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Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão Região Sul 1 ARTICULANDO ATIVIDADES INTERDISPLINARES DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO POR MEIO DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: A DEMOCRATIZAÇÃO DE SABERES EM CONTEXTO DE COMUNIDADES RURAIS. Renata Orlandi (Universidade Federal da Fronteira Sul [email protected]) Emerson Martins (Universidade Federal da Fronteira Sul- [email protected]) Cristiane Quadros (Universidade Federal da Fronteira Sul [email protected]) Eixo temático: Teoria e Prática da Interdisciplinaridade 1. Resumo Os meios de comunicação, na contemporaneidade, são decisivos, crítica e acriticamente, nos processos de formação de opinião, bem como no imaginário popular e no processo de subjetivação. De acordo com Vygotsky, a aprendizagem está atrelada ao processo de constituição do sujeito, sendo um “aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas” (1984, p. 101). Não obstante, no plano da cultura, os sujeitos estão em constantes processos de recriação e re-interpretação de informações, conceitos e significados. Ao tomar posse do patrimônio cultural engendrado ao longo da história da humanidade, o indivíduo o torna seu, passando a empregá-lo como ferramenta pessoal de pensamento e ação no mundo (VYGOTSKI, 1993). O objetivo do presente trabalho fundamenta-se na verificação de que a região do sudoeste paranaense não dispõe de meios de veiculação/divulgação científico-acadêmicos. A partir disto, implantamos, junto aos meios de comunicação local (rádio, jornais e pela criação de um blog), a divulgação de conhecimentos acadêmicos, buscando contemplar uma linguagem acessível e não redutora para toda a população, destacando dados pertinentes ao cotidiano, promovendo-se assim o diálogo entre a comunidade acadêmica e a externa. Entende-se que a promoção do direito ao acesso e compreensão dos avanços produzidos e/ou ensinados, por meios de comunicação externos à Universidade, colabora nos processos de constituição do senso crítico e reflexivo. A escrita das notícias tem buscado a interdisciplinaridade dos temas, destacando suas dimensões técnicas, políticas, sociais, culturais, históricas, econômicas, educativas e subjetivas, em sua interface com os projetos de ensino, pesquisa e extensão do campus Realeza, na Universidade Federal da Fronteira Sula, no que concerne aos campos epistemológico-pedagógicos da Psicologia, Sociologia, Língua

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Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino,

na Pesquisa e na Extensão – Região Sul

1

ARTICULANDO ATIVIDADES INTERDISPLINARES DE ENSINO, PESQUISA E

EXTENSÃO POR MEIO DA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: A DEMOCRATIZAÇÃO

DE SABERES EM CONTEXTO DE COMUNIDADES RURAIS.

Renata Orlandi (Universidade Federal da Fronteira Sul – [email protected])

Emerson Martins (Universidade Federal da Fronteira Sul- [email protected])

Cristiane Quadros (Universidade Federal da Fronteira Sul – [email protected])

Eixo temático: Teoria e Prática da Interdisciplinaridade

1. Resumo

Os meios de comunicação, na contemporaneidade, são decisivos, crítica e acriticamente, nos processos de

formação de opinião, bem como no imaginário popular e no processo de subjetivação. De acordo com

Vygotsky, a aprendizagem está atrelada ao processo de constituição do sujeito, sendo um “aspecto

necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas

e especificamente humanas” (1984, p. 101). Não obstante, no plano da cultura, os sujeitos estão em

constantes processos de recriação e re-interpretação de informações, conceitos e significados. Ao tomar

posse do patrimônio cultural engendrado ao longo da história da humanidade, o indivíduo o torna seu,

passando a empregá-lo como ferramenta pessoal de pensamento e ação no mundo (VYGOTSKI, 1993). O

objetivo do presente trabalho fundamenta-se na verificação de que a região do sudoeste paranaense não

dispõe de meios de veiculação/divulgação científico-acadêmicos. A partir disto, implantamos, junto aos

