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Armando Guebuza Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique Volume II Colectânea de Comunicações do Chefe de Estado (2005 - 2014) Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

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Armando Guebuza

Liderando o desenvolvimento

e o crescimento económico

de Moçambique

Volume II

Colectânea de Comunicações do Chefe de Estado (2005 - 2014)

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Armando Guebuza

Liderando o desenvolvimento

e o crescimento económico

de Moçambique

Volume II

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Ficha Técnica:

TÍTULO:

Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

EDITORES:Professor Doutor Renato Matusse, Dras. Josina Malique e Joharia Issufo

DESIGNER:Dr. Cândido Nhaquila

REVISOR:Dr. Moisés Mabunda

FOTOS:Gabinete de Imprensa da Presidência da República

IMPRESSÃO:ACADÉMICA

NÚMERO DE REGISTO:8325/RLINLD/2015

TIRAGEM:1000 Exemplares

© Direitos reservados

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

EDM: Trinta anos iluminando Moçambique e impulsionando o seu desenvolvimento.......................................................... 6

EDM: Trinta e cinco anos iluminando o caminho rumo ao futuro melhor de Moçambique................................................. 11

Disponibilidade de Energia Eléctrica: Factor de atracção de investimento e de industrialização de Moçambique................ 15

Energias Renováveis: Contribuindo para acelerar a electrificação rural....................................................................... 19

Expansão do Acesso à Energia: Factor determinante na luta contra a pobreza......................................................... 25

Central Termoeléctrica a Gás Natural: Um exemplo de como Moçambique se pode industrializar.................................... 29

Exploração das Oportunidades e Recursos Nacionais: Seu papel no reforço da auto-estima, criação de postos de trabalho e no desen-volvimento................................................................ 33

Exploração de Cadeias de Valor: Factor multiplicador de postos de trabalho e de renda em Moçambique................................. 39

Cadeia de Valor: Geradora de renda, esteio da segurança alimentar e da densificação do empresariado rural.............................. 43

Empreendedorismo: Uma atitude perante a vida, promotora de simbioses empresariais e geradora de riqueza e bem-estar ...... 48

Empreendedorismo: Uma característica do moçambicano, no campo e na cidade, no país e no estrangeiro....................... 52

Responsabilidade Social Empresarial: Por uma parceria entre em-presas, para uma parceria de maior impacto com o Governo..... 55

Auto-estima: Como meio de combate contra a Pobreza.......... 59

PETROMOC: Um empreendimento fruto da auto-estima, determinação e visão....................................................................... 65

Telecomunicações em Moçambique: Aproximando cidadãos, promovendo o desenvolvimento........................................70

TDM - VISABEIRA: Promovendo parcerias, combatendo a pobreza...... 75

Telefonia Móvel: Seu papel na promoção da Unidade Nacional e na luta contra a pobreza................................................... 79

Comunicação Social em Moçambique: Desfrutando dos direitos constitucionais, cumprindo com os seus deveres................... 83

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

A Relação Simbiótica entre a Nação Moçambicana e a “Nossa Televisão”................................................................ 87

Imprensa Moçambicana: Do Distrito à Nação, informando para consolidar a Unidade Nacional......................................... 92

Tecnologias de Informação e Comunicação: Ligando cidadãos e promovendo o desenvolvimento em Moçambique.................. 97

Tecnologias de Informação e Comunicação: Factores preponde-rantes para o desenvolvimento do nosso País...................... 101

Informação para o Desenvolvimento: Seu lugar na nossa Agenda Nacional de Luta Contra a Pobreza.................................. 106

A Relação Simbiótica entre a Actividade Seguradora e a dos Acto-res de Desenvolvimento de Moçambique......................... 111

Barragem Moamba Major: Uma resposta aos desafios que o crescimento social e económico nos impõe........................................ 116

Aeroporto de Maputo: Erguendo-se como uma imponente porta de entrada à Pérola do Índico............................................ 122

Infra-Estruturas Aeroportuárias: Os desafios da eficiência, produ-tividade e competitividade........................................... 126

Infra-Estruturas: Bens que enriquecem a nossa história e paisagem e impulsionam o nosso desenvolvimento............................ 130

Infra-Estruturas: Seu papel na facilitação turística............... 135

Capital Humano: Catalisador da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza........................................................ 138

O Desenvolvimento do Capital Humano: As vantagens de uma parceria público-privada.............................................. 142

Disciplina na Gestão de Recursos Públicos: Uma das impulsiona-doras do desempenho dos funcionários e das instituições ...... 145

Trabalho para Produzir Comida: Um desafio à nossa criatividade e à materialização das nossas responsabilidades políticas e adminis-trativas .................................................................. 148

Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo: Um modelo de geometria variável rumo à integração regional.................... 157

Sincronia entre o Conhecimento Local e a Formação-Técnico-Profissional: Factor catalisador de um desenvolvimento nacio-nal reflectido, sustentável e endógeno............................. 161

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A Luta Contra a Pobreza: A missão dos moçambicanos com impacto em toda a nossa Pátria Amada....................................... 165

Medicina Curativa: Seu lugar na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza........................................................ 169

Biodiversidade: Por uma nova arquitectura paradigmática para a sua gestão............................................................... 172

Biodiversidade e Desenvolvimento Mundial Sustentável: A contribuição de Moçambique......................................................... 177

Planificação Integrada: Indutora de projectos turísticos sustentáveis e com maiores benefícios para os moçambicanos ................ 180

Transformar Sonhos em Realidade: O papel da perserverança e da confiança nas capacidades individuais e colectivas............... 184

Ponte Base Kassuende: Uma resposta aos desafios que o crescimento económico e social nos impõe........................................ 188

Segurança Rodoviária: Um imparativo que clama pelo reforço da intervenção de todos nós.............................................. 191

Sistema Integrado de Infra-estruturas de Transporte Rodoviário: Impulsionadores do Desenvolvimento Social e Económico....... 196

Matchedje Motors: Com Moçambique na rota da industrialização..... 199

A Indústria Automóvel em Moçambique: As perspectivas para o seu desenvolvimento à luz das políticas nacionais................. 202

MOÇAMBIQUE: O imperativo de divulgar as suas potencialidades.. 207

Fiscalização Marítima: Um imperativo para a segurança marítima e para a exploração sustentável dos recursos pesqueiros........ 210

Estatística Oficial: Fonte para a tomada de decisões melhor informadas............................................................. 213

Campeonato Mundial: Uma oportunidade para Moçambique explorar o seu potencial e recursos para se desenvolver ..................... 218

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

EDM:

Trinta anos iluminando Moçambique e impulsionando o

seu desenvolvimento1

O ambiente de festa que nos envolve esta noite impele-nos a co-meçar esta intervenção por saudar a direcção, os quadros e os trabalhadores da EDM, pelos 30 anos da sua empresa que hoje, dia 27 de Agosto, se assinalam. Saudamos a EDM não só pelo seu aniversário, mas também pelos resultados que tem alcançado ao longo destes 30 anos de difícil mas empolgante caminhada rumo a uma Nação Moçambicana próspera. As nossas saudações são exten-sivas a todos os parceiros desta empresa, a quem manifestamos os nossos mais sinceros agradecimentos pelo apoio financeiro, técnico e, sobretudo, pelos conselhos e encorajamento que nos têm dado.

*****

A EDM é orgulhosamente produto da Independência Nacional, du-ramente conquistada e uma importante etapa do dealbar da nos-sa moçambicanidade. A EDM é, igualmente, produto de homens e mulheres que aceitaram transformar as dificuldades em desafios e estes em oportunidades para revelarem o seu patriotismo e com-promisso com a causa nacional.

Até 1975 esta empresa contava com apenas 300 quilómetros de rede de energia. Destes, apenas as linhas para a Beira, Dondo e Chimoio é que transportavam energia limpa, que vinha da Barra-gem de Chicamba/Mavuze. Maputo era abastecida através da Áfri-ca do Sul, onde a energia era gerada a partir de centrais a carvão. Importa sublinhar que a cidade capital só veio a receber energia 1Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião do jantar de gala pelos 30 anos da Empresa Electricidade de

Moçambique. Maputo, 27 de Agosto de 2007.

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de Cahora Bassa a partir de 1978, via África do Sul. O resto das cidades e vilas eram, em 1975, alimentadas por sistemas isolados, funcionando a diesel.

Nós assumíramos a valorização da nossa Independência Nacional, também neste sector, como objectivo da nossa governação. Po-rém, vários foram os desafios que tivemos que enfrentar. A EDM foi, por exemplo, um dos alvos prediletos da sanha destrutiva da guerra. Todavia, ela resistiu e persistiu. Notificados do derrube de um posto, os técnicos da EDM faziam-se ao terreno para repô-lo, mesmo sem a certeza de que voltariam vivos. Alguns não voltaram mesmo, vítimas dessa guerra. Outros sofreram traumas que carre-gam para toda a sua vida. Outros ainda guardam na sua memória relatos da heroicidade e espírito de sacrifício dos seus colegas. Para todos eles vai, neste momento, o nosso eterno agradecimento e a garantia de que o seu sacrifício não foi em vão.

Para todos aqueles que fizeram o sacrifício supremo e deram as suas vidas para que hoje pudéssemos celebrar os 30 anos de uma empresa que se robustece no quotidiano, pedimos a todos os pre-sentes que observemos um minuto de silêncio.

*****

Com energia estamos a construir o futuro da nossa Pátria Amada. Apesar da guerra e do défice em quadros e outros recursos, a EDM foi crescendo, expandindo e melhorando os seus serviços. Com efeito,

dos 27 técnicos com formação superior, na sua esmagado-ra maioria estrangeiros, que geriam a empresa, em 1975, passamos hoje para 236, todos moçambicanos. Esta manhã quando procedíamos a inauguração da Subestação da Matola um dos técnicos que nos acompanhava fez questão de su-blinhar que são eles, todos moçambicanos que gerem uma estação daquelas dotada de tecnologia de ponta;

na esfera da produção da energia eléctrica foi reduzida, substancialmente, a dependência em combustíveis importa-dos, passando a EDM a poupar 400 milhões de dólares por ano;

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na esfera de transporte e distribuição a EDM passou dos 300 km em 1975 para mais de 6.000km no presente momento.

hoje, todas as capitais provinciais e 60 sedes distritais estão ligadas à Rede Nacional de Energia;

dos 60 mil consumidores em 1975 passamos para a 450 mil, espalhados por todo o nosso Moçambique, nas cidades, nos subúrbios e no campo;

como membro da Associação das empresas de Electricidade da África Austral, criada para facilitar a compra e venda de energia, a EDM tem acesso a este mercado regional, sendo presentemente o segundo maior fornecedor de energia na zona da SADC.

A adesão da EDM à iniciativa Made in Mozambique, cerimónia que acabamos de testemunhar, é mais um sinal do compromisso desta Empresa à causa da moçambicanidade e do desenvolvimento eco-nómico e social desta Pérola do Índico. Temos razões de sobra para felicitar a Empresa por mais este passo, fazendo votos para que sirva de exemplo para outras empresas nacionais.

*****

Quando a 27 de Setembro de 2005, procedíamos à inauguração do Posto de Transformação de fornecimento de energia à sede do Distrito de Gorongosa, expressamos a nossa preocupação pelo rou-bo de cabos eléctricos e cantoneiras bem como pela vandalização de outras infra-estruturas e instalações eléctricas. A estes actos criminosos acrescentam-se as ligações clandestinas e isto no seu conjunto:

traduz-se em perdas financeiras muito avultadas;

tem impacto na diminuição da qualidade da energia dispo-nível; e

condiciona a expansão da rede de energia.

Como enfatizamos em Gorongosa, estes actos não são perpetrados pelos inimigos da EDM. São perpetrados, isso sim, pelos inimigos do desenvolvimento social e económico de Moçambique:

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são aqueles que querem surpreender o médico em plena ac-tividade, na sala de operações, incapacitando-o de concluir uma intervenção cirúrgica e, impotente, não puder realizar a missão para a qual foi treinado: salvar vidas;

são aqueles que não querem que os nossos compatriotas te-nham aulas à noite, para melhor se preparem para a luta que travamos contra a pobreza;

são aqueles que não gostam de ver ruas e residências ilumi-nadas e famílias carregando o seu celular ou usando o seu computador ou outros electro-domésticos;

Os inimigos do desenvolvimento económico e social desta Pérola do Índico:

não querem que as nossas fábricas funcionem;

não querem que os investimentos cresçam em Moçambique.

eles querem que os moçambicanos continuem pobres e, não querem que o sector eléctrico no País continue a ter um papel catalisador do desenvolvimento socio-económico da nossa Pátria Amada.

Por isso, a luta contra a vandalização das infra-estruturas eléctri-cas não é da exclusiva responsabilidade da EDM. Ela exige a par-ticipação de todos nós. O Governo está e vai continuar a fazer a sua parte, mas toda a sociedade e todos os nossos parceiros de-vem sentir este problema como seu problema, como um entrave ao desenvolvimento de Moçambique. O interesse demonstrado por vários parceiros nacionais e internacionais, em investir no sector eléctrico, principalmente no aproveitamento do potencial de pro-dução de electricidade existente no nosso Moçambique, é mais um testemunho da sua prontidão em participar neste combate.

*****

Chegados a este ponto, gostaríamos de deixar dois desafios para a nossa EDM:

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primeiro a vossa meta deve ser o alcance de todos os 128 distritos do nosso belo Moçambique e dali os Postos Adminis-trativos, melhorando sempre o serviço ao público.

o segundo desafio relaciona-se com a necessidade de docu-mentar estes 30 anos de EDM. Foram 30 anos de sacrifícios e de revelação de heróis no trabalho.

Expostos os desafios, gostaríamos de convidar a todos os presentes a acompanharem-nos num brinde:

pelos trinta anos da EDM;

pela saúde dos dirigentes, quadros e trabalhadores da EDM; e

pelos 30 anos iluminando Moçambique!

Com Energia Construímos futuro!

Muito obrigado pela vossa atenção!

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EDM:

Trinta e cinco anos iluminando o caminho rumo ao

futuro melhor de Moçambique2

Por ocasião do trigésimo quinto aniversário da criação da empresa Electricidade de Moçambique, queremos endereçar as nossas sau-dações aos seus gestores, técnicos, trabalhadores e colaboradores por estarem a saber escrever a história do sector eléctrico nacio-nal, através das suas múltiplas realizações, com impacto na vida do cidadão e da economia.

Queremos, a este propósito, felicitar a EDM por ter logrado docu-mentar a História desta empresa e, por essa via, ter encontrado o pretexto para falar da História da electrificação em Moçambique. Quem lê essa obra apercebe-se do muito trabalho que tem sido feito, desde a nossa Independência Nacional, para electrificar o nosso belo Moçambique. Olhando para os mapas de Moçambique, nesse livro, vemos como evoluímos, de forma substancial, na elec-trificação desta Pérola do Índico. Vemos como em muitos locais os sistemas isolados, com as desvantagens que lhes reconhecemos, e o candeeiro ou a lamparina passaram para a História. Por isso, vão as nossas felicitações a duplicar: primeiro, pelos 35 anos e, em segundo lugar, pela obra cuja cópia nos ofereceram e pelo gesto vos agradecemos.

Neste momento de festa e de muitas celebrações, manifestamos o nosso encorajamento à Electricidade de Moçambique e ao Mi-nistério de Energia para que prossigam, com maior determinação ainda, na busca das respostas mais adequadas aos desafios que se colocam ao sector. Estes desafios já estão devidamente identifica-

2Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião do jantar de gala pelos 35 anos da Empresa Electricidade de

Moçambique. Maputo, 31 de Agosto de 2012.

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dos e aqui mesmo reafirmaram o vosso empenho e determinação em superá-los.

São desafios que se centram na necessidade de esta empresa tra-duzir em mais realizações o seu emblemático e mobilizador slogan “com energia construímos o futuro”. Será deste modo, e com a vossa abnegação de sempre e sentido de missão, que vos carac-teriza, que levarão mais compatriotas nossos a exclamar “Cahora Bassa é nossa!”

*****

A nossa Pátria Amada tem vindo a acolher e a acarinhar, nos úl-timos anos, muitos investimentos nacionais e estrangeiros. Estes desenvolvimentos, particularmente o rápido crescimento urbano vertical e a instalação de mais indústrias em diferentes pontos do nosso solo pátrio, induzem o crescimento da demanda de energia. Por isso, precisamos de aumentar a capacidade de provisão dos serviços de fornecimento de energia eléctrica em muitos mais es-paços geográficos do nosso Moçambique, e de forma célere.

Importa aqui sublinhar a pertinência e relevância de um planea-mento físico norteado pelas previsões da expansão da capacidade de provisão dos serviços não só de electricidade, como também de abastecimento de água, de saneamento, de telecomunicações e de outra índole, no interesse de servir um público cada vez mais vas-to e exigente. Neste sentido, cabe ao sector de energia imprimir continuamente a dinâmica necessária, para que esteja à altura das exigências impostas pelo desenvolvimento.

Isto inclui o ajustamento dos instrumentos legais e do quadro regu-lador do sector eléctrico, bem como a formação de um crescente número de quadros e o reforço da capacidade institucional. Inclui ainda o aprimoramento do planeamento físico tendo em atenção a necessidade de reduzir, cada vez mais, o peso das expropriações no contexto do desenvolvimento de infra-estruturas sociais e eco-nómicas, públicas e privadas.

O sector privado, cujo papel no desenvolvimento de infra-estru-turas merece o nosso elogio e saudação, será sempre chamado a juntar-se ao nosso Governo para contribuir com o seu saber, di-

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namismo e experiência, na materialização dos grandes objectivos de desenvolvimento do nosso Moçambique. Com efeito, o envolvi-mento do sector privado na indústria de fornecimento de electri-cidade, seja por iniciativa própria ou através de parcerias público – privadas, continuará a ser estimulado, dada a sua contribuição na viabilização dos projectos do sector. Deste modo, isentar-se-á o Estado de grandes investimentos directos ou através de prestação de garantias. Como Governo, continuaremos a privilegiar a parti-cipação do sector privado, criando condições que propiciem o am-biente de negócios, incentivando o estabelecimento de parcerias com o sector público, tendo em vista a geração de benefícios para o cidadão.

A formação de pessoal e a capacitação institucional devem estar sempre na ordem das prioridades do sector eléctrico. Importa, neste contexto, assegurar que a actualização dos gestores e dos trabalhadores, sobre os desenvolvimentos tecnológicos, se consti-tua numa ferramenta fundamental para assegurarem a qualidade e a eficiência necessárias na implementação dos projectos de elec-trificação do nosso belo Moçambique e na gestão do sector.

No que diz respeito ao relacionamento com o público, queremos saudar o lançamento da figura de Provedor do Cliente, com a res-ponsabilidade de receber e atender as reclamações, queixas e petições do cidadão. Este é um passo muito importante no es-treitamento do relacionamento com o vosso cliente, mas, mais im-portante ainda, é assegurarem que o cliente tem sempre resposta, e em tempo útil, para a questão que apresenta. Saudamos, igual-mente, a introdução do sistema online do pré-pago em Maputo. Deste modo, os consumidores passam a ser clientes da EDM, em pleno, e não dos seus balcões ou de outros locais de venda dos seus produtos. Orientamos para que tanto o sistema pré-pago como a possibilidade de se ser cliente da EDM e não dos seus balcões ape-nas sejam, de forma célere, alargados a outras províncias desta Pérola do Índico. Temos, no entanto, que assegurar que estes no-vos sistemas facilitam mais a vida do cliente do que os anteriores.

*****

Ao longo dos 35 anos da sua existência, a Electricidade de Mo-çambique tem registado grandes progressos no cumprimento das suas atribuições, como principal interveniente na indústria de fornecimento de energia eléctrica em Moçambique. Com efeito,

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

apraz-nos registar os sucessos alcançados na implementação do programa de electrificação dos Distritos, Postos Administrativos e Localidades, em todas as Províncias da nossa Pátria Amada. Esta foi também a tónica do vídeo e das intervenções dos oradores que nos antecederam.

A Electricidade de Moçambique tem, igualmente, registado suces-sos na promoção da cooperação com as suas congéneres da região, no contexto do mercado de compra e venda de energia. Outro aspecto, digno de realce, são os progressos substanciais que as iniciativas em regime de parceria entre a Electricidade de Moçam-bique e os investidores, nacionais e estrangeiros, registam. Por isso, manifestamos o nosso encorajamento aos gestores da empre-sa para que sigam em frente.

*****

Queremos enaltecer, uma vez mais, as realizações da Electricidade de Moçambique ao longo dos 35 anos da sua existência, na certeza de que estamos a exaltar também, os intervenientes que têm dado a sua contribuição no desenvolvimento do sector eléctrico em Mo-çambique. De modo muito especial, queremos inscrever as nossas palavras de gratidão aos nossos parceiros de desenvolvimento, a quem manifestamos o nosso maior reconhecimento pela sua valiosa contribuição. É nossa convicção que continuaremos a contar com o vosso apoio para o fortalecimento da indústria de fornecimento de energia eléctrica e, muito em particular, na contínua assistência à Electricidade de Moçambique, conferindo-lhe a robustez necessá-ria para viabilizar os projectos do sector, na qualidade de principal operador do mercado nacional de electricidade.

A terminar, queremos renovar à Direcção, aos Técnicos, aos Tra-balhadores e Colaboradores da Electricidade de Moçambique as nossas felicitações pelos 35 anos desta empresa. Endereçamos os nossos votos de muitos sucessos no seu papel de levar a energia a toda esta Pérola do Índico. Trata-se de um desafio gigantesco mas nobre e gratificante.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Disponibilidade de energia eléctrica:

Factor de atracção de investimento e de industrialização

de Moçambique3

Acabamos de testemunhar a realização de um acto histórico na nossa Pátria Amada, um acto com impacto para além das nossas fronteiras nacionais. Na verdade, a Central Eléctrica da Aggreko, com uma capacidade de 107 Megawatts, que tivemos a honra e o privilégio de inaugurar, constitui-se num grande empreendimento, o primeiro do seu nível, de produção de energia, a partir de um dos recursos naturais mais abundantes de que esta Pérola do Índico dispõe. Referimo-nos ao gás natural. Representa, por isso, um pas-so importante no processo de desenvolvimento social e económico, tendo em vista a criação do bem-estar dos moçambicanos, através da maximização dos benefícios associados aos recursos naturais, com destaque para os recursos energéticos que conferem ao nosso Moçambique uma posição mundial privilegiada.

Queremos pois, endereçar uma saudação especial aos investido-res, nacionais e estrangeiros, que acreditaram no nosso ambiente de negócios e no potencial de que dispomos e juntaram valên-cias e recursos que deram origem a este empreendimento. Assim, merece o nosso reconhecimento a aposta da Aggreko em soluções rápidas que, neste caso, colocaram à disposição do mercado 107 Megawatts, com uma antecedência de cerca de 2 anos, em relação à construção das infra-estruturas definitivas previstas para este parque. Acreditamos que esta infra-estrutura vai contribuir para a

3Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na inauguração da Central Eléctrica da Aggreko em Ressano Garcia, Distrito

de Moamba. Ressano Garcia, 18 de Julho de 2012.

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consolidação da presença da Aggreko em Moçambique, traduzindo o aprofundamento da cooperação que desenvolvemos com o Reino Unido. Neste sentido, e na presença do Senhor Henry Bellingham, Ministro para África no Ministério dos Negócios Estrangeiros do Rei-no Unido, gostaríamos de enaltecer as excelentes relações de ami-zade e cooperação entre os nossos dois países.

Queremos, igualmente, reiterar-lhe, Senhor Bellingham, que o in-vestimento britânico é muito bem-vindo em Moçambique em áreas como energia, agro-processamento, turismo, infra-estruturas, saú-de e educação, bem como para a área de serviços e logística.

Aos principais intervenientes, designadamente a Electricidade de Moçambique e a Eskom, da África do Sul, cujo papel foi deter-minante na viabilização deste projecto, vão as nossas saudações. Para eles vai também o nosso encorajamento para, na esteira da cooperação bilateral entre Moçambique e África do Sul e no âmbito do mercado da região para a venda e compra de energia, aprofun-darem as suas parcerias em benefício dos nossos dois países.

Queremos saudar ainda, a população e o Governo do Distrito da Moamba e da Província de Maputo, por terem acarinhado e acolhi-do esta infra-estrutura energética. Com este acto, o Posto Admi-nistrativo de Ressano Garcia vai, muito proximamente, tornar-se num verdadeiro pólo de geração de energia a partir do gás natural. Na verdade, com a materialização de outros projectos previstos para os próximos 2 anos, cuja implementação está sendo levada a cabo por diferentes investidores, tais como a Electricidade de Moçambique, a SASOL e a Gigawatt, o nome de Ressano Garcia passará a fazer parte dos grandes centros de produção de energia no País e na região. Neste contexto, queremos manifestar a nossa convicção de que Ressano Garcia, Moamba e Maputo, tudo farão para garantir a preservação desta central e dos outros empreen-dimentos que aqui vão nascer. Estas são vossas conquistas. São conquistas do maravilhoso Povo Moçambicano.

*****

O aumento da disponibilidade de energia é uma condição funda-mental para a atracção de investimentos dirigidos a um vasto le-que de sectores de actividade em diferentes parcelas da nossa

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Pátria Amada. Neste sentido, é importante associarmos à disponi-bilidade em si, a fiabilidade e a qualidade da energia fornecida aos consumidores.

Por outro lado, a fiabilidade e a qualidade da energia fornecida, dependem não só da eficiência na produção, como também do de-sempenho das demais infra-estruturas associadas, como são os ca-sos das linhas eléctricas. Por isso, importa sublinhar a importância da participação de todos na prevenção e combate à vandalização das infra-estruturas eléctricas e roubo de materiais e equipamen-tos eléctricos.

Com efeito, a disponibilidade de energia em condições de seguran-ça e fiabilidade de fornecimento, é um factor determinante para o desenvolvimento, por exemplo, de agro-indústrias que geram pos-tos de trabalho e induzem a segurança alimentar e nutricional. Com a energia eléctrica, também criamos as condições apropriadas para a melhoria dos serviços de saúde, educação, abastecimento de água e para a viabilização da instalação e operacionalização das tecnologias de informação e comunicação.

*****

O Sector Eléctrico está a desenvolver-se de forma rápida e sus-tentável em Moçambique. A nossa expectativa é que nos próximos tempos se registe um crescimento e expansão ainda maior, im-pulsionado pela existência de um elevado potencial energético no País.

As descobertas de enormes quantidades de gás e de carvão vão constituir-se em factores preponderantes na industrialização da nossa Pátria Amada. Por isso, a construção da Espinha Dorsal e a concepção de projectos de produção de energia a partir do carvão e do gás visam assegurar que mais espaços geográficos do nosso Moçambique tenham acesso à energia, particularmente para o de-senvolvimento e para a melhoria da qualidade de vida do nosso maravilhoso Povo. Por outro lado, o aumento da produção de ener-gia eléctrica em Moçambique abre boas perspectivas para países na Região onde a sua disponibilidade se tornou acentuadamente crítica nos últimos anos.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Por forma a assegurar a exploração desse nosso potencial conti-nuamos:

a mobilizar e a atrair investimentos, públicos e privados;

a aperfeiçoar o quadro legal; e

a realizar a capacitação das instituições do sector.

*****

Queremos, uma vez mais, congratularmo-nos com o lançamento deste empreendimento. Fazemos votos para que o seu funciona-mento registe sucessos e para que os outros em execução rapida-mente preencham o espaço que lhes está reservado.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Energias renováveis:

Contribuindo para acelerar a electrificação rural4

Foi com imenso júbilo que acedemos ao convite para presidirmos à cerimónia de inauguração desta que é a primeira Fábrica de Pai-néis Solares em Moçambique.

Trata-se de uma unidade fabril concebida para a produção, com recurso a tecnologias de ponta, de painéis solares para a produção de energia eléctrica, usando estas fontes alternativas.

Esta infra-estrutura tem, assim, o condão de contribuir para o aumento da energia disponível para atender à crescente demanda da electrificação rural, factor que induz melhorias na qualidade de vida dos nossos compatriotas.

Por ocasião desta cerimónia, endereçamos a todos as nossas mais calorosas boas vindas a esta parcela do nosso belo Moçambique que acolhe esta fábrica, pioneira no nosso sonho de consolidar o uso das energias renováveis, para acelerar a electrificação rural desta Pérola do Índico.

*****

O nosso Governo definiu o distrito como o pólo de desenvolvimento e assumiu a electrificação rural como um dos factores impulsiona-dores desse desenvolvimento, tendo, por conseguinte, estabeleci-do a meta de ligar, até 2014, todos os 128 distritos desta Pérola do Índico à rede eléctrica nacional.

4Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na inauguração da primeira fábrica de painéis solares em Moçambique.

Boane, 22 de Novembro de 2013.

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Contudo, devido à distância entre os aglomerados populacionais e o traçado das linhas de distribuição de energia eléctrica da rede nacional, levar-se-à muito tempo para abranger todos os poten-ciais consumidores.

Em resposta a este desafio, concebemos e aprovámos a Estratégia de Energia e a Estratégia de Desenvolvimento das Energias Novas e Renováveis.

Estas estratégias têm como objectivo promover e acelerar o inves-timento público e privado nos recursos renováveis, tendo em vista complementar os assinaláveis progressos alcançados na electrifi-cação rural que está a ser implementada através de Cahora Bassa. Estas estratégias vêm também responder aos nossos compromissos no contexto do Protocolo de Kioto, visando a redução da emissão, à atmosfera, dos gases poluentes responsáveis pelo aquecimento global e efeito de estufa.

Estes fenómenos são responsáveis pelos desequilíbrios que se re-gistam nos eco-sistemas e que induzem a mudanças climáticas, cujos efeitos já se fazem sentir no nosso Moçambique, por exem-plo, através da ocorrência de fenómenos meteorológicos extre-mos, tais como ciclones, cheias, secas e irregularidade das chuvas. Para a mitigação deste cenário, o Protocolo de Kioto avança, entre outros, o reflorestamento e o uso de energias renováveis, mais lim-pas e sustentáveis, como é o caso da energia gerada pelos painéis solares cuja fábrica hoje inauguramos.

Por seu turno, a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvol-vimento Sustentável, também conhecida como Rio+20 trouxe, para além da abordagem ambiental, as vertentes social e económica às questões de desenvolvimento, onde a sustentabilidade dos eco-sis-temas desponta como o denominador comum.

Ambos instrumentos sublinham o contributo das energias reno-váveis na resposta à crescente demanda por serviços básicos de energia, sobretudo nos países em vias de desenvolvimento, como o nosso.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Em resposta aos desafios que nos são colocados pelos efeitos das mudanças climáticas:

introduzimos as iniciativas “Um líder, uma floresta comuni-tária nova” e “um aluno uma planta, por ano”;

reforçámos o uso de energias renováveis, através de painéis solares, graças aos quais lográmos iluminar, até Setembro de 2013, um agregado nacional de:

o 207 vilas;

o 344 escolas; e

o 403 unidades sanitárias.

No seu conjunto, estes programas beneficiam um universo de cerca de 3.5 milhões de compatriotas nossos distribuídos pelas nossas Sedes Distritais, Postos Administrativos e Localidades.

Com energia, nesses locais, as nossas crianças:

já podem fazer os seus trabalhos de casa à noite, sem esfor-çar a vista com os candeeiros a petróleo; e

não dependem da lua para as suas brincadeiras socializan-tes.

Com energia assim produzida, também se dinamiza a economia local, através:

o da recarga de celulares;

o da organização de sessões de entretenimento;

o da refrigeração de bebidas; e

o da conservação de mercadoria diversa.

Para melhor conhecimento e planificação do desenvolvimento des-sas fontes alternativas de energia, Moçambique dispõe já do Atlas de Energias Renováveis, instrumento que identifica o que temos ainda por explorar, por exemplo, no domínio eólico, geo-térmico,

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

das mini-hídricas e da bio-massa. A caracterização do potencial renovável da nossa Pátria Amada constitui um desafio à capacidade criativa das nossas instituições de pesquisa e de ensino, dos nos-sos técnicos e do sector privado, por forma a que nos catapultem para formas cada vez mais eficientes de aproveitamento desse ma-nancial, para colocá-lo à disposição do desenvolvimento da Nação Moçambicana.

*****

Moçambique regista níveis de crescimento e desenvolvimento económico encorajadores, induzidos, em grande medida, pela ex-ploração dos nossos recursos naturais, processo no qual a energia eléctrica desempenha um papel importante e entra na equação dos custos de produção e do produto final.

Constitui, assim, desafio estrutural para o nosso Governo garantir energia na qualidade e quantidades necessárias para a viabilização e exploração desses empreendimentos. Os investimentos realiza-dos no sector de energia e na área de energias renováveis, em particular, propiciam a criação de uma cadeia de valor promotora do desenvolvimento sustentável da promissora indústria nacional, contribuindo, desta forma, para dinamizar outros sectores afins.

Referimo-nos a sectores como o das matérias-primas, do vidro, dos cabos e perfis de alumínio.

Por outro lado, o nosso Governo tem se empenhado na criação de condições para o desenvolvimento de um sector empresarial forte, sustentável e funcional, buscando formas de fortalecer o sector das energias, novas e renováveis, tendo em vista conferir-lhes um papel cada vez mais relevante e viável na matriz energética nacio-nal. Conjugadas, todas estas acções concorrem para reduzir a de-pendência da economia nacional nos combustíveis fósseis e permi-tir a transição para uma matriz energética mais descentralizada, fazendo uso mais sustentável dos recursos endógenos.

*****

É nossa expectativa que esta fábrica de produção de painéis sola-res e respectivos acessórios contribua para que:

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

mais famílias tenham acesso à energia para a confecção e conservação de alimentos, iluminação e alimentação dos seus electrodomésticos;

mais instituições de ensino operacionalizem o curso noctur-no;

mais estudantes, funcionários e outros cidadãos tenham acesso e se beneficiem das Tecnologias de Informação e Co-municação; e

mais unidades sanitárias funcionem no período nocturno e tenham melhores condições de conservação de vacinas e demais medicamentos.

Numa palavra, é nossa expectativa que esta fábrica nos catapulte para o uso mais generalizado desta fonte de energia, para além dos actuais 14%. Neste quadro, queremos convidar o sector pri-vado, nacional e estrangeiro, para participar, com maior afinco, dinamismo e visibilidade, no desenvolvimento deste sector e con-tribuir para o sucesso na implementação das nossas estratégias neste sector.

Mais importante do que a certificação da qualidade dos painéis solares aqui produzidos é a capacidade criada para promover a sua aceitação no mercado nacional e internacional, com base na sua robustez, durabilidade e resistência aos fenómenos da natureza.

A terminar, queremos dirigir uma palavra de saudação ao Governo da Índia pelo apoio financeiro para a realização deste projecto.

Uma vez mais, Senhor Alto Comissário, o seu Governo reafirmou a estima que tem para com Moçambique e o seu apoio à implemen-tação da nossa agenda de luta contra a pobreza.

Como neste e como em outros projectos públicos e privados, a Índia se destaca como nosso grande parceiro, sempre disposto a elevar a fasquia das nossas excelentes relações de amizade, solida-riedade e cooperação. Por isso, Senhor Alto-Comissário, queremos que transmita ao seu Governo esta nossa mensagem de reconheci-mento e gratidão por mais este louvável gesto.

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Endereçamos, igualmente, as nossas saudações aos técnicos e tra-balhadores moçambicanos que deram o seu melhor para a materia-lização do nosso sonho colectivo de ter esta unidade fabril.

À direcção e aos trabalhadores do FUNAE e do Ministério da Energia que inscreveram a sua participação na concepção e implantação deste importante empreendimento, vai também o nosso apreço e saudação.

À população do Distrito de Boane e da Província de Maputo, que-remos também agradecer por terem acolhido e acarinhado este projecto.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Expansão do acesso à energia:

Factor determinante na luta contra a pobreza5

Vivemos hoje, num mundo em que cresce a globalização e a inter-ligação dos mercados e, onde as vantagens competitivas ganham maior saliência e relevância. A energia constitui uma variável es-tratégica nesta equação, precisamente pelo seu papel transversal e presença em todos os domínios da nossa vida, tanto individual como colectiva. Neste prisma, a energia:

assegura o crescimento sustentável;

induz a geração de postos de trabalho;

atrai mais investimentos; e

melhora a qualidade de vida do cidadão.

É também neste prisma que deve ser vista a sua centralidade na realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, a de-claração internacional de guerra contra a pobreza, nas suas mais diversas manifestações.

