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Pesquisa com base no Arquivo Público Estadual de Mato Grosso do Sul (APE-MS), focando-o como ferramenta de acesso à informação pública aos cidadãos.

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FACULDADES FORTIUM

ROSLIA APARECIDA DA SILVA

Arquivo Pblico EstadualO acesso informao pblica em Mato Grosso do Sul

BRASLIA - 2009

(...) As pessoas gostam de vir visitar o arquivo. fantstico. Vm, visitam, veem as fotos! (...) Conhece e desperta o sentimento de pertencimento.Fala do Diretor do Arquivo Pblico de MS Caciano Lima.

RESUMO

A pesquisa teve como ponto referencial o Arquivo Pblico Estadual de Mato Grosso do Sul (APE-MS), focando-o como ferramenta de acesso informao pblica aos cidados sul-mato-grossenses. No texto, mostra-se a evoluo que a guarda dos documentos teve no Estado, desde o seu incio, ainda na dcada de 70, sob a responsabilidade da Secretaria de Justia. O rgo passou no ano dois mil para a tutela da Secretaria de Gesto de Pessoal, posteriormente para a Secretaria de Administrao e, atualmente, est na guarda da pasta da Fundao de Cultura. Por mostrar uma pequena parte da Administrao Pblica de Mato Grosso do Sul, constituda pelo seu registro histrico, no caso o local de guarda dos arquivos permanentes do Poder Executivo, este trabalho visa, alm de contribuir com as polticas de facilitao de acesso s informaes pblicas, em apoiar o registro da histria do povo sul-mato-grossense. Pois, como afirmou o juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos, Louis Brandeis (1856-1941), "A luz do sol o melhor desinfetante". Fala essa que pode ser aplicada ao sistema pblico, para que ele seja cada vez mais transparente, justo e democrtico.

Palavras-Chave: 1) Arquivologia; 2) Arquivo Permanente; 3) Poder Executivo; 4) Estado de Mato Grosso do Sul; 5) Acesso Informao.

RESUMEN

La investigacin tuvo como punto de referencia el Archivo Pblico del Estado de Mato Grosso del Sur (APE-MS), focando l como herramienta del acceso a la informacin pblica a los ciudadanos de aquella regin. En el texto revela la evolucin que la proteccin de documentos tena en el Estado, desde su principio, an en la dcada de 70, bajo responsabilidad del Departamento de la Justicia. La agencia pas en el ao 2.000 para la tutela del Departamento de la Gerencia del Personal, ms adelante para el Departamento de la Administracin y, actualmente, est en la tutela de la Fundacin de la Cultura. Al mostrar una parte pequea de la administracin pblica de Mato Grosso del Sur, formada por su registro histrico, en el caso, el lugar de custodia de los archivos permanentes del Poder Ejecutivo, este estudio tiene como objetivo ms all de contribuir con la poltica de la facilitacin del acceso a la informacin pblica, sino tambin en el soporte del registro de la historia del pueblo del Estado de MS. Porque, como dijo el juez de la Corte Suprema de los Estados Unidos, Louis Brandeis (*1856+1941), "La luz del sol es el mejor desinfectante". Habla esta que puede ser aplicada al sistema pblico, de modo que sea cada hora ms transparente, justo y democrtico.

Palabras clave: 1) Archivo, 2) Archivo Permanente, 3) Poder Ejecutivo, 4) Estado de Mato Grosso del Sur, 5) Acceso a la Informacin.

SUMRIO

1 INTRODUO ................................................................................................... 9 2 HISTRIA E CONCEITO DE ARQUIVOLOGIA ............................................... 122.1 Histria do Arquivo Pblico em Mato Grosso do Sul ............................................... 15

3 DOCUMENTOS HISTRICOS DE MATO GROSSO DO SUL......................... 18 4 ACESSO INFORMAO PBLICA.............................................................. 19 5 CONCLUSO .................................................................................................. 21 6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................................. 24 7- APNDICE ........................................................................................................ 25

