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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PROGRAMA INTEGRADO DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTIFICA Artigo Final Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome i Thales Barroso Miranda ii Roberta Menezes Rodrigues iii (Universidade Federal do Pará) RESUMO Neste trabalho, buscou-se caracterizar os assentamentos precários relacionados à presença de cursos d'água em Belém, especificamente caracterizando as áreas de “Baixada” em Áreas de Preservação Permanente (APPs) existentes na área de expansão do município, de forma a promover discussões sobre parâmetros de projeto de qualificação urbana e recuperação ambiental na bacia hidrográfica do Igarapé Mata Fome. Partindo das premissas que expõem conflitos de questões ambientais e urbanas de assentamentos precários em APPs, analisou-se brevemente a forma de tratamento das APPs urbanas na porção central de Belém, de modo a identificar e caracterizar estas áreas inseridas na bacia estudada. Considerando-se que a referida bacia apresenta baixos índices de cobertura das redes de infraestrutura e de serviços urbanos e, também, os processos de ocupação irregular das matas ciliares dos cursos d’água e consequente adensamento da região da bacia, ilustra-se aqui que as intervenções necessárias dentro das áreas de APP urbana devem ser diferentes daquelas na porção central do município. Os projetos de urbanização devem ter ações complementares que possam refletir em propostas mais sensíveis ao meio natural, promovendo a integridade física e social das pessoas que habitam os assentamentos precários em APPs. Palavras-chave: Assentamentos Precários em Belém; Áreas de Proteção Permanentes; Bacia Hidrográfica do Igarapé Mata Fome. ABSTRACT In this paper, we sought to characterize the slum interconnected with the presence of waterways in Belém, Brazil, specifically characterizing “Baixadas” areas in Permanent Preservation Areas (PPAs) in the city's expansion area, in order to promote discussions on parameters of urban qualification and environmental recovery in the basin of "Igarapé Mata Fome". Starting from the premise that expose conflicts of environmental and urban issues of slum in PPAs, it was briefly analyzed the form of treatment of urban PPAs in the central area of Belém in order to identify and characterize these PPA'S in the studied watershed considering that the watershed has low rates of coverage of network infrastructure and urban services, and also, the irregular occupation processes of riparian forests of streams and consequent the density of the watershed region, we show here that the interventions needed in these spaces are different from the ones in the county. The urbanization projects must have additional actions that may reflect more sensitive proposals to the natural environment, promoting physical and social integrity of the people who inhabit the slums in PPAs. Keywords: Slums in Belém; Permanent Preservation Areas; Igarapé Mata Fome watershed.

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão

de Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

PROGRAMA INTEGRADO DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTIFICA

Artigo Final

Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação

Permanente em meio urbano na área de expansão de Belém (PA): estudo para a bacia do

Igarapé Mata Fomei

Thales Barroso Mirandaii

Roberta Menezes Rodriguesiii

(Universidade Federal do Pará)

RESUMO

Neste trabalho, buscou-se caracterizar os assentamentos precários relacionados à presença de

cursos d'água em Belém, especificamente caracterizando as áreas de “Baixada” em Áreas de

Preservação Permanente (APPs) existentes na área de expansão do município, de forma a

promover discussões sobre parâmetros de projeto de qualificação urbana e recuperação ambiental

na bacia hidrográfica do Igarapé Mata Fome. Partindo das premissas que expõem conflitos de

questões ambientais e urbanas de assentamentos precários em APPs, analisou-se brevemente a

forma de tratamento das APPs urbanas na porção central de Belém, de modo a identificar e

caracterizar estas áreas inseridas na bacia estudada. Considerando-se que a referida bacia

apresenta baixos índices de cobertura das redes de infraestrutura e de serviços urbanos e, também,

os processos de ocupação irregular das matas ciliares dos cursos d’água e consequente

adensamento da região da bacia, ilustra-se aqui que as intervenções necessárias dentro das áreas de

APP urbana devem ser diferentes daquelas na porção central do município. Os projetos de

urbanização devem ter ações complementares que possam refletir em propostas mais sensíveis ao

meio natural, promovendo a integridade física e social das pessoas que habitam os assentamentos

precários em APPs.

Palavras-chave: Assentamentos Precários em Belém; Áreas de Proteção Permanentes; Bacia

Hidrográfica do Igarapé Mata Fome.

ABSTRACT

In this paper, we sought to characterize the slum interconnected with the presence of waterways in

Belém, Brazil, specifically characterizing “Baixadas” areas in Permanent Preservation Areas

(PPAs) in the city's expansion area, in order to promote discussions on parameters of urban

qualification and environmental recovery in the basin of "Igarapé Mata Fome". Starting from the

premise that expose conflicts of environmental and urban issues of slum in PPAs, it was briefly

analyzed the form of treatment of urban PPAs in the central area of Belém in order to identify and

characterize these PPA'S in the studied watershed considering that the watershed has low rates of

coverage of network infrastructure and urban services, and also, the irregular occupation

processes of riparian forests of streams and consequent the density of the watershed region, we

show here that the interventions needed in these spaces are different from the ones in the county.

The urbanization projects must have additional actions that may reflect more sensitive proposals to

the natural environment, promoting physical and social integrity of the people who inhabit the

slums in PPAs.

Keywords: Slums in Belém; Permanent Preservation Areas; Igarapé Mata Fome watershed.

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão

de Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

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A questão habitacional, atualmente, é um dos

maiores problemas sociais das cidades brasileiras. A

limitação do acesso à moradia aflora da necessidade

da população de acesso efetivo à cidade. Acrescenta-

se ainda a forma de ocupação da população de menor

renda em áreas ambientalmente frágeis, suscitando no

conflito entre a moradia e a preservação ambiental.

A dificuldade acesso à moradia formal, ou seja,

aquela que possui acesso efetivo à cidade sob a forma

de terra urbanizada e regula, resulta no surgimento

dos assentamentos precários caracterizados pela

precariedade física, ambiental e social – que se

configuram como manifesto evidente da desigualdade

social existente no país.

Os assentamentos precários, segundo o Ministério

das Cidades (2010), são um conjunto de

assentamentos urbanos inadequados ocupados por

moradores de baixa renda, tais como loteamentos

irregulares de periferia, favelas1, baixadas e

assemelhados, bem como os conjuntos habitacionais

que se acham degradados. Eles se caracterizam pela

precariedade das condições de moradia; inadequações

de irregularidade fundiária; ausência de infraestrutura

e saneamento ambiental; localização em áreas mal

servidas por sistema de transporte e equipamentos

sociais; terrenos alagadiços e deficiências

construtivas da unidade habitacional.

As políticas habitacionais estruturam-se como

políticas em 1964 com a ditadura civil militar, que

buscavam a implementação da produção em massa de

novas habitações, contudo, essa nova produção não

foi suficiente para subverter a produção informal de

habitação nas cidades.

Com crise do petróleo de 1973, surgiram vários

programas alternativos de urbanização de favelas,

como o PROMORAR – Programa de Erradicação da

Sub-Habitação. Segundo Bueno (1998) o

PROMORAR foi o primeiro programa habitacional

promovido pelo Governo Federal que admitiu

consolidar a ocupação do tipo favela, deixando os

moradores na mesma área, mediante financiamento

para substituição do barraco por casas de alvenaria.

Nessa perspectiva, altera-se a forma de intervir nos

1 As Favelas podem ser caracterizadas pelo processo de ocupação

irregular de terras públicas ou privadas, seguidas de compra e

venda informal de lotes, resultantes da subdivisão informal de

gleba em dois ou mais lotes, resultando em traçado desordenado

e com predominância de vias estreitas e para pedestres, com

ausência ou precariedade de infraestrutura urbana básica. A

localização das Favelas é relativa, podendo estar localizada em

áreas centrais ou periféricas. É ainda característica das favelas a

produção habitacional através da autoconstrução empregando-se

materiais e técnicas inadequados (MINISTÉRIO DAS

CIDADES, 2010)

assentamentos precários promovendo a urbanização

destas áreas.

