as consequências do choque elétrico no organismo humano e os meios de proteção atraves da nr-10
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Monografia USP Pós de Engenharia de Segurança do TrabalhoTRANSCRIPT
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EDMAR MARINO DE OLIVEIRA
AS CONSEQUNCIAS DO CHOQUE ELTRICO NO ORGANISMO
HUMANO E OS MEIOS DE PROTEO ATRAVS DA APLICAO
DA NR-10 ESTUDO DE CASO EM UM PRDIO DE
ADMINISTRAO PBLICA
So Paulo
2015
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EDMAR MARINO DE OLIVEIRA
AS CONSEQUNCIAS DO CHOQUE ELTRICO NO ORGANISMO
HUMANO E OS MEIOS DE PROTEO ATRAVS DA APLICAO
DA NR-10 ESTUDO DE CASO EM UM PRDIO DE
ADMINISTRAO PBLICA
Monografia apresentada Escola
Politcnica da Universidade de So
Paulo para a obteno do ttulo de
Especialista em Engenharia de
Segurana do Trabalho
So Paulo
2015
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FICHA CATALOGRFICA
Oliveira, Edmar Marino de
As consequncias do choque eltrico no organismo huma- no e os meios de proteo atravs da aplicao da NR-10: estu-
do de caso em um prdio de administrao pblica / E.M. de
Oliveira. -- So Paulo, 2014.
79 p.
Monografia (Especializao em Engenharia de Segurana
do Trabalho) - Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.
Programa de Educao Continuada em Engenharia.
1.Segurana no trabalho 2.Normas de segurana 3.Eletrici-
dade (Segurana) 4.Choque eltrico (Consequncias) 5.Estudo
de caso I.Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Pro-
grama de Educao Continuada em Engenharia II.t.
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DEDICATRIA
Dedico esse trabalho ao meu pai pela sua
sabedoria, a minha me pelo seu amor
incondicional e aos meus filhos, Leonardo e
Jssica, por serem as estrelas no cu de
minha vida.
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AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente a Deus e a minha Me no cu, o qual sem eles nada sou.
Agradeo a meu pai e minha me pelo exemplo de perseverana e f no trabalho,
que contribuiu para moldar meu carter.
Agradeo a toda equipe de apoio do curso, pelo esforo constante em nos dar
suporte e criar ambientes propcios ao aprendizado.
Agradeo a Srta. Tereza da Biblioteca do Instituto de Cincias Biomdicas da USP
pela ajuda quanto literatura sobre a fisiologia humana e por fazer a ponte de
ligao com os profissionais da Biomedicina.
Agradeo ao Sr. Marcelo Elias Costa, Presidente da CIPA do prdio objeto do
estudo de caso, pela sua grande contribuio nesse trabalho, abrindo as portas e
dando apoio para que pudssemos colher o material necessrio e tambm pelo seu
incansvel trabalho, muitas vezes de cavar buraco no mar, na tarefa herclea de
semeador da cultura de segurana na rea pblica.
Agradeo ao Sr. Paulo Patullo do PECE, pela sua sensibilidade, compreenso,
diligncia e simpatia, o qual no fosse por seu intermdio e ajuda no teria a
oportunidade de estar fazendo essa Ps Graduao em to respeitada instituio.
Agradeo a todos os professores e mestres, principalmente aos que possuem o dom
de transformar o complicado e superficial em simples e profundo, despertando em
ns, alunos, o xtase do aprendizado.
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O conhecimento da Sabedoria uma Luz,
que serve para iluminar a nossa escurido
interior, e quando cultivada, se transforma
em tocha ardente e posta ao alto, serve de
guia a humanidade.
Samael Aun Weor
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RESUMO
O choque eltrico pode causar no organismo humano uma srie de danos, podendo
at criar efeitos a mdio e longo prazo, porm o que uma parte significativa dos
profissionais da rea no leva em considerao, ou do pouca ateno, so os
pequenos choques em baixa tenso, chegando at a banalizar as suas
consequncias. O presente trabalho apresenta de uma forma simples, direta e
prtica os principais efeitos fisiolgicos da passagem de corrente eltrica no corpo
humano, principalmente ao percorrer o corao humano. O Trabalho inicia-se com a
apresentao de conceitos bsicos da energia eltrica, necessrios, como base
terica, ao desenvolvimento do tema, alm de uma exposio da fisiologia dos
principais efeitos causados no corpo humano. Posteriormente apresentado um
estudo de caso, das condies das instalaes eltricas de um prdio de
Administrao Pblica, para verificao da aplicao prtica dos itens da principal e
mais importante norma nacional de segurana destinada a rea eltrica, a Norma
Regulamentadora NR-10, do Ministrio do Trabalho e Emprego, onde foi coletado
dados atravs de vistorias nas instalaes eltricas, auditoria na documentao
existente e de entrevistas com os profissionais envolvidos, tendo como resultado
dessas verificaes um relatrio tcnico das instalaes eltricas, com levantamento
fotogrfico, um check-list de verificao de atendimento dos itens da NR-10, os
quais geraram ao final, um plano de ao com as providncias necessrias para que
a instalao eltrica alcance as condies mnimas de segurana, para preveno
de acidentes e proteo dos trabalhadores que interagem com a energia eltrica.
Palavras Chaves: 1. Segurana no trabalho Choque eltrico. 2. Normas de
segurana. 3. Eletricidade (Segurana). 4. Choque eltrico (Consequncias) . 5.
Estudo de Caso. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Programa de
Educao Continuada.
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ABSTRACT
The electric shock can cause in humans a lot of damage and can even create
effects in the medium and long term, but that a significant proportion of
professionals does not take into account, or pay little attention are the small
shocks at low voltage , reaching to trivialize its consequences. This paper
presents a simple, direct and practical major physiological effects of the passage
of electric current in the human body, especially to go through the human heart.
The work begins with the presentation of basic concepts of electricity, needed as
theoretical basis, the development of the theme, plus a physiology of exposure of
the main effects on the human body. Subsequently we present a case study of
the conditions of electrical installations of a building of Public Administration, to
verify the practical application of the items of the main and most important
national security standard aimed at electrical area, the Regulatory Standard NR-
10, the Ministry of Labor and Employment, which has been collecting data
through surveys in electrical installations, the existing audit documentation and
interviews with professionals involved, as a result of these checks a technical
report of electrical installations, with photographic survey, a checklist check care
of the items of NR-10, which led to the end an action plan with the necessary
measures so that the wiring reach the minimum security conditions, accident
prevention and protection of workers who interact with the electricity.
Key Words: 1. Safety in electric shock work. 2. Safety standards. 3. Electricity
(Safety). Electric 4.Choque (Consequences). 5. Case Study. University of So
Paulo. Escola Politcnica. Programa of Continuing Education.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Espraiamento da corrente do choque no corpo humano..........................15
Figura 2 Corao humano Partes constituintes...................................................17
Figura 3 Sistema respiratrio humano....................................................................18
Figura 4 Corao humano Bomba mecnica.......................................................19
Figura 5 Gerador eltrico NSA................................................................................21
Figura 6 Transmisso dos sinal eltrico pelas paredes do corao.......................22
Figura 7 Imagem de Eletrocardiograma normal......................................................23
Figura 8 Presso Arterial.........................................................................................24
Figura 9 E.C.G. e Presso Arterial do corao em Fibrilao Ventricular..............32
Figura 10 Choque eltrico no instante da onda T...................................................34
Figura 11 Funcionamento do DR............................................................................46
Figura 12 Profissional realizando medio de Vibrao.........................................51
Figura 13 Anlise de leoDeteco de anomalias na composio do leo.........52
Figura 14 Imagem de um Laudo de Termografia....................................................52
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SUMRIO
1. INTRODUO ..................................................................................................11
1.1 OBJETIVO.........................................................................................................11
1.2 JUSTIFICATIVA.................................................................................................12
2. REVISO DA LITERATURA.............................................................................13
2.1 ELETRICIDADE.................................................................................................13
2.2 CHOQUE ELTRICO.........................................................................................14
2.2.1 Macro Choque ...............................................................................................14
2.2.2 Micro Choque ................................................................................................15
2.2.3 Espraiamento da corrente eltrica durante um choque eltrico..............15
2.3 FISIOLOGIA DO CORPO HUMANO................................................................16
2.3.1 Corpo humano..............................................................................................16
2.3.2 Clula.............................................................................................................16
2.3.3 Sangue..........................................................................................................16
2.3.4 Corao Humano..........................................................................................17
2.3.5 Sistema Respiratrio Humano....................................................................18
2.3.6 Funcionamento Mecnico do Corao.......................................................19
2.3.7 Funcionamento Eltrico do Corao...........................................................21
2.3.8 Presso Arterial.............................................................................................24
2.4. EFEITOS DO CHOQUE ELTRICO NO CORPO HUMANO...........................25
2.4.1 Choque Eltrico no Organismo Humano....................................................25
2.4.2 Resistncia Eltrica do Corpo Humano......................................................26
2.4.3 Efeitos do Choque Eltrico..........................................................................27
2.4.4 Queimaduras.................................................................................................28
2.4.5 Tetanizao....................................................................................................29
2.4.6 Parada Cardaca...........................................................................................30
2.4.7 Parada Cardiorrespiratria...........................................................................30
2.4.8 Fibrilao Ventricular....................................................................................31
2.4.8.1 Fibrilao Ventricular devido ao Choque Eltrico........................................33
2.4.9 Efeitos Crnicos e Efeitos Longo Prazo..................................................35
2.5 RISCOS DA ENERGIA ELTRICA...................................................................37
2.6 SEGURANA DOS TRABALHOS COM ELETRICIDADE...............................40
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2.6.1 Principais Normas Tcnicas de Eletricidade em Baixa Tenso...............40
2.6.2 NBR5410 Instalaes Eltricas em Baixa Tenso..................................40
2.6.3 NR-10 Segurana em Instalaes e Servios em Eletricidade............41
2.6.4 Medidas de Proteo e Controle.................................................................43
2.6.5 Aterramento...................................................................................................43
2.6.6 Interruptor Diferencial-Residual (DR) .........................................................44
2.6.7 Outras Protees .........................................................................................46
2.6.8 Manuteno das Instalaes.......................................................................48
2.6.8.1 Manuteno Corretiva.................................................................................50
2.6.8.2 Manuteno Preventiva...............................................................................50
2.6.8.3 Manuteno Preditiva..................................................................................51
2.6.8.4 Manuteno Detetiva..................................................................................53
3. MATERIAIS E MTODOS...................................................................................53
3.1 COLETA DE DADOS.........................................................................................53
3.2 ESTUDO DE CASO..........................................................................................54
3.3 DIAGNSTICO DAS INSTALAES VISTORIA DO LOCAL........................54
3.4 PLANO DE AO..............................................................................................55
4. RESULTADOS ....................................................................................................56
4.1 RESULTADO DAS VISTORIAS E DA AUDITORIA...........................................56
4.2 PLANO DE ADEQUAO................................................................................57
4.3 ESTUDO DO CHOQUE ELTRICO NO BRASIL E TCNICAS DE
PREVENO...........................................................................................................57
4.4 CONSIDERAES FINAIS...............................................................................58
5 CONCLUSO......................................................................................................60
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS.......................................................................61
ANEXO A LEVANTAMENTO FOTOGRFICO DA VISTORIA NAS
INSTALAES ELTRICAS.................................................................................64
ANEXO B CHECK-LIST DE VERIFICAO DE ATENDIMENTO DOS ITENS
DA NR-10.................................................................................................................67
ANEXO C PLANO DE AO (PLANILHA 5W2H)..............................................78
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1. INTRODUO
1.1. OBJETIVO
A eletricidade est presente em quase todos os momentos de nossa vida, o
grande propulsor da vida moderna, proporcionado inmeros benefcios, porm pelo
fato de ser uma energia em potencial, pode gerar srios danos ao homem quando
no controlada, e por isso requer conhecimento sobre sua natureza e sobre suas
consequncias quando em contato com o organismo humano.
