente no mesmo msculo

    (GARCIA, 2002).

  • Dessa forma, no ocorrer contrao coordenada do msculo ventricular a

    um s tempo, o que necessrio para o correto funcionamento do corao. Apesar

    de no encerrar o movimento estimulante, essa forma desordenada, por toda parte

    dos ventrculos, no gera volume de sangue suficiente para o bombeamento,

    levando inicialmente inconscincia, de quatro a cinco segundos, falta de fluxo

    sanguneo para o crebro e, finalmente, falncia irrecupervel dos tecidos e do

    corpo, em minutos (CARNEIRO, 1998).

    De acordo com Kindermann (1995), na fibrilao ventricular as fibras

    musculares ficam tremulando desordenadamente havendo, em consequncia, uma

    total ineficincia no bombeamento do sangue. A presso arterial, tambm neste

    caso, cai zero, a pessoa desfalece, ocorrendo conjuntamente a parada

    respiratria.

    No eletrocardiograma, a fibrilao ventricular fica caracterizada pelo sinal

    rpido e catico, numa frequncia varivel na faixa de 170 a 300 por minuto. Ao

    mesmo tempo, a presso arterial cai a zero o que indica a parada de circulao do

    sangue no corpo, tendo como consequncia a parada respiratria, ficando assim a

    vitima em estado de morte aparente.

    A figura abaixo mostra as formas de onda de um choque eltrico captado pelo

    Eletrocardiograma (ECG) e da presso arterial de um corao em fibrilao

    ventricular.

    Figura 9 E.C.G. e presso arterial do corao em fibrilao ventricular Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico

  • Quando em fibrilao ventricular as paredes do ventrculo tremulam

    desordenadamente quando o corao est em fibrilao ventricular. Com a falta de

    circulao do sangue as clulas do corpo humano deixam de receber os nutrientes e

    oxignio, como consequncia as clulas cerebrais so as primeiras a sofrerem

    danos por serem muito sensveis a falta de oxignio, pois no armazenam oxignio

    e glicose e possuem baixa capacidade de realizao do metabolismo anaerbico.

    Como o crebro possui um elevado consumo energtico, pela falta de irrigao de

    oxignio ele interrompe a sua atividade neuronal, deixando a vitima em estado de

    morte aparente, e se medidas de primeiros socorros no forem imediatamente

    realizadas, em cerca de 4 minutos inicia-se os danos cerebrais, de forma

    irreversvel. Com a falta de oxignio e de nutrientes as fibras musculares que

    formam as paredes do ventrculo do corao se exaurem completamente, e dentro

    de 9 a 12 minutos a vitima entra em bito.

    2.4.8.1 Fibrilao Ventricular devido ao Choque Eltrico

    Um dos efeitos mais comum que ocorre quando uma determinada corrente

    eltrica circula pelo corao a fibrilao ventricular, sendo assim, desde ento,

    passou a buscar o entendimento de como ocorre esse fenmeno fisiologicamente.

    Para as correntes elevadas de choque eltrico os efeitos que causam maiores

    danos ao corpo humano so as queimaduras, e para correntes baixas o maior perigo

    a fibrilao ventricular.

    Em uma fibrilao ventricular, pode-se observar que o fenmeno

    desordenado de contraes demonstra a falta de padronizao, o que elimina

    qualquer possibilidade de reverso do quadro estabelecido. A amplitude da tenso

    no estado inicial de aproximadamente meio milivolt, e no intervalo de vinte a trinta

    segundos cair para 0,2 a 0,3 milivolts, isso permanece at que a amplitude seja

    zerada (KINDERMANN,1995).

    A fibrilao um efeito do choque proveniente da descarga de corrente

    alternada. No entanto, essa corrente, de forma controlada em alta tenso, poder

    ser aplicada simultaneamente nos ventrculos e torn-los refratrios novamente.

    Este o princpio do desfibrilador: um eletrochoque aplicado nos dois lados do

  • corao, com intensidade instantnea. Essa condio poder ser repetida algumas

    vezes, pois comum o retorno fibrilao (GUYTON; HALL, 2002).

    Dentro do ciclo cardaco, o perodo mais vulnervel corresponde ao perodo

    em que as fibras musculares dos ventrculos esto se repolarizando, quando ocorre

    a onda T, sendo o perodo mais frgil e de maior risco, pois se um choque ocorrer

    neste instante, a probabilidade de ocorrer a fibrilao maior.

    Na figura a seguir possvel melhor visualizar esse perodo mais vulnervel ao

    choque eltrico.