A maioria das prefeituras, no entanto, devido ao

limite financeiro passaram a desenvolver ações

pontuais de urbanização, em prol da infraestrutura e

de equipamentos públicos, não conseguindo ampliar

a escala de intervenção e enfrentando dificuldades

para realizar a recuperação urbanística e ambiental

adequada (DENALDI, 2003; CARDOSO, 2007;

MISTERIO DAS CIDADES, 2008).

Assim como em outras cidades brasileiras, o

crescimento urbano de Belém se deu em torno das

áreas desvalorizadas, de modo que as ocupações se

consolidassem de forma irregular e autoconstruída.

As ocupações se localizavam nas áreas alagadas da

cidade, ocupando áreas sensíveis como as margens

dos rios e igarapés (MOREIRA, 1966).

A partir da década de 1980, o Estado implantou o

Projeto de Saneamento para Recuperação das áreas

alagadas de Belém de modo a solucionar os

problemas sanitários e tratar os rios da cidade com

obras pontuais de urbanização nas principais bacias

hidrográficas. No entanto, segundo Ponte (2010), o

principal objetivo do projeto se tornou a micro e

macrodrenagem, para permitir as funcionalidades do

que seria uma cidade moderna. Essas transformações

seguiram as tendências de retificação dos cursos dos

rios, mudando a paisagem urbana e o uso dos cursos

d’água.

Dessa forma, as intervenções já realizadas não

resolveram completamente a questão dos

assentamentos precários na área central de Belém,

tendo um efeito limitado na estruturação urbana e

deixando de qualificar o espaço urbano em uma

escala maior, tampouco viabilizaram a recuperação

das áreas ambientalmente frágeis. (Rodrigues et al,

2013).

Diversa da ocupação e expansão urbana próxima

ao centro de Belém, a área de expansão da cidade,

coloca-se como uma fronteira para novas

possibilidades para a forma de tratar os rios urbanos e

as áreas de APP. Diferentemente dos rios do centro

da cidade, os cursos d’água da área de expansão

ainda mantêm seus leitos naturais e é possível

identificar áreas de mata ciliar. Neste contexto da

produção precária de habitação em áreas alagadas na

nova área de expansão da cidade se insere a Bacia

Hidrográfica do Igarapé Mata Fome.

De forma a promover indagações na forma de

tratamento dos rios e as condições de moradias e

infraestrutura das áreas ambientalmente sensíveis, o

presente trabalho tem como foco as Áreas de

Preservação Permanente em meio urbano ao longo de

cursos d'água. Pretende-se discutir parâmetros de

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de

Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

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urbanização de assentamentos precários em Áreas de

Preservação Permanente inseridas na área de

expansão da cidade de Belém, visando destacar os

problemas socioambientais decorrentes do processo

de ocupação precário com foco na Bacia Hidrográfica

do Igarapé Mata Fome.

1. A problemática dos Assentamentos Precários

em APPs

A ausência de programas eficazes para a

população de baixa renda acentuou a precariedade

habitacional, aumentando os assentamentos precários

nas cidades brasileiras. Ao longo do tempo a

população buscou alternativas de moradia, ocupando

encosta de morros, beira de rios e áreas

ambientalmente sensíveis.

Essa forma de ocupação acaba por degradar o

ambiental natural, uma vez que as margens dos

cursos d’águas são ocupadas e não há nenhuma

medida para minimizar os impactos, produzindo

alteração de toda a vegetação, o que compromete os

ecossistemas e os recursos necessários à

sobrevivência do próprio homem (OLIVEIRA,

2009).

Ocorre também a implicação do

comprometimento físico e social das pessoas que

habitam os assentamentos precários, especialmente

junto aos cursos d’água. Segundo Bueno (2005), as

pessoas ficam expostas ao contato direto com esgotos

e outros vetores de doenças, há dificuldades e mesmo

impossibilidade de limpeza e manutenção periódica

de córrego e outros dispositivos de drenagem sem a

remoção de moradores.

A degradação dessas áreas ambientalmente

sensíveis levou a criação das áreas de proteção

permanentes (APPs) como forma de mitigar os

impactos antropomórficos e a preservação da fauna,

flora, rios, nascentes, lagos, garantido a

sobrevivência de ecossistemas. As Áreas de

Preservação Permanente foram definidas pelo Código

Florestal Lei Federal Nº 12651/12, que determina o

resguardo de matas e demais formas de vegetação

natural, ao longo de rios e cursos d'água, áreas de

encostas, lagos, lagoas, nascentes, topos de morro,

montes, montanhas e serras, restingas, dunas,

mangues, tabuleiros ou chapadas.

Os assentamentos precários em APPs expõem

conflitos de questões ambientais e urbanas,

principalmente pela falta de articulação entre leis que

visam atender o morador de baixa renda

remanescente das áreas de APPs urbana e a

preservação de áreas ambientalmente sensíveis, o que

contrapõem os discursos de proteção ambiental e de

direito ao acesso à moradia.

O Código Florestal, que surgiu com a necessidade

de regular o ambiente rural, em 1965, também se

aplica acerca das questões ambientais urbanas.

Assim, tanto no meio rural quanto no urbano as APPs

de qualquer curso d’água devem ser protegidas com

áreas referentes à largura dos rios, no entanto, não se

leva em consideração as peculiaridades de cada

ambiente.

A problemática da APP urbana é um tema que

suscita muita discussão sobre princípios norteadores

para o planejamento, a intervenção e a gestão

continuada das áreas urbanas, comprometidas com a

sua dimensão ambiental. As APPs urbanas estão

submetidas aos efeitos do processo de urbanização

sem planejamento, como a ocupação irregular, o uso

indevido dessas áreas, enchentes, assoreamento de

rios, poluição do ar, solo, rios e aquíferos superficiais

e subterrâneos.

As APPs urbanas em cursos d’água sofreram

intervenções que alteraram a paisagem urbana e a

forma de uso da rede hídrica. Belém, assim como

outras cidades brasileiras, apresenta projetos de

urbanização que se baseavam na canalização e

geometrização dos rios, tornando-os parte do sistema

de macrodrenagem da cidade (BUENO, 2005).

2. A Cidade de Belém

A Cidade de Belém está situada no vértice do

estuário Guajarino, no ponto de influências marítimas

e fluviais, dentro de uma paisagem natural na qual é

dominada pela presença de vários cursos d’água. O

seu território é contornado pelo Rio Guamá e pelo

Rio Pará, onde se localiza a Baía do Guajará,

consequentemente, a cidade apresentou duas

tendências que determinavam o crescimento da

cidade, com vetores em direção ao rio e ao mar

(PENTEADO, 1968); (SUDAM/DNOS/GOVERNO

DO ESTADO DO PARÁ, 1976).

A morfologia do sítio urbano da cidade é típica da

região amazônica, constituída de várzea, Igapó e a

Terra Firme, no entanto isso não significa a

uniformidade do relevo. Pelo contrário, a morfologia

do sítio urbano é fundamental para compreender as

condições do relevo da cidade, que devido a sua

posição altimétricas, diferenciam-se uma das outras

(PENTEADO, 1968); (SUDAM/DNOS/GOVERNO

DO ESTADO DO PARÁ, 1976).

Desde a sua fundação em 1616, a cidade cresceu,

ocupando as cotas mais altas da cidade e contornando

as cotas mais baixas, sem habitá-las. Com isso, a

malha urbana começava a apresentar um perfil

irregular, com grandes áreas desocupadas, que

correspondem aos terrenos de cotas baixas. A partir

do século XVIII Belém iniciou seu processo de

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de

Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

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interiorização e adensamento, e as áreas de cotas

baixas que foram gradativamente ocupadas

(ARAUJO ET AL, 2013).

No final do século XIX, com a exploração da

borracha na Amazônia, o Engenheiro Nina Ribeiro

propôs um plano de expansão da cidade que

propunha um modelo de parcelamento do solo da

malha viária da Primeira Légua Patrimonial de

Belém2, com o objetivo de racionalizar o traçado e o

parcelamento da cidade no intuito de modernizá-la

(ver Figura 01). Contudo, em relação aos cursos

d’água e as áreas mais baixas da cidade, prevalecia a

retitude às condições topográficas do sítio,

preferindo-se secar, aterrar ou contornar os cursos.