Pretende-se neste trabalho, buscar, na fisiologia do corpo humano o
conhecimento sobre os efeitos do choque eltrico, e diminuir a gravidade dos riscos
inerentes exposio dos trabalhadores do setor eltrico atravs da aplicao das
Normas Regulamentadoras de Segurana e Sade do Trabalho do Ministrio do
Trabalho e Emprego e Normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas
(ABNT).
Prope-se, neste trabalho, justificar, por meio da demonstrao dos efeitos da
corrente eltrica na fisiologia humana, a importncia da obrigatoriedade dos
trabalhadores do setor utilizarem medidas de proteo coletiva, equipamentos de
proteo individual, de atenderem aos procedimentos de trabalho e de se
submeterem a uma maior capacitao tcnica, cumprindo assim as legislaes
vigentes.
A proposta do presente trabalho a de realizar uma analise do ponto de vista
prtico sobre os reais riscos existentes nas instalaes eltricas com foco em um
aprofundamento nas consequncias do choque eltrico no organismo dos
trabalhadores, apresentando os principais sintomas e danos provocados em curto
prazo, porm abrindo um campo de discusso e anlise para os efeitos a mdio e
longo prazo, e com isso reforar a importncia da aplicao dos itens da Norma
Regulamentadora N10 (NR-10), na preveno e proteo dos servios em
instalaes eltricas, tendo como objeto de estudo, a verificao das condies
atuais de segurana das instalaes eltricas de um prdio de administrao
pblica.
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1.2. JUSTIFICATIVA
A escolha do tema se deu devido a necessidade de verificar as condies de
segurana existentes em um prdio de administrao pblica, para que suas
instalaes eltricas passem a atender as condies de segurana mnimas, para
que se tenha um ambiente mais protegido para os eletricistas e usurios contra
acidentes de origem eltrica, principalmente em baixa tenso.
De acordo com o levantamento realizado pela Associao Brasileira de
Conscientizao para os Perigos da Eletricidade (Abracopel), em 2013 mais de mil
pessoas foram vtimas de acidentes eltricos no Brasil, desses acidentes, 765 foram
causados por choque eltrico e 592 resultaram em morte, ou seja, em mdia quase
dois bitos por dia sendo a maior parte na construo civil.
Outro dado que chamou a ateno nesse levantamento a quantidade de
acidentes ocorridos dentro das residncias. Dessa estatstica podemos fazer vrias
inferncias importantes, dentre elas podemos ressaltar dois indicadores que esto
relacionados a esse nosso trabalho acadmico, um deles a alta porcentagem de
trabalhadores mortos em acidentes com eletricidade na construo civil e nas
residncias, o qual chama a ateno para dois pontos importantes: a necessidade
de qualificao dos trabalhadores que interagem com as instalaes eltricas, seja
na construo, manuteno ou operao, pois, infelizmente, ainda prtica comum,
por exemplo, pedreiros receberem a incumbncia, ou se aventurarem em realizar
trabalhos com eletricidade, muitas vezes sem possuir uma base mnima de
conhecimento dos riscos da energia eltrica, e outro ponto que chama a ateno o
fato de muitos moradores no possurem conhecimento da importncia de terem nas
instalaes eltricas de suas residncias um sistema de aterramento confivel e
dispositivos para proteo contra choques eltricos, como o DR por exemplo, os
quais certamente colaborariam para a diminuio desse nmero to elevado de
acidentes em residncias.
Outro dado que chama a ateno a quantidade de incidentes que no
culminaram em morte, ou seja, houve o contato com a corrente eltrica, o choque
eltrico em si, o qual teve seu efeito no organismo da pessoa atingida, gerando
danos perceptveis (queimaduras, paradas cardiorrespiratrias, etc.) e danos
imperceptveis em curto prazo, porm com potencial para ter causado danos
-
crnicos, que podem ocasionar, ou contribuir para a ocorrncia de distrbios no
futuro, como um infarto, por exemplo, j que uma corrente eltrica mnima de 30 mA
circulando pelo corpo j suficiente para iniciar um processo danoso nos rgos
internos, principalmente no corao.
2. REVISO DA LITERATURA
2.1 ELETRICIDADE
Desde os primrdios da humanidade, o ser humano j era submetido aos
riscos do choque eltrico. As descargas atmosfricas, ou seja, os raios,
proporcionavam descargas que direta ou indiretamente provocavam acidentes por
choque eltrico, devido aos efeitos da tenso de toque e de passo.
Aps um perodo de descobertas, e graas ao esforo, sabedoria e dedicao
de grandes seres ao longo da histria, como por exemplo Nikola Tesla (1856-1943),
a humanidade passou a ter um maior domnio sobre a energia eltrica e
respectivamente a usufruir de seus benefcios.
Entre as descobertas ao longo do tempo, uma delas foi que a matria
composta por tomos, os quais so constitudos de eltrons, prtons e neutros, e
quando um material exposto a uma determinada fora externa (diferena de
potencial) pode ocorrer a circulao dos eltrons nesse material e quando isso
ocorre dizemos que o material est sendo um condutor de Eletricidade e quando
ocorre o contrrio, ou seja, quando o material, apesar dessa fora externa atuando
sobre ele, oferece uma resistncia a essa passagem de corrente eltrica, no
conduzindo os eltrons, dizemos que o material isolante, sendo assim podemos
concluir que Eletricidade um fenmeno fsico gerado por cargas eltricas em
movimento ou estticas, ou seja, a passagem de corrente eltrica em um condutor.
Porm, como a corrente eltrica sempre procura um caminho de menor resistncia ,
esse caminho pode ser o corpo humano, o que pode gerar graves consequncias na
sade e segurana, principalmente dos profissionais que trabalham ou interagem em
instalaes eltricas.
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2.2 CHOQUE ELTRICO
Podemos definir a corrente eltrica como a energia eltrica em movimento, a
qual em condies normais percorre um condutor gerando como subproduto luz,
calor, movimento, imagem, som, etc., porm em situaes indesejveis, como um
toque acidental em um equipamento energizado por exemplo, pode circular pelo
corpo humano, gerando no organismo uma perturbao, de natureza e efeitos
diversos, que pode reagir com pequenas ou violentas contraes musculares,
podendo ocasionar srios danos, at a morte.
O choque eltrico pode ser definido, como um estmulo rpido e acidental do
sistema nervoso do corpo humano, pela passagem de uma corrente. Essa corrente
circular pelo corpo da pessoa quando ele tornar-se parte de um circuito eltrico que
possua uma diferena de potencial suficiente para vencer a resistncia eltrica
oferecida pelo corpo (REIS; FREITAS, 1983).
Em termos de riscos fatais, o choque eltrico, de um modo geral, pode ser
analisado sob dois aspectos:
Correntes de choque de baixa intensidade, sendo o efeito mais grave a
considerar o da fibrilao ventricular;
Correntes de choque de maior intensidade, provenientes de acidentes de alta
tenso , sendo o efeito trmico (queimaduras) o mais grave.
Segundo Cotrim (2003), devem-se considerar dois tipos de contatos de
exposio:
Direto: existe contato direto com a parte viva de uma instalao eltrica;
Indireto: no existe contato direto com a parte viva; o contato das pessoas com a
massa sob tenso causado por falha de isolamento ou aterramento.
2.2.1 Macro Choque
definido quando a corrente eltrica entra na pele, invade o corpo e sai
novamente pela pele, pelo lado externo, ficando assim a corrente do choque
limitada pela resistncia da pele do corpo e a intensidade da tenso do choque
(choque comum).
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2.2.2 Micro Choque
o que ocorre no interior do corpo humano, entre um condutor interno e a
pele, ou entre dois condutores internos no corpo humano.
De acordo com Kindermann (1995), este o tipo de choque mais perigoso
porque a rede de energia mantm a pessoa energizada, ou seja, a corrente de
choque persiste constantemente, com a manuteno da corrente passando pelo
corpo, os rgos internos vo sofrendo as consequncias e perdendo sua
capacidade de resistir.
2.2.3 Espraiamento da corrente eltrica durante um choque eltrico
A corrente eltrica que percorre o corpo humano durante um choque eltrico,
devido diferena de resistncia das vrias partes do corpo, provoca uma distribuio
diferenciada dessa mesma corrente eltrica, o qual chamada de espraiamento,
sendo assim algumas regies ficam sujeitas a diferentes densidades de corrente
eltrica, assim alguns locais de densidade maior apresentam efeitos trmicos mais
intensos que os de densidade menor (KINDERMANN,1995).