Neste quadro, se situa o nosso compromisso de aumen-tar a disponibilidade de energia e de assegurar a expan-são do seu acesso a um número cada vez maior de moçam-bicanos. Trata-se de uma frente que exige o melhor do nosso saber, da nossa criatividade e do nosso empenho. Por oca-sião do décimo quinto aniversário da criação do Fundo Nacional de Energia, endereçamos à Direcção, aos trabalhadores e aos cola-boradores desta instituição as nossas saudações, pelas realizações que temos vindo a testemunhar e que representam uma grande

5Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da gala dos 15 anos do FUNAE. Maputo, 3 de Agosto de 2012.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

contribuição na expansão do acesso à energia por mais compatrio-tas nossos. Desde a sua criação, o FUNAE tem estado, como foi aqui bem dito, na vanguarda da implementação do programa de electrificação rural e da expansão da rede de comercialização de combustíveis, bem assim no desenvolvimento de energias renová-veis, contribuindo para a densificação do tecido empresarial e para a melhoria da qualidade de vida do nosso Povo.

Encorajamos o FUNAE para que, com maior determinação ainda, prossiga com a implementação dos seus objectivos estatutários, gerando soluções para os múltiplos desafios que a luta contra a pobreza coloca ao sector.

*****

Apraz-nos registar o aumento substancial de moçambicanos que já têm acesso à energia eléctrica, seja ela fornecida a partir da Rede Eléctrica Nacional ou através de sistemas de geração, construídos localmente, incluindo os sistemas de energia solar. No que diz res-peito ao alargamento da rede de distribuição e comercialização de produtos petrolíferos, notamos, igualmente, e com muita satisfa-ção, que em todas as sedes distritais estão instaladas ou em fase de instalação postos de abastecimento de combustíveis. Este é um desenvolvimento fundamental na vida do nosso maravilhoso Povo, pois, por um lado, os proprietários de viaturas já não são obriga-dos a fazer grandes distâncias, um exercício que resulta num mais rápido desgaste das peças dos seus meios circulantes e no gasto de muito combustível para a compra do próprio combustível. Isto pode ter efeito positivo sobre os custos dos seus serviços ao cida-dão.

Por outro lado, a expansão da rede de comercialização de produtos petrolíferos, através da construção de postos de abastecimento, nos distritos e outros locais onde ainda não existem, está a contri-buir para a qualidade do produto e para a segurança do cidadão. Com efeito, a venda de combustíveis em recipientes e em precá-rias e perigosas condições de manuseamento e conservação preju-dica a qualidade do produto e, em última análise, interfere com a longevidade das viaturas. Para além disso, o seu armazenamento em residências ou em outros locais também inapropriados gera riscos de saúde pública e pode ser uma faúlha para incêndios com

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

consequências graves, como infelizmente já testemunhamos em algumas partes do nosso Moçambique.

Por tudo isto, a comemoração dos 15 anos do FUNAE e os progres-sos registados devem despertar-nos para os grandes desafios que ainda temos pela frente. Devem despertar-nos ainda, para a ne-cessidade de acelerarmos o passo, para que aqueles que ainda não têm acesso à energia moderna, que infelizmente ainda constituem a maioria dos moçambicanos, não tenham que esperar por muito mais tempo. Para isso, constitui um factor importante a capacita-ção e fortalecimento das nossas instituições aos diferentes níveis, tendo em vista a necessidade de:

maior celeridade na implementação dos nossos projectos;

maior eficiência na gestão dos programas de desenvolvi-mento; e

o cumprimento integral dos nossos planos de actividades.

*****

O sector privado, cujo papel merece um grande destaque em todas as realizações a que temos vindo a fazer referência, é uma vez mais chamado a aumentar a sua contribuição, com o seu saber, di-namismo e experiência, na materialização dos grandes objectivos de desenvolvimento da nossa Pátria Amada. Na verdade, a elevada capacidade de produção de energia a partir dos recursos hídricos, do carvão, do gás natural e das fontes renováveis como o vento e a radiação solar, colocam-nos perante o desafio de assegurar que esses recursos são integrados na matriz da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza e pelo desenvolvimento desta Pérola do Índico.

Registamos com satisfação que iniciativas privadas ou público-pri-vadas, no domínio da produção de energia eléctrica já são uma realidade e, muitas outras encontram-se em fase avançada do seu desenvolvimento. Mas porque a produção de energia constitui um meio para alcançar o objectivo final, que é o de criar o bem-estar para o nosso Povo, o uso produtivo da energia deve ser, igualmen-te, uma aposta do sector privado. É precisamente na promoção do uso produtivo de energia onde o FUNAE, pela sua natureza estatu-

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

tária, pode alargar o âmbito da sua actuação, proporcionando ao sector privado, desde pequenas empresas até pessoas singulares, oportunidades de desenvolverem actividades económicas, através de financiamentos em condições comportáveis para os investidores e sustentáveis para o próprio FUNAE.

A este respeito, a Política Energética aprovada pelo Governo pre-coniza a promoção do uso produtivo de energia, pelo facto de pro-porcionar a geração de rendimentos e contribuir para a criação de emprego, conduzindo à melhoria da qualidade de vida dos mo-çambicanos e à sustentabilidade do serviço de fornecimento de electricidade. Com a energia eléctrica, também criamos as condi-ções apropriadas para a melhoria dos serviços de saúde, educação, abastecimento de água e para a expansão das tecnologias de infor-mação e comunicação. Em resultado dos progressos na electrifica-ção rural, da qual o FUNAE é um actor chave, o uso de computado-res em escolas localizadas nas zonas rurais deixou de ser novidade. Nós próprios temos tido a oportunidade de constatar esta nova realidade no âmbito da Presidência Aberta e Inclusiva.

*****

Para a materialização dos objectivos preconizados pelo Governo para o sector de energia, um papel de relevo tem sido desem-penhado pelos nossos parceiros de desenvolvimento, através do apoio multiforme que canalizam para a nossa Pátria Amada. Nesta ocasião, gostaríamos de deixar inscritas palavras de apreço e de gratidão por esse apoio e encorajamento.

A terminar, queremos renovar à Direcção, aos trabalhadores e aos colaboradores do FUNAE as nossas felicitações pelos 15 anos desta instituição e pelas realizações que tem registado, com impacto na vida do cidadão.

Inspirem-se nas realizações que hoje celebramos para continuarem a expandir os vossos serviços em mais espaços geográficos da nossa Pátria Amada.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Central Termoeléctrica a gás natural:

Um exemplo de como Moçambique se pode industrializar6

A criação do bem-estar do nosso Povo que passa:

por uma vida mais digna;

por um leque mais vasto de opções de produtos e serviços; e

pela diversificação de postos de trabalho;

depende, em parte, do acesso à energia, cuja procura tem vindo a aumentar, continuamente. Esta procura é gerada a nível social, por exemplo, pela busca de cada vez mais elevados padrões e qua-lidade dos níveis de lazer e, a nível económico, pelo aumento de investimentos em diferentes sectores da nossa economia.

Por isso, torna-se indispensável o uso equilibrado das fontes ener-géticas de que a nossa Pátria Amada dispõe, numa incessante bus-ca do equilíbrio entre o desenvolvimento económico, a Energia e a Ecologia. Na nossa Agenda de desenvolvimento, temos sempre pre-sente o imperativo de garantir o bem-estar das gerações actuais e futuras sem afectar, de forma negativa, o ambiente.

A Central Termoeléctrica de Ressano Garcia que hoje temos a honra e o privilégio de inaugurar, com uma capacidade instalada de 180 Megawatts, insere-se neste quadro de criação do nosso bem-estar que passa, necessariamente, pela busca duma resposta eficaz e em tempo útil, a uma multiplicidade de factores de desenvolvimento que têm na energia o elemento chave e determinante. Por isso, 6Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na inauguração da Central Termoeléctrica de Ressano Garcia. Maputo, 28

de Agosto de 2014.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

este projecto representa um exemplo de aproveitamento local dos recursos naturais, de modo a acrescentar valor e promover o de-senvolvimento social e económico desta Pérola do Índico, gerando postos de trabalho e aumentando a capacidade interna de produ-ção de energia.

Com efeito, o uso do gás natural para a produção de energia eléc-trica marca o início duma nova era no desenvolvimento do nosso sector de energia, uma área para a qual uma matriz energética diversificada e equilibrada deve constituir a base de orientação na elaboração dos planos e definição de projectos prioritários neste domínio.

Queremos saudar a Electricidade de Moçambique e a Sasol, por esta parceria estratégica que resultou neste grande projecto de produção de energia para alimentar projectos sociais e económi-cos na nossa Pátria Amada. Congratulamos-vos por terem aceite e superado o desafio que resultou neste empreendimento que hoje nos junta nestas pitorescas terras de Ressano Garcia.

*****

A existência de recursos energéticos em abundância no nosso solo pátrio representa, por um lado, um conjunto de oportunidades para os moçambicanos desenvolverem negócios, associados à sua cadeia de valor. Por outro lado, representam um desafio à capacidade de todos os intervenientes, de assegurarem que as condições e resul-tados da sua exploração possam corresponder às expectativas não só a nível da sociedade moçambicana, como também da região e do mundo. São expectativas legítimas de cada moçambicano em relação ao impacto na sua própria vida, dos benefícios decorrentes da exploração dos nossos recursos naturais:

seja por via da exploração da sua cadeia de valor;

seja por via de geração de empregos e auto-emprego em sectores que nascem fertilizados pela exploração destes re-cursos;

seja por via do usufruto das infra-estruturas públicas e ser-viços sociais desenvolvidos neste âmbito.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

No contexto da região, e com base no potencial energético de que o nosso Moçambique dispõe, cabe-nos a responsabilidade de con-tribuir para o fortalecimento da cooperação regional, intensifican-do as trocas comerciais dentro da SADC, em benefício dos cidadãos dos Países Membros.

Neste contexto, a Southern African Power Pool, um fórum das em-presas de electricidade, criada para compra e venda de energia entre si, na África Austral, revela-se importante.

De igual modo, conscientes do facto de sermos detentores duma vastidão de recursos naturais, alguns dos quais estratégicos para outros países do Planeta, continuaremos a intensificar a coope-ração com os nossos parceiros de desenvolvimento e a promover investimentos com benefícios mutuamente vantajosos. Na partilha destes recursos também ganha a industrialização da nossa Pátria Amada.

*****

Em Julho de 2012, no acto da inauguração da primeira fase da cen-tral da Aggreko Moçambique, com a capacidade de 107 Megawatts, prognosticámos Ressano Garcia com futuro nas páginas dos gran-des centros de produção de energia em Moçambique e na região. Tínhamos como base desse prognóstico os projectos em carteira dos diferentes investidores, tais como a Electricidade de Moçam-bique, a Sasol e a Gigawatt. Estes investidores cumpriram com a sua palavra e, hoje, passados dois anos, testemunhamos, com muita satisfação, a conclusão de mais uma unidade de produção de energia eléctrica, elevando para 412 Megawatts, a capacidade já instalada no Centro de Produção de Ressano Garcia. Apraz-nos também registar os progressos na implementação da central da Gigawatt, cuja conclusão, num horizonte muito próximo, elevará para mais de 500 Megawatts a capacidade instalada neste Centro, catapultando Ressano Garcia para uma referência nacional e regio-nal incontornável, na área da produção de energia.

Importa, no entanto, assegurar que a este aumento da disponibili-dade de energia, se associem a fiabilidade e a qualidade da energia

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

fornecida aos consumidores. Tendo em conta que a fiabilidade e a qualidade da energia fornecida, não dependem apenas da efi-ciência na produção, é importante garantir o melhor desempenho das demais infra-estruturas associadas, designadamente, a nível de transporte e distribuição de energia, através de investimentos e manutenção. Por isso, gostaríamos de reiterar a importância de que se reveste a participação de todos na preservação das infra-es-truturas eléctricas e na prevenção da vandalização de materiais e equipamentos eléctricos.

*****

Como Governo, continuaremos empenhados na mobilização de mais investimento, público e privado, para a exploração do nosso vasto potencial, não só no sector de energia e do uso produtivo da energia como também para outros sectores da nossa economia concorrentes para a criação do bem-estar do nosso Povo.

Continuaremos, igualmente, empenhados na crescente melhoria do ambiente de negócios, tornando, deste modo, esta Pérola do Índico cada vez mais atractiva ao investimento.

*****

A terminar, endereçamos uma palavra de encorajamento e de sau-dação à Direcção e aos trabalhadores da central que acabamos de inaugurar e votos de muitos sucessos na missão de assegurar a ope-ração e manutenção do empreendimento, para a realização plena dos objectivos para os quais foi implantado.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Exploração das oportunidades e

recursos nacionais:

Seu papel no reforço da auto-estima, criação de postos

de trabalho e no desenvolvimento7

É para nós, sempre motivo de grande satisfação poder interagir com o empresariado, um dos nossos grandes parceiros no comba-te contra a pobreza em Moçambique. Esta parceria é cristalizada pelas temáticas que vão corporizar esta Conferência. Passando em revista o programa deste evento, notámos, com muito agrado, que os assuntos que estarão em debate encontram-se no centro da nos-sa própria agenda de combate contra a pobreza. A título elucidati-vo, podemos fazer referência:

às várias reflexões que incidem sobre a potenciação do distrito como pólo de desenvolvimento;

ao papel da mulher na criação da riqueza;

às questões ligadas ao agro-processamento, infra-estruturas, bens e serviços; bem como

ao posicionamento de Moçambique em face dos processos de integração regional e da globalização.

Ainda segundo o programa, a interacção directa entre os empresá-rios e os membros do Governo constituirá um contributo no reforço

7Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da Abertura da IX Conferência Anual do Sector Privado. Mapu-

to, 03 de Maio de 2006.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

do nosso frutuoso relacionamento. Este será um importante mo-mento de troca de pontos de vista sobre os desafios que temos e sobre como avançarmos, sempre persuadidos pela necessidade de fortalecer esta parceria. Por isso, é com redobrado júbilo e entu-siasmo que procedemos à abertura desta Nona Conferência Anual do Sector Privado, ponto mais alto dos mecanismos de diálogo en-tre o Governo e o Sector Privado.

Esta Conferência ocorre num ano particularmente significativo da história do nosso diálogo. Ela celebra o décimo aniversário da sua institucionalização.

A longevidade desta parceria testemunha a contínua relevância deste mecanismo para a interacção entre o Governo e o sector privado. Trata-se de um canal através do qual se debatem e se formulam propostas para facilitar a produção e a produtividade, no quadro da criação da riqueza nacional.

Gostaríamos assim, de dirigir palavras de apreço a todos, presentes e ausentes, que se envolveram na concepção deste instrumento de grande relevância para o combate contra a pobreza em Moçambi-que. Felicitamos, de forma particular, a CTA

por ter correspondido ao repto lançado em 1996, no sentido de apresentar, numa única voz, as preocupações do sector empresa-rial.

Apesar de nem sempre termos conseguido reunir consensos em tor-no de determinadas matérias, soubemos ultrapassar as nossas di-ferenças de pontos de vista, unindo-nos em torno do que é essen-cial. Neste processo, as duas partes no diálogo saíram beneficiadas e Moçambique sai sempre a ganhar com este exercício.

*****

No nosso encontro de Dezembro do ano passado, reiteramos a abertura do nosso Governo ao diálogo e à consulta, com os vários actores de desenvolvimento. Esta Conferência vai, mais uma vez, confirmar a nossa disponibilidade em manter e consolidar os meca-nismos de interacção em vigor.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

A recolha de propostas, de críticas e de aconselhamentos fazem parte da nossa cultura política. São, pois, elementos integrantes da Governação Aberta que apregoamos, a todos os níveis.

A Governação Aberta que defendemos, permite-nos identificar as prioridades de cada momento e tomar as decisões que vão de en-contro às expectativas de desenvolvimento de Moçambique e do bem-estar do seu Povo.

Para o caso da facilitação da actividade comercial e melhoramento do ambiente de negócios temos estado:

a aprovar pacotes legislativos;

a reabilitar, construir e expandir infra-estruturas de ener-gia, de telecomunicações bem como estradas e pontes; e

a promover e a encorajar maior celeridade no sistema da administração da justiça a dirimir conflitos.

Temos, igualmente, estado engajados no combate contra os obstá-culos ao nosso desenvolvimento, nomeadamente o burocratismo, o espírito de deixa-andar, a corrupção e o crime, bem assim, as doenças endémicas. Como parceiros importantes de desenvolvi-mento de Moçambique temos todos que manifestar a nossa repulsa a estes entraves que insistem em dificultar a nossa marcha, e jun-tos encontrarmos as soluções mais adequadas.

Permitam-nos que convidemos o nosso empresariado, em particu-lar, a aumentar a sua contribuição para que o nosso País saia da classificação em que está hoje colocado: o centésimo décimo lugar dos cento e cinquenta e cinco países, como constata o relatório de 2006, do Banco Mundial sobre negócios. Da nossa parte o compro-misso em acelerar o passo, é total.

Durante os debates temáticos, os nossos Ministros terão a oportu-nidade de articular esta nossa vontade política colectiva e sobre o que temos estado a fazer por forma a potenciar, mais ainda, o sector empresarial, nosso parceiro no combate contra a pobreza, a nossa agenda nacional. Convidamos pois, o sector privado a usar

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

essa interacção, não só para falar do que está a fazer no contexto desta agenda, mas também o que mais podemos fazer juntos para melhorar o desempenho da nossa economia. Temos, pois, que ava-liar de forma crítica, o que fizemos para ver se não poderíamos ter feito mais e melhor.

*****

Nas nossas intervenções em eventos ligados à área económica, in-cluindo a que fizemos na CTA em Dezembro do ano passado, temos estado a incentivar os diferentes actores deste sector produtivo a serem mais proactivos na criação de mais postos de trabalho em Moçambique. Neste sentido, temos que ter sempre presente que:

cada importação de serviços ou produtos que fazemos, re-presenta uma exportação de oportunidades de emprego que serviriam para mais moçambicanos;

cada exportação de produtos nacionais que não fazemos, porque não os exploramos o suficiente ou não lhes conferi-mos qualidade aceitável, representa a perca de oportunida-des para a expansão e o alargamento do nosso empreendi-mento e para a criação de mais postos de trabalho;

cada segmento de mercado que não exploramos, abre um vazio que as importações preenchem e por onde, subse-quentemente, as oportunidades de emprego no País se nos escapam; e

cada oportunidade de cultivar a auto-estima e o orgulho pela produção nacional que não exploramos, abre espaço para importações, adiando-se a criação de mais postos de trabalho.

O nosso propósito não é nem deve ser a promoção do proteccio-nismo, pois, temos, por um lado, obrigações no âmbito dos pro-tocolos e acordos regionais e internacionais, de que somos parte, e a influência da globalização, por outro. Ademais, é de todo o interesse que Moçambique se abra a outros serviços, produtos e experiências.

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Por isso, o esforço multi-dimensional da campanha Made in Mo-zambique tem como um dos propósitos tornar Moçambique mais relevante, competitivo e com capacidade de concorrer com os seus produtos e serviços no mercado regional e internacional. Ou-tros propósitos desta campanha incluem:

o encorajamento da identificação de novos serviços, produ-tos, alguns dos quais não lhes atribuímos importância, valor e viabilidade económica, algo que equivale a ter o diamante apenas para afiar a catana!

o estímulo para a criação de mais postos de trabalho e para imprimir maior viabilidade aos empreendimentos económi-cos, a garantia do alargamento da nossa base tributária, do nosso crescimento económico e do nosso bem-estar;

a contribuição para a redução dos desequilíbrios na nossa balança comercial; e

a promoção do orgulho dos moçambicanos:

o pelo seu País;

o pelos seus recursos;

o pela sua produção; e

o pela sua contribuição ao desenvolvimento da huma-nidade.

No quadro desta campanha, gostaríamos de ver mais empresários a adoptarem sistemas de exploração e diversificação de investi-mentos e produtos tendo sempre em atenção a produtividade, a qualidade, a embalagem e o preço. Gostaríamos, igualmente, de ver mais empresários a explorarem as oportunidades que são aber-tas pelos protocolos e acordos de que somos parte, bem como as oportunidades que também nos são trazidas pela globalização.

Queremos, pois, que mais investimentos nacionais e internacionais sejam atraídos e direccionados para a exploração dos diferentes recursos e oportunidades de que esta Pérola do Índico dispõe e deles se orgulha.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Queremos mais empresários a explorarem as vantagens comparati-vas de investir em Moçambique e os pacotes de incentivos que se lhes oferecem.

*****

Na reflexão que organizámos com os nossos empresários, no con-texto do lançamento da nossa iniciativa de combate contra o HIV/SIDA, ficou claro que as empresas constituem um dos sectores se-riamente afectados por esta pandemia. O flagelo do HIV/SIDA afec-ta a produção e o consumo. Por um lado, as empresas perdem a sua força de trabalho, que em alguns casos, levou tempo e recursos a formar. Por outro, vêm as suas vendas reduzirem devido à erosão do poder de compra dos cidadãos.

Queremos reiterar o nosso apelo para que cada unidade de pro-dução defina a sua política e estratégia de prevenção, combate e mitigação desta doença. Nós acreditamos que se todos dermos a nossa contribuição, poderemos reduzir os actuais índices, de cerca de quinhentas infecções diárias, a nível nacional.

A terminar, fazemos votos de muito bom trabalho, frutíferas de-liberações e que novas parcerias empresariais sejam firmadas ao longo deste evento.

Com estas palavras temos a honra de declarar aberta a Nona Con-ferência Anual do Sector Privado.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Exploração de cadeias de valor:

Factor multiplicador de postos de trabalho e de renda

em Moçambique8

Acabamos de testemunhar o renascer de uma indústria que, es-peramos, volte a ser uma grande referência aqui em Marracuene, para deste torrão do nosso belo Moçambique projectar pelo solo pátrio adentro e à escala planetária, as muitas oportunidades de negócio e de formação de parcerias existentes. Neste contexto, dirigimos uma saudação especial aos accionistas que juntaram as suas visões, vontades e recursos para concretizarem este projecto, um sonho que não é apenas vosso, senhores acionistas, mas o é também de milhões de moçambicanos. Na verdade, o investimen-to aqui realizado vai resultar na criação de mais de 750 empregos directos até 2016 e contribuir, desta forma, para dinamizar a vida social e económica de Marracuene, da Província de Maputo e de todo o nosso Moçambique.

Endereçamos palavras de apreço aos líderes comunitários, aos membros dos Conselhos Consultivos, ao Governo do Distrito de Marracuene e da Província de Maputo, por se terem apropriado deste empreendimento e o acarinhado em todas as fases da sua realização. As mensagens que nos transmitiram, hoje, ao longo desta cerimónia, incluindo na evocação dos nossos antepassados, reafirmam o vosso compromisso com a parceria e com o sucesso desta unidade têxtil.

As nossas saudações são extensivas ao Ministério da Indústria e Comércio e a todas as outras instituições públicas e privadas, en-volvidas na realização deste projecto.

8Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na inauguração da Mozambique Cotton Manufacturers Indústrias Têxteis SA.

Marracuene, 29 de Agosto de 2014.

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Uma vez mais, demonstraram que as nossas instituições estão cada vez mais capacitadas para atrair, enquadrar e apoiar os investido-res nacionais e estrangeiros para realizarem os seus programas.

*****

A inauguração desta unidade industrial enquadra-se na nossa Agen-da Nacional de Luta contra a Pobreza e pelo nosso bem-estar que neste sector:

incentiva a valorização e o aumento da produção, consumo e exportação de produtos nacionais transformados; e

promove a criação de indústrias de agro-processamento para o aproveitamento dos recursos locais em áreas com potencial agrário.

A revitalização do sector têxtil e de confecções está plasmada na estratégia para o desenvolvimento deste sector que prevê:

o aproveitamento das boas condições agro-ecológicas para a produção de algodão;

o aproveitamento da força laboral competitiva;

o aproveitamento da disponibilidade de água e electricida-de; e

o aproveitamento do acesso aos mercados preferenciais e da zona de comércio da SADC, bem como do AGOA.

Fazem ainda parte dos objectivos desta estratégia:

o aumento da produção do algodão;

o estabelecimento de uma indústria de fiação e tecelagem;

a implantação de fábricas de confecções viradas para a ex-portação; e

a potenciação das empresas existentes para o abastecimen-to do mercado interno.

Este empreendimento junta-se, a partir de hoje, a outros que já dão expressão ao nosso programa de revitalização do sector têxtil,

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um sector de grande importância na geração de postos de trabalho e de renda para muitas famílias moçambicanas. Com efeito, esta unidade têxtil junta-se à Nova Texmoque, à Moztex (ex-Texlom) e à Maputo Clothing (ex-Sabrina) num cenário onde a simbiose é sublinhada pela entrada em funcionamento da Fábrica de Desca-roçamento de Algodão de Guro e pelo empenho do sector familiar moçambicano no aumento dos níveis de produção do algodão.

Estas relações simbióticas são densificadas pela estreita ligação entre a produção do algodão e a indústria têxtil e de confecções e os instrumentos nacionais, com destaque para o Plano Estratégico do Desenvolvimento do Sector Agrário e a Estratégia de Desenvol-vimento da Indústria Têxtil e de Confecções. São ainda densifica-das pela relação que estabelecem com os instrumentos regionais, com destaque para:

o Quadro de Política de Desenvolvimento Industrial da SADC;

o Programa de Desenvolvimento e Modernização Industrial da SADC;

o Programa Compreensivo para o Desenvolvimento da Agri-cultura em África; e

a Estratégia para a Implementação do Plano de Acção para o Desenvolvimento Industrial Acelerado de África.

*****

A previsão da produção de 110 mil toneladas de algodão para a presente Campanha é um sinal claro de garantia de disponibilida-de de matéria-prima para os investidores nesta área, elevando-se, deste modo, o potencial para a exploração da cadeia de valor do algodão, incluindo o descaroçamento, a fiação, a tecelagem e a confecção. Estes processos de exploração da cadeia de valor ligam o sector do algodão a outros sectores produtivos da economia na-cional e propiciam ligações às cadeias de valor a nível regional e internacional. Este é o caso dos mercados da SADC, do AGOA e da União Europeia também abertos para os produtos Made in Mozam-bique. Da nossa parte, como Governo, continuaremos empenhados na constante melhoria do ambiente de negócios e de infra-estrutu-ração do nosso Moçambique. Queremos, numa palavra, continuar

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a consolidar os passos já dados e persistir firmes nesta caminhada que torna esta Pérola do Índico, cada vez mais atractiva e compe-titiva para o investimento numa vasta gama de sectores incluindo o sector da indústria têxtil e de confecções.

Apesar das condições atractivas para o investimento a que nos re-ferimos anteriormente, constituem ainda desafios para o sector:

a disponibilidade e o acesso a pacotes e programas de formação especializada;

a implantação de parques industriais;

a atracção de mais micro, pequenas e médias empresas de confecções;

a melhoria da qualidade do fornecimento de água e energia eléctrica;

a criação de uma associação dos industriais do sector têxtil e de confecções; e

o aumento da capacidade produtiva das indústrias de confecções.

Perante os desafios aqui arrolados, cristaliza-se o facto de que há muito ainda por se fazer, pelo que, contamos com o apoio de todos para prosseguir com o nosso programa de revitalização do sector têxtil e alavancar o sector de confecções de Moçambique.

*****

A terminar, encorajamos, uma vez mais, outros homens de negócio para empreenderem acções que contribuam, de forma significati-va, para o aumento dos níveis de exploração das cadeias de valor de muito do que produzimos ou extraímos do nosso solo e subsolo. Em Moçambique existe muito talento para multiplicar em vários empregos as nossas dávidas da natureza.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Cadeia de Valor:

Geradora de renda, esteio da segurança alimentar e

da densificação do empresariado rural9

É com imensa satisfação que endereçamos os nossos calorosos cumprimentos de boas vindas a esta Pérola do Índico a todos os participantes nesta confraternização. Endereçamos uma saudação especial aos membros do Conselho Internacional de Directores da TechnoServe que para Maputo se deslocaram tendo em vista fazer da nossa cidade capital, berço das suas decisões.

Por isso,

a vossa escolha de Maputo muito nos honra;

a oportunidade que têm de tomar contacto directo com as nossas realizações, desafios e visões agrada-nos sobrema-neira; e

o potencial para interacção e reforço da nossa parceria au-menta a nossa expectativa de que podemos fazer mais, me-lhor e de forma mais célere, juntos e irmanados pelo ideal de fazer a pobreza passar para a História.

Saudamos a presença da TechnoServe em Moçambique e louvamos as parcerias que desenvolve com as nossas instituições públicas, com o sector privado e com as associações. No ponto de confluên-cia entre a nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza e o vosso mote de “procura de soluções empresariais para a pobreza”,

9Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião do jantar de gala da TechnoServe. Maputo, 5 de Novembro de

2012.

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cria-se o ambiente que nos faz acreditar, piamente, que vamos vencer a pobreza na nossa Pátria Amada.

*****

Apraz-nos notar que a parceria que desenvolvemos com a vossa organização regista um crescimento e abrange um vasto leque de áreas. Destaque vai para a parceria ao longo dos elos fundamentais da cadeia de valor dos produtos e serviços prioritários, uma cadeia de valor vista:

como mecanismo de geração de renda e de postos de tra-balho;

como esteio para a segurança alimentar e nutricional; e

como factor de densificação do empresariado nas zonas ru-rais do nosso Moçambique.

Nesta vertente, a nossa acção governativa centra-se no contínuo aprimoramento do quadro institucional e da capacidade dos acto-res da cadeia de valor para uma actuação à altura da crescente dinâmica que as oportunidades para a aplicação da propensão em-preendedora do moçambicano criam. Os processos de descentrali-zação, em curso no nosso País, resultam na transferência, por um lado, de mais recursos humanos para os distritos e, por outro, de recursos financeiros adicionais como são os casos dos ˝7 milhões˝, para a produção de mais comida e geração de mais postos de tra-balho, e dos 2.5 milhões destinados à construção e reabilitação de infra-estruturas. Estes processos, conjugados com os investimentos públicos e privados, em áreas como energia, estradas, agricultura, turismo e mineração, estão a induzir uma dinâmica social e econó-mica, ao estimular o surgimento e a diversificação das actividades com impacto na geração de postos de trabalho, renda e segurança alimentar.

Fazemos votos para que na vossa visita à Nampula testemunhem como os vossos projectos estão a complementar a acção do nosso Governo para esta mudança positiva na vida do nosso Povo. Nós próprios voltamos a testemunhar esta dinâmica agrária de Nam-

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pula, que reflecte a pujança que o sector está a ganhar em todo o nosso Moçambique, na exposição que foi preparada em Monapo, por ocasião da abertura da campanha agrária 2012/2013. Organi-zados por distritos, os produtores agrários daquela Província exibi-ram-nos uma vasta gama e expressiva variedade de produtos agrá-rios, primários e processados, quer como forma de conservação, quer como forma de lhes adicionar valor para o mercado interno e para a exportação.

As mudanças que se registam nos distritos são impulsionadas, em particular, pelo crescente número de técnicos agrários que proce-dem à transferência de tecnologias de produção e de agro-proces-samento para os produtores agrários. Testemunhámos este facto na exposição de Monapo e nas outras que são organizadas no con-texto da Presidência Aberta e Inclusiva, um modelo de governação que nos leva a escalar, anualmente, diferentes localidades do nos-so Moçambique por um período que, acumulado, perfaz cerca de três meses por ano.

Estas mudanças são também impulsionadas pelos diferentes inves-timentos que são feitos nestas parcelas do nosso País, com desta-que para os 7 milhões de meticais, cerca de trezentos mil dólares americanos, valor alocado anualmente aos 128 distritos do nosso Moçambique.

Para vossa informação, o termo “7 milhões” já não se refere aos valores que os distritos recebem, mas sim à designação da dotação orçamental que lhes é destinada para a produção de mais comida e geração de mais postos de trabalho. Esta dotação subiu substan-cialmente em termos de valor mas mantém os objectivos iniciais para que foi concebido.

A nossa abordagem sobre cadeia de valor é orientada, nas nossas intervenções na área agrária, tomando em consideração as acções ligadas à:

geração e transferência de tecnologias;

provisão de insumos agrários;

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produção agrária; e

processamento e comercialização.

Este entrosamento acrescenta valor aos produtos agrícolas, pecuá-rios, florestais e faunísticos, trazendo benefícios para as comu-nidades produtoras que se consubstanciam pela melhoria da sua qualidade de vida. Deste modo, os investimentos no Sector Agrá-rio ocorrem à volta dos quatro elos da cadeia de valor, ou seja produção primária, processamento, comercialização e consumo. Estes investimentos dirigem-se não só a produtos mas também à provisão de serviços especializados ao longo da cadeia de valor.

É do domínio público que o nosso Povo obtém benefícios multiplicados quando, por exemplo, aumentamos o processamento local da madeira. Assim, geramos postos de trabalho e renda para as famílias, nas fases da produção primária que é o corte da ma-deira na floresta, do processamento da mesma, e no seu transporte para os seus pontos de venda, no País ou no estrangeiro.

Na exposição de Monapo, tivemos um exemplo cristalino da vanta-gem da abordagem da cadeia de valor que acompanha o soerguer da cultura do caju. Na verdade, para além da castanha bruta para a indústria em revitalização e para a exportação, bem como dos derivados tradicionais, como o sumo e a amêndoa, vimos ali:

melaço;

óleo; e

hamburgo de caju.

Este é um dos muitos exemplos que demonstram como a cadeia de valor dos nossos produtos está a impulsionar o agro-negócio e a constituir-se num dos catalisadores do desenvolvimento rural.

*****

É sempre agradável estar na companhia daqueles que, como nós, estão comprometidos com a criação de condições para a exploração da cadeia de valor de diferentes produtos, proporcionando assim ganhos cada vez mais substanciais aos diferentes intervenientes.

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Queremos assim enaltecer o papel da TechnoServe:

na revitalização da indústria de processamento da castanha de caju, em Nampula e na Zambézia;

na promoção da cultura da manga, em Manica, e da banana, em Maputo, Manica e Nampula;

na produção do frango em Maputo, Manica, Nampula e Zam-bézia; e

na produção da soja para rações em Tete, Manica e Zambézia.

Queremos enaltecer ainda o papel que a TechnoServe desempe-nha na promoção da actividade turística em Cabo Delgado, Niassa, Nampula e Gaza, bem como na promoção da indústria florestal, no Niassa e na Zambézia. A vossa parceria com o sector empresarial moçambicano e com a UNILÚRIO é por nós também saudada e en-corajada.

O sector agrário constitui a base do desenvolvimento da Nação Moçambicana. A indústria é o factor impulsionador desse desen-volvimento. A cadeia de valor estabelece a ligação entre os dois, municiando-nos para melhor combatermos a pobreza e elevarmos os níveis de bem-estar do nosso maravilhoso Povo.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Empreendedorismo:

Uma atitude perante a vida, promotora de simbioses

empresariais e geradora de riqueza e bem-estar10

Há pouco mais de uma semana juntos estivemos na quadragésima quinta edição da Feira Internacional de Maputo, ocasião em que exortamos o sector empresarial a encarar a crise financeira mun-dial como uma oportunidade para participar, mais activamente, na melhoria do desempenho da nossa economia. Apraz-nos hoje participar nesta cerimónia de inauguração da Capital Star Steel, uma das respostas para alterar o cenário que nos foi presente so-bre exportações no dia do Exportador. Queremos, pois, saudar o nascimento desta empresa que se constitui também:

numa fonte de geração de postos de trabalho;

numa plataforma de fomento do empreendedorismo, dado o seu potencial para a terceirização de bens e serviços; e, sobretudo,

num centro de formação de quadros e de difusor de novas tecnologias, algumas das quais de ponta.

Para além destas potencialidades, este empreendimento contribui para a promoção do bom nome desta Pérola do Índico, ao demons-trar, fora das nossas fronteiras:

que somos um destino seguro para grandes volumes de in-vestimento privado;

10Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na inauguração da Capital Star Steel de Beluluane. Matola, 9 de Agosto de

2009.

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que temos capital humano e ambiente favorável para a instalação, funcionamento e prosperidade de empresas de classe mundial; e

que temos capacidade, quer como Governo, quer como sec-tor privado nacional, para interagir com empresários multi-nacionais e com eles contribuir para a melhoria do desem-penho da economia nacional.

Mais importante ainda, é que os tubos de aço Made in Mozambique, produzidos com uma valiosa contribuição de técnicos e operários moçambicanos vão transportar o nome da nossa Pátria Amada para muitos cantos do nosso planeta e contribuir para criar bem-estar nesses países. Isso também vai-nos orgulhar como um Povo.