Dessa forma, as áreas mais baixas da cidade foram

assimiladas de maneira diferente do restante da

cidade, pois o plano não pode ser implantado nessas

áreas, em virtudes dos diversos cursos d’água

existentes. (ARAUJO et al, 2013); (RODRIGUES et

al, 2013).

Figura 01: Plano da expansão da cidade, 1883-86

Fonte: Belém, 1905

2 O território do município de Belém foi formado

inicialmente através da destinação de terras pela Coroa

Portuguesa em 1627, por meio da doação de uma légua de

terra (cerca de 6.600m em linha reta do núcleo de origem

da cidade) através de uma Carta de Doação e Sesmarias

em favor do antigo conselho da Câmara. A chamada

“Primeira Légua Patrimonial” de Belém corresponde

atualmente à porção mais central e de ocupação mais

antiga do município, onde anteriormente vigia o regime

enfitêutico de gestão de tal patrimônio (PMB, 2000).

A definição das baixadas se deu a partir do

relatório técnico Monografia das Baixadas de Belém

(SUDAM/DNOS/GOVERNO DO ESTADO DO

PARÁ, 1976), que promoveu o critério das terras

alagáveis situadas abaixo da cota altimétrica de 4,00

m ou 4,50 m, para caracterizar as áreas de baixadas.

Segundo o mesmo relatório, uma parte de cidade que

foi edificada entre as cotas altimétricas de 4,00 e 15,0

metros acima da maré. A outra parte da cidade foi

edificada nas cotas altimétricas abaixo de 4,00 m ou

4,50 m, com terras provindas dos depósitos dos rios

amazônicos, nas quais são comumente chamadas de

baixadas. Não obstante, o relatório referiu-se às

bacias hidrográficas da Primeira Légua Patrimonial

de Belém. Consequentemente, ele não expõe todas as

situações dos assentamentos precários próximos aos

cursos d’água sujeitos aos alagamentos no território

de Belém (RODRIGUES et al, 2013).

Figura 02: Visualização completa da cidade de Belém,

com a demarcação da primeira légua patrimonial e

identificação da área de expansão de Belém

Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: Gonzaga, 2013

Rodrigues et al (2013) demonstra que o conceito

de baixada definido pela Monografia das Baixadas

de Belém não se aplica à Segunda Légua patrimonial

de Belém3, uma vez que há áreas com altimetria

3Em 1899 foi doada pelo governo do estado uma “Segunda

Légua Patrimonial”, que nunca foi definitivamente

demarcada, e que hoje correspondem à área de expansão

de Belém, atualmente a principal frente de valorização

imobiliária no município (GONZAGA, 2013).

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de

Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

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superior à 4,00 e 4,50 metros sujeitas aos

alagamentos. A baixada tornou-se um termo utilizado

de forma genérica para caracterizar locais com

problemas de saneamento, ocupados pela população

de menor renda e não exclusivamente abaixo da cota

altimétrica de 4,00 ou 4,50 metros.

As intervenções que sucederam na Primeira

Légua Patrimonial de Belém, segundo Rodrigues et

al (2012) seguiram as diretrizes do Plano Nacional de

Saneamento (PLANASA), que consolidou padrões de

intervenções que orientavam projetos para a

canalização e geometrização de cursos d’água.

Os projetos de intervenção em rios urbanos

de Belém se limitaram a execução de obras de

drenagem urbana e saneamento, apresentando

diversos problemas em relação à urbanização,

infraestrutura e articulação com o sistema viário.

Pode-se afirmar ainda que, mesmo tendo o foco

sanitarista, as soluções executadas no que se refere à

coleta e tratamento dos esgotos não foram resolvidas,

pois o esgoto sanitário não é tratado e ainda é lançado

sem tratamento nos canais “in natura” (RODRIGUES

et al, 2012).

Bueno (2005) explica que os cursos d’água foram

se tornando elementos de uma rede técnica, parte de

um sistema de escoamento de micro e

macrodrenagem, presenciando-se a mudança do rio

para o canal. Isto colaborou para que os cursos

d’água passassem a ser reconhecidos pela população

como canal de escoamento de esgoto, e não mais

como elemento natural e de parte constituinte da

paisagem.

Bueno (2005) explica, ainda que, esse padrão

convencional de intervenções em rios urbanos

favorece a aceleração e o aumento da vazão dos

canais de drenagem, sobretudo através da retificação

e canalização dos cursos d’água, o que causa a

transferência do pico de cheia para jusante, o que

segundo Ponte (2010) provoca violentas descargas

em cotas mais baixas, em geral coincidentes com

ocupações precárias e altas densidades, o que tende a

agravar enchentes e a problemática da ocupação

urbana. Dessa forma, as intervenções de saneamento

em rios urbanos em Belém consolidaram-se a partir

da utilização das faixas de domínio como vias

marginais estreitas, pavimentadas, de tamanho

suficiente para a manutenção dos canais como parte

da operação do sistema de macrodrenagem da cidade,

juntamente com diques e comportas para controle de

inundações, de forma que as faixas de domínio

existentes não correspondem às exigidas pela

legislação e não cumprem a função de recuperação

ambiental.

O projeto de Macrodrenagem da Bacia

Hidrográfica do Una é um dos exemplos de

intervenção em rios urbanos em Belém. O projeto,

inicialmente, denominava-se Projeto de Saneamento

para a Recuperação das Baixadas e consistia em

solucionar os problemas sanitários tratando os rios

urbanos com obras de macrodrenegem nas principais

bacias hidrográficas de Belém. No entanto, devido ao

alto custo das obras, o projeto foi desmembrado

dando ênfase na maior bacia hidrográfica de Belém, a

Bacia Hidrográfica do Una (SILVA, 2004).

No Projeto da Bacia do Una, os cursos

d´água foram utilizados como canais de escoamento

de esgoto sanitário e as soluções de tratamento de

esgoto foram insuficientes. As faixas de domínio,

independente da largura dos córregos, possuem entre

5,00 e 7,00 metros sendo utilizadas como vias

marginais pavimentadas, de tamanho suficiente para

a operação do sistema de macrodrenagem da cidade.

Contudo, estas dimensões se contrapõem ao Código

Florestal que dispõe distancias mínimas às faixas de

domínio de acordo com a largura de cada rio.

Figura 03: Intervenção em rio urbano na Bacia do Una.

Passagem Samaritana, no bairro da Marambaia.

Fonte: Google Street View, 2015

A área de expansão de Belém, não dispôs de um

plano de parcelamento do solo e das redes de

infraestrutura articulado como o da Primeira Légua

Patrimonial de Belém. Há um comprometimento das

APPs, uma vez que estas têm sido ocupadas por

diversas tipologias, como condomínios habitacionais,

condomínios de médio e alto padrão e as baixadas.

No caso da Bacia do Igarapé Mata Fome a tipologia

mais recorrente nas faixas de APP são as baixadas.

3. A área de expansão de Belém e as novas

possibilidades de intervenção nos cursos d’água

da cidade.

Paralelo à consolidação da ocupação de várzea da

Primeira Légua Matrimonial de Belém, ocorreu à

produção dos conjuntos habitacionais do BNH nas

áreas distantes da cidade, na área de expansão,

correspondente à Segunda Légua Matrimonial de

Belém. Estas, ao contrário do que foi realizado na

Primeira Légua Matrimonial, não contaram com o

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de

Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

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plano de alinhamento e controle urbanístico da

ocupação das terras (CARDOSO et al, 2013).

A Segunda Légua Matrimonial de Belém era

estruturada pelo percurso de um ramal da antiga

estrada de ferro Belém- Bragança, que conectava a

cidade à vila de Icoaraci. Esse ramal de ferrovia foi

substituído pela Rodovia Augusto Montenegro, que

teve a maior parte de seus lotes reservada à

construção de muitos conjuntos habitacionais até os

anos 1980 sob financiamento do BNH, como o

Conjunto Maguari, Pedro Teixeira, Satélite e outros

(VENTURA NETO, 2012); (CARDOSO et al, 2013).

A partir da década de 1990 e início dos anos

2000, as terras lindeiras à Rodovia Augusto

Montenegro foram ocupadas por condomínios

fechados horizontais de médio e alto padrão, que

introduziram um modelo de loteamento isolado

baseado na segregação sócio espacial (CARDOSO et

al, 2013).