A densidade tambm est relacionada a rea total da regio do corpo, por
exemplo, a regio do trax devido a sua rea ser maior, a densidade de corrente
pequena, diminuindo assim os efeitos trmicos, a fibrilao do corao e contraes.
Figura 1 - Espraiamento da corrente do choque no corpo humano Fonte: SENAI Apostila NR-10
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2.3 FISIOLOGIA DO CORPO HUMANO
2.3.1 Corpo Humano
Segundo Frana (2014), o corpo humano uma estrutura complexa, formada
por milhes de clulas, que possuem funes especficas, que em condies
normais as cumprem com exatido, gerando um convvio integrado dos rgos
internos. Quando esta integrao entre os rgos se d de forma harmoniosa,
nessas condies a mquina humana apresenta perfeita sade.
2.3.2 Clula
A organizao dos seres vivos vai muito alm da organizao da matria sem
vida. Enquanto esta formada por tomos que podem reunir-se e formar molculas
e, s vezes, cristais, nos seres vivos as molculas organizam-se de modo
extremamente complexo, formando unidades denominadas clulas. Na maioria dos
seres vivos, h grupos de clulas reunidas para executar determinada funo; so
os tecidos. Estes formam os rgos, que se organizam em sistemas. Vrios
sistemas reunidos e trabalhando em harmonia formam um organismo (FRANA,
2014).
O corpo humano constitudo de uma quantidade enorme de clulas que,
agrupadas de acordo com a estrutura do cdigo gentico, formam o fentipo
humano. Cada clula um ser vivo, o qual nasce, cresce e morre.
Uma clula, para se manter viva necessita receber nutrientes e oxignio e
eliminar os resduos, a qual elabora energia para sua sobrevivncia, resultando
desse processo a liberao de gua e gs carbnico. Sendo que a clula recebe
esses nutrientes atravs do processo de bombeamento do sangue feito pelo
corao.
2.3.3 Sangue
O sangue composto por vrios elementos importantes ao bom
funcionamento do corpo humano, sendo o veculo responsvel pelo transporte dos
nutrientes e oxignio das clulas e o recolhimento dos resduos e gs carbnico .
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Segundo Gozzi (2013), o sangue arterial rico em oxignio, e pobre em gs
carbnico, e tem colorao vermelho intenso, enquanto que o sangue venoso o
sangue com grande concentrao de gs carbnico e pobre em oxignio, com
colorao vermelho escuro, o qual levado aos pulmes para se oxigenar,
transformando-se em sangue arterial.
Devido ao fato de ser um lquido com grande concentrao de sais minerais,
o sangue um condutor de eletricidade. Por isso, a corrente eltrica gerada por um
choque transmitida a todos os rgos (KINDERMANN,1995).
2.3.4. Corao Humano
O corao humano um rgo que bombeia o sangue, levando nutrientes e
oxignio a cada clula e, ao mesmo tempo, recolhe o gs carbnico (GOZZI, 2013).
O sistema circulatrio humano composto basicamente por:
Corao que bombeia o sangue;
Artrias que transportam o sangue que sai do corao;
Rede de vasos capilares arteriais, que levam o sangue a cada clula para o
suprimento de nutrientes e oxignio;
Rede de vasos capilares venosos, que retiram das clulas o gs carbnico e
os resduos.
Veias que conduzem o sangue ao corao.
Figura 2 - Corao Humano Partes constituintes Fonte: COSTA, Infantozzi
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O corao humano composto de quatro cavidades, denominados de trios
direito e esquerdo e ventrculos direito e esquerdo.
No h comunicao entre as cavidades do lado direito e esquerdo do
corao. A passagem do trio direito ao ventrculo direito feita por uma vlvula
unidirecional, a Vlvula Tricspide. Do mesmo modo, a ligao do trio esquerdo
com o ventrculo esquerdo feita pela Vlvula Mitral.
Pode-se definir, independente da qualidade do sangue, os termos veia e
artria da seguinte forma:
Veia o conduto ou tubulao que transporta o sangue que entra no corao.
Artria o conduto ou tubulao que transporta o sangue que sai do corao.
Portanto, o sangue entra no corao atravs de uma veia, e sai pela artria
(KINDERMANN, 1995).
2.3.5 Sistema Respiratrio Humano
O sistema respiratrio, ou sistema circulatrio pulmonar composto:
Artrias pulmonares que levam o sangue venoso aos pulmes;
Rede de vasos capilares que revestem os alvolos do pulmo, onde feita a
troca do gs carbnico pelo oxignio.
Rede de vasos capilares que transportam o sangue arterial;
Veias pulmonares que conduzem o sangue arterial ao corao.
Figura 3 Sistema Respiratrio Humano Fonte: Look for Diagnosis, 2015
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De acordo com intensidade do choque eltrico, correntes eltricas que
circulam nessa regio podem provocar a tetanizao do diafragma e
consequentemente uma parada respiratria.
2.3.6 Funcionamento Mecnico do Corao
Sob o ponto de vista mecnico o corao uma bomba hemo-hidrulica que
faz o sangue circular pulsivamente e continuadamente pelo corpo humano
(KINDERMANN,1995).
Figura 4 Corao Humano: bomba mecnica Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico
Segundo Kindermann (1995), basicamente o corao possui dois lados:
Lado direito: formado pelos trio e ventrculo direitos, por onde circula
somente o sangue venoso;
Lado esquerdo: formado pelos trio e ventrculo esquerdos, por onde circula o
sangue arterial.
As paredes dos trios e dos ventrculos so formados por fibras musculares,
dispostas longitudinalmente ao corao, essas fibras dispostas uma ao lado da
outra, formam compactamente uma verdadeira cerca, que so as paredes do
corao, elas so fortes e compridas e suas contraes produzem o batimento
cardaco, atravs de dois movimentos principais:
-
Distole: as fibras ventriculares relaxam e todas as fibras musculares dos trios se
contraem, forando o sangue a ir para os ventrculos;
Sstole: as fibras musculares se contraem, e o sangue sai do corao.
O sangue venoso oriundos das clulas chega ao corao atravs das veias
cavas inferior e superior e penetram na cavidade direita do corao, chamado de
trio direito. O corao, em seu funcionamento normal, dentro do ventrculo direito,
quando retorna ao seu estado normal, ou seja, no seu perodo de relaxamento,
gerada uma baixa presso que puxa a sangue do trio direito, posteriormente, com a
contrao do trio direito o restante do sangue empurrado para o ventrculo direito.
Esse perodo de enchimento ventricular conhecido como Distole.
Quando ocorre a contrao do ventrculo direito, o sangue venoso
impulsionado para as artrias pulmonares, que se subdividem numa rede de vasos
capilares, at atingir o nvel alveolar nas paredes dos pulmes, onde ocorre a troca
do gs carbnico pelo oxignio, obtendo-se o sangue arterial que coletado pelas
veias pulmonares e transportado ao trio esquerdo do corao. Quando trio
esquerdo se contrai o sangue arterial transferido para o ventrculo esquerdo e,
quando esse ventrculo se contrai, o sangue impulsionado para a artria aorta e
levado a todo o corpo. As contraes dos trios direito e esquerdo ocorrem ao
mesmo tempo, ou seja, o sangue simultaneamente impulsionado para os
ventrculos. O perodo das contraes simultneas dos ventrculos direito e
esquerdo conhecido como Sstole.
importante ressaltar que as fibras musculares que formam as paredes dos
trios no so muito fortes porque sua tarefa apenas empurrar o sangue para os
ventrculos. Porm as fibras musculares das paredes dos ventrculos so muito
fortes porque com a contrao destas fibras que o sangue, com alta presso,
levado :
Percorrer os vasos capilares do pulmo, via artria pulmonar, produzindo uma
grande queda na presso;
Circular pela artria Aorta, por todo o corpo, at fazer o sangue chegar ao
nvel celular.
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Por isso as fibras musculares que revestem as paredes dos ventrculos do
corao trabalham o tempo todo, tendo assim, um alto consumo energtico. Devido
a sua grande importncia, estes msculos so os mais irrigados do corpo humano
para garantir uma grande oxigenao e uma boa dosagem de nutrientes.
justamente nos msculos do ventrculo onde ocorre a fibrilao devido passagem
da corrente eltrica proveniente do choque eltrico (KINDERMANN, 1995).
2.3.7 Funcionamento Eltrico do Corao
O funcionamento eltrico do corao o mecanismo de comando e controle
do batimento cardaco, responsvel pelo funcionamento mecnico do corao,
sendo controlado e comandado eletricamente por dois geradores eletroqumicos:
NSA: Ndulo Sino Atrial , tambm conhecido por Ndulo de Keith-Flack;
NAV: Ndulo trio Ventricular.
Esses dois geradores eletroqumicos, esto situados na cavidade do trio
direito, sendo que o Ndulo Sino Atrial (NSA) um gerador eltrico que,
quimicamente, processa os ons de Sdio (Na+) e de Potssio ( K+), alterando-os e
emitindo o pulso eltrico, conforme mostrado na figura abaixo:
Figura 5 Gerador eltrico NSA Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico
Este pulso eltrico ao passar pelas paredes dos trios produzem contraes
simultneas em todas as fibras musculares contraindo-as e impulsionando o sangue
aos ventrculos direito e esquerdo (distole).
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Figura 6 Transmisso do sinal eltrico pelas paredes do corao Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico
Em seguida, esse sinal eltrico enviado pelo NSA captado pelo feixe de His
e distribudo pela rede de Purkinje para as fibras musculares dos ventrculos do
corao, que ao receberem de forma sincronizada o sinal eltrico, se contraem,
promovendo assim a contrao dos ventrculos (sstole).
O NSA um gerador eltrico que emite os pulsos eltricos necessrios para
promover o batimento cardaco, enquanto que o NAV tambm um gerador, mas
apenas reserva, que acompanha os sinais do NSA sem gerar pulso. Alguns estudos
indicam que o NSA atua no sinal eltrico retardando-o para que ocorra uma pausa
entre a contrao dos trios e dos ventrculos. H tambm outros estudos cientficos
que comprovam que NAV assume efetivamente a funo do NSA se, por algum
motivo, este deixar de funcionar.
