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1 Responsabilidade Social : A Inclusão do Jovem Aprendiz Louiziane de Camargo Eduardo Brezolin 1 [email protected] Prof. Ms. André Alves Prado 2 [email protected] Resumo Este artigo tem como objetivo averiguar a inserção de jovens aprendizes no mercado de trabalho. Através do aprofundamento da pesquisa, foi possível avaliar o problema existente de mão de obra neste tipo de mercado. A metodologia envolveu pesquisas em bibliografia nacionais e internacional buscando abordar o ensino com a aprendizagem técnica na escola, mostrando a mesma avaliação problemática em países desenvolvidos. Na literatura nacional, nota-se que há uma discussão constante de valores sociais, éticos, morais, culturais, educacionais. Em suma, conclui-se que o desafio é torná-las realmente eficazes, na atualidade, no combate ao trabalho precoce, realizado por milhares de crianças, vítimas da exploração de adultos inescrupulosos, ou, até mesmo, de abuso e violência domésticos. Palavras-chave: Responsabilidade Social; Jovem Aprendiz; Inclusão Profissional. Abstract This article aims to investigate the integration of young apprentices in the job market. Through further research, it was possible to evaluate the existing problem of manpower in such markets. The research methodology involved in national and international literature seeking to address the technical school with learning at school, showing the same valuation problem in developed countries. In the national literature, note that there is an ongoing discussion of social values, ethical, moral, cultural, educational. In sum, we conclude that the challenge is to make them really effective today, in fighting early work, performed by thousands of children, victims of unscrupulous exploitation of adults, or even abuse and domestic violence. Keywords: Social Responsibility, Young Apprentice Professional Inclusion. 1 Graduada do Curso de Administração de Empresas pelas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – FATEA Lorena SP 2 Orientador Professor do Curso Superior de Administração de Empresas das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – FATEA Lorena - SP.

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Page 1: Artigo respsonbilidade social pdf

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Responsabilidade Social : A Inclusão do Jovem Aprendiz

Louiziane de Camargo Eduardo Brezolin1 [email protected]

Prof. Ms. André Alves Prado2 [email protected]

Resumo Este artigo tem como objetivo averiguar a inserção de jovens aprendizes no mercado de trabalho. Através do aprofundamento da pesquisa, foi possível avaliar o problema existente de mão de obra neste tipo de mercado. A metodologia envolveu pesquisas em bibliografia nacionais e internacional buscando abordar o ensino com a aprendizagem técnica na escola, mostrando a mesma avaliação problemática em países desenvolvidos. Na literatura nacional, nota-se que há uma discussão constante de valores sociais, éticos, morais, culturais, educacionais. Em suma, conclui-se que o desafio é torná-las realmente eficazes, na atualidade, no combate ao trabalho precoce, realizado por milhares de crianças, vítimas da exploração de adultos inescrupulosos, ou, até mesmo, de abuso e violência domésticos. Palavras-chave: Responsabilidade Social; Jovem Aprendiz; Inclusão Profissional.

Abstract

This article aims to investigate the integration of young apprentices in the job market. Through further research, it was possible to evaluate the existing problem of manpower in such markets. The research methodology involved in national and international literature seeking to address the technical school with learning at school, showing the same valuation problem in developed countries. In the national literature, note that there is an ongoing discussion of social values, ethical, moral, cultural, educational. In sum, we conclude that the challenge is to make them really effective today, in fighting early work, performed by thousands of children, victims of unscrupulous exploitation of adults, or even abuse and domestic violence. Keywords: Social Responsibility, Young Apprentice Professional Inclusion.

1 Graduada do Curso de Administração de Empresas – pelas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – FATEA

– Lorena – SP 2 Orientador Professor do Curso Superior de Administração de Empresas das Faculdades Integradas Teresa

D’Ávila – FATEA – Lorena - SP.

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INTRODUÇÃO

Atualmente nossa sociedade capitalista enfrenta diversos problemas sociais

como a fome, a miséria e o desemprego.

Ao longo dos tempos, percebe-se a grande barreira enfrentada pelos jovens

ao buscarem sua primeira colocação no mercado de trabalho. A falta de

comprometimento, educação, postura e qualificação profissional contribuem para

que isso ocorra, bem como a falta de oportunidades.