    Figura 10 Choque eltrico no instante da onda T Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico

    Dentro do perodo da onda T, caso neste instante ocorra um choque eltrico,

    uma pequena corrente eltrica o suficiente para causar a fibrilao, j fora desse

    perodo seria necessrio uma corrente eltrica maior, sendo que com essa corrente

    maior os danos j seriam mais graves do que a prpria fibrilao ventricular.

    Segundo Kindermann(1995), pensava-se, h pouco tempo atrs, que a

    corrente eltrica do choque, ao passar pelo corao, mais propriamente pelo NSA

    (Ndulo Sino Atrial) , desregulava seu funcionamento, emitindo um sinal rpido e

    catico para as fibras musculares do ventrculo. Estas fibras, absorvendo e tentando

    acompanhar o sinal, contraam-se de maneira irregular, tendo como resultado

    vibraes distorcidas e diferenciadas em vrios locais das paredes do ventrculo,

  • com o sangue no sendo mais, bombeado, isto , o sangue nas artrias e veias

    parado, com presso zero. Deste modo, o corao fica em fibrilao ventricular,

    deixando a vtima em estado de Morte aparente. Verificou-se posteriormente que,

    em pessoas sadias, com o estado do corao bom, que os responsveis pela

    fibrilao ventricular devido ao choque eltrico no so o NSA (Ndulo trio

    Ventricular) e o NAV(Ndulo Sino Atrial). Isto porque, recentemente, em testes

    prticos efetuados no instante em que o corao sofria uma fibrilao ventricular,

    constatou-se que o NSA est operando normalmente. Ou seja, as fibras musculares

    que compem as paredes dos ventrculos esto em estado de fibrilao, mas o NSA

    continua emitindo os sinais dos pulsos eltricos, porm as fibras no obedecem

    devido ao estado de despolarizao que se encontram.

    Os fatores que apresentam maior probabilidade de causar a fibrilao

    ventricular so os choques eltricos sbitos no corao, a isquemia do msculo

    cardaco ou ambos. Segundo Guyton e Hall (2002), quando aplicado um estmulo

    eltrico de sessenta hertz (60Hz) no corao, o primeiro ciclo desse estmulo causa

    uma onda de despolarizao que se propaga em todas as direes, deixando todo o

    msculo abaixo desse estado. Depois de um quarto de segundo, parte desse

    msculo comea a sair do estado refratrio. (COTRIM, 2003).

    Sabe-se tambm que a heterogeneidade dos tecidos de suas paredes, deixa

    as fibras musculares do corao mais susceptveis a fibrilao ventricular pelo

    choque eltrico. H estudos que comprovam que o corao da cobra no sofre

    fibrilao ventricular devido ao fato do tecido do corao ser formado de um s tipo,

    assim durante um impulso eltrico, todas as fibras vibram homogeneidade.

    2.4.9 Efeitos Crnicos e Efeitos em Longo Prazo

    H vrios estudos sobre os efeitos clssicos do choque eltrico, porm

    poucos so os trabalhos que buscam um aprofundamento nas consequncias a

    mdio e a longo prazo da circulao da corrente eltrica pelo delicado sistema do

    corpo humano.

    Essa dificuldade na deteco das causas reais das consequncias de um

    choque eltrico, principalmente de baixa tenso, com nveis baixos de corrente,

  • mesmo com efeitos gravssimos como a prpria morte do individuo, pode ser visto

    na descrio abaixo contida no livro Choque eltrico de Geraldo Kindermann.

    Segundo Kindermann (1995), o choque em alta tenso produz queimaduras

    intensas, deixando evidencias da causa morte, em baixa tenso, o choque eltrico

    de baixssima intensidade e o efeito das queimaduras pequeno, a morte ocorre

    devido praticamente ao efeito da fibrilao ventricular, sem deixar marcas no

    corao. Note-se que, se a massagem cardaca e a respirao artificial no forem

    feitas, as fibras musculares dos ventrculos em fibrilao iro, por no receber

    nutrientes e oxignio, se exaurir at parar. Deste modo, a fibrilao ventricular

    cessa, passando para o estgio de parada cardaca. Esta exausto da fibra se d no

    perodo de 9 a 12 minutos, dependendo do estado do corao da vtima. Aps a

    morte, o cadver levado ao hospital, e s bem mais tarde o mdico legista efetuar

    os procedimentos normais para detectar a causa morte. No exame de rotina, o

    mdico legista, na autpsia, constata que a morte foi devido a uma parada

    cardiorrespiratria, isto ocorre porque a corrente eltrica que origina a fibrilao

    ventricular no deixa marca [visveis] no corao. Esse um problema srio para os

    familiares dos tcnicos que trabalham com eletricidade, pela legislao vigente no

    fica caracterizado morte por acidente de trabalho. Quando a corrente de choque

    eltrico deixa marcas evidentes, a denominao mdica : Eletrocusso (mortes

    causadas por choques eltricos) ou Eletrotraumatismo (danos ao corpo humano

    causados por choques eltricos, no incorrendo em morte).

