arquivologia, sustentabilidade e inovação. vi congresso nacional de arquivologia. anais do vi cna...

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1 VI Congresso Nacional de Arquivologia: Arquivologia, sustentabilidade e inovação VI Congresso Nacional de Arquivologia: Arquivologia, sustentabilidade e inovação

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  • 1VI Congresso Nacional de Arquivologia: Arquivologia, sustentabilidade e inovao

    VI Congresso Nacional de Arquivologia:

    Arquivologia, sustentabilidade e inovao

  • 2

  • 3Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Congresso Nacional de Arquivologia (6 : 2014 : Santa Maria)

    Congresso Nacional de Arquivologia, 20 a 23 de outubro de 2014, Santa Maria [recurso eletrnico] : Arquivologia, sustentabilidade e inovao / organizado por Dbora Flores, Andra Gonalves dos Santos e Flavia Helena Conrado ; coord.Daniel Flores.; revisado por Srgio Ricardo Rodrigues [realizao Associao dos Arquivistas do Rio Grande do Sul] Santa Maria : AARS, 2014.

    Verso eletrnica. ; il. ; 4 pol.

    ISBN: 978-85-68533-01-7

    1. Arquivologia - Congresso. 2. Sustentabilidade. 3. Inovao. I. Flores, Dbora., org. II. Santos, Andra Gonalves do., org. III. Conrado, Flvia Helena., org. IV. Flores, Daniel., coord. V. Rodrigues, Srgio Ricardo., revisor V. Ttulo: Arquivologia, sustentabilidade e inovao.

    CDU: 930.25:658

    Ficha Elaborada pelo Bibliotecrio Filipe Xerxenesky da Silveira CRB 10/1497

  • 4Comisso Organizadora do VI CNA

    Andrea Gonalves dos Santos - MestradoCamila Lacerda Couto - EspecializaoClo Belicio Lopes - EspecializaoDaniel Flores - Ps-DoutoradoDbora Flores - MestradoDenize Brum Camargo - GraduaoFlavia Helena Conrado - MestradoJorge Alberto Soares Cruz - MestradoMaria Cristina Kneipp Fernandes - EspecializaoMateus de Moura Rodrigues - EspecializaoRaquel Miranda da Silva - EspecializaoRita de Cssia Portela da Silva - MestradoRosani Gorete Feron - EspecializaoValria Raquel Bertotti - MestradoViviane Portella de Portella - Mestrado

    Comisso Central de Programao Cientfica

    Prof. Dr. Daniel Flores (UFSM) - PresidenteProf. Dr. Andr Zanki Cordenonsi (UFSM) - MembroProf. Me. Jorge Alberto Soares Cruz (UFSM) - MembroProf. Dr. Jos Maria Jardim (UNIRIO) - MembroProf. Dr. Rafael Port da Rocha (UFRGS) - MembroProfa. Ma. Valria Raquel Bertotti (UFRGS) - Membro

    Secretaria de apoio da Comisso Central de Programao Cientfica

    Arquiv. Ma. Andrea Gonalves dos Santos (FURG) - MembroArquiv. Mnda. Daiane Segabinazzi Pradebon - MembroArquiv. Ma. Flavia Helena Conrado (IFRS/ POA) - MembroArquiv. Ma. Neiva Pavezi (UFSM) - Membro

  • 5Comisso de Pareceristas - Avaliadores

    Alicia Casas de Barran (EUBCA) - MERCOSULAna Celeste Indolfo (Arquivo Nacional) - Inst. ArquivsticasAna Clia Rodrigues - UFFAndr Malverdes - UFESAngelica Alves da Cunha Marques - UnBAnna Carla Almeida Mariz - UNIRIOAnna Szlecher (UnC) - MERCOSULAurora Leonor Freixo - UFBABeatriz Kushnir (AGCRJ) - Inst. ArquivsticasCarla Mara da Silva Silva- UFAMCarlos Augusto Silva Ditadi - ConarqCarlos Blaya Perez - UFSMCntia das Chagas Arreguy - UFMGDhion Carlos Hedlund - FURGEliana Maria dos Santos Bahia - UFSCEliandro dos Santos Costa - UELEliezer Pires da Silva - UNIRIOFernanda Kieling Pedrazzi - UFSMFlvio Leal da Silva - UNIRIOFrancisco Jos Arago Pedroza Cunha - UFBAHamilton Vieira de Oliveira - UFPAHelosa Liberalli Bellotto - USPJanilton Fernandes Nunes - UFAMJoo Eurpedes Franklin Leal - ConarqJorge Eduardo Enriquez Vivar - UFRGSJos Augusto Chaves Guimares - UNESPJosemar Henrique de Melo - UEPBJulianne Teixeira e Silva - UFPBKatia Isabelli de Bethnia Melo de Souza - UnBLeandro Ribeiro Negreiros - UFMGMarcieli Brondani de Souza - UFAMMargarete Farias de Moraes - UFESMaria Do Rocio Fontoura Teixeira - UFRGSMaria Laura Rosas (EUBCA) - MERCOSULMaria Leandra Bizello - UNESPMaria Teresa Navarro de Britto Matos - UFBAMaria Virginia Moraes de Arana - UFESMateus de Moura Rodrigues - FURGPaulo Roberto Elian dos Santos (Fiocruz) - Inst. ArquivsticasLucivaldo Vasconcelos Barros - UFPALuiz Eduardo Ferreira da Silva - UFPARenato Tarciso Barbosa de Sousa - UnBRita de Cassia Portela da Silva - UFRGSRosa Zuleide Lima de Brito - UFPB

  • 6Rosane Suely Alvares Lunardelli - UELSrgio Renato Lampert - FURGSnia Elisabete Constante - UFSMTelma Campanha de Carvalho Madio - UNESPrsula Blattmann - UFSCWelder Antnio Silva - UFMG

    Comisso de Apoio

    SecretriaMelina Pereira

    Comisso de DivulgaoEverton TolvesPmela Menezes FloresAndr Grendene AzevedoMaria Eduarda Flores

    Comisso de TransportesDaiane Regina Segabinazzi PradebonComisso ArtsticaArion Pilla

    Comisso de ProjetosJonas Ferrigolo MeloJuliana KirchhofSrgio Ricardo da Silva Rodrigues

    Comisso de Inscries, Credenciamento e CertificadosCamila MedeirosTamiris CarvalhoCatiana Ramiro

    Comisso de InfraestruturaAdrili MelloDouglas Duarte

    Editorao e RevisoSrgio Ricardo da Silva Rodrigues

  • 7 Associao dos Arquivistas do RS - AARSBinio 2013 - 2015

    DiretoriaPRESIDENTA: Dbora Flores

    VICE-PRESIDENTA: Andrea Gonalves dos Santos1 SECRETRIA: Camila Lacerda Couto

    2 SECRETRIA: Maria Cristina Kneipp Fernandes1 TESOUREIRA: Raquel Miranda da Silva

    2 TESOUREIRO: Clo Belicio Lopes

    CONSELHO FISCAL - TITULARESDenize Camargo

    Rosani Gorete FeronViviane Portela de Portela

    CONSELHO FISCAL - SUPLENTESDaniel Flores

    Flavia Helena ConradoJorge Alberto Soares Cruz

  • 8SUMRIO

    Sobre o Evento09

    AARS.....11

    Comunicaes Orais Eixo Epistemologia da Arquivologia e Formao

    Profissional12

    Comunicaes Orais Eixo Inovao e Sustentabilidade em

    Arquivos..........328

    Comunicaes Orais Eixo Acesso Informao..370

    Comunicaes Orais Eixo Documentos Arquivisticos Digitais...615

    Comunicaes Orais Eixo Patrimnio Documental e Memria..730

    Comunicaes Orais Eixo Gesto Documental.949

    Comunicaes Psteres Eixo Documentos Arquivsticos Digitais...1121

    Comunicaes Psteres Eixo Inovao e Sustentabilidade em

    Arquivos.1143

    Comunicaes Psteres Eixo Gesto Documental1168

    Comunicaes Psteres Eixo Patrimnio Documental e Memria

    ....1220

  • 9SOBRE O EVENTO

    VI CONGRESSO NACIONAL DE ARQUIVOLOGIAVI CNA - 2014

    Santa Maria - RS A realizao do Congresso Nacional de Arquivologia o resultado do

    envolvimento e da cooperao das associaes regionais de arquivistas que unemesforos com a Executiva Nacional de Associaes Regionais de Arquivologia ENARA criada em 2006 durante o II CNA ocorrido em Porto Alegre , ademais dacomunidade arquivstica, atuante nas discusses em prol do desenvolvimento daArquivologia.

    Realizar um congresso, grandioso e importante como este para osprofissionais arquivistas, um trabalho rduo, mas tambm prazeroso, pois ele ummarco para o avano da teoria arquivstica e de suas tecnologias para a comunidadebrasileira. Comunidade esta, cada vez mais, exigente e consciente da importnciada gesto documental e informacional, considerando no somente a atividade fim daarquivstica, mas ainda, sob um olhar na sustentabilidade e nas inovaes quecontribuem para o desenvolvimento e uma melhor aplicabilidade da gestodocumental nas empresas e demais espaos de atuao do profissional arquivista.

    Assim, em um congresso nacional como este, sabido que as discussesgeradas neste grandioso evento, espao para o conhecimento e debates tericos,enriquecem ainda mais a comunidade cientfica e ampliam, consequentemente, asdiscusses acerca da Arquivologia e sua teoria no Brasil.

    Como contribuio para os profissionais envolvidos no evento, que ocorre naunio de uma comunidade nacional em um mesmo espao, enriquece a articulaoentre ensino, pesquisa e extenso, representando, portanto, um elementoimportante no desenvolvimento da comunidade cientfica no mbito da educaosuperior contempornea.

    Os congressos nacionais de arquivologia, que vem acontecendo desde2004, tm contribudo significativamente s discusses de classe. Cada evento vemcarregado de ideias e vises, que ao longo dos dias so debatidas pela comunidadearquivstica, resultando assim em novos conceitos, novos conhecimentos,potencializando o papel do arquivista na sociedade contempornea, sendo o cernedo desenvolvimento de polticas e leis que se tornaram referncia em outras reasdo conhecimento.

    A realizao deste evento a oportunidade de atualizao dos profissionaisparticipantes, explorando novas tendncias na gesto documental, trazendo-setemas de abordagem contempornea e oportunizando, ainda, a presena depalestrantes de renome nacionais e internacionais.

    As comisses organizadora e cientfica somam esforos para apresentar umaprogramao que venha fomentar amplo debate sobre as questes da atualidade nagesto arquivstica e da gesto da informao, com vista a construir umaperspectiva para evidenciar as discusses acadmica e cientfica, considerando asdiferentes dimenses, na dicotomia: educao superior e vida profissional. Issosignifica fortalecer os princpios para com a arquivstica e a gesto da informao,propiciando uma formao acadmica e uma atuao profissional que articule

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    organicamente com o conhecimento cientfico, tcnico, poltico e, ainda, uma posturatica.

    A interao entre as diversas formaes e campos de atuao do profissional,proporciona troca e difuso de conhecimento, pressupondo sujeitos comprometidoscom a evoluo terica e tecnolgica da sua rea de atuao. Desta forma, o eventovisa divulgar, refletir e discutir as novas tendncias da gesto arquivstica e dagesto da informao, integrando seus diversos atores: docentes, discentes,gestores, tcnicos, profissionais e comunidade em geral.