Esta alta taxa de desemprego é evidenciada através do estudo do IPEA3/

IBGE4, divulgada pela imprensa em Fevereiro de 2011. Mostra que os jovens de

classe com menor renda entre 15 a 24 anos já são quase a metade dos

desempregados no Brasil e que a desocupação nessa faixa etária é 33,3 vezes

maior do que entre adultos de classe com maior renda onde é 0,9 porcento,

conforme ilustrada pela Figura 1.

Fonte: Ipea3 / IBGE

4 (2010)

3 IPEA – (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada)

4 IBGE – (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

Page 3: Artigo respsonbilidade social pdf

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A situação daqueles que não estão estudando ou no mercado de trabalho é

mais complexo. Os resultados sugerem que os deste grupo, muitas vezes referida

como sendo envolvida em "outras" atividades, não devem ser entendidos como

equivalente a estar no desemprego. 'Outras' atividades geralmente incluem

viagens e nos últimos anos constituem uma elevada proporção de mulheres

jovens cuidando de seus próprios filhos.

Alguns desiludidos à procura de emprego também são susceptíveis de

estar nesta categoria. A análise mostra que há completamente um elevado grau

de entrada (ou reentrada) de "outras" atividades no trabalho e educação, e a

maioria expressa uma intenção de voltar a estudar ou trabalhar dentro dos

próximos anos.

Embora alguns deles possam necessitar de assistência especial para fazê-

lo, como um grupo, tem probabilidade de sofrer menos em longo prazo

dificuldades do que aqueles que estão atualmente no mercado de trabalho, mas

são incapazes de encontrar trabalho.

Nos dias de hoje, melhorar a eficiência dos processos nem sempre é

sinônimo de manutenção da vantagem competitiva. Assim, será necessário

encontrar novas formas de competir, em um mercado cada vez mais turbulento e

competitivo. Nesse caso, a implementação de conhecimento, se deve pelo projeto

de aprendiz, no qual os jovens adquirem experiência, o que é pedido inerente para

a entrada em muitas empresas.

Segundo Botelho (2002), no Brasil, apenas 36% dos jovens entre 15 e 24

anos têm emprego, outros 22% já trabalharam, mas estão desempregados

atualmente; na média, os jovens demoram 15 meses para conseguir o primeiro

emprego ou uma nova ocupação, nas regiões metropolitanas. No total, 66% deles

precisam trabalhar porque todo o seu ganho, ou parte dele, complementa a renda

familiar.

Page 4: Artigo respsonbilidade social pdf

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Na sociedade contemporânea capitalista, o trabalho assume um caráter

explorador e predatório, visando ao barateamento da mão-de-obra, o que impede

o bom desenvolvimento infantil. As atividades realizadas pelas crianças realizam

não são consideradas trabalho, mas ajuda na contribuição à renda familiar.

É esta popular concepção que justifica, em parte, a crescente inserção de

crianças e adolescentes precocemente no chamado mundo do trabalho. Porém,

as causas do trabalho precoce têm suas raízes mais fortes nos fatores político-

econômicos, forjadores da necessidade de a família enviar seus filhos ao mercado

de trabalho.

Como exemplos destes fatores tem-se o avanço da tecnologia e da

flexibilização do mercado de trabalho:

Geração do desemprego estrutural;

O acirramento das forças produtivas, que gera a concentração de

renda;

As políticas econômicas recessivas, que geram o fechamento de

empresas e a desvalorização dos salários;

Os fatores climáticos e a mecanização da lavoura, que expulsam as

famílias do campo para as cidades.

Esses fatores segundo Alberto (2002) geram pobreza, desemprego ou

salário insuficiente para o sustento da família, que, ao não conseguir

atender às necessidades dos seus filhos, gera conflitos levando crianças

e adolescentes para as ruas.

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Breve Histórico

A economia do Brasil império, que era de sua maioria agrícola (plantações),

ergue-se sobre o fundo da mão-de-obra escrava. Com a diminuição do regime

escravocrata (aqui um olhar amplamente sociológico), procuraram uma mão de

obra barata, e legal, e houve o boom da procura pelo trabalho infantil.

