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Page 1: Artigo09

Rádio e Internet: Linguagem e meio X comunicação

Web Rádios

A internet é um meio de comunicação de massa, uma mídia ou apenas um suporte?

Esse foi um dos temas do trabalho apresentado por Fábio Henrique Pereira e Francilaine

Munhoz de Moraes da Universidade de Brasília durante o XXVI Congresso Anual em Ciência

da Comunicação no Núcleo de Jornalismo em Belo Horizonte em 2003. (disponível em:

http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/comunicacaovirtual/0221.pdf)

Assim como o jornalismo foi considerado e era produzido de forma literária, o rádio

alardeado como a “oitava arte” e a televisão como a “visão do futuro”, a internet já perpetrou

diversas discussões a respeito, seja como meio, suporte ou mídia.

Que definição devemos atribuir a essa rede que não é massiva, sem mensagem

homogênea e completamente distinta em seu formato de produção dos meios tradicionais

sejam eles impressos ou eletrônicos? Ainda não existe uma nomenclatura específica para

designar ou mesmo padronizar as emissoras de rádio presentes na rede. Uma classificação

seria fundamental para provocar conceitos e definições a respeito, uma vez que ainda não se

sabe ao certo se o internauta prioriza seu gosto pessoal na escolha de músicas ou informação

falada. Emissora on-line, “Rádio Web”, “Vib Radio”, “Radio Vip”, “Internet-only”,

“WebRadios”, “NetRadios” ou “Rádios Virtuais”, o que fazer com tantos nomes e suas

respectivas funções?

On-line significa – em linha – ou seja, conectado. O computador está em linha pelo

modem, dispositivo decodificador de pulsos em bits por segundo, hoje LAN, mais um

instrumento para conexão em banda larga, sendo que a palavra online sem hífem será adjetivo

e com hífem como substantivo. (Webopedia. Disponível em <www.webopedia.com> , apud

SOUZA, L.M.T.de, As categorias do rádio na internet. São Paulo, Idade Mídia, 2002.p.18.)

Como a internet promove a convergência das mídias, é possível disponibilizar

arquivos de som em programações de áudio e assim falarmos em rádio online. Ora, emissoras

que apenas oferecem serviços em home-pages na internet, são offlines, mesmo que tenham

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alguns recursos em áudio, como vinhetas, trilhas ou músicas, pois não se qualificam como

emissoras presentes, de comunicação freqüente e periódica ao vivo.

Para as emissoras online, podemos dividir em duas categorias distintas: As que

produzem uma programação especial para a rede e as que inserem sua programação regular,

pois são emissoras homologadas pelo Governo Federal. As emissoras offline portanto,

existem no meio éter (AR), e ocupam seu espaço virtual ativo tendo como suporte o Dial

(espelho que é colocado à frente do aparelho de rádio receptor, para identificação das

emissoras segundo código estipulado em hertz), e mantém seus sites mesmo que sem veicular

áudio,com a finalidade de garantir uma presença inicial na rede e divulgar o nome da

emissora, sua proposta e, claro, oferecer serviços para os internautas.

Mas, as rádios online, em sua maioria, não diferem muito da programação já

estereotipada das emissoras comuns de AM ou FM, sendo que estas incorporam com mais

propriedade o que recolhem da internet (o meio passa a ser um suporte), fazendo uma

transposição apenas do sinal para a web e aquelas ainda não conseguiram criar um novo

formato para a apresentação de músicas, informações e entretenimento (NEGROMONTE,

2000.). Poderíamos aqui pensar numa terceira categoria de emissora, que além de existir no

éter, produziria uma programação especial para a internet, colocando ali toda sua experiência

na intenção de agregar mais um público distinto, a emissora Hibrida. Essa transposição de

tecnologia aliada aos recursos de arquivamento de informações, está criando uma modificação

no conceito de instantaneidade do rádio.