    Desde a dcada de 70 o Brasil tem por tradio realizar congressos nacionaisde arquivologia. Mas foi o ano de 2004 que ficou marcado em virtude da sequnciados congressos sofrer alterao.

    Assim, o I Congresso Nacional de Arquivologia - CNA se realizou na cidadesede do governo federal, Braslia em 2004, tendo como tema Os arquivos no sculoXXI.

    O II CNA, se realizou na acolhedora cidade de Porto Alegre em 2006, tendocomo tema Os desafios do arquivista na sociedade do conhecimento. Esteencontro foi um marco para o arquivologia nacional pois neste congresso se criou aExecutiva Nacional de Associaes Regionais de Arquivologia, a ENARA, que desdeento, passou a organizar os CNAs junto com a associao regional do estado sededo congresso.

    O III CNA se realizou na cidade maravilhosa do Rio de Janeiro em 2008,tendo como tema A Arquivologia e suas mltiplas interfaces.

    O IV CNA se realizou na linda cidade de Vitria em 2010, tendo como tema Agesto de documentos arquivsticos e o impacto das novas tecnologias dainformao.

    O V CNA se realizou na bela cidade de Salvador em 2012, tendo como temaArquivologia e internet.

    E agora, o VI CNA, em 2014, se realiza no corao do Rio Grande do Sul, emSanta Maria. o primeiro congresso nacional que ocorre em uma cidade que no uma capital, e que nos enche de orgulho poder sediar e acolher estes profissionaisque aqui chegam para discutir e compartilhar conhecimentos da Arquivologia.

    O VI CNA conta com sesses plenrias apresentando temas como ADiplomtica Contempornea e a Epistemologia da Arquivologia, Inovao emacesso e preservao digital e Avaliao de documentos: metodologia,procedimentos e implicaes. O evento conta tambm com quatro mini-cursos:Preservao digital, Diplomtica contempornea, O documento arquivsticodigital e ISO30300 com ministrantes do Brasil, Espanha e Portugal, alm dascomunicaes orais e apresentao de psters.

    As apresentaes foram divididos por eixos temticos: Epistemologia daArquivologia e formao profissional, Inovao e sustentabilidade em arquivos,Acesso informao, Documentos arquivsticos digitais, Patrimnio Documental ememria e Gesto Documental.

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    A AARS

    A Associao dos Arquivistas do Estado do Rio Grande do Sul (AARS), criadaem 1999, surgiu a partir da extino dos Ncleos da Associao dos ArquivistasBrasileiros em julho de 1998, quando os associados do Ncleo Regional do RS sereuniram e, aps muita discusso, aprovaram a constituio de uma associaoestadual. Na ata de fundao, constavam 32 associados, que, com muitadisposio, conseguiram criar uma entidade forte e reconhecida nacionalmente. AAssociao dirigida por uma diretoria eleita por dois anos.

    Atualmente, a AARS conta com mais de 270 associados, j foi representantedas associaes de classe no Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) eCoordena a gesto da Executiva Nacional de Associaes de Arquivologia do pasat a realizao do VI CNA. No ano de 2007, a AARS conseguiu sua inscrio naSeo de Associaes Profissionais - SPA, do Conselho Internacional de ArquivosCIA. Em 2006, a Associao promoveu o II Congresso Nacional de Arquivologia,com aproximadamente 500 participantes. E hoje, mais uma vez reafirma suadedicao em prol dos profissionais arquivistas.

    A Associao dos Arquivistas do Estado do Rio Grande do Sul tem porobjetivos: a) promover a defesa dos interesses dos profissionais que atuam na reada arquivologia; b) incrementar estudos para melhorar o nvel tcnico e cultural dosprofissionais de arquivo; c) cooperar com os rgos governamentais e entidadesnacionais e internacionais; pblicas e privadas, em tudo que se relacione comarquivos; d) promover a valorizao, o aperfeioamento e a difuso do trabalhoarquivstico, por meio de estudos, congressos, conferncias, exposies, cursos,seminrios, mesas redondas, e outras atividades; e) estabelecer e manterintercmbio com associaes congneres; f) participar dos eventos que serelacionem com as atividades da rea; g) colaborar com o Arquivo Nacional, osarquivos estaduais e municipais, no desenvolvimento de polticas de arquivo; g) arepresentao judicial ou extrajudicial dos associados mediante autorizao daAssembleia Geral.

    A atual diretoria da AARS tomou posse em 29 de julho de 2013, e tem seumandato at julho de 2015. Alm das atividades de defesa profissional, comodivulgao da regulamentao da profisso, intervenes em concursos irregularescom vagas para arquivista, cursos de capacitao e treinamentos, a AARS enfrentaem 2014 um novo desafio. Aps sediar em 2006 o ento II Congresso Nacional deArquivologia, a AARS recebe novamente o evento, porm na sua VI edio.

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    COMUNICAES ORAIS

    EIXO:

    EPISTEMOLOGIA DA ARQUIVOLOGIA E

    FORMAO PROFISSIONAL

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    Reflexes sobre as relaes entre a Arquivologia e a Cincia daInformao1

    Alexandre de Souza Costa2

    RESUMOReflete sobre as relaes da Arquivologia com a Cincia da Informao. Apresentaalgumas propriedades da interdisciplinaridade sob a perspectiva de Hilton Japiasse Olga Pombo. Delineia algumas aproximaes entre a Arquivologia e a Cincia daInformao a partir das perspectivas de alguns autores contemporneos. Sugere oaprofundamento e verticalizao terica que abordem a relao entre os doiscampos. Prope a insero de disciplinas relacionadas Cincia da Informao noscursos de graduao em Arquivologia e a abordagem das disciplinas relacionadasao campo arquivstico nos programas de ps-graduao em Cincia da Informao.Compreende a importncia dessa questo ao abordar essa temtica nos estudosrealizados no Brasil recentemente.

    Palavras-chave: Arquivologia; Cincia da Informao; Interdisciplinaridade

    Reflections about relations between archival science and information science

    It reflects about relations between archival science and information Science. It showssome properties of interdisciplinarity from the perspective of Hilton Japiass andOlga Pombo. Outlines some approaches between archival science and informationscience from the perspectives of some contemporary authors. It suggests deepeningtheoretical and vertical integration to address the relations between the two fields.Proposes the inclusion of disciplines related to information science in undergraduatearchival science courses and approach of related disciplines from archival sciencefield in graduate programs in information science. It understands the importance ofthis issue when addressing this subject in Brazil studies recently.

    Key words: Archival science; Information science; Interdisciplinarity

    INTRODUO

    Diante de novas demandas para resoluo de problemas relacionados ao

    conhecimento, surgem perspectivas na contemporaneidade que se apresentam para

    criao de novas possibilidades no universo tcnico, poltico e cientfico. Uma

    dessas perspectivas o relacionamento entre campos de conhecimento cientfico a

    partir de suas teorias e mtodos de aplicao.

    1 Este trabalho foi extrado da dissertao de mestrado Produo de conhecimento em Arquivologia sob agide dos programas de ps-graduao em Cincia da Informao orientada por Jos Maria Jardim sob osauspcios da Universidade Federal Fluminense.

    2 Doutorando em Cincia da Informao pelo convnio Universidade Federal do Rio Janeiro/Instituto Brasileiro de Informao em Cincia e Tecnologia (UFRJ/IBICT). [email protected]

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    Nesta direo, apresenta-se uma questo recente no Brasil: o relacionamento

    entre o campo da Cincia da Informao e o campo da Arquivologia, principalmente

    a partir dos anos de 1990 do sculo XX no Brasil.

    Sobre a questo de campo Pierre Bourdieu, socilogo e antropolgo francs,

    desenvolveu esse conceito e deste, o conceito de campo cientfico no que diz

    respeito Sociologia da Cincia. Nesta perspectiva, Bourdieu argumenta que o

    campo da cincia no se difere em nada de um campo social como outro qualquer,

    pois sempre h um embate, uma luta de foras em busca de legitimidade e

    reconhecimento social em um determinado espao simblico.

    Desta forma, temos uma concorrncia pelo monoplio da competncia

    cientfica e a necessidade de legitimidade nos discursos em um primeiro nvel

    institucional e, logo aps, no nvel pessoal. Sobre isto, afirma Bourdieu (1983, p.

    123, grifos do autor): os julgamentos sobre a capacidade cientfica de um estudante

    ou de um pesquisador esto sempre contaminados, no transcurso de sua carreira,

    pelo conhecimento da posio nas hierarquias institudas.

    Um outro aspecto sobre a busca de legitimidade e o reconhecimento social

    a questo poltica. Desta maneira, as questes epistemolgicas se confundiriam

    com questes polticas. Um exemplo disto seriam as bolsas de financiamento de

    projetos de pesquisa que seriam e/ou so liberadas pelas agncias de fomento de

    acordo com certas pesquisas de pessoas de grupos hegemnicos estabelecidos

    institucionalmente. Assim, os critrios de avaliao seriam sempre adstritos

    manuteno da hegemonia estabelecida e conquistada com esforos cientficos.

    Bourdieu ainda coteja o conhecimento cientfico ao capital e, por isso, possui

    suas regras de distribuio:

    A estrutura da distribuio do capital cientfico est na base dastransformaes do campo cientfico e se manifesta por intermdio dasestratgias de conservao ou de subverso da estrutura que ela mesmaproduz. Por um lado, a posio que cada agente singular ocupa num dadomomento na estrutura do campo cientfico a resultante, objetivada nasinstituies e incorporada nas disposies, do conjunto de estratgiasanteriores desse agente e de seus concorrentes (elas prprias dependentesda estrutura do campo, pois resultam das propriedades estruturais daposio a partir da qual so engendradas). Por outro lado, astransformaes da estrutura do campo so o produto de estratgias deconservao ou de subverso que tm seu princpio de orientao eeficcia nas propriedades da posio que ocupam aqueles que asproduzem no interior da estrutura do campo (BOURDIEU, 1983, p. 134).

    Por fim, Bourdieu afirma que as posies estratgicas no campo cientfico so

    ideolgicas disfaradas de epistemolgicas. Desta forma, o discurso engendrado

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    pelos que esto institucionalmente amparados de se manterem justificando sua

    posio e, ao mesmo tempo, desacreditarem os que esto em posio oposta, ou

    seja, os pesquisadores contra hegemnicos. Tem-se ento, uma relao de poder.

    Nesta direo, apresenta-se uma questo recente no Brasil: o relacionamento

    entre a Cincia da Informao e a Arquivologia, principalmente a partir da

    representao da tabela de reas no CNPQ, na produo de teses e dissertaes

    com temticas arquivsticas em programas de ps-graduao em Cincia da

    Informao, na insero de disciplinas com temas da Cincia da Informao nos

    cursos de graduao em Arquivologia, e das disciplinas com temas arquivsticos nos

    programas de ps-graduao em Cincia da Informao no Brasil. Estes eventos

    ocorreram nitidamente a partir dos anos de 1990.