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1 INTRODUO

Este artigo partiu da observao do funcionamento do Arquivo Pblico Estadual (APE-MS), dos documentos permanentes oriundos e/ou sob a guarda do Poder Executivo do Estado de Mato Grosso do Sul. Atravs dos tempos, sua transferncia - durante os diversos governos e governadores - para as secretarias de Justia, de Administrao e de Cultura, respectivamente, aponta para uma cultura crescente de maior aproximao com a populao. Essa evoluo histrica nesse o espao de tempo de trs dcadas o faz cada vez mais cumprir a funo de difusor das informaes produzidas pelas sucessivas administraes pblicas naquela regio. J que essa uma unidade federativa relativamente nova no Brasil. Salientando que o Estado de MS foi criado durante o governo militar, representado pelo presidente Ernesto Geisel. No ltimo ms de outubro de 2009 foram comemorados os 31 anos de diviso do ento Mato Grosso, quando, ento, surgiram os estados de Mato Grosso (do Norte) e Mato Grosso do Sul1. Portanto, os que lero este escrito, sero norteados por uma metodologia que vai alm da descrio dos fenmenos, mas tenta tambm interpret-los, em uma reeducao do olhar investigativo, traando-se um paralelo histrico. O estudo est delimitado entre as disciplinas Arquivologia, Comunicao e Administrao Pblica. No marco desse amplo parmetro, tem-se como diretrizes a legislao estadual e a nacional, aliada bibliografia da rea. Uma primeira questo a ser posta diz respeito ao esclarecimento conceitual de Arquivologia, passando pelos principais documentos armazenados no APE-MS, o acesso informao pblica e finalizando com as devidas concluses do trabalho. Lembrando que no se tem1

Lei Complentar 031/77, de 11/10/1977, publicada no DOU de 12/10/1977.

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aqui a pretenso de formular explicaes novas, mas de aperfeioar e trazer ao campo terico algo que j funciona na prtica, dentro da Capital Campo Grande, hoje estabelecido na Avenida Fernando Correa da Costa, 559 Centro, no prdio da Fundao de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS). Para atingir seus objetivos, a anlise utiliza o mtodo fenomenolgico, por meio de estudo e descrio do processo poltico-social do arquivo central daquele Estado, que mesmo tendo grande importncia na guarda de documentos que mostram e comprovam a formao histrica estadual vai se tornando, praticamente, oculto aos olhos de vrios setores da sociedade. A mdia e os profissionais que nela trabalham so exemplos de consulta que poderiam ser mais rotineiras. E esta uma rea que muito interessa a esta pesquisadora, por ser jornalista formada no ano de 2001 na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e, portanto, profissional da rea h alguns anos. Frisa-se que ainda pouco estudada essa vertente do acesso informao em Mato Grosso do Sul, por isso, este trabalho leva observao de que estar sob coordenao da Fundao de Cultura aproxima os documentos ali guardados do cidado sul-mato-grossense. E, para os estudantes que almejam trabalhar no servio pblico, atualmente a Arquivologia uma disciplina cada vez mais cobrada pelas bancas de concursos pblicos realizados Brasil afora. Para os profissionais e os estudantes que necessitam de uma formao mais ampliada e atualizada, nada melhor que tambm voltar os olhos para o passado e fazer projees para o futuro. Fica o desafio, desvendar cada vez mais os Arquivos Pblicos Estaduais, para verificar de que forma eles contribuem na formao deste Pas e da Nao Brasileira.

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Para esta anlise, conforme focado pela professora Andria Ribas, da disciplina Administrao de Recursos Humanos das Faculdades Fortium, de Braslia (DF), outra motivao para esta pesquisa a da necessidade de gerenciar o conhecimento, pois no pode ser dispersado na organizao, tem que ser colocado em prtica. Desta forma, esse artigo se transforma em aprendizado na prtica, tornado-se til dentro da ps-graduao. Por isso, a pesquisa utiliza as competncias adquiridas no curso de PsGraduao em Administrao Pblica da Fortium, com ateno especial matria de Arquivologia, buscando-se transforma-la em CHA2: - Conhecimento (saber) - Habilidade (saber fazer) - Atitude (saber fazer acontecer) Para a coleta dos dados que fizeram parte deste artigo, duas visitas foram realizadas sede do Arquivo Pblico de Mato Grosso do Sul, a primeira em 29 de setembro de 2009 e a segunda em 06 de novembro de 2009. Alm de uma entrevista via correio eletrnico, em que o Diretor do APE-MS responde a algumas perguntas elaboradas para este trabalho. Buscou-se nesses encontros entender melhor o funcionamento de um arquivo estadual e comparar com o estudo terico na matria de Arquivologia ministrada pelo professor Jr. Grosse das Faculdades Fortium. Aps as visitas, comparou-se prtica e teoria por meio do estudo das apostilas, livros e demais bibliografias indicadas pela referida matria, interiorizando os ensinamentos da Ps-Graduao.

