art. 71 da lei 8.666 - responsabilidade da adm

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Responsabilidade de Adm

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  • Parecer

    Importante!

    O parecer do Advogado-Geral da Unio quando aprovado pelo Presidente da Repblica e publicado juntamente com o despacho presidencial adquire carter normativo e vinculatodos os rgos e entidades da Administrao Federal, que ficam obrigados a lhe dar fiel cumprimento. O parecer no publicado no Dirio Oficial da Unio obriga apenas asreparties interessadas e os rgos jurdicos da AGU ou a esta vinculados, a partir do momento em que dele tenham cincia.

    ADVOCACIA-GERAL DA UNIO

    PROCESSOS NS 00552.001601/2004-2500405.001152/99-9000404.004214/2006-14Interessados:Ministrio da Previdncia Social - MPSCentro Federal de Educao Tecnolgica de Santa Catarina - CEFET/SCMinistrio da Defesa - Comando do ExrcitoMinistrio da Fazenda - MFAssunto: Contribuies previdencirias. Contrato administrativo. Definio da responsabilidade tributria da contratante (Administrao Pblica) e do contratado(empregador) pelas contribuies previdencirias relativas aos empregados deste. Lei n 8.666/93, art. 71. Obras pblicas. Contratao da construo, reforma ouacrscimo (Lei n 8.212/91, art. 30, VI) ou servio executado mediante cesso de mo-de-obra (Lei n 8.212/91, art 31). Distino. Lei n 9.711/98. Reteno.

    (*) Parecer n AC - 055

    Adoto, nos termos do Despacho do Consultor-Geral da Unio n 996/2006, para os fins do art. 41 da Lei Complementar n 73, de 10 de fevereiro de 1993, o anexoPARECER N AGU/MS-08/2006, da lavra do Consultor da Unio, Dr. MARCELO DE SIQUEIRA FREITAS, e submeto-o ao EXCELENTSSIMO SENHORPRESIDENTE DA REPBLICA, para os efeitos do art. 40, 1, da referida Lei Complementar.

    Braslia, 17 de novembro de 2006.

    ALVARO AUGUSTO RIBEIRO COSTAAdvogado-Geral da Unio

    (*) A respeito deste Parecer o Excelentssimo Senhor Presidente da Repblica exarou o seguinte despacho: -Aprovo. Em, 20-XI-2006-.

    Despacho do Consultor-Geral da Unio n 996/2006

    PROCESSOS N 00552.001601/2004-25, 00405.001152/2004-25 e 00404.004214/2006-14INTERESSADOS Ministrio da Previdncia Social - MPS, Centro Federal de Educao Tecnolgica de Santa Catarina - CEFET/SC, Ministrio da Defesa -Comando do Exrcito e Ministrio da FazendaASSUNTO Contribuies previdencirias. Contrato administrativo. Definio da responsabilidade tributria da contratante (Administrao Pblica) e do contratado(empregador) pelas contribuies previdencirias relativas aos empregados deste.

    Senhor Advogado-Geral da Unio,

    1.Cuidam os autos em referncia de casos de pendncia tributria entre a Previdncia social (INSS, hoje MPS/SR Previdenciria) e outros rgos da AdministraoFederal (Ministrio da Defesa - Comando do Exrcito; Ministrio da Fazenda - DRF/BH e Centro Federal de Educao Tecnolgica de Santa Catarina - CEFET/SC)devida em virtude de contratos de construo, ou de servio executado mediante cesso de mo e obra. Sendo semelhantes os casos foram reunidos para exameconjunto.2.O Parecer AGU/MS 08/2006 analisa cada uma das espcies e a legislao pertinente - esta inclusive pelo perfil histrico - concluindo, vista do art. 71 e daLei 8.666/93 e arts. 30, VI e 31 da Lei n 8.212/91 (com as diferentes redaes, bem assim a legislao previdenciria e de licitao anterior), no sentido de que nahiptese de contratao de servios para execuo de obra mediante cesso de mo de obra - art. 31, Lei 8.212/91- a responsabilidade do contratante pblico tos pela reteno (portanto obrigado tributrio, no devedor solidrio) sendo que nos contratos de obra no tem a administrao qualquer responsabilidade pelascontribuies previdencirias.3.Penso que exata a interpretao realizada pelo parecer em causa vez que reflete a melhor compreenso dos textos legais, podendo ser aprovado com os efeitosvinculantes para a administrao (art. 40, 1 da Lei Complementar 73/93) vez que contendem diferentes rgos no interior da Administrao e cabe Advocacia-Geral da Unio pacificar as controvrsias havidas.4.Observo, contudo, a despeito da convico das proposies ora submetidas apreciao, que esse entendimento recomenda redobrar os cuidados eeventualmente reiterar iniciativas junto aos tribunais trabalhistas para afastar a aplicao da Smula 331 do TST (item IV) de acordo com o qual a administrao(direta e indireta) fica responsvel subsidiariamente pelas obrigaes trabalhistas do empregador por ela contratado em caso de inadimplemento deste, o que, de suavez, implicar em responsabilidade tributria correspondente pelas contribuies previdencirias devidas - e nessa hiptese, pelo menos com respeito aos contratosde obra, sero inteiramente indevidas pela Administrao.5.Assim, ao submeter a aprovao o mencionado parecer sugiro tambm recomendar-se administrao federal direta e indireta, bem assim sua representaojudicial e consultiva, extremo cuidado e ateno para que no venham a responder solidariamente por tributos que a lei no lhes obriga. considerao.Braslia, 09 de novembro de 2006.

    MANOEL LAURO VOLKMER DE CASTILHOConsultor-Geral da Unio

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  • PARECER N. AGU/MS 08/2006PROCESSOS: 00552.001601/2004-2500405.001152/99-9000404.004214/2006-14INTERESSADOS: MINISTRIO DA PREVIDNCIA SOCIAL - MPSCENTRO FEDERAL DE EDUCAO TECNOLGICA DE SANTA CATARINA - CEFET/SCMINISTRIO DA DEFESA - COMANDO DO EXRCITOMINISTRIO DA FAZENDA - MF

    ASSUNTO: Contribuies previdencirias. Contrato administrativo. Definio da responsabilidade tributria da contratante (Administrao Pblica) e do contratado(empregador) pelas contribuies previdencirias relativas aos empregados deste. Lei n 8.666/93, art. 71. Obras pblicas. Contratao da construo, reforma ouacrscimo (Lei n 8.212/91, art. 30, VI) ou servio executado mediante cesso de mo-de-obra (Lei n 8.212/91, art. 31). Distino. Lei n 9.711/98. Reteno.