    A QUESTO DA INTERDISCIPLINARIDADE

    No mbito cientfico, as disciplinas cujo objeto de estudo a informao tais

    como a Cincia da Informao, a Biblioteconomia, e a Arquivologia3, tm-se

    abordado a questo da interdisciplinaridade. Contudo, a fim de compreender a

    dimenso deste fenmeno faz-se necessrio apresent-lo a partir de alguns matizes.

    A interdisciplinaridade mostra-se como uma das respostas fragmentao do

    saber, ou seja, um alto grau de especializao por parte das cincias ou saberes

    compartimentados (JAPIASS, 1976). Esta especializao apresenta como

    componentes aspectos polticos, econmicos e sociais. A interdisciplinaridade viria

    como proposta no bojo da ps-modernidade e criaria a possibilidade do dilogo

    entre (inter) as disciplinas formando uma ideia de interao. O resultado desta

    interao, a partir do rigor terico-metodolgico aplicado e tendo por mediao a

    interdisciplinaridade, traria novas perspectivas de abordagens cientficas.

    Convm lembrar que a interdisciplinaridade no um conceito e nem um

    fenmeno recente. Esta perspectiva nos remete, por exemplo, Frana do sculo

    XVIII; em meio ao Iluminismo e anterior Revoluo Francesa, houve um

    movimento filosfico e cultural liderado por Jean le Rond dAlembert e Denis Diderot

    chamado de Enciclopedismo que previa a catalogao do conhecimento humano a3 importante apontar que a informao passou a ser mais observada pela Arquivologia a partir da noo deinformao arquivstica ou informao registrada orgnica. Este termo foi utilizado por Jean Yves-Rosseau eCarol Couture (1998) conforme citado anteriormente na delimitao do problema desta pesquisa.

  • 16

    partir de princpios racionais. Havia nesta catalogao uma diviso ou rvores de

    conhecimento, compartimentando os ramos do saber humano.

    Historicamente, as disciplinas foram uma inveno no final do sculo XVIII no

    ocidente como forma de institucionalizar departamentos acadmicos. J havia nessa

    poca a noo de autonomia, ou seja, embora estivessem ligados Filosofia que

    seria a integradora de todos os conhecimentos, os departamentos eram

    independentes (BURKE, 2003).

    Desta maneira, Japiass (1976, p. 60, grifos do autor) baseado em Heinz

    Heckhausen expe que antes da abordagem do interdisciplinar necessrio que se

    tenha bem definido o que uma disciplina ou disciplinas. O autor lista sete

    componentes que devem ser observados:

    1- o domnio material das disciplinas, constitudo pelo conjunto de objetospelos quais elas se interessam e dos quais se ocupam;

    2- o domnio de estudo que nada mais seno o ngulo especfico sob oqual a disciplina considera seu domnio material, podendo ser comum avrias disciplinas (...);

    3- o nvel de integrao terica dos conceitos fundamentais e unificadoresde uma disciplina, capazes de abranger todos os fenmenos prprios, tendoem vista uma reconstruo da realidade do domnio de estudo a fim deexplicar e prever os fenmenos que a ele se referem;

    4- os mtodos prprios para apreender a transformar os fenmenos,havendo perfeita concordncia entre a aplicao dos mtodos e as leisgerais do nvel de integrao terica;

    5- os instrumentos de anlise que repousam, sobretudo, na estratgialgica, nos raciocnios matemticos e na construo de modelos;

    6- as aplicaes das disciplinas: quanto mais elas se orientam paraaplicao profissional, mais eclticas se revelam em sua concepoepistemolgica, exigindo, assim, programas pluridisciplinares;

    7- as contingncias histricas: em seu processo de evoluo histrica, cadadisciplina se encontra, em cada fase, num momento de transio, emcontacto com foras e influncias internas e externas (...).

    Nesta perspectiva, cada disciplina ou campo de conhecimento possuem suas

    bases (princpios, mtodos, objeto e teorias) e fronteiras bem delimitadas, mas em

    um projeto interdisciplinar especfico h uma intensa troca entre os envolvidos de tal

    maneira que as delimitaes de fronteiras so suplantadas em prol da busca para

    atender o fenmeno pesquisado.

    Deste modo,

    Passamos por graus sucessivos de cooperao e de coordenaocrescentes antes de chegarmos ao grau prprio ao interdisciplinar. Este

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    pode ser caracterizado como o nvel em que a colaborao entre asdiversas disciplinas ou entre os setores hetergenos de uma mesma cinciaconduz a interaes propriamente ditas, isto , a uma certa reciprocidadenos intercmbios, de tal forma que, no final do processo interativo, cadadisciplina saia enriquecida. Podemos dizer que nos reconhecemos diante deum empreendimento interdisciplinar todas as vezes em que ele conseguirincorporar os resultados de vrias especialidades, que tomar de emprstimoa outras disciplinas certos instrumentos e tcnicas metodolgicos, fazendouso dos esquemas conceituais e das anlises que se encontram nosdiversos ramos do saber, a fim de faz-los integrarem e convergirem, depoisde terem sido comparados e julgados. Donde poderemos dizer que o papelespecfico da atividade interdisciplinar consiste, primordialmente, em lanaruma ponte para religar as fronteiras que haviam sido estabelecidasanteriormente entre as disciplinas com objetivo preciso de assegurar a cadauma seu carter propriamente positivo, segundo modos particulares e comresultados especficos (JAPIASS, 1976, p.75, grifos do autor).

    O autor ainda nos lembra de que o conceito de interdisciplinaridade evoca

    trs outros conceitos no que diz respeito ao relacionamento de disciplinas ao qual

    ele chamou de conceitos vizinhos (JAPIASS, 1976, p.72). O Quadro 1 expressa

    estes conceitos e as diferenas entre eles.

    Quadro 1 Definies dos conceitos de Multidisciplinaridade, Pluridisciplinaridade,Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade e suas especificidades.

    DEFINIO DESCRIO GERAL TIPO DE SISTEMA

    Multidisciplinaridade

    Gama de disciplinas que propomos simultaneamente, mas sem fazer aparecer as relaes que podem existir entre elas.

    Sistema de um s nvel e de objetivos mltiplos; nenhuma cooperao.

    Pluridisciplinaridade

    Justaposio de diversas disciplinas situadas geralmente no mesmo nvel hierrquico e agrupadas de modo a fazer aparecer as relaes existentes entre elas.

    Sistema de um s nvel e de objetivos mltiplos; cooperao, mas sem coordenao.

    Interdisciplinaridade

    Axiomtica comum a um grupo de disciplinas conexas e definida no nvelhierrquico imediatamente superior, o que introduz noo de finalidade.

    Sistema de dois nveis e de objetivos mltiplos; coordenao procedendo do nvel superior.

    Transdisciplinaridade

    Coordenao de todas as disciplinas e interdisciplinas do sistema de ensino inovado, sobre a base de uma axiomtica geral.

    Sistema de nveis e objetivosmltiplos; coordenao com vistas a uma finalidade comum dos sistemas.

    Fonte: Elaborao prpria com base em Japiass (1976).

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    Em uma perspectiva contempornea acerca da questo da

    interdisciplinaridade, Olga Pombo4 professora da Faculdade de Cincias da

    Universidade de Lisboa apresenta interdisciplinaridade da seguinte forma:

    Por interdisciplinaridade, dever ento entender-se qualquer forma decombinao entre duas ou mais disciplinas com vista compreenso de umobjecto a partir de uma confluncia de pontos de vista diferentes e tendocomo objectivo final a elaborao de uma sntese relativamente ao objectocomum. (...). Conforme os casos e os nveis de integrao pretendidos, elapode traduzir-se num leque muito alargado de possibilidades: transposiode conceitos, terminologias, tipos de discurso e argumentao, cooperaometodolgica e instrumental, transferncia de contedos, problemas,resultados, exemplos, aplicaes, etc (1994, grifo da autora).

    Em uma proposta acerca da Epistemologia da Interdisciplinaridade, Pombo

    aponta que a questo da interdisciplinaridade no isolada em si, mas h um grupo

    de quatro palavras que apresentam uma disputa pelo mesmo terreno. Neste

    contexto, este terreno de disputa a raiz em comum que elas possuem, ou seja, a

    disciplina, que teriam trs significados (i) disciplina como ramo do saber ramos do

    saber universalmente consolidados como Matemtica, Fsica, Biologia, Psicologia,

    Sociologia, entre outras; (ii) disciplina como componente curricular disciplinas do

    ensino bsico que se recortam sobre as disciplinas cientficas; (iii) disciplina como

    conjunto de normas e leis trata da disciplina enquanto comportamento de um

    determinado grupo social.

    Embora Pombo apresente um grupo de quatro palavras inicialmente, a autora

    incita que so trs e no quatro, pois etimologicamente pluri e multi possuem o

    mesmo significado.

    Diante deste modelo Pombo expe o seguinte:

    A ideia a de que as tais trs palavras, todas da mesma famlia,devem ser pensadas num continuum que vai da coordenao combinao e desta fuso. Se juntarmos a esta continuidade deforma um crescendum de intensidade, teremos qualquer coisa destegnero: do paralelismo pluridisciplinar ao perspectivismo econvergncia interdisciplinar e, desta, ao holismo e unificaotransdisciplinar (POMBO, 2003, p. 5, grifos da autora).

    4 Disponvel em http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/mathesis/interdisciplinaridade.pdf. Acesso em 5 de Julho de 2010.

  • 19

    Ainda Pombo (2005, p.11, grifos da autora) em uma palestra conferida no

    Congresso Luso-Brasileiro sobre Epistemologia e Interdisciplinaridade na Ps-

    Graduao, conclui seu pensamento da seguinte forma:

    Sem interesse real por aquilo que o outro tem para dizer no se fazinterdisciplinaridade. S h interdisciplinaridade se somos capazes departilhar o nosso pequeno domnio do saber, se temos a coragemnecessria para abandonar o conforto da nossa linguagem tcnica e paranos aventurarmos num domnio que de todos e de que ningum proprietrio exclusivo. No se trata de defender que, com ainterdisciplinaridade, se alcanaria uma forma de anular o poder que todosaber implica (o que equivaleria a cair na utopia beata do sbio sem poder),mas de acreditar na possibilidade de partilhar o poder que se tem, oumelhor, de desejar partilh-lo. Como? Desocultando o saber que lhecorresponde, explicitando-o, tornando-o discursivo, discutindo-o.

    Diante do exposto, observaremos algumas tentativas de estabelecimento de

    relao entre as reas da Cincia da Informao e a Arquivologia no Brasil.

    INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE A ARQUIVOLOGIA E A CINCIA DAINFORMAO

    No que tange interdisciplinaridade entre a Cincia da Informao e

    Arquivologia, os primeiros estudos que tratam da questo foram iniciados a partir

    dos anos de 1990. No ano de 1992, em um artigo intitulado As relaes entre a

    Arquivstica e a Cincia da Informao, Jardim e Fonseca (1995, p.48) abordam

    que ambas as disciplinas tratam da questo da informao, no entanto, na

    perspectiva dos autores a relao entre as disciplinas era pouco observada:Apesar da Arquivstica e da Cincia da Informao partilharem do mesmodomnio de estudos a informao os nveis de interao que apresentamso bastante precrios. Ainda que a informao seja contemplada porambas as disciplinas a partir das suas diferentes propriedades eespecificidades quanto produo, uso e disseminao, o territriodisponvel para o intercmbio terico e prtico mostra-se extremamentevasto.