*****

Este empreendimento tem o potencial de participar na promoção do espírito empreendedor do moçambicano, no campo e na cida-de. Reconhecidamente, nós estamos sempre ansiosos em aplicar o nosso empreendedorismo para o sucesso na luta que travamos con-tra a pobreza, porque sempre nos inspira a certeza de vitória nesta luta e a convicção de que cabe a nós, e só a nós moçambicanos, o protagonismo nesta luta, evidentemente com o apoio daqueles que querem o bem por este nosso Moçambique e o seu maravilhoso Povo. Um empreendedor é necessariamente alguém que sabe ler e interpretar as oportunidades que se lhe apresentam, explora-as e prospera com os resultados que alcança:

expandindo a sua actividade empresarial;

empregando mais moçambicanos; e

buscando outras oportunidades para maior robustez e sus-tentabilidade das suas actividades.

Por conseguinte, ele pode começar com uma actividade de muita pequena dimensão e impulsioná-la com o seu espírito de auto-su-peração constante para ganhar maior visibilidade, emaranhando-se nas malhas de um sector privado que se afirma como nosso par-ceiro na luta contra a pobreza. Um empreendedor sabe arriscar, não às cegas, mas com o necessário calculismo, prudência, discer-nimento e inteligência sempre ciente das suas obrigações com o Estado, a sociedade e até com outras empresas e cidadãos.

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Onde outros cidadãos só vêm dificuldades, o empreendedor vis-lumbra oportunidades. Onde os seus compatriotas divisam proble-mas que desfocam a sua visão e dificultam a sua marcha, o em-preendedor arma-se com a necessária criatividade para quebrar esse ciclo vicioso e prosperar, sempre ciente de que a solução de um problema gera outros problemas, talvez mais complexos ainda.

Um empreendedor sabe colocar num pedestal de grande relevo, o desenvolvimento de competências multi-focais bem assim a capa-cidade de aprender sempre e de realizar sempre, pois, assume-os como chaves na transformação dos seus sonhos em realidade. Aci-ma de tudo, sabe estender estas oportunidades e induzir aquelas virtudes nos seus colaboradores e trabalhadores a quem motiva de diferentes formas. Ser empreendedor é, pois, uma atitude diante da vida.

É saber colocar a ousadia à frente da timidez;

a confiança à frente do cepticismo;

a inovação à frente da reprodução e inércia;

a inquietação criadora à frente do conformismo e do pessi-mismo.

Muitos dos homens e mulheres de negócio presentes nesta cerimó-nia terão tido um começo algo humilde e até titubeante. Porém, graças à sua visão, persistência e ousadia bem como à sua vonta-de e determinação de vencer obstáculos, hoje graduaram-se para este nível de visibilidade no sector empresarial nacional. Se fos-se dada a cada um de vós, caros empresários, a oportunidade de relatarem a vossa trajectória, teríamos muitos depoimentos para inspirarem mais moçambicanos, especialmente os nossos jovens, para reforçarem as suas certezas sobre as oportunidades de pros-peridade abertas para todos. Esses depoimentos teriam o condão de demonstrar como em Moçambique existem condições para cada um de nós aplicar o seu talento e saber para criar o seu bem-estar e contribuir para o nosso progresso colectivo.

Ao facilitar a instalação e funcionamento deste empreendimento, o nosso Governo cumpriu um importante papel, ampliando, des-te modo, o leque dessas oportunidades abertas para exploração pelo empreendedor moçambicano. Temos plena certeza de que a Capital Star Steel, ao integrar o tecido empresarial nacional,

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vai dinamizar relações simbióticas com outros empreendimentos e, por conseguinte, despertar o surgimento de outros, cujos ser-viços e bens esta empresa necessita para o seu funcionamento e prosperidade. Por isso, está lançado o desafio aos empreendedores moçambicanos para aqui, como têm feito à volta de outros em-preendimentos, buscarem oportunidades de parceria e de negócio.

Como tem sido amplamente divulgado e testemunhado, o nosso Governo tem estado a cumprir com a sua parte no que tange à contínua melhoria do ambiente de negócios. As reformas em cur-so têm resultado em importantes medidas no âmbito legislativo e traduzem-se:

numa maior facilitação da actividade comercial e empresarial;

numa maior aproximação dos serviços do Estado ao cidadão; e

numa crescente cristalização da vontade que nos une ao sector privado, a vontade de mudanças e de sólidas parce-rias para uma mais célere exploração dos diversos recursos ao nosso dispor, com o fito de transformá-los em riqueza, postos de trabalho e em factores de melhoria das condições de vida de mais milhares de moçambicanos.

Senhor Presidente do Conselho de Administração da Capital Star Steel.

Queremos desejar muitos sucessos à vossa empresa, na realização da sua visão e objectivos bem como no apoio:

ao empreendedorismo nacional;

à densificação do nosso tecido empresarial; e

à divulgação do nosso bom nome à escala planetária.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Empreendedorismo:

Uma característica do moçambicano, no campo e na

cidade, no país e no estrangeiro11

Os testemunhos que acabámos de ver e ouvir constituíram-se num emocionante desfiar da trajectória do Senhor Abílio Soeiro, como um empreendedor que nunca se conformou com a sua condição nem com o que inicialmente alcançara. Como tem sido tónica de muitos compatriotas nossos, ele assumiu, desde o princípio, que seria ele próprio quem deveria mudar as suas condições de vida. Neste quadro, encarou os apoios que lhe iam chegando como com-plementares ao que ele realizava tendo em vista a materialização dos seus sonhos.

Felicitamos o Senhor Soeiro pelos 15 anos de vida da sua empresa. Que ela continue a crescer e a afirmar-se no firmamento empresa-rial nacional.

*****

A extrapolação do exemplo do Senhor Soeiro para a Nação Moçam-bicana permite-nos reiterar que o desenvolvimento de Moçambi-que depende unicamente dos moçambicanos. Mais ninguém levará a nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza à sua realização plena. Como o Senhor Soeiro, também temos muitos amigos, en-tanto que País. Como ele, recebemos apoios de diferentes parcei-ros. Porém, como moçambicanos, não podemos delegar aos nossos amigos a epopeia libertária em que estamos envolvidos. Os apoios desses nossos parceiros e amigos, recebemo-los com muita grati-

11Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, no jantar de Gala alusivo ao 15º aniversário do Grupo Boutiques de Maputo.

Maputo, 21 de Agosto de 2008.

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dão dado constituírem um importante complemento àquilo que nós próprios temos obrigação e responsabilidade de realizar, em prol de Moçambique e do seu maravilhoso Povo.

É neste contexto que defendemos um processo de desenvolvimen-to onde a participação de todos e de cada moçambicano é encora-jada, valorizada e enquadrada. Fazemo-lo porque acreditamos na sua iniciativa criadora e na sua capacidade de se entregar, com de-terminação, denodo e perseverança, na construção de um Moçam-bique onde o dia de hoje é melhor que o de ontem e o de amanhã melhor ainda que o de hoje.

Neste quadro, colocamos acento tónico no empreendedorismo como uma das manifestações da nossa auto-estima e sentido de vencer os obstáculos que se colocam na caminhada rumo ao bem-estar do nosso brioso Povo. Entre outras virtudes, um moçambica-no empreendedor:

é um sonhador que empresta criatividade e persistência para realizar esse sonho;

é um compatriota que perante um obstáculo não estende a mão a terceiros mas procura ver o que ele próprio pode, em primeira instância, realizar para ultrapassá-lo;

é também um permanente inconformado que sabe identificar as oportunidades, explorando-as, atempadamente, e que busca nos recursos à sua volta soluções para a melhoria da sua condição de vida ou da de terceiros.

Temos testemunhado, nas visitas que temos estado a realizar pelo nosso belo Moçambique em Presidência Aberta e Inclusiva, como esta forma de estar do moçambicano permeia a sua atitude peran-te os desafios do quotidiano. São compatriotas que transformam sonhos em maravilhas com impacto nas suas vidas e na vida das suas comunidades. Eles estão a contribuir para mudar a face eco-nómica e social dos seus distritos.

*****

Na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza apregoamos o reforço da parceria com o sector privado dada a sua importân-cia na criação de mais postos de trabalho, produção de riqueza e

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projecção do bom nome desta Pérola do Índico no concerto das nações. O alcance pleno destes nobres ideais pode ser frustrado pela violação da propriedade intelectual, que se manifesta através da contrafacção e da pirataria. Quer a contrafacção de produtos industriais, incluindo os cosméticos, quer a pirataria da produção artística e cultural são males contra os quais nos devemos unir para registarmos sucesso no seu combate porque:

mancham o nome do nosso belo Moçambique;

frustram quem investe no genuíno e na criatividade; e

prejudicam o desenvolvimento do empresariado e a cria-ção de mais postos de trabalho.

Por outro lado, e mais preocupante ainda, os produtos resultantes da contrafacção e da pirataria:

são de baixa qualidade;

representam um perigo para a saúde e segurança dos moçambicanos;

não contribuem para os cofres do Estado; e

podem desacreditar os produtos genuínos e quem nela investiu talento, tempo e outros recursos.

Gostaríamos de exortar a todos os moçambicanos a assumirem o combate à contrafacção e à pirataria como seu desafio pessoal. Compremos o genuíno, contribuamos para o desenvolvimento so-cial e económico de Moçambique.

Queremos, uma vez mais, desejar muitos sucessos ao Grupo Bouti-ques de Maputo. Que continue a ser o exemplo de empreendedo-rismo que tem sido nestes seus primeiros 15 anos de vida.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Responsabilidade Social Empresarial:

Por uma parceria entre empresas, para uma parceria

de maior impacto com o Governo12

Na cerimónia de abertura da Décima Primeira Conferência Anual do Sector Privado, em Outubro último, reiteramos o nosso com-promisso de, continuamente, trabalharmos com o sector privado na melhoria do ambiente de negócios em Moçambique. Para o caso desta cerimónia também encontramos linhas de convergência en-tre esse compromisso e uma maior participação do sector privado, através da Responsabilidade Social Empresarial, na luta contra a pobreza na nossa Pátria Amada. Mais empresas nacionais e estran-geiras a operarem no nosso solo pátrio não significa apenas mais postos de trabalho e mais riqueza. Significa também mais oportu-nidades de essas empresas participarem em projectos de âmbito social, complementares aos desenvolvidos pelo Governo e pelos amigos de Moçambique.

Por isso, saudamos a criação deste espaço de debate e troca de ex-periências que visam não só a apropriação e o aprofundamento do conceito de Responsabilidade Social Empresarial, no contexto mo-çambicano, por parte do sector privado, como também encontrar formas de aplicá-lo com maior impacto ainda no desenvolvimento social e económico desta Pérola do Índico.

*****

A nossa agenda na actualidade, em Moçambique, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo, centra-se na luta contra a pobre-12Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, na cerimónia de abertura da Primeira Feira Anual de Responsabilidade

Social Empresarial. Maputo, 11 de Novembro de 2008.

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za e pelo bem-estar do maravilhoso Povo Moçambicano. Uma das formas de participação do sector privado, como sublinhámos aci-ma, é através da Responsabilidade Social Empresarial. No âmbito desta vertente, gostaríamos de sugerir uma forte parceria entre as empresas e, por outro, uma parceria destas com o Governo, pois, esta forma de agir pode conferir uma maior visibilidade ao sector privado nesta luta que travamos contra a pobreza. Embora o enfo-que sejam as empresas, estamos certos que as práticas que suge-rimos também se aplicariam às organizações não governamentais, isoladamente ou na colaboração que desenvolvem com o sector privado.

A parceria entre as empresas, que apregoamos, pode tomar quer a forma de um fundo ou projecto comum quer ainda a forma de melhor coordenação e complementaridade das acções empresa-riais. Quer numa quer noutra, haverá sempre formas de preservar e destacar a identidade e contribuição de cada uma das empresas participantes, um aspecto que cabe mais no debate de implemen-tação do que de formulação do princípio.

Olhando para a questão de um fundo ou projecto comum, julgamos que essa seria uma forma de as nossas empresas fazerem sentir mais o seu impacto e empatia com o nosso povo mesmo em locais onde algumas delas, participantes nesse projecto, não estejam fi-sicamente implantadas ou representadas. Esta seria uma forma de demonstrarem que mais do que o protagonismo junto daqueles a quem directamente prestam serviço, elas procuram protagonismo junto de todo um povo sedento de se ver livre da pobreza.

Uma segunda versão tendente ao reforço da parceria entre as em-presas gira à volta da coordenação, concertação e complementa-ridade das acções dessas empresas junto da população utente dos seus serviços ou com potencial para se tornarem seus clientes. Por exemplo, uma destas empresas pode estar em condições de finan-ciar a construção de uma escola. Outras podem ocupar-se da cons-trução do lar dos alunos, do apetrechamento destas infra-estrutu-ras e da construção de um centro multimédia e de fornecimento de equipamento para a produção agro-pecuária para auto-consumo dos alunos e professores dessa escola. Todas estas empresas bene-ficiam da publicidade mas, o maior beneficiário do grande projecto gerado por essa complementaridade é o maravilhoso Povo Moçam-bicano.

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Se por um lado apregoamos uma forte parceria entre as empresas quer através do fundo ou projectos comuns quer através de melhor coordenação para reduzir a dispersão das suas acções, também de-fendemos uma forte parceria entre as empresas e o Governo nesta luta contra a pobreza. Isto vai contribuir para acções de responsa-bilidade social de maior impacto e sustentabilidade. Por exemplo, uma unidade sanitária implantada em coordenação e em resposta ao Plano Social e Económico do Governo para além de destacar o nome da empresa financiadora, em resposta a uma necessidade específica, tem pelo menos mais duas vantagens adicionais:

vai beneficiar do apoio técnico do Governo em termos de desenho e construção; e

vai ser enquadrado no plano de distribuição do pessoal de saúde, de medicamentos e material hospitalar.

Essa maior coordenação das empresas entre si e destas com o Go-verno tem em vista tornar mais efectiva a Responsabilidade Social Empresarial e fortalecer os mecanismos de interacção e diálogo entre estes actores na luta contra a pobreza. Como é corrente di-zer-se, muitos poucos fazem muito quando juntos.

*****

A reflexão que aqui propomos tem também merecido a atenção dos nossos parceiros de desenvolvimento. A Organização das Nações Unidas tem estado a implementar uma experiência piloto em Mo-çambique, segundo a qual as diferentes agências funcionam como um corpo único, coordenado e sincronizado. Para além disso, os nossos parceiros de desenvolvimento tiveram uma participação nos processos que culminaram com a adopção do PARPA II. Ainda no mesmo quadro, dezanove desses parceiros de desenvolvimento, incluindo as Nações Unidas, juntaram-se para dar apoio directo ao Orçamento do Estado. Estes e outros parceiros de âmbito bilateral e multilateral, com os Ministros dos países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento, responsáveis pela promoção do desenvolvi-mento, subscreveram, a 2 de Março de 2005, a Declaração de Pa-ris sobre a Eficácia da Ajuda ao Desenvolvimento. Esta declaração assenta em cinco pilares que mutuamente se reforçam de forma simbiótica, nomeadamente:

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apropriação que significa que os países recipientes da aju-da ao desenvolvimento exercem liderança efectiva sobre as políticas e estratégias desse desenvolvimento e asseguram a coordenação das acções para a sua efectivação;

alinhamento que significa que os parceiros de desenvolvi-mento baseiam todo o seu apoio nas estratégias nacionais de desenvolvimento, instituições e procedimentos dos paí-ses recipientes da ajuda ao desenvolvimento;

harmonização que significa que os parceiros de desenvolvi-mento devem melhor harmonizar as suas acções as quais de-vem também ser mais transparentes e colectivamente mais eficazes;

gestão centrada nos resultados que quer dizer que se deve caminhar para melhorar a tomada de decisões centrada nos resultados; e finalmente

responsabilidade mútua que significa que os parceiros de desenvolvimento e os países recipientes da ajuda são res-ponsáveis pelos resultados obtidos em matéria de desenvol-vimento.

Como fica claro, todo este debate no seio dos nossos parceiros de desenvolvimento é, tirando ou alterando este ou aquele aspecto, relevante para a reflexão que vai aqui ser feita no contexto da Responsabilidade Social Empresarial. Por isso, gostaríamos de ma-nifestar o nosso desejo de ver debates desta natureza replicados a nível local com particular destaque para os distritos, os pólos do nosso desenvolvimento.

Com votos de que desta Feira cada um de vós saia mais enriqueci-do em termos de experiências e saberes e mais revigorado para a materialização da responsabilidade social da sua empresa e para convidar outras empresas a participarem neste processo, temos a honra de declarar aberta, a Primeira Feira Anual de Responsabili-dade Social e Empresarial.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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auto-estima:

Como meio de combate contra a Pobreza13

É para nós motivo de grande satisfação participarmos nas cele-brações dos trinta anos da Rádio Moçambique. São trinta anos de rádio ao serviço de Moçambique e do seu Povo. São trinta anos de esforços da Rádio Moçambique de garantir o exercício, pelo nos-so Povo, do direito à informação, um direito constitucionalmente consagrado.

Dado o papel estratégico desta instituição, o edifício onde hoje funciona a Rádio Moçambique foi um dos primeiros visados por aqueles que não queriam ver Moçambique independente e livre da dominação estrangeira. No dia 7 de Setembro de 1974, esses ini-migos do desenvolvimento de Moçambique ocuparam, saquearam e vandalizaram aquelas instalações e dali começaram, sem sucesso, a tentar tapar os ventos da mudança, com as suas próprias mãos.

É justo, recordar, a este propósito e neste momento de festa, o papel patriótico que a senhora Joana Mariana, locutora da Voz de Moçambique, desempenhou nesse dia. A Joana Mariana, [pedimos para ela se levantar, por favor], voluntariou-se, em nome de Moçambique, correu o risco de ser assassinada pelos colonos ar-mados que a tinham feito refém, se tivessem descoberto que ela, afinal, de forma deliberada, não estava a traduzir fielmente o que a instruíam para transmitir aos seus ouvintes: quer a sua voz quer a dos colonos eram transmitidas em directo pelos microfones da Voz

13Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião dos 30 anos da Rádio Moçambique. Maputo, 29 de Setembro

de 2005.

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de Moçambique! Com serenidade, coragem e determinação, a Joa-na Mariana ia contrariando a mensagem que os colonos a encomen-davam para traduzir para a sua língua de trabalho. Com este gesto patriótico de alcance incomensurável, a Joana Mariana insuflava nos moçambicanos que a ouviam, mais certeza ainda de que a In-dependência do seu País era irreversível. [Muito obrigado senhora Joana Mariana por essa lição de patriotismo. Pode-se sentar.]

A Joana Mariana foi apenas uma das pontas visíveis da tenacidade e bravura dos homens e mulheres desta “bela pátria dos que ou-saram lutar”, como sublinha o nosso Hino Nacional, para sermos o que somos hoje. Ela foi apenas a ponta visível da capacidade dos moçambicanos de fazerem coisas nobres por este Moçambique que transportam nos seus corações.

Movidos pelo patriotismo, criatividade e espírito de sacrifícios, dos escombros desses saques e destruições e do injustificado êxodo de quadros técnicos e administrativos da rádio que se registou, espe-cialmente depois do 7 de Setembro, os moçambicanos entregaram-se à reconstrução da sua rádio. Com esforço próprio e com o apoio dos amigos de Moçambique e do seu Povo, a Rádio Moçambique foi formando quadros moçambicanos para suprir as vagas criadas por aquele êxodo. Alguns destes quadros prestam hoje serviço em outras instituições, incluindo na “Nossa Televisão”, a Televisão de Moçambique. Foi também alargando o seu raio de acção, levando o sinal para muitas outras zonas do nosso País. Por este grande sucesso da Rádio Moçambique gostaríamos de destacar os nomes dos engenheiros Eduardo Alberto Rufino de Matos e Eduardo de Almeida Valentim Timana. [Pedimos que se levantem, por favor].

Senhores engenheiros, Moçambique está-vos grato pelo decisivo e exemplar papel que desempenharam na concepção, desenvolvi-mento e implantação dos emissores que asseguram esta crescente cobertura do nosso País. O nosso muito obrigado e votos de muitos sucessos na vossa vida profissional. [podem-se sentar].

Explorando a cobertura que permite que a Rádio Moçambique se expanda ainda mais pelo País adentro, os profissionais desta es-tação emissora têm levado vozes e notícias de um determinado

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ponto do País e do mundo para muitos cantos deste nosso Moçam-bique e desse mundo fora. São estes profissionais que têm logrado também informar, em tempo real e com detalhe, sobre aconteci-mentos nacionais importantes.

Todos nós testemunhamos o papel desempenhado por estes profis-sionais durante o processo eleitoral de Dezembro último. Eles iam recolhendo e divulgando os resultados eleitorais à medida que iam sendo afixados nas assembleias de voto. Não foram poucos os que se mantiveram pregados ao rádio para acompanhar, a par e passo, o trabalho da Rádio Moçambique.

Para levarem a cabo esta e outras nobres missões, estes profissio-nais não se têm poupado a sacrifícios. Só assim procede aquele que encara as dificuldades que se colocam à sua frente como desafios a vencer. Queremos pois, de viva voz, saudar este espírito de luta, este profissionalismo exemplar.

Hoje, a Rádio Moçambique transmite em Português, a nossa lín-gua oficial, em dezanove línguas do nosso património cultural bem como em inglês. Disto resulta que Moçambique, de que nos or-gulhamos de tê-lo como Pátria, também expanda para dentro da Rádio Moçambique. Abrindo-lhe as portas, a Rádio Moçambique permite que esse nosso Moçambique reverbere na sua diversidade étnica, linguística e cultural, dentro dos conteúdos programáticos desta nossa estação emissora.

Esta expansão de Moçambique para dentro deste órgão da comuni-cação social desenvolve-se através:

de notícias e reportagens sobre o que acontece em diferen-tes quadrantes do nosso País;

da produção, transmissão e promoção da música moçambi-cana;

de programas de artes e letras, de alfabetização e de saúde públicas e desporto; e

dos debates interactivos e do encorajamento da participa-ção das diferentes vozes e pontos de vista sobre Moçambi-

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que e o seu desenvolvimento político, económico e social.

Ontem, minhas senhoras e meus senhores, vencemos a dominação estrangeira porque acreditamos na nossa capacidade de realização e de nos unir à volta de um ideal comum. Hoje, em paz, temos que prosseguir o nosso combate contra a pobreza, rumo à busca da nos-sa felicidade e bem estar. Contamos com esta Rádio Moçambique e os seus profissionais neste combate. Vamos apenas deixar alguns exemplos de áreas de intervenção.

Primeiro, a Rádio Moçambique deveria prosseguir o seu esforço de expansão da cobertura territorial. Como resultado dessa expansão, mais cidadãos se beneficiarão dos programas que esta estação emi-te, com todas as vantagens para o cidadão e para o País.

O segundo desafio prende-se com o prosseguimento do esforço de melhoria constante da qualidade e com a aposta na maior diversi-ficação dos conteúdos radiofónicos. Isto vai permitir à Rádio Mo-çambique atender a auditórios cada vez mais exigentes e especia-lizados, incluindo a nossa diáspora.

O terceiro desafio gravita à volta daquilo que a Rádio Moçambique pode fazer para dar uma maior contribuição no combate que tra-vamos contra a pobreza. Esta estação emissora deveria continuar a intensificar a educação cívica e moral dos moçambicanos. Deveria, igualmente, prosseguir com a promoção da cultura democrática e da paz e do respeito pelas instituições.

Mais importante ainda, a Rádio Moçambique deveria continuar e manter, com maior intensidade, o trabalho de ensinar os moçam-bicanos a acreditarem em si e na sua capacidade de realização. Estamos a falar da auto-estima.

A dominação estrangeira não foi apenas política e económica. Do ponto de vista cultural, ela tentou criar nas nossas mentes a ideia de que só poderíamos funcionar como pessoas se estivéssemos de-pendentes de outras. Que só poderíamos funcionar como Estado se estivéssemos sob dominação de um outro Estado.

Esta política teve impacto sobre a nossa auto-estima, sobre a con-fiança em nós próprios. Porém, em 1962 dissemos que nós podería-mos ser donos dos nossos próprios destinos.

Homens e mulheres bateram-se com valentia e bravura para

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que esse sonho, que também era dos nossos antepassados, fosse realizado.

Consentimos sacrifícios indescritíveis para que a bandeira multicolor do nosso Moçambique independente fosse has-teada, para cobrir a todos nós, do Rovuma ao Maputo, do Zumbo ao Índico.

Este processo de luta produziu heróis em que nos podemos inspirar hoje, para acreditarmos, um pouco mais, em nós próprios, como indivíduos e como um povo, de que, também poderemos vencer a pobreza em Moçambique. A complementar os exemplos desse rico passado heróico, temos hoje já, em muitos cantos deste nosso belo Moçambique, compatriotas que são exemplo de sucesso a replicar. Temos instituições que são referência no combate contra a pobre-za em Moçambique.

A Rádio Moçambique poderia dar algum destaque a estas referên-cias e exemplos e a promover outros programas que possam tam-bém estimular a elevação da nossa auto-estima, a confiança em nós mesmos.

Ao elevarmos a nossa auto-estima;

ao identificarmos e descrevermos os nossos heróis e os seus feitos e as belas páginas da nossa História;

ao apercebermos de que nós também podemos fazer o que os outros fazem, e com mais mestria e perfeição;

ao tomarmos a peito de que nós moçambicanos não pode-mos delegar a mais ninguém o desenvolvimento da nossa Pátria Amada;

o aí então, não reconheceremos nenhum obstáculo como intransponível;

o ver-nos-emos a libertar mais energia e criatividade;

o sentir-nos-emos mais orgulhosos do que fazemos;

o reduziremos a auto-flagelação e as tentativas de nos querermos construir, agir e pensar à imagem dos ou-tros;

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o saberemos conter os maldizeres sobre os outros, a calúnia e a intriga, essas armas secretas e fatais dos que temem o sucesso dos outros, dos frustrados e incapazes de reconhecer virtudes em outros compa-triotas;

o saberemos reconhecer que a nossa vida pessoal está a melhorar, que o Moçambique de 2005 é muito mais desenvolvido do que o Moçambique que herdamos em 1975.

A elevação da nossa auto-estima é fundamental para vencermos a pobreza. Ao assumir de forma mais deliberada esta agenda, sozi-nha ou em parceria com outras instituições, a Rádio Moçambique cedo descobrirá que está a contribuir para a mudança de atitude dos moçambicanos, que está a prestar um serviço nobre à nossa Pátria. Ainda esta semana fomos testemunhos do lançamento do prémio nacional contra a pobreza, pelo Fórum das ONG’s moçam-bicanas. Trata-se de um prémio que tem em vista reconhecer os compatriotas e instituições que combatem contra a pobreza em Moçambique. Em nosso entender, o potencial de parceria entre a Rádio Moçambique e este Fórum é evidente.

A promoção de maior auto-estima entre os moçambicanos é, pois, o repto que vos lançamos nestes 30 anos de Rádio Moçambique.

Neste momento de celebração, queremos deixar registado o nosso apreço pelos apoios que os nossos parceiros, alguns dos quais hoje representados, têm dado à Rádio Moçambique. Ao mesmo tempo, apelamos para que essa cooperação se multiplique, porque, como vimos, os desafios que ainda temos pela frente são ainda muitos.

Para terminar, gostaríamos de propor um brinde:

pela saúde dos trabalhadores e dirigentes da Rádio Moçam-bique;

pelos sucessos da Rádio Moçambique;

pela Paz, Unidade Nacional e progresso de Moçambique.

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Muito obrigado pela vossa atenção.

PETROMOC:

Um empreendimento fruto da auto-estima, determinação

e visão14

Convergimos para este local tendo como objectivo juntarmo-nos ao Ministério da Energia e à Direcção, aos quadros técnicos, traba-lhadores e colaboradores da PETROMOC nas celebrações do trigési-mo quinto aniversário desta empresa. Celebramos esta efeméride:

com orgulho do seu passado;

com confiança na sua capacidade de continuar a crescer; e

com a certeza de que vai vencer os desafios que despontam no horizonte.

Na altura da intervenção do Estado Moçambicano na gestão e direcção da importação, produção e distribuição de produ-tos petrolíferos, de que resultou a criação da Empresa Nacio-nal de Petróleos de Moçambique - PETROMOC, EE, a conjuntu-ra nacional e internacional não nos era favorável. Na verdade:

tínhamos uma acentuada falta de quadros moçambicanos;

a maioria dos quadros que geria este sector, no tempo co-lonial, era constituída por estrangeiros que, em catadupa,

14Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, por ocasião da gala alusiva aos 35 anos da PETROMOC. Maputo, 2 de

Novembro de 2012.

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abandonaram o País, entre 1974 e 1976;

a sabotagem económica estava em alta; e

a nossa capacidade institucional e patrimonial era bastante reduzida para tão gigantesca missão.

Como se isso não bastasse, estávamos cercados de regimes racistas e retrógrados que procuravam inviabilizar a nossa independência, duramente conquistada. Sobretudo, queriam evitar que a nossa liberdade e soberania fossem fontes de inspiração para os povos oprimidos da África Austral e do mundo.

Todavia, a consciência sobre as responsabilidades que recaíam so-bre nós e a determinação que nos movia galvanizavam-nos para superarmos os desafios em presença. Sabíamos que era a nós, mo-çambicanos, e a mais ninguém, que cabia a missão de reconstruir a nossa Pátria Amada, liberta que estava da dominação estrangeira.

Que a nossa independência não estava completa enquanto os nos-sos irmãos, na região e no mundo, não desfrutassem dos seus direi-tos e liberdades.

Através da PETROMOC, fomos desenhando e aplicando soluções que permitiram à nossa Pátria Amada disponibilizar produtos pe-trolíferos para os mais diversos sectores de actividade. Foi neste contexto que esta empresa assumiu todo o processo de importa-ção, distribuição e comercialização de produtos petrolíferos, mes-mo no período mais difícil que esta Pátria de Heróis atravessou. Foi um período que testemunhou a perda de vidas de corajosos compatriotas que não se vergaram perante os riscos que corriam, no cumprimento da nobre missão de levar produtos petrolíferos aos quatro cantos deste nosso belo Moçambique. Ainda com as lá-grimas frescas, pela perda de mais um colega, outros quadros da empresa faziam-se à estrada, mesmo sem a certeza de que volta-riam vivos. Alguns não voltariam mesmo. Outros sofreriam traumas que os marcaram para toda a sua vida.

Outros ainda, guardam na memória relatos da heroicidade e espí-rito de sacrifício dos seus colegas. Para todos eles vai, neste mo-mento, o nosso compromisso de continuar a sua obra e a garantia de que o seu sacrifício não foi em vão.

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Este período foi também marcado pela sabotagem às instalações petrolíferas, com particular destaque para as instalações da Mu-nhava, na Beira. Estas acções tinham como objectivo comprometer a distribuição dos refinados do petróleo pelo nosso Moçambique adentro, por forma a provocar um retrocesso na sua evolução eco-nómica, política e social. Para o caso da Beira, tinham também por objectivo afectar a capacidade de armazenagem dos derivados do petróleo que se destinavam à República do Zimbabwe, cujo trân-sito era feito essencialmente por pipe-line que ainda hoje nos liga àquele país irmão, membro da SADC.

Foi ainda neste período que tivemos que encerrar a nossa refinaria porque a sua capacidade de produção, inferior a 6 Milhões de To-neladas Métricas, por ano, e sem unidades sofisticadas, deixava de ser economicamente viável. A importação de produtos já refinados passava a ser mais rentável para o País do que a importação do petróleo bruto para ser refinado.

Persistimos e vencemos!

*****

No centro dos nossos sucessos ao longo do processo da criação, funcionamento e crescimento da PETROMOC, esteve a nossa apos-ta na formação de quadros e na promoção da cultura de auto-es-tima e de superação constante. Neste sentido, coube ao moçam-bicano, com cada vez melhor formação, experiência e exposição internacional, ciente das suas responsabilidades e consciente da sua missão, assegurar a contínua afirmação da PETROMOC no mer-cado. Graças aos seus quadros, esta empresa encarou o desafio da entrada no mercado de concorrentes de grande projecção inter-nacional e com outra capacidade técnica e financeira como uma oportunidade para o seu próprio crescimento. Foi assim capaz de se superar, procedendo à sua própria reestruturação, para melhor corresponder às exigências da concorrência do mercado.

Em resultado dessa proactividade e acção, a PETROMOC continuou, como hoje continua, a afirmar-se como referência na área de im-portação, distribuição e comercialização de produtos petrolíferos e como instrumento essencial do desenvolvimento social e eco-

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nómico do nosso Moçambique: ela é, presentemente, o principal fornecedor de produtos petrolíferos a todos os segmentos da nossa economia, com uma notável presença nos transportes, na agricul-tura, nas pescas e no sector mineiro.

*****

O percurso histórico e os sucessos do passado orgulham-nos sobre-maneira e servem de inspiração para os desafios que teremos que enfrentar no futuro. É neste contexto que exortamos a PETROMOC a concentrar a sua atenção nesses desafios que já despontam no horizonte. Na verdade, a conjuntura global alterou-se profunda-mente nos últimos anos.

Assim, desde 2004, o mundo vem enfrentando um choque petrolí-fero com sucessivos aumentos dos preços, que chegaram a superar os 500%. A emergência de novas economias, como são os casos das economias do Brasil, da Rússia, da Índia e da República Popular da China, o aquecimento global e a escassez de combustíveis fósseis, incluindo o desafio da segurança e estabilidade energética, levam-nos a concluir que a época do desenvolvimento baseado no petró-leo barato terminou.

O nosso País importa 100% das suas necessidades em produtos pe-trolíferos, sendo, neste quadro, desafios da PETROMOC:

a busca de alternativas viáveis para a estabilidade dos pre-ços;

a segurança do abastecimento dos combustíveis ao País; e

a redução da nossa vulnerabilidade devido à capacidade de armazenagem.

Nos últimos 4 anos, consequência do crescimento exponencial do investimento, com destaque para a indústria extractiva, os consu-mos do País cresceram significativamente.

Foi tendo em atenção estes factores que a estratégia de energia do nosso Governo preconiza, para além da necessidade do alarga-mento sustentado do acesso aos combustíveis, as seguintes acções:

a disseminação das energias novas e renováveis;

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o estímulo da produção sustentável de biocombustíveis com base em recursos energéticos locais para substituição dos combustíveis importados; e

a planificação integrada das iniciativas energéticas com os programas de desenvolvimento inter-sectorial.

Se, por um lado, como nos referimos acima, o crescimento do in-vestimento na indústria extractiva constitui um enorme desafio no que respeita ao aprovisionamento e disponibilização de produtos petrolíferos, por outro, as gigantescas descobertas de recursos mi-nerais, com particular realce para o carvão e o gás natural, consti-tuem uma grande oportunidade para o crescimento do sector.

Temos em mãos, para além da oportunidade de exploração do nos-so elevado potencial de produção de biocombustíveis, a possibili-dade de tornar o nosso Moçambique auto-sustentável em termos de produção de combustíveis líquidos, a partir de projectos de transformação de carvão e gás natural em combustíveis líquidos.

A materialização destes projectos permitir-nos-á dar passos de gi-gante na luta contra a pobreza e no desenvolvimento da nossa Pátria Amada. Concretizar estes sonhos e estes projectos depende exclusivamente de nós.

É uma responsabilidade de todos nós proporcionar ao maravilhoso Povo Moçambicano o usufruto pleno de toda a riqueza que Moçam-bique nos oferece. À PETROMOC vai a nossa mensagem de total apoio e incentivo.

São conhecidas as acções da empresa e o seu posicionamento na linha da frente do processo de produção de biocombustíveis, bem assim de disseminação da utilização de gás natural veicular em Moçambique.

A terminar, queremos renovar aos titulares dos órgãos sociais, aos gestores, trabalhadores e aos colaboradores da PETROMOC, as nos-sas felicitações pelos 35 anos desta nossa Empresa e pelas realiza-ções que tem registado, com um significativo e positivo impacto na vida dos moçambicanos.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Muito obrigado pela vossa atenção!

Telecomunicações em Moçambique:

Aproximando cidadãos, promovendo o desenvolvimento15

Hoje é dia de festa e de celebração. É dia de festa e de celebração porque estamos a testemunhar a entrada de um novo operador de telefonia móvel no nosso mercado de comunicações. Este evento é testemunho de que nesta Pátria de Heróis é um facto inegável e incontestável que estamos a vencer a pobreza.

Há sensivelmente dois anos, quando decidimos pela entrada do terceiro operador de telefonia móvel, em alguns quadrantes da nossa Pátria Amada e de fora das nossas fronteiras, levantavam-se vozes que contestavam e duvidavam da nossa decisão alegando que a pobreza em Moçambique ainda era de dimensão tal, que não havia espaço para um terceiro operador. Chegavam mesmo a argumentar que não haveria concorrentes para ocupar um espaço, que, para eles, era inexistente!

Todavia, sem nenhuma surpresa para nós, participaram no concur-so quatro empresas de experiência irrefutável e a Movitel aqui está hoje pronta para colocar os seus serviços à disposição deste Povo muito especial, o maravilhoso Povo Moçambicano.