Na substituição do trabalho do afro americano escravo, os senhores

fazendeiros aliciavam crianças pobres e órfãs para fazerem os trabalhos, por

vezes exaustivo, do campo. Não havia o costume de planejar o que ocorreria com

aquelas famílias inteiras de alforriados, que formavam uma população de

desempregados, passando a miseráveis, amontoados nos grandes centros

urbanos da época.

Com a inauguração da indústria têxtil no final do século XIX, os empresários

começaram a alistar, nas instituições de caridade, crianças desde a idade de oito

anos para trabalharem em oficinas e grandes indústrias tecelãs, com a intenção

de prepará-las o novo operário nacional (GRUSPUN, 2000, p. 52).

Com a acomodação das primeiras manufaturas em território brasileiro e a

chegada de operários imigrantes europeus5, deu inicio, nessa industrialização

urbana, o trabalho infantil, sob o estratagema do sistema de aprendizagem.

Finalmente, a Constituição de 1988 inseriu em diversos artigos,

propendendo tutelar interesses do trabalhador infanto-juvenil. E enfatizando o

direito à formação profissional dentre os fundamentos essenciais para o

aperfeiçoamento educacional além de proibir, em seu inciso XXX, do art. 7°, a

distinção salarial em razão de idade, sexo, cor ou estado civil. Também foi

5 De acordo com dados do IBGE chegaram ao Brasil entre os anos de 1920 e 1929 o expressivo número de

75801 imigrantes provenientes da Itália, Alemanha, Espanha, Polônia e outros países europeus. O primeiro

grupo de imigrantes a chegar ao Brasil foi de suíços entre 1819 e 1820. Logo depois, em 1824, chegaram os

primeiros alemães. A maioria desses imigrantes de origem germânica se estabeleceu na região sul devido ao

seu clima ameno, semelhante ao de seus países de origem. Com o incentivo do governo imperial os imigrantes

se estabeleceram em pequenas propriedades onde praticavam uma agricultura diversificada.

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proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre aos jovens menores de dezoito

anos e impediu o exercício laboral para menores de quatorze anos, salvo na

condição de aprendiz, entre doze e quatorze anos.

O art. 227, §3°, fixa a tutela específica ao adolescente trabalhador,

determinando a concretização de direitos previdenciários e trabalhistas ao jovem

empregado e acesso regular ao ensino noturno, dentre outros.

A Emenda Constitucional n° 20, de 1998, acresceu a idade limite do

ingresso no mercado de trabalho de quatorze para dezesseis anos, estipulando a

faixa etária de quatorze aos dezesseis anos para a formação de aprendiz.

A modificação introduzida na legislação infraconstitucional, em especial na

CLT6, determinada pela redação da Lei n°10.097/2000, avalia como menor

trabalhador o jovem de quatorze até dezoito anos, proibindo o trabalho dos

adolescentes menores de dezesseis anos, exceto na condição de aprendizes, a

partir dos quatorze anos.

A CLT (art. 80) proíbe a diferenciação salarial do aprendiz em relação ao

trabalhador comum, graças ao tratamento isonômico, por motivo de idade,

dispensado no texto constitucional.

O art.63 estabelece critérios para o processo de aprendizagem, apontando:

garantia da participação em ensino regular; o método de aprendizagem deve

propiciar pleno desenvolvimento ao jovem aprendiz; a aprendizagem deve ser

exercida em horário especial para o exercício das atividades.

Os artigos 64 e 65 do ECA7 registram a idade de 12 a 14 anos para o

exercício da aprendizagem, asseguram bolsa de aprendizagem e consagram

direitos trabalhistas e previdenciários aos adolescentes aprendizes maiores de 14

anos.

6 CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

7 ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente

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Como considerado anteriormente, a Emenda Constitucional nº 20/98

impede, taxativamente, o trabalho infantil aquém dos 16 anos de idade, salvo na

condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. Ademais, o art. 7°, inciso XXXI, proíbe

qualquer discriminação referente a salário e critérios de admissão em emprego,

em razão de sexo, idade, cor ou estado civil.