Verificaes prticas ao longo dos anos tm demonstrado que a regio
cardaca mais susceptvel a problemas a dos ventrculos e que, devido ao choque
eltrico, a fibrilao acontece mais neles do que nos trios.
Esse sinal eltrico proveniente do Ndulo Sino Atrial (NSA) percorre o
corao, e chega a superfcie da pele, esse sinal o mesmo captado nos exames
de Eletrocardiograma (ECG), ou seja, a repercusso das cargas eltricas da parede
do corao nas partes externas do corpo, sendo nesse caso ampliado pelo aparelho
para uma melhor visualizao.
-
Figura 7 Imagem de Eletrocardiograma normal. Fonte: GUYTON e HALL, 2006
Nesse sinal eltrico que comanda o corao possvel distinguir trs fases
bem definidas:
Onda P : corresponde a fase de contrao dos trios;
Onda do complexo QRS: corresponde a fase de contrao dos ventrculos;
Onda T: corresponde a fase onde ocorre a repolarizao das fibras
musculares dos ventrculos.
Os msculos dos ventrculos impulsionam o sangue arterial atravs dos vasos
capilares dos pulmes e de todo o corpo. Para que isso possa ocorrer todas as
fibras musculares dos ventrculos devem se contrair simultaneamente, essas
contraes dos ventrculos correspondem ao perodo da onda QRS, conhecido
como o perodo refratrio do ciclo cardaco.
Essa contrao simultnea possvel devido ao fato de todas as fibras
estarem polarizadas com uma diferena de potencial negativa (em mV). Quando o
sinal do NSA as atinge, esse valor de tenso em mV sobe, deixando as fibras com
potencial positivo, e logo depois ficam despolarizadas, sem tenso eltrica, a inicia
o processo de despolarizao das fibras musculares, inicia-se ento o perodo da
onda T , ao termino desse perodo, as fibras esto repolarizadas novamente com
-
potencial negativo, ou seja, esto novamente prontas para o inicio de um novo ciclo
cardaco.
importante observar que, justamente no perodo de repolarizao das
fibras, que so diagnosticadas vrias doenas no corao, esse perodo o perodo
mais vulnervel do corao, principalmente ao choque eltrico. Esse perodo
equivale a 1/7 do ciclo cardaco, e esse o perodo que pode ser afetado pelo
choque eltrico levando o corao a sofrer de fibrilao ventricular
(KINDERMANN,1995).
2.3.8 Presso Arterial
A contrao dos trios e dos ventrculos do corao, proporcionam, nas
paredes internas das artrias, presses que variam continuamente entre valores
mnimos e mximos, conforme a figura abaixo:
Figura 8 Presso arterial Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico
Outra observao interessante a ser feita a respeito do comportamento da
presso relativo ao retardo que ocorre entre a contrao dos ventrculos (onda
QRS) e a presso mxima. Isso acontece devido ao tempo que a onda de presso
leva pra percorrer a distncia do corao at o ponto onde a presso medida. No
caso da figura o brao.
-
importante entender o funcionamento normal do corao humano, pois
esse entendimento de suma importncia para a real compreenso do fenmeno da
fibrilao ventricular do corao devido ao choque eltrico (KINDERMANN,1995).
2.4 EFEITOS DO CHOQUE ELTRICO NO CORPO HUMANO
2.4.1. Choque Eltrico no Organismo Humano
Segundo o Manual de Treinamento de Segurana em Instalaes Eltricas da
FUNDAO COGE (2005), o choque eltrico um estmulo rpido no corpo
humano, ocasionado pela passagem da corrente eltrica. Essa corrente circular
pelo corpo onde ele tornar-se parte do circuito eltrico, onde h uma diferena de
potencial suficiente para vencer a resistncia eltrica oferecida pelo corpo.
Essa corrente eltrica que circula pelo corpo humano pode produzir uma
srie de efeitos, que tem o seu grau de gravidade relacionado a algumas
circunstncias, como:
Percurso da corrente do choque eltrico pelo corpo humano;
Intensidade de corrente eltrica;
Caractersticas da corrente eltrica (CC ou CA);
Tempo de durao do choque eltrico;
rea de contato do choque eltrico;
Tenso eltrica;
Condies da pele do individuo (seca ou molhada);
Espraiamento da corrente eltrica pelo corpo;
Regio no corpo humano atingida;
Caractersticas fsicas do individuo (peso e altura);
Presso do contato;
Estado de sade do individuo;
Uso de Prteses, marca-passo, transplante, etc.
-
2.4.2 Resistncia Eltrica do Corpo Humano
O corpo humano uma massa eletroltica, sendo constituda de rgos
presos por msculos fixados na estrutura ssea, envolvido pela pele, sendo assim,
ao fazer parte, acidentalmente, de um circuito energizado, o corpo humano passa a
ser um condutor de corrente eltrica.
A corrente eltrica que invade o corpo humano trafega procurando os rgos
de menor resistividade eltrica. Portanto, alguns rgos com esta caracterstica
ficaro mais susceptveis a danos (KINDERMANN,1995).
Segundo Cotrim (2003) e Creder (2002), as principais variveis que
influenciam no valor da resistncia do corpo humano so:
Estado da pele: a maior resistncia est na pele, diminuindo com a sudorese ou
feridas no corpo;
Local do contato: depende do trajeto da corrente que passa pelo corpo humano de
mo para mo, de mo para p, de dedo para dedo e outros;
rea de contato: o aumento da rea desenvolve tambm a resistncia, porm,
dependendo da intensidade, poder aumentar a rea da leso;
Presso de contato: quanto maior a tenso de contato, maior a resistncia;
Durao de contato: quanto maior o tempo de contato, menor a resistncia, no
entanto, com o Efeito Joule haver queimadura da pele, levando reao
imediatamente inversa, ou seja, a resistncia atinge os valores mais baixos;
Natureza da corrente: ocorrem alteraes em razo da frequncia aplicada;
Taxa de lcool: no caso de ingesto de quantidades altas de lcool, a resistncia
eltrica do corpo diminui;
Tenso eltrica do choque: a resistncia do corpo diminui com o aumento do
choque, ocorrendo maiores variaes nos nveis mais baixos.
Deve-se considerar que essas reaes mudam de pessoa para pessoa, pois,
alm das diferenas antropomtricas, existem as condies biolgicas.
Com o aumento da tenso do choque eltrico a resistncia do corpo humano
diminui, provocando o aumento da corrente eltrica, e consequentemente o aumento
-
dos riscos de danos mais graves, por isso importante, para os eletricistas, o uso de
Equipamentos de Proteo Individual (EPI), principalmente sapato de proteo e
luva, pois esses EPIs so muito importantes para aumentar a resistncia eltrica do
corpo humano para evitar ou minimizar os danos da circulao da corrente eltrica
em caso de acidentes por choque eltrico.
2.4.3 Efeitos do Choque eltrico
O choque eltrico pode ocasionar no corpo humano uma srie de efeitos,
dentre eles: contraes violentas dos msculos, tetanizao, fibrilao ventricular do
corao, queimaduras dos ossos, rgos e msculos, parada respiratria, parada
cardaca, eletrlise no sangue, deslocamento dos msculos internos (prolapso),
perturbao do sistema nervoso, problemas mentais, danos renais, leses trmicas
e no trmicas, alm de outros efeitos indiretos, como as quedas e batidas
(KINDERMANN,1995).
A morte por asfixia ocorrer, se a intensidade da corrente eltrica for de valor
elevado, normalmente acima de 30 mA e circular por um perodo de tempo re-
lativamente pequeno, normalmente por alguns minutos. Da a necessidade de uma
ao rpida, no sentido de interromper a passagem da corrente eltrica pelo corpo.
A morte por asfixia advm do fato do diafragma da respirao se contrair
tetanicamente, cessando assim, a respirao. Se no for aplicada a respirao
artificial dentro de um intervalo de tempo inferior a trs minutos, ocorrero srias
leses cerebrais e possvel morte. A fibrilao ventricular do corao ocorrer se
houver intensidades de corrente da ordem de 15mA que circulem por perodos de
tempo superiores a um quarto de segundo. A fibrilao ventricular a contrao
disritimada do corao que, no possibilitando desta forma a circulao do sangue
pelo corpo, resulta na falta de oxignio nos tecidos do corpo e no crebro. O corao
raramente se recupera por si s da fibrilao ventricular. No entanto, se aplicarmos
um desfribilador, a fibrilao pode ser interrompida e o ritmo normal do corao pode
ser restabelecido. No possuindo tal aparelho, a aplicao da massagem cardaca
permitir que o sangue circule pelo corpo, dando tempo para que se providencie o
desfribilador, na ausncia do desfribilador deve ser aplicada a tcnica de massagem
cardaca at que a vtima receba socorro especializado (FUNDAO COGE, 2005).
-
A corrente eltrica gerada por um choque eltrico, ao percorrer o corpo
humano pode produzir uma srie de efeitos, dentre eles podemos citar:
Efeitos Eletromagnticos: Em torno dos condutores em que circula um fluxo
de corrente, cria-se um campo magntico perpendicular ao sentido de conduo.
Esse fenmeno, proveniente da criao do campo magntico, pode ser demonstrado
por vrios efeitos, como o deslocamento de ims em torno de condutores, exemplo:
Interferncia em marca-passos (CAMINHA, 1977).
Efeitos Eletroqumicos: O fluxo eltrico pode produzir ao qumica, ao
circular em solues eletrolticas. Esse fenmeno verificado no recobrimento de
metais por deposio de material, como galvanoplastia e cromao, e na carga e
descarga dos acumuladores eltricos, as baterias (RAMALHO JUNIOR, 1999).
Efeitos Fsicos: queimaduras, fibrilao,etc.
Efeito Joule a circulao do fluxo de corrente eltrica em um condutor
apresenta um fenmeno de produo de calor, resultado das violentas colises dos
eltrons livres com os tomos dos condutores. Essa velocidade de deslocamento
dos eltrons livres aumenta o impacto com os tomos e que, adicionada
velocidade prpria de translao em torno do ncleo, gera o efeito de agitao entre
eles, produzindo efeito trmico denominado de Efeito Joule (RAMALHO JUNIOR,
1999).