Convencional X On-line: linguagem

Como a informação e programas ficam armazenados em arquivos disponibilizados na

rede, o internauta pode acessá-los de acordo com sua necessidade e conveniência. Se a

comunicação implica em relacionamento, ação e reação e, se toda comunicação tem

elementos de persuasão (CITELLI,1984.), poderemos deduzir que o caminho pelo qual se

consegue comunicar é o da linguagem. Depende da linguagem a qualidade dos

relacionamentos e da comunicação, principalmente em se tratando de rádio na internet, a

adequação da linguagem impede a geração de ruído (a distorção e falta de compreensão). A

língua é uma atividade estruturada a partir de símbolos, signos, códigos, que garantem um

sistema organizado de comunicação.

Como na internet há uma confluência de mídias, observa-se uma maior complexidade

de se conduzir a comunicação, pois o internauta não se contenta apenas com o som ou com a

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imagem, mas o conjunto de todas as funções possíveis e as diversas combinações entre elas. A

partir daí, não se tem apenas um código regido pela linguagem oral como nas emissoras

convencionais, temos uma multilinguagem que se multiplica em varias direções criando

sistemas simbológicos que obrigam o seu usuário a conhecê-los, decodifica-los e por fim

manipula-los de acordo com as novas necessidades da comunicação (Semiótica). Mas a

linguagem humana é natural, nasce com o meio em que o ser humano freqüenta e por isso se

desenvolve de acordo com os signos que ele tem acesso para gerar informação e

comunicação.

O poder da argumentação surge pelo discurso que é treinado durante o percurso desse

aprendizado, uma vez que escutar é um fenômeno anterior à fala e exige decodificação

semântica e semiótica, para haver reciprocidade de comunicação. O próximo estágio após o

inicio da comunicação é o da interação, reagindo ao que foi pronunciado e decodificado pela

troca de signos pertinentes ao convívio, a troca de informação pelo compartilhamento gera a

participação mútua de interesses. “Estar juntos é mais importante do que as diferenças e os

pontos de vista”. (BABIN,1989.)

O rádio desde a sua invenção até os dias de hoje, faz uso constante da linguagem oral

que é mais simples e próxima de todos os seres humanos pois é parte da natureza, proveniente

do meio em que convive. Originada da troca de informações e decodificada pelos mesmos

signos, a oralidade passa a ser o componente analógico da comunicação, possibilitando a

racionalização do pensamento e a troca de informações necessária para a melhor adaptação

dos interlocutores à comunicação da realidade em que vivem. Mais complexa e ao mesmo

tempo intuitiva, a linguagem desenvolvida pelos símbolos deseja descrever a capacidade da

oralidade inata e codifica os sons, imagens, por meio de textos e letras que expressam os

pensamentos.

Os símbolos não procuram explicação, mas entram exatamente no lugar onde o

homem de forma racional, cria referenciais de decodificação envolvendo seu conhecimento

como um todo e gerando a imagem que envolve os sentidos de modo direto, sem porém ser

necessário o uso de todos os sentidos para sua cognição. Na linguagem escrita o

conhecimento de códigos exatos, obtido pela alfabetização gera a decodificação da

comunicação mais culta e tradicional do homem, pois está ligada historicamente às situações

sociais e descrição da trajetória humana.

As novas tecnologias de comunicação, associadas ao constante desafio humano de ser

cada vez mais completo em sua expressão, aperfeiçoaram as primitivas formas de

relacionamento criando uma complexa rede de meios comunicacionais, a começar pela junção

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de Áudio e Vídeo, proporcionando uma nova linguagem desenvolvida primeiramente no

cinema e posteriormente na televisão.

E por fim a linguagem virtual que é universal e desterritorializada, consegue a

abrangência pois engloba todas as mídias criadas a serviço do homem. O exercício de

criatividade e imaginação ficou obrigado então a perpassar pelos multimeios, repensando o

papel da publicidade, da linguagem e da apresentação no contexto da comunicação digital. A

cultura digital passou a ser explorada pelos diversos meios de comunicação na intenção de

uma inclusão na mãe de todas as mídias: a Internet.