No âmbito da Política de Telecomunicações, registamos um cresci-mento assinalável do sector, fundamentalmente devido às inicia-tivas governamentais que permitiram a liberalização do mercado que, por sua vez:

induziu o aumento da concorrência;15Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, no lançamento da Movitel. Maputo, 15 de Maio de 2012.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

contribuiu para a redução dos custos de comunicação; e

promoveu a expansão das redes de telecomunicações.

Neste cenário, a expansão dos serviços de telecomunicações tem crescido a um ritmo anual de cerca de 20%, testemunhado:

pelo crescimento da fibra óptica;

pela cobertura de todas as sedes distritais em telefonia mó-vel e fixa; e

cobertura de 113 Postos Administrativos em telefonia móvel.

O acesso à internet nas escolas cresce também a olhos vistos. Hoje, este nosso Moçambique conta com 63 operadores de telecomunica-ções, sendo 15 nos serviços de valor acrescentado, 21 de serviços de transmissão de dados e internet, 20 de serviços postais, 3 de telefonia móvel e um de telefonia fixa.

Em resultado desta variada gama de intervenções, a teledensidade nacional passou de 3,7%, em 2004, para 34,4%, em 2011. Trata-se de um grande salto, a todos os títulos. Graças a estes desenvol-vimentos, hoje muitos mais compatriotas nossos exclamam, com emoção e sem nostalgia do passado, dizendo: “naquele tempo em que não tínhamos acesso à telefonia móvel, naquele tempo em que as nossas cartas e recados não podiam transportar o nosso sorriso ou a nossa voz embargada por algum infortúnio!” Outros recordam-se, com muito júbilo, como passou para a História aquele tempo em que para uma notícia chegar ao destinatário levava semanas ou meses e outros tantos para o emissor ter o retorno.

Apesar destes resultados louváveis e palpáveis, grande parte dos moçambicanos continua sem ter acesso aos serviços de comunica-ções. Temos testemunhado esta realidade, em particular, no con-texto da Presidência Aberta e Inclusiva. Reafirmamos que vamos continuar a aumentar o nível de penetração dos serviços de comu-nicações, tendo como objectivo final assegurar que muitos mais compatriotas nossos tenham acesso aos serviços e aos produtos que as tecnologias de informação e comunicação nos oferecem.

Neste quadro, acreditamos que a co-existência de vários operado-

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

res, num mercado, devidamente regulado, serve os interesses dos cidadãos e, acima de tudo, a nossa agenda de luta contra a po-breza. Acreditamos, igualmente, que o desenvolvimento do sector deverá representar uma maior oportunidade de emprego, direc-to e indirecto, para o nosso maravilhoso Povo. Foi aliás com este objectivo em mente, que promovemos a entrada de um Terceiro Operador de Telefonia Móvel, cujo lançamento formal dos seus ser-viços estamos hoje a testemunhar.

*****

Em finais de 2009, decidimos pelo processo de busca de mais um operador de telefonia móvel, tendo como objectivo:

acelerar o processo de inclusão social;

consolidar a Unidade Nacional; e

introduzir o processo de inovação na prestação dos serviços de telecomunicações.

Estes são factores fundamentais na implementação da nossa agen-da de luta contra a pobreza, uma agenda que não podemos delegar a terceiros. Guiados por estes pressupostos, os operadores de tele-fonia móvel existentes têm estado a trabalhar arduamente com o propósito de consolidar as suas posições no mercado.

As estratégias de consolidação de Mercado, enquanto úteis para a sustentabilidade económica das empresas, preocupam-se, princi-palmente, pelo aprofundamento das suas raízes no mesmo espaço, enquanto a inovação conquista ou cria novos espaços continua-mente. A combinação inteligente destas duas estratégias permite ganhar simultaneamente a dimensão económica e a dimensão so-cial no sentido de potenciar os mercados do amanhã. Esta é a visão que quisemos acrescentar no desenvolvimento económico e social desta Pérola do Índico, uma dimensão que está a ganhar novo ím-peto e a trazer muitos mais benefícios para o cidadão.

A entrada da Movitel no mercado está a trazer à superfície os pro-cessos de inovação combinados com a consolidação de mercado. É

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

neste prisma que lemos o empenho da Movitel que resultou, ao fim de um ano e cinco meses após a outorga da licença, na implantação de uma fibra óptica que ultrapassa hoje mais de 10.000km e mais de 700 estações de base, o que garante a sua presença em todos os distritos do nosso solo pátrio. No mesmo período, os dois operado-res de telefonia móvel trabalharam com afinco e em 2011 atingi-ram uma penetração telefónica de 34.5%, que representa uma evo-lução de 7% nos últimos 2 anos e um acréscimo de quase 2 milhões de novos utilizadores que passaram a beneficiar-se dos serviços de telecomunicações.

O princípio da Movitel de incorporar nos seus programas a respon-sabilidade social corporativa, com incidência na educação, levou já à implantação de serviços de internet em mais de 300 escolas, o que nos agrada, sobremaneira. Esperamos que este espírito seja persistente e consequente para que sirva de modelo para outros investidores em Moçambique.

*****

O crescimento e desenvolvimento dos serviços das telecomunica-ções não é um fim em si. As tecnologias de informação e comuni-cação são precursores de outros serviços e ganhos que ainda fazem falta na nossa Pátria Amada. As telecomunicações são fundamen-tais, por exemplo, para o País introduzir e expandir outros serviços tais como a banca móvel, novos produtos do serviço público, em prol da eficiência e boa governação, melhorias na gestão empresa-rial, facilitação de investimentos e optimização de outros serviços ao cidadão, bem como do ensino à distância. Por isso, exortamos os operadores dos serviços das comunicações, em geral, e da tele-fonia móvel, em particular, a continuarem a investir na qualidade dos seus serviços e a estabelecerem padrões éticos de competiti-vidade, ao mesmo tempo que procuram cooperar onde há desafios comuns, tendo sempre como centro de gravidade a satisfação do interesse do consumidor.

Encorajamos os operadores de telefonia móvel a se engajarem na busca de mecanismos de partilha de infra-estruturas, a expandi-rem os serviços de terceira geração, conhecidos por 3G, ao mesmo

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tempo que procuram entrar nos serviços da quarta geração. Ao incumbente da telefonia fixa, encorajamos a expandir os serviços da fibra óptica, procurando acelerar a cobertura de mais espaços geográficos do nosso belo Moçambique. Só assim, seremos capazes de penetrar com profundidade o mundo moderno e embarcar para o patamar de um Moçambique, com crescente capacidade de se internacionalizar e de competir na arena internacional.

A entrada do terceiro operador exigirá do regulador, crescentes níveis de rigor no exercício das suas funções com vista a garantir o desenvolvimento harmonioso e eficiente do sector de telecomu-nicações.

Endereçamos as nossas boas-vindas à Movitel e fazemos votos para que connosco continue a caminhar nesta longa mas exaltante ca-minhada de transformação social e económica rumo ao Futuro Me-lhor em Moçambique.

Agradecemos a todos os trabalhadores da Movitel que fizeram com que o sonho de ontem se transformasse numa realidade hoje. Di-rigimos uma saudação especial às outras empresas do ramo que estão no nosso mercado pela sua firmeza e pela contribuição que prestam ao desenvolvimento nacional. Reafirmamos que o nosso Governo vai continuar a tudo fazer tendo em vista a constante me-lhoria do ambiente de negócios nesta Pérola do Índico.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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TDM - VISABEIRA :

Promovendo parcerias, combatendo a pobreza16

As nossas primeiras palavras são de felicitação ao Grupo Visabeira pelo investimento que transformou este edifício numa importante referência na Cidade de Nampula. A multiplicidade e a diversidade de serviços, muitos deles propriedade de moçambicanos e empre-sas nacionais, faz do Centro Comercial de Nampula o local para o qual munícipes de Nampula, homens de negócio, turistas e simples transeuntes vão convergir para encontrar muitas das soluções às suas preocupações. O facto de tudo poder decorrer debaixo do mesmo tecto é uma grande vantagem comparativa e um sinal de alerta para todos os provedores de serviços nesta Cidade a entra-rem numa maior e sempre sadia concorrência, melhorando cada vez mais a qualidade dos produtos que fornecem aos clientes e os serviços que disponibilizam a quem os demanda.

A breve visita que efectuámos ao edifício e as explicações que recebemos da gerência permitem-nos concluir que o Centro Co-mercial de Nampula logrou criar parcerias entre o investimento nacional e o estrangeiro. Estes esforços e parcerias resultantes desses esforços concorrem para a materialização da nossa Agenda Nacional de combate contra a pobreza em Moçambique.

Os empreendimentos de pequena dimensão que visitamos neste Centro Comercial fazem, quanto a nós, diferença na economia local por pelo menos duas razões. A primeira é que geram mais

16Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da inauguração do Centro Comercial de Nampula. Nampula, 13

de Julho de 2005.

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postos de emprego, permitindo assim, que mais famílias tenham rendimentos previsíveis e estáveis. A segunda é que estes peque-nos empreendimentos garantem que o Estado tenha mais fontes para, através dos impostos sobre o rendimento dos cidadãos e das empresas, aumentar as suas receitas.

Apelávamos há pouco para a necessidade de se aumentar a concor-rência entre os provedores dos serviços e fornecedores de produ-tos. Uma outra questão que nos chamou atenção durante a breve visita a estas instalações prende-se com a interligação dos servi-ços. Efectivamente, os empreendimentos que aqui se encontram estabelecidos interligam-se a cadeia complexa que integra for-necedores de outros serviços e produtos, alguns dos quais dentro deste complexo e outros fora deste recinto. O Hotel Girassol, por exemplo, precisa de detergentes e dos serviços de segurança; os seus clientes de serviços da Internet e de táxi. O restaurante está ligado à cadeia de fornecedores de comidas e bebidas, à banca e à capacidade da sala de conferências atrair eventos para este Centro Comercial. Nós como Estado, também aplaudimos o sucesso destes empreendimentos todos pelas razões sociais e financeiras que já apontamos.

A própria empresa Telecomunicações de Moçambique (TDM), pro-prietária do edifício, tem interesse em ver a sua concessionária, a VISABEIRA, a registar sucessos neste empreendimento e por conse-quência faz sempre votos para que a infra estrutura seja usada em 100%. Talvez por isso, também alugou aqui escritórios!!!

Portanto, há toda uma interdependência entre os diferentes ser-viços, facto que nos leva a propor que também se reflicta e se impulsione a eficiência, rapidez e a fiabilidade dos nossos serviços e se melhore sempre a qualidade dos produtos. Um provedor dos serviços ou um fornecedor de serviços que pela sua ineficiência surja como um elo fraco na cadeia pode prejudicar os clientes dos empreendimentos a jusante, com o efeito dominó que daí se pode prever. Isto pode não prejudicar apenas a qualidade dos serviços nessa cadeia. Pode pôr em perigo o próprio nome e a reconhecida hospitalidade de Nampula. Um taxista que seja considerado como

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espoliador pelo seu cliente, pode ter satisfeito a sua ganância. Porém, pode ter prejudicado o bom nome de todos os taxistas de Nampula que pela má publicidade daquele cliente espoliado pas-sam a ser desconfiados por outros potenciais clientes; pode ter ainda lançado muita lama sobre a Cidade de Nampula. O mesmo se pode dizer em relação ao panificador ou ao armazenista que olhe apenas para os seus interesses imediatos.

O que estamos a sugerir é que o sucesso do Centro Comercial de Nampula não pode ser visto isolado de todo o ambiente social e económico da cidade, da Província e do País. Quando falamos de parceria estamos, efectivamente, a dizer que os vários provedores de diferentes serviços e produtos, por um lado, os sectores que compõem o Governo e o Estado, por outro, e ainda a sociedade civil e os cidadãos singulares têm uma responsabilidade de, atra-vés da adopção de uma nova postura, contribuir para atrair mais investimentos para a Cidade e para a Província de Nampula.

*****

Na mensagem que os empresários desta Província nos apresenta-ram no jantar que organizaram em nossa honra, aquando da nossa visita em Março último deixaram-nos com um pedido. Que nós, entanto que Governo deveríamos continuar a melhorar o ambiente de negócios e que eles, como empresários interessados em ver a vida a melhorar aqui nesta parcela do nosso Moçambique, fariam o resto. Aceitamos o desafio e podemos dizer que os sinais sobre a materialização desse compromisso, na parte que nos toca, estão a ser dados. No mês de Abril, lançamos uma campanha visando a simplificação de procedimentos e combate ao burocratismo. Uma das medidas que tomamos resultou na introdução, em todo o País, do Balcão Único. Ainda no âmbito de combate ao burocratismo, estamos a levar a cabo medidas que têm em vista garantir a revi-são da legislação pertinente e adequá-la ao nível das exigências do momento.

Na Sessão do Conselho de Ministros Alargada, terminada Domingo, último, decidimos desencadear um movimento nacional de mudan-ça efectiva de atitude e de comportamento por parte dos inte-

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grantes da nossa máquina governativa e dos funcionários públicos. Decidimos, ainda, por um passo acelerado na implementação do Programa Quinquenal do Governo.

Gostaríamos de apelar aos empresários de Nampula, para que o “resto” por que se responsabilizaram em Março, incluísse a adop-ção de uma nova atitude e comportamento para que mais inves-timentos venham a Nampula e a Moçambique. Queremos pois, os empresários de Nampula através deles, os de todo o País, incluindo os estrangeiros, que se juntem a nós neste passo acelerado, nesta entrega sem olhar para o relógio nem para o calendário. Se con-tinuarmos sincronizados e cada um cumprir com o papel que lhe cabe não tardará que os que visitem Nampula ou outro ponto deste nosso belo Moçambique não reconheçam esse espaço geográfico que tiverem visitado alguns meses antes.

A terminar, queremos felicitar a TDM e ao GRUPO VISABEIRA por este empreendimento e desejar sucessos ao Centro Comercial de Nampula.

Muito obrigado.

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Telefonia móvel:

Seu papel na promoção da Unidade Nacional e na luta

contra a pobreza17

Há duas décadas e meia, respondendo a uma decisão arrojada e visionária do nosso Governo, um grupo de técnicos da empresa Telecomunicações de Moçambique acotovelava-se nas dependên-cias daquela empresa, desenhando um projecto que resultaria na implantação da telefonia móvel em Moçambique.

A empresa Telecomunicações de Moçambique tinha recebido do nosso Governo a missão de integrar, na sua matriz de actividades, as tecnologias de ponta na área de telecomunicações:

para reforçar o seu papel na consolidação da Unidade Nacional;

para a promoção da inclusão social; e

para imprimir maior celeridade aos processos de desenvolvi-mento social e económico desta Pérola do Índico.

Naquela altura, as tecnologias que dão corpo à telefonia móvel eram ainda um mistério para muitos cidadãos e, por isso, os que se comunicavam na via pública, com recurso à telefonia móvel, eram suspeitos por alguns de serem casos para a psiquiatria. A telefonia fixa ainda era objecto de luxo para muito poucos cidadãos, para quem a internet era algo exclusivo e de domínio dos países desen-volvidos. O conceito de telefonia móvel cingia-se ao telefone fixo

17Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na Gala dos 15 anos da Moçambique Celular. Maputo, 22 de Novembro de

2012.

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que poderia ser apenas móvel nalguns compartimentos da residên-cia ou no seu quintal. Por isso, para alguns, falar de um projecto de telefonia móvel, como a que conhecemos hoje, era falar de um projecto sem pernas para andar.

Mesmo neste contexto dominado pela novidade e pelo cepticismo de alguns, o nosso Governo anteviu a oportunidade de acelerar a cobertura do nosso Moçambique com as tecnologias da telefonia móvel. Anteviu, ainda, a possibilidade de colocar no domínio do nosso Povo o uso destas tecnologias e superar o que na altura se designava de “exclusão digital”.

O cepticismo era tal que os prognósticos apontavam para cerca de cinco mil utilizadores de telefonia móvel em cinco anos. Todavia, em apenas quinze anos chegámos a um mundo diferente:

o grupo de técnicos que concebeu e implementou o projec-to reproduziu-se em mais de 20 vezes;

as dependências onde nasceu a MCel deram origem a um edifício imponente e em todas as províncias esta empresa tem instalações próprias, vistosas e condignas;

hoje o produtor agrário, num distrito deste nosso belo Mo-çambique, está em contacto permanente com os seus clien-tes, independentemente de onde estejam no País e tem acesso actualizado aos preços dos produtos e insumos;

o artesão anuncia os seus produtos e serviços com uma placa que tem o seu número de telefone celular.

hoje, através do telefone celular:

o convocam-se reuniões;

o fazem-se reservas e compras de passagens aéreas;

o estabelece-se diálogo entre pessoas que nunca se co-nheceram fisicamente e a grandes distâncias, umas das outras.

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Em cada dia que passa, o acesso a esta tecnologia vai abrangendo um crescente número de cidadãos e cada vez mais espaços geográ-ficos da nossa Pátria Amada. A telefonia móvel marca assim presen-ça na promoção da Unidade Nacional e na Luta contra a Pobreza.

*****

No primeiro ano da sua existência, a MCel cobria apenas as cida-des de Maputo e Matola e contava com cerca de 6.000 clientes. Nos primeiros cinco anos, a taxa de cobertura geográfica aumen-tou para 35% e os subscritores dos serviços da MCel cresceram 40 vezes. Nos cinco anos seguintes, a MCel tinha atingido a cifra de dois milhões e trezentos mil clientes e uma taxa de cobertura geo-gráfica de 58%. Hoje a nossa MCel, orgulhosamente Moçambicana, conta com cinco milhões e duzentos mil clientes e cobre 63% do nosso solo pátrio.

De forma directa, emprega mais de 850 trabalhadores e contribui para a geração de rendimento para mais de três mil cidadãos. Es-tes números demonstram que os resultados atingidos até hoje não só melhoraram as telecomunicações na nossa Pátria Amada, como também induziram à criação de novos postos de trabalho, fontes de renda e plataformas de negócios.

Sobretudo, estes resultados demonstram como as telecomunica-ções desempenham um papel de grande relevo na promoção da Unidade Nacional e na luta contra a pobreza, um flagelo que não só devemos vencer como também garantir que não volte mais a morar nesta Pérola do Índico. Por isso, esta celebração dos quinze anos da Moçambique Celular é também uma celebração nacional.

É também um momento de reflexão sobre as nossas conquistas e sobre os nossos desafios do presente. É um momento que serve para perspectivar o futuro do desenvolvimento da Nação Moçam-bicana. Sabemos que muito já foi feito, mas ainda há muito mais por fazer. Neste contexto, a MCel tem, nos próximos tempos, que apostar na constante melhoria da qualidade dos seus serviços e dar o salto para uma maior convergência tecnológica, ao mesmo tem-po que expande e consolida a sua presença em todo o território na-

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cional. Esta empresa deve, igualmente, transformar-se num centro de excelência onde se moldam as tendências mundiais para servir Moçambique e a sua agenda de desenvolvimento. A MCel pode e deve sonhar com a sua internacionalização ao mesmo tempo que nos leva a outros patamares de desenvolvimento e de expansão dos serviços de Terceira Geração e avança para os da Quarta Geração.

Reconhecidamente, tem sido graças à auto-estima, auto-supera-ção constante, coragem, arrojo e determinação da sua direcção e dos seus quadros que a MCel chegou onde está hoje.

São esses mesmos parâmetros e valores que vos devem levar para mais longe ainda, num mercado competitivo e cheio de desafios.

*****

Temos imenso prazer de celebrar hoje mais um aniversário da nos-sa empresa com a sua direcção, trabalhadores e colaboradores, aqueles que se encontram no epicentro da dinamização do seu crescimento, expansão e contínua afirmação no mercado. Sauda-mos o papel dos clientes desta operadora que, mesmo nos tempos mais difíceis, souberam posicionar-se para elevar a MCel ao pata-mar que hoje alcançou e celebra.

O maravilhoso Povo Moçambicano orgulha-se desta sua empresa e o nosso Governo reafirma que continuará a melhorar o ambiente de negócios para atrairmos mais investidores e, por via disso, mais utilizadores da telefonia móvel.

Por ocasião destes quinze anos da MCel, para aqui convergimos para, com maior orgulho ainda, proclamar: ESTAMOS JUNTOS.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Comunicação social em Moçambique:

Desfrutando dos direitos constitucionais, cumprindo

com os seus deveres18

Foi com muita satisfação que acedemos ao convite que nos foi for-mulado para, junto com a direcção e os trabalhadores da SOICO, bem como com os demais convidados, participarmos nas celebra-ções destes cinco anos de luta e de constante afirmação desta empresa de comunicação social, no mercado nacional. Queremos, pois, saudar a SOICO por estes cinco anos de vida, marcados pelo crescimento institucional e pela expansão. Com os seus três órgãos, nomeadamente, a STV, a S-FM e O País, a SOICO veio enriquecer o firmamento da nossa comunicação social e diversificar os canais de acesso dos cidadãos à informação.

*****O debate sobre as oportunidades e ameaças da integração regional na SADC e da globalização têm sido recorrentes. Tanto os que des-tacam as oportunidades destes processos como os que aquilatam as suas desvantagens têm como ponto de partida a concorrência que estes dois fenómenos desencadeiam e a necessidade de se proteger o interesse nacional de uma eventual erosão. Para o caso da comunicação social, essa concorrência começa cá dentro, entre os diferentes órgãos, e a questão da defesa do interesse nacional subscreve-se no conjunto dos deveres que a nossa imprensa tem para com esta Pérola do Índico e com a sua agenda de luta contra a pobreza.

18Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião dos 5 anos da STV. Maputo, 25 de Outubro de 2007.

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Concentrando-nos na rádio e na televisão, dois dos três órgãos da SOICO, podemos dizer que se a concorrência despoletada pela integração regional na SADC vai dar os seus primeiros passos em 2008, a STV e a S-FM já vêm experimentando os desafios que ad-vém deste processo, particularmente através da globalização e das facilidades que o nosso mercado nacional na área da comunicação social oferece. Na verdade, a migração da tecnologia analógica para a digital, no mundo, resultou em melhorias substanciais e em maiores facilidades de recolha e processamento de informação, bem como na qualidade do som e da imagem. Ao mesmo tempo, abriu portas para acesso, em catadupa, a uma multitude de opções para o cidadão, em termos de canais de rádio e televisão. Teste-munhamos pelo mundo inteiro, como a tecnologia digital tornou, igualmente, possível a recepção dos sinais de rádio e televisão não só através dos aparelhos convencionais como também através de aparelhos multifuncionais como são os casos dos computadores e dos telefones celulares.

A produção industrial em escala, graças aos avanços tecnológicos, tem um impacto nesta área, sendo a redução dos preços que esta produção induz, um dos exemplos. Esta redução de preços cria as condições favoráveis para que mais cidadãos com interesses em-presariais ou de desenvolvimento comunitário possam ter acesso aos equipamentos de recolha, processamento, produção e trans-missão de sinais e programas radiofónicos e televisivos. Por outro lado, um crescente número de potenciais beneficiários desses pro-gramas passa a ter acesso a receptores mais baratos, potentes e multifuncionais ou talhados para fins específicos.

Esta nova realidade aumenta a concorrência entre os produtores e emissores desses programas. Cada operador procura esmerar-se no que produz porque o seu interesse último é atrair uma cada vez maior audiência. A criatividade, a proactividade, a constante busca de qualidade, do melhor e do diferente, são algumas das características presentes neste mercado. Cada um, à sua maneira, procura atrair maior audiência, cada vez mais exigente, num mer-cado em contínua segmentação.

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O acesso a uma mais variada gama de programas, por pessoas de diferentes faixas etárias e culturas tem sido motivo de debate e de produções de índole científica e académica. Procura-se aferir, por exemplo, se há causa e efeito entre os programas de rádio e tele-visão e os comportamentos ou atitudes que os cidadãos adoptam na sociedade. Questiona-se, igualmente, o facto de a televisão, em particular, ser ou não a instituição com maior poder do que a família e a escola e que, por isso, com o dever de assumir um maior protagonismo e responsabilidade na educação e formação dos cidadãos. Estes são os debates que entre nós ainda estão numa fase embrionária mas que valeria a pena por eles enveredarmos, com maior vigor ainda. Deixamos o assunto com os profissionais da comunicação social e com os académicos que estão em melhores condições de escalpelizá-los.

*****A nova Constituição da República de Moçambique aprofunda e alar-ga as liberdades de expressão e informação. Olhando para o nos-so universo da comunicação social, notamos um crescimento quer em termos do número de órgãos quer em termos de profissionais, quer ainda em termos de qualidade e diversidade do que se produz para consumo público. Em resposta ao postulado na Lei-Mãe e ao crescimento salutar que se regista na área da comunicação social, o Governo tem estado empenhado em consultas para adequar a legislação que regula esta área, a esta nova realidade. Para este trabalho temos contado com a colaboração dos profissionais de comunicação social, do Sindicato Nacional de Jornalistas e do MISA Moçambique, colaboração que louvamos e encorajamos.

Ainda no quadro do compromisso do Governo com as suas obriga-ções constitucionais, têm sido organizados seminários de capaci-tação dos membros dos governos locais, à escala nacional. Estes encontros são uma das muitas manifestações do nosso compromis-so com a liberdade de imprensa e expressam a vontade de conti-nuarmos a cultivar um relacionamento que facilite o trabalho da imprensa para fazer a sua parte na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

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Se, por um lado, a comunicação social tem direitos salvaguarda-dos constitucionalmente, por outro, ela tem deveres e obrigações para com esta Pérola do Índico e para com o público, em geral. No cumprimento desses deveres, importa que a nossa comunicação social continue a concentrar-se nas matérias de interesse público, contribuindo, deste modo, para que todos os cidadãos gozem, ple-namente, dos seus direitos consagrados na Constituição do nosso Moçambique. Por outro lado, saudamos o facto de estar a crescer a consciência no seio dos órgãos de comunicação social sobre a necessidade de a concorrência que, em última análise, induz me-lhoria na qualidade do que se produz, ter que continuar a desen-volver-se num quadro que tenha Moçambique e os moçambicanos e a sua agenda de desenvolvimento como seu ponto de partida e de chegada.

Da nossa parte reiteramos a nossa prontidão de ver reforçada a nossa parceria com a imprensa no combate que travamos contra a pobreza e contra os obstáculos ao nosso desenvolvimento. Rei-teramos, igualmente, a nossa exortação de ver a comunicação so-cial sempre na linha da frente da promoção da auto-estima, da cidadania, da inclusão, da Paz, da Unidade Nacional e no apro-fundamento do Estado de Direito e do sentido de Pátria. No florir destes valores, todos nós derivaremos benefícios e vantagens. Um Moçambique que continue a granjear respeito e consideração na Comunidade das Nações será um motivo de orgulho para todos nós, moçambicanos, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo.

Neste momento de celebração e festa, queremos deixar reiterada a nossa saudação à SOICO pelos cinco anos de vida e propor um brinde:

pela saúde dos trabalhadores e dirigentes desta empresa da comunicação social;

pelos sucessos da SOICO na sua actividade empresarial;

pela paz, unidade nacional e progresso de Moçambique.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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A relação simbiótica entre a Nação

Moçambicana e a “nossa televisão”19

Gostaríamos de, em primeiro lugar, saudar a todos os presentes e expressarmos a nossa satisfação por estarmos aqui hoje para, convosco partilharmos as emoções deste dia de festa e convos-co reflectirmos sobre alguns dos desafios do futuro desta estação emissora. Há exactamente três semanas, hoje Sexta-Feira, a Tele-visão de Moçambique completava 25 anos da sua existência. Com efeito, foi a 3 de Fevereiro de 1981 que teve início um projecto de formação da então Televisão Experimental de Moçambique, que começou por transmitir apenas aos domingos.

Dessa forma, tão humilde quanto modesta, nascia o primeiro ór-gão de comunicação social televisiva do nosso Moçambique inde-pendente. Nascia, assim, a televisão em Moçambique, no Dia dos Heróis, o que devendo ser motivo de orgulho deve, também, cons-tituir razão bastante para se sentir motivada na divulgação de vir-tudes como a auto-estima, o patriotismo e a vontade de auto-su-peração constante. Nas virtudes dos nossos heróis deve, também, a TVM encontrar fonte de inspiração permanente para quem está desejoso de melhor servir o Povo Moçambicano, do Rovuma ao Ma-puto, do Zumbo ao Índico.

No início, a Televisão de Moçambique contava apenas com 14 profissionais e transmitia unicamente para Maputo. Progressiva e sucessivamente foi se expandindo pelo nosso belo Moçambique adentro, começando por Beira, Nampula e, mais tarde, a mais 17 centros urbanos.

19Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião dos 25 anos da TVM. Maputo, 24 de Fevereiro de 2006.

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Os menos de duas dezenas de profissionais que há 25 anos garan-tiam pouco mais de cinco horas de emissão, por semana, hoje ul-trapassam as três centenas. A Televisão de Moçambique transmite agora, 18 horas por dia com uma programação nacional que ultra-passa os 50 por cento do total de horas de emissão.

O seu sinal é hoje acessível a um número estimado em cinco mi-lhões de moçambicanos.

Estes avanços assinaláveis merecem os nossos aplausos, merecem o nosso elogio colectivo. Porém, temos ainda por percorrer uma grande distância rumo ao alcance de um serviço público de tele-visão mais abrangente. Por isso, o que podendo parecer muito é pouco.

É pouco tendo presente a dimensão deste nosso Moçambique e os desafios que se colocam ao serviço público no campo da comuni-cação social.

*****

O nosso Governo definiu o combate contra a pobreza como primei-ra prioridade e o distrito como o centro a partir do qual o desenvol-vimento se deve irradiar. Neste contexto, dois desafios se colocam à TVM. O primeiro tem a ver com a necessidade da continuação da sua expansão pelo nosso belo Moçambique adentro. O segundo prende-se com a criação de condições para que esse belo Moçam-bique se expanda mais pela TVM adentro.

Em relação ao primeiro desafio, gostaríamos de sugerir que esta estação televisiva continuasse a, progressivamente, fazer chegar o seu sinal a um cada vez maior número de localidades e povoações desta Pérola do Índico. Desta forma, mais moçambicanos teriam acesso a uma televisão cuja marca assentaria por um lado, na dis-seminação das dinâmicas políticas, económicas, sociais e culturais da nossa Nação Moçambicana e, por outro lado, na interacção en-tre essas dinâmicas nacionais e as da região e do Mundo.

Passemos para o segundo desafio, o da criação de condições para que o nosso belo Moçambique se expanda pela TVM adentro. É nossa convicção que esta Pérola do Índico se deve rever cada vez mais na TVM.

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Os nossos centros urbanos podem reflectir parte da realidade na-cional. Porém, eles não são a totalidade do nosso Moçambique. A realidade do nosso quotidiano é diversa.

Torna-se assim crucial a promoção do conhecimento dessa reali-dade,

como contribuição para o reforço da Unidade Nacional, do espírito patriótico e da cultura de paz e de inclusão;

como contribuição para a consolidação da consciência de pertença a uma unidade territorial que se estende do Rovu-ma ao Maputo e do Zumbo ao Índico; bem como

para a consolidação da tendência da solidariedade espon-tânea entre nacionais que temos estado a testemunhar, es-pecialmente em momentos de tragédias.

Através da Televisão de Moçambique, gostaríamos de ver colocados no pedestal nacional, os combatentes contra a pobreza e contra os obstáculos ao nosso desenvolvimento.

Estes estão na cidade e no campo, no sector público e privado, nas organizações da sociedade civil e na sociedade em geral. Gostaría-mos de ver através deste canal público,

aqueles que acreditam na sua capacidade de realização;

aqueles que no dia a dia transformam constrangimentos em desafios e oportunidades para si e para os seus concidadãos;

aqueles que, contando com as suas próprias capacidades, em primeiro lugar, não têm dado outra alternativa à po-breza que não seja ceder o seu espaço ao bem estar dos moçambicanos.

“A nossa televisão” pode, igualmente, levar-nos a testemunhar, a partir dos nossos ecrãns, o recuo que esse flagelo, chamado po-breza, é obrigado a fazer, com a inauguração da nova escola, do

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novo posto de saúde e do novo fontanário. A TVM pode levar mais moçambicanos a acreditarem que o movimento contra a pobreza na nossa Pátria Amada é sério, consequente e irreversível,

quando trouxer mais imagens de vias de acesso reabilitadas, escoando tráfego, bens e serviços;

quando mostrar novos empreendimentos económicos em la-boração e o impacto na vida das comunidades onde se en-contram implantados;

quando trouxer imagens de energia de Cahora Bassa em mais aldeias e

quando nos mostrar camponeses ou clamando por bancos para depositarem as suas poupanças ou pela disponibilidade de automóveis para adquiri-los, com os seus próprios recur-sos.

A Televisão de Moçambique também pode e deve desempenhar um importante papel educativo e formativo através da realização e transmissão de programas concebidos para o efeito.

De entre outros, pode intensificar campanhas de prevenção da pandemia do HIV/SIDA que flagela o nosso Povo e ameaça os nossos planos de combate contra a pobreza. As cerca de quinhentas in-fecções que se registam por dia no nosso País desenham um quadro dramático, que roça os níveis de uma catástrofe.

De igual modo, a TVM pode criar mais espaços para nos ensinar como podemos melhor lidar com a natureza por forma a dela re-tirarmos o máximo de benefícios dos recursos naturais, de forma equilibrada e sustentável. Pode aumentar e diversificar a sua con-tribuição para a materialização da nossa Agenda Nacional contra a pobreza, através da difusão de práticas bem sucedidas numa comunidade para todo o nosso Moçambique.

Referimo-nos, por exemplo, ao conhecimento milenar que as nos-sas comunidades detêm e às tecnologias básicas sustentáveis que elas inventam ou adoptam. Estas sessões televisivas podem des-poletar o interesse de mais moçambicanos, para explorarem os

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recursos à sua volta, com o propósito de melhorarem as suas con-dições de vida. Estas sessões podem, igualmente, complementar a formação técnico-profissional, virada para uma melhor preparação dos jovens e adultos para tirarem maiores benefícios, dos investi-mentos que realizam ao longo dessa sua formação, para si próprios e para a sociedade.

A TVM pelo nosso belo Moçambique adentro e o nosso belo Moçam-bique pela TVM adentro são, pois, desafios que devem ser vistos numa perspectiva simbiótica em que se complementam no com-bate que travamos contra a pobreza. Referimo-nos à pobreza que se revela pelo défice na nossa auto-estima, por um lado, e pela carência de bens essenciais e serviços, por outro.

A terminar, gostaríamos de saudar o trabalho que tem sido reali-zado pela Televisão de Moçambique em prol da afirmação da nos-sa Pátria Amada. Saudamos, igualmente, as sucessivas Direcções desta estação televisiva pelo seu desempenho. Endereçamos tam-bém os nossos parabéns e votos de sucessos pessoais a todos os trabalhadores e dirigentes da TVM pela passagem dos 25 anos da sua estação emissora. A nossa saudação é extensiva aos parceiros nacionais e estrangeiros da Televisão de Moçambique pelo seu ines-timável encorajamento e apoio técnico e material.

Foram 25 anos de muitos sacrifícios e de muito empenho.

Foram 25 anos ao longo dos quais jovens moçambicanos se forma-ram como profissionais em várias áreas de televisão. Neste quarto de século “a nossa televisão” também se afirmou como um meio de comunicação social de relevo e de referência em Moçambique.

Sabemos que podem e vão dar mais e melhor por esta televisão e por esta nossa Pátria Amada.

Por isso, expressamos a nossa justificada expectativa de que os próximos anos serão de muitas e grandes realizações.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Imprensa Moçambicana:

Do Distrito à Nação, informando para consolidar a

Unidade Nacional20

As nossas primeiras palavras são de saudação aos gestores, dirigen-tes, trabalhadores e colaboradores do Jornal Domingo pelos vinte e cinco anos de existência deste órgão de comunicação social. Du-rante este quarto de século foram acumuladas experiências e, no processo de produção da informação, formados quadros com me-lhor preparação técnico-profissional para enfrentarem os desafios do presente e do futuro. Hoje, o jornal é dotado de mais profissio-nais e os sistemas de recolha, edição e processamento do material em nada se comparam com os existentes quando em 1981, nasceu o primeiro e até agora o único semanário dominical.

Este é, pois, um momento para reflectirmos sobre o percurso que este semanário trilhou, a forma como cada um dos desafios nesse passado foram enfrentados e vencidos e hoje continuar um órgão de comunicação social de referência no nosso firmamento comu-nicacional. É, igualmente, um momento propício para passarmos em revista alguns dos desafios que se colocam à imprensa moçam-bicana no presente e certamente no futuro que se resumem na construção da Nação e na valorização da sua independência.

