artigo educacao patrimonial em variados territorios-libre

11
Educação patrimonial em variados territórios: relato de uma experiência itinerante Manuelina Maria Duarte Cândido* ! !! ! ""# $! ! % ""# $! ! & !’(! ! ) * + $(! ,!!! ! -../ 0)1 !2 ! 3 , Resumo Texto com o relato e as reflexões decorrentes de uma experiência de educação patrimonial realizada em municípios do interior do estado do Ceará durante o projeto Secult Itinerante (2005/2006), da Secretaria de Cultura do Estado, no qual atuamos como educadora em 5 municípios. O maior desafio foi o território de aplicação: diferentes cidades do interior do Ceará, nem todas conhecidas por mim. Admiti (e aprendi com isso) que de qualquer maneira não cabia ao professor indicar as referências patrimoniais da cidade a serem estudados, a partir do seu ‘olhar estrangeiro’. Assim, elaborei uma estratégia para discutir com os alunos conceitos de patrimônio, História, memória, cultura e outros, mas captar junto ao grupo seu próprio recorte do patrimônio a ser preservado localmente. A educação patrimonial, mais que qualquer outra metodologia, precisa considerar os referenciais do educando, seu papel enquanto sujeito que participa da construção do processo educativo, sua identidade e seus valores culturais. Apresento aqui a experiência realizada e alguns resultados. Palavras-chave Patrimônio, educação patrimonial, preservação * A autora é Historiadora (UECE-1997), Especialista em Museologia (USP-2000) e Mestre em Arqueologia (USP-2004), atualmente dirige o Museu da Imagem e do Som do Ceará.

Upload: ale-gama

Post on 26-Sep-2015

6 views

Category:

Documents


1 download

DESCRIPTION

Educação patrimonial em vários territorios

TRANSCRIPT

  • Educao patrimonial em variados territrios: relato de uma experincia itinerante

    Manuelina Maria Duarte Cndido*

    ! !! ! ""# $ ! ! %""#$ !!&!'(!!)*+$(!,! !!!-../0)1!2 !3,

    Resumo

    Texto com o relato e as reflexes decorrentes de uma experincia de educao

    patrimonial realizada em municpios do interior do estado do Cear durante o projeto Secult

    Itinerante (2005/2006), da Secretaria de Cultura do Estado, no qual atuamos como educadora em

    5 municpios.

    O maior desafio foi o territrio de aplicao: diferentes cidades do interior do Cear,

    nem todas conhecidas por mim. Admiti (e aprendi com isso) que de qualquer maneira no cabia

    ao professor indicar as referncias patrimoniais da cidade a serem estudados, a partir do seu

    olhar estrangeiro. Assim, elaborei uma estratgia para discutir com os alunos conceitos de

    patrimnio, Histria, memria, cultura e outros, mas captar junto ao grupo seu prprio recorte do

    patrimnio a ser preservado localmente. A educao patrimonial, mais que qualquer outra

    metodologia, precisa considerar os referenciais do educando, seu papel enquanto sujeito que

    participa da construo do processo educativo, sua identidade e seus valores culturais. Apresento

    aqui a experincia realizada e alguns resultados.

    Palavras-chave

    Patrimnio, educao patrimonial, preservao

    * A autora Historiadora (UECE-1997), Especialista em Museologia (USP-2000) e Mestre em

    Arqueologia (USP-2004), atualmente dirige o Museu da Imagem e do Som do Cear.

  • 2

    Resume:

    Texte avec le rapport et les rflexions courants d'une exprience d'ducation

    patrimoniale realize dans districts municipaux de l'intrieur de l'tat de Cear pendant le projet

    Secult Itinerante (2005/2006), de la Secretarie de Culture de l'Etat dans lequel nous avons agi

    comme ducateur dans 5 villes.

    Le plus grand dfi a t le territoire de l'application: villes diffrentes de l'intrieur de

    Cear, ni toutes connues par moi. J'ai admis (et j'ai appris avec cela) qu'en aucune faon n'est ps

    une atribuition du professeur indiquer les rfrences patrimoniales de la ville pour tre tudies,

    daccord avec um 'regard tranger.' Donc, j'ai labor une stratgie pour discuter avec les lves

    concepts du patrimoine, Histoire, mmoire, culture et autre, mais capter dans le groupe sa propre

    ide du patrimoine devant tre conserv localement. L'ducation patrimoniale plus que tout autre

    mthodologie, doit considrer le parametres ds lves, son rle pendant que sujet qui participe

    la construction du processus ducatif, son identit et leurs valeurs culturelles. Je presente ici

    l'exprience accomplie et quelques rsultats.