meios de comunicação local (rádio, jornais e pela criação de um blog), a divulgação de conhecimentos

acadêmicos, buscando contemplar uma linguagem acessível e não redutora para toda a população,

destacando dados pertinentes ao cotidiano, promovendo-se assim o diálogo entre a comunidade acadêmica e

a externa. Entende-se que a promoção do direito ao acesso e compreensão dos avanços produzidos e/ou

ensinados, por meios de comunicação externos à Universidade, colabora nos processos de constituição do

senso crítico e reflexivo. A escrita das notícias tem buscado a interdisciplinaridade dos temas, destacando

suas dimensões técnicas, políticas, sociais, culturais, históricas, econômicas, educativas e subjetivas, em sua

interface com os projetos de ensino, pesquisa e extensão do campus Realeza, na Universidade Federal da

Fronteira Sula, no que concerne aos campos epistemológico-pedagógicos da Psicologia, Sociologia, Língua

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e Literatura, Ensino de Ciências, Saúde e Nutrição. Os avanços científicos e a interface entre o seu acesso e

sua dimensão ético-política da convivência em sociedade tornam necessário que aqueles avanços sejam

compartilhados, assimilados e debatidos pelos sujeitos. Nesse contexto, torna-se mister o delineamento de

estratégias voltadas para a divulgação do conhecimento científico, na medida em que se configura como um

processo de inclusão social, emancipação e promoção de cidadania, ao se considerar seu potencial no

favorecimento da consciência crítica e reflexiva por meio do acesso a tais saberes.

Introdução

O nosso país tem uma história pouco conhecida sobre as atividades de divulgação científica, mas sa-

be-se que ao longo dos séculos, a disseminação de tais conhecimentos respondeu a motivações e interesses

diversificados (MOREIRA E MASSARANI, 2002). Para Machado e Sandrini (2013), grosso modo, a divul-

gação científica destina-se a popularizar as informações advindas das mais diversas áreas e tem o compro-

misso de apresentar os conceitos e efeitos científicos ao público leigo, possibilitando um elo entre comuni-

dade científica e senso comum. Neste sentido, cabe dizer que a divulgação científica, além de promover o

acesso à informação de forma ética e consciente, também exerce a função de promover a cidadania, pois a

cultura acadêmica de uma sociedade também é requisito básico para o exercício da democracia.

Candotti (2002) amplia o olhar sobre a importância e a responsabilidade a cerca da temática e afirma

que “[...] a divulgação das pesquisas científicas para o público, quando possível, deveria ser vista como parte

das responsabilidades do pesquisador, de modo semelhante à publicação de suas pesquisas em revistas

especializadas. [...]” (p.15). Este ponto de vista apresentado pelo autor nos confere condições de defender a

divulgação científica como um importante mecanismo de construção de uma educação popular de fato

transformadora, para entender e transformar a sociedade, para torná-la mais justa e igualitária.

Na esfera da formação de professores, tal projeto tem atuado tanto no processo de constituição da

identidade docente dos licenciandos envolvidos nas atividades de ensino e extensão vinculadas ao mesmo,

assim como subsidiado ações voltadas para a capacitação de docente no campo da disseminação do

conhecimento científico, sendo o próprio material aqui produzido passível de ser empregado com fins

didáticos. Por este motivo, percebe-se uma demanda no sentido de instaurar um meio para a divulgação de

conhecimentos científicos, de forma acessível para toda a população, com dados pertinentes ao dia a dia,

promovendo o diálogo entre a comunidade acadêmica e a externa, com vistas à promoção do direito ao

acesso e compreensão dos avanços produzidos na instituição. Vale ressaltar, que assim como os conteúdos

científicos divulgados ao público em geral, também está sendo possível através do desenvolvimento do

projeto, maior envolvimento dos acadêmicos dos cursos de Licenciatura em Ciências, Biologia, Física,