*****

O sucesso da construção da Nação Moçambicana e do bem-estar do seu maravilhoso Povo, passa pelo envolvimento e entrega de todos e de cada um de nós. Esta Pérola do Índico é nossa e a nós, em primeiro lugar, cabe a responsabilidade de desenvolvê-la para nós

20Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, no jantar alusivo à celebração dos 25 anos do Jornal Domingo. Maputo, 26

de Outubro de 2006.

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próprios e para as gerações vindouras, valorizando todas as enor-mes potencialidades, humanas e materiais de que ela é dotada.

A imprensa e os profissionais da comunicação social têm um papel de revelo neste processo de desenvolvimento desta Pátria Amada. Trazemos para reflexão, esta noite, alguns dos pilares para a cons-trução deste nosso Moçambique, designadamente:

a Unidade Nacional e a auto-estima;

a cultura de paz;

a democracia e as instituições democráticas; e

a Luta Contra a Pobreza.

Apraz-nos registar como a nossa imprensa tem estado a assumir e a participar neste gigantesco e patriótico exercício de construção do nosso Moçambique. Efectivamente, independentemente do regime de propriedade e das linhas editoriais, a imprensa moçambicana não só se abre para o debate e para veicular as vozes e contri-buições dos cidadãos sobre estes assuntos como também os seus profissionais dão uma contribuição substancial nesse debate, no gozo pleno das liberdades constitucionais. Porém, acreditamos que ela pode fazer mais na promoção destes e de outros pilares que concorrem para a construção da Nação Moçambicana.

Ao falarmos da Unidade Nacional e da auto-estima recordamo-nos sempre do seu papel galvanizador nos combatentes da luta pela nossa libertação. Nós éramos poucos numericamente, mal equipa-dos do ponto de vista bélico. Porém, estávamos unidos e orgulhosos da nossa História e recursos, da nossa diversidade cultural e étnica e de estar a participar na epopeia libertária do nosso Moçambique. Foi no contexto da promoção da Unidade Nacional e da nossa au-to-estima que resgatámos a nossa moçambicanidade, o sentido de pertença a uma pátria, assumindo a sua história e com ela iden-tificarmo-nos e dela nos orgulharmos. Foi assim que também re-conquistamos a Paz, será assim que construiremos o bem-estar de todos. Através de intervenções multiformes, a nossa imprensa tem participado neste exercício promovendo a consolidação da Unida-de Nacional e o orgulho por aquilo que é nosso.

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Falar de cultura de paz, em tanto que comportamento delibera-damente cultivado, que assenta na tolerância, no respeito mútuo e no diálogo para a exploração dos pontos de convergência em as-suntos de interesse nacional, é evocar o que de mais precioso um povo pode ambicionar. Para nós, que fomos tão martirizados por guerras, o amor e apego à paz é justificado e inquestionável. É, por isso, muito encorajador registar os artigos de profissionais da comunicação social e os pronunciamentos de cidadãos na imprensa sobre a necessidade de todos lutarmos para a sua preservação, em todo o nosso solo pátrio. É, igualmente, salutar a tomada de consciência por cada um de nós de que a única alternativa à Paz é a própria Paz.

Gostaríamos de vos recordar, minhas senhoras e meus senhores, que Moçambique, ao nível internacional, é tido como um exemplo de um país que conduziu, com sucesso, um processo de paz e soube mantê-lo. Ser exemplo internacional de um país de cultura de paz é uma responsabilidade muito grande e devemos trabalhar para merecer ainda mais essa confiança. Um ambiente de paz significa mais investimentos, mais turismo, mais produção. Em suma, um ambiente de paz proporciona segurança e conforto para idealizar-mos projectos individuais e colectivos para a melhoria das nossas condições de vida.

A democracia multipartidária, outro pilar na construção da Nação moçambicana, deve ser vista no contexto dos valores que vimos consolidando e aprofundando desde 1962. Constitucionalmente consagrada, a democracia multipartidária abre espaço para que os diferentes partidos políticos possam, de forma organizada, dar as suas contribuições na materialização da Agenda 2025 e da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza que informa a nossa go-vernação aberta e inclusiva.

Em Moçambique continuaremos a consolidar a cultura, a prática e as instituições democráticas bem como as liberdades constitucio-nais. O debate, para breve, do ante-projecto para a revisão da Lei de Imprensa deve ser visto neste prisma. Gostaríamos de exortar os profissionais da comunicação social bem como o Sindicato Na-

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cional de Jornalistas (SNJ) e o Instituto dos Medias da África Aus-tral (MISA) a envolverem-se neste debate.

Finalmente, gostaríamos de nos referir à luta contra a pobreza como outro pilar na construção da Nação Moçambicana. Como é já do domínio público, a luta de libertação nacional não visava a Independência como um fim, mas, isso sim, um meio para colocar o nosso belo Moçambique na rota do desenvolvimento rumo ao bem-estar dos moçambicanos.

Por isso, o nosso discurso político confere ênfase particular à luta contra a pobreza, como um objectivo distante mas alcançável.

Por isso, dizemos que não nos contentaremos apenas com o fim da pobreza absoluta, porque a nossa meta é a prosperi-dade dos moçambicanos, uma prosperidade construída por nós mesmos com o apoio daqueles que querem o bem de Moçambique e do seu Povo.

Para o alcance célere desse bem-estar a que todos ansiamos, impõe-se o combate aos obstáculos ao nosso desenvolvimento, nomeada-mente o burocratismo, o espírito de deixa andar, a corrupção e o crime, bem como as doenças como a malária, a tuberculose, o HIV/SIDA e a cólera. A imprensa tem participado não só no com-bate a estes males, como também na divulgação de boas práticas, quer de funcionários e cidadãos, quer de instituições públicas e privadas. Este é um exercício que deve ser prosseguido.

Na nossa acção governativa, estamos a potenciar o distrito para ser o pólo a partir do qual se irradiam as acções de desenvolvimento. Estamos, neste quadro, a descentralizar competências dos órgãos centrais para o nível destas unidades territoriais e a dotá-los de re-cursos adicionais em apoio a projectos locais de desenvolvimento.

Aqui, como nos outros pilares concorrentes para a construção da Nação Moçambicana, que enunciamos acima, a imprensa tem de-sempenhado um papel de nossa parceira. Porém, instalando-se no distrito e assegurando a disponibilidade das suas publicações aos consumidores locais, a imprensa estará em melhores condições de

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participar na construção deste Moçambique. As tecnologias de in-formação e comunicação hoje existentes, a extensão da energia eléctrica a mais distritos, bem como a construção e reabilitação de estradas e pontes contribuem para viabilizar este nosso desi-derato. Esta é também a vontade dos nossos compatriotas que vi-vem nessas unidades territoriais sempre sedentos de informação e ávidos de verem reflectido nos Órgãos de Comunicação Social o quotidiano das comunidades locais e dispostos a expressar os seus pontos de vida sobre assuntos de interesse local, nacional e inter-nacional. Potenciemos, pois, a informação para o desenvolvimento que em muito contribuirá para a divulgação de boas práticas, notí-cias e dados úteis dos e para os distritos.

Estes são desafios que deixamos com o Jornal Domingo e com toda a imprensa moçambicana. Felizmente, a nossa comunicação social está hoje, dotada de melhor capacidade técnico-profissional para, transformar estes desafios em oportunidades e, deste modo, par-ticipar, mais activamente, na construção da Nação Moçambicana.

*****

A terminar, gostaríamos de convidar a todos os presentes a acom-panharem-nos num brinde:

pelos vinte e cinco anos do Jornal Domingo;

pela saúde dos gestores, dirigentes, trabalhadores e co-laboradores do Jornal Domingo; e

à imprensa moçambicana.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Tecnologias de Informação e

Comunicação:

Ligando cidadãos e promovendo o desenvolvimento

em Moçambique21

O evento que estamos a celebrar hoje reafirma a nossa convicção de que não há contradição entre a adopção de tecnologias de pon-ta, num país como o nosso, com o imperativo de atender às neces-sidades básicas do nosso maravilhoso Povo. Na verdade, as duas vertentes complementam-se para realizar o nosso desiderato co-lectivo de nos livrarmos da pobreza e construírmos a nossa prospe-ridade, sempre unidos e em paz. Por isso, impulsionados por estas certezas, e apesar das fragilidades económicas de então, o nosso Governo não hesitou em adoptar as tecnologias de informação e comunicação que eram do domínio de países de teledensidade de grande expressão. Havia, entre nós, como ainda hoje há, a convic-ção de que elas, essas tecnologias portanto, levar-nos-iam a dar um salto significativo e qualitativo rumo ao nosso futuro melhor, reconhecido que é o seu papel de alavancas fundamentais para o desenvolvimento social e económico do nosso Moçambique.

Nessa altura, o nosso ambiente social e económico era muito difícil:

a pobreza estava para além dos 70%;

o telefone fixo ainda não tinha suplantado a carta enviada através dos correios ou de portadores;

21Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, por ocasião da inauguração do edifício sede da Moçambique Celular.

Maputo, 28 de Abril de 2011.

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nas zonas rurais era mais comum a transmissão de mensa-gens através de enviados que tinham que palmilhar longas distâncias, muitas vezes a pé e por atalhos.

Num ambiente como este, os mais cépticos dificilmente poderiam ter previsto o sucesso que a MCel hoje regista. Esquecendo-se de que nesta Pátria de Heróis, o nosso génio e mãos dextras produzem obras-primas, mantiveram-se agarrados aos seus vaticínios, como agarrados se mantêm hoje os que vaticinam que este Povo muito especial, o maravilhoso Povo Moçambicano, não pode acabar com a pobreza!

É por isso que dizemos que a Mcel não nasceu num berço dourado e nem todos os que testemunharam o seu nascimento acreditavam que poderia passar da fase de projecto. Esta Mcel, orgulhosamente moçambicana, nasceu em gabinetes pobremente equipados da Em-presa Telecomunicações de Moçambique, onde os seus técnicos se acotovelavam em espaços de dimensões reduzidas, ávidos de do-minar essas novas tecnologias e de as colocar ao serviço da Nação Moçambicana e da sua agenda de desenvolvimento.

Contrariando o prognóstico dos cépticos, a Mcel empenhou-se e apostou na criatividade e capacidade dos seus quadros. Disto resul-tou a expansão da rede de telefonia móvel pelo nosso Moçambique e o respeito e consideração que esta operadora granjeia na região e no mundo. O moçambicano encontrou formas criativas de fazer desta expansão da telefonia móvel um negócio em si e um factor dinamizador de outros negócios. Outras operadoras, atraídas pelo sucesso da Mcel, têm procurado o mercado moçambicano para se instalarem e também prosperarem.

A Mcel, como as outras operadoras na área das Tecnologias de In-formação e Comunicação, está a participar, de forma activa e reso-luta, na mudança positiva da nossa Pátria Amada, transformando-a num mundo de comunicações instantâneas, que compactam dis-tâncias e atravessam fronteiras em tempo real para levar cidadãos a comunicar-se e para promover o desenvolvimento. Moçambique está a transformar-se num espaço geográfico onde ser detentor de instrumentos tecnológicos já não é, em si, factor de diferenciação dos cidadãos pois, são cada vez mais acessíveis a mais compatrio-tas nossos, no campo e na cidade, porque talhados no custo, nas funções e na finalidade.

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Estas Tecnologias de Informação e Comunicação, no contexto da nossa Política de Informática, visam alcançar todo o nosso maravi-lhoso Povo e não apenas quem hoje possui um aparelho de telefone celular, computador, linha telefónica ou domínio das linguagens básicas da informática. Visam, igualmente, assegurar maior acesso à informação para fins educacionais, alavanca fundamental para o desenvolvimento sustentável da nossa Pátria Amada.

Queremos, numa palavra, caminhar, decididamente, para a inclu-são digital e para o reforço da Unidade Nacional. Queremos que, através do aumento dos conteúdos nacionais, veiculados por estas tecnologias, também se eleve a nossa auto-estima, o orgulho de ser moçambicano, de ser cidadão desta Pátria de Heróis. A auto-estima é um dos factores geradores da nossa auto-confiança nas nossas capacidades de vencer os desafios do presente e de gerar maior confiança no futuro melhor para todos nós, por nós construí-do, todos nós.

Graças ainda a essa determinação, coragem e arrojo dos que ou-saram galgar para além da montanha dos cépticos, temos hoje este majestoso edifício que acrescenta à beleza arquitectónica da nossa Cidade das Acácias dando, ao mesmo tempo, maior conforto aos seus trabalhadores e clientes. A construção deste edifício criou postos de emprego para camadas variadas deste nosso Povo muito especial, garantindo-lhe rendimentos para sustentar as suas famí-lias.

De igual modo, a sua entrada em funcionamento vai gerar novos postos de trabalho, criando oportunidades para que mais moçam-bicanos tenham um outro espaço a partir do qual podem dar uma outra contribuição na luta contra a pobreza.

*****

O crescimento da Mcel a esta dimensão não significa trabalho con-cluído. Ao tomar a posição de operadora pioneira nacional, a Mcel criou, no mesmo espaço de tempo, o embrião donde emergiriam os seus concorrentes, hoje em número de dois. Ser pioneiro e ser a maior operadora nesta Pérola do Índico traz consigo muitos desa-fios, alguns dos quais gostaríamos de partilhar com a nossa ilustre audiência. Um destes desafios prende-se com a necessidade de, ao

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mesmo tempo que toma os aspectos financeiros e de lucros, como elementos essenciais de gestão, deve continuar a contribuir para resguardar os aspectos de soberania nacional, de inclusão digital e social e de desenvolvimento. Em segundo lugar, a Mcel deve con-tinuar a apostar na cobertura nacional dos serviços de telefonia móvel, oferta de mais produtos de valor acrescentado e crescente melhoria da qualidade dos seus serviços.

Em terceiro lugar, importa que prossiga com a formação do capital humano para que tome uma parte mais activa na exploração da convergência tecnológica. Deste modo, através do seu laboratório de conhecimento vai dar uma valiosa contribuição para a qualida-de de vida dos moçambicanos, homens e mulheres, no campo e na cidade, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo.

Em quarto lugar, a Mcel deve catalogar e divulgar as experiências de uso do telefone celular, que se vão gerando no nosso Moçam-bique, como negócio em si e como instrumento para impulsionar outros negócios. Esta será uma forma de disseminar essas expe-riências para que outros compatriotas nossos as adoptem para au-mentarem a sua renda e se libertarem de mais manifestações da pobreza.

*****

Sentimos imenso orgulho de estarmos aqui, com a direcção, tra-balhadores e colaboradores da Mcel, aqueles que se encontram no centro da dinamização do crescimento desta empresa. Reconhece-mos e saudamos o papel dos clientes desta operadora que, mesmo nos tempos mais difíceis, souberam posicionar-se para elevar a Mcel ao patamar que hoje alcançou. Uma palavra de gratidão vai para as outras empresas do ramo pela escolha de Moçambique como destino dos seus investimentos e pela contribuição para o dinamis-mo e desenvolvimento do nosso mercado de telecomunicações. Da parte do Governo reafirmamos que tudo faremos para continuar-mos a criar um ambiente de negócios cada vez mais atraente para o investimento nacional e estrangeiro.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Tecnologias de Informação e

Comunicação:

Factores preponderantes para o desenvolvimento do

nosso País22

O papel e o lugar que atribuímos às tecnologias de informação e comunicação, como catalisadoras do desenvolvimento que alme-jamos para a nossa Pátria Amada, são expressos pelo compromisso do nosso Governo em assegurar a sua cada vez maior disseminação, popularização e utilização, à extensão e largura do nosso Moçam-bique. Nos distritos, em particular, aumenta o número de compa-triotas que têm acesso a estas tecnologias, por exemplo:

através da telefonia fixa e móvel;

através das rádios comunitárias e dos contentores das TDM que oferecem telecomunicações básicas; e

através dos centros multimédia e de Internet cafés.

O acesso a estas tecnologias:

encurta as distâncias geográficas entre os nossos compatrio-tas e com os cidadãos de outros quadrantes do mundo;

facilita o envio e a recepção de informação e dados, em tempo real;

abre outras oportunidades para os cidadãos contribuírem para o desenvolvimento desta Pérola do Índico e de toda a Humanidade.

22Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, por ocasião da inauguração em fibra óptica do troço Beira-Quelimane.

Quelimane, 5 de Julho de 2007.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Foi, pois, com justificado júbilo que acedemos presidir à inaugura-ção da ligação, em fibra óptica, entre Beira e Quelimane. Trata-se de um acontecimento de grande importância e traduz o compro-misso do nosso Governo de interligar, até 2009, todas as capitais provinciais através desta infra–estrutura de banda larga. Com uma rede de infra-estruturas de comunicações, sólida e consistente, como esta, imprimiremos maior dinamismo no desenvolvimento económico e social que a nossa Pátria Amada vem registando. Com a instalação desta infra-estrutura nas capitais provinciais, mais compatriotas nossos passarão a ter acesso a informações e dados diversos mais facilitado, incluindo aqueles que lhes podem desper-tar mais auto-estima, criatividade e empreendedorismo.

Gostaríamos, assim, de saudar o Ministério de Transportes e Co-municações e a empresa Telecomunicações de Moçambique, em particular, por nos terem brindado com mais este presente pelos 32 anos da nossa Independência Nacional. Este empreendimento é assim, um marco importante para assinalar mais esta vitória na luta que travamos contra a pobreza, a nossa agenda nacional. Esta é mais uma forma de valorizar a nossa Independência Nacional, duramente conquistada. Esta é mais uma forma de demonstrar que não lutamos para ter uma bandeira e um hino apenas. Que lutamos para usar a Independência Nacional para valorizar a nossa própria dignidade e para construir o nosso bem-estar.

*****

A ligação que hoje inauguramos, parte da Cidade da Beira, passan-do por Dondo, Savane, Muanza, Inhaminga, Inhamitanga e Caia, na Província de Sofala, e por Chimuara, Zero, Lualua, Licuare, Nicoa-dala e Quelimane, na Província da Zambézia. Esta infra-estrutura permitirá um sistema de telecomunicações de melhor qualidade, disponibilizando serviços cada vez mais úteis no mundo das teleco-municações como são os casos da Internet, do correio electrónico, bem assim dos serviços de televisão e rádio. O cabo de fibra óptica que assim se instala, vai aumentar, substancialmente, a contri-buição das tecnologias de comunicação e informação na imple-mentação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Por exemplo:

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o sector da educação passará a contar com mais esta facili-dade, para a formação e para a diversificação das activida-des extra-curriculares;

o sector da saúde passará a dispor de mais este meio para tornar mais efectivos os programas de formação em exer-cício e de luta contra a malária, a cólera, o HIV e SIDA e a lepra;

o sector da agricultura encontrará nestas tecnologias uma alternativa de grande relevo para a busca de soluções para os desafios que a implementação da Revolução Verde lhe impõe;

os técnicos colocados nestes e noutros distritos a serem abrangidos por este projecto, até 2009, terão acesso facili-tado ao entretenimento e à formação.

*****

As Tecnologias de Informação e Comunicação não são, em si, a so-lução para os problemas que nos são impostos pela pobreza. Elas facilitam e até podem acelerar a solução desses problemas. Porém, elas não se substituem ao homem. Neste quadro, dois desafios se nos colocam. O primeiro tem a ver com a necessidade de conti-nuarmos a desenvolver acções tendentes a despertar a auto-esti-ma e a auto-confiança nos nossos compatriotas. O segundo desafio prende-se com a necessidade de aumentarmos os conteúdos sobre Moçambique que são veiculados pelas tecnologias de informação e comunicação.

Desde os seus primeiros contactos com estas tecnologias, devemos assegurar que os moçambicanos se sentem como os verdadeiros patrões dessas tecnologias e não o contrário. Com esta atitude, eles se empenharão mais para escolher as que sejam mais adequa-das aos problemas específicos previamente identificados e evitarão que sejam os problemas a resolver que se devem adaptar às tec-nologias o que equivaleria a ajustar o pé ao sapato e não o sapato ao pé. Imbuídos assim de espirito de auto-estima, os nossos com-

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patriotas investirão, mais ainda, nos processos de identificação dos problemas de cada momento, no exercício de custo-benefício e no alargamento do leque e priorização das soluções possíveis, incluin-do as locais.

Passemos ao segundo desafio. Com a inauguração desta infra-es-trutura, gostaríamos de incentivar os vários sectores de produção de conhecimento a aumentarem os conteúdos, sobre Moçambique, que são veiculados pelas tecnologias de informação e comunica-ção, quer para o benefício de outros moçambicanos, quer para o benefício de outros utilizadores dessas tecnologias, noutras par-celas do globo. Deste modo, mais compatriotas nossos poderiam, por exemplo, ter assim acesso a mais jornais científicos, teses e comunicações produzidos pelas nossas instituições de pesquisa e de ensino. Abre-se, neste quadro, uma grande oportunidade para criarmos mais bibliotecas virtuais sobre o conhecimento que vamos gerando em Moçambique e para abrir outras janelas através das quais os nossos compatriotas, sem saírem dos seus distritos, podem enriquecer os seus conhecimentos gerais e técnico-científicos.

Através das facilidades que as tecnologias de informação e comu-nicação oferecem também podemos divulgar o nome de Moçambi-que:

mostrando as potencialidades de que esta Pérola do Índico é dotada para os diferentes tipos de turismo, incluindo o turismo cultural, cinegético, de aventura, sol e mar e de negócios;

podemos também divulgar o nosso património cultural e ar-tístico, locais e datas importantes da nossa História bem como factos sobre a nossa toponímia e geografia;

jovens organizados e as organizações de base comunitária, nos distritos, têm assim maiores facilidades para criarem os seus jornais electrónicos para divulgarem as realizações locais e da sua Província;

as nossas instituições públicas e privadas podem também criar os seus arquivos virtuais, abrindo-os à consulta dos in-

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teressados assegurando melhor conservação e diversifica-ção de suportes de arquivo dessa importante memória ins-titucional.

As possibilidades para aumentarmos os conteúdos veiculados pe-las tecnologias de informação e comunicação são quase que ilimi-tadas. Nós podemos tirar maior vantagem destas infra-estruturas tecnológicas, quer como cidadãos, quer com instituições, quer ain-da como Moçambique. Que cada um de nós faça a sua parte nesta jornada para o nosso sucesso colectivo.

*****

A terminar, felicitamos os Governos da Zambézia e de Sofala por terem sido brindados por este presente dos nossos 32 anos de Inde-pendência Nacional. Para muitos dos nossos compatriotas falar de tecnologias de informação e comunicação era evocar algo próximo do sobrenatural. Hoje essas tecnologias estão aqui, no seu terri-tório, disponíveis para potenciar o desenvolvimento local e dos próprios cidadãos .

Muito obrigado pela Vossa atenção!

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Informação para o desenvolvimento:

Seu lugar na nossa Agenda Nacional de Luta Contra a

Pobreza23

No centro da nossa agenda governativa está a luta contra a pobre-za, uma agenda que também dá forma à actividade de todos e de cada um dos nossos compatriotas, mulheres e homens, no campo e na cidade, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo. Para nós a pobreza não é uma fatalidade divina nem pode ser encarada como um flagelo invencível. Libertarmo-nos dela é um direito que nos assiste e desde 1962 temos, com denodo e convicção, reiterado essa vontade, unidos e determinados, como um Povo.

A pobreza, como o temos reafirmado, persiste porque, por um lado, há factores estruturais, presentes no sistema económico e na sociedade. Por outro, existem elementos estruturantes na mente de cada um de nós, resultantes da erosão da nossa auto-estima induzida pela dominação estrangeira de cinco séculos. É a interac-ção destes elementos que, perante este flagelo, nos pode levar, às vezes, a assumir atitudes de resignação e de perda de confiança na nossa capacidade de alterar a realidade que nos rodeia. A in-teracção entre estes factores também nos pode levar a enveredar pela atitude de “mão estendida”, de dependência em relação a terceiros ou de soluções emprestadas, quando temos forças e re-cursos para sermos nós próprios, com as nossas próprias soluções, os agentes dessa transformação.

A comunicação social moçambicana está, pode e deve continuar a desempenhar um papel de grande relevo não só na desconstrução

23Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da celebração dos 30 anos do Instituto de Comunicação Social.

Maputo, 30 de Novembro de 2007.

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dessas atitudes como também no reforço da auto-estima dos mo-çambicanos. Os desenvolvimentos mais recentes, apraz-nos notar, adensam a nossa certeza sobre a contribuição que a comunicação social pode dar neste domínio.

Referimo-nos, por exemplo, à extensão, física ou do sinal, dos ac-tuais órgãos da comunicação social para mais distritos e o surgi-mento de outros órgãos novos nestas unidades administrativas da Nação Moçambicana. Referimo-nos, igualmente, ao contínuo cres-cimento do espírito patriótico entre os profissionais da comunica-ção social e o seu assumir desta agenda de luta contra a pobreza como sua própria agenda.

*****

As questões que colocámos acima, servem para introduzir o tema “Informação para o desenvolvimento: seu lugar na nossa agenda nacional de luta contra a pobreza”. Será à volta deste tema que vamos saudar os trinta anos do Instituto de Comunicação Social, um dos pioneiros da informação para o desenvolvimento, na histó-ria da nossa Pátria Amada, inicialmente, através dos seus Centros de Comunicação Social.

Nesta era em que se fala da auto-estrada da informação, alguns dos presentes, certamente se recordam, talvez com alguma nostalgia, dos altifalantes que emitiam programas comunitários de formação cívica e patriótica, de programas de entretenimento, noticiários locais e anúncios de utilidade pública para os nossos compatrio-tas nas aldeias e nos centros peri-urbanos. Eram moçambicanos vivendo nesses locais que concebiam e emitiam esses programas bastantes úteis às comunidades. Olhando para esse passado, jul-gamos pertinente sugerir a sua reintrodução não só nas zonas onde deixaram saudades, como também, e com particular urgência, nas zonas de reassentamento no Vale do Zambeze.

Eram e continuam a ser esses compatriotas dedicados à causa da comunicação social para o desenvolvimento que concebem e transportam para o resto desta Pérola do Índico a realidade rural, através da Televisão de Moçambique, no bem conhecido progra-

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ma “Canal Zero”. Esperamos que, no futuro, também reactivem a parceria que tiveram, no passado, com a Rádio Moçambique cuja crescente cobertura do espaço nacional pode levar os programas do Instituto de Comunicação Social a um número cada vez maior de cidadãos.

Preservando e valorizando a sua génese, o Instituto de Comunica-ção Social não só reteve esses altifalantes como logotipo do seu programa televisivo “Canal Zero” como também manteve a infor-mação para o desenvolvimento como sua divisa. Podemos hoje, com menor risco de omissão, quantificar os profissionais que fo-ram formados neste processo. Porém, já não será empresa fácil identificar todos os que foram influenciados pelo Instituto de Co-municação Social a abraçar o jornalismo ou as letras.

Saudamos a direcção, os técnicos, os trabalhadores e os colabora-dores deste órgão por estes trinta anos e pela sua perseverança. Saudamos, igualmente, os nossos parceiros internacionais de coo-peração, com particular destaque para as Agências das Nações Uni-das, pelo apoio que desde o início nos têm prestado para a realiza-ção da nobre tarefa de comunicação para o desenvolvimento rural.

São trinta anos de vida informando para o desenvolvimento, buscando e valorizando a informação impulsionadora do re-forço da nossa auto-estima e indutora do resgate da nossa auto-confiança.

São trinta anos levando os sucessos de uns compatriotas para serem partilhados pelos outros moçambicanos e, des-te modo, reforçando a consciência de Nação e da Unidade Nacional.

São trinta anos divulgando as transformações de Moçambi-que, os seus sucessos, realizações e desafios para as dife-rentes comunidades da nossa Pátria Amada.

Saudamos ainda o Instituto de Comunicação Social por continuar a apostar, no conjunto das temáticas que aborda:

as campanhas de vacinação e de prevenção das calamidades naturais;

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combate contra o HIV e SIDA;

a Alfabetização e Educação de Adultos;

a promoção dos Direitos da Criança;

a divulgação das várias realizações das comunidades rurais; e

a mobilização das comunidades para o cumprimento dos seus deveres e direitos cívicos.

Com a participação do Instituto de Comunicação Social, o acesso à informação e ao conhecimento têm contribuído para as mudanças que temos estado a registar, quer ao nível dos cidadãos, quer ao nível de toda a Nação Moçambicana. Por isso, temos enfatizado que a comunicação social é nossa parceira na luta que travamos contra a pobreza na nossa Pátria Amada. Ela não tem estado ape-nas a fazer a sua parte na luta contra este flagelo. Ela tem esta-do, igualmente, a incutir em cada um de nós a certeza de que a pobreza tem fragilidades, que a pobreza está a ser vencida em Moçambique.

Neste momento de festa queremos prestar homenagens aos téc-nicos e trabalhadores da comunicação social por terem sempre persistido com esta agenda. Mesmo nos momentos mais difíceis impostos pela guerra vocês não vacilaram cumprir até missões de risco para levar a tecnologia, a informação e o entretenimento às comunidades rurais. Alguns dos vossos colegas sofreram traumas que carregam para toda a sua vida.

Outros ainda guardam na sua memória relatos da heroicidade e es-pírito de sacrifício dos seus colegas. Outros colegas vossos fizeram o sacrifício supremo e deram as suas vidas para levar o Instituto de Comunicação Social a cumprir a nossa agenda de luta contra a pobreza. Em memória destes nossos compatriotas pedimos a todos os presentes que observemos um minuto de silêncio. [MUITO OBRI-GADO]

*****

Para o Instituto de Comunicação Social continuar a crescer e a afirmar-se nesta frente de informação para o desenvolvimento de-verá continuar a forjar sinergias com o Governo e com os outros actores no desenvolvimento social e económico desta Pérola do

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Índico. Os recursos disponíveis nestes sectores podem contribuir para que o Instituto de Comunicação Social continue a consolidar a sua liderança neste género de informação e na multiplicação e diversificação de programas informativos e de entretenimento. Esses recursos podem, igualmente, contribuir para que o Instituto de Comunicação Social:

concretize o seu sonho de consolidar e expandir os seus ser-viços de comunicação;

imprima uma maior intervenção na promoção do desenvol-vimento rural; e

tenha um papel mais activo no apoio aos projectos e progra-mas de desenvolvimento nas nossas zonas rurais.

Encorajamos a direcção, os técnicos, os trabalhadores e os cola-boradores do Instituto de Comunicação Social a persistirem nesta caminhada. Continuem a cultivar a prática do envolvimento das lideranças locais na planificação e na disseminação dos vossos con-teúdos temáticos. Continuem a esmerar-se na simplificação da lin-guagem e na relevância dos conteúdos informativos ao desenvolvi-mento local. Continuem, numa palavra, a fazer Comunicação para o Desenvolvimento Rural:

incutindo a auto-estima, os valores de Pátria e da Unidade Nacional;

difundindo inovações nas técnicas e tecnologias agro-pecuá-rias e de processamento e conservação dos produtos; e

promovendo a educação cívica e sanitária.

Uma vez mais, feliz trigésimo aniversário, Instituto de Comunica-ção Social.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

A relação simbiótica entre a actividade

seguradora e a dos actores de desenvolvimento

de Moçambique24

Gostaríamos de começar por trazer à atenção desta ilustre audiên-cia, porque nos parece algo relevante à actividade seguradora, como veremos mais adiante, o cenário de devastação que teste-munhámos quando, na segunda-feira passada, visitámos alguns dos locais e as populações afectadas pelas calamidades naturais no Vale do Zambeze e em Vilankulo. Quer as vítimas das cheias, quer as populações afectadas pelo ciclone ”Favio” demonstraram valo-res porque todos os moçambicanos se devem orgulhar. Com efeito:

encontrámos compatriotas destituídos, mas asseados e cheios de dignidade, mantendo os seus centros de acomo-dação limpos e livres de epidemias e, sobretudo, prontos a reiniciar a reconstrução das suas vidas;

encontrámos compatriotas imbuídos de auto-estima e sen-tido de proactividade, determinados a vencer a humilhação que lhes é imposta, de forma cíclica, pelas calamidades:

o privilegiando as zonas baixas apenas para a produção; e

o reflectindo melhor sobre a qualidade dos materiais a aplicar nas construções e sobre a fiscalização das obras.

Em Chigoza, no Distrito de Tambara, em Cassambala, no Posto Administrativo de Inhangoma, no Bairro Zona Verde, na vila de Mopeia, em Chupanga, no Posto Administrativo de Marromeu e no Município de Vilankulo, encontrámos compa-triotas gratos pelo calor e pela solidariedade que lhes che-gam dos outros moçambicanos, de perto e de longe, que fazem da dor das vítimas destas calamidades sua própria

24Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, no jantar de gala pelos 30 anos da EMOSE.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

dor – estas são verdadeiras lições de patriotismo e de mo-çambicanidade!

Impressionou-nos, sobremaneira, a forma como os afecta-dos encaram os apoios, incluindo os externos, como com-plementares aos seus próprios esforços. Impressionou-nos, igualmente, quer nos centros de acomodação quer no cen-tro de coordenação das operações de Caia, a forma como os moçambicanos assumem a direcção e se responsabilizam pelo controle das operações em prol dos afectados, seus compatriotas.

Gostaríamos de deixar registado o nosso apreço à crescente solida-riedade nacional. Saudamos, igualmente, a prontidão com que as organizações e países amigos de Moçambique acorreram aos locais da tragédia, trazendo apoios e mensagens de conforto.

No fim daquela visita da segunda-feira passada, ilustre audiência, perguntávamo-nos, a nós próprios, o que seria a vida daqueles ci-dadãos, agentes económicos e instituições públicas se tivessem sido encorajados a aderir a algum seguro. Isto mostra, claramente, que o sector segurador em Moçambique representa um mercado com grande potencial para prosperar e para participar nos nossos esforços de desenvolvimento.

*****

Viemos aqui, hoje, para partilhar a alegria que todos os presentes sentem pela passagem do trigésimo aniversário da Empresa Mo-çambicana de Seguros, uma unidade económica com forte tradição na estrutura financeira, económica e social do nosso Moçambique. São trinta anos durante os quais a empresa:

enfrentou e venceu desafios;

acumulou experiência e afirmou-se no mercado financeiro nacional;

são trinta anos de trabalho, de formação de quadros e de expansão.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Ao longo destes anos, a EMOSE deu o seu valioso contributo ao crescimento económico e social desta Pérola do Índico através, por exemplo:

da garantia de indemnizações;

da redução de danos que, de outra forma, inviabilizariam as actividades económicas; e

através da redução de riscos empresariais.

Por outro lado, por força das próprias características da sua acti-vidade, a EMOSE tem, ao longo destes trinta anos de actividade, constituído e aplicado grandes volumes de provisões, tornando-se assim, num importante investidor institucional.

*****

Conquistada a Independência Nacional, tornou-se necessário alar-gar e diversificar as oportunidades para a transformação, em reali-dade, do sonho que perseguimos desde 1962 de não sermos pobres no nosso rico Moçambique. As instituições financeiras, incluindo o sector de seguros, tinham um papel importante neste quadro. A fusão das empresas seguradoras, então existentes, em Janeiro de 1977, não só contribuiu para a racionalização dos poucos recursos humanos, financeiros e materiais existentes. Contribuiu ainda para que o Estado assumisse um papel preponderante na materialização dos objectivos da política de seguros então definida.

À semelhança dos demais sectores de actividade, a dinamização da actividade de seguros representava um grande desafio, dada a falta de quadros moçambicanos com experiência na técnica de gestão de seguros, depois da saída dos técnicos estrangeiros, maioritariamente portugueses, durante o Governo de Transição e após a proclamação da Independência Nacional. Impunha-se, por conseguinte, a formação de quadros nacionais para responderem, de forma eficaz, à necessidade de garantir a continuidade da actividade face à escassez de quadros, precipitada pela saída dos técnicos estrangeiros. A determinação, a persistência e o patriotismo dos moçambicanos ao serviço da EMOSE aliados à

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

política estratégica traçada pelo nosso Governo foram preponde-rantes para que o sector se soerguesse e ganhasse novo ímpeto. Com estes quadros, a EMOSE foi assumindo o papel que lhe cabia na dinamização da actividade económica e social neste nosso Mo-çambique.

Com a abertura do mercado de seguros a outros operadores, a EMOSE teve que se reposicionar para a concorrência, estimulada pelo novo contexto económico e social. Por outro lado, o surgimen-to de um crescente número de seguradoras e mediadores, aliado à necessidade de desenvolvimento do mercado financeiro nesta Pérola do Índico, determinaram a criação da Inspecção Geral de Seguros. Esta tem como objectivos proceder à tutela da activida-de seguradora e resseguradora, incluindo a respectiva mediação e fundos de pensões.