    Neste mesmo artigo, os autores apontam que embora a informao enquanto

    objeto seja contemplado pelas duas disciplinas, no plano internacional no pode ser

    observado o relacionamento entre elas. Alm disso, os autores afirmam que a

    literatura clssica da Cincia da Informao no contempla a informao

  • 20

    arquivstica. Por outro lado, a literatura arquivstica tambm no menciona a Cincia

    da Informao (JARDIM; FONSECA, 1995, p. 47).

    Smit (2003), por seu turno considera que a Biblioteconomia, a Arquivologia e

    a Museologia so disciplinas que apresentam um objetivo em comum, tornar

    informaes acessveis. Por isso estes campos seriam interfaces da Cincia da

    Informao. Smit (2003) ainda aborda que se observamos as prticas feitas em

    tempos remotos, as instituies recebiam tanto materiais arquivsticos como

    materiais bibliogrficos. Com a inveno da imprensa, os materiais comearam a ser

    separados por conta das diferenas de tipologia. Ainda Smit (2003) interpreta que

    tanto a Biblioteconomia como a Arquivologia so modalidades pragmticas da

    Cincia da Informao.

    Nesta direo, Arajo (2011) expressou o seguinte:

    Uma outra rea do conhecimento, fortemente relacionada CI [Cincia daInformao], a Arquivologia. A Arquivologia sempre teve traos identitrioscom a Biblioteconomia. Ambas so igualmente antigas e ligadas aosurgimento dos suportes escritos do conhecimento humano. Ambasdesenvolveram, ao longo dos sculos, tcnicas e procedimentos para, numprimeiro momento, conservar e guardar os documentos; depois organiz-losde maneira a serem recuperados e, em tempos mais recentes, para tornaracessveis seus contedos. E, tal como a Biblioteconomia, tambm aArquivologia no conseguiu desenvolver, ao longo dos anos, um corpo deconhecimentos propriamente cientficos.

    Na perspectiva de Arajo (2011), a Cincia da Informao, por seu carter

    interdisciplinar acomodaria a Arquivologia, a Biblioteconomia e a Museologia

    (tambm inserida nesta perspectiva) e permitiria que estas reas se

    desenvolvessem.

    Sobre este aspecto, podemos destacar a conferncia feita por Jos Maria

    Jardim na abertura do 3 Congresso Nacional de Arquivologia realizado em 2008 no

    Rio de Janeiro. Jardim expe que o discurso sobre a relao interdisciplinar entre a

    Arquivologia e a Cincia da Informao mencionado, porm, no praticado. Alm

    disso, Jardim afirma que a ideia de subordinao da Arquivologia Cincia da

    Informao ganha espao, sobretudo no Brasil e que no procede

    internacionalmente (JARDIM, 2008, p. 37). Como pode ser observada, esta questo

    se repete e parece inalterada em quase 20 anos aps o texto deste mesmo autor

    juntamente com Maria Odila Fonseca na pgina anterior.

    Jardim (2008, p.38) ainda apresenta o que parecem ser equvocos no caso

    brasileiro:

  • 21

    Um equvoco a perspectiva, pelo menos em algumas interpretaes, deque a Arquivologia uma modalidade pragmtica ou universo de aplicaoda Cincia da Informao. Essa perspectiva reduz a Arquivologia a umcampo de aplicao da Cincia da Informao, passando ao largo dosdispositivos tericos da rea. Ainda que os dispositivos tericos da Cinciada Informao possam e devam ser no universo emprico arquivstico, issono equivale necessariamente a uma relao de subordinao daArquivologia em relao Cincia da Informao. Essa concepo vemganhando espao no Brasil, inclusive, de alguma forma, no campoarquivstico.

    E mais:

    Um outro equvoco, a ideia de que Arquivologia, junto com aBiblioteconomia e a Museologia, constituem-se na base da Cincia daInformao. Ao menos em relao Arquivologia, basta analisar a histriada rea e tambm da Cincia da Informao para afirmar que essaafirmao inconsistente.

    Desta forma, Jardim (2008, p. 38) entende que a Arquivologia uma rea

    autnoma do conhecimento, contudo, isto no compromete a possibilidade de obter

    relaes interdisciplinares:

    (...) parece-me equivocada a perspectiva de que a autonomia daArquivologia incompatvel com o imperativo da sua interdisciplinaridade.Autonomia e relaes interdisciplinares no so categorias excludentes. Umcampo de conhecimento pode manter relaes interdisciplinares comdiversas outras reas sem que sua autonomia, como um campo, sejadiluda. Autonomia no significa insulamento.

    Mariz (2004) observou as relaes entre os dois campos a partir de uma

    abordagem sistmica. Verificou que na Cincia da Informao, os Sistemas de

    Informao so bastante importantes enquanto campo de estudo. No que diz

    respeito Arquivologia, a autora observa que no h um consenso sobre o que so

    Sistemas de Arquivos, que poderiam ser entendidos como Sistemas de

    Recuperao de Informao, logo como Sistemas de Informao. Desta maneira,

    Mariz aponta que a abordagem sistmica poderia ser um ponto de convergncia

    entre as reas. Mariz ainda incita para a possibilidade de instrumentalizao da

    relao entre as duas reas:

  • 22

    (...) parece-nos fundamental para a Arquivstica, assim como para vriasoutras reas do conhecimento, buscar nos estudos e reflexes oriundos daCincia da Informao insumos para o aprimoramento de suas atividadestericas e prticas. Mais do que constatar relaes, seria preciso cri-las.Tais relaes enriqueceriam ambas as reas abrindo novos horizontes paraas abordagens informao em seus aspectos de produo, gesto edifuso (MARIZ, 2004, p.34).

    Em dissertao sobre a informao arquivstica, produzida por Eliezer Pires

    da Silva, podemos observar uma possibilidade de dilogo entre Arquivologia e a

    Cincia da Informao. Nesta pesquisa, o autor prope uma perspectiva

    informacional concernente aos arquivos. Nesta perspectiva, o objeto da Arquivologia

    seria a informao arquivstica. Assim, ao considerarmos a informao como objeto

    de estudo da Cincia da Informao, podemos entender que potencialmente a

    informao arquivstica poder ser inserida como tema de interesse para pesquisa

    desta rea.

    No entanto, Silva, na concluso de seu trabalho, compreende a noo de

    informao arquivstica da seguinte forma: A dimenso de inovao no emprego da

    expresso informao arquivstica ainda no est clara (SILVA, 2009, p. 116, grifos

    do autor). E mais: Pode-se tambm inferir que os argumentos sobre as mudanas

    na Arquivologia hoje no apresentaram uma articulao capaz de embasar um

    conceito de informao arquivstica (SILVA, 2009, p. 116).

    Um aspecto interessante no relacionamento entre os dois campos no Brasil

    foi identificado por Fonseca (2005, 102 p.):

    A associao com a cincia da informao parece ser uma caracterstica daevoluo da rea arquivstica no Brasil. (...) considerando a homogeneidadecom que teses e dissertaes com temtica arquivstica so acolhidas emdiferentes programas de ps-graduao em cincia da informao, (...).

    Podemos tomar como exemplo, o levantamento feito por Fonseca em seu

    livro5 Arquivologia e cincia da informao, no qual a autora mapeia e identifica um

    considervel nmero de produo de teses e dissertaes referentes aos temas

    arquivsticos em programas de ps-graduao em Cincia da Informao,

    sobretudo, a partir dos anos 90. De acordo com a pesquisa de Fonseca (2005, p.

    93), de um total de 53 trabalhos entre teses e dissertaes 26, ou seja,

    5 O livro da autora fruto de sua Tese intitulada Arquivologia e Cincia da Informao: (re)definio de marcosinterdisciplinares apresentada como requisito para obteno do ttulo de Doutor no programa de Ps-Graduaoem Cincia da Informao pelo convnio UFRJ/IBICT.

  • 23

    aproximadamente 50%, foram resultados de pesquisas em programas de ps-

    graduao em Cincia da Informao.

    Pinheiro em duas oportunidades (2006 e 2009), mapeou as relaes

    interdisciplinares da Cincia da Informao com diversos campos do conhecimento.

    As relaes com a Arquivologia foram apresentadas em duas subreas/disciplinas

    de acordo com a pesquisa dessa autora - Necessidades e usos da Informao e

    Representao da Informao.

    Uma possvel interpretao para esta aproximao entre a Cincia da

    Informao e a Arquivologia, no mbito dessas subreas/disciplinas a questo da

    necessidade de recuperao da informao arquivstica preconizada pela Conselho

    Internacional de Arquivos em uma tentativa de normatizar internacionalmente os

    padres de descrio em arquivos, alm disso tem se tornado frequente os

    estudos de padres de interoperabilidade de metadados no ambiente eletrnico.

    CONSIDERAES FINAIS

    No que tange s relaes entre a Arquivologia e a Cincia da Informao,

    para que de fato este relacionamento seja interdisciplinar, ser necessrio o

    aprofundamento e verticalizao terica em pesquisas que abordem esta

    perspectiva entre os dois campos. Desta forma, ser necessrio avaliar

    contingncias histricas no Brasil e no mundo, metodologias, saberes, prticas de

    ambas as reas e como elas se relacionam. O caso brasileiro aponta que esta

    relao se d principalmente na pesquisa de temas arquivsticos em programas de

    ps-graduao de Cincia da Informao, isto poder ser melhor aprofundado em

    outra oportunidade. Contudo, ser necessrio o acompanhamento e anlise dessas

    pesquisas para verificao dos nveis de integrao entre ambos os campos de

    conhecimento.

    Dessa forma, sugerimos a leitura de contribuies mais especficas s

    questes epistemolgicas do campo. Tratam-se das teses e dissertaes que

    abordaram temas semelhantes ao desta pesquisa. Atribumos Maria Odila

    Fonseca o incio de estudos com esta caracterstica no Brasil com a tese Cincia da

    Informao e Arquivologia: relaes interdisciplinares, defendida no ano de 2004.

    Desde a tese de Maria Odila Fonseca, ocorreram pelo menos mais cinco pesquisas

  • 24

    das quais temos conhecimento sobre este aspecto: Os espaos de dilogos da

    formao e configurao da Arquivstica como disciplina no Brasil, de Anglica

    Cunha Marques, defendida no ano de 2007; A noo de informao arquivstica na

    produo de conhecimento em Arquivologia no Brasil (1996-2006), de Eliezer Pires

    da Silva, defendida no ano de 2009; Zonas interdisciplinares entre a Arquivologia e

    a Cincia da Informao: cartografia das prticas discursivas, de Welder Antnio

    Silva, tambm defendida em 2009; e, Interlocues entre a Arquivologia Nacional e

    a internacional no delineamento da disciplina no Brasil, novamente de Anglica

    Cunha Marques, defendida no ano de 2011; Produo de conhecimento em

    Arquivologia sob a gide dos programas de ps-graduao em Cincia da

    Informao, de Alexandre de Souza Costa, defendida no ano de 2011.