    Palavras-chave

    Patrimoine, ducation patrimoniale, preservation

  • 3

    Educao patrimonial em variados territrios: relato de uma experincia itinerante

    Manuelina Maria Duarte Cndido

    Este artigo pretende apresentar o relato e as reflexes decorrentes de uma experincia

    de educao patrimonial realizada em municpios do interior do estado do Cear no mbito do

    projeto Secult Itinerante, realizado entre agosto de 2005 e julho de 2006, no qual atuamos como

    educadora. O projeto Cultura em Movimento Secult Itinerante, desenvolvido pela Secretaria de

    Cultura do Estado do Cear, percorreu os 184 municpios do estado do Cear, com eventos

    estruturantes, espetculos, capacitao, entre outras aes. O Instituto de Arte e Cultura do Cear,

    IACC, executor do projeto, props a realizao de Oficinas de Educao Patrimonial em nove

    municpios cearenses, cinco dos quais foram ministrados por esta educadora e serviram de base

    para a reflexo a seguir1. Cabe esclarecer que no fazia ento parte da instituio, que apenas

    prestei servios neste programa.

    Quando fui convidada para integrar o projeto, o maior desafio que se apresentava era

    relativo ao territrio de aplicao: diferentes cidades do interior do Cear, nem todas conhecidas

    por mim. Sobre a primeira, para a qual iria em uma semana, eu nada sabia at receber o convite:

    uma pequena cidade de 7 mil habitantes que certamente no estava no roteiro dos municpios

    considerados oficialmente como detentores de um rico patrimnio cultural preservado. A ttulo de

    informao, o Cear tem hoje quatro cidades com reas urbanas tombadas pelo Instituto do

    Patrimnio Histrico e Artstico Nacional (IPHAN): Aracati, Ic, Sobral e Viosa. Portanto, ali

    comeava o desafio dos novos territrios a serem explorados.

    Na reflexo sobre que abordagem utilizar nas oficinas tive a colaborao de Juliana

    Marinho, que respondia no IACC, pela capacitao no mbito do patrimnio cultural. De sua

    iniciativa havia j um direcionamento para que a oficina contasse com atividades prticas, havia

    inclusive um material previamente adquirido para uso em sala de aula: diferentes papis e

    cartolinas, tesouras, cola, lpis de cor, canetinhas coloridas. Alm disso, uma bibliografia bsica

    que orientava a proposta aprovada antes de minha adeso a ela. Mas ainda era necessrio detalhar

    o programa e as estratgias e vencer em poucos dias a dificuldade da professora no conhecer

    pessoalmente as referncias patrimoniais que seriam abordadas na oficina.

    1 Itaiaba, Aracati, Quixeramobim, Pacajus e Acara.

  • 4

    O salto qualitativo da experincia foi admitir que de qualquer maneira no cabia ao

    professor chegar com uma lista de bens patrimoniais da cidade a serem estudados, j que este ia

    de fora, possua, mesmo nas cidades que j conhecia e estudara, um olhar estrangeiro. Assim,

    elaborou-se uma estratgia para captar junto ao grupo de alunos da oficina sua idia do que era

    patrimnio na cidade, como ser detalhado no final do texto. Inicialmente, irei apresentar o

    referencial terico do campo do patrimnio e da educao patrimonial que levaram a esta

    escolha.

    O patrimnio cultural brasileiro compreendido como o conjunto dos bens de

    natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referncia

    identidade, ao, memria dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira

    (Constituio Federal de 1988, Artigo 216). O desafio , dentro desta imensido conceitual, dar

    voz a to diversas identidades e memrias e dar conta que esta noo de patrimnio envolve, para

    alm da diversidade intrnseca, disputas de poder e negociaes culturais que marcam os

    processos de seleo inerentes preservao: jogos entre memria e esquecimento.

    A educao patrimonial , pois, um processo permanente e sistemtico de trabalho

    educacional centrado no Patrimnio Cultural como fonte primria de conhecimento e

    enriquecimento individual e coletivo. (HORTA, GRUNBERG e MONTEIRO, 1999: 06)

    ainda um instrumento de alfabetizao cultural que possibilita ao indivduo fazer a leitura do

    mundo que o rodeia, levando-o compreenso do universo sociocultural e da trajetria histrico-

    temporal em que est inserido. (idem: 06).

    Porm, este processo de instrumentalizao para a leitura do mundo no deve partir

    apenas dos referenciais do que o educador considera cultura ou patrimnio. E exatamente porque

    quando se trata de patrimnio deve prevalecer a idia do que o grupo estabelece como referncia

    para si, aquilo com o que se identifica, a educao patrimonial necessita se embasar em trocas e

    na construo coletiva do conhecimento:

    No crculo de cultura, a rigor, no se ensina, aprende-se em reciprocidade de

    conscincias; no h professor, h um coordenador, que tem por funo dar as

    informaes solicitadas pelos respectivos participantes e propiciar condies favorveis

    dinmica do grupo, reduzindo ao mnimo sua interveno direta no curso do dilogo.

    (FIORI, in FREIRE, 2005: 10)

    A mediao no campo da educao patrimonial , como todo o resto do trabalho

    relativo memria, uma instncia de seleo, de recortes. Assim sendo, requer evidenciar para o

  • 5

    pblico que outros olhares seriam possveis, dar espao para a multiplicidade e divergncia de

    interpretaes. Ela ocorre no apenas entre o objeto e o educando, mas entre os diferentes olhares

    que surgem neste grupo. Deve favorecer as trocas, para que os saberes interajam em

    reciprocidade, sem imposio de uma leitura especfica e sem repassar informaes.

    Outro amparo conceitual usado foi o da pedagogia museolgica como

    pedagogia direcionada para a educao da memria, a partir das referncias

    patrimoniais que, por um lado, busca amparar do ponto de vista tcnico os

    procedimentos museolgicos e, por outro, procura ampliar as perspectivas de

    acessibilidade e problematizar as noes de pertencimento. (BRUNO, in MILDER,

    2006: 122)

    A pedagogia museolgica contribui com a possibilidade de repasse s comunidades de

    procedimentos de salvaguarda e comunicao patrimoniais de forma a que sua apropriao

    permita a estas comunidades atuar por sua prpria iniciativa para a preservao e extroverso de

    seu patrimnio. Compreenda-se que esta pedagogia no se limita aplicao em instituies, mas

    em processos museolgicos, que podem ser desencadeados em horizontes muito mais amplos,

    sempre que se pretenda

    Identificar e analisar o comportamento individual e/ou coletivo do Homem frente ao seu

    patrimnio e desenvolver processos - tcnicos e cientficos - para que a partir dessa

    relao o patrimnio seja transformado em herana e contribua para a construo das

    identidades. (BRUNO, 1996: 10)

    Trazendo da experincia educativa em museus as noes de educao permanente e

    no formal, o trabalho com a educao patrimonial partiu da idia de contribuir efetivamente com

    a formao dos grupos que se pudesse atingir no mbito do Secult Itinerante, fossem escolares ou

    professores, jovens ou adultos, j que era esperado um perfil muito variado desde o momento de

    preparao do curso.

    A educao permanente se contrape idia de que uma dzia de anos ininterruptos

    de vida escolar seja o caminho nico para a formao dos indivduos, com uma proposta de

    extrapolar um perodo limitado de estudos com a oferta de outras possibilidades de educao ao

    longo da vida do cidado. Da mesma forma, rev a separao entre escola e vida, marcante nos

    anos de escolaridade. Permite romper com a defasagem entre o tempo escolar e o tempo da

    ao , quando indivduos em fase produtiva, por estarem fora da escola, tendem a estar cada vez

    mais desatualizados frente aos rpidos avanos das comunicaes, cincias e tecnologias. A

  • 6

    educao permanente seria uma educao integral que abarque toda a vida e todas as

    possibilidades do ser humano. (FULLAT, 1979)

    J a educao no formal envolve contedos como conhecimentos relativos s

    motivaes, situao social e origem cultural, entre outros, caracterizando-se pela ampliao

    do universo referencial dos indivduos com vivncias, experincias e repertrio, situaes estas

    que envolvem o encontro de geraes. Outros aspectos so a inexistncia de obrigatoriedade e

    flexibilidade de tempos e espaos em que ocorre, sem que haja rgos reguladores, mesmo que

    seja usada de forma a enriquecer a educao formal.

    Embora os cursos tivessem alguma regulao, com de 40 horas/aula, controle de

    freqncia e emisso de certificado pelo IACC, procurou-se usar das noes acima a evocao da

    origem cultural dos indivduos e a busca pela ampliao de seu universo referencial, alm da

    estratgia de propiciar o encontro de geraes. Na prtica, os cursos atraram um pblico que ia

    de professores e estudantes de ensino mdio a radialistas, vereadores envolvidos com a criao de

    legislaes municipais relativas a patrimnio, profissionais ligados s estruturas municipais de

    cultura, entre outras lideranas, inclusive de comunidades artess. Estes, percebendo que o tema

    da educao patrimonial de alguma forma lhes tocava, apareceram na expectativa de ter um

    contato maior com as discusses na rea e se perceberem melhor como agentes da preservao do

    patrimnio em sua cidade. Outros, verdade, ao verem a lista de oferta de cursos no

    compreenderam o que vinha a ser a educao patrimonial, mas atrados por um certificado da

    Secretaria de Cultura do Estado, inscreveram-se imaginando ali um caminho para uma ocupao

    futura, talvez, como eu soube depois, na listagem do patrimnio da prefeitura, aquelas mesas e

    cadeiras que tm a plaquinha de patrimnio.

    O curso partia ento de uma avaliao prospectiva do que cada grupo compreendia

    por patrimnio. Neste momento foi possvel perceber a predominncia de um discurso de

    valorizao do patrimnio consagrado e etnocntrico, com a referncia a uma idia de que

    cidades pequenas ou de recente emancipao, como foram alguns casos, no teriam Histria. O

    patrimnio estaria sempre fora, distante, no outro: na capital, na cidade vizinha que maior ou

    mais velha, na Europa... Por outro lado, cidades mais antigas que haviam sido desmembradas

    pelas emancipaes recentes ou que tinham passado por rpidos processos de transformao

    urbana se queixavam das perdas, foi recorrente a expresso: esta a cidade do j teve.

    Percebeu-se que ao tratar de patrimnio o discurso tendia a identificar-se com a idia da tradio

  • 7

    e do inalterado, em detrimento da compreenso de dinmica cultural, do patrimnio como algo

    vivenciado e, portanto, recriado no presente.

    Portanto, iniciamos a formao com discusses mais conceituais sobre o que se pode

    entender por Histria, cultura, identidade/alteridade, memria, patrimnio, preservao. O

    professor teve o papel de trazer um aporte conceitual, colocar os alunos em dilogo com diversos

    autores por intermdio da leitura e discusso dos textos. Mesmo aps um primeiro descortinar do

    universo conceitual do patrimnio, as concepes ainda eram em geral bastante marcadas por

    uma predominncia da busca por edificaes singulares como expresso daquilo que captura

    olhares e reflexes sobre necessidade de preservao. Portanto, os esforos foram centrados no

    alargamento do horizonte de compreenso do que pode ser considerado patrimnio, inserindo na

    discusso vertentes como o patrimnio imaterial, o arqueolgico, o natural, mas alertando para

    que as categorias no so estanques, so mais didticas, porm inseridas numa compreenso

    integrada das referncias patrimoniais. Nos debates j apareciam a partir deste momento

    exemplificaes de indicadores da memria do municpio que no teriam sido pensados

    inicialmente: o rio, os artesos, uma festa religiosa, um doce tradicional, a runa da primeira casa,

    um santurio que atrai peregrinao, o carnaubal, a comunidade de pescadores, um artefato

    arqueolgico achado ao acaso...

    Os momentos iniciais do curso, portanto, foram planejados a partir da desconstruo

    de conceitos normativos de cultura e de patrimnio e da ampliao de horizontes a este respeito,

    inserindo nas discusses temticas como a tenso entre memria e esquecimento, os poderes

    envolvidos na seleo do que preservar, a no neutralidade dos processos preservacionistas.

    S ento foi proposta a atividade prtica ao grupo de fazer ele mesmo sua seleo do

    patrimnio a ser preservado em sua cidade, consciente da responsabilidade e dos poderes

    envolvidos nisto, das excluses e eleies que fariam. Divididos em pequenos grupos, os alunos

    fizeram pequenas listas de referncias patrimoniais significativas para sua cidade, com o

    compromisso de equilibrar elementos de naturezas diferentes, sem carregar na escolha de apenas

    uma categoria patrimonial. claro, assumimos que a atividade assim dirigida j resulta numa

    escolha bastante diferenciada do que seria sem indues a priori.

    Feitas as selees, o grupo completo construiu um roteiro de percurso pela cidade para

    que a turma visitasse, com a professora, os pontos indicados. O passo seguinte seria o registro

    fotogrfico do patrimnio eleito para compor um mapa patrimonial do municpio a ser construdo

  • 8

    ao final do curso de educao patrimonial. O roteiro inclua em mdia 20 locais. Os pequenos

    grupos apresentavam aos demais o seu eleito, justificando a escolha, orientando a breve

    apreciao e fazendo as fotografias. O professor neste momento era aluno, aprendendo com quem

    era da cidade o que eles valorizavam ali e por que.

    O ltimo dia do curso era reservado criao coletiva do mapa patrimonial, com uma

    planta da rea urbana e um mapa do municpio inteiro colocados em um grande painel feito com

    quatro folhas de papel pardo. Neste painel eram distribudas as fotos, cujas legendas eram criadas

    pelo grupo que selecionou aquele bem, e cada referncia patrimonial tinha indicada, no mapa, sua

    localizao, pela ligao da foto a um ponto das plantas do municpio. A atividade de uma

    maneira geral propiciou a sociabilidade dos alunos e a colaborao entre os diferentes saberes e

    experincias de geraes. O resultado, ainda que se utilizando um material bastante simples e

    pouco tempo de confeco, era bastante interessante do ponto de vista visual e significativo para

    quem participou da elaborao, alm de ser, na maior parte dos casos, um primeiro material sobre

    o patrimnio da cidade passvel de utilizao em sala de aula. Minimizava uma lacuna

    freqentemente apontada por quem era professor, de que no havia um livro sobre a histria da

    cidade, um material de apoio que eles pudessem utilizar com seus educandos. Em alguns casos,

    elaboramos juntos um calendrio de itinerncia do mapa entre as escolas do municpio, sob a

    responsabilidade dos alunos, que chegaram a optar pela plastificao do mapa para que ele

    resistisse mais ao trnsito pretendido por eles entre diversas instituies.

    Imagem 1: Itinerncia do mapa patrimonial nas escolas de Aracati-Ce (autora da foto: Rosngela Ponciano)

    O exerccio tinha tambm a funo de sugerir uma atividade que eles poderiam mais

    tarde, com suas interferncias e alteraes, refazer em sala de aula. Cabe tambm esclarecer que

  • 9

    outras discusses estiveram em pauta com alguma flexibilidade, de acordo com o pblico que

    aparecesse no curso. No geral, alm de discusses tericas, debates de textos e de cartas

    patrimoniais, discusso de trechos das legislaes federal e estadual no tocante cultura e ao

    patrimnio, e da realizao deste exerccio de construo do mapa patrimonial do municpio,

    apresentamos a metodologia da educao patrimonial, contando com uma presena de

    professores e outros potenciais agentes multiplicadores da metodologia em seus municpios. Mas

    como foi mencionado antes, presenas mais inusitadas como a de vereadores (em dois dos cinco

    municpios) levaram a aes mais especficas como a discusso de projetos de leis municipais de

    preservao patrimonial.

    BIBLIOGRAFIA

    ALENCAR, Vera. Museu - educao: se faz caminho ao andar. Rio de Janeiro: PUC, 1987.

    (Dissertao de Mestrado).

    BARROSO, Oswald. Memria do Caminho. Fortaleza: Terra da Luz Editorial, 2006.

    BESSEGATO, Maur Luiz. O patrimnio em sala de aula: fragmentos de aes educativas.

    Porto Alegre: Evangraf (2 Ed.): 2004.

    BITTENCOURT, Circe. (org.) O Saber Histrico na Sala de Aula. So Paulo: Contexto, 1997.

    BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Museologia e comunicao. Lisboa: Universidade Lusfona

    de Humanidades e Tecnologias, 1996. (Cadernos de Sociomuseologia, n 9).

    _____. Museologia e turismo: os caminhos para a educao patrimonial. So Paulo: Centro

    Estadual de Educao Tecnolgica Paula Souza, 1998.

    _____. Museus e pedagogia museolgica: os caminhos para a administrao dos indicadores da

    memria. In: MILDER, Saul Eduardo Seiguer (org.). As Vrias Faces do Patrimnio.

    Santa Maria: Pallotti, 2006. p. 119-140.

    CONSTITUIO Federal de 1988, Artigo 216.

    DIREITO memria: patrimnio histrico e cidadania, O. So Paulo: Departamento do

    Patrimnio Histrico, 1992.

    DUARTE, Ana. Educao patrimonial: guia para professores, educadores, monitores de

    museus e tempos livres. Lisboa: Texto Editora, 1993.

  • 10

    DUARTE CNDIDO, Manuelina Maria e NEVES, Ktia Regina Felipini. Musealizao,

    Arqueologia e Educao. In: Educacin y Antropologa. [CD ROM]. www.naya.org.ar

    (org.), junho/2001.

    DURBIN, Gail; MORRIS, Susan; WILKINSON, Sue. A teachers guide to learning from

    objects. English Heritage: 1993.

    FALK, John H.; DIERKING, Lynn D. Learning from Museums. Visitor experiences and the

    making of meaning. Walnut Creek, CA: AltaMira Press, 2000.

    FIORI, Ernani Maria. Aprender a dizer a sua palavra (prefcio) in: FREIRE, Paulo. Pedagogia

    do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

    FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperana: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de

    Janeiro: Paz e Terra, 1992.

    FULLAT, Octavio. A educao permanente. Rio de Janeiro: Salvat Editora, 1979. (Biblioteca

    Salvat de Grandes Temas).

    FUNARI, Pedro Paulo; PELEGRINI. Patrimnio Histrico e Cultural . Rio de Janeiro, Jorge

    Zahar, 2006.

    FUNARI, Pedro Paulo; PINSKY, Jaime (orgs.). Turismo e patrimnio cultural . So Paulo:

    Contexto, 2003

    GIRAUDY, Daniele, BOUILHET, Henri. O museu e a vida. Rio de Janeiro: SPHAN Pr-

    Memria - MinC, 1990.

    GRISPUM, Denise. Educao para o Patrimnio: Museu de Arte e escola. Responsabilidade

    compartilhada na formao de pblicos. So Paulo: Faculdade de Educao da USP, 2000.

    (Tese de doutorado)

    GUARNIERI, Waldisa R.C. Conceito de cultura e sua inter-relao com o patrimnio cultural e

    preservao. Cadernos Museolgicos, Rio de Janeiro, n.3, p.7-12, 1990.

    HORTA, Maria de Lourdes P., GRUNBERG, Evelina, MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia

    bsico de educao patrimonial. Braslia: IPHAN: Museu Imperial, 1999.

    JEUDY, Henri-Pierre. Memrias do Social. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 1990.

    MENESES, Ulpiano. A histria, cativa da memria? Para um mapeamento da memria no campo

    das Cincias Sociais. In: Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, no 34. So Paulo:

    IEB/USP, 1992. p. 09-24

  • 11

    MURTA, Stela Maris; ALBANO, Celina (orgs.). Interpretar o patrimnio : um exerccio do

    olhar. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.

    MUSEU Paulista. Como explorar um museu histrico. So Paulo: Museu Paulista - USP, 1992.

    NORA, Pierre (Org.). Les lieux de mmoire. Paris: Gallimard, 1992.

    PEARCE, Susan M. (Ed.) Museums and the appropriation of culture. London: Atlantic

    Highlands : Athlone Press, 1994. (New Research in Museum Studies).

    POMIAN, Krzysztof. 1984. Coleo. In: Memria - Histria . Lisboa: Imprensa Nacional /

    Casa da Moeda. (Coleo Einaudi, 1)

    RAMOS, Francisco Rgis Lopes. A danao do objeto: o museu no ensino de Histria.

    Chapec: Argos, 2004.

    SANTOS, Maria Clia Moura. Repensando a ao cultural e educativa dos museus. Salvador:

    Centro Editorial e Didtico - UFBA, 1993.

    SILVA, Marcos A. Histria: o prazer em ensino e pesquisa. So Paulo: Brasileinse, 1995.

    VARINE, Hugues. La culture des autres. [Paris] : ditions du Seuil, 1976.