*****

A actividade seguradora tem um papel a desempenhar na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. No quadro desta Agen-da definimos o distrito como o ponto de partida e de chegada das nossas intervenções de luta contra este flagelo e pelo desenvolvi-mento da nossa Pátria Amada. Neste dia de celebração e de festa, gostaríamos de deixar dois desafios, dos muitos que se colocam às empresas seguradoras que operam em Moçambique.

O primeiro desafio tem a ver com a divulgação da importância do seguro, entanto que pilar na luta contra a pobreza e pelo de-senvolvimento, e o encorajamento da adesão, quer de singulares quer de pessoas colectivas, a algum tipo de seguro. Aqui, a acti-vidade seguradora pode desempenhar um papel de revelo na mi-tigação dos efeitos das calamidades naturais quando se abatem sobre os cidadãos e sobre os agentes económicos, como aqueles que testemunhámos no Vale do Zambeze e Vilankulo e as que es-tão, neste momento, a desalojar e a destruir nas margens do Búzi. Se as escolas, hospitais, casas de habitação, machambas e outras infra-estruturas destruídas pelas calamidades naturais estivessem devidamente seguradas, o choro e a dor seriam menores porque os afectados teriam a respectiva indemnização e compensação.

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O segundo desafio tem a ver com a expansão da actividade segura-dora para os distritos, quer para a captação de mais clientes, quer ainda para fazer investimentos que possam beneficiar outros sec-tores de actividade. As seguradoras podem, deste modo, agir como facilitadoras e promotoras dos investimentos de outros operadores e, de forma simbiótica, estes investidores podem galvanizar a ac-tividade seguradora.

*****

Neste dia de reflexão e celebração, uma palavra de apreço vai, em especial, para o Conselho de Administração e para as suces-sivas direcções bem como para todos os trabalhadores da EMOSE pela passagem dos trinta anos desta empresa. Foram trinta anos de muito empenho, auto-superação e crescimento profissional. Sa-bemos que podem e vão dar mais e melhor por esta empresa, por Moçambique e pelo seu maravilhoso Povo. Por isso, expressamos a nossa justificada expectativa de que os próximos anos serão de muitas e grandes realizações, com a EMOSE a continuar a assumir um papel impulsionador do nosso desenvolvimento económico e social.

A terminar, gostaríamos de deixar uma exortação para reverberar no quotidiano de cada um de nós:

Moçambicanas, moçambicanos, amigos de Moçambique: o distrito chama por nós.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Barragem Moamba Major:

Uma resposta aos desafios que o crescimento social e

económico nos impõe25

É com muito júbilo que acedemos ao convite para presidirmos esta cerimónia de lançamento da primeira pedra para a construção da Barragem Moamba Major.

O Rio Incomáti, sobre o qual esta infra-estrutura hidro-eléctrica será erguida, serpenteia extensas planícies nos distritos da Moam-ba, Manhiça, Magude e Marracuene até desaguar no Oceano Índico, nas idílicas e pitorescas praias de Macaneta. Neste seu longo per-curso, para a população de toda esta região, o Rio Incomáti:

significa fonte de água para diferentes aplicações domésticas;

significa, ainda, catalisador de diferentes práticas culturais, de socialização do indivíduo e da sua integração na socie-dade;

significa, igualmente, recurso para o desenvolvimento, in-cluindo para a produção agrária, a pesca, o turismo e a construção civil.

Devido à falta de infra-estruturas hidráulicas ou hidro-eléc-tricas, o Rio Incomáti:

também significa, infelizmente, luto, dor e destruição, cau-sados pelo excesso de água;

significa, ainda, escassez de água, facto desastroso para a produção agrária;

25Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, no lançamento da primeira pedra para a construção da Barragem Moamba

Major. Maputo, 31 de Outubro de 2014.

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significa, igualmente, intrusão salina, que tem como uma das suas consequências a ausência da carne do hipopótamo que passara a integrar o já diversificado cardápio para os participantes nas festividades de Gwaza Muthini, em Marra-cuene, a 2 de Fevereiro de cada ano.

Como é do domínio público, um dos graves problemas que pode concorrer para se tornar num obstáculo aos nossos ritmos de cres-cimento que queremos que subam sempre, é a água.

O moçambicano está a investir e a construir, exemplos que estão a atrair e a ser seguidos por investidores estrangeiros. Os distritos ao longo do Vale do Incomáti estão a crescer em catadupa. Maputo, a nossa cidade capital, parece que adoptou o lema “cada espaço um prédio”, o que estamos a testemunhar até nos bairros suburbanos. Na verdade, observamos como o horizonte da Cidade das Acácias está salpicado de gruas e as paredes que se agigantam para o alto, para se transformarem em prédios, encontram-se debruadas de andaimes, com trabalhadores numa azáfama de querer concluir, hoje mesmo, a empreitada contratada porque uma outra obra por eles parece esperar, não distante dali!

Os ritmos de construção em Maputo, Matola, Marracuene e no resto da Província de Maputo e em toda desta Pérola do Índico, levam-nos, vezes sem conta, quando nos fazemos a essas regiões do nosso belo Moçambique, depois de algum tempo de ausência, a descobrir que, afinal, temos que actualizar a informação que arquivamos nas nossas mentes sobre esses locais e suas infra-estruturas, porque a que temos revela-se totalmente ultrapassada.

A este desenvolvimento de infra-estruturas acrescenta-se o desen-volvimento industrial e aqui, uma vez mais, a água revela-se fun-damental.

Somos um País sedento de crescer, de crescer sempre!

Este crescimento não deve ser bloqueado. Deve ser encorajado e apoiado. O moçambicano quer avançar firme com a determinação que lhe é peculiar.

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Responder aos desafios do presente que o desenvolvimento da nos-sa Pátria Amada nos impõe é uma atitude de um Governo respon-sável e capaz de mais realizações como o nosso.

Anteciparmo-nos aos desafios da escassez de água para consumo e para dinamização da vida social, que se vislumbram no horizonte, é um dever de Estado que o nosso Governo abraça com determina-ção e certeza de vitória.

Com a construção da Barragem Moamba Major, esta barreira arti-ficial que nos ajudará a reter e reservar cerca de 760 milhões de metros cúbicos de água:

vamos captar e reservar a água que se desperdiça na época chuvosa, criando estragos de vária índole;

vamos reforçar a nossa capacidade de mitigar o impacto negativo de fenómenos naturais, como as cheias e inunda-ções; e

vamos passar a dispor de água durante todo o ano, para as nossas actividades de desenvolvimento e reduzir os efeitos da intrusão salina, reactivando a esperança de voltarmos a ter a carne do hipopótamo no cardápio das festividades do Gwaza Muthini.

A construção de uma barragem como esta, cuja pedra acabámos de lançar, demonstra que podemos intervir e sobrepor-nos aos capri-chos da natureza averbando, assim, uma grande vitória da ciência e da técnica sobre a natureza.

*****

Ao longo destes quase dez anos colocámos acento tónico na pro-dução de alimentos, tendo, em particular, alocado os sete milhões para os distritos empoderarem os produtores agrários para esse fim. Foi também neste contexto que lançámos a Revolução Verde e a sua estratégia de implementação, o Plano Estratégico de De-senvolvimento Agrário que conta com uma Estratégia Nacional de Irrigação.

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Lançando o nosso olhar, deste ponto, vemos como esta extensa e exuberante planície, serpenteada pelo Rio Incomáti, tem o poten-cial de responder ao nosso desiderato de:

em primeiro lugar, aumentar a segurança alimentar e nutri-cional na Nação Moçambicana;

em segundo lugar, promover o agro-processamento; e

em terceiro lugar, exportar excedentes para projectar o nome desta Pérola do Índico além fronteiras e melhorar a nossa balança de pagamentos.

Os resultados até aqui alcançados são muito animadores. Na verda-de, apraz-nos notar a crescente participação dos nossos produto-res no abastecimento dos mercados nacionais com produtos Made in Mozambique.

O crescimento do volume de produtos agrários nacionais nos nossos mercados, tem implicações imediatas na redução dos custos ao consumidor e no aumento da nossa auto-estima que o selo Made in Mozambique encerra.

Com a entrada em funcionamento desta infra-estrutura hidro-eléc-trica testemunharemos a expansão do perímetro irrigado do Vale do Incomáti, atraindo e facilitando a fixação de mais produtores agrários.

Serão, assim, criadas mais oportunidades de emprego e de renda para mais compatriotas nossos e elevados os índices de oferta da produção nacional. Serão, igualmente, produzidas mais matérias-primas para as indústrias de agro-processamento e alimentos para a exportação.

A Barragem Moamba Major está também dimensionada para contri-buir para a resolução dos problemas que se preveem de défice de água em Maputo, Matola, Marracuene e Boane, bem como ao longo do traçado da conduta. Não podemos parar o desenvolvimento que se regista nestas regiões e noutras parcelas do nosso solo pátrio.

Os moçambicanos e seus parceiros têm sabido colocar-se à altura da grandiosidade desta Pátria de Heróis, através de iniciativas ou-sadas e de grande impacto no nosso crescimento e bem-estar.

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Por isso, como um Governo, que também se define por realiza-ções, mobilizamos e facilitamos a implantação e o florescimento de cada vez mais projectos. Nenhum de nós, em qualquer nível de governação, tem vontade, petulância ou veleidade de chegar ao fim do seu mandato e orgulhar-se por ter bloqueado ou dificultado a implementação deste ou daquele projecto.

Todos nós queremos associar-nos às obras e outras iniciativas que mudam a vida dos nossos compatriotas e alteram a nossa paisagem urbana e rural.

Tal como a electrificação que tem estado a crescer de forma expo-nencial, de 7%, em 2004, para 42%, em 2014:

iluminando residências;

promovendo actividades sociais; e

dinamizando a nossa indústria em crescimento, a água é outro importante factor catalisador do nosso desenvolvimento.

Sempre que possível, acoplamos estes dois factores de produção, através da construção de barragens hidro-eléctricas com o duplo objectivo de armazenar água e produzir energia, adensando, as-sim, a sustentabilidade da nossa matriz energética. Este é o caso desta barragem que está projectada para produzir 15 Megawatts. Só para termos uma ideia, a energia aqui produzida seria suficiente para iluminar:

a Cidade de Lichinga, que consome cerca de 10 Megawatts;

o Norte de Inhambane, isto é, as sedes dos distritos de Vi-lankulo, Inhassoro, Mabote e Nova Mambone, bem como a sede do Distrito de Machanga, em Sofala, que, no conjunto, consomem 11 Megawatts;

daria ainda para iluminar a Cidade de Pemba, que consome pouco mais de 14 Megawatts.

Esta energia aumentará a nossa disponibilidade e prontidão para, por um lado, concebermos e implantarmos mais projectos públicos

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e, por outro lado, mobilizar e acolher outros do sector privado, ambos tendo como propósito central, impulsionar o desenvolvi-mento da Moamba e do resto da nossa Pátria Amada.

*****

Queremos saudar a parceria brasileira neste projecto. Por isso, endereçamos, através de si, Senhora Embaixadora, palavras de agradecimento e de reconhecimento ao seu Governo pelo apoio com recursos que irão complementar o exercício interno, tendo em vista erguer esta infra-estrutura hidro-eléctrica.

Contamos com a crescente consolidação e diversificação desta par-ceria que já deu muito no passado e tem o potencial de dar muito mais no futuro.

Exortamos a população da Moamba para que, como tem feito com outras infra-estruturas públicas, acolha este empreendimento com muito carinho e dele se aproprie com muita auto-estima. Não se estão a afirmar apenas como hospedeiros de duas barragens, Cor-rumana e Moamba Major, no futuro, mas também como um centro de referência de produção de energia hidro-eléctrica e termo-e-léctrica, a gás natural, para a rede eléctrica nacional! Este é um feito que vos deve orgulhar, hoje e sempre!

Com estas palavras, temos a honra de declarar lançada a primeira pedra das obras de construção da Barragem Moamba Major.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Aeroporto de Maputo:

Erguendo-se como uma imponente porta de entrada

à Pérola do Índico26

Acabámos de inaugurar o novo terminal doméstico do Aeroporto Internacional de Maputo, um acto que a todos nós orgulha e nos faz crescer e sentir que estamos a crescer. Concluímos, assim, um projecto que transforma em realidade mais um sonho do nosso maravilhoso Povo, um sonho que vinha plasmado no nosso plano quinquenal. A materialização deste sonho, que se manifesta hoje e em parte através desta aerogare, tem em vista elevar esta Pérola do Índico ao patamar de prosperidade, o estágio de um Moçambi-que livre da pobreza.

A sua concretização inspira-se na nossa auto-estima e resulta da nossa determinação de invalidarmos as condições estruturais que sustentam a pobreza e as suas diversas manifestações nesta Pátria de Heróis.

É na recusa da aceitação da pobreza como destino que embarcamos, resolutamente, na materialização deste sonho e de outros que hoje na área dos transportes incluem a construção e reabilitação de estradas e pontes. Para o caso da nossa Cidade das Acácias, a materialização desse sonho está a ganhar forma com o início das obras de construção da Circular de Maputo que inclui a Ponte so-bre o Rio Incomáti, em Marracuene, e as obras de construção das Estradas KaTembe-Ponta D’Ouro e Bela Vista – Boane, coroadas de uma ponte sobre a baía de Maputo e de outras sobre os rios Mapu-to, Futi e Umbelúzi.26Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de inauguração da Terminal Doméstica do Aeroporto Interna-

cional de Maputo. Maputo, 17 de Outubro de 2012.

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A inauguração, em 2011, do Aeroporto de Vilankulo e o início, em 2011, das obras de construção do Aeroporto Internacional de Naca-la são também partes integrantes do nosso empenho na realização desse sonho, o sonho de um Povo determinado a saltar do espaço da miséria e da pobreza para conquistar o seu lugar na economia global. O desenvolvimento destas infra-estruturas harmoniza-se e impulsiona o desenvolvimento acelerado das indústrias mineira, imobiliária, turística, agrícola e de serviços. Estas, estabelecem um relacionamento simbiótico e profícuo entre si e com outros sectores da economia nacional.

*****

A aerogare que acabámos de inaugurar, uma infra-estrutura:

imponente e bela;

moderna e dotada de tecnologia de ponta;

espaçosa, acolhedora e confortável para os passageiros

substitui a que destruímos, que tinha mais de meio século de vida.

O investimento aqui realizado traz impregnada a resposta moçam-bicana à importância, sem precedentes, que a logística ganhou na economia global nos últimos anos. Com efeito, num passado re-cente, as empresas industriais e comerciais trabalhavam de forma horizontal:

produzindo;

transportando; e

armazenando, elas próprias, as matérias-primas da sua produção e a própria produção.

Hoje, a situação mudou radicalmente com o surgimento da ten-dência à contratação de serviços de terceiros. Quer dizer, as em-presas passam a concentrar-se nas suas competências primordiais, para que sistemas de logística sejam detidos por terceiros, permi-tindo assim o aumento da sua eficiência produtiva. Neste cenário, os aeroportos ganharam uma nova importância estratégica como centros logísticos e pólos de desenvolvimento. Para além disso, os

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aeroportos criam novas oportunidades de negócios, geradas nos serviços de e para a aviação e nos seus espaços e arredores. Hoje, sabemos que nas áreas circunvizinhas dos aeroportos nascem ho-téis, centros de conferências, centros de negócios e outros servi-ços.

É no reconhecimento do papel estratégico da logística e da sua capacidade de gerar receitas, renda e postos de trabalho, que iniciámos o processo de modernização dos nossos aeroportos. No caso do Aeroporto de Maputo, este facto é evidenciado pelo aumento da procura de espaço para negócios, bem como pela atracção de companhias aéreas para esta cidade. Presentemente, temos a Quénia Airways e a Etiópia Airways que já escalam Maputo, havendo outras cujas negociações estão em curso, lideradas pela nossa Autoridade da Aviação Civil. A construção e modernização deste e de outros aeroportos constituem estratégias integradas para o desenvolvimento do nosso belo Moçambique, em geral, e das cidades onde estas infra-estruturas se encontram implantadas, em particular. Por isso, os recursos que foram aqui aplicados vão se traduzir em produtos tangíveis, com impacto directo na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

A título de exemplo, durante a visita às instalações desta aerogare fomos informados que, durante a construção dos dois terminais, foram criados 440 empregos e com a sua entrada em funciona-mento geraram-se 380 novos postos de trabalho. Por outro lado, foi também nos dado a conhecer que, em termos de capacidade de passageiros, passaremos de 150.000 anuais para 5 milhões, um crescimento que vai ter impacto directo na indústria hoteleira e similares, nos transportes e comunicações e nas artes e cultura, só para citar alguns casos.

Neste contexto, o Ministério dos Transportes e Comunicações, em coordenação com outras instituições do Governo e do sector priva-do, é desafiado:

primeiro, a identificar e a remover os obstáculos que se coloquem, quer a montante quer a jusante deste empreen-dimento, para a sua exploração plena, tendo em vista uma maior dinamização da actividade económica e social em Mo-çambique;

em segundo lugar, é desafiado a fortalecer as sinergias den-tro do sector dos transportes e comunicações e a consolidar

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as parcerias deste sector com outros actores do sector pú-blico, do sector privado e da sociedade civil.

Melhor coordenados, estes diferentes intervenientes poderão ma-ximizar as oportunidades diversas que este novo empreendimento traz consigo para o benefício, em primeiro lugar, de Moçambique e do seu Povo muito especial.

Deste modo, daremos uma contribuição valiosa na elevação do nome desta Pérola do Índico como destino para o turismo e para o investimento nacional, regional e internacional, por ser:

o terra de gastronomia irresistível e de sorrisos renováveis e, por isso, para estadias memoráveis de lazer, de negó-cios ou de visitas particulares; e

o por ser um torrão de múltiplas oportunidades de negó-cio porque dotado de recursos naturais diversos e de homens e mulheres empreendedores.

*****

Queremos agradecer aos trabalhadores moçambicanos e chineses que, dia e noite, e lado a lado, ergueram este imponente edifício, um verdadeiro cartão-de-visita da Cidade das Acácias e uma hospi-taleira porta de entrada a esta Pérola do Índico.

Inscrevemos palavras de gratidão e de apreço à Direcção do Minis-tério dos Transportes e Comunicações e da Empresa Aeroportos de Moçambique bem como aos seus quadros, técnicos e trabalhadores pelo seu empenho na modernização deste e de outros aeroportos do nosso belo Moçambique. Os nossos agradecimentos estendem-se à Empresa AFECC e ao fiscal da obra pela dedicação na constru-ção de mais este símbolo da amizade entre os Povos da República de Moçambique e da República Popular da China.

Uma palavra especial vai para o ilustre Embaixador da República Popular da China pelo seu dinamismo e entrega no reforço da coo-peração entre os nossos dois países.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Infra-estruturas aeroportuárias:

Os desafios da eficiência, produtividade e competitividade27

Em Presidência Aberta e Inclusiva por esta bela e hospitaleira Pro-víncia, desde o passado dia 21 deste mês, temos, com agrado, re-gistado muitos testemunhos de compatriotas nossos que sublinham que o dia de hoje é muito melhor que o dia de ontem e que, por isso acreditam que o dia de amanhã será muito melhor que o dia de hoje. Nós próprios vimos como Cabo Delgado está a mudar e a crescer rumo ao Futuro Melhor. A cerimónia de inauguração do novo Terminal, que tivemos esta manhã a honra de presidir, refor-ça esta perspectiva de crescimento e mudanças que Cabo Delgado e Pemba, em particular, estão a registar.

*****

Durante muitos anos, os aeroportos na nossa Pátria Amada eram vistos apenas como pontos de ligação entre diferentes modos de transporte.

Hoje, porém, têm estado a assumir um papel de crescente relevo na matriz do nosso desenvolvimento social e económico. Em cum-primento desse papel, aumentou não só o número de voos que são atendidos, em diferentes horas do dia, de semana e de proveniên-cia nacional e estrangeira das aeronaves, como também aumentou a diversidade de passageiros e carga de e para os nossos aeropor-tos. Consequentemente, passaram a ser raras excepções as práti-cas de se aprumar para ir a um aeroporto só e só para ver quem chega e oferecer-lhe:

27Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de inauguração do novo Terminal do Aeroporto Internacional

de Pemba. Pemba, 25 de Março de 2014.

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hospitalidade;

sorriso renovável; e

calorosos abraços, salpicados pela troca de notícias de uma e da outra parte de Moçambique e do mundo.

Para usar uma analogia, podemos dizer que hoje a maioria dos cidadãos não vai aos aeroportos para pescar, isto é, para ver alea-toriamente quem vai cair na sua rede de hospitalidade. Hoje, a maioria desses cidadãos vai ao aeroporto com um alvo mais con-creto em mente, porque têm alguém muito específico por quem vão esperar. Hoje não é apenas o familiar ou amigo por quem se espera. É também um parceiro de negócios, um investidor, alguns dos quais só conheciam antes através das tecnologias de informa-ção e comunicação.

Estaremos recordados sobre como a exploração do potencial turís-tico de Cabo Delgado induziu o aumento do número de voos para Pemba e a redução das tarifas.

Estes desenvolvimentos reforçam a relevância dos conceitos efi-ciência, produtividade e competitividade na gestão e qualidade dos serviços aeroportuários. De igual modo, a agregação de plata-formas multimodais, com serviços de crescente qualidade, segu-rança, fiabilidade e comodidade, entra na avaliação e projecção da imagem positiva dos nossos serviços aeroportuários. Mais impor-tante ainda, essa imagem contribui para o crescimento sustentável desse aeroporto e dessas plataformas intermodais com as quais o aeroporto mantém uma relação simbiótica, todos gerando receitas e postos de trabalho e promovendo o surgimento de novas oportu-nidades de negócio.

*****

Com a descoberta de vastos recursos naturais, Cabo Delgado entrou mais firmemente na economia mundial e passou a ter uma relação quotidiana com muitas mais empresas com ramificações em diferentes partes do mundo. São empresas que, para além da atenção que prestam ao mer-cado nacional de serviços, firmam contratos com fornecedores de maté-rias-primas, insumos e peças sobressalentes em outras partes do mundo, pois estas grandes empresas procuram orientar as suas estratégias no comércio internacional a partir de stocks mínimos e de serviços de lo-gística integrada e sincronizada com as suas operações, tendo em vista

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obter a redução de custos operacionais. Graças à integração regional, como aquela que ocorre na SADC, e à globalização, tornou-se possível que uma empresa fabrique componentes num país para montá-los num outro e entregá-los ao consumidor num terceiro país, no tempo e no lo-cal acordados. Essas empresas encontram-se interligadas por uma cadeia logística onde:

a competitividade nos custos;

a eficiência no atendimento; e

o cumprimento dos prazos de entrega acordados assumem grande prioridade na continuação ou não dessa relação co-mercial.

Neste ambiente foi criada a oportunidade para as empresas enviarem artigos para longas distâncias, no mínimo de tempo possível e a um custo mais baixo quando comparado com o custo de carregar e gerir stocks inteiros. Esta oportunidade está a ser explorada por empresas do serviço expresso nacionais tais como o Portador Diário, Expresso Carga, SEDEX, Corre, FS Expresso e estrangeiras como a FEDEX, DHL, UPS, SKY NET e TNT, estas com as suas próprias aeronaves que no futuro, que antevemos que será breve, escalarão este aeroporto.

O nosso aeroporto de Pemba e toda a plataforma intermodal em Pemba e em Cabo Delgado, que inclui o transporte de superfície e marítimo, entram nesta equação para garantir rapidez, segurança e fiabilidade na entrega desses produtos às empresas e na facilitação da circulação dos técnicos e homens de negócio nacionais e estrangeiros. Estas platafor-mas intermodais entram nessa equação também como factores de desenvolvimento social e económico de Cabo Delgado e da nossa Pátria Amada e de uma maior competitividade internacional para as empresas aqui sediadas ou com operações em outras partes da nossa Pátria Amada.

Estamos aqui a propor que se preste uma crescente atenção àque-les que demandam os serviços aeroportuários que Pemba oferece. Ao mesmo tempo, estamos a propor que se passe a prestar uma maior atenção à interligação e independência dos diferentes meios de transportes integrantes da cadeia intermodal. A superação dos desafios do elo mais fraco na rede é um desafio de todos, do Go-verno, a todos os níveis, e de todas as outras partes interessadas.

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*****

Em resposta ao desafio que a indução de uma maior eficiência, pro-dutividade e competitividade da cadeia intermodal de transportes nos coloca, concebemos uma estratégia Integrada de Desenvolvi-mento do Sector de Transportes e Comunicações que resultou na construção, reabilitação e ampliação de diversas infra-estruturas aeroportuárias e complexos ferro-portuários bem como na expan-são da infra-estrutura de telecomunicações. Por outro lado, temos estado a reabilitar e a ampliar a rede de energia e de estradas com destaque para a espinha dorsal rodoviária, a Estrada Nacional Número Um, e as ligações Este-Oeste. Os 2.5 milhões, alocados anualmente aos distritos e destinados à construção e reabilitação de infra-estruturas, têm, como um dos seus objectivos contribuir para o crescimento dos níveis de produtividade, competitividade e eficiência do nosso sistema intermodal de transportes.

Em última análise, podemos afirmar que os investimentos na rea-bilitação deste aeroporto, como os que alocamos em outras áreas, têm em vista facilitar a circulação de pessoas e bens, em comodi-dade, segurança e rapidez.

O nosso gestor, público ou privado, deve corresponder com cres-centes níveis de eficiência, produtividade e competitividade a es-tes investimentos do Estado e do sector privado.

A terminar, endereçamos uma saudação ao Ministério dos Transpor-tes e Comunicações, à Empresa Aeroportos de Moçambique pela concepção e concretização deste empreendimento.

As nossas saudações são extensivas ao Governo da Província de Cabo Delgado e ao Município da maior Baía de África, Pemba, por terem acarinhado e se apropriado deste projecto. Ao empreiteiro, ao fiscal e aos trabalhadores vai também o nosso apreço e sauda-ção.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Infra-Estruturas:

Bens que enriquecem a nossa história e paisagem

e impulsionam o nosso desenvolvimento28

A exposição fotográfica que há pouco inauguramos e as explica-ções que nos foram dando, bem assim as intervenções dos oradores que nos precederam reiteraram que estamos perante uma obra de grande valor histórico, cultural e arquitectónico. Na verdade, a Estação Central dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique que hoje nos acolhe, regista nos seus anais a forma como as relações entre os moçambicanos e outros povos se estruturaram e se desenvolve-ram, nem sempre a convergir com a sua agenda, a agenda da sua dignidade, auto-estima e bem-estar. Ao longo destes 100 anos, ela manteve-se como testemunha silenciosa dos desígnios, palavras e actos dessas várias gerações de moçambicanos e de cidadãos de outros países e foi registando as mercadorias e insumos que por aqui passavam. É neste prisma que ela integra o nosso património edificado, impregnado de emoções, história e simbiose de saberes da Humanidade.

Ela enriquece, igualmente, o nosso firmamento arquitectónico e desponta como uma referência turística de uma fama que já atravessou as fronteiras nacionais. A placa que descerrámos ficará como um marco de reconhecimento da longevidade desta Estação e da multiplicidade de papéis que esta monumental obra simboliza.

28Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da cerimónia de celebração do centenário da Estacão dos CFM.

Maputo, 19 de Março de 2010.

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Esta centenária Estacão dos Caminhos-de-Ferro é ponto de parti-da e de chegada de linhas férreas em que rolam os comboios que transportam o desenvolvimento do e para o interior do nosso belo Moçambique e do e para o hinterland. Estamos, porém, recordados que ao longo de muitas décadas da existência dessas linhas férreas ao moçambicano não era permitido pilotar esses comboios. Essa atitude enquadrava-se num complexo processo que visava negar ao moçambicano o direito de dirigir os destinos da sua Pátria Amada e de determinar o tipo de relações a estabelecer com aqueles que, nos países vizinhos e no resto do mundo, se deveriam beneficiar desse material rolante e das mercadorias que transportava.

Quando, a passos largos, caminhávamos para o 25 de Junho de 1975, e mesmo no alvor da nossa Independência Nacional, assistimos ao êxodo dos quadros, incluindo os que tinham a responsabilidade de assegurar a circulação dos nossos comboios e a operacionalidade dos nossos portos. Consequentemente, ficamos sem maquinistas, torneiros- mecânicos, operadores de guindastes e outro pessoal técnico e administrativo. De igual modo, aqueles que não queriam que fossemos nós a decidir sobre quem deveria beneficiar do que as nossas linhas férreas transportavam, moveram-nos uma guerra que teve as infra-estruturas ferro-portuárias e o material rolante como alguns dos seus alvos prioritários.

O moçambicano respondeu ao êxodo e à subsequente crise de qua-dros com a sua auto-estima, firmeza, empreendedorismo e capaci-dade de enfrentar e superar desafios:

compatriotas nossos que tinham sido relegados ao papel de auxiliares de pilotos de comboios e guindastes, passaram para os comandos destas máquinas transportadoras do de-senvolvimento;

os serventes de torneiros-mecânicos de outrora, responsabi-lizaram-se pela produção de peças sobressalentes, poupan-do divisas ao País;

os nossos concidadãos cuja tarefa era de lubrificar máquinas ou de transportar ferramentas, passaram a mecânicos e pu-seram os comboios a rolar e em segurança.

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No seu patriotismo, bravura e amor por Moçambique e pelo nosso Povo estes compatriotas pilotavam o seu material rolante, durante a guerra, mesmo envoltos da incerteza de que chegariam ao des-tino com vida. Mesmo depois de relatos de ataques dos seus com-panheiros, outros pilotos e mecânicos partiam em operações de socorro e de resgate, mas também sem certeza de que chegariam ao destino ou, chegando, se regressariam vivos à procedência.

Não hesitavam nem vacilavam porque estavam certos de que neles o nosso Povo revia-se no nosso clamor e vontade de sermos nós próprios a pilotar esse comboio de desenvolvimento e a determi-nar quem dele e da sua carga se beneficiaria. Alguns deles caíram como mártires. Outros carregam deficiências e traumas que lhes acompanharão para o resto das suas vidas. Neste dia e todos os dias, sintamo-nos orgulhosos herdeiros do patriotismo e heroicida-de destes filhos desta Pátria de Heróis.

Eles souberam persistir e reproduzir o seu amor pelo trabalho, por Moçambique e pelo nosso maravilhoso Povo. É assim que hoje esta centenária Estacão dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique assiste à partida e chegada de muitos comboios pilotados por muitos mais moçambicanos, levando e trazendo o desenvolvimento de e para o interior do nosso belo Moçambique, países vizinhos e o resto do mundo. Hoje as nossas linhas férreas transportam pessoas e bens que dinamizam a nossa economia e o processo de integração regio-nal no contexto da SADC.

É louvável que a celebração do centenário da Estação Central dos Caminhos-de-Ferro de Moçambique seja o momento de lançamen-to oficial da iniciativa “O Património é Nosso”. Trata-se de uma iniciativa que visa sensibilizar e obter de cada um de nós, cola-boração e parceria com o Estado no desafio que a conservação, manutenção e protecção das nossas infra-estruturas e outros bens públicos nos impõem.

As linhas férreas, estradas, pontes, portos e aeroportos;

as barragens, as centrais eléctricas e os cabos e torres de transmissão de energia;

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os oleodutos e as bombas e tanques de combustíveis;

as infra-estruturas de gestão, transporte e distribuição do sinal da telefonia móvel, fixa e da rádio e televisão; assim como outros

bens públicos como comboios, auto-motoras, aviões, navios e auto-carros fazem parte do nosso património colectivo.

Mais importante ainda, este património desempenha um papel fun-damental na luta que travamos contra a pobreza na nossa Pátria Amada. Onde este património é implantado ou por onde passam essas infra-estruturas e meios de transporte, a actividade social e económica ganha novo ritmo, a história local é enriquecida e a paisagem ganha novos contornos e beleza.

Para além disso, as condições são também criadas para que outros bens públicos sejam lá colocados ou alocados. Por isso, insistimos na necessidade de conjugação de sinergias e melhor complementa-ridade entre os investimentos que as empresas públicas realizam, mesmo no âmbito da sua responsabilidade social.

A importância que este património tem na mudança da vida do nosso Povo explica porque seja recorrente, na forma, por exemplo, de energia, estradas e telefonia fixa ou móvel, no conjunto dos pedidos que nos são formulados, no âmbito da Presidência Aberta e Inclusiva. O moçambicano sabe que, por exemplo, a estrada, a energia da rede nacional, as bombas de combustível, o sinal de televisão e da telefonia, fixa ou móvel contribuem para a melhoria da sua vida. É também por isso que, onde já há transporte público, terrestre, aéreo, marítimo, lacustre ou ferroviário, o moçambica-no pede maior frequência das carreiras e dos comboios. E por aí em diante.

Apraz-nos registar que a iniciativa “O Património é Nosso” conta com o apoio directo de muitas empresas públicas aqui já referi-das. São empresas que como os Caminhos-de-Ferro de Moçambique conservam relatos de patriotismo e de heroicidade dos seus traba-lhadores, face ao êxodo de quadros estrangeiros e à guerra. Deste modo, esta campanha é também em honra desses nossos irmãos e

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irmãs, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo, que recusaram a resignação e não vacilaram quando foram chamados, mesmo na situação de guerra, a colocar o nosso património colectivo ao ser-viço do desenvolvimento desta Pérola do Índico e do reforço das nossas relações de amizade e cooperação com outros povos.

Esta iniciativa é também em honra do nosso presente e futuro, na medida em que ela tem em vista valorizar as nossas conquistas e promover a poupança dos poucos recursos de que dispomos e ma-ximizar o seu impacto na melhoria das nossas condições de vida. Queremos assim exortar:

os dirigentes e membros de partidos políticos;

os líderes comunitários e religiosos;

os professores, pais e encarregados de educação;

os dirigentes e membros de organizações da sociedade civil;

as empresas públicas e privadas; e

a todos os utentes deste nosso património a participar na sua preservação, protecção e correcta utilização.

A terminar, fazemos votos para que esta louvável iniciativa seja bem-sucedida e para que mais entidades públicas e privadas se juntem em torno dela, pelo seu valor na transformação da nossa sociedade e na transmissão de valores fundamentais às gerações vindouras.

Muito obrigado pela atenção!

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Infra-estruturas:

Seu papel na Facilitação turística29

Temos estado a interagir com Nampula e a sua população, desde o dia 2 de Maio, no quadro da nossa Presidência Aberta e Inclusiva. Durante estes dias:

galgamos colinas e palmilhamos vales;

contemplamos diferentes tipos de cursos de água, de fauna e flora;

visitamos a costa e o interior.

Uma vez mais reencontramo-nos com o potencial de Nampula para acelerar o seu passo na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. No que é mais relevante para esta noite, reencontramos Nampula, através dos distritos que escalamos, com o seu grande potencial e abertura à exploração e desenvolvimento turístico.

Nacala-Porto mostrou-nos o ambiente que tem para o turis-mo de negócios, por exemplo;

a Ilha de Moçambique exibiu-nos, por seu turno, um pouco do que pode contribuir para o turismo cultural na Província;

Mogincual abriu-nos uma janela para nos mostrar o que pode oferecer ao investidor no turismo cinegético;

Muecate recordou-nos dos recortes do seu relevo propício para o turismo de aventura;

29Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, na inauguração do Hotel Executivo em Nampula. Nampula, 6 de Maio

de 2007.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Ribaue desvendou-nos as suas paisagens idílicas, disponíveis para quem procura beleza, sossego e harmonia com a natureza.

Uma característica comum que, de forma alguma nos surpreendeu e não constituía novidade para nós, é a hospitalidade da popula-ção de Nampula, com as suas artes e cultura, sempre vibrantes e cheias de vitalidade e com os seus semblantes sempre radiantes. Trata-se de um bem acolher do visitante característico do mara-vilhoso Povo Moçambicano de que esta população de Nampula é parte integrante.

Em todos estes distritos também saboreamos um pouco da sua ape-titosa culinária, fruto de experiências milenares e de pessoas que gostam de se regalar com uma boa cozinha. Esta culinária enrique-ce a diversidade dos pratos de que esta Pérola do Índico se orgulha.

Em razão de tudo o que vimos, durante esta visita, e dissemos há pouco, constitui para nós motivo de muita satisfação presidirmos à inauguração do Hotel Executivo de Nampula e deixar o nosso nome associado a este empreendimento. Este imponente estabelecimen-to ergue-se firme como uma das contribuições para a exploração deste potencial turístico de Nampula e do nosso belo Moçambique. Ao mesmo tempo, este hotel brinda Nampula com uma nova re-ferência arquitectónica e uma acrescida capacidade para acolher visitantes e eventos. Sobretudo, este empreendimento, que vai empregar directamente mais moçambicanos, dinamiza outras ac-tividades económicas e sociais com as quais entra numa relação simbiótica, produzindo indirectamente mais postos de trabalho. Referimo-nos, por exemplo, a serviços e produtos que esta unidade hoteleira terá que obter de terceiros. Gostaríamos assim de saudar à Euroáfrica Investimentos por esta valiosa contribuição para o de-senvolvimento de Nampula e de Moçambique.