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Apostila da Professora Andrea Ribas Faculdade Fortium 2009.

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2 HISTRIA E CONCEITO DE ARQUIVOLOGIA

Para garantia de provas de direitos de propriedades e privilgios h muito tempo a humanidade comeou a guardar e preservar documentos. O arquivo como instituio surge provavelmente nos sculos V e IV a.C., na antiga civilizao grega (GARCIA e F, 2008, pg 11). Tcnica esta conhecida na atualidade como Arquivologia, que um dos ramos das Cincias da Informao, tendo por objeto de trabalho o arquivo, ou seja, o conjunto de documentos produzidos e/ou recebidos por uma entidade no exerccio de sua funo (...) no importa o tamanho, o formato, a natureza ou a espcie do documento. O importante saber que foram produzidos ou recebidos pela entidade, (JNIOR, 2009, pg. 01). No Brasil, a legislao que orienta a manuteno e trato dos arquivos so a Lei 8.159/913 (Lei dos Arquivos), Decreto 4.553/024 (Grau de Sigilo) e Lei 5.433/685 (Microfilmagem), alm da Portaria Normativa de nmero 05/2002, do Ministrio do Planejamento, que praticamente um dicionrio de termos a servio do Poder Executivo Federal. Todas essas normas so muito cobradas nas diversas provas de concursos pblicos de nvel nacional. Conforme explica o professor Grosse, existem quatro formas diferentes de se classificar os arquivos: a) Entidade de Origem ou mantenedora: . Pblico: inclui as esferas Federal, Estadual ou Municipal e os poderes Executivo, Legislativo e Judicirio; . Familiares/Pessoais; . Comerciais;

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Publicado no D.O.U. de 09 de janeiro de1991. Publicado no D.O.U. de 30 de dezembro de 2002. Publicado no D.O.U. de 10 de maio de 1968.

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. Institucionais. b) Idade - mostra a teoria das trs idades: . 1 Idade: Corrente, Ativo. . 2 Idade: Intermedirio, Semiativo, Limbo, Purgatrio, Pr-arquivo. . 3 Idade: Permanente, Histrico, Inativo, de Custdia Aqui bom frisar que nessa terceira idade os documentos possuem valor histrico, probatrio, fiscal ou informativo. Sendo que os que assim esto classificados jamais so eliminados ou mesmo emprestados. Eles tambm se tornam valiosos instrumentos de pesquisa e de consulta par ao pblico interno e o externo quela instituio. do arquivo permanente que os historiadores recolhem dados referentes ao passado, que jornalistas encontram bases de pesquisa e a populao toma conhecimento do que j se passou em seu local de origem, identificando-se com o passado e com a sua evoluo. c) Atuao - de que forma est organizado ou localizado: . Setoriais; . Centrais, Gerais. d) Natureza - por sua essncia: . Especializado, quanto ao tema, assunto do conhecimento humano (policial, mdico etc) . Especial, de acordo com o suporte utilizado (papel, madeira, CD etc) Fechando essa fase de identificao do objeto de estudo, Grosse ensina que entre os princpios da Arquivstica est o da Territorialidade: os documentos devem ser mantidos no Pas, Estado, Regio, Municpio, Instituio em que tiveram origem.