Os bairros que compõem a área de expansão de

Belém podem ser caracterizados a partir do que

Maricato (2011) afirma sobre as periferias das

grandes cidades brasileiras. A autora esclarece que é

possível encontrar, nas áreas periféricas, bairros

pobres sem urbanização, ao lado de loteamentos ou

condomínios fechados, que lembram os subúrbios

americanos. Além disso, Maricato (2011) afirma

ainda que vem ocorrendo um espraiamento das

indústrias, serviços (grandes shoppings, depósitos,

etc.) e condomínios residenciais em direção aos

bairros periféricos. Estes novos usos se apoiam no

transporte por automóvel e disputam o espaço que

inicialmente foi ocupado apenas pela população

excluída do centro urbanizado.

De fato, os novos usos apoiados no transporte de

automóveis têm modificado o espaço urbano da área

de expansão. Segundo Ventura Neto (2012), nos

últimos anos, houve uma mudança de estratégia com

o intuito de constituir novas centralidades, associados

aos novos equipamentos aos condomínios, como os

grandes shopping centers e hipermercados

distribuídos ao longo da Rodovia Augusto

Montenegro, resultaram na formação de uma nova

frente de expansão imobiliária pelo setor privado que

se auto intitulou “Nova Belém”.

O acelerado crescimento urbano em direção à área

de expansão de Belém tem modificado o espaço em

torno da Rodovia Augusto Montenegro. A formação

do tecido urbano diferente da área central da cidade

tem produzido diferentes agentes modeladores do

espaço ao longo do processo de ocupação e de

diferentes tipologias de assentamentos, incluindo a

ocupação de assentamentos precários em Áreas de

Preservação Permanente em cursos d’água.

4. Área de estudo: A Bacia do Igarapé Mata

Fome4

A Bacia do Igarapé Mata Fome é uma das Bacias

Hidrográficas que compõem a área de expansão de

Belém. O seu território possui 5,7 km² de extensão e

é formada parcialmente pelos bairros do Parque

Verde, Tapanã, São Clemente e Pratinha. O acesso à

área pode ser feito pela Rodovia Augusto

Montenegro, Rodovia do Tapanã e pela Rodovia

Arthur Bernardes (GONZAGA, 2013).

Figura 04: Bacia Hidrográfica do Igarapé Mata Fome

Fonte: Google Earth, 2014. Elaboração: Thales Miranda,

2015

A Bacia é constituída pelo Igarapé Mata Fome,

principal curso d’água, e por seus afluentes, um ao

norte e outro ao sul. A extensão do principal curso

d’água é 3,5 km da área de nascente, próximo à

Rodovia Augusto Montenegro, até a Rodovia Arthur

Bernardes, onde desemborca na Baia do Guajará.

A Bacia estudada apresenta cursos d’água típicos

de várzea amazônica, com terrenos baixos e planos,

com extensas áreas de alagamento devido à

influência da maré e a diferença de precipitação das

chuvas no decorrer do ano. A declividade5 do Igarapé

Mata Fome apresenta baixos índices percentuais, uma

4No presente trabalho, optou-se pelo termo Igarapé por se

tratar de um curso d'água amazônico de primeira ou em

terceira ordem, constituído por um braço longo de rio ou

canal. Existe em pequeno número na Bacia amazônica,

caracterizados por pouca profundidade e por correrem

quase no interior da mata (IPAM). 5Declividade é a divisão entre a diferença da altura entre dois

pontos e a distância horizontal entre esses pontos (IBGE, 2010).

Declividade de 0 a 3% é considerada plana. De 3 a 8% suave

ondulado; de 8 a 20% ondulado; de 20 a 45% forte ondulado; de

45 a 75% montanhoso e maior que 75% escarpado (CPRM,

2010).

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de

Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

7

vez que a declividade longitudinal média é de 0,93 %

e a declividade vertical média é de 2,008 %.

Figura 05: Mancha de alagamento da Bacia do Igarapé

Mata Fome

Fonte: CODEM, 2000. Elaboração: Thales Miranda, 2015.

A ocupação da Bacia do Igarapé Mata Fome

iniciou-se na década de 1980, pela população de

baixa renda, oriunda dos municípios do interior do

estado do Pará e também de outros bairros periféricos

de Belém. Posteriormente na década de 1990,

instalaram-se na área conjuntos habitacionais, como

Tapajós, Cordeiro de Farias e Antônio Gueiros, que

contribuíram para o adensamento populacional na

área. Em 2005, a instalação de condomínios fechados

de médio e alto padrão na área, como Jardim Espanha

e o Cidade Jardim I, colaboraram para o aumento

populacional e à segregação sócio espacial, visto que

os condomínios apresentam toda a infraestrutura

urbana necessária e as áreas ao redor não dispõem de

toda a infraestrutura (ARAÚJO, 2007).

A Bacia do Igarapé Mata Fome é

predominantemente formada pelos aglomerados

subnormais6 e também por outras tipologias urbanas,

como os conjuntos habitacionais e os condomínios,

como demostrado na Tabela 01.

Os dados dos setores censitários7 do IBGE de

2000 e 2010 demonstram que a população do Igarapé

Mata Fome aumentou, como demonstrado no

QuadroQuadro 01. O aumento populacional da bacia

estudada se deu de forma precária. Segundo Araújo

6 É o conjunto constituído por 51 ou mais unidades habitacionais

caracterizadas por: ausência de título de propriedade;

irregularidade das vias de circulação e do tamanho e forma dos

lotes e carência de serviços públicos essenciais (como coleta de

lixo, rede de esgoto, rede de água, energia elétrica e iluminação

pública) (IBGE, 2011). 7 Setor Censitário é unidade territorial de coleta das operações

censitárias, definido pelo IBGE, com limites físicos identificados,

em áreas contínuas. A delimitação da bacia hidrográfica pelos

setores não é exata, uma vez que os setores censitários não são

definidos por bacias hidrográficas.

(2007), o aumento populacional proveniente do

elevado número de ocupações e loteamentos, trouxe a

degradação dos recursos naturais da área,

principalmente em relação ao curso principal, o

Igarapé Mata Fome, que teve suas margens ocupadas

indevidamente, águas contaminadas e poluídas,

afetando profundamente a qualidade de vida da

população.

Quadro 01: Número de Domicílios e Moradores da Bacia

do Igarapé Mata Fome, em Belém em 2000 e 2010 - IBGE

VARIÁVEL ANO

2000 2010

Número de domicílios 12.242 18.847

Número de moradores 52.152 72.188

Fonte: Censo IBGE 2000 e 2010. Elaboração: LABCAM –

FAU – UFPA, 2015.

Figura 06: Tipologias Urbanas na Bacia do Igarapé Mata

Fome

Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: Thales Miranda, 2015.

A falta de infraestrutura básica nos assentamentos

precários faz com que a população utilize os cursos

d’água como forma de abastecimento de água e

escoamento do esgoto sanitário de suas moradias,

poluindo toda a rede hídrica da bacia.

É fundamental observar que o que caracteriza,

também, as ocupações nas áreas de várzea são a

forma de ocupação das habitações, principalmente

por meio de palafita, que vão sendo construídas sem

que haja uma delimitação dos lotes.

No presente trabalho foram feitas análises das

áreas de preservação permanentes ao longo do

Igarapé Mata Fome e da infraestrutura da Bacia,

como forma de compreender a ocupação e o

adensamento ao longo dos rios.

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de

Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

8

4.1. ANÁLISE DAS ÁREAS DE

PRESERVAÇÃO PERMANENTES NA BACIA

DO IGARAPÉ MATA FOME

No presente trabalho considerou-se a faixa de

proteção non aedificandi, determinada pela lei n°

6766/79 de uso do solo que corresponde a 15 metros

de extensão ao longo dos rios e a faixa mínima

estabelecida pelo Código Florestal, Lei de n°

12651/12, que define 30 metros de faixas de domínio

para rios de até 10 metros de largura.