    EMENTA: PREVIDENCIRIO. ADMINISTRATIVO. CONTRATOS. OBRAS PBLICAS. CONTRIBUIES PREVIDENCIRIAS. ADMINISTRAOPBLICA. RESPONSABILIDADE SOLIDRIA E RETENO. DEFINIO.I - Desde a Lei n 5.890/73, at a edio do Decreto-Lei n 2.300/86, a Administrao Pblica respondia pelas contribuies previdencirias solidariamente com oconstrutor contratado para a execuo de obras de construo, reforma ou acrscimo de imvel, qualquer que fosse a forma da contratao.II - Da edio do Decreto-Lei n 2.300/86, at a vigncia da Lei n 9.032/95, a Administrao Pblica no respondia, nem solidariamente, pelos encargosprevidencirios devidos pelo contratado, em qualquer hiptese. Precedentes do STJ.III - A partir da Lei n 9.032/95, at 31.01.1999 (Lei n 9.711/98, art. 29), a Administrao Pblica passou a responder pelas contribuies previdenciriassolidariamente com o cedente de mo-de-obra contratado para a execuo de servios de construo civil executados mediante cesso de mo-de-obra, nos termosdo artigo 31 da Lei n 8.212/91 (Lei n 8.666/93, art. 71, 2), no sendo responsvel, porm, nos casos dos contratos referidos no artigo 30, VI da Lei n8.212/91 (contratao de construo, reforma ou acrscimo).IV - Atualmente, a Administrao Pblica no responde, nem solidariamente, pelas obrigaes para com a Seguridade Social devidas pelo construtor ousubempreiteira contratados para a realizao de obras de construo, reforma ou acrscimo, qualquer que seja a forma de contratao, desde que no envolvam acesso de mo-de-obra, ou seja, desde que a empresa construtora assuma a responsabilidade direta e total pela obra ou repasse o contrato integralmente (Lei n8.212/91, art. 30, VI e Decreto n 3.048/99, art. 220, 1 c/c Lei n 8.666/93, art. 71).V - Desde 1.02.1999 (Lei n 9.711/98, art. 29), a Administrao Pblica contratante de servios de construo civil executados mediante cesso de mo-de-obradeve reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestao de servios e recolher a importncia retida at o dia dois do ms subseqente ao daemisso da respectiva nota fiscal ou fatura, em nome da empresa contratada, cedente da mo-de-obra (Lei n 8.212/91, art. 31).

    Senhor Consultor-Geral da Unio,

    1.Trata o presente parecer de uma questo que tem gerado recorrentes divergncias jurdicas entre a Previdncia Social e outros rgos e entidades daAdministrao Pblica, os quais tm sido reiteradamente notificados pela nova Secretaria da Receita Previdenciria - SRP (Lei n 11.098/2005), e antigamente peloInstituto Nacional do Seguro Social - INSS, como responsveis solidrios pelo pagamento de contribuies previdencirias devidas por empresas contratadas pelaAdministrao para a realizao de obras pblicas. Atualmente, trs casos esto sob apreciao desta Consultoria-Geral da Unio na forma de cmaras deconciliao e arbitramento especiais destinadas a analisar controvrsias acerca desse mesmo assunto.

    2.No processo n 00552.001601/2004-25, informou o Centro Federal de Educao Tecnolgica de Santa Catarina - CEFET/SC que a entidade foi alvo dasNotificaes Fiscais de Lanamentos de Dbitos - NFLDs ns 35.651.142-1, 35.651.144-8, 35.651.145-6, 35.651.146-4, 35.651.147-2, 35.651.148-0,35.651.150-2 e 35.651.152-9. Em todas elas, exceo desta ltima, o ente pblico foi autuado na qualidade de responsvel solidrio por contribuiesprevidencirias devidas por empresas contratadas para a execuo de obras de construo, reforma ou acrscimo, na forma do artigo 30, VI da Lei n 8.212/91,que dispe:

    Lei n 8.212/91 - redao atualArt. 30. A arrecadao e o recolhimento das contribuies ou de outras importncias devidas Seguridade Social obedecem s seguintes normas: (redao dadapela Lei n 8.620/93) (...)VI - o proprietrio, o incorporador definido na Lei n 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou condmino da unidade imobiliria, qualquer que seja aforma de contratao da construo, reforma ou acrscimo, so solidrios com o construtor, e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigaes paracom a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a reteno de importncia a este devida paragarantia do cumprimento dessas obrigaes, no se aplicando, em qualquer hiptese, o benefcio de ordem; (...). (redao dada pela Lei n 9.528/97)

    3.Outrossim, em relao NFLD n 35.651.152-9, o fundamento do lanamento se referia, dentre outros assuntos, ao que prev o artigo 31 da Lei n 8.212/91,considerando a fiscalizao previdenciria ter havido, no caso, cesso de mo-de-obra para a realizao de obras de construo civil:

    Lei n 8.212/91 - redao atualArt. 31. A empresa contratante de servios executados mediante cesso de mo-de-obra, inclusive em regime de trabalho temporrio, dever reter onze por centodo valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestao de servios e recolher a importncia retida at o dia dois do ms subseqente ao da emisso da respectiva notafiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da mo-de-obra, observado o disposto no 5 do art. 33. (redao dada pela Lei n 9.711/98)

    4.Atravs da NOTA N. AGU/MS 18/2005, constituiu-se nesta Advocacia-Geral da Unio, nos termos do artigo 4, incisos X e XI da Lei Complementar n 73/93 edo artigo 11 da Medida Provisria n 2.180-35/2001, uma cmara de conciliao e arbitramento especial destinada a analisar a controvrsia acima citada entre oCEFET/SC e a Previdncia Social, tendo-se determinado a suspenso da exigibilidade desses crditos por 90 dias, a partir de 13.04.2005, prazo esse que foisucessivamente prorrogado com a aprovao das NOTAS ns AGU/MS 63/2005 e 48/2006.

    5.Por sua vez, no processo n 00405.001152/99-90, a Procuradoria-Seccional da Unio em Joaaba/SC comunicou a existncia das NFLDs ns 32.638.122-8 e32.638.123-6, ambas lanadas contra a Unio, no caso o Ministrio da Defesa - Comando do Exrcito, em razo de fatos envolvendo o seu Batalho de Engenhariae Construo de Lages/SC, objetos da execuo fiscal n 2000.72.06.000937-3 e dos embargos execuo n 2000.72.06.001528-2. Estes embargos ainda noforam sentenciados, mas neles se proferiu deciso interlocutria considerando a -decadncia do direito de constituir os crditos relativamente aos fatos geradoresocorridos anteriormente a janeiro de 1994-, a qual foi mantida pelo Tribunal Regional Federal da 4 Regio (AI n 2002.04.01.035095-8) e pelo Superior Tribunal deJustia (REsp n 639.446/SC), estando pendente de julgamento recurso extraordinrio no Supremo Tribunal Federal (RE n 496.182/SC).