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Os arquivos pblicos, prprios de um territrio, seguem o destino deste ltimo.

para exprimir o seu direito que o vencedor exige do vencido a deposio dos documentos relativos s terras conquistadas no momento da assinatura de uma rendio ou de um tratado de paz. Alm disso, o princpio de territorialidade foi aplicado restituio de certos fundos de arquivo a instituies ou a centros de arquivo situados perto do local de criao, e que 6 tinham sido deslocados por diversas razes.

Neste artigo, o foco um arquivo classificado quanto entidade de origem/mantenedora: Pblico Estadual Poder Executivo, que est recolhido, portanto, pertence aos Arquivos Inativos, sob atuao Centralizada, ou Geral. No livro Noes de Arquivologia (GARCIA e F, 2008, pg. 16) cita-se,

respectivamente, Marilena Leite Paes (2005) e a Lei n 8.159, de 8 de janeiro de 1991, Art. 7.:

Arquivo Pblico: Os arquivos pblicos so os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exerccio de suas atividades, por rgos pblicos de mbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal em decorrncia de suas funes administrativas, legislativas e judicirias. 1 So tambm pblicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituies de carter pblico, por entidades privadas encarregadas da gesto de servios pblicos no exerccio de suas atividades.

A custdia no se restringe a velar pelo patrimnio documental. Ultrapassa totalmente o uso primrio, inicia-se o uso cientfico, social e cultural dos documentos (BELLOTTO, 2004). Sendo que para Helosa Bellotto, arquivos primrios so os que interessam prpria repartio originria e os secundrios os que servem s outras entidades do governo e ao pblico em geral.

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MAESIMA, Cacilda, et al, 2009

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2.1 Histria do Arquivo Pblico em Mato Grosso do Sul

Seguindo a criao do Estado de Mato Grosso do Sul aps diviso do ento uno Mato Grosso, assinada pelo General Ernesto Geisel a primeira legislao regionalizada a prever o recolhimento dos arquivos pblicos foi o decreto n 387, de 1/01/79, que instituiu um sistema descentralizado, o SIDAP (Sistema de Documentao da Administrao Pblica). Alguns anos depois, o decreto n 4.053 de 02/04/86 8, publicado no Dirio Oficial n 2.040 de 03/04/87, estabelece a guarda da documentao histrica como competncia da Secretria de Justia, por meio da Diretoria Geral do Arquivo Pblico. Esta guarda se mantm na Constituio Estadual do ano de 1989, que segundo o artigo 45 desse mesmo decreto rgo continuava: Incumbido da guarda, da organizao e da preservao, bem como da respectiva regulamentao, dos documentos acumulados pela administrao pblica. Nesse mesmo ano, foi criada uma Comisso de Avaliao, por meio do Decreto 5.048 de 11/04/899. A referida Comisso finalidade de analisar, estipular prazos e aprovar a Tabela de Temporalidade com a finalidade de eliminao e/ou recolhimento da documentao pblica de carter permanente ao Arquivo Pblico Estadual/Secretaria de Justia. De forma mista, multidisciplinar, reuniram-se poca representantes das Secretarias de Estado de Justia e de Administrao, do Tribunal de Contas do Estado, assessorados por uma sociloga/historiadora.7 8 9

Publicao no Dirio Oficial de MS no encontrada. Publicado no Dirio Oficial de MS n 2040, de 30 de abril de 1987. Sem data de publicao - Disponvel em

Acessado em 01/02/2010.

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O artigo 2, pargrafo 3, da Lei 1.294 de 21/09/9210, classifica como arquivos permanentes os conjuntos de documentos selecionados ou preservados, como de valor histrico e/ou probatrio, fonte de pesquisa para fins de prova e informao, seguindo critrios de valor que definam sua destinao final. Com a Lei 2.152, de 26 de outubro de 200011, essa responsabilidade passa da Secretaria de Justia para a SEGES (Secretaria de Estado de Gesto de Pessoal e Gastos), conforme o artigo 13 XIII. E no outro ano, o decreto 10.190 de 04/01/0112, captulo III, seo II, art. 5 - VI, o arquivo passa Superintendncia de Compras e Suprimentos, vinculada SEGES. Atravs do decreto 12.253 de 30 de janeiro de 2007 13, aps eleio de novo governo, estabelece-se a estrutura bsica da SAD (Secretaria de Estado de Administrao) e uma nova coordenao para os documentos pblicos sul-matogrossenses, com redao no artigo XIV de que a organizao, a administrao e a manuteno do arquivo pblico, corrente ou temporrio, bem como o