As duas faixas de proteção foram utilizadas para

analisar os tipos de ocupação nas APPs. Para isto,

foram utilizados seis recortes territoriais da Bacia do

Igarapé Mata Fome comparando as imagens de

satélite do Google Earth datadas em 2009 e em 2014,

para tentar identificar a variação dos seguintes

elementos: presença de cobertura vegetal, de áreas

permeáveis, de edificações e aterros de significativos

dos cursos d’água.

Os recortes se dividem de acordo com o grau de

adensamento ao longo do Igarapé Mata Fome

fazendo a comparação de uma mesma área em

períodos diferentes.

Figura 07: Localização dos recortes na Bacia do Igarapé Mata Fome, em Belém.

Fonte: Google Earth, 2014. Elaboração: Thales Miranda, 2015

Os recortes escolhidos localizam-se na

parte mais adensada da bacia, onde há maior

concentração de infraestrutura e o melhor

acesso viário (ver

Figura 07). O intuito da comparação temporal

na parte mais adensada da bacia é compreender a

forma de ocupação e o adensamento ao longo dos

rios na área de estudo. Os Recortes A do ano de 2009

e 2014 fazem referência ao maior grau de

adensamento. Os Recortes B do ano de 2009 e 2014

referem-se ao médio adensamento e os Recortes C do

ano de 2009 e 2014, referem-se ao menor grau de

adensamento.

Observa-se na comparação dos recortes A que no

ano de 2009 as faixas de APPs de 15 metros

apresentam menor área permeável e possui áreas

densamente ocupadas, acentuando-se na

desembocadura do Igarapé, devido às atividades

econômicas da orla. O mesmo ocorre na faixa de 30

metros que são bastante adensadas, há menos área

permeável e menor grau de cobertura verde.

Em 2014, observa-se que as faixas de 15 metros e

de 30 metros não ocorrem mudanças significativas,

uma vez que à área já está consolidada pelas

habitações. Portanto, ocorre apenas o aumento

pontual de algumas habitações, principalmente

próximas aos cursos d’água, o que contribui para a

diminuição das matas ciliares.

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Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

9

Figura 08 e 09: Recorte A do Ano de 2009 e Recorte A do Ano de 2014, respectivamente.

Fonte: Google Earth, 2009 e 2014. Elaboração: Thales Miranda, 2015

Figura 10 e 11: Recorte B do Ano de 2009 e Recorte B do Ano de 2014, respectivamente.

Fonte: Google Earth, 2009 e 2014. Elaboração: Thales Miranda, 2015.

Figura 12 e 13: Recorte C do Ano de 2009 e Recorte C do Ano de 2014, respectivamente.

Fonte: Google Earth, 2009 e 2014. Elaboração: Thales Miranda, 2015.

No recorte B do ano de 2009, de médio

adensamento, observa que a cobertura vegetal é mais

frequente, tanto na área de 15 metros quanto na de 30

metros. Nota-se que ainda existem habitações na

margem do rio, mas em menor proporção que o

recorte A do ano de 2009.

No recorte B de 2014, em comparação ao recorte

B de 2009, observa-se que houve apenas aumento

pontual das ocupações de cunho habitacional nas

APPs, principalmente na faixa de 15 metros.

No recorte C do ano de 2009, observa-se que as

APPs são pouco adensadas. Nas faixas de 15 e 30

metros a ocupação por meio das habitações se dá de

forma pontual, tendo predominância da cobertura

vegetal. No recorte C do ano de 2014, identificou-se

que houve um aumento das ocupações ao longo do

curso d’água, principalmente quando o Igarapé está

localizado a uma via importante, como a Rua São

Clemente.

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Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

10

As ocupações são mais visíveis no recorte C, tanto

de 2009 quanto de 2014, pois há maior quantidade de

áreas verdes onde as duas faixas de APPs ainda se

encontram pouco adensadas. A área equivalente ao

recorte C é uma das poucas onde o Igarapé Mata

Fome possui mata ciliar de forma contínua.

A partir das análises comparativas, observou-se

que em cinco anos a população está ocupando as

matas ciliares e adentrando a Bacia, no sentindo

contrário ao fluxo do Igarapé, da desembocadura à

nascente. A cobertura vegetal do Igarapé Mata Fome

começa a ser ocupada pela população de forma

precária, sem infraestrutura e comprometendo o

Igarapé, assim como toda a rede hídrica.

Tabela 2: Síntese dos recortes territoriais na Bacia do Igarap Mata Fome analisados

RECORTES

ANO

FAIXA DE APP DE 15 METROS

FAIXA DE APP DE 30 METROS

A

2009

Densa e possuía menor área permeável. Bastante densa, possuía menor área permeável e

menor cobertura vegetal.

2014

Ocorreu aumento pontual de algumas habitações,

reduzindo a cobertura vegetal.

Quase não houve mudanças significativas

devido ao adensamento.

B

2009

Adensamento construtivo médio, apresentava mais

cobertura vegetal e presença de áreas permeáveis que

o recorte A em 2009.

Presença de edificações de pequeno porte e

possuía relativa cobertura vegetal.

2014

Aumento pontual das edificações, nas margens dos

cursos d’água e diminuição da cobertura vegetal em

comparação a 2009

Ocorreu aumento pontual de algumas

edificações, reduzindo a cobertura vegetal.

C

2009

Adensamento construtivo baixo, possuía significativa

permeabilidade do solo e cobertura vegetal.

Possuía significativa permeabilidade do solo e

cobertura vegetal. A presença de edificações era

de forma pontual.

2014

Aumento de edificações de pequeno porte ao longo

do curso d’água e ao longo da Rua São Clemente.

Aumento pontual de algumas edificações de

pequeno porte. Possuía significativa cobertura

vegetal e permeabilidade do solo

Elaboração: Thales Miranda, 2015.

Na figura 14, nota-se que mesmo com o avanço

das moradias em relação ao rio, ainda há cobertura

vegetal significativa na margem do igarapé.

Figura 14: Habitações ocupando a mata ciliar do igarapé.

Fonte: Thales Miranda, 2015.

Na visita de campo observou-se que não há

aterros significativos na bacia, o que ocorre são

pequenas contenções nos terrenos que estão próximos

ou no leito dos cursos d’água.

4.2. ANÁLISE DA INFRAESTRUTURA DA

BACIA DO IGARAPÉ MATA FOME.

A Bacia do Mata Fome apresenta baixos índices

de cobertura das redes de infraestrutura e de serviços

urbanos de Belém. Segundo o Censo Populacional do

IBGE (2010) os dados referentes ao abastecimento de

água na escala da bacia estudada apresentam baixa

cobertura da distribuição formal de água8, conforme

demonstrado na Figura 155, observando-se que a

cobertura se faz presente nos conjuntos habitacionais

e condomínios fechados. As áreas ocupadas de forma

precária não são abastecidas pela distribuição formal

de água e concentram-se nas proximidades dos cursos

d’água.

Em razão da carência da cobertura

formal de água, o abastecimento se dá

pela utilização de poços, nascentes e

outras formas de abastecimento,

conforme demonstrado nas Figura 17 e

8Quando o domicílio é servido por água proveniente de uma rede

geral de distribuição, canalizada para o domicílio ou, pelo menos,

para o terreno ou propriedade onde se situa (IBGE, 2010).

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Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

11

Figura 16. Essas outras formas de abastecimento

são proporcionadas pela utilização das águas dos

cursos d’água por parte da população. Estes cursos

d’água geralmente se encontram poluídos e

impróprios para consumo, fato que é ocasionado pela

falta de saneamento básico do entorno.

Figura 15: Domicílios abastecidos pela rede de distribuição

de água

Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: LABCAM - FAU –

UFPA, 2015

Figura 166: Domicílio abastecido com água provinda de

poços

Foto: Thales Miranda, 2015.

Figura 177: Número de domicílios abastecidos com água

provinda de poços ou nascentes

Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: LABCAM - FAU –

UFPA, 2015

Gaspar (2001) ressalta ainda que a população não

servida pela distribuição formal de água utiliza

ligações clandestinas com um sistema de distribuição

bastante precário, onde os canos ficam no nível do

solo, muitas vezes apresentando vazamentos, os quais

facilitam a entrada de água contaminada na rede (ver

Figura 18).