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Química e Letras do noturno, desmistificando a ideia de que por serem trabalhadores no diurno, os mesmos

não podem fazer parte do processo de formação para a pesquisa ou a extensão. O presente projeto tem

possibilitado a participação de acadêmicos em horários flexíveis e articulados às atividades de aprendizagem

em desenvolvimento nos componentes curriculares nos quais estarão matriculados, ministrados por

professores colaboradores no projeto. Nesse sentido, delineou-se como objetivo geral do projeto: Divulgar

os conhecimentos científicos produzidos na Universidade Federal da Fronteira Sul (Campus de Realeza),

por meio de comunicação de massa, à mesorregião do sudoeste paranaense, visando colaborar nos processos

de constituição do senso crítico e reflexivo.

Desenvolvimento

A Universidade Federal da Fronteira Sul tem como uma de suas pretensões “estabelecer

dispositivos de combate às desigualdades sociais e regionais, incluindo condições de acesso e permanência

no ensino superior, especialmente da população mais excluída do campo e da cidade” e atuar como uma

instituição popular, democrática, de qualidade e pública (BRASIL, 2012). Para tanto, faz-se necessário o

fortalecimento do diálogo entre docentes, discentes, técnicos administrativos e a comunidade em geral. No

contexto deste projeto, considera-se a Universidade como um palco de negociações de sentidos entre

diversos atores, os quais atuam nos três pilares que a sustentam: o ensino, a pesquisa e a extensão.

Nesse sentido, entendemos que o ensino universitário deve contemplar e problematizar as fronteiras

entre “diferentes” modalidades de conhecimentos (acadêmico, popular, artístico, técnico, científico, literário,

estético e outros), com vistas à promoção do engajamento político dos atores presentes na cena institucional,

de modo que a Universidade, em lugar de tornar-se especializada na formação de pessoas voltadas para a

manutenção da sociedade como está, torne-se, ao contrário, uma ferramenta dinâmica para uma sociedade

em movimento e que se vislumbre e se (re)produza melhor.

A obra de Vygotski (1984) tem como uma de suas marcas a preocupação com questões

educacionais e foi eleita como o norte teórico do presente projeto. A relação entre os processos de

desenvolvimento e de aprendizagem é central no pensamento deste autor. Face à importância que o autor

atribui à dimensão histórico-cultural na constituição do psiquismo, destaca-se o processo de aprendizagem

humana. Segundo Vygotsky, a aprendizagem diz respeito ao processo de constituição do sujeito, sendo um

“aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente

organizadas e especificamente humanas” (VYGOTSKI, 1984, p. 101). A aprendizagem diz respeito à relação

entre as pessoas. Nesse caso, o outro é quem fornece os significados que possibilitam pensar o mundo, bem

como o contato com a produção cultural acumulada pelos homens ao longo de sua história.

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Os sujeitos no plano da cultura estão em constantes processos de recriação e re-interpretação de

informações, conceitos e significados. Ao tomar posse do material cultural, o indivíduo o torna seu,

passando a utilizá-lo como instrumento pessoal de pensamento e ação no mundo (VYGOTSKI, 1993). Este

processo de apropriação (“internalização”) dos bens culturais que corresponde à própria formação da

consciência é também um processo de constituição da subjetividade, a partir das situações de inter-

subjetividade. A passagem do nível “inter-psicológico” para o “intra-psicológico” envolve relações inter-

pessoais densas, mediadas simbolicamente e não trocas mecânicas limitadas a um patamar meramente

intelectual. Envolve também a produção de sujeitos absolutamente únicos, com trajetórias pessoais

singulares e experiências particulares em sua relação com o mundo e, fundamentalmente, com as outras

pessoas (VYGOTSKI,1984; VYGOTSKI, 1993).