    Ademais, uma iniciativa que poderia demonstrar a relao entre a

    Arquivologia e a Cincia da Informao seria a pesquisa sobre a insero de

    disciplinas relacionadas Cincia da Informao nos cursos de graduao em

    Arquivologia bem como uma verticalizao sobre as disciplinas relacionadas

    Arquivologia nos programas de ps-graduao em Cincia da Informao. Seria

    necessrio observar qual a abordagem na aplicao destas disciplinas e qual

    contribuio interdisciplinar se origina delas, algo que transcende os limites deste

    trabalho.

    Outro aspecto relacionado a constatao de Pinheiro (2005), de que so

    raros os estudos tericos e histricos, mais concentrados na linha de pesquisa

    Epistemologia e Interdisciplinaridade da Cincia da Informao do Programa de Ps-

    Graduao do IBICT. Dessa maneira, estudos relacionados ao relacionamento entre

    campos cientficos, e nesse caso entre a Cincia da Informao e Arquivologia

    poderiam cobrir pelo menos uma parte dos estudos dessa linha.

    Entende-se que, ao abordar esta questo h um fortalecimento da discusso

    dessa temtica e uma possvel contribuio em relao ao estado da questo, ainda

    que modestamente, para ampliao do debate sobre esse tema no Brasil.

    REFERNCIAS

    ARAJO, Carlos Alberto vila. Cincia da Informao, Biblioteconomia, Arquivologiae Museologia: Relaes institucionais e tericas. Encontros Bibli, Florianpolis, v.16, n. 31, p. 110-130, 2011.

  • 25

    BURKE, Peter. Uma histria social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. Riode Janeiro: Zahar, 2003. 241 p.

    FONSECA, Maria Odila. Arquivologia e cincia da informao. Rio de Janeiro:FGV, 2005. 124 p.

    JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago,1976.

    JARDIM, Jos Maria. As relaes interdisciplinares da Arquivologia. In: IIICongresso Brasileiro de Arquivologia. Anais... Rio de Janeiro, 2008. (CD-Rom)

    JARDIM, Jos Maria; FONSECA, Maria Odila. As relaes entre a Arquivstica e aCincia da Informao. Cadernos de Ps-Graduao em Cincia da Informao,Rio de Janeiro, v.1, n.1, p. 41-50, 1995.

    MARIZ, Anna Carla Almeida. Relaes interdisciplinares entre a Arquivstica e aCincia da Informao. Cenrio Arquivstico, Braslia, v. 3, n. 1, p. 29-36, 2004.

    PINHEIRO, Lena Vania R. Cincia da Informao: desdobramentos disciplinares,interdisciplinaridade e transdisciplinaridade. In: GONZLEZ DE GMEZ, MariaNlida; ORRICO, Evelyn Goyannes Dill. (Org.). Polticas de memria einformao: reflexos na organizao do conhecimento. Natal: EditoraUniversitria da UFRN/EDUFRN, 2006, v. , p. 111-141.

    PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. Configuraes disciplinares e interdisciplinares daCincia da Informao no ensino e pesquisa no Brasil. In: BORGES, Maria Manuel;CASADO, Elias Sanz (Orgs.). A Cincia da Informao criadora de conhecimento.Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra,University Press, 2009. p. 99-111.ISBN: 978-989-26-0014-7.PINHEIRO, Lena Vania Ribeiro. Processo evolutivo e tendncias contemporneasda Cincia da Informao. Inf. & Soc.: Est., Joo Pessoa, v. 15, n.1, p. 13-48,jan./jun. 2005

    POMBO, O. Epistemologia da Interdisciplinaridade. In: SEMINRIOINTERNACIONAL DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO, 2003, Porto.Anais... Porto, 2003. Disponvel emhttp://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/investigacao/portofinal.pdf. Acesso em:04 dezembro 2011.

    POMBO, Olga. Interdisciplinaridade e integrao de saberes. Liinc em revista. Riode Janeiro, v. 1, n.1, p. 4-16, 2005.

    SILVA, Eliezer Pires da. A noo de informao arquivstica na produo deconhecimento em arquivologia no Brasil (1996-2006). 110f. Dissertao

  • 26

    (Mestrado em Cincia da Informao) Instituto Brasileiro de Cincia e Tecnologia,Universidade Federal Fluminense, 2009.

    SMIT, Johanna W. Arquivologia/Biblioteconomia: Interfaces da Cincia daInformao. Informao & Informao, Londrina, v. 8, n. 1, 2003.

  • 27

    MERCADO DE TRABALHO PARA ARQUIVISTAS: um estudo dademanda no setor Pblico em Manaus6

    Greceane do Nascimento dos Santos7

    Clia Regina Simonetti Barbalho8

    Rosinilda Damasceno dos Santos Filha9

    RESUMOEsta pesquisa busca contribuir para a rea da Arquivologia por meio de estudo dasnecessidades e capacidade produtiva do setor pblico na esfera estadual, quanto aoemprego de mo de obra qualificada para gerenciar os setores de arquivo na cidadede Manaus. Trata-se de uma anlise exploratria sobre os arquivos pblicosestaduais. O objetivo geral foi verificar o mercado de trabalho para o profissional,Arquivista. Do universo total de instituies estaduais, cinquenta e nove, foramselecionadas aleatoriamente como amostra representativa, vinte e cinco por cento,com o intuito de identificar profissionais que trabalham nos arquivos dessasinstituies. O instrumento de pesquisa, aplicado junto ao montante de dezessetergos dentre os quais esto seis secretarias, duas autarquias, duas empresaspblicas, duas fundaes pblicas, um conselho, uma instituio do poder executivo,uma instituio do poder legislativo e uma instituio do poder judicirio do governodo Estado do Amazonas, se constituiu de um questionrio estruturado com questesabertas e fechada aplicada aos responsveis pelos arquivos desses. Os resultadosobtidos demonstraram uma deficincia pertinente a todo processo da gestodocumental que compreende a produo, utilizao e destinao. O resultado destapesquisa poder concorrer para a melhoria qualitativa dos arquivos pblicos noEstado do Amazonas, pois evidencia a necessidade de profissionais especializadospara atuarem nos arquivos das instituies cujos documentos se encontramdispersos acarretando em perda da memria, to valiosa para os rgos bem comopara a sociedade.

    Palavras-chave: Formao profissional. Arquivo pblico. Mercado de trabalho.Arquivista.

    1 INTRODUO

    6 Este trabalho oriundo da Pesquisa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciao Cientfica (PIBIC-SA/0139/2012) do Ncleo de Estudo e Pesquisa em Cincia da Informao (NEPCI), Universidade Federal doAmazonas (UFAM). Pesquisa realizada no perodo de setembro/2012 a julho/2013, tendo como Autora Greceanedo Nascimento dos Santos, Orientadora Clia Regina Simonetti Barbalho, Colaboradores Bruno Trece eRosinilda Damasceno dos Santos Filha.7 Graduanda em Arquivologia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). [email protected] Doutora em Comunicao e Semitica pela Universidade Catlica (PUC). [email protected] Bacharel em Arquivologia pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). [email protected]

  • 28

    A criao da Lei 8.159, em janeiro de 1991, conhecida como Lei de Arquivos,

    foi um avano no reconhecimento do valor que estes rgos possuem no contexto

    da Administrao Pblica considerando que seu artigo 1 aponta que dever do

    Poder Pblicas a gesto documental e a proteo especial a documentos de

    arquivos, como instrumento de apoio administrao, cultura, ao desenvolvimento

    cientfico e como elementos de prova e informao. Entretanto ainda hoje possvel

    encontrar instituies pblicas que no possuem o cargo de arquivista em seu

    quadro de servidores, e o procedimento da organizao da documentao

    realizado por profissional no habilitado.

    Desta forma, para entender quem ocupa o lugar nos arquivos pblicos e a

    expectativa da sua presena, esta pesquisa busca levantar nas instituies pblicas

    estaduais como se constituem os rgos de arquivo, com o intuito de descrever essa

    realidade de modo a compreender a atual dinmica do mercado de trabalho em

    Manaus.

    Os objetivos da pesquisa foram compostos de forma a conhecer a demanda

    por profissionais formados de nvel superior para o segmento dos arquivos na cidade

    de Manaus; identificar o nvel e formao dos recursos humanos que atuam nos

    arquivos pblicos na cidade de Manaus; levantar as deficincias dos recursos

    humanos que atuam nos arquivos pblicos da cidade de Manaus; e examinar as

    expectativas dos arquivos pblicos quanto ao emprego de mo de obra

    especializada.

    Ao investigar a importncia deste profissional para promover a dinmica

    esperada dos arquivos pblicos bem, como a demanda por profissionais Arquivistas

    com foco na atuao no setor pblico estadual na cidade de Manaus, a pesquisa

    procurou contribuir para melhoria qualitativa dos arquivos pblicos no Estado do

    Amazonas.

    Para atender ao disposto, o artigo est composto de um referencia terico

    que discute as questes inerentes a Arquivologia no Brasil, o documento e o ciclo

    documental e a sua relao com o Arquivista e o papel destes rgos na esfera

    pblica. Apresenta ainda o percurso metodolgico composto para atender ao

    objetivo bem como os resultados obtidos com os dados coletados via questionrios

    aplicados aos sujeitos integrantes da pesquisa.

  • 29

    2 REFERENCIAL TERICO

    2.1 A ARQUIVOLOGIA NO BRASIL

    A Arquivstica no Brasil experimentou um impulso a partir da dcada de 70.

    Nesse perodo tiveram lugar trs fatores; a criao dos cursos de graduao, que

    ocorreu a partir de 1974, a composio dos coletivos profissionais e a

    regulamentao da profisso de Arquivista e de Tcnico de Arquivo, em 1978. A

    partir dos anos 80, no marco da modernizao do Arquivo Nacional, foram

    estabelecidos novos procedimentos para os arquivos estatais e municipais e

    ampliadas s discusses sobre estas instituies em mbito nacional.

    A partir da evoluo natural do modus operandis, as organizaes passaram

    a enfrentam problemas como volume de papis produzidos e acumulados, fazendo-

    se necessria avaliao dos documentos com o apoio do arquivista, o qual

    participa juntamente com outros profissionais na elaborao e na aplicao da

    tabela de temporalidade, com o intuito de estabelecer prazos de guarda ou

    eliminao dos documentos.

    Segundo Fernandes (2003, p.3) a falta de profissionais habilitados para

    atuarem nos arquivos das instituies pblicas, que se encontram em desordem,

    acarreta na perda de documentao valiosa para o bom direcionamento e realizao

    das atividades rotineiras da administrao.

    A arquivologia busca formar profissionais capacitados e com habilidades, para

    atuarem na recuperao e acesso informao contidas nos documentos

    arquivstico, que no futuro sero a memria histrica da sociedade, tomando por

    base o seu ciclo de vida.

    2.2 DOCUMENTO E CICLO DE VIDA DOS DOCUMENTOS

    O documento est relacionado ao suporte onde contm um registro,

    independentemente de qual seja este suporte. O documento de arquivo o

    documento criado no decorrer das atividades para determinados fins, em uma

    organizao para est servindo a mesma com as informaes nele contidas.

  • 30

    Segundo Paes (2008) a principal finalidade dos arquivos servir

    administrao, constituindo-se, com o decorrer do tempo, de base para o

    conhecimento da histria. Sua funo bsica tornar disponvel a informao

    contida no acervo documental sob sua guarda.