    6. Segundo a NOTA N. AGU/MS 42/2005, constituiu-se igualmente uma cmara de conciliao e arbitramento especial para analisar essa questo envolvendo oComando do Exrcito e a Previdncia Social, sendo que a NFLD n 32.638.123-6 tambm trata da responsabilidade solidria da Administrao pelas contribuiesprevidencirias no pagas por empresas por ela contratadas, tendo sido capitulada no que prev o j citado artigo 31 da Lei n 8.212/91, embora em sua redaooriginal:

    Lei n 8.212/91 - redao originalArt. 31. O contratante de quaisquer servios executados mediante cesso de mo-de-obra, inclusive em regime de trabalho temporrio, responde solidariamentecom o executor pelas obrigaes decorrentes desta lei, em relao aos servios a ele prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23.

    7.Por fim, tem-se ainda conhecimento do processo n 00404.004214/2006-14, em que a Procuradoria-Geral Federal informa a existncia da NFLD n 19.427-A,

  • lanada contra o Ministrio da Fazenda - Delegacia da Receita Federal de Belo Horizonte/MG, em razo do que previa o artigo 142, 2 e 3 da Consolidao dasLeis da Previdncia Social - CLPS (Decreto n 77.077/76), reproduzindo normas constantes do artigo 79, 2 e 3 da Lei Orgnica da Previdncia Social - LOPS(Lei n 3.807/60):

    CLPSArt. 142. 2 O proprietrio, o dono da obra, ou o condmino de unidade imobiliria, qualquer que seja a forma por que haja contratado a execuo de obras deconstruo, reforma ou acrscimo de imvel, solidariamente responsvel com o construtor pelo cumprimento das obrigaes decorrentes desta Consolidao,ressalvado seu direito regressivo contra o executor ou contraente das obras e admitida a reteno de importncias a estes devidos para garantia do cumprimentodessas obrigaes, at a expedio do "Certificado de Quitao" (artigo 152, item I, letra c ).3 A empresa construtora e os proprietrios de imveis podero isentar-se da responsabilidade solidria estabelecida no 2 em relao a fatura, nota de servio,recibo ou documento equivalente que pagarem por tarefa subempreitada de obras a seu cargo, desde que faam o subempreiteiro recolher, previamente, quando dorecebimento, o valor fixado pelo INPS como contribuio previdenciria devida, inclusive com relao ao seguro de acidentes do trabalho.

    8.Ajuizada a execuo fiscal de n 90.00.03645-3 contra o Ministrio da Fazenda, esta foi extinta em razo da ausncia de personalidade jurdica prpria dessergo integrante da Unio, o que levou retificao do lanamento, que ento recebeu o n 30.150.593-4 e foi remetido anlise desta Advocacia-Geral da Unioantes de seu novo ajuizamento, em razo do envolvimento de duas entidades federais no litgio: INSS e Unio. Por esse motivo, sugeriu a PGF a constituio deuma cmara de conciliao e arbitramento especial para solucionar a controvrsia, providncia que no chegou a ser adotada em razo da possibilidade deequacionamento imediato do conflito pela eventual aprovao superior do presente parecer, nos termos que se passa a propor em seguida.

    9.Os crditos mais antigos ora em discusso se referem ao ano de 1980, quando no havia norma especfica que definisse a existncia de possibilidade, ou no, deassuno, pela Administrao Pblica, de responsabilidade pelo pagamento de encargos previdencirios devidos pelo contratado em razo da execuo doscontratos administrativos firmados entre ambos. Por outro lado, a antiga Lei Orgnica da Previdncia Social, de acordo com dispositivos nela includos pela Lei n5.890/73, assim tratava genericamente acerca da responsabilidade do dono de obra pelas dvidas previdencirias do construtor por ele contratado em relao aosempregados deste:

    Lei n 3.807/60 - LOPSArt. 79. 2 O proprietrio, o dono da obra, ou o condmino de unidade imobiliria, qualquer que seja a forma por que haja contratado a execuo de obras deconstruo, reforma ou acrscimo do imvel, solidariamente responsvel com o construtor pelo cumprimento de todas as obrigaes decorrentes desta lei,ressalvado seu direito regressivo contra o executor ou contraente das obras e admitida a reteno de importncias a estes devidas para garantia do cumprimentodessas obrigaes, at a expedio do "Certificado de Quitao" previsto no item I, alnea c, do art. 141. (includo pela Lei n 5.890/73) 3 Podero isentar-se da responsabilidade solidria, aludida no pargrafo anterior as empresas construtoras e os proprietrios de imveis em relao fatura, notade servios, recibo ou documento equivalente que pagarem, por tarefas subempreitadas, de obras a seu cargo, desde que faam o subempreiteiro recolher,previamente, quando do recebimento da fatura, o valor fixado pelo Instituto Nacional de Previdncia Social relativamente ao percentual devido como contribuiesprevidencirias e de seguro de acidentes do trabalho, incidentes sobre a mo-de-obra inclusa no citado documento. (includo pela Lei n 5.890/73)

    10.Como j afirmado, as normas acima foram reproduzidas na Consolidao das Leis da Previdncia Social (Decreto n 77.077/76, art. 142, 2 e 3),determinando que o proprietrio ou dono de obra respondia solidariamente pelos dbitos previdencirios devidos pelo construtor por ele contratado quanto aosempregados deste, salvo se aquele exigisse previamente ao pagamento da respectiva obra, ou parte dela, a comprovao da efetiva liquidao desses encargos pelocontratado. Considerando a ausncia de norma especfica em relao contratao de obras pblicas, conclui-se ento que essas disposies da legislaoprevidenciria tambm se aplicavam Administrao Pblica, que ento passou a responder solidariamente com o contratado, nesses casos, desde 1973.

    11.Contudo, em 1986, foi editada a primeira lei brasileira destinada a consolidar o tratamento das licitaes e contratos pblicos em um nico e especfico diplomalegal. Tratava-se do Decreto-Lei n 2.300, de 21 de novembro de 1986, o qual, quanto aos contratos pblicos, assim definiu a impossibilidade de transferncia deresponsabilidades do contratado para a Administrao Pblica.

    Decreto-Lei n 2.300/86Art. 61. O contratado responsvel pelos encargos trabalhistas, previdencirios, fiscais e comerciais, resultantes da execuo do contrato.

    12.A partir de sua edio, no restam dvidas, porque expresso nesse sentido o Decreto-Lei n 2.300/86, exclusivamente o contratado passava a se responsabilizarpor suas dvidas de natureza previdenciria, as quais no mais poderiam ser transferidas Administrao Pblica, excepcionando ento, para esta, o que previa poca a citada Lei n 3.807/60 (LOPS), artigo 79, 2 e 3. Assim, desde 21.11.1986, afastou-se a possibilidade de ocorrer a responsabilizao solidria do Estadoem relao aos encargos previdencirios originados das obras pblicas por ele contratadas.