estabelecimento

de normas sobre o arquivamento de documentos pblicos, em

vista do seu valor legal, tcnico ou histrico passaria para essa Secretaria. E, passado o primeiro semestre daquele ano, em 23/08/07, o decreto 12.39714, entrega o gerenciamento do APE-MS (Arquivo Pblico Estadual) FCMS: Cabe Fundao de Cultura de Mato Grosso do Sul, em conjunto com a Secretaria de Estado de Administrao, estabelecer normas e procedimentos sobre a guarda e

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Sem data de publicao - Disponvel em

Acessado em 01/02/2010.11 12 13 14

Publicada no Dirio Oficial de MS n 5.376, de 27 de outubro de 2000. Publicado no Dirio Oficial de MS n 5.421, de 5 de janeiro de 2001. Publicado no Dirio Oficial de MS n 6.901, de 31 de janeiro de 2007. Publicado no Dirio Oficial de MS n 7.038, de 24 de agosto de 2007.

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arquivamento dos documentos produzidos nos rgos e entidades da Administrao Pblica Estadual, recolher, preservar e garantir a proteo da massa documental de valor histrico permanente, produzida e acumulada pelo poder Executivo. J a Tabela de Temporalidade de Documentos (TTD) em vigor no Estado foi instituda pela Lei 11.153 de 27/03/200315, que dispe sobre prazos e condies de guarda e descarte dos documentos dos rgos pblicos e entidades da administrao pblica estadual. E segundo o artigo 3, pargrafo nico da Lei 1.29416: a tabela de temporalidade o instrumento que determina o tempo em que os documentos devero ser mantidos nos arquivos correntes e/ou intermedirios, indicando a poca em que devero ser reproduzidos, eliminados ou recolhidos ao arquivo permanente. Completando-se com o artigo 4: Os documentos pblicos de valor permanente so inalienveis e imprescritveis.

15 16

Publicado no Dirio Oficial de MS n 5.967, de 28 de maro de 2003. Sem data de publicao Disponvel em

Acessado em 01/02/2010.

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3 DOCUMENTOS HISTRICOS DE MATO GROSSO DO SUL

Para o embasamento terico e eleio de dados significativos, realizou-se duas visitas17 ao Arquivo Pblico Estadual. Em uma das idas ao APE-MS, o diretor do rgo, Caciano Lima, explicou que estar sob a guarda da Fundao de Cultura e no mais da Secretaria de Administrao se deve funo histrica que une os documentos cultura. Uma vez que no local, alm dos documentos produzidos pelo prprio Poder Executivo de MS, tambm se acumula a guarda de documentos histricos, com da Companhia Erva Mate Laranjeira (dcada de 20 a 50); CAND (Companhia Agrcola de Dourados) primeiro assentamento federal brasileiro ainda na Era Vargas (dcada de 30 a 60); documentos da FUNAI (Fundao Nacional do ndio) registrados a partir do ano de 1959; alm de acervos de personalidades regionais: do cineasta campo-grandense David Cardoso (*09/04/1943) e do revolucionrio corumbaense Apolnio Carvalho (*09/02/1912 +23/09/2005). O fotgrafo Roberto Higa doou recentemente para o APE-MS mais de cem fotos que retratam a poca da criao do Estado, entre os exemplos de imagens esto a primeira escada rolante da cidade de Campo Grande, carnavais da dcada de 70 e outras. E, ainda, foi montado o Memorial do Operrio Futebol Clube, famoso por sua atuao no esporte brasileiro ainda na dcada de 70/80. Tambm esto arquivados todos os arquivos permanentes das

secretarias de Estado, das delegacias e agncias penitencirias, escolas e hospitais do Estado, criao de municpios como o de Guia Lopes da Laguna (um dos marcos da Guerra do Paraguai).17

Depois da primeira visita, duas matrias ficaram registradas no ambiente da web:

e Acessados em 01/02/2010.