*****

O nosso Governo aposta no turismo como uma das alavancas para o desenvolvimento desta Pérola do Índico. O pacote de incentivos fiscais para o sector do turismo e hoteleiro traduz este compromisso.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Respondendo a esta atenção que temos estado a dispensar, o turis-mo vem registando, de ano para ano, um crescimento considerá-vel, com impacto significativo na economia nacional e na luta que travamos contra a pobreza. Só para citar um exemplo, em 2006 as receitas do turismo internacional atingiram 139 milhões de dólares americanos e para o presente ano de 2007, estima-se que cerca de 157 milhões de dólares americanos sejam gastos no nosso Moçam-bique pelos turistas estrangeiros.

Moçambique tem um grande potencial para se auto-superar nestas previsões e continuar a crescer e a crescer rapidamente neste sec-tor. Este potencial deriva:

da sua localização geográfica estratégica;

da riqueza e diversidade da sua fauna e flora; e

da sua longa costa, salpicada de ilhas paradisíacas.

A integração regional no âmbito da SADC vai, certamente, tam-bém criar mais oportunidades para o nosso Moçambique continuar a crescer nesta área. Os acordos de vistos únicos entre os Estados Membros vão impulsionar, mais ainda, o maior fluxo de turistas para explorarem as maravilhas desta Pérola do Índico.

Gostaríamos de convidar e encorajar outros empresários a inves-tirem nesta área do turismo e hotelaria. O desenvolvimento de infra-estruturas incluindo as hoteleiras vai contribuir, de forma sig-nificativa, para esse crescimento rápido neste sector.

A terminar, um forte desejo de sucessos para a EuroÁfrica e para o Hotel Executivo Nampula.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Capital Humano:

Catalisador da nossa Agenda Nacional de Luta contra

a Pobreza30

A visita que acabámos de efectuar e as explicações recebidas de-ram-nos uma ideia de como este sector do Governo está a parti-cipar, com soluções contingenciais e estruturais, no combate aos obstáculos ao nosso desenvolvimento, com particular incidência para o burocratismo e a corrupção. A inauguração deste Centro de Dados vem assim juntar-se aos esforços de todos os moçambicanos, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo, de assegurar a implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

Saudamos a aceitação pelos quadros moçambicanos do desafio de se apropriarem das tecnologias que os tornam mais eficazes e efi-cientes na contribuição que deles se espera nesta nova epopeia li-bertária. Ao se apropriarem destas ferramentas tecnológicas, eles colocam-se em melhores condições para liderarem, em cascata, o envolvimento de um número crescente dos nossos compatriotas, à extensão e largura do nosso belo Moçambique.

Queremos, por isso, encorajar os quadros deste sector a persisti-rem nesta aposta, pois, ela se revela acertada, pertinente e rele-vante. Este é o nosso País. Este é o nosso Moçambique. Por isso, a nós nos cabe, em primeiro e último lugar, liderar o seu desenvolvi-mento. A caminhada é árdua e tortuosa.

Ela exige perseverança e sentido de missão e Pátria para que cada um de nós faça a sua parte para o resgate da nossa Pérola do Índico 30Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de Moçambique, na inauguração do Centro de Dados do Ministério das Finanças. Maputo, 25

de Agosto de 2006.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

do flagelo da pobreza. Este é um desafio a que nenhum moçambi-cano se pode furtar.

Este é um desafio que nenhum moçambicano pode delegar a ter-ceiros.

Aqueles que querem o bem por Moçambique e pelo seu Povo sentir-se-ão mais encorajados a reforçar e a diversificar os seus apoios, ao testemunharem, em cada um de nós, a contínua entrega e engaja-mento para a materialização desta nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Eles continuarão a sentir o seu esforço recom-pensado ao notarem que o combate que travamos contra os obstá-culos ao nosso desenvolvimento, particularmente, o burocratismo e a corrupção não se assemelha a um remoinho do qual os amigos da nossa pobreza se podem defender, prostrando-se e levantando-se depois da sua passagem. Eles sentir-se-ão animados ao notarem que, queremos que esses amigos da nossa pobreza sintam que a sua atitude não recompensa e que as nossas acções contingências e estruturais se complementam para que a nossa marcha rumo à prosperidade deste maravilhoso Povo seja caracterizada pela de-terminação, firmeza e celeridade.

Das explicações que nos foram dadas sobre este Centro dois aspec-tos merecem o nosso comentário. O primeiro aspecto tem a ver com o recurso à redundância nos sistemas. Esta é uma mensagem que deve ser partilhada com mais moçambicanos, especialmente aqueles que assumem que os sistemas informáticos são infalíveis e, por isso, não multiplicam nem diversificam os seus arquivos. Consequentemente, eles não tomam medidas preventivas, facto que pode resultar na perca irreparável de dados cuja compilação absorveu recursos substanciais e cuja indisponibilidade pode inter-ferir no funcionamento normal da sua e de outras instituições.

O segundo comentário que se nos oferece fazer resulta do facto de ter ficado para nós claro que neste sector, como no resto do nosso Moçambique, as tecnologias não são assumidas como a panaceia dos problemas que enfrentamos.

Elas são, isso sim, vistas como as ferramentas para aumentar a produção e a produtividade dos moçambicanos, a eficácia e a efi-

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

ciência de cada um dos sectores de actividade. Por isso, saudamos, uma vez mais, o investimento que se faz no homem e na sua toma-da de consciência de que os sistemas, por mais perfeitos que se-jam, eles têm em vista resolver os problemas que são identificados pela sociedade e pelas instituições, e não o contrário.

Foi neste prisma que também definimos o uso das tecnologias de informação e comunicação quer no Programa Quinquenal do Go-verno quer na Lei do Sistema da Administração Financeira do Es-tado (SISTAFE) como suportes da nossa acção governativa. Através dessas tecnologias de informação e comunicação, temos, de um modo geral, em vista:

disponibilizar, mais rapidamente, informação e dados a mais instituições e cidadãos; e

alargar a frente de combate à corrupção e ao burocratísmo;

Especificamente na área das finanças, ao introduzir estas tecnolo-gias temos em vista:

melhorar os processos públicos de planificação e orçamen-tação para que sejam mais integrados, eficazes e eficientes;

temos ainda em vista desenvolver a transparência na gestão das finanças públicas, para infundir uma relação de maior confiança entre o público e as instituições públicas;

finalmente, ao adoptarmos essas tecnologias temos também em vista simplificar os procedimentos administrativos visan-do tornar céleres os processos de execução do Orçamento do Estado, incluindo o pagamento de despesas.

Estes são os objectivos nobres que ansiamos alcançar. O Centro de Dados tem parte da responsabilidade na sua transformação em programas de impacto na sociedade moçambicana.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

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Durante as explicações que nos foram dadas, notamos, com agra-do, que o sistema já se encontra instalado em todas as capitais provinciais.

Este é um importante passo que merece os nossos aplausos. Po-rém, a meta é o distrito. Como reiterou a Décima Nona Sessão do Conselho de Ministros Alargada a outros Quadros, esta unidade territorial é o pólo do nosso desenvolvimento.

Por isso, todo o processo de descentralização de recursos huma-nos, financeiros e materiais tem em vista viabilizar o distrito como um verdadeiro ponto a partir do qual irradiam as nossas acções de combate contra a pobreza.

Este é um dos desafios que deixamos com o Centro de Dados. Que-remos que os moçambicanos, estejam onde estiverem, sintam os benefícios deste sistema e de toda a nossa acção governativa.

Este Centro deve em cada dia sentir-se orgulhoso de estar a parti-cipar activamente na transformação das diferentes manifestações da pobreza nos distritos em assunto do passado.

A terminar, gostaríamos de saudar os nossos parceiros de coope-ração pelo apoio prestado para que este projecto conhecesse a luz do dia. Encorajamos, igualmente, os técnicos moçambicanos, imbuídos da sua auto-estima e do espírito patriótico, a se empe-nharem, mais ainda, na sua auto-superação. Deste modo, estarão em melhores condições para se apropriarem deste sistema e dos valores que lhe são subjacentes para que estas tecnologias sirvam os objectivos para os quais foram concebidas.

Muito Obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

O desenvolvimento do capital

humano:

As vantagens de uma parceria público-privada31

Estamos deveras satisfeitos por partilhar com o fórum Olhar de Esperança estes momentos de celebração, pela obra erguida, e de reflexão, sobre o que mais podemos juntos fazer.

Queremos, assim, saudar a parceria que se consolida no Olhar de Esperança, um fórum que congrega o Governo, representado pelo Ministério de Educação e Cultura, e os empresários comprometi-dos com o desenvolvimento do capital humano, em Moçambique, e com o futuro mais luzidio dos moçambicanos.

Para nós, o conhecimento é o mecanismo através do qual o cidadão pode realizar intervenções de qualidade para o seu próprio bene-fício e para o benefício da sociedade. Por isso, defendemos que a formação deve ser aposta do Governo e de todos os seus parceiros. Com a formação asseguramos o desenvolvimento de aptidões e ha-bilidades que os nossos compatriotas necessitam para:

competirem no mercado do trabalho;

para enveredarem pelo auto-emprego; e

sobretudo, para melhor contribuírem para o sucesso da nos-sa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

Na verdade, a formação torna os nossos compatriotas mais criati-vos e habilitados para tirarem mais benefícios ainda das oportuni-dades que lhes cercam.

31Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na Feira do “Olhar de Esperança”. Maputo, 19 de Setembro de 2008.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

A formação também lhes abre novos horizontes e leva-os a acalen-tar sonhos de um futuro que, afinal, está ao seu alcance, bastando para isso que se empenhem um pouco mais.

Nas visitas aos pavilhões e na interacção com os diferentes inter-venientes, nesta feira, adensámos a nossa certeza de que nesta parceria se promovem valores como a auto-estima, o espírito de solidariedade e de cidadania.

No semblante dos nossos parceiros também notámos a convicção e a determinação de que vale a pena lutar, que vale a pena investir nesta causa.

Expressávamos, logo no início, a nossa satisfação por partilhar este dia de celebração convosco.

Trata-se de uma celebração que resulta da vossa convicção, do vosso empenho e persistência, em complemento às realizações do Governo. Por isso, graças a esta parceria, hoje, na nossa Pátria Amada:

temos mais moçambicanos que já não estudam debaixo de árvores;

temos mais escolas dotadas de carteiras e livros auxiliares de ensino; e

temos mais professores, alunos e pessoal administrativo com acesso às tecnologias de informação e comunicação.

Com esta valiosa contribuição, este fórum tem estado a aumentar, sobremaneira, a nossa capacidade de oferta qualitativa dos servi-ços educativos, promovendo uma maior cobertura da procura ora existente.

*****

O Olhar de Esperança é uma parceria com múltiplas vantagens, também para o sector produtivo, como foi sublinhado por alguns dos nossos interlocutores. Através deste projecto realizam-se in-vestimentos de médio e longo prazo que vão promover o nascimen-to de mais empreendedores formados e assegurar o crescimento do tecido empresarial e dos negócios de quem nessa força de tra-balho investiu.

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Saudamos a todos vós por esta visão e pragmatismo. Com estas acções estão a preparar o terreno para que os seus projectos do presente e do futuro tenham sustentabilidade e qualidade garanti-das, beneficiando, em última análise, o público e a sociedade, em geral. Saudamos ainda, os profícuos debates que se desenvolvem, neste fórum, tendentes a aquilatar e a abordar os desafios que o sector de educação enfrenta no presente. Nesses debates também aprofundam e buscam consensos sobre como assegurar uma for-mação que responda à crescente competitividade empresarial no contexto nacional, regional e internacional.

*****

Saudamos a todos os participantes no projecto Olhar de Esperança por esta feira e por esta magnífica exposição de produtos e servi-ços. Fazemos votos para que mais parceiros adiram a este projecto e para que os organizadores desta feira, considerem, no futuro, fazer dos distritos, de forma rotativa, palcos destas amostras.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Disciplina na gestão de recursos

públicos:

Uma das impulsionadoras do desempenho dos funcionários

e das instituições 32

Infra-estruturas desta grandeza, beleza e funcionalidade:

dignificam as nossas instituições;

orgulham quem lá trabalha; e

emprestam jovialidade e beleza onde são implantadas.

Por isso aceitamos, com muita satisfação, partilhar convosco este momento histórico para o Ministério das Pescas e para os seus diri-gentes, quadros, funcionários e trabalhadores, em geral. Este edi-fício contribui:

para rejuvenescer Maputo;

enriquecer a sua imagem urbanística; e

diversificar a sua beleza arquitectónica.

Está, pois, de parabéns o Ministério das Pescas por esta contribuição.

Está de parabéns o Município de Maputo por puder contar com mais um pretexto para reforçar a sua capacidade para dar resposta ao turismo urbano em franco crescimento, especialmente com a atracagem mais frequente de cruzeiros com turistas sedentos de explorar a cidade das acácias.32Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da inauguração das novas instalações do Ministério das Pescas.

Maputo, 30 de Novembro de 2009.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

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No centro da nossa acção governativa está o combate contra os obstáculos ao nosso desenvolvimento, entre eles, o burocratismo, o espírito de deixa-andar e a corrupção. Em resposta a este de-siderato, que é de todos os moçambicanos, temos dado atenção particular às reformas do sector público tendentes a melhorar o empenho e desempenho dos funcionários e das instituições públi-cas e trazer crescente qualidade aos serviços que se prestam ao cidadão.

Neste exercício, não nos limitamos apenas a olhar para as ques-tões de adequação organizacional e funcional. Por isso, com este edifício, caros funcionários do Ministério das Pescas, têm criadas as condições e o ambiente de trabalho que vos proporciona uma cada vez melhor prestação de serviços ao cidadão. Sabemos que não são as condições materiais que são determinantes no vosso desempenho, a avaliar por aquilo que foram capazes de realizar durante o quinquénio que está prestes a terminar. Reconhecemos, contudo, que estas condições de trabalho vão facilitar, em grande medida, a contribuição que de cada um de vós esperamos no com-bate contra os obstáculos ao nosso desenvolvimento e no crescente desempenho do sector das pescas.

No contexto do combate contra os obstáculos ao nosso desenvolvi-mento, damos importância particular à adopção e prática de uma disciplina que privilegia e assenta na utilização racional e transpa-rente dos recursos financeiros e patrimoniais nas instituições públi-cas. É desta forma que iremos, gradualmente, reduzir o fosso entre as necessidades prementes do nosso maravilhoso Povo e a nossa ca-pacidade de lhes dar expressão. Será através desta disciplina que iremos, igualmente, reduzir os casos em que o que se planifica não se cumpre na totalidade, alegando-se falta de recursos. Será, em suma, na adopção e prática dessa disciplina que iremos aumentar a nossa capacidade institucional de realização e aumentar o número de realizações que se constituem em monumentos que celebram as nossas vitórias na luta contra a pobreza.

Por isso, sentimo-nos deveras satisfeitos quando um edifício desta dimensão é erguido com recursos financeiros inteiramente nossos, resultantes da colecta interna. Este é um exemplo de que nós, mo-

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çambicanos, somos capazes de realizar os nossos sonhos, contan-do, em primeiro lugar, com os nossos próprios recursos e assumindo o apoio que vem dos nossos amigos, como complementar ao que nós já iniciamos.

O exemplo que hoje nos reúne, merece os nossos aplausos, sauda-ções e encorajamento. É através de exemplos e referências desta natureza que reforçamos a nossa auto-estima e adensamos certe-zas de que a vitória na luta contra a pobreza está ao nosso alcance. Que o importante é persistir e cada um de nós continuar a fazer a sua parte.

*****

O Sector das Pescas, que hoje beneficia destas infra-estruturas para melhor servir o cidadão e os pescadores em geral, desempenha um papel de grande relevo na dinamização da vida social e económi-ca no nosso belo Moçambique. Efectivamente, a pesca e a aquacul-tura são fontes de geração de emprego e de renda e, sobretudo, de diversificação da dieta alimentar de milhares de famílias mo-çambicanas. Ao mesmo tempo, os produtos gerados por este sector alimentam as nossas exportações que têm um papel nobre na pro-moção do bom nome desta Pérola do Índico, suas potencialidades e oportunidades para além, obviamente, de produzirem divisas para o erário público.

Tendo em conta todo este potencial do sector na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza, por esta oca-sião, e neste novo ambiente de trabalho, exortamos os membros do Conselho Consultivo do Ministério das Pescas, todos os funcio-nários, o sector produtivo e os demais intervenientes no sector de pescas, a engajarem-se, com maior dedicação ainda, na prossecu-ção dos objectivos e metas preconizadas pelo Governo para o sec-tor pesqueiro. Coloquem todo o vosso saber e experiência em prol do crescimento deste sector e do bem-estar do nosso maravilhoso Povo.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Trabalho para produzir comida:

Um desafio à nossa criatividade e à materialização das

nossas responsabilidades políticas e administrativas33

Boas vindas a todos. Não estão a imaginar a grande satisfação que nos move ao nos dirigirmos a esta Sessão Alargada do Conselho de Ministros, convocada para realizar o balanço das visitas que efectuámos a diferentes cantos e encantos do nosso Moçambique. Esta satisfação deriva fundamentalmente do facto de estarem aqui reunidos todos aqueles que, sentindo-se mais sensibilizados pelo sofrimento imerecido do nosso maravilhoso Povo, podem acelerar o passo para acabar com a pobreza em Moçambique.

Ao ouvir esta afirmação alguém poderá interrogar-se: Como pode-rei eu acabar com um flagelo de tão grande dimensão?

Para dirigentes que ainda pensam dessa maneira aconselhamos:

a combaterem, de forma mais enérgica, os obstáculos ao nosso desenvolvimento, nomeadamente o burocratísmo, o espírito de deixa andar, a corrupção e o crime bem as-sim as doenças endémicas. Perguntem-se por exemplo:

o quanto tempo ainda leva um documento nas vossas repartições, desde a sua entrada ao despacho final?

o em que medida o mítico e confrangedor “venha ama-nhã, venha amanhã” já não faz parte das respostas nos vossos sectores ou áreas sob vossa jurisdição?

33Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de Abertura da XIX Sessão do Conselho de Ministros Ordinária,

alargada a outros quadros. Maputo, 11 de Agosto de 2006.

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o Que novas medidas proactivas têm estado a tomar para que a corrupção não faça escala nas vossas ins-tituições?

Cada um de nós, e todos nós colectivamente, assumimos a intro-dução de mudanças como um factor impulsionador da luta que travamos contra a pobreza. Importa pois, que reflictamos sobre os resultados visíveis que se registam em cada sector e parcela do nosso País.

Como é que a nível Central estão a garantir a transferência dos recursos humanos, materiais e financeiros para os distri-tos, no quadro da descentralização governativa?

Como é que a nível provincial e distrital estão a criar as condições para reter e atrair mais quadros para os distritos?

Será que as receitas que estão a cobrar vos satisfazem, ten-do em conta a obrigatoriedade dos impostos e o seu papel na redução dos níveis de pobreza em Moçambique?

Como é que as petições dos cidadãos têm sido respondidas nos diversos sectores e repartições tendo em conta que as-sumimos que cada petição deve ter uma resposta atempada?

Que respostas já foram formuladas às preocupações que a população levantou, durante as nossas visitas, no contexto da Presidência Aberta?

Ao contextualizarmos o nosso encontro deste modo, queremos su-blinhar que o Povo Moçambicano, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo, tem os olhos postos em cada um dos presentes nesta magna sala para acabar com a pobreza que impiedosamente, ainda lhe flagela. Por isso, cada um de vós deveria sempre fazer uma in-trospecção sobre o seu desempenho e sobre o desempenho da sua instituição nesta agenda. Acreditamos que o próximo exercício de introspecção será dado quando apresentarem o relatório da vossa participação, nesta sessão, aos vossos colaboradores, facto que não é uma opção mas uma obrigação, pois, eles terão que partici-par na implementação do que aqui for decidido.

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Gostaríamos de deixar a cada um de vós alguns subsídios para im-pulsionar a implementação célere desta Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Nós defendemos que um dirigente deve, a todo o momento, preocupar-se:

em liderar através do seu exemplo;

deve preocupar-se, igualmente, em ser uma referência po-sitiva e inspiradora;

deve preocupar-se ainda, em ser capaz de articular, com convicção, a sua visão e o caminho a seguir pelos seus subor-dinados rumo à construção de um legado porque todos eles se possam orgulhar, no presente e no futuro.

Um dirigente deve ser capaz de construir e deixar um legado que perdure. Esse legado pode-se traduzir, de entre outros, através dos métodos de direcção, dos resultados concretos do seu trabalho e mesmo através de quadros que seguem o seu estilo de liderança, não por conveniências conjunturais, mas por convicções assumidas. Em suma, um dirigente deve ser capaz de produzir e de ser visto a produzir mudanças no seu sector, com a participação dos seus co-laboradores e da população em geral. Instrumentos que nos orien-tam para esse sucesso já existem. Podemos citar, só para exemplo:

os valores e os princípios que defendemos para a nossa go-vernação;

o Plano Quinquenal do Governo;

o PARPA II; e

a Agenda 2025.

*****

A presente Sessão Alargada do Conselho de Ministros enquadra-se na governação aberta e inclusiva a que nos propusemos porque a luta que travamos contra a pobreza exige o envolvimento activo de todos e de cada um de nós, a todos os níveis. Exige, igualmente, o envolvimento e a apropriação desta agenda pelo nosso Povo. Por isso, dizemos sempre que a governação aberta não se limita apenas a visitas e ao contacto permanente com a população nos seus lo-

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cais de residência e de trabalho. Ela deve manifestar-se também, por uma prática de portas abertas dos nossos próprios gabinetes e repartições para que o nosso Povo possa, sem qualquer receio ou inibição, interagir com os seus dirigentes e apresentar as suas sugestões e conselhos. Gostaríamos de sublinhar que o sucesso que ansiamos não vai ser produto do acaso. O sucesso é planificado. Por isso, cada passo a que nos propusermos deve ser planificado, ten-do em conta a realidade objectiva, as oportunidades e os riscos. Depois, tudo o que tivermos planificado deve ser implementado, como parte da nossa própria cultura de: “decisão tomada, decisão cumprida”.

*****

Entre Março e Junho deste ano, realizámos visitas de contacto di-recto com o nosso Povo. Neste périplo, visitámos:

as dez capitais provinciais e a cidade de Maputo,

vinte e nove sedes distritais,

nove sedes de postos administrativos, e

oito localidades do nosso belo Moçambique.

Em cada uma destas parcelas da nossa Pérola do Índico fomos brindados com muita hospitalidade, calor fraternal e verdadeiro ambiente de moçambicanidade. Permitam-nos pois, através de vós, endereçar, uma vez mais, os nossos agradecimentos a toda a população do nosso belo Moçambique e aos quadros e dirigentes das Províncias, Distritos, Postos Administrativos e Localidades, por esse acolhimento memorável.

Durante essas visitas tivemos a oportunidade de testemunhar quão os moçambicanos se encontram engajados na luta contra a pobre-za. Testemunhámos, igualmente, o papel dos Conselhos Consultivos e dos Fóruns locais na transformação dos beneficiários de desen-volvimento em seus activos protagonistas. Não deixaríamos de ex-pressar a nossa satisfação pelos resultados que se estão a registar na luta contra a pobreza. Por exemplo, os pedidos que nos eram feitos nos comícios eram também sobre a qualidade dos serviços e não apenas sobre a sua disponibilidade. Todavia, deparamo-nos

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também com situações que nos deixaram com determinadas preo-cupações das quais vamos fazer referência somente a algumas:

dirigentes que insistem em cumprir os seus planos iniciais, ignorando a necessidade de ajustá-los às decisões central-mente tomadas;

dirigentes que apresentam os resultados alcançados sem contudo fazerem referência às metas estabelecidas e ao ín-dice do seu cumprimento;

dirigentes que não se preocupam em quantificar as suas rea-lizações nem respeitar ou exigir o cumprimento dos prazos estabelecidos;

dirigentes que reportam acções de rotina, em nome de ac-tividades planificadas que, quando as procuramos no plano anual, encontram-se omissas; e

instituições que abandonam o que planificaram para fazer outra coisa que pode ou não coincidir com o que foi plani-ficado.

A fraca cultura de planificação também afecta programas especí-ficos de trabalho. Notamos que, por vezes, definem-se actividades e horas de sua realização e quando se chega à fase de sua imple-mentação denota-se falta de pontualidade ou procura-se recorrer à improvisação. São improvisações de actividades que envolvem gente que fica sujeita a longas horas de espera, gente que aban-donou uma outra actividade produtiva para cumprir esta que já não vai começar à hora prevista nem produzir os resultados com a qualidade esperada. O relógio, minhas senhoras e meus senhores, não é um objecto de adorno, apenas. É um instrumento que nos deve apoiar com a informação que precisamos para sermos sempre pontuais. O calendário não serve apenas como mais um quadro de parede no nosso Gabinete. Deve ser usado como um importante auxiliar à nossa planificação e cumprimento dos prazos.

Devemos pois, ser os promotores e os primeiros executores da dis-ciplina e cultura de trabalho, cumprindo escrupulosamente com o que planificamos produzir. O plano é uma promessa e as promessas são para serem cumpridas. As desculpas, por muito bem elabora-

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

das que sejam, não se vão substituir às nossas promessas. Para o sucesso na execução do plano, o espírito de equipa deve ser cul-tivado e a sua preservação deliberadamente monitorada. Elabora-mos este assunto com detalhe na tomada de posse dos membros da Autoridade Nacional da Função Pública. Como sublinhamos naque-la cerimónia, onde o espírito de equipa está ausente, o ambiente torna-se impróprio para a produção e a produtividade que almeja-mos. Por exemplo:

perde-se tempo valioso em questões mesquinhas;

fomentam-se o divisionismo, a intriga, a calúnia e o boato;

instalam-se o conformismo e o espírito de deixa andar; e

ganha relevo a preocupação quase que exclusiva com crédi-tos pessoais.

Com a ausência do espírito de equipa, o plano passa à letra morta. Consequentemente, adia-se a resolução dos problemas que o nosso Povo enfrenta.

*****

Os debates desta Sessão Alargada do Conselho de Ministros vão gravitar à volta do combate que travamos contra a pobreza. Mais especificamente, elegemos como desafio para os próximos dias en-contrar soluções que concorram para o aumento de oportunidades de trabalho como meio para o incremento da produção de comida e para garantir a segurança alimentar no País. Isto passa, necessa-riamente, pela consolidação da cultura de trabalho e pela promo-ção da criatividade e do empreendedorismo.

O aumento de oportunidades de trabalho e da produção alimentar complementam-se numa simbiose que nos pode levar a dar mais machadadas na pobreza, que não se circunscreve a um espaço geográfico específico, nem a um determinado segmento da nossa sociedade. Fizemos já referência, logo na parte introdutória, ao papel que cabe a cada um dos presentes na luta contra a pobreza. Para além disso, queremos reforçar a convicção que nos foi cres-cendo ao longo das visitas realizadas, no contexto da Presidência Aberta, uma experiência que é certamente partilhada por todos nesta sala.

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O contacto com a realidade de mais distritos e localidades desta Pérola do Índico adensou a nossa certeza de que Moçambique pode produzir comida suficiente para si, não só para o consumo imediato como para constituir reservas para fazer face a crises e também excedentes para a exportação. Mesmo dentro dos Distritos e Pro-víncias, as zonas onde os défices são cíclicos podem abastecer-se a partir da produção das outras zonas do mesmo Distrito ou da mesma Província que não enfrentam esse problema. Há razões bas-tantes que nos levam a avançar estas premissas:

temos um povo trabalhador e dedicado, mas que nem sem-pre tem as oportunidades para tirar maior proveito na ca-deia da produção até à comercialização;

temos terras férteis, a maioria das quais entregues ao ca-pim, árvores e lianas;

temos baixas, que nalguns casos são apenas viveiros de mos-quitos, transmissores da malária às nossas comunidades;

temos uma flora, fauna e subsolo ricos. Porém, como se cos-tuma dizer, usamos esse diamante apenas para afiar a cata-na; por outro lado,

as águas das chuvas que caem das casas e as que pelas es-tradas escorrem, não são retidas para uso posterior, para o consumo humano, abeberramento de gado e irrigação. Por isso, essas águas pluviais são, por vezes, causas da erosão que periga a vida de pessoas e bens.

Para além disso, sem iniciativas contingenciais de vulto, enquanto não encontramos soluções estruturais para o aproveitamento dos caudais dos rios, ficamos totalmente dependentes dos caprichos da natureza. Daí resulta que:

quando não chove, imploramos pelo socorro às vítimas da seca e da fome,

quando chove, o apelo é para as vítimas das inundações.

Somos nós, aqui nesta sala, que temos a responsabilidade de rever-ter esta situação que mantém um Povo inteiro de mão estendida!

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Nós somos um Povo com uma história brilhante e uma tradição de trabalho árduo;

viver de mão estendida não dignifica esse nosso heróico passado nem a nossa atitude perante o trabalho.

viver de mão estendida carcome a nossa auto-estima e o orgulho de sermos detentores dos nossos próprios des-tinos.

Nesta sessão iremos também reflectir sobre as formas de ocupar, produtivamente, mais moçambicanos para assim participarem na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

Neste processo iremos, igualmente, abordar as formas de como aumentar a cobrança de impostos para que mais Moçambicanos e instituições contribuam para esta nossa agenda. Cada um dos par-ticipantes tem uma responsabilidade sobre estes desafios.

Podemos ser mais criativos na atracção e exploração das oportunidades de investimentos e da disponibilidade de no-vos serviços, produtos e infra-estruturas.

Nós podemos ser mais criativos na maximização das van-tagens comparativas que se apresentam em cada uma das parcelas deste nosso belo e rico Moçambique.

Nós podemos providenciar:

o comida em quantidade e qualidade;

o habitação com materiais locais mais duradouros;

o Estradas pavimentadas e pontes com os recursos à nossa volta.

Reconhecemos, porém, que criar mais oportunidades para traba-lho, para produzir mais comida, constitui uma batalha comple-xa que exige firmeza e perseverança. Reconhecemos, ao mesmo tempo que, em última instância, nós e só nós, é que temos essa responsabilidade:

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

não se governa para resolver problemas simples;

não se governa, com sucesso, se não se tem a clareza da missão;

não se alcançam os objectivos que ansiamos sem o espírito de auto-confiança, entrega total e luta permanente.

Apraz-nos notar que cada um dos presentes traz consigo uma va-liosa experiência a partilhar sobre o nosso tema. Cada um dos pre-sentes tem uma história a contar sobre como tem estado a liderar o seu sector e a promover a mobilização popular para a produção da riqueza nacional. É pois, justificada a nossa expectativa de que desta Sessão saiam as principais nervuras que irão orientar a nossa acção para resultados de maior impacto dentro dos distritos, os pólos do nosso desenvolvimento.

Queremos deixar uma palavra de saudação e de apreço aos nossos parceiros de cooperação internacional pelo apoio multifacetado que têm assegurado ao nosso País. A sua valiosa contribuição tem jogado um papel importante para a materialização do Programa Quinquenal do Governo e do PARPA II, seu instrumento de imple-mentação. Gostaríamos de terminar reiterando as nossas boas vin-das a todos os participantes a esta Sessão, em particular aos Ad-ministradores e aos Directores Distritais de Agricultura que nela participam pela primeira vez.

Com estas palavras, temos a honra de declarar aberta a Décima Nona Sessão Ordinária do Conselho de Ministros Alargada a outros quadros.

Muito Obrigado pela vossa atenção!

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Parque Transfronteiriço do

Grande Limpopo:

Um modelo de geometria variável rumo à integração

regional34

Hoje é um dia histórico para Moçambique, para a África do Sul e para o Zimbabwe. Hoje é um dia memorável para a SADC e para a União Africana. Hoje estão em festa os amantes da natureza e todos aqueles que, como nós, lutam por legar para as gerações vin-douras um mundo onde o homem e a natureza estão em constante harmonia.

O entrelace dos parques nacionais do Limpopo, do Kruger e do Gonarezhou, que esta cerimónia marca, sublinha uma vez mais, que a nossa luta contra a dominação colonial e racial tinha em vista a construção da paz e o desenvolvimento dos nossos povos. Foi no contexto da criação desse bem-estar que os governos dos nossos três países idealizaram, no longínquo ano de 1997, o pro-jecto transfronteiriço, visando converter vastos ecossistemas se-melhantes, de que somos dotados, em áreas protegidas comuns, providas de uma gestão técnica conjunta. Na prossecução deste nobre objectivo foi assinado, em Dezembro de 2002, em Xai-Xai, capital desta Província de Gaza, o Tratado Internacional para o es-tabelecimento do Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo que hoje temos a honra e o privilégio de inaugurar.

Desde logo, este projecto granjeou a simpatia de vários profissio-nais ligados ao sector de conservação e preservação da natureza. 34Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na inauguração do Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo e do Posto

de Acesso de Giriyondo. Giriyondo, 16 de Agosto de 2006.

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O Parque tornou-se, igualmente, numa referência internacional de relevo. Por isso, as experiências que aqui ocorrem, têm sido leva-das para outros quadrantes do Mundo, como exemplos a emular.

*****A abertura formal destas infra-estruturas cria as necessárias condi-ções para que a fauna e a flora deste vasto ecossistema, voltem a ocupar o lugar de destaque, quer como dinamizadoras e geradoras de riqueza, quer ainda, como elementos vitais no restabelecimen-to de processos ecológicos. Com este acto solene, retornamos à natureza os aspectos vitais que ela precisa para assumir um lugar de maior evidência na nova etapa de luta pela prosperidade e pro-gresso dos nossos povos.

A confraternização que culmina com o cerimonial que temos esta-do a testemunhar, aqui em Giriyondo, desde o princípio desta ma-nhã, prenuncia uma nova era na vida desta zona. Esta será uma era caracterizada pela exploração conjunta da nossa rica biodiversida-de, para o impulsionamento do desenvolvimento dos nossos países.

Este feito singular grava com letras de ouro uma página importante na história da nossa cooperação regional, com particular ênfase para a preservação do meio ambiente através da exploração sus-tentável da nossa rica biodiversidade. Traduz ainda o nosso com-promisso em promover a nossa irmandade, amizade e cooperação que nos impelem à contínua busca de complementaridade, no con-texto da geometria variável, rumo à integração regional e conti-nental.

*****A aposta no desenvolvimento do turismo é também uma das formas de expressão e reforço da nossa auto-estima, do orgulho de sermos africanos e de termos um contributo a dar ao resto da Humanidade. Estamos, deste modo, firmes no desafio de assegurar a continuida-de e sobrevivência das espécies, num momento em que a biodiver-sidade representa uma nova oportunidade de desenvolvimento. No estrito reconhecimento de que os nossos povos são os primeiros e últimos beneficiários do nosso trabalho, continuaremos a aprofun-dar os mecanismos da nossa coordenação, para melhor usufruirmos mutuamente das potencialidades que o presente empreendimento

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regional nos oferece. O combate contra a pobreza em cada um dos nossos países espera deste desafio, implantado aqui neste Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo, as respostas acertadas que contribuam para empurrar cada vez mais e sem recuo este flagelo. As oportunidades de emprego, que os serviços por prestar à acti-vidade turística irão criar, são diversas e se encontram ao alcance dos cidadãos dos nossos países. Nessa perspectiva, convidamo-los a porem em prática o seu empreendedorismo e a sua criatividade para identificar e explorar essas oportunidades.

*****As comunidades locais que residem na bacia do rio Shingwedzi, no interior do espaço do Parque Transfronteiriço do Limpopo, neces-sitam de lidar, ainda, com o processo de reassentamento. O nosso Governo tem se engajado na busca de formas sustentáveis para fazer face a este desafio tendo sempre presente a importância da conservação da biodiversidade, vista como um recurso vital para a melhoria das condições de vida da própria população.

Gostaríamos de vos recordar que esta é uma das zonas mais áridas de Moçambique. Falta água, chove pouco e os solos são pobres para a agricultura. Estas debilidades fazem desta região, uma área de constante preocupação para o nosso Governo. Por isso, estamos convictos que a conservação e o turismo serão alternativas acer-tadas e sustentáveis para o desenvolvimento desta região e para o alívio do sofrimento dos nossos compatriotas.

São alternativas que materializam, igualmente, um dos pressupos-tos do Plano Estratégico do Turismo, ligando a selva à praia e ofe-recendo aos turistas grandes oportunidades de lazer. Oferece, ao mesmo tempo, a oportunidade de convivência entre os turistas e as comunidades locais, abrindo-as para que o mundo as conheça na vida real com a sua cultura, as suas raízes, as suas lendas e os seus mitos.