A mensagem

Há uma preocupação com a perda de privilégios e monopólio de criação por todos os

meios afetados pelo surgimento da internet, mas ao mesmo tempo uma corrida para a criação

de estratégias persuasivas para enfocar no novo elemento a sedução do consumidor, que é um

consumidor familiarizado com as mídias. A ampliação das formas de distribuição da

mensagem na internet, rompe com a linearidade da estrutura já conhecida e experimentada no

decorrer das ultimas décadas nos meios de comunicação, por causa da mobilidade entre as

mídias propiciada pela linguagem digital ou virtual. Informação e entretenimento tendem a se

fundir num único bloco onde som, imagem e texto irão compor uma só mensagem rica em

signos e códigos, completa e complexa em sua concepção.

Haverá com essa mudança uma constante interferência nos estilos de vida e

entretenimento por meio da mensagem ? Pode ser que sim, uma vez que não podemos

desprezar qualquer tipo de linguagem, pois toda comunicação sugere interação em seu

conteúdo e não existe linguagem melhor ou pior, mas adequada para cada situação, já que o

objetivo final é o relacionamento ou a comunicação que também sugere persuasão.

A tendência das emissoras de rádio na internet criar suas próprias mídias para instituir

um padrão cultural em seu ouvinte internauta, parece ser uma hipótese razoável já que vai

precisar intuir nesse usuário o hábito de, em pelo menos alguns minutos por dia, ouvir sua

programação ou fazer um download de seus arquivos de entrevistas e serviços. Piérre Lévy

(1996, p. 17-18) define a virtualização como “uma mutação de identidade, um deslocamento

do centro de gravidade ontológico do objeto considerado”.

Ora, boa parte das emissoras com programação sonora na internet, não gera a

programação ao vivo para esse público específico mas, disponibiliza arquivos, muitas vezes

gravados de emissoras locais com assuntos de relevância regional ou mesmo nacional. Assim,

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percebe-se que o que ocorre é apenas uma mudança de suporte como discute em sua

dissertação Lígia Maria Trigo-de-Souza, As categorias do rádio na Internet. Em relação à incorporação de recursos não-sonoros, nota-se uma primeira modificação. No entanto, deve-se ressaltar que eles são acessórios e que a mensagem sonora continua podendo ser entendida isoladamente, sem necessidade de complementação por outros estímulos, como os visuais, por exemplo, que, neste caso, são complementares, mas não essenciais à compreensão da mensagem. Essa utilização de estímulos outros que não os sonoros não é, além disso, exclusividade do rádio/Internet. Como exemplo, temos a tecnologia DAB 8 (sigla de Digital Audio Broadcasting, ou difusão de áudio digital), ainda em desenvolvimento, que permite que aparelhos de carro ou portáteis específicos recebam som de qualidade de CD. Isso porque o sinal, hoje transmitido de forma analógica, passa a ser digital, comprimindo a banda usada para a transmissão. Com isso, além do áudio, pode exibir num visor informações de texto, como num pager. (...) a princípio, qualquer tipo de informação pode ser transmitida via DAB, desde que esteja em formato digital e não ultrapasse a capacidade máxima de circulação de dados. Imagens congeladas acompanhando programas de rádio, informações de tráfego digitalizadas, edições online de jornais e até vídeo podem ser transmitidos utilizando o sistema Digital Audio Broadcasting. (Moreira, 1999, p. 180; grifos da autora). E mesmo com essas novas possibilidades, continua sendo rádio... Portanto, analogamente, quando falamos da agregação de imagens e textos nas emissoras online, não podemos deixar de classificá-las ainda como rádio, já que a mensagem radiofônica permanece inteira em si mesma e pode ser recebida e compreendida independentemente dos outros recursos oferecidos que são apenas complementares e não parte da mensagem.