Figura 18: Área ocupada de forma precária no Igarapé

Mata Fome, com tubulação de água exposta.

Fotoe: Thales Miranda, 2015

Segundo dados Censo Demográfico do IBGE

(2010), uma parte dos domicílios utiliza fossa séptica,

os demais utilizam fossa rudimentar ou apenas

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Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

12

depositam os dejetos nos cursos d’água via

esgotamento sanitário por meio de valas,

contribuindo para a contaminação das águas

subterrâneas e, consequentemente, os poços de água.

Figura 19: Percentual de domicílios ligados à rede de

esgoto em setores censitários localizados na Bacia do

Igarapé Mata Fome, Belém. Censo IBGE 2010.

Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: LABCAM - FAU –

UFPA, 2015

Os problemas advindos da ausência de uma rede

coletora de esgoto adequada também fazem com que

a população utilize o escoamento das águas pluviais

como escoamento de esgoto sanitário de suas

habitações (ver Figura 20).

Figura 20: O entorno da bacia do Igarapé Mata Fome.

Destaque para o esgoto sanitário presente na via.

Fonte: Thales Miranda, 2015

A precariedade do esgotamento sanitário

associado à falta de abastecimento de água ocasiona

diversos problemas de saúde para a população e

contamina toda a rede hídrica, uma vez que as

habitações mais precárias – que se localizam perto do

igarapé - não possuem rede coletora de esgoto,

abastecimento de água, sistema de drenagem, e

assim, os dejetos, as águas servidas e o lixo são

lançados diretamente no solo e no curso d’água.

De fato, segundo o Censo Populacional do IBGE

(2010) as áreas mais precárias da bacia estudada

coincidem com o alto grau de densidade

populacional, conforme demonstrado na Figura 211.

Esta densidade está relacionada ao igarapé, o que

evidencia que a população utiliza os cursos d’água

como alternativa ao abastecimento de água e esgoto

sanitário.

Figura 21: Densidade populacional em setores censitários

localizados na Bacia do Igarapé Mata Fome, Belém. Censo

IBGE 2010.

Fonte: IBGE, 2010. Elaboração: LABCAM - FAU –

UFPA, 2015

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Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

13

5. Análise do Projeto dos Sistemas de

Macrodrenagem, Microdrenagem, Viário, Sistema

Urbanístico e Paisagístico para a Bacia

Hidrográfica do Igarapé Mata Fome da Prefeitura

Municipal de Belém.

O Projeto dos Sistemas de Macrodrenagem,

Microdrenagem, Viário, Sistema Urbanístico e

Paisagístico para a Bacia Hidrográfica do Igarapé

Mata Fome elaborado pela Secretaria Municipal de

Saneamento (SESAN9) evidencia em seu memorial

descritivo que grande parte da Bacia Hidrográfica do

Igarapé Mata Fome possui o relevo muito plano, com

desníveis inferiores a 4 metros. Afirma-se ainda que a

região do projeto possui baixa altitude e está sujeita a

inundações provocadas pelas cheias do igarapé e

principalmente pelas subidas das marés.

A solução adotada foi similar as obras anteriores

de macrodrenagem dos rios urbanos da área central

de Belém, que consiste na retificação da calha do

canal com seções trapezoidais de maior largura na

jusante do rio e de menor largura no montante do rio

(ver Figura 22).

9 A Secretaria Municipal de Saneamento (SESAN) é

responsável pela coleta de lixo, macrodrenagem e

microdrenagem e pavimentação no município. A

Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) é

responsável pelo abastecimento de água e esgotamento

sanitário em todo o estado. Entre as duas esferas não

existem uma articulação no objetivo de conseguir soluções

conjuntas.

Na jusante o projeto prevê a impermeabilização

do rio e o aumento da largura em torno de 70 metros.

No montante, somente os taludes serão revestidos, o

fundo do rio será permeável.

O projeto prevê o reordenamento espacial ao

longo do Igarapé Mata Fome, com a remoção dos

moradores da sua margem e com a utilização das

faixas de domínio como vias marginais

pavimentadas, de tamanho suficiente para a

manutenção dos canais como parte da operação do

sistema de macrodrenagem. Contudo, não há

informações sobre o reassentamento dos moradores e

não há nenhuma informação sobre qualquer projeto

habitacional para aqueles que serão afetados.

O projeto prevê a criação de áreas públicas

destinadas ao lazer e a recreação, implementando três

áreas de uso comum. Estas áreas se localizam onde a

cota altimétrica é inferior a 4,00 metros e onde as

habitações são precárias, geralmente de madeira,

como demonstrado na Figura 23. Não há

informações sobre o número de casas que serão

removidas para a implantação dessas áreas. Na

análise do projeto, constatou-se também que não há

informação acerca da solução do sistema de esgoto

sanitário (fossa séptica e outros).

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14

Figura 22: Projeto dos Sistemas de Macrodrenagem para a Bacia Hidrográfica do Igarapé Mata Fome

Fonte: SESAN, 2013. Elaboração: LABCAM - FAU – UFPA, 2015

Figura 23: Local que foi destinado para servir de área

pública

Fonte: Thales Miranda, 2015.

A proposta de intervenção da Prefeitura Municipal

de Belém para o Igarapé Mata Fome limita-se a

execução de obras de drenagem urbana, uma vez que

o foco é a macrodrenagem. A proposta não resolve os

problemas dos assentamentos precários na Bacia do

Igarapé Mata Fome, como a moradia precária, a

regularidade fundiária e a ausência de infraestrutura

básica, visto que não articula ações de urbanização

para complementar a intervenção no curso d’água

principal, que assim como os projetos de intervenção

de cursos d’água urbanos na área central de Belém

não possuem ações integradas que consigam dar

conta da dimensão das diferentes necessidades que os

assentamentos precários apresentam. Pelo contrário,

os projetos são ações pontuais de drenagem urbana

que colaboram para que não ocorra uma melhoria das

condições sócio ambientais da bacia, não resolvendo

os problemas de esgotamento sanitário e dando

ênfase em soluções voltadas para o acesso de

automóveis nas faixas marginais dos cursos d’água

através de vias marginais.

O objetivo dessa pesquisa é entender a lógica de

ocupação e a relação com as APPs em cursos d´água,

tendo em face a proposta da prefeitura de Belém

(SESAN), com a finalidade de discutir possíveis

parâmetros de urbanização de assentamentos

precários de forma integrada e não apenas com foco

na drenagem urbana, ainda obras de macrodrenagem

sejam estruturantes na escala de bacia hidrográfica

.

6. Parâmetros de Projeto de Urbanização de

Assentamentos Precários em Área de Proteção

Ambiental.

Ao analisar parâmetros de urbanização

relacionados com o processo de urbanização de

assentamentos precários em áreas ambientalmente

frágeis, precisa-se levar em consideração uma série

de aspectos relacionados à integração desses

assentamentos à cidade, à complementação da

infraestrutura urbana na bacia hidrográfica com

soluções técnicas que contribuam na recuperação

ambiental da bacia.

Os parâmetros devem apontar soluções que

articulem a melhoria das condições de

habitabilidade10 dos moradores dos assentamentos

10 Segundo Vilaça (2004), o conceito de habitabilidade,

que não se limita apenas às condições físicas da unidade

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Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

15

precários existentes na bacia, e a possibilidade de

recuperação e manutenção das condições naturais da

mesma, havendo assim uma convergência de

objetivos.

Sob essa perspectiva serão analisados os seguintes

parâmetros:

Integração dos Assentamentos Precários à

Cidade e Acessibilidade;

Circulação nos assentamentos;

Abastecimento de Água e Esgotamento

Sanitário;

Micro e Macrodrenagem;

Soluções Habitacionais;

Arborização e Áreas livres.

I. INTEGRAÇÃO DOS ASSENTAMENTOS

PRECÁRIOS À CIDADE E ACESSIBILIDADE

Os assentamentos precários em áreas de APP de

cursos d’água geralmente possuem faixas de terras

estreitas que se conectam ao longo de cursos d’água.

Torna-se necessária articulação dessas áreas com o

restante da cidade, através da conexão da malha

urbana ao restante da cidade.