Efeitos Fisiolgicos: resulta da passagem do fluxo eltrico por organismos
vivos, podendo agir diretamente no sistema nervoso muscular e cardaco, como
exemplo a fibrilao ventricular (GUYTON; HALL, 2002).
2.4.4. Queimaduras
A circulao da corrente eltrica no corpo humano acompanhada do Efeito
Joule, fenmeno de produo de calor, portanto, h probabilidade de queimaduras
(CAMINHA, 1977).
Segundo Kindermann(1995), as queimaduras so classificadas quanto ao
agente causador, profundidade ou grau, extenso ou gravidade, localizao e
perodo evolutivo. A evoluo dos efeitos da queimadura leva aos estgios do
-
choque circulatrio e se modifica segundo os diferentes graus de gravidade,
dividindo-se em:
Estgio no progressivo: no qual os mecanismos compensatrios da circulao
normal podero causar a recuperao completa, sem a terapia de ajuda;
Estgio progressivo: no qual, sem terapia, o choque torna-se progressiva e
continuamente pior, levando at a morte;
Estgio irreversvel: no qual o choque progrediu a tal grau que qualquer forma de
terapia conhecida inadequada para salvar a pessoa, mesmo que ainda esteja viva.
2.4.5 Tetanizao
Os principais efeitos fisiolgicos que uma corrente eltrica (externa) produz no
corpo humano so, tetanizao, fibrilao ventricular, parada cardiorrespiratria e
queimadura. A intensidade da corrente eltrica imposta ao corpo humano mantido
em contato direto com materiais condutores poder produzir a tetanizao das
mos, que somente ser interrompida no caso de desligamento da fonte geradora
(CAMINHA, 1977).
Tetanizao a paralisia muscular provocada pela circulao de corrente
atravs dos nervos que controlam os msculos. A corrente supera os impulsos
eltricos que so enviados pela mente e os anula, podendo bloquear um membro ou
o corpo inteiro, e de nada vale neste caso a conscincia do indivduo e a sua
vontade de interromper o contato. Para um fcil entendimento podemos considerar
a tetanizao como uma espcie de cimbra nos msculos.
A tetanizao o resultado da contrao muscular na sua capacidade
mxima, de modo que qualquer aumento adicional na frequncia de estimulao no
exera novos efeitos (GUYTON; HALL, 2002).
No choque eltrico, a corrente fisiolgica interna do corpo humano soma-se
corrente externa desconhecida e de intensidade comparativamente muito maior,
levando hipocalcemia com concentraes plasmticas de ons de clcio cerca de
50% abaixo do normal (GUYTON; HALL, 2002).
-
2.4.6 Parada Cardaca
Um choque que gera uma corrente eltrica elevada no corpo produz a
tetanizao das fibras musculares do tecido do corao, gerando a parada cardaca,
pois o corao fica preso devido ao estado exagerado de tensionamento de suas
fibras, com consequncias idnticas a fibrilao ventricular do corao.
A parada total do funcionamento do corao caracterizada como parada
cardaca, as fibras musculares ficam inativas, o corao cessa o bombeamento do
sangue, a presso arterial cai a zero e como consequncia a vtima perde os
sentidos. A parada cardaca pode ocorrer tanto por choque em corrente contnua,
como em corrente alternada, como a maior parte da energia utilizada no mundo
em corrente alternada (50 ou 60Hz) a maior parte dos estudos se referem a esse
tipo de corrente, o qual ao passar pelo corao, durante um choque eltrico, produz
a tetanizao das suas fibras musculares e como consequncia ocorre a parada
cardaca (KINDERMANN, 1995).
2.4.7 Parada Cardiorrespiratria
Os surtos de corrente que passam pelo corpo humano com elevada
intensidade em curtos perodos podem provocar parada cardaca, ou, simplesmente,
o corao para de bombear. Cessam-se todos os sinais eltricos de controle no
corao, desenvolvendo-se hipxia intensa devido respirao inadequada
(GUYTON; HALL, 2002).
Segundo Kindermann (1995), a hipxia impedir as fibras musculares e as
fibras de conduo cardacas de manterem os potenciais normais de concentrao
dos eletrlitos atravs da sua membrana. Assim, desaparece o ritmo normal de
funcionamento. As reabilitaes dos efeitos das paradas cardacas podem ser
revertidas com sucesso por tcnicas de ressurreio aplicadas imediatamente,
porm as consequncias provocadas pela reduo de circulao sangunea no
crebro sero imprecisas .
O maior desafio na parada circulatria impedir a ocorrncia de efeitos
prejudiciais ao crebro. So necessrios de cinco a oito minutos para que, na
reverso da parada circulatria, no haja danos cerebrais permanentes. A morte
-
sempre foi atribuda hipxia ou queda de oxigenao, porm a medicina
comprovou a formao de cogulos de sangue no crebro, decorrente da reduo
da circulao sangunea ou pelo fato de esse sangue no ter como expandir-se.
Assim, a falncia cerebral iniciada.
Choque eltrico com corrente eltrica de intensidade inferior a do limite que
produz a fibrilao ventricular, com o decorrer do tempo, compromete a capacidade
respiratria da vitima, devido fadiga e tensionamento do msculo do diafragma
(localizado entre a regio torcica e abdominal), que o responsvel pelos
movimentos que provocam o enchimento dos pulmes.
Se o choque for com correntes elevadas esse tensionamento exagerado ir
gerar a tetanizao do diafragma, e em consequncia a parada respiratria, caso o
corao continue funcionando, a circulao de sangue ser apenas de sangue
venoso, deixando vtima em estado de morte aparente, sendo necessria respirao
artificial de forma emergencial, pois h o risco iminente de morte.
2.4.8 Fibrilao Ventricular
De todos os efeitos do choque eltrico no corpo humano, o da fibrilao
ventricular o mais importante a ser estudado e compreendido, principalmente para
prevenir os profissionais que trabalham com eletricidade sobre a gravidade desse
fenmeno. O conhecimento sobre a fibrilao ventricular importante para todas as
pessoas e setores que trabalham com eletricidade, pois entre todos os efeitos do
choque eltrico existente, esse o mais usual, principalmente por ocorrer, na maior
parte dos casos, em baixa tenso. Sendo praticamente impossvel enumerar a
quantidade de vtimas, a preveno o melhor caminho para se proteger, sendo que
o primeiro passo conhecer a fibrilao ventricular da forma mais profunda possvel.
A fibrilao ventricular o tipo de arritmia cardaca que, se no for
interrompida no perodo de um a trs minutos, se torna irreversvel, levando morte.
Ela decorrente de uma sequncia de impulsos cardacos desordenados, iniciando-
se pelo msculo ventricular, e que se repetem continuamente no mesmo msculo
(GARCIA, 2002).
-
Dessa forma, no ocorrer contrao coordenada do msculo ventricular a
um s tempo, o que necessrio para o correto funcionamento do corao. Apesar
de no encerrar o movimento estimulante, essa forma desordenada, por toda parte
dos ventrculos, no gera volume de sangue suficiente para o bombeamento,
levando inicialmente inconscincia, de quatro a cinco segundos, falta de fluxo
sanguneo para o crebro e, finalmente, falncia irrecupervel dos tecidos e do
corpo, em minutos (CARNEIRO, 1998).
De acordo com Kindermann (1995), na fibrilao ventricular as fibras
musculares ficam tremulando desordenadamente havendo, em consequncia, uma
total ineficincia no bombeamento do sangue. A presso arterial, tambm neste
caso, cai zero, a pessoa desfalece, ocorrendo conjuntamente a parada
respiratria.
No eletrocardiograma, a fibrilao ventricular fica caracterizada pelo sinal
rpido e catico, numa frequncia varivel na faixa de 170 a 300 por minuto. Ao
mesmo tempo, a presso arterial cai a zero o que indica a parada de circulao do
sangue no corpo, tendo como consequncia a parada respiratria, ficando assim a
vitima em estado de morte aparente.
A figura abaixo mostra as formas de onda de um choque eltrico captado pelo
Eletrocardiograma (ECG) e da presso arterial de um corao em fibrilao
ventricular.
Figura 9 E.C.G. e presso arterial do corao em fibrilao ventricular Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico
-
Quando em fibrilao ventricular as paredes do ventrculo tremulam
desordenadamente quando o corao est em fibrilao ventricular. Com a falta de
circulao do sangue as clulas do corpo humano deixam de receber os nutrientes e
oxignio, como consequncia as clulas cerebrais so as primeiras a sofrerem
danos por serem muito sensveis a falta de oxignio, pois no armazenam oxignio
e glicose e possuem baixa capacidade de realizao do metabolismo anaerbico.
Como o crebro possui um elevado consumo energtico, pela falta de irrigao de
oxignio ele interrompe a sua atividade neuronal, deixando a vitima em estado de
morte aparente, e se medidas de primeiros socorros no forem imediatamente
realizadas, em cerca de 4 minutos inicia-se os danos cerebrais, de forma
irreversvel. Com a falta de oxignio e de nutrientes as fibras musculares que
formam as paredes do ventrculo do corao se exaurem completamente, e dentro
de 9 a 12 minutos a vitima entra em bito.
2.4.8.1 Fibrilao Ventricular devido ao Choque Eltrico
Um dos efeitos mais comum que ocorre quando uma determinada corrente
eltrica circula pelo corao a fibrilao ventricular, sendo assim, desde ento,
passou a buscar o entendimento de como ocorre esse fenmeno fisiologicamente.
Para as correntes elevadas de choque eltrico os efeitos que causam maiores
danos ao corpo humano so as queimaduras, e para correntes baixas o maior perigo
a fibrilao ventricular.
Em uma fibrilao ventricular, pode-se observar que o fenmeno
desordenado de contraes demonstra a falta de padronizao, o que elimina
qualquer possibilidade de reverso do quadro estabelecido. A amplitude da tenso
no estado inicial de aproximadamente meio milivolt, e no intervalo de vinte a trinta
segundos cair para 0,2 a 0,3 milivolts, isso permanece at que a amplitude seja
zerada (KINDERMANN,1995).
A fibrilao um efeito do choque proveniente da descarga de corrente
alternada. No entanto, essa corrente, de forma controlada em alta tenso, poder
ser aplicada simultaneamente nos ventrculos e torn-los refratrios novamente.