Para este trabalho foram pesquisadas algumas emissoras que disponibilizaram suas

programações em arquivos para a audição em tempo real sem comerciais ou interferências na

apresentação. O acesso é fácil e qualquer programa de audio abre os arquivos com boa

qualidade sonora, o que serve de motivação para a audição. Pode-se portanto, agendar seu

programa favorito e ouvi-lo na hora mais conveniente. Ao mesmo tempo, se houver alguma

dúvida sobre o que foi pronunciado, basta voltar a programação e checar qualquer detalhe

quantas vezes quiser. Há que se repensar com essa nova modalidade a instantaneidade do

rádio.

O ouvinte quer mesmo receber o sinal e o fato no mesmo momento em que ele está

acontecendo ou tanto faz, pois depois pode ouvi-lo, lê-lo, vê-lo em arquivos armazenados em

seu computador ?

Assim como não é possível ter tempo para ouvir tudo o que aconteceu em 24h no

momento de lazer, também não existe espaço físico grande o suficiente para as emissoras

disponibilizarem todos os fatos do dia em arquivos para seus ciberouvintes. Então, mais uma

vez aqui, a informação, programas, fotos, fatos, ficam sob a triagem de editores e

programadores que exercerão a atividade da escolha de matérias, segundo critérios próprios

ou de cada emissora virtual para ser disponibilizado, de acordo com o que possa ser de maior

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interesse do internauta, ou menos perecível durante o tempo de exposição. Tudo isso acontece

simultaneamente, com a intenção de adequar a audição o máximo possível às necessidades do

ouvinte.

Existe uma diferença entre as NetRadios e as Rádios online, já que aquelas não

existem fora do universo virtual. Sua linguagem é mais solta e menos coloquial que estas,

uma vez que não se preocupam em manter a audiência mas, em produzir uma programação

mais seletiva de acordo com seu ciberouvinte. Nas NetRadios, há uma semelhança nos

recursos oferecidos no que diz respeito à tecnologia, uma vez que o suporte Internet, oferece

recursos iguais a todas, porém diferem nos assuntos e na apresentação deles ao seu público,

assim como as formas criativas de junta-los por categorias e disponibiliza-los por assunto.

Há NetRadios que possuem periodicidade com programação definida, porém menor

que das emissoras homologadas. Programas atualizados de forma semanal ou mensal e alguns

desenvolvidos a partir de vínculos com projetos comunitários, grupos ou universidades. O

grande número de arquivos que ficam disponibilizados das edições anteriores, catalogados por

data, assunto e tempo de duração facilita a escolha.

As rádios online por sua vez, mantém programação diária com várias opções de

canais, divididos em ritmos musicais com arquivos para a composição pelo ciberouvinte de

sua programação, caso queira só ouvir músicas. Além desses arquivos, disponibilizam

também matérias jornalísticas com entrevistas que priorizam assuntos musicais como bandas,

cantores, fofocas e enquétes.

Com nuances de interatividade, há uma provocação constante do ciberouvinte para

interagir com a programação. Essa expressão por vezes é pronunciada pelo locutor ou vinheta

(forma oral), as vezes aparece em forma de gifs que atravessam literalmente a home page, ou

ainda em forma de ruído para despertar a atenção para uma nova atração. Algumas são apenas

grandes vitrolões, que só existem para fazer som ambiente de acordo com a programação do

internauta, outras oferecem arquivos sem fim de cantores e cantoras, musicais, orquestras,

enfim o que o internauta quiser programar, tudo muito bem arquivado e ao alcance dos olhos.