    13.Essa concluso foi reforada com a edio do Decreto-Lei n 2.348/87, que acrescentou a seguinte norma ao artigo 61 do Decreto-Lei n 2.300/86:

    Decreto-Lei n 2.300/86Art. 61. 1 A inadimplncia do contratado, com referncia aos encargos referidos neste artigo, no transfere Administrao Pblica a responsabilidade de seupagamento, nem poder onerar o objeto do contrato ou restringir a regularizao e o uso das obras e edificaes, inclusive perante o Registro de Imveis. (redaodada pelo DL n 2.348/87)

    14.Em 1991, sobreveio o novo plano de custeio e benefcios da Previdncia Social (Leis ns 8.212/91 e 8.213/91), e a nova lei de custeio voltou a tratar daresponsabilidade pelas contribuies previdencirias derivadas das obras de construo civil:

    Lei n 8.212/91 - redao originalArt. 30. A arrecadao e o recolhimento das contribuies ou de outras importncias devidas Seguridade Social obedecem s seguintes normas, observado odisposto em regulamento:(...)VI - o proprietrio, o incorporador definido na Lei n 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou o condmino da unidade imobiliria, qualquer que sejaa forma de contratao da construo, reforma ou acrscimo, so solidrios com o construtor pelo cumprimento das obrigaes para com a Seguridade Social,ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a reteno de importncia a este devida para garantia do cumprimentodessas obrigaes; (...).

    15.Verifica-se, ento, que a Lei n 8.212/91 no alterou substancialmente o que previa a antiga LOPS nesse ponto, pois continuou prevendo a responsabilidadesolidria do dono de obra quanto aos encargos previdencirios devidos pelo construtor por ele contratado, apenas passando a admitir a reteno dos valoresdevidos a esse ttulo pelo contratante sobre o valor a ser pago ao construtor como nova forma de exonerar-se dessa responsabilidade. De qualquer forma, sendo oDecreto-Lei n 2.300/86 norma especial em relao Lei n 8.212/91 quanto responsabilizao da Administrao Pblica quando esta contrata terceiros,continuou sendo aplicvel aos contratos administrativos, inclusive os referentes execuo de obras de construo civil, o disposto naquela norma excludente deresponsabilidade. Repita-se o que previa o referido Decreto-Lei n 2.300/86:

    Decreto-Lei n 2.300/86Art. 61. O contratado responsvel pelos encargos trabalhistas, previdencirios, fiscais e comerciais, resultantes da execuo do contrato. 1 A inadimplncia do contratado, com referncia aos encargos referidos neste artigo, no transfere Administrao Pblica a responsabilidade de seupagamento, nem poder onerar o objeto do contrato ou restringir a regularizao e o uso das obras e edificaes, inclusive perante o Registro de Imveis. (redaodada pelo DL n 2.348/87)

    16.No obstante, previu ainda a Lei n 8.212/91, em seu artigo 31:

    Lei n 8.212/91 - redao originalArt. 31. O contratante de quaisquer servios executados mediante cesso de mo-de-obra, inclusive em regime de trabalho temporrio, responde solidariamente

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  • com o executor pelas obrigaes decorrentes desta lei, em relao aos servios a ele prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23. 1 Fica ressalvado o direito regressivo do contratante contra o executor e admitida a reteno de importncias a este devidas para a garantia do cumprimento dasobrigaes desta lei, na forma estabelecida em regulamento. 2 Entende-se como cesso de mo-de-obra a colocao, disposio do contratante, em suas dependncias ou nas de terceiros, de segurados que realizemservios contnuos cujas caractersticas impossibilitem a plena identificao dos fatos geradores das contribuies, tais como construo civil, limpeza econservao, manuteno, vigilncia e outros assemelhados especificados no regulamento, independentemente da natureza e da forma de contratao.

    17.Diante dessa nova norma, o tratamento das contribuies previdencirias decorrentes da contratao de obra de engenharia civil passou a ter duas sedesdistintas na legislao previdenciria em razo do objeto efetivo do contrato: contratao de construo, reforma ou acrscimo (Lei n 8.212/91, art. 30, VI) ou,mais especificamente, contratao de servio de construo civil executado mediante cesso de mo-de-obra (Lei n 8.212/91, art. 31). E mais: previu-se,originalmente, para os dois casos, a responsabilidade solidria do contratante para com o contratado pelas contribuies previdencirias referentes ao contrato, aqual, contudo, reitera-se, no se aplicava Administrao Pblica, nos termos do ainda vigente Decreto-Lei n 2.300/86.

    18.Posteriormente, em 1993, o Decreto-Lei n 2.300/86 foi substitudo pela Lei n 8.666/93, que manteve expressamente, e com a mesma redao anterior, aimpossibilidade de transferncia, do contratado para a Administrao, de diversos encargos derivados das contrataes pblicas, inclusive os referentes scontribuies previdencirias:

    Lei n 8.666/93 - redao originalArt. 71. O contratado responsvel pelos encargos trabalhistas, previdencirios, fiscais e comerciais resultantes da execuo do contrato. 1 A inadimplncia do contratado, com referncia aos encargos estabelecidos neste artigo, no transfere Administrao Pblica a responsabilidade por seupagamento, nem poder onerar o objeto do contrato ou restringir a regularizao e o uso das obras e edificaes, inclusive perante o Registro de Imveis.

    19.Ocorre que a Lei n 9.032, de 28 de abril de 1995, alterou alguns dispositivos das Leis ns 8.212/91 e 8.666/93, inclusive seus artigos 31 e 71, respectivamente,os quais passaram a ter as seguintes redaes:

    Lei n 8.212/91 - redao dada pela Lei n 9.032/95Art. 31. O contratante de quaisquer servios executados mediante cesso de mo-de-obra, inclusive em regime de trabalho temporrio, responde solidariamentecom o executor pelas obrigaes decorrentes desta lei, em relao aos servios a ele prestados, exceto quanto ao disposto no art. 23. 1 Fica ressalvado o direito regressivo do contratante contra o executor e admitida a reteno de importncias a este devidas para a garantia do cumprimento dasobrigaes desta lei, na forma estabelecida em regulamento. 2 Entende-se como cesso de mo-de-obra a colocao disposio do contratante, em suas dependncias ou nas de terceiros, de segurados que realizemservios contnuos relacionados direta ou indiretamente com as atividades normais da empresa, tais como construo civil, limpeza e conservao, manuteno,vigilncia e outros, independentemente da natureza e da forma de contratao. (redao dada pela Lei n 9.032/95) 3 A responsabilidade solidria de que trata este artigo somente ser elidida se for comprovado pelo executor o recolhimento prvio das contribuies incidentessobre a remunerao dos segurados includa em nota fiscal ou fatura correspondente aos servios executados, quando da quitao da referida nota fiscal ou fatura.(includo pela Lei n 9.032/95) 4 Para efeito do pargrafo anterior, o cedente da mo-de-obra dever elaborar folhas de pagamento e guia de recolhimento distintas para cada empresa tomadorade servio, devendo esta exigir do executor, quando da quitao da nota fiscal ou fatura, cpia autenticada da guia de recolhimento quitada e respectiva folha depagamento.(includo pela Lei n 9.032/95)