Este o princpio do desfibrilador: um eletrochoque aplicado nos dois lados do
-
corao, com intensidade instantnea. Essa condio poder ser repetida algumas
vezes, pois comum o retorno fibrilao (GUYTON; HALL, 2002).
Dentro do ciclo cardaco, o perodo mais vulnervel corresponde ao perodo
em que as fibras musculares dos ventrculos esto se repolarizando, quando ocorre
a onda T, sendo o perodo mais frgil e de maior risco, pois se um choque ocorrer
neste instante, a probabilidade de ocorrer a fibrilao maior.
Na figura a seguir possvel melhor visualizar esse perodo mais vulnervel ao
choque eltrico.
Figura 10 Choque eltrico no instante da onda T Fonte: KINDERMANN, Choque eltrico
Dentro do perodo da onda T, caso neste instante ocorra um choque eltrico,
uma pequena corrente eltrica o suficiente para causar a fibrilao, j fora desse
perodo seria necessrio uma corrente eltrica maior, sendo que com essa corrente
maior os danos j seriam mais graves do que a prpria fibrilao ventricular.
Segundo Kindermann(1995), pensava-se, h pouco tempo atrs, que a
corrente eltrica do choque, ao passar pelo corao, mais propriamente pelo NSA
(Ndulo Sino Atrial) , desregulava seu funcionamento, emitindo um sinal rpido e
catico para as fibras musculares do ventrculo. Estas fibras, absorvendo e tentando
acompanhar o sinal, contraam-se de maneira irregular, tendo como resultado
vibraes distorcidas e diferenciadas em vrios locais das paredes do ventrculo,
-
com o sangue no sendo mais, bombeado, isto , o sangue nas artrias e veias
parado, com presso zero. Deste modo, o corao fica em fibrilao ventricular,
deixando a vtima em estado de Morte aparente. Verificou-se posteriormente que,
em pessoas sadias, com o estado do corao bom, que os responsveis pela
fibrilao ventricular devido ao choque eltrico no so o NSA (Ndulo trio
Ventricular) e o NAV(Ndulo Sino Atrial). Isto porque, recentemente, em testes
prticos efetuados no instante em que o corao sofria uma fibrilao ventricular,
constatou-se que o NSA est operando normalmente. Ou seja, as fibras musculares
que compem as paredes dos ventrculos esto em estado de fibrilao, mas o NSA
continua emitindo os sinais dos pulsos eltricos, porm as fibras no obedecem
devido ao estado de despolarizao que se encontram.
Os fatores que apresentam maior probabilidade de causar a fibrilao
ventricular so os choques eltricos sbitos no corao, a isquemia do msculo
cardaco ou ambos. Segundo Guyton e Hall (2002), quando aplicado um estmulo
eltrico de sessenta hertz (60Hz) no corao, o primeiro ciclo desse estmulo causa
uma onda de despolarizao que se propaga em todas as direes, deixando todo o
msculo abaixo desse estado. Depois de um quarto de segundo, parte desse
msculo comea a sair do estado refratrio. (COTRIM, 2003).
Sabe-se tambm que a heterogeneidade dos tecidos de suas paredes, deixa
as fibras musculares do corao mais susceptveis a fibrilao ventricular pelo
choque eltrico. H estudos que comprovam que o corao da cobra no sofre
fibrilao ventricular devido ao fato do tecido do corao ser formado de um s tipo,
assim durante um impulso eltrico, todas as fibras vibram homogeneidade.
2.4.9 Efeitos Crnicos e Efeitos em Longo Prazo
H vrios estudos sobre os efeitos clssicos do choque eltrico, porm
poucos so os trabalhos que buscam um aprofundamento nas consequncias a
mdio e a longo prazo da circulao da corrente eltrica pelo delicado sistema do
corpo humano.
Essa dificuldade na deteco das causas reais das consequncias de um
choque eltrico, principalmente de baixa tenso, com nveis baixos de corrente,
-
mesmo com efeitos gravssimos como a prpria morte do individuo, pode ser visto
na descrio abaixo contida no livro Choque eltrico de Geraldo Kindermann.
Segundo Kindermann (1995), o choque em alta tenso produz queimaduras
intensas, deixando evidencias da causa morte, em baixa tenso, o choque eltrico
de baixssima intensidade e o efeito das queimaduras pequeno, a morte ocorre
devido praticamente ao efeito da fibrilao ventricular, sem deixar marcas no
corao. Note-se que, se a massagem cardaca e a respirao artificial no forem
feitas, as fibras musculares dos ventrculos em fibrilao iro, por no receber
nutrientes e oxignio, se exaurir at parar. Deste modo, a fibrilao ventricular
cessa, passando para o estgio de parada cardaca. Esta exausto da fibra se d no
perodo de 9 a 12 minutos, dependendo do estado do corao da vtima. Aps a
morte, o cadver levado ao hospital, e s bem mais tarde o mdico legista efetuar
os procedimentos normais para detectar a causa morte. No exame de rotina, o
mdico legista, na autpsia, constata que a morte foi devido a uma parada
cardiorrespiratria, isto ocorre porque a corrente eltrica que origina a fibrilao
ventricular no deixa marca [visveis] no corao. Esse um problema srio para os
familiares dos tcnicos que trabalham com eletricidade, pela legislao vigente no
fica caracterizado morte por acidente de trabalho. Quando a corrente de choque
eltrico deixa marcas evidentes, a denominao mdica : Eletrocusso (mortes
causadas por choques eltricos) ou Eletrotraumatismo (danos ao corpo humano
causados por choques eltricos, no incorrendo em morte).
Muitos rgos, aparentemente sadios, s vo aparentar sintomas devido aos
efeitos da corrente de choque muitos dias ou meses aps, apresentado sequelas,
que muitas vezes no so relacionadas com o choque, devido ao espao de tempo
decorrido desde o acidente.
Alm dos efeitos mais comuns, o choque eltrico pode gerar outros efeitos no
corpo humano, como:
Perda da coordenao motora, atrofia muscular, danos neurolgicos: Isto
pode ocorrer devido ao choque eltrico sobrepor o sinal natural do corpo,
provocando uma pane geral;
-
Perda de sensibilidade: a corrente eltrica pode queimar ou danificar os
sensores na rea do choque, provocando a perda parcial da sensibilidade na regio
atingida;
Danos no crebro: a corrente do choque ao passar pelo crebro pode
provocar graves danos como: inibio, perda de sincronismo nos comandos, edema,
isquemia, etc.;
Danos na viso: pode ocorrer devido a ao da circulao da corrente, ou
pela ao do arco-voltaico, provocando queimaduras, danos na retina, o
deslocamento dos msculos que controlam a ris, cristalino, ou movimentos do olho
(prolapso);
Danos renais: ao passar pelos rins, a corrente eltrica pode comprometer o
seu funcionamento, provocando insuficincia renal, incontinncia urinria, etc.;
Prolapso: o choque eltrico pode provocar o deslocamento de msculos ou
rgos do corpo, devido a convulso que ocorre nesse instante, contraindo
msculos, dilatando o sangue, provocando pane nos sistemas neurotransmissores.
Outros sintomas, de difcil anlise, so os provocados pelo choque eltrico cujos
efeitos e danos nos rgos s aparecero mais tarde. Estes danos podem aparecer
aps dias ou meses.
2.5 RISCOS DA ENERGIA ELTRICA
impossvel imaginar o mundo hoje sem a energia eltrica, que se tornou um
insumo essencial para a execuo de quase todas as atividades modernas.
Diferente de alguns outros segmentos, a eletricidade requer um cuidado especial,
porque os perigos no atingem apenas os profissionais eletricitrios ou eletricistas,
mas quaisquer pessoas que tenham contato com a eletricidade (crianas, usurios,
etc.), pois junto a esses benefcios vieram tambm vrios problemas.
Se h contato com equipamento eltrico, h o risco de energizao acidental.
Basta que a tenso da instalao seja igual ou superior a 50 volts, e isso vale no
Brasil e em qualquer lugar do mundo. um dado que deve estar previsto nas
anlises de risco, ainda mais nos ambientes de trabalho, pois os acidentes com
-
eletricidade apresentam uma taxa de gravidade mais alta do que a mdia dos outros
tipos de acidentes de trabalho.
O choque eltrico mata, mesmo em baixa tenso, e com equipamentos e
instalaes rotineiras. Sem medidas de proteo adequadas o acidente passa a ser
apenas uma questo de tempo.
Registros de chuveiros, cercas, grades e portes, postes, andaimes, balces
trmicos, bombas e motores diversos, mquinas de solda, refrigeradores, enfim,
uma srie de equipamentos que deveriam estar cumprindo a sua misso funcional
de transformar energia eltrica em frio, calor e movimento, transformam-se em
algozes de pessoas inadvertidamente expostas ao risco de contato com suas partes
indevidamente energizadas.
Todos os equipamentos e instalaes podem apresentar defeito, isso algo
inquestionvel. No caso de equipamentos eltricos, uma falha comum o contato
interno dos seus circuitos (fios e cabos) com as partes metlicas que os circundam.
Quando isso ocorre, uma parte da corrente eltrica passa a circular pela parte
externa desses equipamentos, procurando um caminho de baixa resistncia para
continuar fluindo. Quando algum faz contato com esse equipamento, o seu corpo
completa esse caminho mais fcil para essa corrente eltrica que quer fugir do
circuito para o qual ela foi projetada. O corpo humano tambm oferece uma
resistncia passagem da corrente eltrica cujo valor depende, entre outros fatores,
do percurso dessa corrente pelo corpo e da resistncia da pele nos pontos de
contato. Por outro lado, a resistncia da pele varia bruscamente com a presena da
gua, seja a umidade natural do corpo (suor) ou o contato com as mos ou ps
molhados ou em situaes com partes do corpo imersas ou encharcadas. Apenas,
para efeito de curiosidade, um valor atribudo resistncia do corpo humano, em
ambientes externos, sujeitos presena de gua, de 1.000 e pode ser menor se
ocorrer imerso de partes do corpo, como o caso de tanques, galerias, caixas de
passagem, banheiras e piscinas (MATTOS, 2013).