    As informaes contidas nos documentos so indispensveis para a tomada

    de decises em organizaes pblicas e privadas. Segundo Bellotto (2002):

    Os documentos tm, ademais, seus elementos de utilizao: o uso primrioe o uso secundrio. O uso primrio ser dispositivo, comprobatrio,testemunhal, segundo as razes de criao do documento. O usosecundrio sempre informativo, nas modalidades requisitadas pelapesquisa (BELLOTTO, 2002, p.24).

    As afirmaes da autora apontam para a compreenso do documento de uso

    primrio como aquele que est sendo sempre utilizado pela administrao, fazendo

    parte do arquivo corrente. O documento de uso secundrio encontra-se no arquivo

    intermedirio ou at mesmo no arquivo permanente para consultas e pesquisas.

    Os documentos tambm possuem um ciclo de vida, conforme sua evoluo e

    utilizao.

    A abordagem das trs idades demonstra as etapas de utilizao pelo qual o

    documento passa. Que segundo Paes (2004) seriam estes os estgios de evoluo,

    seria o arquivo de primeira idade ou corrente, arquivo de segunda idade ou

    intermedirio e o arquivo de terceira idade ou permanente.

    O arquivo de primeira idade ou corrente constitudo de documentos que so

    consultados com frequncia pela administrao. O arquivo de segunda idade ou

    intermedirio, formado por documentos que esto perdendo a frequncia de uso,

    mas ainda podem ser solicitados. O arquivo de terceira idade ou permanente,

    constitudo de documentos que perderam o seu valor administrativo e agora

    possuem valor histrico, podendo ser utilizados para pesquisa.

    matria de estudo dos Arquivistas o conhecimento de alguns princpios

    fundamentais da Arquivstica, princpio da provenincia, indivisibilidade ou

    integridade, territorialidade, unicidade, organicidade e cumulatividade.

    Os princpios arquivsticos, so importantes para promover uma eficaz gesto

    de documentos, pois eles contribuem de forma significativa, sendo empregados em

    todas as fases do ciclo vital dos documentos, pois viabilizam o uso futuro de

    arquivos permanentes. Segundo Bellotto (2006) os arquivos permanentes no se

    constroem por acaso [...] pois a histria se faz com uma infinidade de papis

  • 31

    cotidianos, inclusive com os do dia-dia administrativo, alm de fontes, no

    governamentais.

    O profissional Arquivista possui competncia para gerenciar documentos e

    informaes, pois alm de conhecer os princpios arquivisticos, possui habilidades

    adquiridas ao longo de sua formao.

    2.3 PROFISSIONAL ARQUIVISTA

    O ingresso dos arquivistas no mundo do trabalho ocorre com frequncia, por

    meio de concurso pblico, contrato temporrio, contrato por tempo indeterminado e

    processo seletivo. (SOUZA, 2011, p. 178).

    A incorporao prtica profissional no mundo do trabalho dos arquivistas

    tem vrios requisitos, dos quais se considera o principal a titulao, o qual resulta do

    disposto na lei que reconhece a profisso, promulgada em 1978, em particular em

    seu Captulo 2, dedicada aos arquivistas (SOUZA, 2011, p. 179). No Brasil, a

    Classificao Brasileira de Ocupao (CBO) do Ministrio do Trabalho assinala

    como espaos de trabalho para Arquivistas:

    Museus pblicos ou particulares, em arquivos oficiais dos estados,municpios ou universidades, em centros de documentao vinculados aempresas ou instituies s pblicas ou privadas, no ensino etc.Desenvolvem suas atividades em equipes com superviso ocasional, comoempregados registrados ou como autnomos. Em algumas atividades,alguns profissionais podem estar sujeitos aos efeitos da exposio amateriais txicos e a micro organismos. (SOUZA, 2011, p. 176).

    A ausncia de um conselho profissional obriga os arquivistas a efetuem seu

    registro no Ministrio do Trabalho e Emprego, de acordo com o Decreto n 93.480 de

    29 de outubro de 1986, o qual que estabelece:

    Art. 1- Para efeitos de reclassificao e de ingresso nas categoriasfuncionais de Arquivologia e de Tcnico de Arquivo do Grupo Arquivo doServio Civil do poder Executivo, se exigir o registro profissional previstono artigo 4 da Lei n 6.546 de julho de 1978. (SOUZA. 2011, p. 167).

    O profissional Arquivista, aps concluir sua formao em nvel superior, deve

    fazer o seu registro como profissional no Ministrio do Trabalho do Emprego, para

    poder est apto a desenvolve suas atividades aonde for admitido.

  • 32

    Para identificar o nvel de aceitabilidade e visibilidade dos Arquivistas no

    mundo do trabalho, como profissional da informao, o Decreto n82.590, de 6 de

    novembro de 1978, relaciona dentre suas atribuies profissionais: [...]

    planejamento, orientao e acompanhamento do processo documental e

    informativo (BRASIL, 1978).

    De acordo com a descrio do cargo conforme o Ministrio do Trabalho

    possvel afirmar que o trabalho do Arquivista tem por objetivo organizar

    documentao de arquivos institucionais e pessoais; criar projetos de museus e

    exposies; organizar acervos; dar acesso informao; conservar acervos;

    preparar aes educativas e culturais; planejar e realizar atividades tcnico-

    administrativas; orientar implantao de atividades tcnicas alm de assessorar nas

    atividades de ensino, pesquisa e extenso quando da atuao em ambientes de

    instituies de ensino superior.

    Com a evoluo dos suportes de informao integrando s atuais tecnologias

    de comunicao, observa-se a melhoria contnua dos processos, produtividade,

    acesso e disponibilizao de conhecimento e informaes. O arquivista dever est

    apto a manusear as novas tecnologias com habilidades para us-las em sua

    atuao, pois:

    O arquivista hoje no pode esquecer que vive e atua profissionalmente nachamada era da informao, na qual, as tecnologias da informao e dacomunicao tm presena marcante. Os novos suportes documentais, comos quais ter de lidar, exigem conhecimento, competncia, mtodos e meiosde produo, utilizao e conservao fsica especiais. So fatores novosos quais os arquivistas passam agora a serem instrudos e treinados, noobstante concorrem o risco de, em virtude de um vertiginoso crescimentodas possibilidades da eletrnica nas reas documentais, nuncaconseguiram abarcar a plenitude destes conhecimentos to mutantes edependentes de equipamentos to rapidamente tornados obsoletos.(BELLOTO, 2004, p.299).

    O Arquivista executa funes relacionadas gesto de documentos e tem

    papel fundamental para que cada uma delas seja executada de modo satisfatrio

    para a organizao.

    Cabe a este profissional acompanhar cada processo pelo qual passa o

    documento, desempenhando, conforme Santos (2009, p.179-181), as seguintes

    funes: criao ou produo, avaliao, aquisio, conservao ou preservao,

    classificao, descrio e difuso. Tais funes sero basilares para fomentar o uso

    da informao na administrao pblica.

  • 33

    2.4 O PAPEL DA INFORMAO PARA ADMINISTRAO PBLICA

    No mundo globalizado, importante avaliar o fluxo das informaes

    recebidas, a fim de que seja possvel promover sua utilizao eficaz no ambiente

    organizacional. A busca e o uso da informao devem consistir em um processo

    dinmico, ordenado, capaz de suprir a necessidade existente, que venha resultar em

    novas aes ou novos conhecimentos ao seu usurio. (DURIGAN, 2010).

    Para Moreno (2007, p. 13), so fundamentais para o sucesso do processo de

    tomada de deciso a agilidade e a confiabilidade das informaes, portanto [...] a

    informao deve estar disponvel quando necessria, deve ser confivel,

    apresentada de modo seguro e de forma que o decisor consiga interpret-la

    facilmente.

    A Administrao Pblica pode ser definida considerando-se os modos: formal,

    matria e operacional. Pelo modo formal, entende-se o conjunto de rgos

    institudos para a consecuo dos objetivos do Governo. No sentido material, o

    conjunto das funes necessrias dos servios pblicos em geral. Em acepo

    operacional, o conjunto de desempenho perene sistemtico, legal e tcnico, dos

    servios prprios do Estado ou por eles assumidos em benefcios da coletividade

    (MEIRELLES, 1992). Em todos os modos o uso da informao para tomada de

    deciso essencial para promover a eficcia da gesto pblica.

    3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

    Esta pesquisa, cujo objetivo analisar a demanda por profissionais que

    atuam nos arquivos das instituies pblicas na cidade de Manaus, no Amazonas,

    se apropriou enquanto tcnicas de pesquisa, da aplicao de um questionrio com

    questes abertas e fechadas.

    Considerando seus objetivos a pesquisa foi de natureza quantitativa e

    exploratria.

  • 34

    O universo da pesquisa foi composto por 59 (cinquenta e nove) rgos

    distribudos na esfera pblica estadual. Este levantamento foi realizado por meio da

    consulta as instituies pblicas listadas no Portal do Governo do Estado do

    Amazonas em 13 de janeiro de 2013, o que aponta a dimenso dos rgos pblicos

    estaduais existentes na cidade de Manaus. Este total possui, segundo o Portal duas

    divises, a saber, rgos e entidades, alm de instituies, cada uma subdividida

    conforme exposto no Quadro 1.

    Quadro 1 Universo da Pesquisa

    FONTE: Baseado em dados disponveis em: www.amazonas.am.gov.br, acesso em: 13.01.2013

    A amostra da pesquisa foi composta por 25% das instituies que

    constituem o universo exposto no Quadro 1.

    Dentro de cada uma das divises apresentadas no Quadro 1 foram

    selecionadas 25% das instituies, a partir do critrio de possuir um servidor

    responsvel pela diviso. Este processo de amostragem foi realizado

  • 35

    aleatoriamente, sendo selecionadas dezessete instituies, das quais doze

    participaram da pesquisa.

    Foram aplicados questionrios aos responsveis pelo rgo de arquivo das

    instituies pblicas, sujeitos da pesquisa, tomando por base a necessidade de

    conhecimento sobre o processo de arquivamento executado na instituio.

    Para obter coleta de dados foi aplicado um questionrio, composto de

    questes abertas e fechadas (ANEXO 1), na presena da pesquisadora.

    4 ANLISE DOS RESULTADOS

    Os dados apresentados so relacionados as instituies pblicas estaduais

    da cidade de Manaus, levantados por meio do exame da atuao dos responsveis

    pelo setor de arquivo, e principalmente as funes pertinentes ao profissional

    Arquivista.

    Grfico 1 Grau de instruo dos entrevistados

    25%

    50%

    25%

    main-title

    FUNDAMENTALMDIOSUPERIORPS-GRADUAO

    Fonte: elaborado pelos autores

    O Grfico 1 demonstra o grau de instruo dos entrevistados, responsveis

    pelo setor de arquivo na administrao pblica estadual. Do total de 12 (doze)

    sujeitos, 3 (trs) possuem grau de instruo referente ao nvel mdio, 3 (trs) ao

    nvel de ps-graduao; e 6 (seis) profissionais com nvel superior.