Isso não quer dizer que o internauta “faz rádio”, estando mais próximo de uma Audição coletiva virtual de uma seqüência musical. Algo como reunir os amigos Para ouvir música... Devem ser excluídos também sites que oferecem a possibilidade de passear por discos e gravações, fazendo a audição de trechos ou faixas. O que se assemelha à virtualização de uma loja de discos em que o consumidor, antes de adquirir o produto, pode levá-lo até um CD player e ouvi-lo para conferir o conteúdo. Em todos esses casos, não podemos considerar que são emissoras de rádio (NetRadios), já que não reúnem as demais características do meio e da linguagem radiofônicos (fala, efeitos, sons e silêncios). O nome “rádio”, portanto, tem função apenas chamativa, sendo inadequadamente utilizado.

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No entanto, quando esses recursos são utilizados como adicionais para reforçar as ferramentas de interatividade do site e há uma programação radiofônica criada especificamente para a Internet, então voltamos a falar de NetRadios. Por último, temos os portais de rádio virtuais, unindo a disponibilidade de vários canais de rádio a programas, especiais e outros produtos radiofônicos. São uma espécie de supersites. São eles também que, em geral, oferecem a possibilidade do internauta criar sua própria emissora e disponibilizá-la para os demais. (SOUZA, 2001)

Ação e Reação

Se o rádio sempre obteve altos índices de integração com seu publico e os ouvintes

interferem de modo positivo na programação por meio de cartas, telegramas, telefonemas,

promoções, etc., é claro que uma rádio virtual tenha em sua constituição uma parte forte de

migração das idéias que surgiram nas emissoras constituídas na realidade social. Há que se

pensar a partir disso que os ouvintes passam a ser usuários, que também pelo meio virtual

interagem na programação da mesma, seja ela ao vivo ou não.

Assim, o e-mail, chats e outras ferramentas disponíveis vão manifestar o grau de

interesse despertado no ciberouvinte que não usará apenas os serviços de áudio dessa rádio,

mas os videoclipes, fotos, textos, a própria programação e ainda os links sugeridos pelo

programador, com hipertextos complementares sobre os mais diversos assuntos abordados

durante a semana pela equipe que ali se manifesta. (ZARUR, 2002:2)

Uma rádio na internet extrapola seus vínculos naturais e expande seu sinal para todos

os lugares do mundo. Sem ondas mas, viajando com a velocidade da luz deixa seu som

cravado nos mais diferentes estágios da compreensão humana.

A linguagem é a mais coloquial possível, até mesmo para que não entende passa a ser

interessante as formas de comunicação oral. Não há espaço para equívocos e nem mesmo mal

entendidos sobre os motivos que levam alguém a “linkar” suas idéias em uma rádio virtual: a

mensagem é a parcela mais importante. Não podemos separar o rádio meio de transmissão

com seus sistemas de ondas, transmissores e antenas, algo que sempre fascinou a humanidade

pela simplicidade complexa dessa relação, de seu contudo como a programação e mensagem.

(MEDITSCH, 2001:5)

A tecnologia será apenas um suporte sempre, seja no meio físico ou no virtual ou

ainda em qualquer outro que venha a surgir (rádio em celulares e aparelhos digitais), pois

haverá sempre a necessidade da elaboração da mensagem a ser veiculada tendo ai um

resultado maravilhoso da combinação de elementos que corroboram para a compreensão do

novo que a todo o momento cobra o seu lugar na trajetória da humanidade.

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Os elementos que compõem essa transposição de tecnologia e cultura, não podem

perder sua identidade. O que é som, trilha, efeito, ruído, silêncio e voz humana, serão

transportados para uma única unidade, saindo assim do meio acústico para o meio luz,

coordenado pelo tempo necessário para se decompor e recompor de acordo com a intensidade

da decodificação que não é mais um simples depreender de signos no ambiente semântico ou

semiótico, mas de informática e energia para compor um todo. (ALBANO DA SILVA,

1999:17)

A mesma diferenciação de conceitos é feita por MEDITSCH (2001) quanto à Internet.