Os serviços urbanos e o padrão de acessibilidade

urbana dependem do sistema viário do assentamento

precário. É importante que as vias suportem os

serviços públicos, mas também que garantam o

acesso às habitações.

A área de entorno do Igarapé Mata Fome possui

certa regularidade no macro parcelamento, com

quadras ortogonais e regulares. No entanto, nas faixas

de APP a estrutura viária se torna mais sinuosa,

irregular e desarticulada com o bairro e,

consequentemente, com a cidade.

A circulação interna nas faixas de APP na bacia

estudada é constituída a partir de estivas, que são

pontes de madeira que servem de acesso às

residências substituindo ruas e calçadas. As estivas

demostram o caráter regional de estratégias de

ocupação de certos grupos na Amazônia. Segundo

Rodrigues et al (2013), as conexões feitas pela

população a partir das estivas contribuem para outras

formas de territorialização urbana diferente das

malhas ortogonais e esquema geométrico que

ocorrem na Primeira Légua Matrimonial de Belém.

habitacional em si, mas a partir de uma visão ampla e

integrada de suas várias dimensões e componentes, inclui a

segurança da posse da terra, o traçado e a morfologia do

assentamento, a infraestrutura, os serviços públicos e

equipamentos comunitários, e as condições de acesso e

mobilidade.

Figura 24: Área de entorno do Igarapé Mata Fome.

Destaque para a estrutura viária que se torna mais sinuosa

próxima ao curso d'água

Fonte: Google Street View, 2014

Figura 25: Estiva no Igarapé Mata Fome

Fonte: Thales Miranda, 2015.

No restante das vias no entorno do Igarapé Mata

Fome há insuficiência de calçadas para a locomoção

dos pedestres, pois na maioria das vezes ela é

precária ou encontra-se obstruída por uma edificação.

Figura 26: Via no entorno do Igarapé Mata Fome.

Fonte: Google Street View, 2015.

Essa integração deve ser feita em conjunto com a

implantação das redes de infraestrutura urbana, como

de esgoto e de abastecimento de água. Dessa forma

poderá ser viabilizada a integração de outros

serviços, como a coleta de lixo, a iluminação pública

e o transporte público. Em suma, a conexão da malha

urbana em conjunto com as redes de infraestrutura

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Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

16

permite que outros serviços sejam atendidos na escala

da bacia e integrando os assentamentos, o que

permite que a população não fique isolada ou tenha

que se deslocar por longas distâncias para conseguir

acessar alguns serviços como transporte público.

Recomenda-se ainda que as calçadas e as vias

sejam planejadas de acordo com o fluxo de pessoas.

Em uma via local onde há pouco tráfego de veículos,

pode-se implantar vias de pedestre, que são mais

econômicas que as convencionais.

As soluções de hierarquia viária devem dar mais

ênfase à circulação de pessoas do que ao transporte

automotivo, uma vez que elas se adéquam mais as

soluções para áreas ambientalmente sensíveis.

II. ABASTECIMENTO DE ÁGUA E

ESGOTAMENTO SANITÁRIO

A coleta e tratamento do esgoto sanitário em

assentamentos em APPs de curso d’água tem como

objetivo a descontaminação do rio e do solo. Oliveira

(2011) ressalta os problemas ocasionados pela

solução tradicional de coleta e tratamento dos esgotos

sanitários, como custo operacional, dificuldade de

gerenciamento e os impactos ambientais em

decorrência da poluição dos rios que compromete a

qualidade da água e a reprodução da fauna aquática.

Convenciona-se que as redes de esgoto sanitário

das cidades sejam ampliadas utilizando o mesmo

padrão técnico. Em Belém, a ausência de solução

técnica adequada para as redes de esgoto sanitário,

faz com que a rede de drenagem urbana tenha,

também, a finalidade de escoamento de esgoto. A

população se conecta à rede de drenagem e joga o

esgoto advindo das fossas de suas moradias

diretamente na rede pluvial ou mesmo despeja o

esgoto diretamente nos cursos d’água, o que,

consequentemente, os contamina.

Tendo em face o déficit de abastecimento de água

e de redes coletora e de tratamento de esgoto

sanitário na Bacia do Igarapé Mata Fome, propõem-

se alguns parâmetros:

Adoção de sistemas alternativos como a

adoção de wetlands, para a coleta e tratamento

parcial do esgoto sanitário, contribuindo para

descontaminar os cursos d’água e pontos de

contaminação do lençol freático, uma vez que

uma parte da população se abastece de poços

superficiais (OLIVEIRA, 2009);

Utilização de sistema condominial de esgoto

sanitário;

Figura 27: Wetlands

Fonte: Wetlands no Kenosha County11.

Nessa perspectiva são necessárias algumas

soluções articuladas com o abastecimento de água e a

rede de esgoto sanitário, para evitar a contaminação

dos cursos d’água e a proliferação de doenças.

III. MICRODRENAGEM

Partindo do pressuposto que os problemas de

abastecimento de água e esgoto sanitário foram

minimizados, as soluções de microdrenagem passam

a desempenhar somente funções de infiltração de

água e escoamento das águas pluviais, ou seja,

passam a ter apenas a função de microdrenagem, com

a capacidade de impacto positivo em relação à bacia.

Segundo Oliveira (2009) as técnicas de drenagem

urbana sustentável têm como objetivo melhorar a

capacidade de infiltração de águas pluviais no solo

reduzindo o escoamento.

Propõem-se técnicas de microdrenagem que

permitem a permeabilidade do solo, a partir das

técnicas de drenagem urbana sustentáveis, evitando

enchentes e diminuindo os riscos caudados por

inundações. Algumas técnicas capazes de melhorar o

fluxo das águas são:

Canaletas gramadas: valas vegetadas abertas

no terreno que funcionam como pequenos canais

onde o escoamento pluvial é desacelerado e infiltrado

durante o percurso;

Figura 28: Canaleta gramada

Fonte: KOBAYASHI et al, 200812.

11 Disponível em: <http://www.co.kenosha.wi.us/index.aspx?NID

=687> Acesso em agosto 2015.

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de

Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

17

Reservatórios de infiltração: um reservatório

preenchido por pedras de tamanhos diferentes que

retêm águas pluviais e as infiltram no solo;

Pisos drenantes: pisos porosos que absorvem

uma boa parte da água pluvial, pois a base/sub-base

do piso é formada por materiais granulares que criam

vazios para a passagem de água, evitando o

empoçamento de água e minimizando as enchentes.

Os pisos drenantes são mais caros que os

convencionais, no entanto, são alternativas mais

sustentáveis que os pavimentos intertravados de

blocos de concreto impermeáveis – bloquetes. Devido

ao seu custo, é recomendável utilizá-los em áreas de

uso comum.

Figura 29: Exemplo de Piso Drenante

Fonte: Piso Drenante no Conte Pisos13.

IV. MACRODRENAGEM

Tendo em face que os problemas relacionados à

malha urbana e infraestrutura foram viabilizados,

abrem-se oportunidades à preservação do leito

natural dos rios urbanos, reintegrando o curso d’água

à paisagem da cidade.

Em Belém, os projetos consolidados na área

central não condizem com o objetivo da drenagem

urbana sustentável, pois como forma de escoar

rapidamente a água do centro da cidade (jusante), são

construídos canais impermeabilizados, o que

ocasiona enchentes no montante.

A Bacia Hidrográfica do Igarapé Mata Fome,

como mostrado anteriormente, apresenta cursos

d’água de várzea amazônica, com terrenos baixos e

uma extensa área de alagamento, onde a declividade

do principal curso d’água é baixa, o que dificulta a

velocidade de escoamento das águas. Dessa forma,

levando em consideração as características da bacia,

o curso principal não dará conta desse escoamento,

portanto, as soluções de macrodrenagem estão

12 KOBAYASHI et al. Drenagem Urbana Sustentável. Escola

Politécnica – USP, 2008. São Paulo. Disponível em: <

http://www.pha.poli.usp.br/LeArq.aspx?id_arq=3039> Acesso

em agosto 2015. 13 Disponível em: <http://contepisos.com.br/image/banner3.jpg>

Acesso em agosto 2015.

conectadas as soluções de microdrenagem, para

viabilizar o escoamento da água rapidamente.