    Muitos rgos, aparentemente sadios, s vo aparentar sintomas devido aos

    efeitos da corrente de choque muitos dias ou meses aps, apresentado sequelas,

    que muitas vezes no so relacionadas com o choque, devido ao espao de tempo

    decorrido desde o acidente.

    Alm dos efeitos mais comuns, o choque eltrico pode gerar outros efeitos no

    corpo humano, como:

    Perda da coordenao motora, atrofia muscular, danos neurolgicos: Isto

    pode ocorrer devido ao choque eltrico sobrepor o sinal natural do corpo,

    provocando uma pane geral;

  • Perda de sensibilidade: a corrente eltrica pode queimar ou danificar os

    sensores na rea do choque, provocando a perda parcial da sensibilidade na regio

    atingida;

    Danos no crebro: a corrente do choque ao passar pelo crebro pode

    provocar graves danos como: inibio, perda de sincronismo nos comandos, edema,

    isquemia, etc.;

    Danos na viso: pode ocorrer devido a ao da circulao da corrente, ou

    pela ao do arco-voltaico, provocando queimaduras, danos na retina, o

    deslocamento dos msculos que controlam a ris, cristalino, ou movimentos do olho

    (prolapso);

    Danos renais: ao passar pelos rins, a corrente eltrica pode comprometer o

    seu funcionamento, provocando insuficincia renal, incontinncia urinria, etc.;

    Prolapso: o choque eltrico pode provocar o deslocamento de msculos ou

    rgos do corpo, devido a convulso que ocorre nesse instante, contraindo

    msculos, dilatando o sangue, provocando pane nos sistemas neurotransmissores.

    Outros sintomas, de difcil anlise, so os provocados pelo choque eltrico cujos

    efeitos e danos nos rgos s aparecero mais tarde. Estes danos podem aparecer

    aps dias ou meses.

    2.5 RISCOS DA ENERGIA ELTRICA

    impossvel imaginar o mundo hoje sem a energia eltrica, que se tornou um

    insumo essencial para a execuo de quase todas as atividades modernas.

    Diferente de alguns outros segmentos, a eletricidade requer um cuidado especial,

    porque os perigos no atingem apenas os profissionais eletricitrios ou eletricistas,

    mas quaisquer pessoas que tenham contato com a eletricidade (crianas, usurios,

    etc.), pois junto a esses benefcios vieram tambm vrios problemas.

    Se h contato com equipamento eltrico, h o risco de energizao acidental.

    Basta que a tenso da instalao seja igual ou superior a 50 volts, e isso vale no

    Brasil e em qualquer lugar do mundo. um dado que deve estar previsto nas

    anlises de risco, ainda mais nos ambientes de trabalho, pois os acidentes com

  • eletricidade apresentam uma taxa de gravidade mais alta do que a mdia dos outros

    tipos de acidentes de trabalho.

    O choque eltrico mata, mesmo em baixa tenso, e com equipamentos e

    instalaes rotineiras. Sem medidas de proteo adequadas o acidente passa a ser

    apenas uma questo de tempo.

    Registros de chuveiros, cercas, grades e portes, postes, andaimes, balces

    trmicos, bombas e motores diversos, mquinas de solda, refrigeradores, enfim,

    uma srie de equipamentos que deveriam estar cumprindo a sua misso funcional

    de transformar energia eltrica em frio, calor e movimento, transformam-se em

    algozes de pessoas inadvertidamente expostas ao risco de contato com suas partes

    indevidamente energizadas.

    Todos os equipamentos e instalaes podem apresentar defeito, isso algo

    inquestionvel. No caso de equipamentos eltricos, uma falha comum o contato

    interno dos seus circuitos (fios e cabos) com as partes metlicas que os circundam.