A rede pode ser um canal de transmissão, enquanto rede física, levando de um

extremo a outro dados, vídeos, áudios e textos em vários formatos, e representar nova forma

de expressão, levando-se em conta os materiais disponíveis nos sites e portais e suas

interfaces, que viabilizam aos usuários a leitura e a reestruturação de conteúdos por caminhos

infindáveis.( JUNIOR, 2003)

Conclusão

Uma emissora na Internet pode contar, além da realização de entrevistas e debates na

informação, até o aprofundamento dos dados, com links dedicados que permitam a leitura de

textos, a visualização de vídeos e de fotos sobre qualquer assunto. A atenção exigida facilita

a realização de atividades paralelas, como, por exemplo, escrever um texto no computador ou

navegar pela rede ouvindo uma web radio. Mas, nem todo serviço de áudio na Internet deve

ou pode ser considerado rádio.

Conforme a conceitualização de FAUS BELAU (1981:166), “o produto radiofônico é

resultado de uma intencionalidade auditiva, que implica uma complementariedade de

processos criadores, e de suas elaborações através de trabalhos técnicos”. Sendo assim as

emissoras online apesar de terem um serviço bem estruturado de áudio para a Internet, já que

os usuários interagem com um sistema informatizado, definindo em um banco de dados o que

querem ouvir, sem a participação direta de um profissional na produção de uma grade de

programação, não podemos afirmar com certeza de que sejam uma rádio.

A pluralidade de canais de áudio não deve ser confundida com o novo formato de

rádio transmitido pela web, que, por sua vez, mantém as características estéticas e técnicas do

meio.

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Segundo MEDITSCH (1999), esse tipo de serviço é, na verdade, fonográfico, não se

caracterizando como radiofônico por não ser emitido em tempo real. A transmissão da

programação de emissoras de sinal aberto através da Internet, como na “Radio Click”, é na

realidade o uso de mais um canal de distribuição de áudio (de transmissão) para essas rádios,

podendo ter no site um suporte multimídia agregado para suplementar as mensagens

radiofônicas ali veiculadas; ou seja, o produto sonoro radiofônico de FAUS BELAU está

presente no processo de confecção dessas rádios, a partir dos estúdios onde são realizados os

programas, não descaracterizando os elementos que definem o meio radiofônico, mas

agregando outros. (JUNIOR, 2003)

Não há, porém, uma diferenciação da linguagem entre as emissões para a rádio aberta

e de Internet. Os canais de áudio que se assemelham ao da “Usina do Som” que encontramos

no portal do Sistema Globo, “Radio UOL”, “Parem os tamborins”, entre outras, também não

podem ser apresentados como produtos radiofônicos pelas razões já apresentadas.

Na “Radio Rio Vermelho”, programa exclusivamente de Internet, há uma

comunicação ao vivo com o ciberouvinte e uma preocupação em manter a estética de uma

programação de rádio, seguindo os mesmos padrões de produção de uma emissora

convencional.

A forma de produção e transmissão totalmente digitalizada, o que possibilita a redução

dos custos e maior agilidade na concepção da programação. Há produtos radiofônicos como

em qualquer outra emissora aberta, mas a transmissão é feita via rede e o site proporciona aos

usuários outros recursos que não somente o áudio. O mesmo acontece com programas que

disponibilizam para o ciberouvinte por meio de uma web can (câmera de vídeo), o que

acontece no estúdio na hora da transmissão. Seus personagens, locutores, entrevistados,

programadores, criando assim mais uma atração durante a transmissão, unindo áudio e

imagem simultaneamente, ampliando ainda mais a perspectiva de MCLEISH (1986:15), para

quem “o rádio leva o mundo para aqueles que não sabem ler ou não podem ver”.

As novas tecnologias estão proporcionando tendências, como a tentativa de

retransmissão das programações de web radios através de rádios convencionais na

substituição aos canais de satélites das grandes redes de radiodifusão, barateando os custos.

Imagine uma emissora convencional espalhando seu sinal num processo inverso decodificado

pela internet e fazendo uso dela para atingir novos segmentos de mercado, sendo

retransmitidas em qualquer lugar do mundo. Isso ainda não é possível dada a instabilidade do

meio e a sobrecarga do sistema de transmissão de dados sobre a malha de telefonia, o que

deverá ser resolvido em breve, talvez já na criação da Internet 2.

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Portanto, ainda é simplista afirmar que a linguagem humana expressada no meio de

comunicação rádio, será abolida por causa das novas tecnologias agregadas à internet. O rádio

como qualquer canal de comunicação está evoluindo e o inverso pode também acontecer,

como já é de conhecimento o advento das rádios digitais.

Não haverá diferença na linguagem produzida nas emissoras convencionais e nas

virtuais, pois ambas expressões da cultura humana apresentam o mesmo mundo. Haverá sim

uma adequação constante de cada meio para o melhor desempenho de suas atividades nessa

tarefa.

Pelas dimensões continentais do Brasil, não podemos ainda afirmar com segurança

que a linguagem já está globalizada, pois as diferenças regionais com a produção de seus

respectivos léxicos devem ser mantidas, não por segregação cultural, mas principalmente pela

riqueza de expressões que elevam o potencial de seu usuário na adaptação e na qualidade de

vida local.

Os multimeios oferecidos pela convergência midiática da internet, tendem a provocar

um encontro nacional em onipresença para todos que nela procurarem com interesse constante

as características da língua nacional, que já deixou de ser apenas a língua colonizada pelos

portugueses, para ser uma mistura homogênea dos diversos Brasis que se espalham pela rede

e pelas rádios convencionais.

As mensagens, individuais ou coletivas estarão reforçando a identidade nacional e aos

poucos quebrando as barreiras que impedem os deficientes auditivos, visuais e mentais de

participarem também da integração do meio, uma vez que o suporte virtual promove a

interação em todos os sentidos e não apenas em um ou dois.

O baixo custo para a produção de e manutenção de uma emissora de radio na internet,

possibilita priorizar outras coisas como a criatividade, não há legislação que regulamente sua

implantação, nem normatização, o que possibilita criar vários canais de acordo com os

assuntos e programações que se queira transmitir, sejam eventos nacionais, mundiais ou

simplesmente locais. Pode-se trocar conteúdos entre as emissoras, ou ainda disponibilizar

debates feitos por emissoras convencionais, disponibilizando tudo em arquivos de audio. Com

a ferramenta de multimídia da internet, uma emissora de rádio pode aprofundar informações,

criando hiperlinks, ou mesmo checar qualquer informação antes de ser gravada, falada,

mostrada em seu site, criando assim fóruns temáticos para discussões.

O som terá maior qualidade que os transmitidos em ondas curtas, e com raras

exceções, uma vez que o buffer deve ter no mínimo 15 bits/seg, o que não será atingido

rapidamente por modens telefônicos, somente os de banda larga.

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As rádios convencionais a partir da implantação dos transmissores digitais, poderão

disponibilizar no display do receptor de rádio outras informações além das sonoras, criando

assim maior prestação de serviços aos radiouvintes.

As possibilidades são infinitas e ultrapassam as barreiras impostas sob quaisquer

circunstancias, se pensarmos que tudo está em constante evolução. Tecnologia e linguagem

associadas ao poder da mensagem determinarão um caminho único para o desenvolvimento

do rádio na internet

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ERIBERTO DE JESUS CARVALHO

RÁDIO E INTERNET: LINGUAGEM E MEIO X COMUNICAÇÃO Texto apresentado ao Curso de Mestrado em Lingüística Aplicada da Universidade de Taubaté – UNITAU à disciplina de Mídia Digital e Linguagem: a Internet como convergência de uma nova mídia, Prof. Dr. Robson Bastos da Silva.

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TAUBATÉ / SP 2005

ERIBERTO DE JESUS CARVALHO

RÁDIO E INTERNET: LINGUAGEM E MEIO X COMUNICAÇÃO

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TAUBATÉ / SP 2005