Alguns exemplos de soluções de macrodrenagem

são:

Uso de reservatório de detenção: o objetivo é

amortecer as vazões de cheias e reduzir os riscos

de inundações a jusante. Ou seja, o reservatório

teria a capacidade de armazenar as águas até que

acontecessem condições de deságue por

comportas quando as marés permitissem.

Uso de elementos para retardar o

escoamento: intervenções na margem do curso

d’água para reduzir a velocidade de escoamento,

reduzindo os pontos de inundação.

V. SOLUÇÕES HABITACIONAIS

Os parâmetros para soluções habitacionais devem

ser incorporados nos programas de recuperação

urbana e ambiental dos assentamentos precários, pois

segundo Oliveira (2009) deve ser considerada como

parte integrante da recuperação urbana e ambiental

das áreas, ou seja, não apenas as áreas públicas e de

convívio de todos devem atender os critérios de

sustentabilidade, mas também é necessário que a

unidade habitacional, propriamente dita, seja

incorporada ao ambiente urbano.

Como visto, as habitações, nas faixas de APP do

Igarapé Mata Fome carecem de serviços básicos,

como banheiro, abastecimento de água, esgoto

sanitário. São precárias construtivamente e

localizam-se no leito dos cursos d’água. Dessa forma,

seria necessária uma significativa remoção dos

moradores, principalmente a montante do igarapé,

que são as áreas mais ocupadas. Nesse processo seria

importante o cuidado com alguns parâmetros

habitacionais para definir soluções, tais como:

Destinar uma área específica para a produção

de moradias dos antigos moradores no próprio local

de intervenção;

Construir as unidades habitacionais acabadas

para conter o adensamento da região;

Não propor moradias com fundo de lote para o

curso d’água;

Prever nos projetos habitacionais uma

proporção para unidades de uso misto.

Em Manaus, no projeto PROSAMIM, as

habitações que foram afetadas pelas obras de

urbanização, foram remanejadas para áreas próximas

ao local de intervenção. Em tipologias de 3 e 4

andares. A maioria das habitações se localizava

próxima ao curso d’água e os lotes eram voltados

para frente dos cursos d’água.

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de

Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

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Figura 30: Projeto PROSAMIM em Manaus. Destaque às

tipologias de 3 andares próximas ao curso d'água

Fonte: Google Street View, 2015

VI. ARBORIZAÇÃO E ÁREAS LIVRES

Tendo em vista que as faixas de APPs foram

delimitadas, as soluções habitacionais e de

infraestrutura foram sanadas, pode ser possível a

previsão de implantação de áreas livres para

diferentes usos. Os assentamentos precários em APP

são carentes de áreas de lazer e de uso comum,

portanto, é possível articular soluções técnicas que

potencializem a perspectiva de recuperação da APP,

como:

Previsão de arborização em grande escala nas

calçadas, vias, equipamentos públicos;

Ampliação das áreas verdes nas áreas de uso

comum para garantir a permeabilidade do solo.

Em algumas áreas de proteção permanentes que

necessitam de recuperação ambiental, é importante

adotar medidas mitigatórias e reparatórias, como:

Expor nascentes inserindo-as em áreas

públicas; plantio de vegetação nativa;

Tratar as áreas contaminadas por despejos de

resíduos sólidos (esgoto sanitário); e

Adotar tratamento paisagístico associado ao

sistema de áreas verdes.

Medidas pontuais não são suficientes para

resolver os problemas ambientais dos assentamentos

precários em áreas de preservação permanente e nem

evitam a construção de novas habitações

(OLIVEIRA, 2009).

Conclusões

Historicamente, a cidade de Belém sempre esteve

relacionada às condicionantes da rede hidrográfica.

As variadas formas territoriais que acompanharam o

processo histórico de urbanização expõem as relações

dos assentamentos urbanos e dos cursos d’água

urbanos.

A experiência de Belém em relação ao modo de

tratamentos das APPs ao longo dos cursos d’água

urbanos tem se mostrado conflituosa, pois exibe

intervenções que seguem a lógica da drenagem

urbana, afastando o esgoto sanitário da área central,

impermeabilizando o solo, retificando os rios e

modificando a paisagem urbana, utilizando as faixas

de domínio como vias de automóveis. De forma

geral, as intervenções tentam alterar a paisagem

urbana amazônica de rio-igapó-várzea-terra firme

em áreas urbanas, cujo objetivo é racionalizar o

traçado, afastando-se da produção do habitar

ribeirinho (PONTE, 2010).

A área de expansão de Belém apresenta

oportunidades de tratamentos dos cursos d’água

diferente do tratamento da área central da cidade. Na

bacia estudada, apesar dos baixos índices de

infraestrutura, serviços urbanos e, ainda, da utilização

dos cursos d’água como escoamento de esgoto

sanitário, apresenta significativos potenciais de

recuperação ambiental, uma vez que as APP dos

cursos d’água do igarapé ainda apresentam

consideráveis índices de áreas permeáveis e cobertura

vegetal. Entretanto, o estudo comparativo das faixas

de APPs do igarapé demonstrou que a população está

ocupando as áreas permeáveis e as matas ciliares dos

cursos d’água, contribuindo para o aumento da

densidade populacional da bacia, o que pode

futuramente influenciar na potencialidade de

recuperação ambiental do Igarapé Mata Fome.

As intervenções na bacia devem articular a

melhoria das condições de habitabilidade em relação

à presença de infraestrutura, acessibilidade, conexão

viária, acesso aos serviços e a possibilidade da

manutenção da característica existente na bacia,

como a presença de vegetação e a manutenção do

curso natural do rio.

Portanto, a bacia do Igarapé Mata Fome apresenta

um alto potencial de recuperação, que deve ser

articulado com as necessidades de macrodrenagem da

bacia e da complementação dos assentamentos. Nesse

sentido, há a possibilidade de se usar parâmetros para

proceder tanto à urbanização quanto o tratamento dos

cursos d’água, esses parâmetros devem ser

articulados para que as APPs tenham a função

ambiental e, também, que produzam um novo padrão

de urbanização mais sensível com o ambiente natural

e de caráter regional amazônico.

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de

Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

19

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NOTAS DE FIM

i Trabalho desenvolvido com o apoio do Programa

PIBIC/UFPA. ii Graduando do curso de Arquitetura e Urbanismo da

Universidade Federal do Pará. Bolsista PIBIC/UFPA –

AF. E-mail: [email protected] iii Docente da FAU/ITEC, Universidade Federal do Pará.

E-mail: [email protected]

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Parâmetros de urbanização de assentamentos precários em Áreas de Preservação Permanente em meio urbano na área de expansão de

Belém (PA): estudo para a bacia do Igarapé Mata Fome

21

Parecer da Orientadora

O aluno Thales Barroso Miranda desenvolveu

suas atividades a contento, além de ter participado

das atividades de formação desenvolvidas pelo

Laboratório de Cidades da Amazônia – LABCAM -

FAU, onde a pesquisa de Iniciação Científica foi

desenvolvida.

O tema da pesquisa faz parte de uma pesquisa

mais ampla que está em desenvolvimento e que

permitiu que o aluno dialogasse com outros

pesquisadores que fazem parte da equipe de pesquisa,

possibilitando a troca de dados e informações, o que

foi positivo para a sua formação acadêmica,

incluindo pesquisa de campo na área de estudo,

elaboração de relatório e participação em reuniões. O

bolsista apresentou amadurecimento teórico e de

método de trabalho durante o desenvolvimento da

pesquisa e recebeu treinamento em

geoprocessamento (QuantumGis) e tratamento de

dados censitários do Censo Populacional do IBGE de

2000 e 2010.

Cabe destacar a dedicação e empenho do aluno,

bem como sua capacidade e habilidade na produção

de textos, o que contribuiu para a elaboração do

artigo final da pesquisa. Deste modo, considero o

aproveitamento do bolsista Excelente.

Belém, 09 de agosto de 2015.

_________________________________________

Profª. Drª. Roberta Menezes Rodrigues (Orientadora) FAU/ITEC/UFPA

_________________________________

Bolsista PIBIC – FAU ITEC - UFPA