    Quando isso ocorre, uma parte da corrente eltrica passa a circular pela parte

    externa desses equipamentos, procurando um caminho de baixa resistncia para

    continuar fluindo. Quando algum faz contato com esse equipamento, o seu corpo

    completa esse caminho mais fcil para essa corrente eltrica que quer fugir do

    circuito para o qual ela foi projetada. O corpo humano tambm oferece uma

    resistncia passagem da corrente eltrica cujo valor depende, entre outros fatores,

    do percurso dessa corrente pelo corpo e da resistncia da pele nos pontos de

    contato. Por outro lado, a resistncia da pele varia bruscamente com a presena da

    gua, seja a umidade natural do corpo (suor) ou o contato com as mos ou ps

    molhados ou em situaes com partes do corpo imersas ou encharcadas. Apenas,

    para efeito de curiosidade, um valor atribudo resistncia do corpo humano, em

    ambientes externos, sujeitos presena de gua, de 1.000 e pode ser menor se

    ocorrer imerso de partes do corpo, como o caso de tanques, galerias, caixas de

    passagem, banheiras e piscinas (MATTOS, 2013).

    Ao percorrer o corpo humano, essa corrente eltrica causa danos,

    temporrios ou permanentes, ao sistema nervoso, gera contraes musculares

    dolorosas, prolapso (deslocamento permanente de rgos internos) e pode alterar o

    funcionamento de msculos vitais como o diafragma e o corao, alm disso, toda

  • vez que ocorre a passagem de corrente eltrica, h dissipao de calor, podendo

    causar queimaduras na pele e em rgos internos (KINDERMANN, 1995).

    Os riscos laborais a que esto sujeitos os profissionais da rea de eletricidade

    so elevados, podendo ocasionar desde leses at a fatalidade.

    O critrio do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) define estes riscos,

    sendo os principais:

    Riscos de choque eltrico: principal causador de acidentes no setor. Geralmente,

    originado por contato do trabalhador com partes energizadas. Seus efeitos so as

    contraes musculares, tetanizao, queimaduras, parada cardiorrespiratria,

    degenerao parcial tecidual, quedas e impactos. Sua gravidade depende da

    intensidade da corrente e do tempo de exposio, entre outras particularidades.

    Praticamente todas as atividades executadas com eletricidade estaro sujeitas a

    esse tipo de risco, entre as quais, construo, operao, manuteno, inspeo,

    medio, poda de rvores, etc.;

    Risco de arco voltaico: causado pelo fluxo de corrente eltrica atravs do meio

    isolante, como o ar, produzido na desconexo e conexo de chaves ou dispositivos

    eltricos, ou ainda, em caso de curto-circuito. O arco voltaico produz calor e

    luminosidade capazes de causar queimaduras aos trabalhadores, desde que no

    sejam respeitadas a distncia e as sinalizaes recomendadas ou normalizadas

    para a execuo desses servios;

    Riscos de campo eletromagntico: gerados pela passagem da corrente eltrica nos

    condutores, sendo mais presentes nos servios de transmisso e distribuio de

    energia eltrica em alta tenso, que empregam potenciais elevados. No h

    comprovao mdico-cientfica dos danos desse tipo de radiao aos trabalhadores;

    Riscos de queda: muito frequentes no setor eltrico, ocorrem em consequncia de

    choques eltricos aplicados aos trabalhadores, que se desequilibram e caem. As

    causas so atribudas negligncia ou impercia dos colaboradores no uso dos

    equipamentos de proteo individual (EPI) e falta de treinamentos adequados;

  • 2.6 SEGURANA DOS TRABALHOS COM ELETRICIDADE

    2.6.1 Principais Normas Tcnicas de Eletricidade em baixa tenso

    Quando se trata de medidas preventivas de segurana contra choques

    eltricos, torna-se necessrio mencionar duas normas brasileiras: a NR-10 do

    MTE(Ministrio do Trabalho e Emprego) e a NBR 5410 da ABNT(Associao

    Brasileira de Normas Tcnicas).

    A Norma Regulamentadora N10 (Segurana em Instalaes e Servios em

    Eletricidade), estabelece os requisitos e condies mnimas objetivando a

    implementao de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a

    segurana e a sade dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em

    instalaes eltricas e servios com eletricidade.

    A NBR 5410 (Instalaes Eltricas de Baixa Tenso), fixa as condies a que

    devem satisfazer as instalaes eltricas com tenso at 1000 volts em corrente

    alternada e de 1500 volts em corrente contnua.