2.3. A Formação do trabalho versus a Educação no Trabalho

Para obter um maior conhecimento sobre os problemas, a política, e as

possibilidades do movimento da escola ao trabalho atual, é importante reconhecer

duas perspectivas opostas surgida no final de 1800 e têm contribuído para o

discurso atual sobre a reforma educacional.

Estudiosos que defendem esta posição fazem referência as práticas

contemporâneas (por exemplo, a integração da educação escolar e a profissional)

e da legislação, como a “Tecnologia Profissional Aplicada à Educação D. Carl

Perkins” de 1990 e a “Oportunidades Escola para o trabalho” de 1994 (EUA),

como evidência para a sua posição (GREGSON,1993; GRUBB, 1995; WIRTH,

1992).

Esse artigo tem como objetivo não somente a Constituição Federal, mas a

discussão à crítica da escola para o trabalho do movimento através de um olhar.

Para atingir esse objetivo, o contexto do movimento escola-trabalho será

reconhecido através da revisão dos fatores que contribuíram para a atual escola

para o trabalho de esforços (por exemplo, a aprendizagem da juventude).

2.4. Movimento e Reforma

Enquanto as perspectivas dubladas por economistas, empresários,

representantes dos trabalhadores, políticos, e os reformadores sociais e

educacionais no diálogo de reforma escolar têm variado significativamente, todos

expressaram preocupação sobre a educação da juventude da nossa nação.

(DEWEY,1916)

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2.5. Minimizando a Flutuação de Empregos

Veum e Weiss (1993) citaram vários fatores que contribuíram para esse

padrão de emprego. Um fator é que os empregadores têm a percepção de que

recém-formados do ensino médio não possuem as competências básicas e

hábitos de trabalho necessários para se tornar funcionários valorizados.

Tal percepção pode ajudar a explicar por que os empregadores tendem a

contratar os candidatos mais maduros e mais graduados recentes do ensino

médio, mesmo quando os candidatos mais velhos são menos qualificados

(HAMILTON, 1986; ROSENBAUM, 1989).

No entanto, Veum e Weiss também argumentaram que o padrão de

emprego, ou a falta dele, entre os diplomados do ensino médio com idades entre

18 e 27 é também, em certa medida, o resultado de decisões tomadas pelos

próprios jovens. Talvez porque a grande maioria dos empregos assegura que

esses jovens são de baixa qualificação, merecem baixos salários, e não possuem

uma carreira, os jovens parecem não assumir compromisso importante para com

seus empregadores e podem deixar para procurar trabalhos mais gratificantes e

significativos.

Um segundo fator que tem contribuído para o movimento de aprendizagem

de jovens foi a constatação de que muitas experiências de trabalho disponíveis

para os jovens nos EUA obstaculizaram a sua educação. Historicamente, tem

havido a percepção de que a experiência de trabalho de quase qualquer tipo é boa

para os jovens, pois promove a maturidade ensinando a ética do trabalho e do

valor do dinheiro (STERN, MCMILLION, HOPKINS & STONE, 1990).

Outra característica, similar a uma complexidade crescente, é o aumento da

diversidade. Aprendizes aprendem não somente uma variedade maior de

habilidades, mas também uma maior variedade de contextos em que as usam.

Consequentemente, as competências transferíveis são fortemente enfatizadas.

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Teóricos, críticos e cientistas cognitivos, que se expandiram na visão da

educação de Dewey através de ocupações, parecem ter abraçado ambientes de

trabalho cognitivo como lugares significativos e apropriados para os jovens

aprendizes. No entanto, eles estão preocupados que poucos ambientes de

trabalho cognitivo existem, para muitos alunos que querem aprender habilidades

acadêmicas ou técnicas (KINCHLOE, 1995; LEVINE, 1994; RODITI, 1992).

Conforme o Manual da aprendizagem8 publicada através do Ministério do

trabalho brasileiro: os mentores ou mestres são um elemento importante para a

aprendizagem dos jovens porque eles fornecem orientação sobre aspectos sociais

e pessoais de trabalho, bem como instruções sobre como executar tarefas de

trabalho. As relações também aumentam na medida em que os jovens que

trabalham têm contatos significativos com adultos que estão interessados em seu

bem-estar e dispostos a investir tempo neles. Lugares de trabalho educativo,

então, ensinam estratégias heurísticas (por exemplo, as estratégias de resolução

de problemas apropriados para um determinado contexto), as habilidades

metacognitivas (ou seja, a fixação de metas, e planejamento estratégico), e

competências pessoais e sociais, bem como profissionais de habilidades

específicas.