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Fontes de pesquisa, as informaes ali guardadas esto ao alcance de moradores e estudiosos de diversas reas do conhecimento inclusive por meio eletrnico, com ressalva do nvel de aprofundamento da busca. E como este estudo espera representar uma contribuio s polticas de acesso coisa pblica, fica em aberta a possibilidade de novas anlises envolvendo outros interesses naqueles registros. Afinal, nota-se um empenho da atual administrao do espao em democratizar o acesso quelas informaes. Especialmente agora, em que a guarda dos arquivos est sob a tutela da Fundao de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), que se apresenta como indutora da aproximao da informao pblica com o pblico. Ao todo, no local esto recolhidos cerca de 200 mil documentos do Poder Executivo de Mato Grosso do Sul, somado a um acervo histrico superior a oito mil documentos, entre fotos, recortes de jornais e microfilmes.

4 ACESSO INFORMAO PBLICA

As pesquisas nos arquivos permanentes podem ser feitas por usurios internos, com fins de estudos das aes da instituio para tomada de decises , ou comemoraes de datas significativas. Tambm h o caso de o arquivo receber pesquisadores externos instituio. Como por exemplo, cidados interessados em testemunhos que possam comprovar seus direitos e deveres para com o Estado, o pesquisador em busca de dados para trabalhos cientficos ou acadmicos e o cidado comum, a procura de cultura regional e entretenimento. No Arquivo Permanente o acesso deveria ser franqueado ao pblico em 18 geral.

Este pensamento vai ao encontro que a Constituio Federal de 1988 traz no corpo do artigo 5, inciso 33:

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GARCIA e F, 2008, pg. 42.

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Todos tm direito a receber dos rgos pblicos informaes de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que sero prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindvel segurana da sociedade e do Estado.

Entre os instrumentos constitucionais que podem ser acionados como forma de acesso, esto o habeas data (art. 5, inciso 72), que serve para assegurar o conhecimento de informaes relativas pessoa do impetrante, o mandado de segurana (art. 5, inciso 69), quando o direito lquido e certo, mas no amparado por habeas corpus ou habeas data, no caso, esse tambm o meio vlido para obter acesso informao pblica. Ambos so considerados remdios

constitucionais. J entre as organizaes da sociedade para a transparncia dos atos governamentais, destaca-se o Frum de Direito de Acesso a Informaes Pblicas19, integrada por um rol de entidades nacionais . Como o direito de acesso ao Arquivo Pblico Estadual tambm passa pelo processo de cidadania, com a participao do cidado na gesto pblica, est em andamento em MS, desde o ano de 2009 e previsto para continuar 2010, o projeto de capacitao em Arquivologia e o PrMemria MS, que assessora a implantao de museus e arquivos. O diretor do Arquivo Caciano Lima enfatiza que eles esto conseguindo trabalhar melhor nessa administrao: capacitando tcnicos, disseminando o conhecimento e difundindo a informao. Fazendo um adendo, o bom gerenciamento da informao significa avano para todos, nota-se isso passadas trs dcadas de assinada a diviso do Estado, quando os funcionrios contratados pouco antes do ato divisrio agora precisam se aposentar. A maior parte dos documentos anteriores a 1979 foi levada para Cuiab, capital de Mato Grosso, que naquela poca era a responsvel pela19

Disponvel no site Acessado em 01/02/2010.

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contratao. Esse um dos princpios da Arquivologia, denominado territorialidade, mas que na prtica deixou uma brecha para a continuidade dos servios pblicos de MS. A soluo encontrada pelos tcnicos em MS foi o da pesquisa manual nos Dirios Oficiais que l ficaram arquivados. Porm, so informaes de difcil localizao, afinal naquela poca uma nomeao poderia ser publicada at cinco anos depois da efetivao do servidor. Por outro lado, a administrao pblica antes da diviso do Estado era comandada por um misto do modelo burocrtico e patrimonial, e no pela administrao pblica gerencial, que tem entre suas caractersticas ser orientada para a obteno de resultados20. Essa afirmao pode ser confirmada pela presena de fotos inseridas no jornal da Imprensa Oficial de Mato Grosso do Sul mostrando, por exemplo, as primeiras-damas da poca entregando sacoles e/ou fazendo assistencialismo, tornando ainda mais extensas aquelas publicaes.