  • 36

    Grfico 2 Faixa etria dos entrevistados

    8%

    50%

    42%18 30 ANOS30 45ANOSACIMA DE 45 ANOS

    Fonte: elaborado pelos autores

    O Grfico 2 corresponde a faixa etria da mo de obra dos entrevistados,

    sendo 6 (seis) na faixa de 30 45 anos, 5 (cinco) sujeitos na faixa de idades acima

    de 45 anos existem e apenas um responsvel pelo arquivo que possui menos de 30

    anos.

    Grfico 3 Existncia de um setor de arquivo

    92%

    8%SIMNOTERCEIRIZADO

    Fonte: elaborado pelos autores

    O Grfico 3 aponta que 92% das instituies possuem setor de arquivo,

    sendo que na Agncia de Desenvolvimento Sustentvel do Amazonas (ADS) este

    servio prestado terceirizado.

    Grfico 4 - Qual a forma de arquivamento dos documentos

  • 37

    58%42% CENTRALIZADA

    DESCENTRALIZADA

    Fonte: elaborado pelos autores

    O Grfico 4 destaca a forma de arquivamento dos documentos, que pode ser

    centralizada, realidade em 7 (sete) instituies pesquisadas; e/ou descentralizada

    existente 5 (cinco) instituies que possuem esta forma de arquivamento.

    A compreenso dos sujeitos sobre a importncia da contribuio do servio

    de arquivo para tomada de decises administrativas da instituio em sua

    totalidade, pois eles consideram a existncia do arquivo relevante para o processo

    de tomada de deciso. Isso implica em afirmar que estes sujeitos percebem a

    importncia do rgo para o desempenho organizacional.

    Grfico 5 Profissionais qualificados para organizar a documentao arquivstica nainstituio

    42%58%

    SIMNO

    Fonte: elaborado pelos autores

    O Grfico 5 aponta os resultados sobre a existncia de profissionais

    qualificados para a organizao documental arquivstica, 50% (cinquenta e oito por

    cento) dos entrevistados no se sentem qualificados para desempenhar a funo. Aobservao pode ser entendida pelo fato que, apesar da existncia de setores de

    arquivos nas instituies h o desconhecimento por parte dos funcionrios

    responsveis sobre a finalidade do mesmo.

  • 38

    Diante tal fato, possvel inferir que os gestores destes arquivos, no

    possuem habilidades e conhecimento sobre gesto documental e no se acham

    qualificados para assumirem tais funes.

    Grfico 6 Capacitao para a funo

    42%58%

    SIMNO

    Fonte: elaborado pelos autores

    O Grfico 6 corresponde existncia de treinamento especfico para o

    desempenho da funo. 58% (cinquenta e oito por cento) dos entrevistados no se

    qualificam, muito menos passam por treinamentos especficos para desempenhar a

    funo, o que permite inferir que h um despreparo por parte dos funcionrios

    responsveis pelo setor para lidar com o processo de gesto documental.

    Grfico 7 Frequncia da solicitao de informaes

    83%

    17%DIRIAA CADA 2DIASA CADA 5 DIASA CADA 15 DIASACADA 30 DIASNO LEMBRA

    Fonte: elaborado pelos autores

    O Grfico 7 destaca a frequncia com que so solicitadas informaes

    contidas nos documentos sendo que na maioria das instituies tal demanda

    diria, o que implica na necessidade de nomear profissionais habilitados para lidar

    com a organizao e atendimento. O 17% responderam que as informaes so

    solicitadas a cada 15 dias.

  • 39

    Grfico 8 Disponibilizao de informao

    73%

    27%SIMNO

    Fonte: elaborado pelos autores

    O Grfico 8 destaca que a disponibilidade de informao ocorre em 73%

    (setenta e trs por cento) dos arquivos, ou seja, na metade das instituies as

    informaes so fornecidas sob demanda e nos outros 27% no, o que ressalta a

    ineficcia de rgos.

    Grfico 9 Dificuldade para obter a informao

    33%

    67%

    SIMNO

    Fonte: elaborado pelos autores

    O Grfico 9 revela a dificuldade na obteno de informao no arquivo por

    parte do responsvel 67% (sessenta e sete por cento) dos entrevistados, no

    apresentam dificuldades para a obteno das informaes, e 33% (trinta e trs por

    cento) de alguma forma no atende satisfatoriamente a instituio, o que pode gerar

    uma dificuldade na tomada de decises.

    Grfico 10 Existncia gesto documental

  • 40

    55% 45%SIMNO

    Fonte: elaborado pelos autores

    O Grfico 10 destaca que 55% das instituies possuem uma poltica de

    gesto documental. Ademais, Alguns dos entrevistados no responderam por

    desconhecimento do que seja a gesto documental, e 45% (quarenta e cinco por

    cento) dos entrevistados responderam que a instituio no apresenta nenhuma

    forma de gesto documental, fato este que evidencia a precariedade no trato do

    acervo existente nas instituies.

    Grfico 11 Atendimento satisfatoriamente as exigncias da Lei de Acesso Informao

    64%

    36% SIMNO

    Fonte: elaborado pelos autores

    O Grfico 11 ressalta o atendimento satisfatrio as exigncias da lei de

    acesso a informao, sendo que apenas 64% (sessenta e quatro por cento) dos

    entrevistados, afirmam que atendem a lei de acesso a informao em sua

    instituio, alguns dos entrevistados no responderam, e 36% (trinta e seis por

    cento) responderam que a instituio no atende as exigncias da lei de acesso

    informao, outros desconhecem o que seria a Lei de acesso informao.

    Pelo exposto por meio dos dados coletados, observa-se que h uma

    demanda a ser atendida pelos rgos pblicos existentes na cidade de Manaus e

  • 41

    que integraram esta pesquisa, quanto ao tratamento adequado para promover a

    organizao e acesso documentao por eles produzida.

    A inexistncia de pessoal qualificado compromete a oferta do servio bem

    como a preservao da memria reunida nos documentos custodiados pelos

    arquivos existentes.

    5 CONCLUSES

    O principal recurso para o bom funcionamento de um servios arquivsticos

    a capacidade instalada por meio das competncias daqueles que nele atuam, pois

    ter recursos econmicos, tecnolgicos e ainda normativos favorece a boa prtica da

    gesto dos arquivos. As pessoas com desconhecimento dos fundamentos e os

    procedimentos arquivsticos, no atuaro como um agente para o desenvolvimento

    do bom funcionamento do servio.

    fato que a instruo terica somente, seno que por ser a arquivologia uma

    disciplina eminentemente prtica, demanda pela necessidade de um

    desenvolvimento hbil trabalho emprico sobre documentos ao longo de toda

    formao do arquivista para que esta seja plena. Trabalho emprico, que muitas

    vezes os gestores dos arquivos sem formao profissional tem realizado com

    alguma habilidade, no retrata a melhor tcnica de manejar o repositrio. (CASAS

    DE BARRN, 1996, p.183). O papel do arquivista relevante para a sociedade, pois

    ele o profissional que trabalha com diversas questes como destacado no

    referencial terico, o qual pode representar uma multiplicidade de competncias e

    habilidades complexas dentro de um ambiente de repartio pblica ou privada.

    Pode-se aferir, como resultado desta pesquisa, a qual objetivou conhecer a

    demanda por profissionais formados de nvel superior para o segmento dos

    arquivos, que a qualificao dos servidores envolvidos e diretamente ligados a

    atividade do arquivo promove o eficaz acesso de informaes pertinente ao acervo

    documental institucional, e sua ausncia prejudica em demasia os procedimentos

    em relao a gesto documental, especialmente sobre a questo da produo,

    utilizao e destinao.

    evidente, pelos dados levantados, que h um grande desconhecimento em

    relao aos procedimentos, principalmente na questo da classificao e eliminao

  • 42

    dos documentos, pois arquivo pblico no pode ser constitudo de preciosidades

    colecionadas, reunidas sem organicidade e sem formar grupos significativos de

    fundos como afirma Belloto (2006, p. 27).

    A pesquisa, ao realizar os objetivos propostos, dimensionou que h um amplo

    mercado de trabalho a ser ocupado por profissionais formados em nvel superior, os

    quais no exerccio de suas funes devero promover o amplo acesso a informao

    conduzindo ao pleno exerccio da cidadania.

    REFERNCIAS

    BELLOTO, Helosa Liberalli. Arquivstica: objetos princpios e rumos. So Paulo: Associao de Arquivistas de So Paulo, 2002. 41p.

    _________________________. Arquivos permanentes: Tratamento documental. 2.Ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004. 320p.

    ______________________. Arquivos Permanentes: Tratamento Documental. 4. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. p. 263 278.

    BRASIL. Lei n 6.546, de 4 de julho de 1978. Dispe sobre a regulamentao das profisses de Arquivista e de Tcnico de Arquivo, e d outras providncias. D.O. [da Unio]. Braslia, DF, 5 jul. 1978. Disponvel em: . Acesso em: 30 ago. 2014.

    ______. Lei n 8.159, de 08 de janeiro de 1991. Dispe sobre a poltica nacional de arquivos pblicos e privados e d outras providncias. D.O. [da Unio]. Braslia, DF, 9 jan. 1991. Seo 1, p. 455. Regulamentada pelo Decreto n 4.073, de 03/01/2002. Disponvel em: . Acesso em: 30 ago. 2014.

    ______. Lei n 12.257, de 18 de novembro de 2011. Regula o acesso a informaes previsto no inciso XXXIII do art. 5o, no inciso II do 3o do art. 37 e no 2o do art. 216 da Constituio Federal; altera a Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a Lei no 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991; e d outras providncias. D.O. [da Unio]. Braslia, DF, 18 nov. 2011. Disponvel em: . Acesso em: 30 ago. 2014.

  • 43

    CASAS DE BARRN, Alicia. Personal de archivos: formacin professional integral. En: nuestra palabra: textos archivsticos pan-americanos. Lima, IPGH, 1996, P. 183-190.

    DURIGAN, Gisele Maral et. al. Competncia Informacional no contexto da Segurana pblica.In

    FERNANDES, ngela. LIRA, Rsia, O arquivista e o mercado de trabalho. Disponvel em: . Acesso em: 10/01/2013.

    MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 17. Ed. So Paulo: Malheiros, 1992.

    PAES, Marilena Leite. Arquivo: teoria e prtica. 3 ed.Rio de Janeiro; FGV Editora, 2004. 228p.PORTAL DO GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS. Instituies. Disponvel em: . Acesso em: 10/01/2013.______. rgos e Entidades. Disponvel em: . Acesso em: 10/01/2013.

    SOUZA, Katia Isabelli Melo de. Arquivista, visibilidade profissional: formao, associativismo e mercado de trabalho. 1. ed. Braslia: Starprint, 2011. v. 1. 252p.

    ANEXOUNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS

    INSTITUTO DE CINCIAS HUMANAS E LETRASDEPARTAMENTO DE ARQUIVOLOGIA E BIBLIOTECONOMIA

    CURSO DE ARQUIVOLOGIA

    QUESTIONRIO DE PESQUISANOME DO PROJETO: PIBIC AS/ 0139/ 2012. MERCADO DE TRABALHO PARAARQUIVISTA: um estudo da demanda no setor pblico em Manaus.