Essas estratégias de múltiplas estratégias de ensino, alguns dos quais

Berryman (1992), foram identificadas como modelagem, coaching, articulação,

reflexão e exploração. Como resultado, para os aprendizes que têm a sorte de

estarem em ambientes educativos, experiências de trabalho parecem ser menos

exploradoras e mais democráticas na natureza, do que o trabalho que a maioria

dos jovens.

8 O Manual da Aprendizagem, editado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), tem como proposta

esclarecer as questões relacionadas à Lei da Aprendizagem e, assim, orientar os empresários a respeito dos

procedimentos que devem ser adotados para a contratação de aprendizes.

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3. METODOLOGIA

A metodologia de pesquisa utilizada consiste em pesquisa bibliográfica para

a formação do marco referencial teórico. Assim de acordo com Cervo e Bervian

(1996), busca explicar um problema com base em referenciais teóricos já

publicados. Pode ser utilizada independentemente ou como parte de uma

investigação descritiva ou experimental.

“ É desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir fontes bibliográficas”.

Conforme descreve Lakatos e Marconi (2007,p.43):

“Trata-se de levantamento de toda a bibliografia já publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escrita. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo que foi escrito sobre determinado assunto, com o objetivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações”.

Cervo (1983, p.55) dispõe em sua obra conforme descrito,

“A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referencias teóricas publicadas em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva experimental. Em ambos os casos, busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou cientificas do passados existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema.”

O delineamento da pesquisa caracterizou-se como estudo exploratório,

utilizando-se fontes secundárias. De acordo com Gil (1987, p.44),

“As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, com vistas a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”.

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Ao se referir à pesquisa exploratória, Andrade (2002) enumera como

finalidades:

I. Proporcionar maiores informações sobre o assunto que se vai investigar.

II. Facilitar a delimitação do tema de pesquisa.

III. Orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses.

IV. Descobrir um novo tipo de enfoque sobre o assunto.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os programas de formação profissional restauram o “padrão de

regulamentação social” das práticas de escolarização que já vinham se

desenvolvendo desde o pós-guerra.

Suas estratégias relacionam interesses liberais com visões positivistas e

instrumentais sobre ciência e tecnologia, investindo em orientações superadas.

Essas visões sobre a ciência, sobre o que deve ser a ciência construíram um

imaginário social da ciência ideal, cujos critérios passam a governar as mais

diferentes instituições, incluindo as de natureza sócios pedagógicas.

Esse discurso compreende a ciência como a imagem da verdade, da

racionalidade, da realidade de forma objetiva:

“Que encarna uma posição de domínio, poder e destruição legitimando oposições extremas entre o mundo externo e interno, o pensamento e a realidade bastante difíceis de sustentar na contemporaneidade” (SENAC, 2011)

O autor afirma ser possível uma formação profissional com potencial sócio

pedagógico capaz de gerar uma formação cultural para a autonomia e para a

liberdade dos sujeitos desde que, além de considerar os pontos positivos da

racionalidade, da ciência e da tecnologia, se apresente uma crítica radical às

significações e aos discursos cientificistas em circulação nas diretrizes que devem

dirigir as políticas de formação. A defesa dessa imaginação radical simboliza a

possibilidade de afirmação radical da liberdade e da autonomia dos sujeitos,

funcionando como um eixo possível de criação de novas relações sociais

(SENAC, 2011).

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“A ênfase na imaginação radical significa, sobretudo, uma crítica radical a toda forma de empobrecimento da experiência humana e, principalmente a possibilidade concreta da mudança e da transformação das condições sociais, materiais e simbólicas da retificação das existências psíquicas e sócio históricas, para além do projeto civilizatório capitalista através do exercício ativo da autonomia dos sujeitos” (SENAC, 2011).