    2.6.2 NBR5410 Instalaes Eltricas em Baixa Tenso

    A norma brasileira de instalaes eltricas em baixa tenso, mais conhecida

    pelo rtulo NBR 5410, completou, em outubro de 2014, 73 anos de histria, sua

    primeira edio de 1941. Os textos preliminares que deram origem a este

    documento inaugural foram uma verso revisada do Cdigo de Instalaes Eltricas

    da antiga Inspetoria Geral de Iluminao, datado originalmente de 1914, e um

    anteprojeto elaborado por uma comisso de especialistas, ambos resultaram num

    projeto cuja aprovao formal como norma se deu ento em outubro de 1941, sob o

    ttulo Norma Brasileira para a Execuo de Instalaes Eltricas.

    A NBR 5410 baseada na norma internacional IEC 60364 Electrical

    Installations of Buildings, filosofia e os aspectos conceituais so o mesmos. A verso

    mais recente desta norma de 2004.

    A NBR 5410 aplica-se a instalaes novas e reformas de instalaes

    existentes, fixando as condies mnimas que as instalaes devem possuir,

    garantindo desta forma um funcionamento adequado, visando principalmente a

  • segurana das pessoas, bem como, de animais domsticos e a conservao de

    bens (FUNDAO COGE, 2005).

    2.6.3 NR-10 Segurana em Instalaes e Servios em Eletricidade

    uma Norma Regulamentadora de Segurana e Sade no Trabalho,

    fiscalizada pelo Ministrio do Trabalho, que trata da Segurana em Instalaes e

    Servios em Eletricidade, publicada inicialmente em 1978, a qual sofreu sua ultima

    atualizao em 2004 atravs da Portaria 598, oficializada no Dirio Oficial em

    07/12/04.

    Em linhas gerais a NR-10 prega a segurana do trabalhador, ou seja,

    qualquer empregado no deve correr riscos de choque eltrico, de queimadura ou

    de qualquer outro efeito que os servios com eletricidade possam causar. As

    Normas Regulamentadoras - NR, so de observncia obrigatria para todas as

    empresas e o seu no cumprimento acarretar ao empregador a aplicao das

    penalidades previstas na legislao pertinente.

    Desde a publicao do novo texto da NR-10, por intermdio da Portaria

    598/04, do Ministrio do Trabalho e Emprego, aumentou imensamente o interesse

    sobre a segurana em instalaes e servios com eletricidade. Em baixa ou alta

    tenso, a energia eltrica est presente na vida e trabalho de todos ns e perceber

    os riscos associados sua utilizao fundamental para a construo de ambientes

    mais seguros.

    As estatsticas oficiais no apresentam informaes detalhadas sobre os

    acidentes relacionados direta ou indiretamente com o contato ou proximidade de

    circuitos eltricos, porm, os relatos das empresas, dos jornais e alguns estudos

    especficos servem-nos como alertas para a adoo de medidas urgentes para

    proteo dos trabalhadores e da populao como um todo. Podemos concluir, que a

    eletricidade, alm de ser a fonte da leso em instalaes especficas, canteiros de

    obra e frentes de trabalho, merece campanhas permanentes para alertar a

    populao quanto necessria distncia das redes eltricas.

    A regulamentao trabalhista, em seu novo texto, veio trazer uma esperana,

    pois estabeleceu critrios mais rgidos, tanto para as instalaes quanto para as

  • pessoas que trabalham com eletricidade. importante registrar que muitas medidas

    de controle j existiam no texto antigo da norma trabalhista de segurana, e alm de

    pouco aplicadas, menos ainda eram fiscalizadas. Tendo em vista que o texto da

    mesma j havia completado 20 anos e que no decorrer desse tempo os processos,

    as tcnicas e os equipamentos sofreram uma evoluo gradativa, hoje j bastante

    significativa, parece-nos bvio que os preceitos da referida Norma Regulamentadora

    necessitavam de atualizao para se adaptarem atual realidade.