Ao percorrer o corpo humano, essa corrente eltrica causa danos,
temporrios ou permanentes, ao sistema nervoso, gera contraes musculares
dolorosas, prolapso (deslocamento permanente de rgos internos) e pode alterar o
funcionamento de msculos vitais como o diafragma e o corao, alm disso, toda
-
vez que ocorre a passagem de corrente eltrica, h dissipao de calor, podendo
causar queimaduras na pele e em rgos internos (KINDERMANN, 1995).
Os riscos laborais a que esto sujeitos os profissionais da rea de eletricidade
so elevados, podendo ocasionar desde leses at a fatalidade.
O critrio do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) define estes riscos,
sendo os principais:
Riscos de choque eltrico: principal causador de acidentes no setor. Geralmente,
originado por contato do trabalhador com partes energizadas. Seus efeitos so as
contraes musculares, tetanizao, queimaduras, parada cardiorrespiratria,
degenerao parcial tecidual, quedas e impactos. Sua gravidade depende da
intensidade da corrente e do tempo de exposio, entre outras particularidades.
Praticamente todas as atividades executadas com eletricidade estaro sujeitas a
esse tipo de risco, entre as quais, construo, operao, manuteno, inspeo,
medio, poda de rvores, etc.;
Risco de arco voltaico: causado pelo fluxo de corrente eltrica atravs do meio
isolante, como o ar, produzido na desconexo e conexo de chaves ou dispositivos
eltricos, ou ainda, em caso de curto-circuito. O arco voltaico produz calor e
luminosidade capazes de causar queimaduras aos trabalhadores, desde que no
sejam respeitadas a distncia e as sinalizaes recomendadas ou normalizadas
para a execuo desses servios;
Riscos de campo eletromagntico: gerados pela passagem da corrente eltrica nos
condutores, sendo mais presentes nos servios de transmisso e distribuio de
energia eltrica em alta tenso, que empregam potenciais elevados. No h
comprovao mdico-cientfica dos danos desse tipo de radiao aos trabalhadores;
Riscos de queda: muito frequentes no setor eltrico, ocorrem em consequncia de
choques eltricos aplicados aos trabalhadores, que se desequilibram e caem. As
causas so atribudas negligncia ou impercia dos colaboradores no uso dos
equipamentos de proteo individual (EPI) e falta de treinamentos adequados;
-
2.6 SEGURANA DOS TRABALHOS COM ELETRICIDADE
2.6.1 Principais Normas Tcnicas de Eletricidade em baixa tenso
Quando se trata de medidas preventivas de segurana contra choques
eltricos, torna-se necessrio mencionar duas normas brasileiras: a NR-10 do
MTE(Ministrio do Trabalho e Emprego) e a NBR 5410 da ABNT(Associao
Brasileira de Normas Tcnicas).
A Norma Regulamentadora N10 (Segurana em Instalaes e Servios em
Eletricidade), estabelece os requisitos e condies mnimas objetivando a
implementao de medidas de controle e sistemas preventivos, de forma a garantir a
segurana e a sade dos trabalhadores que, direta ou indiretamente, interajam em
instalaes eltricas e servios com eletricidade.
A NBR 5410 (Instalaes Eltricas de Baixa Tenso), fixa as condies a que
devem satisfazer as instalaes eltricas com tenso at 1000 volts em corrente
alternada e de 1500 volts em corrente contnua.
2.6.2 NBR5410 Instalaes Eltricas em Baixa Tenso
A norma brasileira de instalaes eltricas em baixa tenso, mais conhecida
pelo rtulo NBR 5410, completou, em outubro de 2014, 73 anos de histria, sua
primeira edio de 1941. Os textos preliminares que deram origem a este
documento inaugural foram uma verso revisada do Cdigo de Instalaes Eltricas
da antiga Inspetoria Geral de Iluminao, datado originalmente de 1914, e um
anteprojeto elaborado por uma comisso de especialistas, ambos resultaram num
projeto cuja aprovao formal como norma se deu ento em outubro de 1941, sob o
ttulo Norma Brasileira para a Execuo de Instalaes Eltricas.
A NBR 5410 baseada na norma internacional IEC 60364 Electrical
Installations of Buildings, filosofia e os aspectos conceituais so o mesmos. A verso
mais recente desta norma de 2004.
A NBR 5410 aplica-se a instalaes novas e reformas de instalaes
existentes, fixando as condies mnimas que as instalaes devem possuir,
garantindo desta forma um funcionamento adequado, visando principalmente a
-
segurana das pessoas, bem como, de animais domsticos e a conservao de
bens (FUNDAO COGE, 2005).
2.6.3 NR-10 Segurana em Instalaes e Servios em Eletricidade
uma Norma Regulamentadora de Segurana e Sade no Trabalho,
fiscalizada pelo Ministrio do Trabalho, que trata da Segurana em Instalaes e
Servios em Eletricidade, publicada inicialmente em 1978, a qual sofreu sua ultima
atualizao em 2004 atravs da Portaria 598, oficializada no Dirio Oficial em
07/12/04.
Em linhas gerais a NR-10 prega a segurana do trabalhador, ou seja,
qualquer empregado no deve correr riscos de choque eltrico, de queimadura ou
de qualquer outro efeito que os servios com eletricidade possam causar. As
Normas Regulamentadoras - NR, so de observncia obrigatria para todas as
empresas e o seu no cumprimento acarretar ao empregador a aplicao das
penalidades previstas na legislao pertinente.
Desde a publicao do novo texto da NR-10, por intermdio da Portaria
598/04, do Ministrio do Trabalho e Emprego, aumentou imensamente o interesse
sobre a segurana em instalaes e servios com eletricidade. Em baixa ou alta
tenso, a energia eltrica est presente na vida e trabalho de todos ns e perceber
os riscos associados sua utilizao fundamental para a construo de ambientes
mais seguros.
As estatsticas oficiais no apresentam informaes detalhadas sobre os
acidentes relacionados direta ou indiretamente com o contato ou proximidade de
circuitos eltricos, porm, os relatos das empresas, dos jornais e alguns estudos
especficos servem-nos como alertas para a adoo de medidas urgentes para
proteo dos trabalhadores e da populao como um todo. Podemos concluir, que a
eletricidade, alm de ser a fonte da leso em instalaes especficas, canteiros de
obra e frentes de trabalho, merece campanhas permanentes para alertar a
populao quanto necessria distncia das redes eltricas.
A regulamentao trabalhista, em seu novo texto, veio trazer uma esperana,
pois estabeleceu critrios mais rgidos, tanto para as instalaes quanto para as
-
pessoas que trabalham com eletricidade. importante registrar que muitas medidas
de controle j existiam no texto antigo da norma trabalhista de segurana, e alm de
pouco aplicadas, menos ainda eram fiscalizadas. Tendo em vista que o texto da
mesma j havia completado 20 anos e que no decorrer desse tempo os processos,
as tcnicas e os equipamentos sofreram uma evoluo gradativa, hoje j bastante
significativa, parece-nos bvio que os preceitos da referida Norma Regulamentadora
necessitavam de atualizao para se adaptarem atual realidade.
Um aspecto que nos parece ser de suma importncia na atualizao da NR-
10 a adoo de regra internacionalmente reconhecida e levada em considerao
nas grandes empresas em todo o mundo em servios que envolvem eletricidade, a
regra de dois homens. Certas atividades e operaes envolvendo eletricidade no
podem, sob o ponto de vista da segurana no trabalho, ser executadas por
trabalhador isolado. Segue abaixo a sntese das principais alteraes presentes na
nova NR- 10:
Ampliao do foco preventivo com definio de controle e sistemas preventivos;
Ampliao da abrangncia, atingindo gerao transmisso, distribuio e consumo,
incluindo as fases de projeto, construo, montagem, operao, manuteno e
trabalho nas proximidades;
Definio e formalizao de profissionais habilitados, qualificados, capacitados e
autorizados;
Regulamentao de proteo contra incndios e exploses;
Grande nfase em sinalizao;
Necessidade de formalizar procedimentos de trabalho;
Definio de responsabilidades e consequncias;
Instituio de treinamento bsico de 40 horas (bsico) e de treinamento especfico
para alta tenso (sistemas de potncia), tambm de 40 horas;
Toda documentao necessria deve ser assinada por profissional habilitado.
-
2.6.4 Medidas de Controle e Proteo
Se os equipamentos e instalaes eltricas esto sujeitos a falhas e elas
podem expor as pessoas ao risco de contato, com consequncias graves e
previsveis, natural que sejam adotadas medidas de controle. Essas medidas so
conhecidas e previstas nas normas tcnicas de instalaes eltricas e a sua adoo
obrigatria de acordo com inmeros instrumentos da legislao vigente, desde o
cdigo de defesa do consumidor, at a regulamentao trabalhista especfica (NR-
10), passando por alguns outros menos conhecidos, mas que servem de reforo ou
respaldo.
Fazer a coisa certa a principal recomendao quando o assunto a
segurana das pessoas que podem estar expostas ao perigo. No h muitas
novidades em medidas de proteo contra choques eltricos. Os conceitos bsicos
so antigos, pois estamos falando de aterramento por meio de condutores de
proteo (fio-terra), tomadas e plugues com trs pinos para permitir a conexo do
fio-terra at o quadro de distribuio, dispositivos de proteo diferencial, duplo
isolamento de ferramentas eltricas manuais, fios e cabos protegidos em eletrodutos
e bandejas (eletrocalhas), circuitos protegidos por disjuntores e fusveis, inspees e
testes peridicos no sistema de aterramento, utilizao de extra-baixa tenso para
locais com possibilidade de contato em imerso (banheiras e piscinas, por exemplo)
(MATTOS, 2013).
2.6.5 Aterramento
O sistema de aterramento tem papel fundamental quando se trata de analisar
condies de segurana das instalaes e de funcionalidade do sistema de energia
eltrica, alm de prover segurana patrimonial e pessoal aos habitantes e usurios
da edificao.
Aterramento eltrico a ligao intencional com a terra, sendo a interligao
das massas dos equipamentos, das partes metlicas da estrutura uma malha
composta por hastes e condutores eltricos enterrados com o intuito de propiciar um
caminho seguro, controlado e de baixa impedncia para as correntes indesejveis.