Para o autor é necessária essa nova leitura para os programas de formação

profissional porque a crescente racionalização faz com que não haja mais

diferenças entre o conhecimento científico, o projeto educacional e o futuro da

humanidade. Assim, a ênfase na dimensão simbólico-imaginária teria como

objetivo minimizar as bases neoliberais e naturais que perpassam as diretrizes de

políticas de formação profissional (Op.Cit.,2011).

DEMO (1998) demonstra que a educação profissional é um desafio no

mundo globalizado, competitivo e que tende a reduzir os espaços de cidadania.

Ele afirma que a marca mais profissionalizante é "saber pensar", mais do que o

mero domínio de conteúdos, que envelhecem rapidamente. Assim, cursos rápidos,

do tipo "treinamento", não são úteis nem para entrar no mercado e muito menos

para sustentar a cidadania do trabalhador.

Em uma sociedade sem emprego e com cada vez menos trabalho, a

necessidade de garantir condições de vida também para quem não trabalha só

pode ser bem manejada pela cidadania.

De acordo com DEMO (1998), foi conseguido superar o estigma do

treinamento em nossa legislação, pois se tem na LDB9, um capítulo sob o nome

de "educação profissional". No entanto, não há condição de solução adequada, a

não ser um tratamento parcial de alcance relativo. A educação profissional não

cria postos de trabalho é apto apenas a preparar o trabalhador, o que já é

significativo. O aproveitamento dos "treinados" no mercado é muito restrito, como

conseqüência o efeito de afunilamento da intensidade do conhecimento porque

quanto melhor o trabalhador estiver preparado, mais poderá deslocar outros

trabalhadores menos preparados, o que leva ao paroxismo na preparação

profissional.

9 LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação

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A educação profissional benfeita pode ter como consequência o efeito de

rebaixamento salarial, porque coloca no mercado capacidades disponíveis para

além da necessidade de mercado.

Dentro da tradição brasileira de ensino e treinamento, mesmo sob a

alegação de que se trate de "educação", predomina o efeito de mero treinamento,

o que nas modernas teorias da aprendizagem é absolutamente inepto em termos

do saber pensar; não prepara para nada mais profundo, embora possa empregar

algumas poucas pessoas, onde seria coerente esperar da educação profissional

um efeito mais visível de cidadania, o que levaria ao olhar do desafio da

empregabilidade, mas, também, igualmente, a exigência dos direitos.

DEMO (1998) destaca que:

“[...] um dos desafios mais relevantes do momento é a pergunta sobre como recuperar a força do conhecimento a serviço da humanização do trabalho. Conseguimos trabalhar menos, mas nunca precisamos tanto de trabalho. Isto é tão real que volta, outra vez, o discurso em torno da utilidade social do trabalho de crianças e adolescentes, já que, de outra forma, estariam soltos nas ruas e entregues a todos os riscos. Contraditoriamente, dizemos que criança e adolescente não deveriam trabalhar, mas, no frigir dos ovos, ainda é melhor que trabalhem. Não se trata de eliminar a exploração vil, mas de aceitar a menos ruim!” (DEMO,1998:12).

Assim, para ele, a educação profissional dependendo de como for feita,

apressa ou mascara este recuo sistemático, expondo que a empresa competitiva

como satisfeita, pois terá à sua disposição cada vez mais trabalhadores bem

preparados e com salários mais baixos. Os programas de educação profissional

precisam se preocupar com:

I. Melhorar a aprendizagem nos cursos, não se esgotando em simples

treinamentos. Ao mesmo tempo, pouco adianta recorrer à educação à

distância, porque a distância, não educa; para aprender, o aluno precisa

reconstruir o conhecimento com mão própria;

II. Aumentar o tempo de curso, compatível com autêntica aprendizagem; isto

implica não querer apenas grandes números para efeitos estatísticos

especiais, mas pode contribuir com chances mais concretas para os

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trabalhadores, além de permitir um tratamento mais adequado da

cidadania;

III. Unir demandas do mercado com os cursos, para que a inclusão se torne

mais visível; além de estudar chances de mercado, considerando as

tendências da globalização atual e encaixar nelas os cursos;

IV. Utilizar a “educação à distância” como estratégia importante de ensino, no

sentido de tornar disponível toda informação pertinente aos trabalhadores,

para que possam aprender a partir daí. Uma sociedade bem-informada

pode facilitar o exercício da cidadania, abrindo mais chances de inclusão;

V. Juntar os cursos às políticas ativas de emprego (DEMO,1998). O Programa

Adolescente Trabalhador é incluído nos princípios de responsabilidade

socioambiental Banco do Brasil.