    Um aspecto que nos parece ser de suma importncia na atualizao da NR-

    10 a adoo de regra internacionalmente reconhecida e levada em considerao

    nas grandes empresas em todo o mundo em servios que envolvem eletricidade, a

    regra de dois homens. Certas atividades e operaes envolvendo eletricidade no

    podem, sob o ponto de vista da segurana no trabalho, ser executadas por

    trabalhador isolado. Segue abaixo a sntese das principais alteraes presentes na

    nova NR- 10:

    Ampliao do foco preventivo com definio de controle e sistemas preventivos;

    Ampliao da abrangncia, atingindo gerao transmisso, distribuio e consumo,

    incluindo as fases de projeto, construo, montagem, operao, manuteno e

    trabalho nas proximidades;

    Definio e formalizao de profissionais habilitados, qualificados, capacitados e

    autorizados;

    Regulamentao de proteo contra incndios e exploses;

    Grande nfase em sinalizao;

    Necessidade de formalizar procedimentos de trabalho;

    Definio de responsabilidades e consequncias;

    Instituio de treinamento bsico de 40 horas (bsico) e de treinamento especfico

    para alta tenso (sistemas de potncia), tambm de 40 horas;

    Toda documentao necessria deve ser assinada por profissional habilitado.

  • 2.6.4 Medidas de Controle e Proteo

    Se os equipamentos e instalaes eltricas esto sujeitos a falhas e elas

    podem expor as pessoas ao risco de contato, com consequncias graves e

    previsveis, natural que sejam adotadas medidas de controle. Essas medidas so

    conhecidas e previstas nas normas tcnicas de instalaes eltricas e a sua adoo

    obrigatria de acordo com inmeros instrumentos da legislao vigente, desde o

    cdigo de defesa do consumidor, at a regulamentao trabalhista especfica (NR-

    10), passando por alguns outros menos conhecidos, mas que servem de reforo ou

    respaldo.

    Fazer a coisa certa a principal recomendao quando o assunto a

    segurana das pessoas que podem estar expostas ao perigo. No h muitas

    novidades em medidas de proteo contra choques eltricos. Os conceitos bsicos

    so antigos, pois estamos falando de aterramento por meio de condutores de

    proteo (fio-terra), tomadas e plugues com trs pinos para permitir a conexo do

    fio-terra at o quadro de distribuio, dispositivos de proteo diferencial, duplo

    isolamento de ferramentas eltricas manuais, fios e cabos protegidos em eletrodutos

    e bandejas (eletrocalhas), circuitos protegidos por disjuntores e fusveis, inspees e

    testes peridicos no sistema de aterramento, utilizao de extra-baixa tenso para

    locais com possibilidade de contato em imerso (banheiras e piscinas, por exemplo)

    (MATTOS, 2013).

    2.6.5 Aterramento

    O sistema de aterramento tem papel fundamental quando se trata de analisar

    condies de segurana das instalaes e de funcionalidade do sistema de energia

    eltrica, alm de prover segurana patrimonial e pessoal aos habitantes e usurios

    da edificao.

    Aterramento eltrico a ligao intencional com a terra, sendo a interligao

    das massas dos equipamentos, das partes metlicas da estrutura uma malha

    composta por hastes e condutores eltricos enterrados com o intuito de propiciar um

    caminho seguro, controlado e de baixa impedncia para as correntes indesejveis.

  • Segundo Cotrin (1992) as principais funes de um sistema de aterramento so:

    a) Limitar os nveis de potenciais ou distribuio destes, a patamares seguros, com

    reduo dos riscos para pessoas e animais;

    b) Permitir que os dispositivos de proteo sejam sensibilizados, isolando

    rapidamente as falhas terra;

    c) Facilitar o escoamento de cargas estticas em corpos e equipamentos eltricos/

    eletrnicos;

    d) Direcionar rapidamente para a terra as altas correntes provenientes de descargas

    atmosfricas;

    e) Proporcionar o escoamento das cargas estticas geradas nas carcaas dos

    equipamentos para terra.

    f) Obter uma resistncia de aterramento a mais baixa possvel, para corrente de falta

    a terra. Para o escoamento das correntes eltricas provenientes das descargas

    atmosfricas, a NBR 5419, em seu item 5.1.3.1.2 recomenda, para o caso de

    eletrodos no naturais, uma resistncia de aproximadamente 10 , como forma de

    reduzir os gradientes de potencial no solo e a probabilidade de centelha mento

    perigoso.

    Para que as funes supracitadas possam ser desenvolvidas de forma

    correta, Visacro (1998) destaca trs caractersticas primordiais, capacidade de

    conduo, baixo valor de resistncia e configurao de eletrodo que possibilite o

    controle do gradiente de potencial.

    2.6.6 Interruptor Diferencial-Residual (DR)

    Para proteo dos elementos que fazem parte do circuito eltrico so

    utilizados os disjuntores termomagnticos, que interrompem a circulao de corrente

    eltrica quando a mesma apresentar nveis elevados, gerados por sobrecorrente ou

    curto-circuito, protegendo assim o circuito de maiores danos (incndio, queima de

    equipamentos, etc.), em resumo, so para proteo dos materiais.