    Lei n 8.666/93 - redao dada pela Lei n 9.032/95Art. 71. O contratado responsvel pelos encargos trabalhistas, previdencirios, fiscais e comerciais resultantes da execuo do contrato. 1 A inadimplncia do contratado, com referncia aos encargos trabalhistas, fiscais e comerciais no transfere Administrao Pblica a responsabilidade por seupagamento, nem poder onerar o objeto do contrato ou restringir a regularizao e o uso das obras e edificaes, inclusive perante o Registro de Imveis. (redaodada pela Lei n 9.032/95) 2 A Administrao Pblica responde solidariamente com o contratado pelos encargos previdencirios resultantes da execuo do contrato, nos termos do art. 31da Lei n 8.212, de 24 de julho de 1991 . (redao dada pela Lei n 9.032/95)

    20.Resta agora definir-se quais foram as reais mudanas causadas no tema ora em estudo pela Lei n 9.032/95, especialmente no que diz respeito alterao doartigo 71 da Lei n 8.666/93, pois no que se refere s alteraes feitas no artigo 31 da Lei n 8.212/91, as mesmas apenas vieram detalhar os procedimentosreferentes forma de eliso da responsabilidade solidria do tomador de mo-de-obra com o cedente por ele contratado.

    21.Inicialmente, nota-se que o caput do artigo 71 da Lei n 8.666/93 no foi alterado, ou seja, via de regra, a responsabilidade pelos encargos previdencirioscontinua sendo do contratado, e no da Administrao, embora esses encargos tenham sido suprimidos do que prev o 1 do mesmo artigo. E o seu 2, por suavez, passa a ser taxativo no seguinte sentido: -a Administrao Pblica responde solidariamente com o contratado pelos encargos previdencirios resultantes daexecuo do contrato, nos termos do art. 31 da Lei n 8.212, de 24 de julho de 1991-.

    22.Contudo, como explicitado precedentemente, especificamente nos casos de obras de engenharia civil, tema da presente manifestao, duas eram assolidariedades previstas distintamente pela Lei n 8.212/91: a do artigo 30, VI, reservada contratao de construo, reforma ou acrscimo; e, a do artigo 31,aplicvel contratao de servio de construo civil executado mediante cesso de mo-de-obra, dispositivo este expressamente referido na Lei n 8.666/93.Indaga-se: essas duas situaes foram alcanadas do mesmo modo pela alterao legislativa em comento, ou apenas esta ltima? A anlise da questo demonstrarque a solidariedade foi novamente estabelecida Administrao Pblica apenas no que se refere efetivamente ao artigo 31 da Lei n 8.212/91, ou seja, contrataode servios executados mediante cesso de mo-de-obra. Vejamos.

    23.De pronto, escancara-se a remio expressa feita pelo novo 2, do artigo 71 da Lei n 8.666/93 somente ao artigo 31 da Lei n 8.212/91, no havendo qualquermeno ao artigo 30, VI desta mesma Lei, o que j induz concluso de que somente se quis alcanar os contratos de cesso de mo-de-obra para aAdministrao, mas no os demais contratos administrativos firmados pelo Estado.

    24.Porm, poder-se-ia argumentar que a expresso -nos termos do -art. 31 da Lei n 8.212, de 24 de julho de 1991-, presente no novo 2, do artigo 71 da Lei n8.666/93, no se referia ao mrito deste dispositivo - contrato de servio executado mediante cesso de mo-de-obra -, mas apenas forma como a Administraoresponderia solidariamente em todos os tipos de contratos, ou seja, a solidariedade previdenciria envolvendo a Administrao Pblica contratante deveria sempreobservar, procedimentalmente, as regras dispostas no artigo 31 da Lei n 8.212/91, mesmo em relao s demais espcies de contratos administrativos, como ocontrato previsto no artigo 30, VI desta Lei contrato de construo, reforma ou acrscimo. Ocorre que, a valer essa interpretao mais elstica, a mesma regradeveria ser aplicvel a todos os contratos administrativos, independente do uso de mo-de-obra diretamente na sua execuo, em contradio com o que continuaprevendo o caput, do artigo 71 da Lei n 8.666/93: a responsabilidade ordinria do contratado pelos seus prprios encargos, e no da Administrao.

    25.E no se diga que o contrato descrito no artigo 30, VI da Lei n 8.212/91 tem as mesmas caractersticas do que aquele disposto no artigo 31 da mesma Leiquanto cesso de mo-de-obra, o que levaria concluso de que ao menos ele deveria ser includo na nova exceo prevista na Lei n 8.666/93, admitindo-setambm a solidariedade da Administrao em relao aos encargos previdencirios dele derivados, porque, se assim o fosse, no teria sentido a Lei n 8.212/91distingui-los, distino essa que, ressalte-se, evidenciada no prprio Regulamento da Previdncia Social quando trata do artigo 30, VI da Lei de Custeio:

    Decreto n 3.048/99Art. 220. O proprietrio, o incorporador definido na Lei n 4.591, de 1964 , o dono da obra ou condmino da unidade imobiliria cuja contratao da construo,reforma ou acrscimo no envolva cesso de mo-de-obra, so solidrios com o construtor, e este e aqueles com a subempreiteira, pelo cumprimento dasobrigaes para com a seguridade social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a reteno de importncia a estedevida para garantia do cumprimento dessas obrigaes, no se aplicando, em qualquer hiptese, o benefcio de ordem. 1 No se considera cesso de mo-de-obra, para os fins deste artigo, a contratao de construo civil em que a empresa construtora assuma a responsabilidadedireta e total pela obra ou repasse o contrato integralmente.

  • 26.Assim, ainda que a realizao de obras de construo civil demande a utilizao de mo-de-obra da empresa contratada, a legislao previdenciria distingue essasituao, em que o contratado assume a responsabilidade direta e total pela obra ou repassa o contrato integralmente (Lei n 8.212/91, art. 30, VI), daquela outraem que so realizados meros servios de construo civil, nesse caso sim mediante a efetiva cesso de mo-de-obra Administrao Pblica (Lei n 8.212/91, art.31). E, diante do que prev o artigo 71, 2 da Lei n 8.666/93, com a redao dada pela Lei n 9.032/95, somente neste ltimo caso a Administrao passou aresponder solidariamente com o contratado pelas contribuies previdencirias por ele devidas.

    27.Essa distino, diga-se ainda, extremamente razovel, pois reserva a responsabilidade solidria da Administrao Pblica pelos dbitos previdencirios deterceiros apenas queles contratos em que h a efetiva cesso de mo-de-obra em seu favor, no sendo ela onerada, no entanto, na contratao de obra em queesse elemento (cesso de mo-de-obra) no esteja presente.