5 CONCLUSO

Como se v pelo cronograma histrico, em Mato Grosso do Sul os arquivos permanentes passaram por reformulaes atravs dos tempos,

aproximando-se paulatinamente da sociedade. Haja vista, que estar sob a proteo de uma secretaria de Justia em seu incio demonstra o poder que os documentos inativos continham na criao de uma nova unidade federativa, efetivada nos ltimos anos da Ditadura Militar. Em seguida, o Arquivo Pblico Estadual (APE-MS) foi

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Eduardo Gnisci Roteiro de Administrao Pblica Editora Fortium, pgina 31.

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tomado por uma viso mais administrativa. E, atualmente, caminha cada vez mais para cumprir sua funo maior, o de valor histrico e informativo e de difusor cultural, permanecendo sob a custdia da Fundao de Cultura. Garantindo essa aproximao com a sociedade, somam-se diversos cursos que vem sendo realizados sob a coordenao da direo do rgo. Tudo so provas de que aos poucos Mato Grosso do Sul trabalha para a conscientizao social sobre o direito de acesso e guarda adequada da informao pblica. Nessa fase de educao pblica, se assim pode-se classific-la, h fomento transparncia nos atos governamentais de Mato Grosso do Sul. Qui essa maior visibilidade se estenda a outros poderes e setores do Poder Executivo, ampliando o acesso aos documentos de interesse do cidado sul-mato-grossense. Visto que quanto mais o Estado de Mato Grosso do Sul oferecer transparncia s informaes coletadas, produzidas e armazenadas pelas agencias estatais, mais o cidado poder participar da gesto da coisa pblica, uma vez que o livre acesso das pessoas aos atos governamentais, sejam os atuais ou do passado, mais se utilizar dos princpios bsicos de construo de uma nao livre e democrtica. Vale ressaltar que esse documento, ou essa informao produzida por ente pblico, governante, poltico, ou qualquer dos representantes eleitos ou nomeados, no exclusivo de quem o realizou ou mesmo do Estado. Pertence, sim, em ltima anlise ao cidado. Conclui-se que neste processo de globalizao mundial da economia, em que aumenta a necessidade de guarda das informaes e tambm da complexidade dos documentos, resulta-se em uma grande da massa de informaes e, portanto, deve-se garantir como um exerccio de cidadania para que essas e outras informaes continuem com portas abertas para a pesquisa em geral. O que parece

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acontecer no Estado de Mato Grosso do Sul quando se refere informao histrico-cultural, representada pelo Arquivo Pblico do Poder Executivo de MS. E valorizar a informao, seja a contida nos arquivos ou a que est em qualquer outro rgo do Poder Pblico, ter em mente que, mesmo em uma sociedade dinmica, a cidadania quem deve prevalecer. Desta forma, observa-se que o Arquivo Pblico de Mato Grosso do Sul passa a atender a um dos princpios bsicos da Arquivologia, que a finalidade ltima de acesso do povo informao, seu maior objetivo de trabalho, uma vez que so eles quem registram/realizam a trajetria, aes, direitos, deveres, memria institucional e a construo da identidade de cada regio brasileira.

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6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

BELLOTTO, Helosa Liberalli. Arquivos Permanentes: Tratamento Documental. 2 Ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

BRASIL. CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, de 5 de outubro de 1988. Dirio Oficial [da Repblica Federativa do Brasil], Braslia n. 191A, p. 1-32, 5.10.1988, Seo 1. (ATAS DA SUBCOMISSO ELABORADORA DO ANTEPROJETO 1932/1933. Braslia: Senado Federal. Secretaria de Documentao e Informao. Subsecretaria de Edies Tcnicas, 1993, 851-854 (edio facsimilar).

GARCIA, Gabriela Almeida; F, Tnia Moura (ORG). Noes de Arquivologia. 1 Ed. Braslia: Fortium, 2008. 223 p.