Na atualidade, o fluxo de informações é muito grande e a cada momento dão-se novos avanços

científicos, todavia, a própria constituição dos sujeitos na contemporaneidade torna necessário que aqueles

avanços sejam compartilhados, assimilados e debatidos pela sociedade. Não obstante, Massarani (2005)

afirma que na América Latina não são desenvolvidas estratégias voltadas para o debate acadêmico com a

comunidade em geral. Destaca-se a gravidade dessa questão na medida em que a ciência e a tecnologia

incidem na cotidianidade dos sujeitos e geram repercussões em todos os âmbitos. Nesse sentido, o

comprometimento do acesso a tais conhecimentos atua como um obstáculo no processo de formação da

consciência crítica, o que, por sua vez, faz com que os sujeitos sejam excluídos “do processo decisório em

questões que tem impacto na vida cotidiana” (MASSARANI, 2005, p.1).

Segundo Camargo, Barbará e Bertoldo, a “divulgação não pode ser entendida como contribuição

para reduzir a ignorância dos cidadãos, mas um caminho para entender o que ele pensa a respeito de ciência

e quais dificuldades têm de avaliar os riscos e valores da vida cotidiana” (2008, p.1). Estes mesmos autores

afirmam que “o indivíduo que tem este entendimento desenvolve uma atitude científica frente ao mundo,

sendo capaz de interpretar os resultados científicos com base em evidências e poderá nortear seus

julgamentos” (2008, p.2). Esta perspectiva nos coloca frente a constatação de que o acesso é primordial na

construção da própria ciência, vislumbrando sua dimensão pedagógica. Neste contexto a “[...] a divulgação

científica consiste no resultado de uma atividade discursiva que se desenvolve em condições de produção

inteiramente diferentes daquelas em que o conhecimento científico é produzido pelos cientistas.”

(NASCIMENTO, 2010, p. 5)

Ao abordar o caráter educacional da transmissão do conhecimento acadêmico, Chassot (2003)

menciona a importância da alfabetização científica, definindo-a como o acesso a uma linguagem que torna

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possível uma forma específica de leitura do universo. Conforme Caruso (2003) e Mendonça (2010), a

divulgação científica favorece a promoção da cidadania e a formação do senso crítico dos sujeitos que tem

acesso aos saberes e fazeres engendrados pela ciência. São Tiago (2010) ressalta que a educação científica

transcende a disseminação de conhecimentos científicos prontos e acabados, visando, por sua vez, a

problematização dos caminhos produzidos pelos cientistas nos processos de produção desses saberes, das

contradições e controvérsias vivenciadas no cenário acadêmico, do momento histórico, pressões sociais e

interesses que possibilitaram tais avanços, dos fatores que compõem o fazer científico.

O aporte teórico das representações sociais (MOSCOVICI, 1978) tem subsidiado importantes

estudos voltados à investigação da divulgação científica pelos meios de comunicação. Analisando

historicamente a divulgação do conhecimento científico, Camargo, Barbará e Bertoldo (2008) verificam a

atuação tendenciosa da imprensa brasileira, na medida em que tais mídias limitavam-se à publicação

somente do que era conveniente aos cientistas e aos interesses de classe, e, gradativamente, passou-se a

refletir, também, a intensidade dos problemas sociais implícitos nessa atividade.

Atualmente, a divulgação científica tem sido pensada em sua dimensão educacional estratégica,

fomentando o diálogo entre o saberes produzidos no meio acadêmico e os compartilhados nos contextos

escolares e nas relações cotidianas que transcendem as situações formais de educação e produção do

conhecimento (CAMARGO, BARBARA e BERTOLDO, 2008). No que se refere à atuação dos meios de

comunicação na divulgação científica, conforme Medeiros (2010), esses são determinantes das

representações sociais da ciência e de suas aplicações.

O primeiro jornal impresso no Brasil foi a Gazeta que foi fundada no dia 10 de Setembro de 1808,

no Rio de Janeiro. Ela foi criada por Dom João VI e era voltada para os interesses da Coroa, e também para

a vida cortesã. Um dos seus objetivos era divulgar atos governamentais, ou seja, atos políticos sendo

encontrados e divulgados em todos os meios de transmissão de informações.

O rádio é um meio de comunicação que envolve o processo de imaginação. Segundo Chagas et al.