    Porm como as correntes do choque eltrico so pequenas e esto bem

    abaixo do nvel de atuao do disjuntor, elas no produzem sensibilidade suficiente

    para atuao do sensor do disjuntor, e o mesmo no opera. No intuito de preservar

  • as pessoas quanto aos danos do choque eltrico foi desenvolvido ento o Interruptor

    de corrente de fuga, que possuem um disjuntor interno acoplado a um dispositivo de

    proteo com sensibilidade para detectar correntes de pequena intensidade, da

    ordem de 30 mA por exemplo.

    Nas residncias, os locais com maiores riscos so as reas molhadas, como

    lavanderias, reas de servios, banheiros, pois nesses locais a resistncia do corpo

    humano a passagem da corrente eltrica pequena, pois est comprometida devido

    a presena de gua e umidade, excelente condutor de eletricidade. Nos domiclios,

    o maior vilo em acidentes o chuveiro eltrico, pois devido baixa resistncia do

    corpo, devido presena da gua e a alta intensidade da tenso eltrica

    (geralmente 220 V), o choque violento, produzindo muitas vezes acidentes fatais.

    Os melhores meios de se proteger, nesses casos, o uso do aterramento e a

    instalao de um Disjuntor DR.

    Os dispositivos corrente diferencial-residual (DR) constituem-se no meio

    mais ecaz de proteo das pessoas e animais contra choques eltricos. Estes

    dispositivos permitem o uso seguro e adequado da eletricidade, reduzindo o nvel de

    perigo s pessoas, as perdas de energia e os danos s instalaes, porm sem

    dispensar outros elementos de proteo (disjuntores, fusveis, etc.). A sua aplicao

    especca na proteo contra a corrente de fuga. Os dispositivos DR podem ser

    divididos em trs partes, o transformador toroidal, o disparador para converso de

    uma grandeza eltrica em uma ao mecnica e o mecanismo mvel com os

    elementos de contato.

    O princpio de funcionamento destes dispositivos decorrente da aplicao

    da lei de Kirchhoff, ou seja, em uma instalao sem defeito, a soma geomtrica das

    correntes nos condutores de fase e neutro nula. Logo, o campo magntico gerado

    nulo e a tenso induzida no secundrio do transformador tambm ser nula, no

    havendo, portanto, grandeza eltrica residual para converso numa ao mecnica.

    A deteco dessa diferena feita por um ncleo ferromagntico que envolve

    os condutores (menos o condutor de Terra - PE) e que tem um enrolamento, no

    qual, em condies normais, no circula nenhuma corrente. Se houver uma

    diferena entre as correntes de entrada e de sada, surgir uma tenso entre os

    terminais desse enrolamento, que acionar um eletrom, que por sua vez abrir o

  • circuito principal. A corrente convencional de atuao do DR representada por In.

    Um DR de corrente nominal de 30mA oferece proteo contra contatos indiretos e,

    se a corrente nominal for menor ou igual a 30mA, oferecer proteo tambm contra

    choques diretos. Essa diferena de corrente detectada pelo DR, normalmente ocorre

    por algum defeito na isolao de equipamentos ou devido a um choque eltrico

    acidental (KINDERMANN, 1995).

    Por exemplo, conforme a figura 11 podemos verificar que em um choque

    eltrico, essa corrente do choque segue o percurso do circuito passando atravs do

    corpo humano, indo terra at o ponto de aterramento, essa corrente no passa por

    dentro do toride do DR, se o seu valor for maior que 30mA, o DR opera, desligando

    o circuito de forma rpida antes da corrente do choque gerar danos ao corpo da

    pessoa que encostou no circuito.

    Figura 11 Funcionamento do DR Fonte: General Eletric (GE) Manual DR

    2.6.7 Outras Protees

    De acordo com o Manual de Treinamento de Segurana em Instalaes

    Eltricas da FUNDAO COGE (2005), existe outros meios de proteo, os quais

    dentre eles se destacam:

    Barreiras e Invlucros: so dispositivos que impedem qualquer contato com

    partes energizadas das instalaes eltricas. So componentes que visam impedir

    que pessoas ou animais toquem acidentalmente as partes energizadas, garantindo

    assim que as pessoas sejam advertidas de que as partes acessveis atravs das

    aberturas esto energizadas e no devem ser tocadas. As barreiras tero que ser

    robustas, fixadas de forma segura e tenham durabilidade, tendo como fator de

    referncia o ambiente em que est inserido. S podero ser retirados com chaves

  • ou ferramentas apropriadas e tambm como predisposio uma segunda barreira ou

    isolao que no possa ser retirada sem ajuda de chaves ou ferramentas

    apropriadas.