    28.Ademais, essa diferena de tratamento conferido contratao de execuo de obras de construo, reforma ou acrscimo daquela de servios de engenhariacivil executados mediante cesso de mo-de-obra foi exacerbada com as alteraes legislativas posteriormente havidas. Hoje, o artigo 30, VI e o artigo 31, ambosda Lei n 8.212/91, tm a seguinte redao:

    Lei n 8.212/91 - redao atualArt. 30. A arrecadao e o recolhimento das contribuies ou de outras importncias devidas Seguridade Social obedecem s seguintes normas: (redao dadapela Lei n 8.620/93) (...)VI - o proprietrio, o incorporador definido na Lei n 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou condmino da unidade imobiliria, qualquer que seja aforma de contratao da construo, reforma ou acrscimo, so solidrios com o construtor, e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigaes paracom a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a reteno de importncia a este devida paragarantia do cumprimento dessas obrigaes, no se aplicando, em qualquer hiptese, o benefcio de ordem; (...). (redao dada pela Lei 9.528/97)

    Art. 31. A empresa contratante de servios executados mediante cesso de mo-de-obra, inclusive em regime de trabalho temporrio, dever reter onze por centodo valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestao de servios e recolher a importncia retida at o dia dois do ms subseqente ao da emisso da respectiva notafiscal ou fatura, em nome da empresa cedente da mo-de-obra, observado o disposto no 5 do art. 33. (redao dada pela Lei n 9.711/98) 1 O valor retido de que trata o caput, que dever ser destacado na nota fiscal ou fatura de prestao de servios, ser compensado pelo respectivoestabelecimento da empresa cedente da mo-de-obra, quando do recolhimento das contribuies destinadas Seguridade Social devidas sobre a folha de pagamentodos segurados a seu servio. (redao dada pela Lei n 9.711/98) 2 Na impossibilidade de haver compensao integral na forma do pargrafo anterior, o saldo remanescente ser objeto de restituio. (redao dada pela Lei n9.711/98) 3 Para os fins desta Lei, entende-se como cesso de mo-de-obra a colocao disposio do contratante, em suas dependncias ou nas de terceiros, desegurados que realizem servios contnuos, relacionados ou no com a atividade-fim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratao.(redao dada pela Lei n 9.711/98) 4 Enquadram-se na situao prevista no pargrafo anterior, alm de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes servios: (redao dada pela Lei n9.711/98) I - limpeza, conservao e zeladoria; (includo pela Lei n 9.711/98) II - vigilncia e segurana; (includo pela Lei n 9.711/98) III - empreitada de mo-de-obra; (includo pela Lei n 9.711/98) IV - contratao de trabalho temporrio na forma da Lei n 6.019, de 3 de janeiro de 1974. (includo pela Lei n 9.711/98) 5 O cedente da mo-de-obra dever elaborar folhas de pagamento distintas para cada contratante. (includo pela Lei n 9.711/98)

    29.Quanto ao artigo 30, VI da Lei n 8.212/91, as alteraes por ele sofridas apenas incorporaram a questo da subempreitada e a previso expressa deinobservncia do benefcio de ordem na responsabilidade solidria nele prevista na contratao de obra de construo, reforma ou acrscimo. Todavia, o artigo 31,embora ainda trate da contratao de servios executados mediante cesso de mo-de-obra, trouxe uma nova obrigao ao contratante: -reter onze por cento dovalor bruto da nota fiscal ou fatura de prestao de servios e recolher a importncia retida-.

    30.Em outras palavras, pode-se resumir a alterao sofrida pelo artigo 31 da Lei n 8.212/91, a partir da edio da Lei n 9.711/98, como a substituio daresponsabilidade solidria do contratante de servios executados mediante cesso de mo-de-obra para com o cedente quanto s contribuies previdencirias poreste devidas, pela obrigao que passou a ser imposta ao contratante de reteno dessas contribuies diretamente do valor por ele pago empresa cedente de mo-de-obra.

    31.Logo, atualmente, a Lei n 8.212/91 apresenta duas situaes absolutamente distintas em relao s responsabilidades tributrias dos contratantes de obras deengenharia civil, mais ainda que quando de sua veiculao inicial: nos contratos de construo, reforma ou acrscimo, o dono da obra solidariamente responsvelcom o contratado pelas contribuies previdencirias por este devidas (art. 30, VI), enquanto que, nos contratos de servios executados mediante cesso de mo-de-obra, o contratante deve reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestao de servios e recolher a importncia retida Previdncia Social(art. 31).

    32.Outrossim, ainda diante dessa alterao havida no artigo 31 da Lei n 8.212/91, resta definitivamente afastada qualquer interpretao do previsto no artigo 71, 2 da Lei n 8.666/93, com a redao dada pela Lei n 9.032/95, que admitisse a responsabilizao solidria da Administrao Pblica pelo pagamento decontribuies previdencirias devidas por terceiros em relao aos contratos definidos no artigo 30, VI da Lei n 8.212/91.

    33.Nesse sentido, vale lembrar que a citada norma constante da Lei de Licitaes previu que -a Administrao Pblica responde solidariamente com o contratadopelos encargos previdencirios resultantes da execuo do contrato, nos termos do art. 31 da Lei n 8.212-, e que a nica possibilidade de aplicar-se essadeterminao tambm ao disposto no artigo 30, VI da Lei n 8.212/91 exigiria entender-se que a meno expressa ao artigo 31 desta Lei definiria apenas que oprocedimento nele previsto deveria ser seguido em todos os casos, fixando assim a forma de incidncia geral da responsabilidade solidria da Administrao Pblicapelo pagamento de contribuies previdencirias devidas originalmente por empresas por ela contratadas. Apenas a ttulo de argumentao, partindo da premissa deque essa seria a interpretao correta do alterado artigo 71, 2 da Lei n 8.666/93, como ficaria agora sua aplicao aos contratos definidos no artigo 30, VI da Lein 8.212/91, se o artigo 31 da Lei n 8.212/91, ento suposto paradigma procedimental da responsabilidade solidria, agora trata de reteno, e no mais dasolidariedade?

    34.Se, considerando o que se havia exposto anteriormente, j se podia concluir com segurana que a norma do artigo 71, 2 da Lei n 8.666/93, com a redaodada pela Lei n 9.032/95, no se aplicava aos contratos previstos no artigo 30, VI da Lei n 8.212/91, mas apenas queles tratados em seu artigo 31, verifica-seainda, de qualquer modo, que a alterao, promovida pela Lei n 9.711/98, nesse artigo 31 da Lei n 8.212/91, elimina de vez qualquer possibilidade de se sustentaresse entendimento, porque deixa sem paradigma a aplicao da responsabilidade solidria Administrao Pblica nos casos dispostos no artigo 30, VI da Lei n8.212/91, considerando que o artigo 31 no mais a define, pois passou a optar pela novel sistemtica da reteno.