2010 o rádio é até hoje um meio de comunicação de massa com grande abrangência e desenvolve uma

cumplicidade com o ouvinte. A primeira emissora de rádio do Brasil foi fundada pela Academia Brasileira

de Ciências por volta de 1923, tendo como fundador o cientista e educador Edgar Roquete Pinto, uma de

suas frases na época que ficaram para a história de nosso rádio é que “o rádio é a escola dos que não têm

escola”, pois o propósito foi utilizá-la para a educação popular (CHAGAS et al. 2010). Esta influência de

divulgações atribuiu-se ao surgimento do movimento higienista que nasce neste período juntamente com o

liberalismo. Esse movimento se voltava para o “cuidado” (domínio) da população (sobretudo famílias de

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baixa renda) ensinando (impondo) novos hábitos. O rádio, por ser um meio de fácil acesso e baseado na

oralidade, torna-se um instrumento dinamizador de desenvolvimento das práticas educomunicativas quando

inserido nos espaços educativos com uma proposta definida e centrada para esse fim, contudo, não se pode

perder de vista os processos de opressão e dominação veiculados pelas ondas radiofônicas, cabendo-nos a

promoção da emancipação e da reflexividade não perdendo de vista o resgate e a valorização dos saberes

populares.

Portanto os meios de comunicação selecionados para este projeto (programa de rádio, jornal

impresso e blog) procuraram ser complementares e com capacidade de abranger públicos distintos e com

demandas diferenciadas. Por exemplo, no caso dos surdos, é possível que este tenha acesso aos

conhecimentos divulgados por meio do blog e da mídia impressa.

O fluxo de informações é muito grande e a cada momento dão-se novos avanços científicos,

tornando-se necessário que aqueles avanços sejam compartilhados e assimilados pela sociedade. Nesse

sentido, torna-se mister o delineamento de estratégias, tal como a aqui apresentada, voltadas para

compartilhamento do conhecimento científico, na medida em que esse configure-se como um processo de

inclusão social, emancipação e promoção de cidadania.

Massarani (2005) denuncia que em nosso continente uma das barreiras no processo de divulgação

dos saberes científicos é a tradição autoritária e excludente que também circula na comunidade acadêmica e

que engendra a perspectiva de que para opinar e influenciar em decisões políticas de maior calibre torna-se

condição um alto grau de educação científica formal. Ao contrário, na proposta do presente projeto,

considera-se que é em meio às contradições e pelo debate, pela tolerância, bem como, pelo respeito e pela

valorização da trajetória cultural e política de todos/as que é constituído um espaço de produção e

compartilhamento do conhecimento. No que diz respeito ao compromisso social da UFFS nesse cenário,

considera-se que é em meio as subjetividades, saberes e fazeres plurais, que se torna possível a realização do

projeto de uma Universidade comprometida com a transformação social e a divulgação do conhecimento

produzido nessa instituição, imprimindo seus valores como direitos da população e de suas demandas.

Visando colaborar no processo de disseminação do conhecimento científico produzido e ensinado no

contexto da Universidade Federal da Fronteira Sul, a execução do projeto será didaticamente ilustrada a

partir das seguintes etapas para seu desenvolvimento:

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Etapa 1. Realização de reuniões entre os professores colaboradores de modo a articular sobre temas

para a estruturação de notícias, estas escritas pelos colaboradores inicialmente para alimentação das colunas

jornalisticas.

Etapa 2. Aplicação das atividades de ensino propriamente ditas voltadas para a execução do projeto

em sala de aula, incluindo estas atividades no plano de ensino dos docentes colaboradores, levantando

notícias de divulgação científica para serem disponibilizadas na rádio, jornal e blog vinculados ao projeto.

Etapa 3. Os textos são organizados, revisados e formatados para serem publicados e gravados.

Etapa 4. Início da realização das transmissões e publicações do material produzido.