    1.IDENTIFICAO:NOME DA ENTIDADE:RAMO DE ATUAO:CARGO DO(A) ENTREVISTADO(A):

    INSTITUIO DO SETOR PBLICO:2.QUAL O SEU GRAU DE INSTRUO?( ) NVEL FUNDAMENTAL ( ) NVEL MDIO( ) SUPERIOR ( ) PS-GRADUAO3.QUAL SUA FAIXA ETRIA?( ) 18 A 30 ANOS( ) 30 A 45 ANOS( ) ACIMA DE 45 ANOS

  • 44

    4.EXISTE NA INSTITUIO UM SETOR DE ARQUIVO?( ) SIM ( ) NO5.SE, SIM. O SERVIO PRESTADO TERCERIZADO?( ) SIM ( ) NO6.SE NO FOR TERCERIZADO, QUAL A FORMA DE ARQUIVAMENTODOS DOCUMENTOS? ( ) CENTRALIZADA QUE UM S ARQUIVO PARA TODA EMPRESA.( ) DESCENTRALIZADA QUE UM ARQUIVO PARA CADADEPARTAMENTO/ SETOR.7.VOC CONSIDERA IMPORTANTE A CONTRIBUIO DESSE SERVIODE ARQUIVO PARA A TOMADA DE DECISES ADMINISTRATIVAS DAINSTITUIO?( ) SIM ( ) NO8.EXISTEM PROFISSIONAIS QUALIFICADOS PARA ORGANIZAR ADOCUMENTAO ARQUIVSTICA NA INSTITUIO? ( ) SIM ( ) NO9.OS FUNCIONRIOS PASSAM POR TREINAMENTO ESPECFICO PARADESEMPENHAR A FUNO?( ) SIM ( ) NO10.QUAL O TIPO DE TREINAMENTO OFERECIDO A ESTESPROFISSIONAIS?_________________________________________________________________________________________________________________QUAL AFREQUNCIA DE INFORMAES CONTIDAS EM ALGUM DOMENTO DOARQUIVO?( ) DIRIA ( ) A CADA 2 DIAS ( ) A CADA 5 DIAS ( ) A CADA 15 DIAS ( ) A CADA 30 DIAS ( ) NO LEMBRA11. CONSEGUIU DISPONIBILIZAR A INFORMAO? ( ) SIM ( ) NO. COMO RESOLVEU A QUESTO?________________________________________________________________________________________________________________________________12. VOC ENCONTROU DIFICULDADE PARA OBTER A INFORMAO?( ) SIM ( ) NO13.A INSTITUIO POSSUI GESTO DOCUMENTAL?( ) SIM ( ) NO14.A INSTITUO TEM ATENDIDO SATISFATORIAMENTE A ASEXIGNCIAS DA LEI DE ACESSO A INFORMAO?( ) SIM ( ) NO

    Data:___/___/___Assinatura do Entrevistado (a):__________________________________Assinatura da Entrevistadora:_______________________

  • 45

    CO-OCORRNCIA DE PALAVRAS-CHAVE NAS COMUNICAESLIVRES DO V CNA: mapeamento do conhecimento

    produzido em Arquivologia

    Cristiano Bassetti de Leon10

    Rita de Cssia Portela da Silva11

    RESUMO

    O presente trabalho apresenta uma anlise cientomtrica de coocorrncia depalavras-chave das comunicaes livres nos anais do V Congresso Nacional deArquivologia, realizado em Salvador-BA no ano de 2012. Visa demonstrar aconfigurao atual da construo de conhecimento em Arquivologia e seudesenvolvimento. Para tanto, apresenta-se o cenrio terico de desenvolvimento dapesquisa, situado no mbito da comunicao cientfica. Faz-se comparao entre opanorama vislumbrado nas palavras-chave e uma proposta de agenda de pesquisaem Arquivologia. Vemos o quanto esto disseminadas as palavras gestodocumental, arquivologia, acesso, preservao, arquivos especializados, arquivo,informao, difuso, memria, etc. nos trabalhos apresentados, lembrando que docorpus de mais de 400 palavras, cerca de 20 se destacaram compondo mesmo umretrato da pesquisa em Arquivologia e da disseminao do conhecimentoarquivstico.

    PALAVRAS-CHAVE: Evento cientfico. Cientometria. Coocorrncia de palavras-chave.

    RESUMEN:El presente trabajo presenta un anlisis cientomtrica de co-ocurrencia de palabrasclave de las comunicaciones libres en los anales del V Congreso Nacional deArchivologia, celebrado en Salvador-BA en el ao 2012. Pretende demostrar laconfiguracin actual de la construccin del conocimiento en Archivologia y sudesarrollo. Con este fin, se presenta el escenario de desarrollo de investigacinterica en el contexto de la comunicacin cientfica. Se hace la comparacin entre elpanorama previsto em las palabras clave y una propuesta de agenda deinvestigacin en Archivologia. Vemos cmo se difunden las palabras. gestin dedocumentos, archivologia, preservacin, acceso, archivos especializados, archivo,informacin, difusin, memoria, etc. em los trabajos presentados, recordando que enel corpus de ms de 400 palabras, circa de 20 se han destacado compondo uncuadro de la investigacin en Archivologia y de la difusin del conocimientoarchivstico.

    PALABRAS CLAVE: Evento cientfico. Cienciometra. Coocurrencia de palabras.10Acadmico do Curso de Arquivologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)[email protected] em Patrimnio Cultural pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Professora Assistente daFaculdade de Biblioteconomia e Comunicao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)[email protected]

  • 46

    1 INTRODUO E CONTEXTO DO ESTUDONa primeira metade do sc. XX, dada a necessidade crescente de pessoal

    capacitado para lidar com o volume de documentos criados a partir da instaurao

    da repblica, inicia-se no Arquivo Nacional a ministrao de cursos de

    aperfeioamento e capacitao de funcionrios que trabalham com documentao.

    Na Dcada de 1970, estes cursos foram ampliados atravs da Fundao Getlio

    Vargas e outras instituies (PAES, 2004, p. 43) culminando nos primeiros cursos de

    graduao em Arquivologia no Brasil, em particular o da Universidade Federal de

    Santa Maria - RS, em 1978, conforme Ohira (2005):

    No Brasil, a formao de arquivistas encontrou sua gnese nos programasde aperfeioamento do Arquivo Nacional, que tiveram inicio em 1911, seconsolidando de maneira regular e permanente somente a partir de 1958.Em 1972, o Conselho Federal de Educao concedeu s Universidadesbrasileiras o poder de organizar programas de graduao em Arquivologia,possibilitando a criao de cursos de graduao a partir de 1977. (OHIRA,2005)

    Com um nmero crescente de profissionais em arquivos, surgiram os

    primeiros congressos, reunies para debater o fazer arquivstico e compartilhar

    experincias. Neste sentido, ainda em 1972, entre 12 e 15 de outubro, foi realizado

    na cidade do Rio de Janeiro o 1 Congresso Brasileiro de Arquivologia atravs da

    recm-criada Associao dos Arquivistas Brasileiros - AAB, fundada em 20 de

    outubro de 1971. Este congresso se repetiu em So Paulo dois anos depois e

    manteve certa periodicidade sendo realizado com frequncia desde 1972

    principalmente no eixo Rio de Janeiro-So Paulo at o final dos anos 1980. Aps

    1986, foi realizado em Salvador - BA, Braslia - DF, uma vez em Santa Maria - RS e

    uma vez em Joo Pessoa-PB. Sendo que o ltimo evento foi novamente realizado

    no Rio de Janeiro em 2012.

    Em julho de 1998 a AAB dissolveu seus ncleos regionais deixando um vcuo

    de representao profissional a ser preenchido. Desta forma, arquivistas de vrios

    estados se organizaram em associaes regionais ou estaduais de arquivistas: A

    Associao de Arquivistas do Rio Grande do Sul - AARGS, a Associao dos

    Arquivistas de Gois - AAG, a Associao dos Arquivistas de Braslia, entre outras.

    Desta nova organizao regionalizada de arquivistas e da necessidade de aproximar

    o debate sobre sua rea profissional dos Arquivistas, saindo do eixo sudeste, nasceu

  • 47

    o Congresso Nacional de Arquivologia - CNA que se encontra atualmente em sua

    sexta edio.

    Ocorrido primeiramente em Braslia no ano de 2004, organizado e realizado

    pela UNB - Universidade de Braslia, O I CNA reuniu Arquivistas, Bibliotecrios,

    Historiadores, Professores e alunos de graduao de todo o pas. Foram 75

    trabalhos apresentados ao redor de seu tema: "Os arquivos no sculo XXI: polticas

    e prticas de acesso s informaes".

    Nos anos seguintes com periodicidade bianual, continuaram ocorrendo estes

    encontros conforme a tabela 2, onde apresentamos os eventos com seus

    respectivos temas:

    QUADRO 1 : Edies do Congresso Nacional de Arquivologia

    ANO CIDADE TEMA2004 Braslia DF Os arquivos no sculo XXI: polticas e prticas de

    acesso s informaes

    2006 Porto Alegre - RS Os desafios do Arquivista na sociedade doconhecimento

    2008 Rio de Janeiro - RJ Arquivologia e suas mltiplas interfaces

    2010 Vitria - ES A Gesto de Documentos Arquivsticos e oImpacto das novas Tecnologias de Informao eComunicao

    2012 Salvador - BA Arquivologia e internet: Conexes para o futuro

    2014 Santa Maria - RS Arquivologia: sustentabilidade e inovao

    Fonte: dados da pesquisa.

    possvel verificar, baseado nos temas dos CNAs, uma evoluo quase

    cronolgica em funo dos avanos tecnolgicos. As temticas deixam transparecer,

    em uma primeira vista, a preocupao, face ao acesso informao, da relao

    acesso x tecnologia. As implicaes destas temticas, apesar de no fazerem parte

    deste trabalho, no podem ser ignoradas, pois refletem o fazer dirio do arquivista e

    demonstram o quo alinhado com as necessidades dos profissionais se encontra o

    CNA.

    Em 2006, a partir das moes do II CNA, foi fundada a ENARA - Executiva

    Nacional das Associaes Regionais de Arquivologia, como forma de se ter uma

    estrutura de representatividade que aproximasse as associaes regionais de

    arquivistas, desde ento, ela vem colaborando com a organizao dos CNAS. Em

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    outubro de 2014, em sua 6 edio o CNA completar 10 anos e, conforme o texto

    de apresentao do evento12, acredita-se que ser um congresso que continuar

    construindo a integrao profissional, incentivando e qualificando a pesquisa

    cientfica em Arquivologia, focando na capacitao e qualificao profissional, bem

    como no fortalecimento da Arquivologia no Pas.

    Neste cenrio, o CNA se configura como um evento de origem tanto cientfica

    quanto acadmica, pois embora mantido e organizado por entidades de classe, no

    caso as Associaes de Arquivistas, conta com a colaborao de universidades e

    instituies de fomento pesquisa, o que corrobora sua importncia acadmica. No

    que se refere a submisso e apresentao das comunicaes livres, os trabalhos

    so avaliados por comisso cientfica, de acordo com os preceitos do sistema blind

    peer review, que determina a anlise das propostas com o devido sigilo da autoria

    (pessoal ou institucional) dos participantes, como forma de assegurar a idoneidade

    na seleo dos trabalhos.

    Diante do exposto, o presente estudo visa