-
Segundo Cotrin (1992) as principais funes de um sistema de aterramento so:
a) Limitar os nveis de potenciais ou distribuio destes, a patamares seguros, com
reduo dos riscos para pessoas e animais;
b) Permitir que os dispositivos de proteo sejam sensibilizados, isolando
rapidamente as falhas terra;
c) Facilitar o escoamento de cargas estticas em corpos e equipamentos eltricos/
eletrnicos;
d) Direcionar rapidamente para a terra as altas correntes provenientes de descargas
atmosfricas;
e) Proporcionar o escoamento das cargas estticas geradas nas carcaas dos
equipamentos para terra.
f) Obter uma resistncia de aterramento a mais baixa possvel, para corrente de falta
a terra. Para o escoamento das correntes eltricas provenientes das descargas
atmosfricas, a NBR 5419, em seu item 5.1.3.1.2 recomenda, para o caso de
eletrodos no naturais, uma resistncia de aproximadamente 10 , como forma de
reduzir os gradientes de potencial no solo e a probabilidade de centelha mento
perigoso.
Para que as funes supracitadas possam ser desenvolvidas de forma
correta, Visacro (1998) destaca trs caractersticas primordiais, capacidade de
conduo, baixo valor de resistncia e configurao de eletrodo que possibilite o
controle do gradiente de potencial.
2.6.6 Interruptor Diferencial-Residual (DR)
Para proteo dos elementos que fazem parte do circuito eltrico so
utilizados os disjuntores termomagnticos, que interrompem a circulao de corrente
eltrica quando a mesma apresentar nveis elevados, gerados por sobrecorrente ou
curto-circuito, protegendo assim o circuito de maiores danos (incndio, queima de
equipamentos, etc.), em resumo, so para proteo dos materiais.
Porm como as correntes do choque eltrico so pequenas e esto bem
abaixo do nvel de atuao do disjuntor, elas no produzem sensibilidade suficiente
para atuao do sensor do disjuntor, e o mesmo no opera. No intuito de preservar
-
as pessoas quanto aos danos do choque eltrico foi desenvolvido ento o Interruptor
de corrente de fuga, que possuem um disjuntor interno acoplado a um dispositivo de
proteo com sensibilidade para detectar correntes de pequena intensidade, da
ordem de 30 mA por exemplo.
Nas residncias, os locais com maiores riscos so as reas molhadas, como
lavanderias, reas de servios, banheiros, pois nesses locais a resistncia do corpo
humano a passagem da corrente eltrica pequena, pois est comprometida devido
a presena de gua e umidade, excelente condutor de eletricidade. Nos domiclios,
o maior vilo em acidentes o chuveiro eltrico, pois devido baixa resistncia do
corpo, devido presena da gua e a alta intensidade da tenso eltrica
(geralmente 220 V), o choque violento, produzindo muitas vezes acidentes fatais.
Os melhores meios de se proteger, nesses casos, o uso do aterramento e a
instalao de um Disjuntor DR.
Os dispositivos corrente diferencial-residual (DR) constituem-se no meio
mais ecaz de proteo das pessoas e animais contra choques eltricos. Estes
dispositivos permitem o uso seguro e adequado da eletricidade, reduzindo o nvel de
perigo s pessoas, as perdas de energia e os danos s instalaes, porm sem
dispensar outros elementos de proteo (disjuntores, fusveis, etc.). A sua aplicao
especca na proteo contra a corrente de fuga. Os dispositivos DR podem ser
divididos em trs partes, o transformador toroidal, o disparador para converso de
uma grandeza eltrica em uma ao mecnica e o mecanismo mvel com os
elementos de contato.
O princpio de funcionamento destes dispositivos decorrente da aplicao
da lei de Kirchhoff, ou seja, em uma instalao sem defeito, a soma geomtrica das
correntes nos condutores de fase e neutro nula. Logo, o campo magntico gerado
nulo e a tenso induzida no secundrio do transformador tambm ser nula, no
havendo, portanto, grandeza eltrica residual para converso numa ao mecnica.
A deteco dessa diferena feita por um ncleo ferromagntico que envolve
os condutores (menos o condutor de Terra - PE) e que tem um enrolamento, no
qual, em condies normais, no circula nenhuma corrente. Se houver uma
diferena entre as correntes de entrada e de sada, surgir uma tenso entre os
terminais desse enrolamento, que acionar um eletrom, que por sua vez abrir o
-
circuito principal. A corrente convencional de atuao do DR representada por In.
Um DR de corrente nominal de 30mA oferece proteo contra contatos indiretos e,
se a corrente nominal for menor ou igual a 30mA, oferecer proteo tambm contra
choques diretos. Essa diferena de corrente detectada pelo DR, normalmente ocorre
por algum defeito na isolao de equipamentos ou devido a um choque eltrico
acidental (KINDERMANN, 1995).
Por exemplo, conforme a figura 11 podemos verificar que em um choque
eltrico, essa corrente do choque segue o percurso do circuito passando atravs do
corpo humano, indo terra at o ponto de aterramento, essa corrente no passa por
dentro do toride do DR, se o seu valor for maior que 30mA, o DR opera, desligando
o circuito de forma rpida antes da corrente do choque gerar danos ao corpo da
pessoa que encostou no circuito.
Figura 11 Funcionamento do DR Fonte: General Eletric (GE) Manual DR
2.6.7 Outras Protees
De acordo com o Manual de Treinamento de Segurana em Instalaes
Eltricas da FUNDAO COGE (2005), existe outros meios de proteo, os quais
dentre eles se destacam:
Barreiras e Invlucros: so dispositivos que impedem qualquer contato com
partes energizadas das instalaes eltricas. So componentes que visam impedir
que pessoas ou animais toquem acidentalmente as partes energizadas, garantindo
assim que as pessoas sejam advertidas de que as partes acessveis atravs das
aberturas esto energizadas e no devem ser tocadas. As barreiras tero que ser
robustas, fixadas de forma segura e tenham durabilidade, tendo como fator de
referncia o ambiente em que est inserido. S podero ser retirados com chaves
-
ou ferramentas apropriadas e tambm como predisposio uma segunda barreira ou
isolao que no possa ser retirada sem ajuda de chaves ou ferramentas
apropriadas.
Bloqueios e Impedimentos: bloqueio a ao destinada a manter, por meios
mecnicos um dispositivo de manobra fixo numa determinada posio, de forma a
impedir uma ao no autorizada, em geral utilizam cadeados. Dispositivos de
bloqueio so aqueles que impedem o acionamento ou religamento de dispositivos de
manobra (chaves, interruptores). importante que tais dispositivos possibilitem mais
de um bloqueio, ou seja, a insero de mais de um cadeado, por exemplo, para
trabalhos simultneos de mais de uma equipe de manuteno. Toda ao de
bloqueio deve estar acompanhada de etiqueta de sinalizao, com o nome do
profissional responsvel, data, setor de trabalho e forma de comunicao. As
empresas devem possuir procedimentos padronizados do sistema de bloqueio,
documentado e de conhecimento de todos os trabalhadores, alm de etiquetas,
formulrios e ordens documentais prprias. Cuidado especial deve ser dado ao
termo Bloqueio, que no SEP (Sistema Eltrico de Potncia) tambm consiste na
ao de impedimento de religamento automtico do equipamento de proteo do
circuito, sistema ou equipamento eltrico, isto , quando h algum problema na rede,
devido a acidentes ou disfunes, existem equipamentos destinados ao religamento
automtico dos circuitos, que religam automaticamente tantas vezes quanto estiver
programado e, consequentemente, podem colocar em perigo os trabalhadores.
Obstculos e Anteparos: os obstculos so destinados a impedir o contato
involuntrio com partes vivas, mas no o contato que pode resultar de uma ao
deliberada e voluntria de ignorar ou contornar o obstculo. Os obstculos devem
impedir uma aproximao fsica no intencional das partes energizadas, e contatos
no intencionais com partes energizadas durante atuaes sobre o equipamento,
estando o equipamento em servio normal. Os obstculos podem ser removveis
sem auxlio de ferramenta ou chave, mas devem ser fixados de forma a impedir
qualquer remoo involuntria.
Isolao dupla ou reforada: este tipo de proteo normalmente aplicado a
equipamentos portteis, tais como furadeiras eltricas manuais, os quais por serem
empregados nos mais variados locais e condies de trabalho, e mesmo por suas
-
prprias caractersticas, requerem outro sistema de proteo, que permita uma
confiabilidade maior do que aquela oferecida exclusivamente pelo aterramento
eltrico. A proteo por isolao dupla ou reforada realizada, quando utilizamos
uma segunda isolao, para suplementar aquela normalmente utilizada, e para
separar as partes vivas do aparelho de suas partes metlicas.
2.6.8 Manuteno das Instalaes
O ser humano e os animais esto sujeitos ao choque eltrico devido a uma
srie de possibilidades, principalmente em instalaes eltricas precrias ou
inadequadas e sem manuteno preventiva , ou elaboradas com materiais de baixa
qualidade, executadas sem seguir um projeto eltrico que abrange as questes
tcnicas de dimensionamento e segurana, etc.
Segundo Covey (1989), em seu livro Os sete hbitos das pessoas muito
eficazes cita uma fbula de Esopo sobre a galinha dos ovos de ouro que ajuda na
compreenso da importncia de se cuidar das instalaes.
A fbula conta a histria de um pobre fazendeiro, que um dia descobre no
ninho de sua galinha preferida um reluzente ovo de ouro. No incio, ele desconfia de
algum tipo de brincadeira. Mas, no momento em que vai jogar o ovo fora, pensa
melhor e o leva para ser avaliado. O ovo era de ouro macio! O fazendeiro no
consegue acreditar em sua sorte. Fica ainda mais surpreso no dia seguinte, quando
o fenmeno se repete. Dia aps dia ele se levanta e corre para o galinheiro para
apanhar mais um ovo de ouro. Ele acaba ficando imensamente rico, e mal podia
acreditar em tanta sorte. Junto com a fortuna, porm, vieram a cobia e a
impacincia. Incapaz de esperar pelo ovo de ouro de cada dia, o fazendeiro decide
matar a galinha e pegar todos os ovos de uma