artigo jonas 3o bim

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Tapa-olho francano *Priscila da Silva Amaral É costume da população de cidades pequenas comentar a cultura local como fato em constante descaso político. A cidade de Franca não foge deste hábito e mostra, em seus aproximados 330 mil habitantes, um desinteresse pela cena cultural e se satisfaz em criticar as produções. Se for, de fato, descaso político, essa discussão cabe aos que procuram entender um motivo ou solução para o problema. Sem desenhar a atividade dos políticos da cidade, mas também sem elevá-los a níveis altos demais, a cultura de uma cidade revela pontos históricos importantes. Não é apenas de peças de teatro, shows de grandes nomes e atores e atrizes de excelência que precisam dar as caras no interior de São Paulo, para provar que Franca recebe atividade. O grande ponto em questão e pouco pensado pelos críticos de plantão é a falta de vontade da população em dar espaço para novas possibilidades. O clichê que diz que reclamar é fácil cabe bem ao brasileiro. O francano, por sua vez, garante que não há espaço para a cultura local, não há verba municipal para peças teatrais, músicas e diversos shows. Talvez as reclamações tenham tapado alguns olhares além do básico da visão. Existem grupos independentes que se reúnem para tocar jazz. Há grupos de RAP que se encontram para dançar. Há *Discente em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo

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Page 1: Artigo jonas 3o bim

Tapa-olho francano

*Priscila da Silva Amaral

É costume da população de cidades pequenas comentar a cultura local como fato

em constante descaso político. A cidade de Franca não foge deste hábito e mostra, em

seus aproximados 330 mil habitantes, um desinteresse pela cena cultural e se satisfaz em

criticar as produções.

Se for, de fato, descaso político, essa discussão cabe aos que procuram entender

um motivo ou solução para o problema. Sem desenhar a atividade dos políticos da

cidade, mas também sem elevá-los a níveis altos demais, a cultura de uma cidade revela

pontos históricos importantes.

Não é apenas de peças de teatro, shows de grandes nomes e atores e atrizes de

excelência que precisam dar as caras no interior de São Paulo, para provar que Franca

recebe atividade. O grande ponto em questão e pouco pensado pelos críticos de plantão

é a falta de vontade da população em dar espaço para novas possibilidades.

O clichê que diz que reclamar é fácil cabe bem ao brasileiro. O francano, por sua

vez, garante que não há espaço para a cultura local, não há verba municipal para peças

teatrais, músicas e diversos shows. Talvez as reclamações tenham tapado alguns olhares

além do básico da visão.

Existem grupos independentes que se reúnem para tocar jazz. Há grupos de RAP

que se encontram para dançar. Há bailarinos por toda a parte se apresentando nos cantos

da velha Franca do Imperador e programas de rádio e TV que exaltam a atividade

cultural. Instituições e ONG incentivam a cultura como educação e começam a semear

uma nova geração.

Lugar para todos os gostos é possível encontrar. Franca é tão miscigenada

culturalmente como a capital. A diferença entre as duas regiões é que uma prefere

condicionar-se a reclamar e a criticar gratuitamente a condição do que participar e

integrar-se. É preciso mais que mudanças políticas para alterar o cenário local. Entender

o problema cultural como um próprio problema da história local é compreender que a

discussão pode refletir mais mudanças que polêmicas disparadas ao acaso.

*Discente em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo