artigo científico-anomia

Upload: igor-bezerra

Post on 10-Jul-2015

157 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESPECIALIZAO DE POLTICAS E GESTO EM SEGURANA PBLICA

ANOMIA : A Contribuio da Ingerncia Poltica ao Crime Organizado.

Nilton Jos Costa Ferreira*

Salvador - Bahia 2006 ....................................................................... Especialista em : Desenvolvimento e Segurana; Gesto Pblica; MBA em Administrao; Cincias Criminais; Gesto Estratgica de Segurana Pblica; Polticas e Gesto em Segurana Pblica. Diretor da Associao Brasileira dos Profissionais de Segurana ABSEG Member of American Society for Industrial Security ASIS Mestrando em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESPECIALIZAO DE POLTICAS E GESTO EM SEGURANA PBLICA

Nilton Jos Costa Ferreira

ANOMIA A Contribuio da Ingerncia Poltica ao Crime Organizado

Artigo Cientfico elaborado como requisito parcial para obteno do ttulo de Especialista em Polticas e Gesto em Segurana Pblica, da Escola de Administrao da Universidade Federal da Bahia em convnio com a Secretaria Nacional de segurana Pblica.

Salvador 2006

SUMRIO

SINOPSE

1 INTRODUO

3

2 A CONTRIBUIO DA INGERNCIA POLTICA AO CRIME ORGANIZADO 5

3 A LITERATURA BRASILEIRA 10

4 TEORIA DA ANOMIA 21

5 ECONOMIA DO CRIME 23

6 CONCLUSES 27

7 REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS 32

ABSTRACT 42

RESUMO

O presente texto para discurso versa inicialmente na contextualizao do binmio da preveno e represso criminal com a finalidade precpua da proteo ou reduo dos danos sociais da criminalidade. No contexto, incorreremos no novo, porm significativo conceito da Economia do Crime, ressaltando a busca de baixos ndices criminais e reduzidos danos sociais. Buscamos a difuso de um moderno conceito da preveno criminal como ferramenta para obteno do Estado Social atravs de Polticas Pblicas de Segurana, que reflitam as reais aspiraes da sociedade.

Entre as modalidades criminais, escolhemos para tematizar a criminalidade poltica organizada, focando os danos sociais por ela ocasionados e suas repercusses na Instituio Policial, particularmente no Estado da Bahia. Tal escolha foi motivada pela sua caracterstica especialssima da impunidade, a qual vem proporcionando uma lenta mais verdadeira revoluo aos dogmas e padres da sociedade conjuntural, induzindo ao que acreditamos ser o estado de anomia.

Na caracterizao e contextualizao do tema, procedemos a sua anlise em quatro fases. A primeira focada na atual conjuntura criminal do Brasil, sua repercusso social, fundamentao e aceitao consuetudinria dos dogmas legais. A segunda em um ramo especfico da criminalidade organizada, a criminalidade poltica e seus desdobramentos na atual conjuntura social e na aceitao do ordenamento jurdico. A terceira, analisando o custo financeiro e social do produto da criminalidade poltica, as polticas pblicas de segurana, aspiraes populares, sistema de represso e preveno da criminalidade vigente.

Numa ltima etapa, colocaremos em anlise o fiel da balana da Justia Criminal em relao ao custo / benefcio da administrao do Estado no contexto social, eficincia e eficcia de suas polticas pblicas de segurana, o uso desordenado ou a malversao das mesmas, suas conseqncias danosas ao Estado Social, deixando para o leitor, atravs das presentes fundamentaes, a concluso do que seriam as autnticas Polticas Pblicas de Segurana.

1 INTRODUO

Seria uma grande pretenso procurar explicar em um artigo cientfico as causas e ferramentas para o controle da criminalidade e violncia social, principalmente quando, no sculo XX vrios criminlogos deslumbraram inmeros ensaios que induzem a um conceito de generalidade do mundo criminal. Para o presente, assentamos no binmio da preveno e represso com a finalidade precpua da proteo ou diminuio dos danos sociais da criminalidade. No contexto, incorreremos no novo, porm significativo conceito da Economia do Crime, ressaltando a busca de baixos ndices criminais e reduzidos danos sociais. Em suma, procuramos neste trabalho a difuso de um moderno conceito de preveno criminal como ferramenta para obteno do Estado Social atravs de Polticas Pblicas de Segurana (figura I) que reflitam as reais aspiraes da sociedade.ANLISE ESTRATGICA DA SEGURANA PBLICAPOLTICAS PBLICAS DE SEGURANAVI

CUSTO A

O

L NCIA

DETERMINANTES

CRIMINALIDADE

IO

CONDIES SOCIAIS

L NC

ES TR UT UR AI S

A

V

I

ED UC A

COMPENSATORIAS

O

Fonte: Nilton Jos Costa Ferreira

Muitas so as modalidades criminais e conseqentemente suas causas ou fundamentaes. Todas violam bens tutelados pelo Estado, porm vamos nos ater a modalidade que acreditamos proporcionar maior danos social, com a caracterstica especialssima da impunidade, a qual vem proporcionando uma lenta, mais verdadeira revoluo aos dogmas e padres da sociedade conjuntural.

dever do Estado a interveno pblica para manuteno da paz social. Quando o grande pensador fala da mo invisvel do Estado, reporta-se aos instrumentos que o mesmo detem por concesso da comunidade para intervir naquela regularidade.

S VA SI ES PR RESISTEMA REPREESSIVO

POLTICAS PREVENTIVAS

CUSTO B

MICRO ECONOMIA

AB TR HO AL

Figura I

Sabemos da escassez dos recursos pblicos, temos conscincia que o Estado no pode e no deve arcar com todo o nus da Segurana, porm muitas dvidas existem quanto aos critrios de prioridade na escolha das polticas sociais, cabendo ao nclito planejador pblico os enfoques da multidisciplinaridade visando o aumento das ferramentas ou instrumentos para anlise dos mtodos ou objetivos racionais da interveno pblica. (figura I)

O Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA), indaga em seu consagrado projeto de pesquisa : como identificar polticas preventivas para garantir a paz social, a partir da conjugao de polticas sociais (estruturais ou compensatrias) focalizadas regionalmente e de polticas relacionadas ao sistema de justia criminal ?

Para caracterizao e contextualizao do nosso tema de estudo e dissertao, vamos analis-lo em quatro fases de pesquisa. A primeira focada na atual conjuntura criminal do Brasil, sua repercusso social, fundamentao e aceitao consuetudinria dos dogmas legais. A segunda em um ramo especfico da criminalidade organizada, a criminalidade poltica e seus desdobramentos na atual conjuntura social e na aceitao do ordenamento jurdico. A terceira analisando o custo financeiro e social do produto da criminalidade poltica, as polticas pblicas de segurana, aspiraes populares, sistema de represso e preveno da criminalidade vigente.

Numa ltima etapa, colocaremos em anlise o fiel da balana da Justia Criminal (figura VI) em relao ao custo / benefcio da administrao do Estado no contexto social, eficincia e eficcia de suas polticas pblicas de segurana, o uso desordenado ou a malversao de sua mo invisvel, suas conseqncias danosas ao Estado Social, deixando para o leitor, atravs das presentes fundamentaes, a concluso do que seriam as autnticas Polticas Pblicas de Segurana.

2 A CONTRIBUIO DA INGERNCIA POLTICA AO CRIME ORGANIZADO.Na atualidade, o Brasil aponta para vrios problemas intrnsecos na atual conjuntura institucional, a sua grande maioria oriunda de polticas pblicas ineficientes. Fala-se de incentivos estatais produo, mais a realidade uma viso paternalista da macro economia e uma ptica inquisitorial da micro economia, com adoo de ndices absurdos de tributao (figura II), onerando principalmente o setor de servios, que constitui-se a grande mquina geradora de empregos.

Figura II

A realidade que

os recentes acontecimentos da poltica nacional comprovam a

fundamentao dos incentivos a macro economia, que possibilita o desenvolvimento institucional de uma cultura retrograda e nacionalmente conhecida como corrupo ou no pejorativo jeitinho brasileiro. Tal consenso social fartamente representado na sociedade ou atravs da mdia conforme relata o artigo constante da figura abaixo:

Figura III

Partindo destes pressupostos, samos do geral para o especial, focando nosso trabalho de pesquisa em um campo do conhecimento muito prolatado mas pouco estudado das Polticas Pblicas: O Estado Brasileiro, a Ingerncia Poltica e a Criminalidade Organizada.

Aliados a estes fatores anteriormente citados, encontram o conceito negativo das polticas pblicas, a falta de qualificao tcnica dos gestores Estatais e a dificuldade e/ou interesse do Estado de promover sua atividade fim, a de proporcionar ao povo o desenvolvimento com segurana.

Seg urana

Populao desacredita das polticas de seguranaResultado do r efe ren do d eve s erv ir de alerta par a ca ndidatos s pr ximas ele ies CARLA FERREIRA O resu lta do do re fere ndo revela o gra u de de sconfia na que os bra sile iros tm em re lao s po ltic as de segu ra n a pb lica . A ava liao foi feita po r espe cia listas q ue alertam: a vitria do n o, mostra , de fo rma ind ire ta , o rece io da populao q ue ind ica n o ter sido suficiente o que e st sendo feito ne sta rea . A p opu lao e st preo cupada co m a vio lncia e tem um o lh ar c rtico para o que ve m s endo feito na re a, avalia o cien tista po ltico Jo o Castro de Neves, d o Ins tituto Brasile iro d e Estud os Po lticos (Ibep). Se a po lcia n o conseg ue res olv er a q uesto d a violn cia , eu no p osso abrir mo de minh a arma, disse, referindo -se ao q ue a p opu lao d eve pensa r sobre o tema . Ele re ssaltou q ue o resultad o um sin al de alerta pa ra os ca ndidatos s eleie s do pr ximo ano, que de ve m apresentar um discu rs o afinado e m rela o segu ra na p blica : O mais con creto qu e vere mos qu e o tema ter um peso importa nte nas prximas ele i es, prev . O resultad o ta mbm mo stra a ilu s o qu e a populao tem de q ue a seg uran a pro du zid a po r ind ivdu os, p ois fun da menta -se na p ercep o das pessoa s d e que o acesso ma is fcil s a rmas cria maio r s egu ra na para elas , an alisa a so ci loga Luza Barrio s, que desta ca a desc onfia na da populao na s p oltic as co mo um fator d ecisivo na dis puta entre o sim e o n o . Seg und o Lu z a, o ba lano fina l revela tamb m a efici ncia da p rop aga nda do n o , q ue colo co u nfa se n a id ia de qu e cada u m pod e se enc arre gar d e sua integ rid ade : Acre dito qu e o re sulta do preo cu pante tambm porqu e re fo ra o tipo de comporta men to viole nto na re soluo d e qu alqu er con flito. O de pu tad o Yulo O iticica (PT/BA), integ ra nte do Comit do Sim, ta mb m critico u a forma que o deb ate fo i cond uzido , po is a eficcia do a rmamento da socied ad e fo i d eixad a de la do. O q ue voc a ch a mais e fic az? Comp rar uma arma ou no comp ra r?, resumiu Yulo sobre a nfa se que d everia te r sido dada pergunta. Ele ta mb m criticou a lin ha da propa ga nda d o s im, qu e fo i c on duzida erra dame nte e de veria tra zer na frente, em vez de artistas, pe squisad ores, cientista s po lticos, de fe nsores d os direitos humanos. Das 1 7,5 milh es de armas que circ ula m no Pas, 10 % esto na s m os d o Estad o. O resta nte, co m civis, lembra. NOVOS AGENTES O se cretrio da Seg urana Pblica, c oro ne l Edson de S Rocha , tamb m acre dita q ue o resultado do referen do significa uma cob ra na da socieda de pa ra uma maio r efici ncia de todos o s setore s e nvolvidos co m a segu ran a, q ue in clu em n o apena s a po lc ia, mas tam bm as a es de ed ucao e as voltada s pa ra o mbito social. A se cretaria informou, atra v s do assesso r coro nel Rica rd o Martin s, que muitas aes do Plan o Estadual d e Seg ura na Pb lica vm send o implantada s n os ltimo s an os, a pes ar de ain da a gua rd ar a libe ra o das verb as do g overno fed eral referen te s a 2005. Seg und o Martins, os recursos u tilizad os ultra pass am os R$ 2 07 milh es, o btidos atravs d e crd itos ex ternos e do re passe do g ov ern o fede ra l, em convn ios co m a Se cretaria Nacional de Seg ura na Pb lica . Ou tros R$ 1 ,3 bilh es qu e es t o previstos no ora mento esta dua l tamb m esto send o utilizados. Entre a s a es, esto me lhoria da estrutu ra fsica das de lega cia s, a c onstru o de n ovas u nida de s, a co mpra de 1 .200 viaturas e a mod ern iza o tecno l gica, que inclui a im plan ta o do Laboratrio de DNA F ore nse da Po lcia T cnic a, ina ugu rado este an o. Esto em fase de impla ntao o Siste ma de Identifica o Crimina l e o d e Iden tificao Au tomtica de Projteis, al m d a contra ta o de novos agentes. Seg und o coro ne l Martins, ne ste m s de outu bro, 3 50 policiais civis foram c onvocados , e e m dezemb ro , 1.800 PMs deve r o entrar pa ra a coo rpora o. Para 20 06, aind a esto previstas a reeq uipa mentao d o Corp o de Bomb eiro s, a compra de a erona ve she lic pteros, e a imp lantao d o sistema de vigil ncia integ rad a do Cen tro Hist rico.

A TARDE

SAL VADOR TERA FEIRA 25/10/2005

Figura IV

Estas ltimas vertentes incorrem na falta de credibilidade do povo com o poder Estatal (figura IV), a inconsistncia de uma poltica econmica social e a sensao geral de insegurana motivada pelos ndices de criminalidade legal, criminalidade poltica, violncia e do mais novo efeito da criminalidade institucional orgnica, a desorganizao planejada que fundamenta o crime organizado no Brasil. (figura V)

A produo de um estudo

versando a presente temtica, constitui-se num

instrumento contestador, em razo que no segmento, particularmente no meio acadmico, praticamente no existem trabalhos desenvolvidos com o referido assunto, porm aps um novo recorte, vamos individualiz-lo sob um novo foco, uma nova tica, qual se prope uma total reengenharia na normatizao das condutas da criminologia social e dos procedimentos

atualmente encontrados na legislao Penal, Processual Penal e de Responsabilidade dos Gestores Pblicos, quando o Estado atravs de seus prepostos monopolizam o crime organizado em detrimento do povo e em prol da politicagem pblica

Figura V

A importncia do estudo se materializa, na medida em que a avaliao do tema no enfoque epistemolgico, se alia a procedimentos metodolgicos que tornaro o estudo

cmplice entre o cientfico e a prtica quotidiana materializada na pesquisa lograda na mdia escrita enfocada, que retratam perante a sociedade a valorizao e responsabilidade do Estado na elaborao de polticas pblicas.

Inicialmente, na busca de um roteiro para pesquisa que vislumbrasse a conjuntura atual, procedemos uma listagem das principais indagaes inerentes temtica, as quais passamos a pontuar : O atual Estado Brasileiro tem cumprido suas atribuies precpuas na elaborao das polticas pblicas de segurana ? A nossa legislao de preveno, represso e controle da criminalidade eficaz?

possvel sistematizar procedimentos que proporcionem um modelo eficiente de poltica criminal ? Qual a viabilidade do estudo perante os atuais ndices de criminalidade organizada no pas, da aplicabilidade eficaz e eficiente da legislao criminal na atual conjuntura institucional do pas? Como conseguir um novo contexto para o Estado Social Brasileiro, face aos fatores da violncia, criminalidade e implantao de polticas pblicas responsveis ? Como teorizar, embasado na reviso de conceitos doutrinrios, a transio de um Direito Penal mximo para um Direito Penal mnimo, fundamentado na adoo de autnticas polticas pblicas de segurana, visando, pela preveno, obteno da eficincia e eficcia na aplicao da lei Penal ? Quais as caractersticas e modus operandi da criminalidade poltica organizada no Brasil e, particularmente, no Estado da Bahia? Quais as ferramentas disponveis para o combate a criminalidade organizada e da ingerncia poltica no mbito estadual ? No mbito da criminologia social, quais os nveis dos danos oriundos da criminalidade poltica organizada ?

Produzir um ensaio versando sobre as temticas: Criminalidade Poltica Organizada, Estado suas funes e atribuies; Criminalidade Organizada; Criminalidade, Violncia, Segurana Pblica e Polticas Pblicas, visando uma anlise histrica e etnogrfica das causas e efeitos, partindo do pressuposto bsico da ao ou omisso do poder estatal na aplicabilidade de polticas pblicas de segurana. Neste mesmo contexto, uma viso da aplicabilidade do Direito Penal mximo nas atuais polticas pblicas de segurana, suas conseqncias sociais, e disseminao da cultura prisional para o povo em contradio com a aceitao de castas polticas imunes aplicao das normas penais, ao que pese os elevados nveis de danos sociais ocasionados pelas condutas tpicas perpetradas no mbito da criminalidade poltica organizada.

O ESTADO BRASILEIRO E A CRIMINALIDADET J US I A

MENOR DIMENSO MAIOR DANO

SO

CIE DA DECA RC ER RIA

CRIMINALIDADE POLTICA

MAIOR DIMENSO MENOR DANO

DANO SOCIALMENSALO - CPI - ANES DO ORAMENTO - OUTROS

CONDUTAS TPICAS DA POPULAO CARCERRI A

DANO SOCIAL FURTO - ROUBO - ESTELIONATO HOMICDIOS - OUTROS

Fonte: Nilton Jos Costa Ferreira

Figura VI

O estudo prev uma reviso literria dos conceitos do Estado Brasileiro perante o fenmeno da globalizao, anlise das causas e efeitos da Criminalidade Nacional, Transnacional e Violncia, em razo das atuais polticas pblicas de segurana e a utilizao do Direito Penal mximo como ferramenta da represso aos elevados ndices de

criminalidade, em antagonismo aos dogmas da criminologia social.

3 A LITERATURA BRASILEIRA

O Estado Brasileiro tem vivido na atualidade um momento marcante na sua historia. Outrora na busca da democracia, nos vemos numa conjuntura anloga ao estado de ANOMIA to bem conceituada na leitura do pensador Durkheim. Relato os ltimos momentos polticos vividos pela atual repblica, onde publicamente nos encontramos com uma srie de condutas tipificadas na legislao penal e especial, dando em conta de materialidade abundante que proporcionam inequvoco dano social (figuras VII e VIII).

Figura VII

Figura VIII Ento indagamos: de que forma e em que circunstncias esses fatos afetam, ou podem afetar, a credibilidade do Estado de Direito e do zelo do Estado em fazer cumprir as leis pelas instncias da administrao penal ? De um modo mais abstrato, por que sero as funes judiciais, legislativas e executivas do Estado potencialmente contraditrias, embora solidrias, entre si ? Como explicamos a cobrana de eficcia e eficincia nas normas penais, quando ao depararmos com condutas tpicas (figura IX), infinitamente de maior dano social e observamos a aplicabilidade do conceito de Anomia ?

Figura IX Sabemos que a quantidade e a qualidade das violaes das normas legais em um Estado produzem realidades diversas, fundamentadas conforme seus estgios de desenvolvimento do processo civilizacional. Sejam por efeitos ideolgicos ou pela qualidade das tutelas nacionalmente institudas. No obstante, podemos distinguir perfeitamente, pautados na fundamentao unnime da mdia nacional, os critrios de aplicabilidade poltica do Direito Penal mnimo e mximo quanto origem da conduta socialmente danosa ( figura VI).

Apesar do consenso global nacional no que diz respeito ao trato da coisa pblica pelos polticos e scias, da marcante divulgao das condutas socialmente reprovveis, ainda no nos demos em conta da aplicabilidade das normas penais ou cveis, pertinentes s reparaes dos danos cveis e aplicabilidade das penas. Tal fato, pode ser facilmente observado na pesquisa demonstrada na (figura X).

Figura X O Direito Penal, na sua concepo bsica, fundamenta a proporcionalidade da pena diretamente ao dano social. Se pararmos para examinar os danos sociais causados pelo descaminho dos recursos pblicos apenhorados pela scia do crime organizado estatal, sem dvida alguma, o contexto da sociedade ser de exigir uma pena bem maior das que so aplicadas aos delinqentes comuns, que por mais violentos que sejam no agem com a tutela do Estado, elaborando ou aplicando as leis. Negar tais fatos, considerarmos um Estado Paralelo e a implantao no de polticas criminais, mais sim das polticas do crime. Crime Organizado.

Outros cenrios do gnero j sinalizaram em vrios pases, contudo, pela amplitude, dano social e particularidades, no caso Brasil o contexto infinitamente maior. A grande dificuldade justamente da ordem conceitual: - as condutas anti-sociais que deveriam ser exceo, tornaram-se pblicas e costumeiras, formando uma maioria ou uma quase cultura. No mundo, ao comentar-se criminalidade organizada, um consenso geral as manipulaes polticas e a introduo de normas repressivas que podem comprometer as liberdades democrticas com o enrijecimento do direito penal, alm de possibilitar a insuportvel ingerncia na governana poltica.

Figura XI Para melhor avaliarmos tais ponderaes, recorremos ao Professor Eugnio Zaffaroni, quando diz: os Estados, como sabemos, so as principais fontes do crime organizado; usam tambm os crimes organizados como pretexto para a reflexibilizao da totalidade do sistema penal. Ou seja, criam o fenmeno e imediatamente declaram guerra ao fenmeno por eles criado. A demolio do Direito Penal liberal, atravs da necessidade da guerra, um fenmeno por eles criado. um novo discurso de Direito Penal pragmtico, qualquer

considerao de tipo tico, moral, para limitar o plo representativo do Estado uma considerao terica1. Para a compreenso deste momento histrico, buscamos a luz da criminologia, evidncias explicativas da atual conjuntura social na qual os incentivos estatais a macro

economia representam fatores diretos a corrupo e conseqentemente a busca da legalizao dos recursos a ela inerentes.

Figura XII Embora, comprovadamente a micro economia e/ou a economia informal sejam as maiores geradoras de empregos, o Estado primou pelo incentivo e o patrocnio da macro economia, aumentando a tributao aos setores inerentes a micro economia como a prestao de servios e locao de mo de obra. E o por que ? Dificilmente o pequeno investidor ou empreendedor se arriscaria no JEITINHO BRASILEIRO para obter benefcios estatais. Quando muito, estaria fadado ao Direito Penal Mximo.1

XV Congresso Internacional de Direito Penal, Mesa redonda Sobre Crime Organizado, Revista Brasileira de Cincias Criminais, n 8, outubro/dezembro de 1994, Ed. RT, So Paulo,1994,p.149.

Os modelos tradicionais em Criminologia sempre partiram do crime como um problema individual (modelos biolgicos, fenomenolgicos, rotuladores) sendo esta, ao nosso ver, a principal razo de sua insuficincia metodolgica, de seu unilateralismo interpretativo e de seu fracasso interventivo. O crime foi desde sempre um fenmeno social e, em conseqncia, a construo criminolgica necessariamente dever ter por premissa fundamental no o indivduo, o autor do crime, mas o conjunto das relaes sociais onde o ilcito engendrado, perpetrado e se reproduz. Dentro desta viso no estamos extirpando a criminalidade individual ou primria e sim, procedendo a uma majorao em relao aos danos sociais oriundos do tipo ou espcie de criminosos.Retornando ao conceito anterior, observamos a fundamentao da conduta penal quando falamos e materializamos escndalos denominados Mensalo, Mensalinho, Correios e outros nos quais encontramos devidamente tipificadas as condutas previstas nos seguintes artigos do Cdigo Penal Brasileiro: Quadrilha ou bando Art. 288 - Associarem-se mais de trs pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes: Pena - recluso, de 1 (um) a 3 (trs) anos. Peculato Art. 312 - Apropriar-se o funcionrio pblico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem mvel, pblico ou particular, de que tem a posse em razo do cargo, ou desvi-lo, em proveito prprio ou alheio: Pena - recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Peculato mediante erro de outrem Art. 313 - Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exerccio do cargo, recebeu por erro de outrem: Pena - recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. Insero de dados falsos em sistema de informaes

Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionrio autorizado, a insero de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administrao Pblica com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano: Pena recluso, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. Modificao ou alterao no autorizada de sistema de informaes Art. 313-B. Modificar ou alterar, o funcionrio, sistema de informaes ou programa de informtica sem autorizao ou solicitao de autoridade competente: Pena deteno, de 3 (trs) meses a 2 (dois) anos, e multa. Extravio, sonegao ou inutilizao de livro ou documento Art. 314 - Extraviar livro oficial ou qualquer documento, de que tem a guarda em razo do cargo; soneg-lo ou inutiliz-lo, total ou parcialmente: Pena - recluso, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, se o fato no constitui crime mais grave. Emprego irregular de verbas ou rendas pblicas Art. 315 - Dar s verbas ou rendas pblicas aplicao diversa da estabelecida em lei: Pena - deteno, de 1 (um) a 3 (trs) meses, ou multa. Concusso Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida: Pena - recluso, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. Corrupo passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da funo ou antes de assumi-la, mas em razo dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena - recluso, de 1 (um) a 8 (oito) anos, e multa. Alm das leis especiais:

LEI n 8.429, de 2.6.1992 -- Dispe sobre as sanes aplicveis aos agentes pblicos nos casos de enriquecimento ilcito no exerccio de mandato, cargo, emprego ou funo na administrao pblica direta, indireta ou fundacional e d outras providncias --, sobre o enriquecimento ilcito de agente pblico no exerccio de mandado, cargo, emprego ou funo, arts. 2 a 4, 9, 10 e 12;

LEI n 8.137, de 27.12.1990 define crimes contra a ordem tributria, econmica e contra as relaes de consumo, e d outras providncias --, sobre crimes contra a ordem tributria, econmica e contra as relaes de consumo.

Decreto- Lei n 3.240, de 8.5.1941 Sujeita a seqestro os bens de pessoas indiciadas por crimes de que resulta prejuzo para a fazenda pblica, e outros -- , sobre seqestro de bens por crimes de que resulta prejuzo para Fazenda Pblica. Decreto n 4.410, de 7.10.2002. art. 1 -- Promulga a Conveno Interamericana contra a Corrupo, de 29 de maro de 1996, com reserva para o art. XI, pargrafo 1o, inciso "c"-- promulga a Conveno Interamericana contra a Corrupo.

Ao contrrio das aes estatais de combate a criminalidade, a mo invisvel no tem adotado a prtica comum do Direito Penal mximo ou da conhecida sociedade carcerria, ao que pese o tamanho do dano social e/ou institucional causado por tais prticas. Na verdade, tem-se observado a prtica do clientelismo comprovada pela adoo de sanes administrativas e/ou eleitorais, moderao ou quase ausncia de aplicabilidade das normas penais, em prejuzo da adoo de medidas de seguranas ou cautelares e a busca da reparao dos danos materiais e pecunirios causados a fazenda pblica. Estes processos, para alm de assegurar a prpria reduo, ampliao e perpetuao das atividades criminais, produzem um elevadssimo nus adicional para toda a comunidade, visvel em conseqncias deletrias tais como: Eroso da legitimidade dos mecanismos de representao democrtica e da credibilidade de seus representantes; Impunidade dos criminosos poderosos, desagregadora de valores e geradora de descrena no sistema judicial; Corrupo da administrao pblica e de seus servidores, reforando no imaginrio social a liderana dos fora da lei e o descrdito do Estado; Sonegaes fiscais, retirando vultosos recursos tributrios necessrios implantao de polticas pblicas e, desta forma, indiretamente, (contribuindo no incremento das desigualdades sociais);

Possibilidade de desestruturao da economia nacional, sobretudo por ser um pas do terceiro mundo, sequioso por investimentos externos e destitudos de uma legislao protegida e mais adequada.

Mister se faz a passagem do Estado liberal para o Estado social, em que o positivismo jurdico seja revitalizado em face sua concepo pura, ou melhor, dizendo os puros interesses sociais, tendo como caractersticas fundamentais o uso de conceitos scios-determinados ou das clusulas gerais do diploma constitucional. dentro desta viso de conceitos gerais que anexamos aos pressupostos anteriores a fundamentao da ordem pblica. A ordem pblica implica, sim, um discurso retrico, na medida em que este caracterizado pelo elemento verdade, cuja acepo no sistema vigente coincide com a preservao dos direitos fundamentais em todas as suas dimenses. Desta forma, a ordem pblica pontua com todos os pressupostos supra citados, esclarecendo que a sua fundamentao dever ser obtida a partir da valorao das circunstncias do caso concreto, dentre as quais, a gravidade da infrao, as conseqncias da conduta tpica, para que seja possvel adotar um tratamento proporcional e compatvel com o caso concreto. Este seria o procedimento legal para uma resposta estatal, e, fundamentalmente, para a aferio do tratamento processual mais apropriado. Analisando ainda os conceitos que envolvem a ordem pblica e a atual conjuntura anmica, convm atentarmos para os seguintes pontos:

sustentabilidade da deciso; o erro manifesto de apreciao; princpios gerais de direito; princpios de igualdade e da imparcialidade; autovinculao da Administrao; opinio mdia da sociedade (senso comum, aceitao geral);

juzos de experincia comum; juzos da experincia ou do conhecimento tcnico.

Nesta perspectiva, o uso do instituto da priso cautelar, amplamente utilizado em delitos de pequenas gravidades em relao ao atual cenrio criminal existente no pas, apesar de perfeitamente sustentvel, do ponto de vista do Direito Penal e / ou Constitucional para manuteno da ordem pblica, sequer lembrado, muito menos aplicado. E o que achamos? - a figura abaixo exemplifica de forma clara os interesses do legislativo em relao temtica

Figura XIII Como podemos comprovar, a aos autores das leis, a valorao do tema criminalidade ou justia social, os quais pouco importam! Forma-se ento um estado de dissonncia cognitiva. O que justifica a ausncia de regras no controladas por regras? ANOMIA ou uma fase pr-revolucionria do contexto social? Qual o comportamento e explicao da criminologia para o atual contexto? Ser que o Brasil constitui-se em um autntico Estado de Direito ?

A sociedade ciente e consciente da real conjuntura social, criminal e poltica do Brasil no foco da globalizao ir sedimentar a aplicao do Direito Penal mnimo para uma casta e os rigores do Direito Penal mximo para o resto da sociedade? Em busca das respostas para tais indagaes, recorremos a criminologia e incorremos s teorias sociolgicas e psicolgicas sobre a delinqncia, as quais embasam direta ou indiretamente os sistemas contemporneos de criminologia. Em um escoro histrico, evidncia, variar consoante o modelo criminolgico2 que se utilize e conforme os parmetros eleitos como paradigmas dos principais traos caractersticos do que constitui o cenrio da atual conjuntura do Estado Brasileiro. Dentro desta leitura, focaremos nossa viso na atual conjuntura do cenrio brasileiro, especificamente no Estado da Bahia, no tocante a tematizao acerca Teoria da Anomia.

Para uma anlise crtica dos diferentes modelos de investigao criminolgica, com cosmovises diferenciadas, recomenda-se a leitura das obras de Lola Aniyar de Castro( Criminologia da Reao Social, traduo de Ester Kosovski, Ed. Forense, Rio de Janeiro, 1983), Juarez Cirino dos Santos ( As Razes do Crime Um estudo sobre as estruturas e as instituies da violncia, Ed. Forense, Rio de Janeiro, 1984) e Meirelle Delmas-Marly ( Modelos e Movimentos de Poltica Criminal, traduo de Edmundo Oliveira, Ed. Revan, Rio de Janeiro, 1992) .

2

4 TEORIA DA ANOMIA

A Teoria da Anomia de Merton um prolongamento da Teoria da Anomia de Durkheim, que considerou o conceito de anomia em seus dois trabalhos: Diviso do Trabalho e Suicdio. Durkheim tentava explicar as conseqncias patolgicas da diviso do trabalho, do declnio da solidariedade social e do conflito entre classes sociais. Essas condies no permitiam um conjunto de regras comuns, que constitui o principal mecanismo de disciplina das relaes entre elementos de um sistema social, o que daria causa a uma situao de anomia ou de ausncia de normas. A ausncia de tais regras conduziria desintegrao social. Durkheim no desenvolveu o conceito de anomia para explicar o comportamento divergente, aplicando-o apenas diviso do trabalho e ao suicdio. Merton procurou tornar explcito o que estava implcito na anlise do suicdio de Durkheim. Distinguiu ento os fins culturais e as normas. Para os fins culturais, as aspiraes que da cultura induzem ao homem; as normas, isto , os meios que o homem pode empregar legitimamente para alcanar os fins culturais. Dizia ele, que podem surgir disjuno entre os fins e meios, e a tenso conseqente, o que conduziria a um enfraquecimento do engajamento do indivduo ao fim culturalmente prescrito ou aos meios institucionalizados. Mertim idealiza uma tipologia de modos de adaptao a esta situao de anomia. So tipos de adaptaes individuais para alcanar as metas do xito culturalmente prescritas e abertas aos que ocupam diferentes posies na estrutura social. Esta, dentro da nossa leitura, a teoria criminolgica que melhor define o cenrio da atual conjuntura poltica brasileira e o reconhecimento inconteste do Crime Organizado pelo Estado. Esta inverso ou a anomia podero decorrer do incremento no conservadorismo poltico (coronelismo no caso da Bahia) ou na hiptese de que a sociedade ou seus agentes compreenda mal o histrico momento conjuntural, possibilitando um Estado anmico, desregulamentado da vida social, praticante de polticas tendencionistas a castas em detrimento de umas intervenes efetivas, universalistas e construtivas do Estado de Social.

Fala-se do Crime Organizado e da necessidade do Estado de combat-lo lanando mo de todos os recursos disponveis. E quando este Crime Organizado parte do prprio Estado, nas aes dos seus mais altos prepostos? Retornamos a atual conjuntura estatal, na qual tornaram-se pblicos e notrios tais exemplos. Retornando ao atual estgio da conjuntura poltica brasileira sob o aspecto criminal, fundamentarmos indagaes, avaliarmos o comportamento social e buscarmos uma soluo para evitarmos o emplacamento do estado de anomia. Entendemos, na nossa leitura, da necessidade imperiosa da adoo de um novo modelo criminolgico na reconstruo de uma autntica Poltica Criminal, que atenda uma premissa epistemolgica, o qual dever ser estruturado na doutrina da criminologia radical, variante da criminologia da reao social. Esta se caracteriza, genericamente, por entender a punio como meio da defesa social. Tal teoria acolhe os princpios da recuperao e da preveno, mas tambm enfatiza o carter social do segundo. Na mesma, a punio precisa ser usada para defender a sociedade da perpetrao de crimes e, conseqentemente, no pode ser somente uma sano. Deve ser acompanhada de outras medidas como as anteriormente citadas. Ignorar tal conjuntura, no observar tais fundamentaes, seria como negar o Direito Penal, a Criminologia e o prprio Estado de Direito, o Estado Social.

5 ECONOMIA DO CRIMEPara se termos uma idia quantitativa e qualitativa da atual e vigente Poltica de Segurana Pblica, em especial na Bahia, passaremos s seguintes alocues:

Um delinqente primrio furta um aparelho de telefone celular avaliado em R$ 150,00 reais, detido, autuado em flagrante delito e enviado ao presdio. Como cidado carente, sem dispor de advogados, provavelmente passara, com sorte, um mnimo de 360 dias no presdio, tempo suficiente para a realizao de uma ps graduao na prtica de crimes e para efetivao de uma sentena de morte para recuperao social do delinqente. O custo deste homem no presdio de aproximadamente R$ 1.300,00 mensais, os quais ao trmino de 360 dias sero R$ 15.600,00. Tudo isto levando em conta a uma estimativa hipottica de tempo mnimo de permanncia no presdio. Este seria, o provvel custo operacional do preso, mas vejamos o quantum do custo social: No sendo reintegrado a sociedade e ps-graduado no crime, este cidado retorna ao convvio da sociedade e, como conseqncia pratica criminal. Desta vez, provavelmente em modalidades bem mais danosas a sociedade e da, esta ciranda se repete provavelmente at o bito do delinqente. Pois bem, se multiplicarmos estes valores acima pela populao carcerria existente no Estado da Bahia, obteramos uma cifra altssima, o que matematicamente j justificaria um r-pensar nas polticas pblicas de segurana, isto sem pesarmos o lado dos danos sociais. Mais se aliados a este clculo, somssemos os custos absurdos da atual poltica de segurana pblica voltada quase que exclusivamente para represso, ficaramos boquiabertos. Falo dos gastos na poltica de viaturas, as quais sem a devida manuteno e planejamento operacional, repercutem num grande montante dos recursos das Instituies Policiais, aliados a perversa poltica de preenchimento dos cargos de confiana com pessoas estranhas as Instituies Policiais e sem nenhum comprometimento institucional, bem como a contratao de funcionrios sem concurso pblico, resultam numa total falta de compromisso e qualificao dos indicados e, infelizmente o mais grave, a adoo de polticas clientelistas de segurana pblica em completo antagonismos s aspiraes da atual conjuntura da sociedade Baiana. Estes fatos podem, para alguns, at parecer dispersos mas vejamos alguns exemplos prticos : 1 . O conhecido evento Festival de Vero, promovido em carter particular, por emissora de TV ligada a uma corrente poltica, chega a reunir um pblico de mais de

um milho de pagantes e um imensurvel lucro para os seus realizadores. Sendo uma atividade da iniciativa privada, realizada em local fechado, porque o Estado bancar o custo da segurana do evento? Quando o efetivo policial locado em eventos desta natureza, vrios pontos da segurana comunitria ficam descobertos ou desfalcados, sofrendo a sociedade inegvel prejuzo em prol da iniciativa privada, mais precisamente de corrente partidria ou clientelista. E, porque os gestores pblicos da segurana no qualificam tecnicamente tais eventos? Este um trao marcante da ingerncia poltica na segurana pblica do estado, que arregimenta gestores, na grande maioria, em razo do comprometimento com as correntes polticas e no com as atribuies e metas das Instituies a que pertencem, normalmente as margens das qualificaes tcnicas ou acadmicas do indicado. Uma vez nomeados, pouco importam as reais necessidades da sociedade se as mesmas no comungarem com as da corrente poltica clientelista dominante. No mundo da globalizao, da especializao, como conceber a escolha de gestores pblicos sem qualificao ou especialidade tcnica? O obvio. H eles pouco importa a responsabilidade dos resultados. Sempre foi e ser mais fcil culpar a Polcia pela ineficcia e ineficincia das polticas pblicas de segurana, como se aos policiais fossem lhes dado s causas, efeitos ou o direito de provir uma real e eficiente poltica de segurana pblica.

2 . Outro exemplo o do FEASPOL Fundo de Reaparelhamento e Aperfeioamento de Policiais, o qual segundo matria jornalstica publicada na edio de 30/04/2005 do jornal A TARDE sob o ttulo Governo baiano desvia dinheiro da segurana , fundamentada em parecer do conselheiro Filemon Matos do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, comprova destinao adversa no montante de R$ 77,049 milhes no ano de 2004. J em relao a 2005, o oramento global do Estado cresceu 13,2% para 2006, sado dos R$ 14,5 bilhes para 16,4 bilhes, contudo , como diz na matria : Verba para segurana criticada, publicada na edio de 28/10/2005 do jornal A TARDE, este oramento no reproduz as reais necessidades de segurana pblica do Estado. Ainda sobre o assunto, o mesmo jornal na sua edio de 29/01/2002 j afirmava : Dinheiro no o problema crucial da segurana pblica, defende o presidente do Sindicato da Polcia Civil da Bahia, Crispiniano Daltro, para quem as solues propostas por parlamentares que tramitam no Congresso Nacional no abordam o

fator principal, que o conceito da segurana pblica. No adianta criar fundos sem que sua aplicao seja definida apenas pelos detentores do poder no sistema de segurana pblica federal e estaduais, avalia o sindicalista.

3 . Acrescenta,ainda,que o governo federal, ao criar o Plano Nacional de Segurana Pblica, teria disponibilizado R$ 400 milhes aos Estados para investimentos em segurana. A Bahia, segundo a prpria secretaria, teria recebido cerca de R$ 15 milhes. Para onde foi o dinheiro, s a cpula da SSP sabe, atesta o sindicalista. Se levarmos em considerao que esses fatos foram levantados em 2002, e considerando a matria da revista ISTO de 22/02/2006, edio 1896, pgina 27, na qual afirma :

SEGURANA ROUBADA A Controladoria Geral da Unio (CGU) identificou irregularidades na aplicao de 70 % dos recursos do Fundo Nacional de Segurana Pblica nos Estados.

Ento vemos e constatamos a inexistncia da vontade poltica para equao dos problemas de segurana pblica. Mais uma vez exclama Daltro : Ningum sabe qual a utilizao desse dinheiro porque no existe a necessidade de se prestar conta de sua aplicao em nenhuma instncia, para comprovarmos os absurdos a que so submetidos os recursos da segurana pblica. No mesmo contexto citamos algumas concluses da Professora Conceio Casulari em sua dissertao de mestrado Policiamento e violncia urbana, defendida em 2002 no Instituto de Sade Coletiva da Universidade Federal da Bahia, a saber :

A polcia da Bahia muito despreparada se comparada a de outros Estados. O volume de investimentos nas polcias uma deciso poltica. Pelo tamanho desse desvio percebemos qual o sentido que dado segurana pblica em nosso Estado.

4 . No obstante a criao de uma polcia poltica no Estado, integrada quase na sua totalidade por pessoas estranhas aos quadros policiais e guindadas ao poder por

indicao poltica, o famoso DIP Departamento de Inteligncia Policial, que posteriormente veio a ser denominado de SIP Superintendncia de Inteligncia Policial, incumbido de monitorar todos os que, direta ou indiretamente se oponham aos interesses do sistema, ao trato da coisa pblica, sob os auspcios da legalidade tudo se faz. Um exemplo ao menos curioso a locao de servios policiais celebrada em 2004, entre a Secretaria de Segurana Pblica do Estado e a empresa do Grupo Neoenergia Ibrola, que apesar de ser concessionria de fornecimento de energia no mbito do Estado da Bahia constitui-se de uma Sociedade Annima S.A , sendo alvo de beneficias de proteo policial a custo discutvel, principalmente a forma de pagamento e na utilizao do efetivo Policial do Estado, proporcionando a formao de castas polticas entre os policiais alm de incontestvel desvio da funo pblica.

A estes exemplos demonstradores da ingerncia poltica nas Instituies Policiais do Estado da Bahia, somam-se os baixos graus de qualificao acadmica existente no quadro atual de gestores, o patrulhamento ideolgico com visveis represlias funcionais e at o risco de vida para os que se propuserem a pensar e ao desenvolvimento epistemolgico do problema.

Anomia, no nos resta outro vocbulo para podermos pesquisar e definir a atual conjuntura da segurana pblica no Estado da Bahia.

6 CONCLUSES

Para discutirmos causas e controle da violncia e criminalidade, fatalmente teremos que incorrer nos ambientes da micro e macroeconomia, aferidos objetivamente por variveis como renda per capita, grau de desigualdade da renda, probabilidade de se estar empregado, acesso a moradia/ sade / cultura e demais condies necessrias para incluso social. Sem maiores dvidas, a contramo destas condies proporciona varivel facilitadora da incluso criminal.

Tambm no nos propusemos a discutir ou apresentar modelos que expliquem as circunstncias determinantes da criminalidade, pois como dissertamos trata-se de um fenmeno complexo e multifacetado.

Incorremos na contribuio proporcionada pela ingerncia poltica ao crime organizado em conseqncia da adoo de polticas clientelistas em detrimento das legtimas polticas de segurana pblica e de aplicabilidade do sistema de justia criminal.

Buscamos na Economia do Crime, conceitos que justificassem ou comprovassem o carter negativo das atuais polticas de segurana pblica. Sob esta indagao, procedemos a um passeio na atual conjuntura brasileira das polticas pblicas, funes e atribuies do Estado e os danos da criminalidade poltica ao Estado Social.

A exemplo de outras modalidades do crime organizado, enfocamos a criminalidade poltica como a que produz maior dano social. Ela, sob os auspcios e proteo do Estado promove descrena s Instituies, seus dogmas e descontrole social.

Ao cidado comum, a preocupao com o emprego, a estabilidade social e a manuteno da famlia. J ao cidado delinqente, o assegura, quando no coberto pelo manto da impunidade, o Direito Penal mximo que na contramo da funo social da pena promove a especializao criminal. Quanto ao Direito Penal mximo e sua predeterminao sociedade carcerria, devemos observar as diversas experincias ocorridas em outras naes nas quais o endurecimento das leis apenas serviram para aumentar a populao carcerria, sem o resultado pretendido que era o baixo ndice de criminalidade. comum aos polticos, a idia de mais leis, prises ou o excesso de criminalizao, pois se torna mais fcil varrer o lixo para debaixo do tapete do que proceder a uma eficiente limpeza. Este constitue-se ao nosso ver, o motivo predominante para a defesa das duas correntes supra citadas.

Em uma representao grfica ( Figura II ) procedemos uma comparao analtica dos custos e malefcios da criminalidade para o Estado Social, com a qual procuramos demonstrar a necessidade imperiosa da aplicabilidade de polticas pblicas que representem as reais aspiraes da sociedade e que comprovem atravs de resultados a verdadeira funo social do Estado.

Problemas existem e sempre existiro. Quer no mbito individual, coletivo ou do Estado, cabendo aos gestores pblicos a busca incessante da reduo dos problemas e conflitos da sociedade que deu vida ao Estado. Nesta busca h de se fazer o uso racional e produtivo da coisa pblica, extirpando toda e qualquer manifestao do uso Estatal em benefcios individuais ou em prol de polticas clientelistas.

No tocante s Instituies Policias, as mesmas devem estar imbudas nas suas essncias do mais puro conceito de Justia Social, vezes que representam o ponto mais longnquo do brao estatal. A elas cabem a aplicao do real conceito de justia no gerenciamento de conflitos ou na correta e justa alimentao do sistema Estatal da Justia.

No justo portando, a manuteno nas Instituies Policiais de critrios pertinentes a polticas clientelista, ou o preenchimento dos seus quadros por pessoas desqualificadas, a margem da instruo policial ou acadmica. As existncias destes critrios ocasionam baixa produtividade, ausncia de eficcia e eficincia, alm da sua utilizao em prol de injustias e das desigualdades sociais.

Figura XIV

No caso Bahia, alm de todos estes pontos levantados, devemos nos ater a mais alguns que ensejam o atual estado de anomia. A exemplo, temos os ndices de homicdios vigentes no Estado. Outrora, ocupando a 20 posio no ranking das 100 cidades mais violentas do Brasil, hoje ocupa o 7 lugar no ndice nacional de criminalidade, com a agravante de termos no Estado o 2 lugar ( Salvador ) e o 3 lugar ( Juazeiro ) no ranking das cidades onde a violncia mais cresceu, conforme comprovou recente pesquisa do IPEA. Alm destes, tambm somos detentores do 3 lugar do ranking brasileiro de policiais mortos, s perdendo para o Rio de Janeiro e So Paulo respectivamente, os quais detm absurdos ndices de criminalidade.

Embora no dispormos dos dados referentes a 2005, segundo os ndices estabelecidos pela Organizao das Naes Unidas ONU, Salvador encontra-se muito aqum do desejado. O mximo do nmero de homicdios por 100 mil habitantes aceitvel pela ONU de 24, enquanto Salvador registrou a taxa de 33,2 em 2004 e de 35,9 em 2003.

Todos estes dados, se analisados conjuntamente com o fato citado na edio da Revista Veja de fevereiro de 2001 que conclue atravs pesquisa : em cada 100 assassinos, ladres e estrupadores, a polcia prende 24, a Justia condena 5 e s 1 cumpre a pena at o fim e a estatstica narrada na Revista poca, edio n 406 de 27/02/2006, pg. 34 , que esclarece o percentual de 4 % para os homicdios que tm a autoria definida, podemos ter uma idia consolidada da eficincia das atuais polticas de segurana pblica. Como podemos observar atravs dos dados estatsticos ou at mesmo do jarro popular: A Polcia prende e a Justia solta, a falta de produtividade das polcias facilmente medida atravs do processo investigatrio que atualmente reflete o fruto de uma predominante poltica de represso. Sem a materializao das provas no existe fundamentao para o prosseguimento da ao penal e a conseqente aplicabilidade da pena. Por outro lado, a ausncia de procedimentos investigativos como: levantamento da vida pregressa dos acusados e a elaborao do perfil psicolgico do delinqente dificultam a correta definio da pena, regimes de aplicabilidade ou de medidas de segurana. Alm destes pontos, a introduo de uma metodologia de formao do perfil psico-social do delinqente, em muito ajudaria para adequabilidade do sistema prisional.

Tais ferramentas que deveriam serem geradas pelas polcias, tendo como clientes o judicirio no existem ou so praticada. As excees so sabiamente definidas no livro Estao Carandiru, pg. 14, de Drauzio Varela, ao citar um ditado de cadeia (presdio) mais fcil

um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar preso na Casa de Deteno. No atual estado de anomia, acrescentaramos ao vocbulo rico, a figura eminente do poltico.

Dentro de um programa de marketing governamental, podemos ver na mdia o desenvolvimento do Estado da Bahia, como tambm no programa Minuto Policial, vemos e ouvimos falar da eficincia e eficcia das Instituies Policiais. Ento nos lembramos do mestre Celso Furtado na preciosidade do: O Mito do Desenvolvimento Econmico, o qual afirmava que em face de crescimento econmico to espetacular, era preciso prescincia, viso consistente da realidade e, com mais razo, coragem para afirmar com todas as letras que tudo aquilo no passava de miragem. Ainda, segundo ele, basta se observar com relao concentrao de renda no Estado.

Consideramos tambm uma miragem falar-se e alardear desenvolvimento industrial com a atual pesquisa do Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e Econmicas (IBASE), que atesta uma taxa de 21 % de jovens desempregados, estando o Estado amargando baixos nveis de desenvolvimento social. So justamente nestes pontos que encontramos ambiente profcuo para o estado de anomia.

Falamos anteriormente, que as Instituies Policiais constituem-se no ponto mais longnquo do brao estatal. E, quando elas no esto imbudas de motivao e impregnadas de polticas clientelistas, os resultados so sentidos duramente pela sociedade atravs dos danos sociais.

Ao instigarmos reflexes referentes Contribuio da Ingerncia Poltica ao Crime Organizado, excursionamos no puro sentimento da cidadania e nacionalidade, procurando contribuir com ferramentas para a elaborao de autnticas polticas pblicas de segurana e na persecuo da eficcia e eficincia para as Instituies Policiais.

evidente a necessidade de polcias eficazes, com integrantes motivados, pautados em garantias a exemplo da magistratura, cujos delegados gestores reflitam o carter epistemolgico da cincia policial, como passo primordial de preveno a radicais mudanas sociais que podero advir na totalizao de um estado de anomia.

No contexto nacional, da economia do crime e da Justia Social, conclamamos que tais reflexes encabecem temas de discusses que preponderem ao caminho do Estado Social.

7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

ABADINSKY, Howard. Organized Crime. Nelson Hall Publishers, Chicago, 1996. ALARCON,B. et al. Um sistema de trabajo em estdio de la personalidad criminal. Madri: Carabenchel, 1970. ALVES, Magda. Como escrever teses e monografias: um roteiro passo a passo. 2.ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003. AMARAL. Luiz Otavio de Oliveira. Direito e Segurana Pblica a Juridicidade Operacional da Polcia.So Paulo: Consulex, 2003.218p. ANCEL, Marc. A nova Defesa Social: um Movimento de Poltica Criminal Humanista. Rio de Janeiro, Forense, 1979. ANDRADE, Fred. Segurana do Planejamento Execuo. So Paulo: CIPA, 2003.* ANDRADE, Jorge Helder de Souza, Segurana X Sensao de Segurana. Rio de Janeiro.Cincias Moderna, 2002. Associao Brasileira de Normas Tcnicas. NBR 14724: informao e documentao. Trabalhos acadmicos, apresentao. Rio de Janeiro: ABNT, ago., 2002. ________. NBR 10520. Informao e documentao citaes em documentos-apresentao. Rio de Janeiro: ABNT, ago., 2002.

________. NBR 6023. Informao e documentao citaes em documentos-apresentao. Rio de Janeiro: ABNT, ago., 2002. ________. NBR 6028. Resumos. Rio de Janeiro: ABNT, maio., 1990. ATHAYDE, Celso. Cabea de Porco. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. BARATTA, A. Social marginality and justice. In: INTENATIONAL CONGRESS OF SOCIAL DEFENSE, 1976. BARATTA, Alessandro. Criminologa crtica e crtica do direito penal. Rio de Janeiro: Freitas Barros, 1999. BARNERS, H. E. e TEETERS, N. K. New horizons in criminology. New York: PrenticeHall, 1959. BASTOS, Llia da Rocha..(et. All) Manual para elaborao de projetos e relatrios de pesquisa, teses, dissertaes e monografias. Rio de Janeiro: LTC, 2000. BARBOZA, Mrcia Noll. O princpio da moralidade administrativa: uma abordagem de seu significado e suas potencialidades luz da noo de moral crtica. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002. BATISTA, Nilo. Punidos e mal pagos: violncia, justia, segurana pblica e direitos. BAUMAN, Zygmunt. Comunidade a busca por Segurana no Mundo Atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. BAYLEY, D. H. & SKOLNICK, Jerome. Nova polcia. So Paulo: Edusp, 2001. BEATO FILHO, Cludio C. Ao e Estratgia das Organizaes Policiais. Belo Horizonte. UFMG, mimeo, 1999. BERISTAIN J. L., e DE LA CUESTA, A L armona del sistema jurdico, plataforma indispensable Del desarrollo de la persona hunama. Estdios criminolgicos

victiolgicos de Enrique Ruiz Vadillo, in Cuaderno Del Instituto Vasco Criminologia 13/281-290, As Sebastion extraordinrio, mar. 1999.

BENJAMIM, Walter et al. A Crtica da violncia - crtica do poder. In: Documentos de cultura: documentos de barbaries. So Paulo: Cultrix/EDUSP, 1986. BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade; para uma teoria geral da poltica. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 1987. BRETAS, Marcos Luiz. A Guerra das Ruas. Povo e Polcia na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional/Ministrio da Justia, 1997. ________. "Observaes sobre a falncia dos modelos policiais". Tempo Social. So Paulo. Revista de Sociologia da USP, v.9, n 1, 1997. BREVERE, Antonio. Processo Penale Garantimos, defesa sociale. Poteri e Giurisdizione. Att del sesto congresso Nazional. Magistratura Democrtica. Npoles, Jovene Editore, 1985. BRUSCATO, Wilges. Monografia Jurdica: Manual Tecnolgico de elaborao. So Paulo: Juarez de Oliveira, 2002. BUCCI, Maria Paula Dallari. Direito administrativo e polticas pblicas. So Paulo: Saraiva, 2002. Cmara de Vereadores de Salvador, Assemblia Legislativa do Estado da Bahia, Sindicato dos Bancrios do Estado da Bahia, Centro de Defesa da Criana e do Adolescente e Comisso de Justia e Paz da Arquidiocese de Salvador, dentre outros. Salvador:Cidade Repartida. Salvador, Bahia. 2001. CASTANHEIRAS, Beatriz Rizzo. Organizao criminosa no direito penal brasileiro: O estado de preveno e o principio da legalidade estrita. In: Revista Brasileira de Cincia Criminais, ano 6, n 24, outubro dezembro de 1998. So Paulo: IBBCrim, 1998. CASTRO, Lola Aniyar de. Criminologia da Reao Social. Traduo de Ester Kosovski. Editora Forense, Rio de Janeiro, 1983. CARVALHO, Renato Cunha Silva: Comunidade Segura: Sua Segurana em Suas Mos. So Paulo, 2004.

CERQUEIRA, Daniel / LOBO, Waldir. Determinantes da Criminalidade: uma resenha dos modelos tericos e resultados empricos. Rio de Janeiro. Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA, 2003. CHIAVARIO, Mario. Direitos humanos, processos penal e criminalidade organizada, in Revista Brasileira de Cincias Criminais 2/25-36, Ano 2, jan - mar. 1994. CLINARD, M. B. Anomia y conduta desviada. Buenos Aires: Paidos, 1967. Sociology of deviant behavior. New York: Holt, Rinehart e Winston, 1968. CLOWARD, R. A. e OHLIN, L. E. Delinquency and opportunity. New York: Glencoe, 1964. CORNELLES, Joo Ricardo W.. Conflito e Segurana: Entre Pombos e Falces. Rio de Janeiro: Lumes Jris, 2003. 210p. COSTA, Ivone Freire.Polcia e Sociedade. Gesto de Segurana Pblica, Violncia e Controle Social. Salvador: Edufba, 2005. Criminologia texto para su estdio Recopilacion de Rosa Del Olmo Ed. Realizada por Direcion de Prevencion del Delito, Ministrio de Justia y Centro de investigaciones Penales y Criminologicas, Universidade de Carabobo Caracas 1972. DA SILVA, Jorge. Segurana pblica e polcia: criminologia crtica aplicada. Rio de janeiro. Forense. 2003. DELGADO Joaquim. Criminalidade Organizada. Barcelona J.M. Bosch, 2001. DELMAS - MARTY, Mereille. Modelos e Movimentos de Polticas Criminal. Traduo de Edmundo Oliveira. Editora Revan, Rio de Janeiro, 1992. DUMONT, Louis. Homo Hierarchicus: o sistema de casta e suas implicaes. So Paulo: Edusp, 1997. ESPINHEIRA, Gey. Os limites do indivduo: mal-estar na racionalidade: os limites do indivduo na medicina e na religio. Salvador: Fundao Pedro Calmon, Centro de Memria e Arquivo Pblico da Bahia, 2005.

FAY, John J.. Enciclopedia of security management. 3rd. CPP Editor, 1998. FARIA, Jos Eduardo. Direitos Humanos, Direitos Sociais e justia. 1 ed., 3 tir., So Paulo, Malheiros Editores, 2002. FENIANOS, Eduardo. Urbenaut .Curitiba: Univercidade, 1998. FERRACUTI, F. Temas de Criminologia. So Paulo: Resenha universitria, 1975. FERREIRA, Nilton Jos Costa. Novo modelo de Gesto Policial Civil. Bahia. Spartac Consultoria de Segurana, 2003. ________.Policiamento Comunitrio, monografia para obteno do ttulo de Especialista em Poltica e Estratgia. Universidade Do Estado da Bahia UNEB / Associao dos Diplomados Da Escola Superior de Guerra ADESG,2004; ________.Marketing nas Organizaes Policiais, monografia de Concluso do Curso Superior de Polcia . Academia da Polcia Militar do Estado da Bahia, 2003. ________. Recursos Humanos na Polcia Civil da Bahia, monografia para obteno do ttulo de Especialista em Gesto Pblica. Universidade Federal da Bahia UFBA, 1993. FIGUEIREDO, Carlos Maurcio, NBREGA Marcos. Administrao Pblica: Direito Administrativo, Financeiro e Gesto Publica: Pratica, Inovaes e Polmicas.So Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. FILHO, Jos augusto da Silva. Cincias Sociais e Polticas. So Paulo: Ltr, 2003.288p. FISCHER, Rosa Maria. O direito da populao segurana: cidadania e violncia urbana. Petrpolis : Vozes, 1985 Frum Comunitrio de Combate Violncia - FCCV. O Rastro da Violncia em Salvador: Mortes Violentas de Residentes em Salvador, 1997. Salvador, 1998. FRANCO, Paulo Alves. Porte de Arma Estatuto do Desarmamento. So Paulo: Direito, 2004.

FREDERICO, Vicente. Um Caso de Polcia: Reorganizao, Capacidade Profissional e Polcia Comunitria na PM da Bahia.Salvador: Escola de Administrao da UFBA, 1999. FURTADO, Vasco.Tecnologia e Gesto da Informao na Segurana Publica. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.250 p. GIGLIOTTI, Richard; JACSON, Ronal. Emergency planning for maximum protection. American Society for Industrial Security Asis, 1991. GIL, Antnio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. So Paulo: Atlas, 2002. GOMES, Luis Flvio. Crime organizado: enfoque criminolgicos e poltico-criminal. 2 ed. So Paulo: Rt, 1997. GUINALZ, Ricardo do Donizete. Principio da proporcionalidade e o Processo Penal. Dissertao de Mestrado em Direto Processual Penal, Faculdade de direito da Universidade de So Paulo, 2002. GUZMN, rea V.. Programa Internacional Administracin em Seguridad. Florida : CN, 1999.68p. GREENE, J. R. Administrao do trabalho policial. So Paulo: Edusp, 2002. HASSEMER, Winfriend. Segurana Pblica no Estado de Direito . Traduo de Carlos Eduardo Vasconcelos . Apud Revista Brasileira de Cincias Criminais, n. 5. Editora revista Tributrias, So Paulo, 1994. _________. Critica al derecho penal de hoy. Bogot: universidade Externado de Colmbia, 2001. _________. Limites Del estado de derecho para el combate contra la criminalid organizada. In: Revista Brasileira de Cincias Criminais, n 23, 1998, So Paulo: Rt, 29p. _________. Segurana Pblica no estado de direito. In: Revista Brasileira de Cincias Criminais, n 5, 1994, So Paulo. RT. 293p. HARVARD BUSSINESS REVIEW. So Paulo: Abril, n. 4, abr. 2003. 100p.

HARVARD BUSSINESS REVIEW. So Paulo: Maio, n. 5, maio 2003. 104p. HINTON, Derek. Criminal records book: The complete guide to the legal use of criminal records. Facts on File, 2002. JESUS, Damsio E. de. Novas questes criminais. So Paulo: Saraiva, 1993. KAHN, Tlio. Velha e nova polcia: polcia e polticas de segurana pblica no Brasil atual. So Paulo: Sicurezza 2002. KANT DE LIMA, Roberto. Carnavais, malandros e heris: o dilema brasileiro do espao pblico. In: Laura Graziela F.F> et al. (Orgs.) O Brasil no para principiantes: carnavais, malandros e heris 20 anos depois. Rio de Janeiro: Fundao Getulio Vargas, !989. LEAL, Csar Barros; JNIOR, Heitor Piedade. A Violncia Multifacetada. Belo Horizonte: Del Rey, 2003.437 p. LEAL, Raimundo. Estrutura de Monografia Escolar. In: Guia de Orientao de Trabalhos Cientficos. Salvador: 2002, CD-ROOM. LIMA, Renato Srgio de. Criminalidade urbana: conflitos sociais e criminalidade urbana Uma anlise dos homicdios cometidos no municpio de So Paulo. So Paulo: Sicurezza, 2002. LIMA, Roberto Kant. A Polcia da Cidade do Rio de Janeiro. Seus Dilemas e Paradoxos. Rio de Janeiro, Editora Forense, 1995. ______. "Polcia e excluso na cultura judiciria". Tempo Social. So Paulo. Revista de Sociologia da USP, v.9, n 1, 1997. LOPEZ-REY, Manuel. Crime - ed. Artenova, trad. 1973. MANHEIM Hermann. Criminologia Comprada. Vol. I Lisboa: Gulbenkian, 1998. MATALLO JR, H.; POZZEBOO, A. A Problemtica do Conhecimento. In: Construindo o Saber. Org. por Carvalho, M.C.M. So Paulo: Papirus, 2002.

MELO, Antonio Jorge F & PITANGA BASTOS, Francisco Jos. O sistema de defesa social brasileiro. Uma viso crtica. MINGARDI =, Guaracy. O estado e o crime organizado. So Paulo: IBCCrim, 1998. MIR, Lus. Guerra Civil: estado e trauma. So Paulo: Gerao Editorial, 2004. MIRA Y LPES, Emlio. Manual de psicologia Jurdica. Campinas SP: LZN, 2005. MONET, J. C. Polcias e sociedades na europa. So Paulo: Edusp, 2001. MORAES, Bismael B.. Segurana Pblica e Direitos Individuais. So Paulo: Juarez de Oliveira, 2000. 84 p. MORAIS, Regis de, O que Violncia Urbana. So Paulo: Brasiliense, 1981. MORAES, Bismael Batista. Direito e polcia: uma introduo polcia judiciria. So Paulo: Revista dos Tribunais, 1986. MUNIZ, Jacqueline e PROENA JNIOR, Domcio. A Crise Desnecessria. Coluna Opinio, Jornal O Globo; 26/07/97a. _______. Administrao Estratgica da Ordem Pblica. Lei e Liberdade. Comunicaes do Iser. Rio de Janeiro, 1997b. NELSON, Ana Tereza Lemos. Padres e limites para o uso da fora. 2001 NETO, Theodomiro Dias. Policiamento Comunitrio e Controle Sobre a Polcia: A Experincia Norte Americana. Rio de Janeiro : Lumens Juris, 2003. NUNES, Luiz Antnio Rizzatto. Manual da monografia jurdica: Como se faz uma monografia, uma dissertao, uma tese. 4. ed. rev., ampl. e atual. So Paulo: Saraiva, 2002. OLIVEIRA FILHO, J. de. Do Conceito da Ordem Pblica, Curso de Doutorado. Direito Internacional Privado, Faculdade de Direito de So Paulo, 1934. OLIVEIRA, Miguel Darcy de. Voc e a Violncia.Rio de Janeiro: Sintra, 1984. 94p. OLIVEIRA, Nilson Vieira. Insegurana Pblica. So Paulo: Nova Alexandria, 2002.247p.

PAIXO, Antonio Luiz. O problema da polcia. In: Violncia e participao poltica no Rio de Janeiro. IUPERJ (Srie Estudos, 91), agosto de 1995, p. 11. ________. " A Organizao policial em uma rea metropolitana". Dados. Rio de Janeiro. Revista de Cincias Sociais, v.25, n 1, 1982. PELLEGRINI, Angiolo; COSTA JR., Paulo Jos. Criminalidade organizada. So Paulo: Jurdica Brasileira, 1999. PINHEIRO,Paulo Srgio, ALMEIDA, Guilherme Assis de. Violncia Urbana. So Paulo: Publifolha, 2003. Poltica Pblica de Justia Criminal e Segurana Pblica. Niteri: EdUFF Instituto de Segurana Pblica, 2003.228p. Projeto Activa. Organizao Panamericana da Sade (OPAS)/Universidade Federal da Bahia (UFBA)/Universidade do Estado da Bahia (UNEB), p.47-57, 1997. RIBEIRO, L. Criminologia. Rio de Janeiro: Sul Americana, 1957, v.2. RICCI, Sophia. Estatuto do Desarmamento: Estamos mais seguros?.So Paulo: Escala.159p. SABADELL, Ana Lucia. Manual de Sociologia Jurdica: Introduo a uma Leitura externa do Direito. 2 ed. So Paulo: Revistas dos Tribunais, 2002. SALDANHA, Nelson. Ordem Poltica. Direito e Estado, in Revista de Informao Legislativa 113, Braslia, Ano 29 jan mar. 1992. SAMPSON, Fraser.Blackstones police manual: crime 2001. 2000. SANTOS, Reginaldo Souza. A Administrao Poltica como Campo do Conhecimento. So Paulo Salvador:Mandacaru, 2004. 183p. SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficcia dos Direitos Fundamentais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1998. p. 48.

SILVA, Jorge da. "Militarizao da Segurana Pblica e a Reforma da Polcia: um depoimento", pp: 497-519. In: BUSTAMANTE, Ricardo e SODR, Paulo Csar. Ensaios Jurdicos: O Direito em Revista. Rio de Janeiro. IBAJ, 1996. SILVA, Jorge. Segurana Pblica e Polcia: Criminologia Crtica Aplicada.Rio de Janeiro: Forense, 2003.624 p. SOUZA, Celina. Governo e governana. In: ONG: sua funo social, vol 1. so Paulo: CEMPEC, 1997. ____________. Porque mudam as formas de gesto pblica? In: Gesto Pblica: trajetria da funo administrao no Estado da Bahia. In: Cadernos da Fundao Luiz Eduardo Magalhes, salvador: FLEM, 2003. SKOLNICK, Jerome H; BAYLER David H. Policiamento Comunitrio. So Paulo: Universidade de So Paulo, 2002. SOUZA, Paulo Vinicius Sporleder. A Criminalidade Gentica. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2001. SOUZA, Wanderley Mascarenhas de. Gerenciando Crise em Segurana. So Paulo: Sicurezz: Brasiliano & Associados, 2000. SPECTOR, Nelson. Manual para a Redao de Teses, Projetos de Pesquisa e Artigos Cientficos. Rio de Janeiro: Guanabara Kookan, 2001. TERRA, Nelson Freire. Segurana, Lei e Ordem. Tese de Doutorado em Direito Constitucional da Faculdade de Direito, Universidade de So Paulo, 1988. TIMM, Thomas; Grabenschrer, Lars. Segurana no Brasil. empresas, empresrios e turistas. Editora BDI, 2002. VARELLA,Drauzios. Estao Carandiru. So Paulo, Companhia de Letras, 1999. VIEIRA, Celso. Defesa Social: Estudos Jurdicos. Rio de Janeiro, Imprensa Nacional. 1920. VIEIRA, Patrcia Ribeiro Serra. A Responsabilidade Civil Objetiva no Direito de Danos. Rio de Janeiro: Forense, 2004. Orientao prtica para

WACQUANT, Loc. As prises da misria. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001. ____________. A ascenso do estado penal nos EUA. In: Discursos Sediciosos: Crime, Direito e Sociedade. Rio de Janeiro: Revan, 2002. ZEIDAN, Rogrio. Ius puniendi, Estado e direito fundamentais: aspectos de legitimidades e limites da potestade punitiva.Porto Alegre: Fabris, 2002.

ABSTRACT

The present text under discussion concerns initially the contextualization of both criminal repression and prevention, in order to ensure protection or the reduction of the social costs of criminality. In this context, we incur on the new, but significant concept of the economy of crime, emphasizing the search for low crime rates and reduced social costs. We are trigging to diffuse a modern concept of crime prevention as a way of attaining a social state though public security political which reflect the real aspirations of society.

From among the criminal areas, we have cloven to treat political organized crime, focusing on its social costs and its repercussions on Police Institutions, especially in the state of Bahia. Such a choice was motivated by its unique characteristic of impunity, which has been provoking a slow but sure revolution in the dogmas and standards of society, inducing what we believe to be a state of anonymity.

For the characterization and contextualization of this matter, we proceed with our analysis in four phases.

The fist focuses on the current criminal conjunction of Brazil, its social repercussion, foundation and common law acceptance of legal dogma. The second in a specific branch of organized crime: political crime and its unfolding in current society and the acceptance of judicial judgment. The Third, analyzing the social and financial costs of the product of political crime, public security political, popular aspirations and the repression and prevention of crime in force.

In the last stage, we will analyze, by the scales of criminal justice, the cost/ benefit relation of the state administration in the social context the efficiency and effectiveness of its public security political, the disorganized use and mismanagement of same, its harmful consequences for the social state, leaving to the reader, through the present arguments, the conclusion of what would be authentic Public Security Political.