    Bloqueios e Impedimentos: bloqueio a ao destinada a manter, por meios

    mecnicos um dispositivo de manobra fixo numa determinada posio, de forma a

    impedir uma ao no autorizada, em geral utilizam cadeados. Dispositivos de

    bloqueio so aqueles que impedem o acionamento ou religamento de dispositivos de

    manobra (chaves, interruptores). importante que tais dispositivos possibilitem mais

    de um bloqueio, ou seja, a insero de mais de um cadeado, por exemplo, para

    trabalhos simultneos de mais de uma equipe de manuteno. Toda ao de

    bloqueio deve estar acompanhada de etiqueta de sinalizao, com o nome do

    profissional responsvel, data, setor de trabalho e forma de comunicao. As

    empresas devem possuir procedimentos padronizados do sistema de bloqueio,

    documentado e de conhecimento de todos os trabalhadores, alm de etiquetas,

    formulrios e ordens documentais prprias. Cuidado especial deve ser dado ao

    termo Bloqueio, que no SEP (Sistema Eltrico de Potncia) tambm consiste na

    ao de impedimento de religamento automtico do equipamento de proteo do

    circuito, sistema ou equipamento eltrico, isto , quando h algum problema na rede,

    devido a acidentes ou disfunes, existem equipamentos destinados ao religamento

    automtico dos circuitos, que religam automaticamente tantas vezes quanto estiver

    programado e, consequentemente, podem colocar em perigo os trabalhadores.

    Obstculos e Anteparos: os obstculos so destinados a impedir o contato

    involuntrio com partes vivas, mas no o contato que pode resultar de uma ao

    deliberada e voluntria de ignorar ou contornar o obstculo. Os obstculos devem

    impedir uma aproximao fsica no intencional das partes energizadas, e contatos

    no intencionais com partes energizadas durante atuaes sobre o equipamento,

    estando o equipamento em servio normal. Os obstculos podem ser removveis

    sem auxlio de ferramenta ou chave, mas devem ser fixados de forma a impedir

    qualquer remoo involuntria.

    Isolao dupla ou reforada: este tipo de proteo normalmente aplicado a

    equipamentos portteis, tais como furadeiras eltricas manuais, os quais por serem

    empregados nos mais variados locais e condies de trabalho, e mesmo por suas

  • prprias caractersticas, requerem outro sistema de proteo, que permita uma

    confiabilidade maior do que aquela oferecida exclusivamente pelo aterramento

    eltrico. A proteo por isolao dupla ou reforada realizada, quando utilizamos

    uma segunda isolao, para suplementar aquela normalmente utilizada, e para

    separar as partes vivas do aparelho de suas partes metlicas.

    2.6.8 Manuteno das Instalaes

    O ser humano e os animais esto sujeitos ao choque eltrico devido a uma

    srie de possibilidades, principalmente em instalaes eltricas precrias ou

    inadequadas e sem manuteno preventiva , ou elaboradas com materiais de baixa

    qualidade, executadas sem seguir um projeto eltrico que abrange as questes

    tcnicas de dimensionamento e segurana, etc.

    Segundo Covey (1989), em seu livro Os sete hbitos das pessoas muito

    eficazes cita uma fbula de Esopo sobre a galinha dos ovos de ouro que ajuda na

    compreenso da importncia de se cuidar das instalaes.

    A fbula conta a histria de um pobre fazendeiro, que um dia descobre no

    ninho de sua galinha preferida um reluzente ovo de ouro. No incio, ele desconfia de

    algum tipo de brincadeira. Mas, no momento em que vai jogar o ovo fora, pensa

    melhor e o leva para ser avaliado. O ovo era de ouro macio! O fazendeiro no

    consegue acreditar em sua sorte. Fica ainda mais surpreso no dia seguinte, quando

    o fenmeno se repete. Dia aps dia ele se levanta e corre para o galinheiro para

    apanhar mais um ovo de ouro. Ele acaba ficando imensamente rico, e mal podia

    acreditar em tanta sorte. Junto com a fortuna, porm, vieram a cobia e a

    impacincia. Incapaz de esperar pelo ovo de ouro de cada dia, o fazendeiro decide

    matar a galinha e pegar todos os ovos de uma