Para isso, para subsidiar a análise do programa é imprescindível compreender: a

definição de responsabilidade social e seus programas, além de saber por que as

empresas fazem ações.

Com o processo de globalização e da velocidade das inovações

tecnológicas e da informação o “mundo dos negócios” tornou-se mais complexo e

mais competitivo impondo uma nova maneira de realizar suas ações. Além disso,

o aumento das desigualdades sociais obriga toda sociedade repensar os

desenvolvimentos econômicos, sociais e ambientais.

O compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, [...]

expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo,

ou a alguma comunidade. (ASHLEY, 2004, p. 6-7).

A responsabilidade social empresarial pode ser entendida como uma

dessas respostas e como resultado das críticas que as empresas receberam, ao

longo da história, no campo social, ético e econômico por se adotarem políticas

estritas a economia de mercado.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Reconhecendo a possibilidade de escola para o trabalho de iniciativas de

possuir significado social amplo e para auxiliar na transformação de organizações

da sociedade e do trabalho para refletir participativa, os valores democráticos não

proíbem os alunos de aprender sobre o trabalho.

Quando a aprendizagem dos jovens é praticada, como tal, uma pedagogia,

os alunos têm a oportunidade de experimentar o crescimento pessoal e social,

bem como contribuir para a eficiência social e econômica.

Se os líderes do movimento escola-trabalho abraçam tais princípios

democráticos, os alunos não vão apenas aprofundar seu entendimento das

necessidades existentes no mundo do trabalho, mas também entender como

exigências de trabalho podem ser alteradas e possibilidades de trabalho

expandidas. O movimento da escola para o trabalho então, lembram o movimento

de reforma que Dewey imaginava.

A complexa rede jurídica e social oriunda de tratados internacionais no

plano global, em especial as normativas nacionais que envolvem a regulação do

trabalho infantil, demonstra a sinergia entre os mais diversos segmentos da

sociedade civil organizada e poderes constituídos, para a consolidação de um

sistema político, jurídico e social que buscam proteger os interesses do

trabalhador mirim.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, lei especial, reguladora dos

direitos infanto-juvenis, conjuntamente às demais legislações constitucionais e

infraconstitucionais, como comentado acima, comprova a existência de normas

protetoras das relações laborais no resgate à cidadania infanto – juvenil ALBERTO

(2003,P.52).

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O Jovem Aprendiz visa colocar em prática seu aprendizado. A empresa tem

como benefício um profissional sem vícios de trabalho, podendo assim ser

moldado de acordo com a cultura e política da instituição, permitindo assim a

contratação de mais profissionais em uma melhor ou maior fluidez das atividades

diárias.

Conclui-se que o desafio é torná-las realmente eficazes, na atualidade, no

combate ao trabalho precoce, realizado por milhares de crianças, vítimas da

exploração de adultos inconseqüentes, ou, até mesmo, de abuso e violência

domésticos.

REFERÊNCIAS:

ASHLEY, P. A. (Coord). Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: Saraiva, 2004. ALBERTO, M. de F. P. As dimensões subjetivas do trabalho precoce de meninos e meninas em condição de rua de João Pessoa – PB. 2002, 300 f. Tese (Doutorado em Sociologia) - Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2002. ______.Crianças e Adolescentes que Trabalham:Cenas de uma realidade negada – PB. 2003, 263 f. Universidade Federal da Paraíba, 2003. ANDRADE, M.M. 2002. Como preparam trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. São Paulo, Atlas, 5° ed., 165p. BERRYMAN, S. E. Apprenticeship as a paradigm for learning. In J. E. Rosenbaum. Youth apprenticeship in America: Guidelines for building an effective system. Washington, DC: William T. Grant Foundation Commission on Youth and America's Future (1992). BERRYMAN, S. E. , & BAILEY, T. R. The double helix of education & the economy. New York: Institute on Education and the Economy (1992). CERVO, Amado Luiz; Bervian, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos

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