Etapa 5. Os conhecimentos disseminados, através dos programas e dos produtos jornalísticos, farão

parte do cotidiano dos professores e estudantes da rede pública de modo que possa repercutir nas práticas em

sala de aula na realização de oficinas de divulgação científica.

Etapa 6- Além da participação em eventos científicos, redação de trabalhos acadêmicos de

divulgação científica, e a construção do relatório de extensão conforme as atividades realizadas

semestralmente.

As informações e textos coletadas entre os colaboradores do projeto, com temas variados definidos

pelos mesmos estão sendo divulgados em alguns jornais impressos da região, após coletarmos um acervo

considerável de textos, estes serão transmitidos em uma rádio e também terá uma página na internet.

Inicialmente, cabe as bolsistas levantar junto à comunidade acadêmica e externa os temas pertinentes ligados

aos saberes cotidianos e curiosidades dentro do campo do conhecimento científico, detectando pautas de

interesse do grupo, cujas problematizações científicas possam tornar-se significativas para esta população.

Nesta perspectiva evidencia-se que “[...] As atividades de divulgação científica se situam na perspectiva de

difusão de conhecimentos, de partilha de saberes, e para além de mero caráter informativo, representam a

possibilidade de corroborar para a educação” (SOUSA, 2009, p. 53)

Ao longo do semestre letivo, os acadêmicos dos Cursos de Licenciatura em Ciências, Biologia,

Física, Química e Letras, além do Curso Bacharel em Nutrição, ocuparam-se do levantamento de

conhecimentos científicos a partir da mediação dos professores colaboradores do projeto em componentes

curriculares ministrados pelos mesmos, configurando-se como uma das atividades de aprendizagem e

avaliação previstas em seus planos de ensino. A proposta articulada entre os professores colaboradores do

projeto e os acadêmicos foi pautada pela busca de fontes e referências seguras que posteriormente foram

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disponibilizadas pelos colaboradores do projeto, para que os acadêmicos pudessem ter subsídios na

construção das notícias e programas a serem escritos, gravados e transmitidos.

Quanto à mídia impressa, alguns jornais regionais disponibilizaram uma coluna semanal com esse

fim. Iniciou-se as publicações em apenas um jornal da região, e agora mais de sete jornais fazem

transmissões semanais das notícias de cunho científico construídas no decorrer do projeto. Duas rádios já

confirmaram um espaço destinado às transmissões radiofônicas que terão início em outubro de 2013. As

notícias são elaboradas de maneira cautelosa visando a preservação da complexidade dos conceitos

abordados por meio de uma redação de fácil compreensão (vocabulário acessível, exposição didática, uso de

entrevistas com especialistas e destaque de fenômenos cotidianos com explicações científicas, buscando

despertar a curiosidade do leitor/ouvinte). Esse movimento, em processo, é interessante uma vez que se

entende que “[...] A divulgação científica compreende a “[…] utilização de recursos, técnicas, processos e

produtos (veículos ou canais) para a veiculação de informações científicas, tecnológicas ou associadas a

inovações ao público leigo” (BUENO, 2009, p.162).

Os textos jornalísticos e as gravações serão realizadas e enviadas à rádio com a colaboração dos

jornalistas do campus. Caberá também a esses, aos estudantes e aos professores colaboradores a atualização

do blog produzido ao longo do projeto, assim como a resposta aos contatos feitos pelos ouvintes. Serão

produzidos dois programas semanais que serão transmitidos de segunda a sexta-feira. Na mídia impressa

será divulgada uma coluna jornalística semanal e no blog serão disponibilizadas todas as notícias

disseminadas pelo rádio e pelo blog com maiores detalhes e com as devidas fontes, assim como links para

maior aprofundamento.

Os programas de rádio serão então gravados pelos integrantes do projeto e terão uma duração

máxima de dois minutos, nos quais serão abordados temas relacionados ao cotidiano da comunidade local e

que tenham relação com as atividades de ensino, pesquisa e extensão universitária desenvolvidos no Campus

de Realeza. Ao longo dos programas, o narrador(a) destacará os procedimentos científicos de produção

desses saberes, os quais possibilitam a construção de narrativas explicativas dos fenômenos investigados.