GNISCI, Eduardo. Roteiro de Administrao Pblica. 1 Ed. Braslia: Fortium, 2007. 150 p.

MAESIMA, Cacilda; LEME, Edson Jos Holtz; ARIAS NETO, Jos Miguel. Curso: Noes de Arquivstica e Organizao de Arquivos: Conceito de Arquivstica. CDPH/DH/UEL. Disponvel em Acessado em 26/11/2009.

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7- APNDICE

Perguntas enviadas e respondidas via correio eletrnico. A entrevista foi com Caciano Lima, Diretor do Arquivo Pblico de MS:

1 - O arquivo permanente possui quantos documentos (uma mdia, apenas)? APE-MS tem em sua guarda dois tipos de acervo: um referente administrao pblica, com aproximadamente 200 mil documentos, e o acervo histrico com mais de 8 mil documentos, entre fotos, recortes de jornais e microfilmes.

2 - Quantas pessoas trabalham diretamente no Arquivo Pblico de MS? Qual formao/funo. Caciano Lima Gestor do Arquivo Pblico Estadual Especialista em museologia; urea Coeli D. P. Arruda Cunha Gestora Educacional Historiadora; Maria de Lourdes Fagundes Seixas Tcnica em arquivos; Maria Helena Rodrigues Tcnica em arquivos Pedagoga; Tereza Gonalves Gestora de Eventos Protocolares Lingista

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3 - H campo de trabalho para arquivistas e tcnicos em Mato Grosso do Sul? Sabendo que toda instituio, sendo ela privada ou pblica, trabalha com documentao e isso requer um profissional habilitado, em nosso estado temos sim muitas vagas para profissionais que atuam em arquivos. H informao de que as instituies como a UFMS, UFGD entre outras, para conseguir as vagas para concurso h uma grande luta, bem como para preenche-las. Veja: A ENARA - Executiva Nacional das Associaes Regionais de Arquivologia transcreve na ntegra, um texto do professor Paulo R. Cim Queiroz, da UFGD, que faz um apelo para a participao da classe arquivstica neste concurso:

"Peo-lhes o enorme favor de ajudar a divulgar o edital de concurso para funcionrios da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS), que est oferecendo uma vaga para Arquivista. Esclareo que para ns, professores da UFGD que trabalhamos com documentao, foi uma grande luta conseguirmos essa vaga, e agora no gostaramos de vir a perd-la por falta de candidatos. Desde j muito agradecido," Inscries at 15 de junho de 2009.

4 - E o acesso s informaes do Arquivo, como feito? As pesquisas podem ser presenciais ou on-line (dependendo do nvel de busca). Existe uma sala de pesquisa sendo implementada para que o pesquisador use os espaos do arquivo para suas pesquisas.

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5 - MS discute as leis de acesso a informaes pblicas? Sim, o Arquivo Pblico implantou o Programa de Capacitao em Arquivologia que capacita tcnicos e interessados que atuem nessa rea. E o

Programa Pr-Memria MS, que assessora a implantao de arquivos e museus no estado. Desta forma est sendo discutida polticas pblicas para a rea.

6 - O arquivo tambm tem a guarda dos arquivos sigilosos de MS, ou esta documentao recebe outro tratamento. Nenhuma secretaria e nem unidade vinculada a administrao do estado manifestou-se sobre documentos sigilosos, porm, estamos aptos a trabalhar com essa dinmica.

7 - Alm dos arquivos da CAND/Dourados (1 Assentamento Federal) - dcada 30 a 60; Erva Mate Laranjeira - dc. 20 a 50; Funai (questo indgena) - a partir de 1959; David Cardoso (cineasta); e Apolnio de Carvalho (lutador do povo) h outros acervos a serem destacados? MEMORIAL DO OPERRIO FUTEBOL CLUBE. O projeto de implantao foi desenvolvido dentro do Projeto Pr-Memria MS. Todo o acervo foi tratado dentro do Arquivo Pblico Estadual e, posteriormente, discutido com os responsveis pela manuteno do memorial. A expografia foi realizada de forma que o visitante/torcedor pudesse conhecer a histria do time. O acervo exposto tambm encontra-se disponvel para pesquisa no APE.