    35.De qualquer forma, esclarea-se que a Lei n 8.212/91, ao criar essa nova obrigao tributria para os contratantes de servios executados mediante a cesso demo-de-obra, de reter as contribuies devidas pela empresa cedente de mo-de-obra, no excepcionou de sua incidncia os entes pblicos, motivo pelo qual a elestambm se aplica, sem qualquer necessidade sequer de se invocar o disposto no 2, do artigo 71 da Lei n 8.666/93.

    36.Portanto, atualmente, e desde 1.02.1999 (Lei n 9.711/98, art. 29), o quadro em relao contratao de obras de engenharia civil pela Administrao Pblica,quanto responsabilidade pelo pagamento das contribuies previdencirias decorrentes do contrato, o seguinte:- a Administrao Pblica no responde, nem solidariamente, pelas obrigaes para com a Seguridade Social devidas pelo construtor ou subempreiteira contratadospara a realizao de obras de construo, reforma ou acrscimo, qualquer que seja a forma de contratao, desde que no envolvam a cesso de mo-de-obra, ouseja, desde que a empresa construtora assuma a responsabilidade direta e total pela obra ou repasse o contrato integralmente (Lei n 8.212/91, art. 30, VI e Decreton 3.048/99, art. 220, 1 c/c Lei n 8.666/93, art. 71);- a Administrao Pblica contratante de servios de construo civil executados mediante cesso de mo-de-obra deve reter onze por cento do valor bruto da notafiscal ou fatura de prestao de servios e recolher a importncia retida at o dia dois do ms subseqente ao da emisso da respectiva nota fiscal ou fatura, em

  • nome da empresa contratada, cedente da mo-de-obra (Lei n 8.212/91, art. 31).

    37.Historicamente, em resumo, complementando as concluses acima expostas, assim variou a definio acerca da responsabilidade da Administrao pelascontribuies previdencirias devidas em razo desses contratos:desde a Lei n 5.890/73, at a edio do Decreto-Lei n 2.300/86, a Administrao Pblica respondia pelas contribuies previdencirias solidariamente com oconstrutor contratado para a execuo de obras de construo, reforma ou acrscimo de imvel, qualquer que fosse a forma da contratao;- da edio do Decreto-Lei n 2.300/86, at a vigncia da Lei n 9.032/95, a Administrao Pblica no respondia, nem solidariamente, pelos encargosprevidencirios devidos pelo contratado, em qualquer hiptese; e,- a partir da Lei n 9.032/95, at 31.01.1999 (Lei n 9.711/98, art. 29), a Administrao Pblica passou a responder pelas contribuies previdenciriassolidariamente com o cedente de mo-de-obra contratado para a execuo de servios de construo civil executados mediante cesso de mo-de-obra, nos termosdo artigo 31 da Lei n 8.212/91 (Lei n 8.666/93, art. 71, 2), no sendo responsvel, porm, nos casos dos contratos referidos no artigo 30, VI da Lei n8.212/91 (contratao de construo, reforma ou acrscimo).

    38.A propsito, a jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia endossa a no possibilidade de responsabilizao da Administrao Pblica, no perodo que vai daedio do Decreto-Lei n 2.300/86 at o advento da Lei n 9.032/95, pelas contribuies previdencirias devidas pelos seus contratados, no havendo pormprecedentes em que se tenha discutido expressamente a diferena existente entre os contratos definidos nos artigos 30, VI e 31 da Lei n 8.212/91, como realizadono presente parecer:

    TRIBUTRIO - CONTRIBUIES PREVIDENCIRIAS - SOLIDARIEDADE DA ADMINISTRAO PBLICA COM O CONTRATADO PELOSENCARGOS PREVIDENCIRIOS RESULTANTES DA EXECUO DE CONTRATO. DECRETO-LEI N 2.300/86 - DECRETO N 89.312/84.I - O art. 61, 1, do Decreto-lei n 2.300/86, excluiu a responsabilidade do Estado quanto aos encargos previdencirios, resultantes da execuo ou contrato. Porser norma posterior e especfica, dirigida regulamentao da contratao de servios por parte da Administrao Pblica, o art. 61, 1, do Decreto-lei n2.300/86 afastou a aplicao do artigo 139, 2, do Decreto n 89.312/84.II - O Estado somente responde pelos encargos previdencirios, resultantes da execuo do contrato, a partir da publicao da Lei n. 9.032, de 28.04.1995.III - Recurso especial improvido.(REsp n 314.394/RS, rel. Min. Francisco Falco, 1 Turma, DJ 15.12.2003)

    TRIBUTRIO - CONTRIBUIES PREVIDENCIRIAS - MODIFICAO INTRODUZIDA NOS 1 E 2, DO ART. 71, DA LEI N. 8.666/93 -SOLIDARIEDADE DA ADMINISTRAO PBLICA COM O CONTRATADO PELOS ENCARGOS PREVIDENCIRIOS RESULTANTES DA EXECUODE CONTRATO, NOS TERMOS DO ART. 31 DA LEI N 8.212/91, SOMENTE A PARTIR DA PUBLICAO DA LEI N 9.032, DE 28.04.95.- O Estado responde solidariamente com o contratado pelos encargos previdencirios resultantes da execuo do contrato, somente a partir da publicao da Lei n.9.032, de 28.04.1995.- Recurso conhecido e provido.(REsp n 414.515/RS, rel. Min. Humberto Gomes de Barros, 1 Turma, DJ 10.03.2003)

    39.Definidas essas premissas em tese, que podero ser aplicadas aos casos anlogos se o presente parecer vier a ser aprovado nos termos do artigo 40, 1 da LeiComplementar n 73/93, cabe ainda analisar a situao dos casos concretos que lhe deram origem, no sem antes fazer uma ltima observao genrica, aplicvel atodos os rgos e entidades da Administrao Federal: o enquadramento dos contratos referentes a obras pblicas, diferenciando-os entre uma contratao de obrade construo, reforma ou acrscimo (Lei n 8.212/91, art. 30, VI) ou uma contratao de servio de construo civil executado mediante cesso de obra (Lei n8.212/91, art. 31), para se definir, atualmente e no futuro, a necessidade de reteno, ou no, das respectivas contribuies previdencirias, existente apenas nestaltima situao, deve observar estritamente o disposto na Instruo Normativa MPS/SRP n 03/2005, bem como os atos normativos expedidos pela PrevidnciaSocial que venham a regular a matria futuramente, devendo qualquer eventual discordncia ser submetida apreciao da Advocacia-Geral da Unio (LC n 73/93,art. 4, X e XI, e MP n 2.180-35/2001, art. 11).