As produções não obedecerão a uma única estrutura. De acordo com o tema a ser tratado, estarão

organizados em forma de diálogo, redação, dramatização, dentre outras formas de expressão, buscando

problematizar de maneira parcimoniosa conceitos presentes no cotidiano do ouvinte/leitor. Essas

informações serão transmitidas à comunidade pela rádio local AM, que é um meio de comunicação muito

utilizado nessa região. Primeiramente, a difusão será realizada na cidade sede do campus – Realeza,

posteriormente, buscar-se-á expandir o projeto, se possível, em outros municípios do sudoeste paranaense.

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A colaboração destes veículo de comunicação já está acordada e ocorre por meio da disponibilização

de “espaço”, de forma gratuita, para que os programas produzidos pelos executores dessa atividade de

extensão sejam transmitidos ao público alvo. A freqüência da divulgação desses textos será cinco vezes ao

dia, de segunda a sexta-feira, sendo um dia destinado especificamente para expor atividades desenvolvidas

pela universidade, de modo que o direito à informação seja garantido à comunidade na qual o campus de

Realeza está inserido.

Serão disponibilizados diversos meios de comunicação, visando o estabelecimento do diálogo entre

os executores desse projeto e os ouvintes do programa de rádio a ser veiculado, tais como: telefone, e-mail e

blog. Nestes, os ouvintes poderão ter acesso a mais informações, bem como manifestar questionamentos,

críticas, sugestões e proposições de pautas. Inclusive, estas participações contribuirão para a avaliação do

projeto e os possíveis ajustes e mudanças nos procedimentos voltados para o cumprimento dos nossos

objetivos com esta extensão.

Considerações Finais

A UFFS tem entre suas pretensões o estabelecimento de “dispositivos de combate às desigualdades

sociais e regionais, incluindo condições de acesso e permanência no ensino superior, especialmente da

população mais excluída do campo e da cidade” e a atuação como uma instituição popular, democrática, de

qualidade e pública (BRASIL, 2012). Para tanto, faz-se necessário o fortalecimento do diálogo entre

docentes, discentes, técnicos administrativos e a comunidade em geral. No contexto deste projeto,

considera-se a Universidade como um palco de negociações de sentidos entre diversos atores, os quais

atuam nos três pilares que a sustentam: o ensino, a pesquisa e a extensão.

Na contemporaneidade, os meios de comunicação atuam sobremaneira nos processos de formação de

opinião, bem como no imaginário popular. Em sua dimensão política, “a divulgação da ciência é

instrumento necessário para consolidar a democracia e evitar que o conhecimento seja sinônimo de poder e

dominação” (CAMARGO, BARBARÁ e BERTOLDO, 2008, p.1). Nesse sentido, torna-se mister o

delineamento de estratégias voltadas para compartilhamento do conhecimento científico, na medida em que

esse configura-se como um processo de inclusão social, emancipação e promoção de cidadania, haja vista o

favorecimento da consciência crítica e reflexiva dos sujeitos por meio do acesso a tais saberes.

Entretanto, são raras as iniciativas eticamente voltadas para a emancipação dos sujeitos, formação

crítica e a promoção de cidadania, sobretudo, no campo da disseminação do conhecimento científico. A

região do sudoeste paranaense, na qual se insere o Campus de Realeza, da Universidade Federal da Fronteira

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Sul, por sua vez, até o momento, não dispunha até o início deste projeto, de um meio de veiculação de

informações de cunho acadêmico. Entende-se que um veículo de informações que contribua para o

enriquecimento cultural e científico de forma ética e consciente é fundamentalmente capaz de contribuir no

sentido da formação popular e da transformação local. A dedicação à divulgação da ciência como área

comum do cientista, do escritor, do docente e das instituições é materializada na ação de pessoas

preocupadas com a educação popular.

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