    40.Feitas essas consideraes, segue abaixo a anlise das situaes concretas sob apreciao desta Consultoria-Geral da Unio sob a forma de cmaras deconciliao e arbitramento especial constitudas ou solicitadas com a finalidade de dirimir conflitos entre a Previdncia Social e outros rgos e entidades daAdministrao Federal.

    PROCESSO N 00552.001601/2004-25 - CEFET/SC

    41.As NFLDs ns 35.651.142-1, 35.651.144-8, 35.651.145-6, 35.651.146-4, 35.651.147-2, 35.651.148-0 e 35.651.150-2 possuem como base legal o disposto noartigo 30, VI da Lei n 8.212/91, motivo pelo qual, a princpio, a entidade federal por elas no responde, nem solidariamente, devendo-se prosseguir a cobrana, sefor o caso, somente contra os devedores principais, porque a contratao no teria envolvido cesso de mo-de-obra.

    42.Por outro lado, a NFLD n 35.651.152-9 se refere a uma diversidade de fatos geradores de naturezas distintas, mas inclui dentre eles o lanamento pela noreteno de contribuies previdencirias, nos termos do novo artigo 31 da Lei n 8.212/91, no perodo de 05/99 a 11/2000, pois se considerou que a contrataono se enquadrou no conceito de empreitada total, gerando a ocorrncia de prestao de servio executado mediante cesso de mo-de-obra. Assim, primeiravista, considerando que os contratos se deram aps 1.02.1999, o lanamento, ao menos em tese, parece estar correto, ao menos no que diz respeito a esse ponto.

    PROCESSO N 00405.001152/99-90 - MINISTRIO DA DEFESA (COMANDO DO EXRCITO)

    43.H duas NFLDs lanadas contra o Batalho de Engenharia e Construo de Lages/SC - 32.638.122-8 e 32.638.123-6 -, e somente esta ltima se refere questo tratada no presente parecer, pois nela houve o lanamento de contribuies previdencirias, nos termos do artigo 31 da Lei n 8.212/91, em razo dealegada responsabilidade solidria da Administrao, envolvendo as competncias 07/92 a 05/93, 03/95 a 12/96, e 02/97, considerando a fiscalizao previdenciriater havido efetiva cesso de mo-de-obra.

    44.A despeito da existncia de deciso judicial proclamando a -decadncia do direito de constituir os crditos relativamente aos fatos geradores ocorridosanteriormente a janeiro de 1994-, tem-se que, em verdade, a Unio (Comando do Exrcito) no poderia ter sido responsabilizada pelas contribuies devidas porempresas por ela contratadas antes da edio da Lei n 9.032/95, publicada em 29.04.95, podendo remanescer a sua responsabilidade solidria, nos termos doartigo 31 da Lei n 8.212/91, apenas, e se tanto, quanto aos crditos posteriores a essa data.

    PROCESSO N 00404.004214/2006-14 - MINISTRIO DA FAZENDA

    45.Por fim, a Delegacia da Receita Federal de Belo Horizonte/MG foi autuada, por responsabilidade solidria, em razo do que previa o artigo 142, 2 e 3 daConsolidao das Leis da Previdncia Social - CLPS (Decreto n 77.077/76), em relao s competncias 03/80 12/80, antes portanto do surgimento do Decreto-Lei n 2.300/86, que exonerou a Administrao Pblica dessa responsabilidade. Por esse motivo, o lanamento referido mostra-se, nesse ponto, perfeitamente legal.

    46.Aprovada a presente manifestao, requer-se, finalmente, a devoluo dos processos citados, pois em todos eles h crditos remanescentes em favor daPrevidncia Social, para as providncias ento decorrentes.

    Braslia/DF, 08 de novembro de 2006

    MARCELO DE SIQUEIRA FREITASConsultor da Unio

  • Tipo de Ato: Parecer Nmero: AC-55 Sigla: AGU Data: 08/11/2006

    Data Adoto: 17/11/2006 Data Aprovo: 20/11/2006

    Advogado-Geral da Unio ALVARO AUGUSTO RIBEIRO COSTA

    Consultor-Geral da Unio MANOEL LAURO VOLKMER DE CASTILHO

    Consultor-Geral da Unio MARCELO DE SIQUEIRA FREITAS

    Situao da Publicao: Publicao

    Data: 24/11/2006

    Fonte: Dirio Oficial da Unio

    Seo:

    Observao:

    Nota de Publicao: Seo 1 p.5

    * Este texto no substitui a publicao oficial.

    Identificao

    Ementa:

    PREVIDENCIRIO. ADMINISTRATIVO. CONTRATOS. OBRAS PBLICAS. CONTRIBUIESPREVIDENCIRIAS. ADMINISTRAO PBLICA. RESPONSABILIDADE SOLIDRIA E RETENO.DEFINIO.

    Assunto:

    Contribuies previdencirias. Contrato administrativo. Definio da responsabilidade tributria da contratante(Administrao Pblica) e do contratado (empregador) pelas contribuies previdencirias relativas aos empregados deste.Lei n 8.666/93, art. 71. Obras pblicas. Contratao da construo, reforma ou acrscimo (Lei n 8.212/91, art. 30, VI) ouservio executado mediante cesso de mo-de-obra (Lei n 8.212/91, art. 31). Distino. Lei n 9.711/98. Reteno.

    Indexao:

    CONTRIBUIO PREVIDENCIRIA, CONTRATO ADMINISTRATIVO, PENDNCIA, TRIBUTOS, (MPS),(INSS), RGO PBLICO, (MD), COMANDO MILITAR, EXRCITO BRASILEIRO, (MF), (CEFET), (SC),DEFINIO, RESPONSABILIDADE TRIBUTRIA, CONTRATANTE, EMPREGADOR, CONTRATAO, OBRAPBLICA, CONSTRUO, REFORMA, ACRSCIMO, SERVIO, CONTRATADO, CESSO, MO DE OBRA.,RECOMENDAO, JUSTIA DO TRABALHO, INAPLICABILIDADE, SMULA, (TST).

    Citaes:

    Tipo do Ato: Decreto - DEC-3048/1999 ART-220 DEC-77077/1976 ART-142 PAR-2 DEC-77077/1976 ART-142PAR-3 DEC-89312/1984 ART-139 PAR-2

    Tipo do Ato: Decreto-Lei - DEL-2300/1986 ART-61 DEL-2348/1987

    Tipo do Ato: Lei Ordinria - LEI-3807/1960 ART-79 PAR-2 LEI-3807/1960 ART-79 PAR-3 LEI-8212/1991ART-30 INC-VI LEI-8212/1991 ART-31 LEI-8666/1993 ART-71 LEI-8666/1993 ART-71 PAR-2 LEI-9032/1995LEI-9711/1998 ART-29 LEI-11098/2005

    Correlaes:

    Tipo do Ato: Smula - SUM-331 (TST-TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO)

    Dados da Publicao