*****A nossa presença, simbolicamente simultânea nas terras de Mo-çambique, da África do Sul e do Zimbabwe, foi possível mercê dos esforços pessoais de determinadas personalidades, a quem as-sim enaltecemos. De entre elas destaque vai para o papel desem-

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penhado pelo nosso antecessor, Sua Excelência Joaquim Alberto Chissano, que com os Presidentes Robert Mugabe e Thabo Mbeki souberam ler e lançar os mecanismos para a exploração das opor-tunidades que a cooperação nesta área abria. Enaltecemos, igual-mente, a contribuição incomensurável dada pelo Presidente Nelson Mandela e pelos malogrados Príncipe Bernard, da Holanda, e Anton Rupert, da África do Sul. Mandela, Bernard e Rupert constituem os patronos deste e de outros parques da nossa região e com eles se fez a forja que transformou o turismo numa actividade prioritária para o desenvolvimento económico dos nossos países.

Eles deram-nos os impulsos e nós avançamos. Decididamente. Os sucessos até hoje alcançados na materialização deste projecto são encorajadores e impelem-nos a prosseguir. Estamos conscientes do longo e árduo caminho ainda por trilhar. Porém, na nossa experiên-cia política já passamos por dificuldades de maior vulto. Logramos vencer porque nos unimos à volta do mesmo ideal. Nestes desafios que abraçamos, também venceremos, porque partilhamos a mes-ma visão e reconhecemos o valor da nossa contribuição à causa ambiental global.

A terminar, queremos deixar registado o nosso apreço pelo apoio dos nossos parceiros de cooperação com destaque para a Agência Francesa de Desenvolvimento, o Banco Alemão de Desenvolvimen-to, o Banco Mundial, a Fundação dos Parques da Paz, o Fundo In-ternacional para a Conservação da Natureza e a USAID. Deixamos, igualmente, expressa a nossa saudação pelo empenho e profissio-nalismo de todos quantos têm estado envolvidos na implantação deste grande projecto regional. Por isso, gostaríamos de convidar a todos os presentes para um brinde:

à prosperidade do Parque Transfronteiriço do Limpopo;

à cooperação e integração regional; e

à Paz e solidariedade entre os Povos e Nações.

Muito Obrigado pela vossa tenção.

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Sincronia entre o conhecimento local

e a formação-técnico-profissional:

Factor catalisador de um desenvolvimento nacional

reflectido, sustentável e endógeno35

É com muita satisfação que nos fazemos hoje, aqui presentes, a esta cerimónia de lançamento do Programa Integrado da Reforma da Educação Profissional (PIREP). O lançamento do PIREP constitui um marco importante de celebração do nosso compromisso, como Governo, com a auto-superação constante, tendo sempre, no centro das nossas atenções, os interesses de Moçambique e do seu brioso Povo. O passo qualitativo que hoje a educação profissional dá, funda-se e inspira-se em todo o manancial de experiências e saberes que fomos acumulando ao longo de décadas de implementação e adequação deste ramo de ensino às necessidades do desenvolvimento económico e social da nossa Pátria Amada. Foi sintetizando, no presente, as experiências desse passado, que melhor visualizámos o futuro que queremos construir na educação profissional, no contexto do Programa Quinquenal do Governo e da nossa Agenda Nacional de Luta Contra a Pobreza. Gostaríamos de saudar a presença de tão distintas personalidades, provenientes de tão diversos sectores de actividade e áreas do saber. Gostaría-mos, igualmente, de reiterar o nosso desejo de querer continuar a contar com a vossa participação, colaboração e envolvimento, na construção de uma educação técnico-profissional que responda aos desafios do presente e do futuro.

35Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião do Lançamento do Programa Integrado da Reforma da Educação

Profissional (PIREP). Maputo, 4 de Setembro de 2006.

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*****

O Programa que temos a honra de hoje lançar, privilegia a flexi-bilidade, a polivalência, a auto-gestão e a formação para a vida, baseada em padrões de competências. Trata-se de um programa que tem por objectivo, criar as condições mais adequadas para a habilitação dos graduados, com as necessárias ferramentas meto-dológicas para a exploração dos mais variados recursos de que o nosso Moçambique é dotado.

Tem, igualmente, em vista estabelecer um novo paradigma de educação profissional, com maior relevância para a nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza e com potencial para promover o desenvolvimento acelerado e sustentável desta Pérola do Índico.

No contexto da nossa Governação aberta e inclusiva, o PIREP pre-coniza uma ampla participação dos parceiros sociais, designada-mente, dos empregadores, dos sindicatos e outras organizações da sociedade civil relevantes. Deste seu envolvimento, podemos derivar mais sinergias para um ensino que aposta em trazer bene-fícios mais directos aos programas de combate contra a pobreza e de criação de riqueza, em todos os sectores. Subjacente a todo este esforço de reformas, está a formação integral do homem, para torná-lo mais útil a si próprio e à sociedade. Além de formar empregados competentes, queremos que a nossa educação profis-sional também coloque no mercado homens e mulheres capazes de participar na produção de riqueza e gerar, continuamente, novos empregos para outros moçambicanos.

Queremos uma educação profissional que habilite os graduados a aplicarem os seus conhecimentos para extrair e transformar os re-cursos à sua volta em seu benefício.

Queremos uma educação que habilite os graduados a aplicarem os seus conhecimentos para oferecer a terceiros, um produto útil, apreciável e valioso que seja fruto do seu labor e suor. Com este modelo abrangente de formação para a vida, é nossa expectativa que os programas de ensino, nas nossas instituições, sirvam de pla-

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taformas para transformar em riqueza, os imensos e diversificados recursos, ainda por explorar, existentes em cada parcela deste nos-so belo Moçambique. Neste novo paradigma, o Governo pretende promover a formação ao longo da vida, num mercado de trabalho em que as mudanças constituem a norma e não a excepção.

Com a introdução de um sistema de formação modular, com certi-ficação para cursos de duração diversa, as competências profissio-nais podem, igualmente, ser adquiridas de forma complementar, quer numa instituição de formação formal, quer fora dela. Deste modo, a formação modular introduz maior flexibilidade para que a educação técnico-profissional responda às necessidades especí-ficas das comunidades onde as instituições de ensino estejam im-plantadas. Por exemplo:

onde temos florestas, as nossas instituições de formação de-vem ter em atenção este recurso, ocupando-se da formação de quadros tecnicamente preparados para a gestão ambien-tal, ou para o eco-turismo, ou ainda para a carpintaria só para fazermos referência a algumas áreas;

onde temos condições para a pesca e piscicultura, as nossas escolas técnicas e os nossos centros de formação devem ter em atenção este potencial, formando quadros nas áreas de construção e utilização de redes, barcos e outros equipa-mentos de pesca, bem assim na transformação e conserva-ção de pescado.

*****

Para o sucesso de todo o exercício de reforma, o factor humano irá desempenhar um papel determinante. Deste modo, atenção especial deverá ser dada à necessidade de mudanças de atitude e de comportamento por parte dos docentes, dos alunos e de toda a sociedade. Quer os alunos quer os docentes devem ser desafiados a adoptarem e a exercitarem uma prática pedagógica que lhes enco-raje a sair das fronteiras das salas de aulas para ir buscar o conhe-cimento onde ele está sendo aplicado, na realidade, no dia a dia.

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Para o sucesso nesta missão, os docentes e os alunos devem to-mar o conhecimento milenar dessa comunidade como referência e assegurar a sincronia dessas experiências com os saberes técni-cos e científicos adquiridos na instituição. Isto não só vai empres-tar maior pertinência e impacto da instituição de formação na comunidade como também vai impulsionar um desenvolvimento reflectido, sustentável e endógeno. A sociedade, por seu turno, deve-se preparar para uma maior valorização do que cada um sabe fazer e produzir, com os seus conhecimentos, sem olhar para a forma como esses saberes ou habilidades foram adquiridos. Deve estar ainda preparada para encarar o ensino profissional como seu e como tendo em vista contribuir para a sua maior relevância no combate que travamos contra a pobreza. Por isso, as mudanças de atitude e comportamento que preconizamos no âmbito do PIREP exigem muita troca de experiência, vontade de aprendizagem mú-tua, colaboração e envolvimento de todos os actores.

Temos que ter também presente que o HIV/SIDA afecta tanto a mão-de-obra qualificada envolvida na actividade produtiva como aquela responsável pelo desenvolvimento do sistema de educação profissional. Tendo em atenção este perigo, o PIREP deve contem-plar acções de prevenção e combate desta pandemia, contando com o envolvimento dos professores, dos alunos e da comunidade.

A terminar, gostaríamos de louvar o envolvimento e a contribuição de todos os parceiros do Governo no processo da concepção deste programa, bem como na sua implementação.

Os resultados até aqui alcançados demonstram que juntos pode-mos fazer mais e melhor por este Moçambique e pelo seu maravi-lhoso Povo.

Com estas palavras, temos a honra de declarar lançado o Programa Integrado da Reforma da Educação Profissional.

Muito Obrigado Pela vossa atenção!

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A luta contra a pobreza:

A missão dos moçambicanos com impacto em toda

a nossa Pátria Amada36

É para nós motivo de muita satisfação iniciar a quinta edição da nossa Presidência Aberta e Inclusiva à Província de Sofala com esta cerimónia de inauguração deste empreendimento hoteleiro, que assim se junta aos outros marcos da nossa vitória na luta contra a pobreza que vamos implantando nesta Pérola do Índico. Este marco ilustra como estamos a vencer a pobreza neste nosso rico Moçambique e reinvegora-nos e

inspira-nos para persistirmos nesta caminhada;

convoca cada um de nós a fazer a sua parte nesta luta; e

adensa a nossa certeza de que a pobreza, apesar de ser cruel tem fragilidades e, por isso, pode ser vencida.

Este empreendimento tem a grata vantagem de gerar postos de trabalho e, consequentemente, de providenciar renda a moçam-bicanos que podem assim diversificar as fontes dos recursos para o seu sustento e dos seus dependentes. A Cidade da Beira também sai a ganhar, por passar a contar com mais um estabelecimento hoteleiro que alarga as ofertas de alojamento aos visitantes desta bela cidade, incluindo turistas, homens de negócio e funcionários públicos. Alarga, igualmente, o leque de opções de acolhimento de eventos de diversa índole.

36Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, na cerimónia de inauguração do Hotel VIP. Beira, 28 de Julho de 2009.

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O investimento em infra-estruturas, incluindo as hoteleiras, propi-cia a tradução do nosso potencial turístico em riqueza. Somos um povo hospitaleiro, sempre com um sorriso espontâneo, renovável e contagiante. A nossa culinária, diversidade cultural e artística jun-tam-se a essas nossas virtudes para fazer quem nos visita sentir-se bem e muito bem acolhido entre nós. A nossa Pátria Amada está dotada de recursos diversos, incluindo uma exuberante flora e uma fauna onde despontam os big five e as condições para o turismo cinegético.

Estrategicamente localizada ao longo dos mais de 2 700 quilóme-tros da nossa costa, a Cidade da Beira proporciona uma das raras experiências no mundo mas que é disponível em Moçambique. Tra-ta-se da ligação entre o turismo de praia, incluindo pesca despor-tiva, e o turismo cinegético, por exemplo, no Parque Nacional da Gorongosa.

Tendo este nosso potencial em presença, gostaríamos de encorajar mais investidores a apostarem neste sector, aproveitando as van-tagens comparativas e competitivas que oferecemos e o ambiente de negócios que com o sector privado temos estado a melhorar. Para além das condições similares a outros cantos deste nosso belo Moçambique, a Cidade da Beira localiza-se num dos importantes corredores de desenvolvimento e é porta de entrada para muitos homens e mercadorias de e para os países do interior.

*****

A inauguração deste empreendimento hoteleiro deve ser vista no quadro da luta contra a pobreza que travamos em Moçambique, uma luta que, como um Povo, abraçamo-la com muito entusiasmo, abnegação e sentido de Pátria e missão, sempre inspirados na nos-sa auto-estima, História e feitos, particularmente das vitórias do passado, como foi:

a conquista da nossa Independência nacional;

a defesa da nossa soberania; e

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o resgate da Paz.

Apraz-nos notar que a Cidade da Beira tem também estado a par-ticipar e a beneficiar do nosso empenho e desempenho colectivo, como Nação, liderados pelo nosso Governo. Alguns destes resulta-dos desta nossa luta contra a pobreza já são visíveis. Damos apenas alguns exemplos:

Até 2004 a Cidade da Beira sofria de sérios problemas de abastecimento de água que na melhor das hipóteses era de meras 8 horas e no tempo seco, por causa da intrusão salina na estacão de captação os problemas eram muito sérios. Com um investimento de 22 milhões de dólares em 2004, foi possível a construção de uma nova Estacão de Captação no Rio Pungué e instalada uma nova adutora da Captação à Estação de Tratamento de Água de Mutua, bem como a cons-trução de um novo Centro Distribuidor no Dondo e, a reabi-litação dos Centros Distribuidores da Manga e da Munhava e a reabilitação e expansão da rede de distribuição de água numa extensão de 127 km, incluindo as áreas da população de baixa renda. Hoje, passamos das crises do passado para um abastecimento de água de 24 horas por dia. Disto resulta uma cobertura de 60% da população das duas cidades, resul-tados que nos animam a prosseguir com as nossas acções de luta contra a pobreza nesta área;

o estabelecimento de seis instituições de ensino superior, entre públicas e privadas, coloca esta Cidade ao lado de Nampula, como as duas cidades, depois de Maputo, de maior concentração de instituições deste nível de ensino;

as obras de saneamento da cidade Beira são de grande di-mensão, talvez as maiores do género desde a Independência Nacional. Só para termos a dimensão do projecto basta di-zer que ele está orçado em 62 milhões de euros contra os 70 milhões que custou a ponto sobre o Rio Zambeze;

também no horizonte se vislumbram outros marcos da nossa luta contra a pobreza. De entre eles destaque vai para:

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o a reabilitação da linha férrea de Sena, uma infra-es-trutura que vai trazer milhões de toneladas de car-vão, açúcar e calcário, entre outras mercadorias para manuseamento através do Porto da Beira que, entre-tanto, depois da draga Alcântara Santos que recebeu em Julho de 2007, vai receber mais investimentos de vulto. Estes investimentos e o movimento de carga que a linha vai gerar têm o potencial de criar muitos postos de trabalho e contribuir para uma maior dina-mização da vida económica e social da cidade indu-zindo maior expressão ao transporte intermodal na cidade e arredores. Trata-se do sistema que integra o transporte marítimo que envolve a nossa empresa pública, o terrestre e o aéreo;

na construção da terminal internacional de transportes ro-doviários;

o acesso do município da Beira aos fundos de compensação autárquica reforça a capacidade local de investir na cons-trução e manutenção de infra-estruturas.

Apraz-nos, assim notar, que a Cidade da Beira, como outros pontos desta Pátria de Heróis, tem, sob a direcção do nosso Governo, es-tado a registar importantes marcos na sua luta contra a pobreza. Queremos, uma vez mais saudar o Grupo VIP Hotéis por estar a fazer a sua parte nesta luta, desejando, desde já muitos sucessos para este empreendimento. Que mais empresários invistam nesta Cidade e noutros pontos desta Pérola do Índico.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Medicina curativa:

Seu lugar na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza37

Permitam-nos que comecemos por saudar o Instituto do Coração pela passagem do Quinto aniversário da sua criação. A celebração de um aniversário constitui-se numa oportunidade para se avaliar o percurso trilhado, aquilatarem-se os desafios do momento e pro-jectarem-se as soluções do futuro. A apresentação que nos foi feita e as explicações que fomos recebendo ao longo da visita às insta-lações deste Instituto reflectiram esta abordagem. Ficou claro que os resultados que se podem exibir hoje foram conseguidos graças à entrega e dedicação do pessoal médico e auxiliar, bem como das parcerias estabelecidas com o sector público e com organizações não-governamentais congéneres. Ficou, igualmente, reflectida na apresentação a aposta na mudança e na busca de crescente quali-dade, expansão e prontidão dos serviços.

Reflectidos também ficaram os desafios que se colocam no presen-te, de entre eles, a formação de mais pessoal moçambicano.

*****

A instalação desta unidade hospitalar e de investigação demonstra, quanto a nós, quão possível é fazer-se o uso de tecnologias de pon-ta na área da saúde, mesmo num país em desenvolvimento, como o nosso. Como pudemos testemunhar na apresentação, as doenças e complicações cardiovasculares, também se registam em países em vias de desenvolvimento.

37Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, no Instituto do Coração. Maputo, 5 de Outubro de 2006.

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Por isso, a criação de capacidade humana e técnica para lidar com estas doenças enquadra-se nos esforços de melhoria do estado de saúde da população e sua prontidão para a luta contra a pobreza.

Para o nosso caso, estes esforços, incluindo os que estão sendo desenvolvidos pelo sector público, enquadram-se pois, na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

A instalação desta unidade demonstra, por outro lado, que inspi-rados pela consciência de pertencerem à mesma Humanidade, os homens e mulheres dos países desenvolvidos e em vias de desen-volvimento podem construir pontes de fraternidade e solidarieda-de. É através destas pontes que a transferência de tecnologias e saberes pode fluir e o esforço de todos na construção de um mundo melhor pode ganhar maior significado e relevância.

Ficamos sensibilizados pelo papel humanitário que esta instituição desenvolve. Com efeito, notámos na apresentação, como o Institu-to do Coração tem estado a envidar esforços para ajudar a resolver ou a minimizar o sofrimento de moçambicanos carenciados, agra-ciando-lhes com a sorte de terem uma oportunidade de tratamento e com a esperança de poderem regressar sãos ao convívio familiar.

Isto é possível graças aos meios sofisticados de diagnóstico e trata-mento de que o Instituto dispõe e mercê das parcerias internacio-nais a que esta unidade hospitalar pode recorrer.

*****

Um dos desafios que o Instituto se coloca a si próprio, no presente, prende-se com a formação de mais pessoal médico moçambicano especializado.

Saudamos esta prioridade pois, vai permitir que as actividades mé-dicas do Instituto se possam realizar todos os dias, durante todo o dia. Vai, igualmente, permitir atender ao desafio que é colocado pela necessidade de aproximação destes serviços aos cidadãos nos distritos, a nossa grande prioridade nacional. Gostaríamos, igual-mente, de saudar a relação que esta instituição estabelece com o sector público de formação. É nossa expectativa que esta cola-

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boração seja reforçada e consolidada não só com as instituições de formação mas também com as diversas instituições do Serviço Nacional de Saúde.

Permitam-nos que aproveitemos esta oportunidade para endere-çar as nossas calorosas saudações aos parceiros que têm prestado o seu apoio a este Instituto. Contamos com a sua prestação na criação de condições, por um lado, de auto-sustentabilidade, de extensão e diversificação das actividades deste Instituto, parceiro do nosso Governo. Por outro, na continuação e expansão da sua acção humanitária, por forma a beneficiar mais compatriotas nos-sos que sofrem sem soluções para as suas complicações ou doenças cardiovasculares.

Por aquilo que vimos e ouvimos, gostaríamos de reiterar a nossa saudação a esta parceria e o seu papel na investigação e na dispo-nibilidade de mais pessoal e serviços em mais parcelas desta nossa Pátria Amada.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Biodiversidade:

Por uma nova arquitectura paradigmática para a

sua gestão38

O acto que acabámos de testemunhar simboliza o soerguer de um dos marcos mais importantes do turismo em Moçambique: o Parque Nacional da Gorongosa. Acima de tudo, este acto cristaliza o nos-so empenho em fazer das áreas de conservação, vectores da luta contra a pobreza e pelo desenvolvimento desta Pérola do Índico.

A celebração deste contrato de gestão conjunta tem lugar numa altura em que aumenta o interesse do turismo internacional por Moçambique, demonstrado:

pelo crescimento dos números de chegadas;

pelo crescente investimento nesta área; e

pela busca de rotas para o fluxo turístico que a realiza-ção do CAN 2010, em Angola, e do Mundial de Futebol, na África do Sul, vão gerar.

Trazemos à atenção dos presentes que há cerca de quatro semanas, a Nação Moçambicana festejou, de forma efusiva, a admissão de Pemba, a maior Baía de África, no Clube das Baías mais Belas do Mundo.

38Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da assinatura do acordo de Gestão Conjunta do Parque Nacional

da Gorongosa. Gorongosa, 24 de Junho de 2008.

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Este acontecimento e o de hoje demonstram quão diversificadas sãos as nossas ofertas ao turismo nacional e estrangeiro, revelando ainda a nossa abertura para que delas a Humanidade inteira des-frute.

A cerimónia que aqui nos reúne representa, igualmente, o nos-so compromisso na conservação e valorização da biodiversidade de que somos herdeiros dos nossos antepassados e a nossa inque-brantável determinação de usá-la, de forma sustentável, tendo em atenção que gerações vindouras de moçambicanos dela também quererão desfrutar e aplicá-la no seu bem-estar. O Parque Nacional da Gorongosa detém um rico ecossistema, que com as mudanças climáticas, à escala planetária, tem cada vez menos concorrentes. É deste sistema ecológico que dependem as nossas comunidades no desenvolvimento das suas actividades económicas, sociais e culturais. É também dele que os turistas nacionais e estrangeiros esperam, com muita avidez, experiências únicas de observação e desfrute da natureza.

A conservação dos ecossistemas, da diversidade biológica e dos re-cursos naturais nas áreas protegidas não é, por isso, um fim em si.

Daí que tenhamos adoptado uma visão mais ecléctica, em que es-tas áreas e as espécies faunísticas e de flora aí existentes sirvam o desenvolvimento sócio-económico da nossa Pátria Amada e não coloquem a vida e o bem-estar dos moçambicanos, em segundo plano. Estimamos que mais de 120 mil moçambicanos vivem nas áreas protegidas no nosso solo pátrio. No quadro da valorização dos moçambicanos que vivem no interior ou nas zonas tampão des-sas áreas, abraçamos um novo paradigma de parceria que passa pela gestão participativa destes recursos. Deste modo, os nossos compatriotas têm a oportunidade de tirar maiores benefícios das actividades turísticas nessas zonas, assumindo um papel de parceiros estratégicos nesses empreendimentos o que resulta na integração, de forma equitativa, dos interesses das comunidades locais, do sector privado e do Estado.

Nesta nova arquitectura paradigmática se alicerça o desenvolvi-mento sustentável e o nosso declarado princípio segundo o qual,

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em caso de conflito entre o homem e a fauna bravia defendere-mos, em primeiro lugar, o homem, os moçambicanos.

Para nós, a fauna bravia, como a flora e os outros recursos de que dispomos, servem para beneficiar os moçambicanos e o desenvol-vimento de Moçambique e da Humanidade inteira.

*****

Informados pela arquitectura paradigmática que serve de orienta-ção da nossa acção governativa na gestão de ecossistemas, exorta-mos aos signatários deste acordo a enveredarem pela consolidação de uma relação simbiótica entre os conhecimentos científicos e os saberes e experiências milenares do nosso maravilhoso Povo nesta área. Esta forma de agir e de estar vai contribuir para a elevação da auto-estima do nosso Povo para continuar a sentir-se dono dos seus recursos e a alimentar o seu orgulho de que está a dar uma contribuição efectiva ao resto da Humanidade.

Nesta parceria multidisciplinar, continuemos a buscar soluções para assegurar que a Serra da Gorongosa, parte integrante deste ecossistema, seja protegida da erosão. Isto passa, necessariamen-te, pela substituição, em cooperação com as comunidades, das actuais actividades económicas na Serra por outras que não degra-dem os solos e a biodiversidade, assegurando-se, porém, que se continue a produzir comida e bens em quantidade e qualidade ne-cessárias, até para abastecer o próprio Parque. Passa, igualmente, pela continuação do programa de reposição de espécies florestais na Serra tais como a Umbila, Panga-panga e Chanfuta com a par-ticipação comunitária, especialmente dos alunos que devem ter a sua árvore e apoiados no seu tratamento. Para nós, a Serra da Gorongosa deve continuar a ser a fonte renovável de água limpa que alimenta o Parque, as culturas das comunidades, o seu gado e outras actividades económicas em volta.

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Em 2005, lançámos a todos os moçambicanos o repto de produzi-rem mais comida para consumo próprio e para o abastecimento

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dos mercados. A resposta tem sido positiva, quer em termos de rendimento, por hectare, quer em termos de expansão das áreas de cultivo.

A presente crise de alimentos, à escala planetária, trouxe, todavia, à superfície um problema que convive connosco há muitos anos.

Temos, em Moçambique a tendência de oferecer aos nossos visi-tantes o que não produzimos e de produzir o que deles ocultamos, revelando, em certos casos, alguma falta de orgulho pela nossa cultura, arte, pratos típicos e iguarias diversas.

Damos alguns exemplos ilustrativos:

esforçamo-nos por oferecer ao nosso visitante música es-trangeira negando-lhe a oportunidade de se deleitar com as vozes e os ritmos da nossa terra;

não temos dinheiro para presentear um nosso hóspede com uma obra de arte tirada de uma galeria de renome no mun-do mas nem sempre aceitamos brindarmo-nos com o prazer de lhe oferecer um produto artístico esculpido, pintado ou tecido por mãos dextras dos nossos compatriotas;

sentimos, por vezes, algum embaraço por não ter maçã ou uva para sobremesa mas nem sempre nos damos conta de que, longe do olhar do nosso hóspede, saboreamos frutos silvestres pelos quais ele certamente nos ficaria grato se com ele partilhássemos;

Moçambique, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo, está recheado de pratos típicos apetitosos;

contudo, como a nossa música, eles continuam a definir-se como excepção e não como a regra nos nossos restaurantes, hotéis e nas nossas companhias de transporte aéreo. A cam-panha Made in Mozambique só terá sucesso pleno, se ela fizer sentido na mente de cada um de nós, nas nossas casas e instituições como esteio e bandeira da nossa auto-estima. Temos, pois, que galgar essa montanha de preconceitos e

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complexos, uma montanha talvez mais alta que a Serra da Gorongosa, para partilharmos, muito mais ainda, a nossa culinária, arte e cultura com os nossos hóspedes. Assim, dei-xaremos vincado que Moçambique não oferece apenas peixe e camarão.

Que cada canto desta bela Pátria é um encanto memorável.

O consumo da produção nacional vai abrir portas para o aumento dessa produção e para diversificar a nossa dieta alimentar. Acima de tudo, esta mudança de atitude vai colocar mais pratos nacionais na rota do turismo nacional e internacional e demonstrar que de facto, Moçambique se define pela Unidade na Diversidade, tam-bém na culinária.

Desejamos ao Parque Nacional da Gorongosa muitos sucessos e que também seja um ponto de encontro da culinária nacional, no am-biente de rica biodiversidade que o caracteriza.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Biodiversidade e desenvolvimento

mundial sustentável:

A contribuição de Moçambique39

As questões ambientais colocam-se hoje no topo da agenda inter-nacional do desenvolvimento e, à escala planetária, adensam-se os consensos sobre a necessidade de todos trabalharmos juntos e sincronizados por um mundo melhor para todos. Nestes debates, não são apenas as preocupações com o desenvolvimento sustentá-vel que se levantam, uma vez ser um dado adquirido que as inter-venções humanas nocivas ao ambiente, feitas numa determinada região do mundo, têm impacto em todo o nosso planeta. Nesses debates são, acima de tudo, as questões ligadas ao desenvolvimen-to endógeno, as questões que se prendem com a necessidade de se ter o Homem como ponto de partida e de chegada desse desenvol-vimento que geram as reflexões mais acaloradas.

Temos estado a acompanhar, com crescente preocupação, à ocor-rência de eventos climatéricos extremos no mundo e no nosso Mo-çambique, em particular. Estes fenómenos não se abatem apenas sobre os homens e mulheres do nosso planeta Terra, deixando para trás um rasto de luto e de dor. Eles abatem-se, igualmente, sobre várias vertentes da natureza e sobre os seus ecossistemas, vegetais e animais, fragilizando cada vez mais o seu potencial produtivo para o bem-estar da Humanidade. O Centro de Pesquisa Marinho e Costeiro que acabamos de inaugurar constitui-se, assim, numa das várias contribuições deste nosso Moçambique na protecção da biodiversidade para o desenvolvimento mundial sustentável.39Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, por ocasião da inauguração do Centro de Pesquisa Marinho e Costeiro.

Pemba, 30 de Abril de 2007.

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A nossa Pátria Amada é rica em diversidade biológica tanto no con-tinente como na costa e no mar:

tem uma longa linha de costa com praias de águas cristali-nas e salpicada de ilhas paradisíacas;

tem várias formações marinhas de vegetais e recifes de co-rais que contribuem para a reprodução das mais diversifica-das espécies marinhas;

as bacias hidrográficas do Rovuma, do Lúrio, do Zambeze, do Save, do Búzi, do Limpopo, do Incomati, do Maputo, en-tre outros, alimentam, com os seus sedimentos terrestres, esta riqueza da diversidade biológica da nossa costa e mar conferindo-lhe uma característica especial.

Toda esta multiplicidade de recursos e de recortes de beleza e tranquilidade sustentam uma variedade de actividades económi-cas e sociais de contributo inestimável na implementação da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Por isso, para nós, a protecção da biodiversidade é fundamental, como é fundamental a necessidade de criação de mecanismos que possam estimular uma maior produtividade desses ecossistemas e o seu uso sempre sustentável.

Neste prisma, importa que todos os utilizadores destes preciosos recursos e os seus gestores, sobretudo eles, sejam conhecedores de princípios de boas práticas e das regras a que estão sujeitos no seu contacto quer para usá-los, quer ainda para conservá-los. Assim, este Centro deverá assegurar a realização de pesquisa da diversi-dade biológica costeira e marinha para gerar os conhecimentos e saberes que contribuam para o enriquecimento das políticas, es-tratégias e programas de uso e gestão da nossa rica biodiversidade biológica. Tendo em atenção esta grandiosa missão, gostaríamos de deixar dois desafios para esta instituição.

O primeiro prende-se com a necessidade de saber mobilizar siner-gias e parcerias para um melhor aproveitamento da capacidade

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aqui instalada. O segundo desafio relaciona-se com a necessidade de se saber situar, no seu dia-a-dia, no contexto da nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Já o dissemos em várias inter-venções que a pobreza tem fragilidades e que, por isso, é vencível. Exortamos este Centro a fazer a sua parte nessa jornada épica rumo à prosperidade de Moçambique e do seu maravilhoso Povo, do Rovuma ao Maputo e do Índico ao Zumbo.

Antes de terminar, queremos endereçar uma palavra de apreço aos financiadores que acreditaram que esta seria a melhor forma de apoiar esta Pérola do Índico a resolver um dos problemas que lhe interpelam no quotidiano. Deste modo, estamos em melhores condições para aumentar e diversificar, mais ainda, a nossa con-tribuição na mitigação e resolução dos problemas ambientais que afectam toda a Humanidade.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Planificação Integrada:

Indutora de projectos turísticos sustentáveis e com

maiores benefícios para os moçambicanos40

A nossa Cidade capital, Maputo, está de parabéns porque com a inauguração da Segunda Fase do Girassol Indy Village:

eleva a sua capacidade para estender a hospitalidade mo-çambicana a mais visitantes seus;

aumenta o número de postos de trabalho para os nossos compatriotas; e

diversifica, mais ainda, as suas referências arquitectónicas.

A satisfação da Cidade de Maputo é, também, satisfação de toda a nossa Pátria Amada. Na verdade, como Nação, sairemos bene-ficiados com a riqueza que aqui se vai gerar e com os predicados que os clientes deste empreendimento hoteleiro vão, certamente, agregar ao já bom nome desta Pérola do Índico e que se irradia, no quotidiano, pelo mundo inteiro.

Saudamos o Grupo VISABEIRA por ter dado expressão à nossa Polí-tica de Turismo, através deste complexo turístico hoje inaugurado. Trata-se de uma política que preconiza como um dos princípios ba-silares, a construção e reabilitação de infra-estruturas hoteleiras e o incentivo às iniciativas do sector privado que contribuam para a crescente quantidade e qualidade das instalações e serviços turís-40Comunicação apresentada por Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da

República de Moçambique, na Cerimónia de inauguração do Girassol Indy Village. Mapu-

to, 13 de Fevereiro de 2009.

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ticos. É no quadro desta Política do Turismo que se desenvolvem os investimentos que têm dado uma crescente visibilidade ao sector na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza.

Saudamos os operadores desta área por esta contribuição e pela forma como, fazendo a sua parte, dinamizam os outros sectores da economia nacional. Com efeito e graças à valiosa contribuição deste sector:

a oferta de alojamento cresce anualmente em cerca de 7%;

a qualidade da oferta de serviços regista melhorias signifi-cativas; e

a distribuição dos investimentos turísticos tem estado a be-neficiar todo o nosso belo Moçambique, uma prova de que essas oportunidades existem em todo o nosso solo pátrio.

Esta tendência de crescimento regista-se também nas receitas do turismo internacional. Com efeito, em 2006, arrecadámos 139 mi-lhões de dólares americanos e, em 2007, colectámos 163 milhões.

Estima-se que, em 2008, tenham sido gastos, em Moçambique, por turistas estrangeiros, cerca de 185 milhões de dólares americanos.

Esta é uma clara demonstração da dimensão do turismo como fac-tor de desenvolvimento do nosso Moçambique. Por isso, apregoa-mos que este sector continue a ser explorado de forma sustentável e com benefícios de crescente visibilidade para os moçambicanos, orgulhosos herdeiros deste tesouro dos seus antepassados e seus dignos guardiões para as gerações vindouras.

É este posicionamento que informa e sustenta a prioridade que conferimos à planificação integrada, como paradigma. Acredita-mos que a planificação integrada vai criar maiores facilidades de acesso ao Direito de Uso e Aproveitamento da Terra, pelos investi-dores, e fortalecer a coordenação intra e inter-institucional. Vai, deste modo, contribuir para assegurar um desenvolvimento harmo-nioso do turismo e sincronizá-lo com os outros sectores de activi-dade social e económica em Moçambique.

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A abordagem integrada e participativa que escolhemos resultou, por exemplo, na concepção dos programas de investimentos Ân-cora e do projecto Arco Norte. Estes programas têm o potencial de atrair volumes consideráveis de investimento externo que pro-piciem a colocação de Moçambique num pedestal de renome in-ternacional. Para impulsionar mais ainda a exploração deste po-tencial turístico consideramos a formação técnico-profissional dos moçambicanos relevante, pertinente e inadiável. Saudamos, por isso, o papel do Grupo VISABEIRA na formação do capital humano e a sua abertura para a parceria com o Governo nesta área.

*****

Recorda a nossa rica tradição oral que o rinoceronte foi apenas agraciado com um único chifre, de alguma visibilidade, porque chegou tarde ao local onde estes artefactos de defesa e ataque eram distribuídos. O veado, por seu turno, obteve-os, e até em ex-cesso, porque soube posicionar-se no local da distribuição a tem-po. São imensas, diversificadas e excelentes as oportunidades que Moçambique oferece na área do turismo e de toda a indústria de hospitalidade.

Não nos vamos referir ao que a costa e o interior oferecem porque isso é já matéria de muita regularidade em revistas de especiali-dade:

talvez não tenhamos ainda imaginado as necessidades em instalações hoteleiras que o efeito combinado das pontes sobre o Rovuma e o Zambeze e os postos fronteiriços, aber-tos 24 horas, vão provocar;

talvez não tenhamos ainda contemplado as necessidades em instalações hoteleiras ao longo dos corredores de desenvol-vimento e de linhas férreas como a do Sena;

talvez não tenhamos ainda aquilatado as diferentes opor-tunidades para a indústria do turismo que se abrem com o surgimento de grandes projectos, em Tete, por exemplo;

talvez ainda não estejamos bem posicionados para explorar as oportunidades que se abrem nos distritos, no sector ho-teleiro.

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Como se o que já enumerámos fosse pouco realiza-se, próximo ano, o Mundial de Futebol na vizinha África do Sul. Queremos orientar a Aliança 2010 a iniciar a contagem decrescente rumo ao Mundial de 2010. Esta será uma das formas de nos levar a todos a tomarmos consciência de que o tempo começa a ser o nosso maior obstáculo para a exploração plena das múltiplas oportunidades que se abrem para o sector empresarial, a sociedade civil e para singulares, com a realização desta festa maior do futebol a nível planetário. De-vemo-nos unir e derivar sinergias para que quando cair o pano sintamos que valeu a pena ter um País vizinho a acolher o Mundial. Sobretudo, que valeu a pena termo-nos posicionado a tempo para explorar essas oportunidades.

*****

Reiteramos as nossas saudações ao Grupo VISABEIRA por mais este projecto. A todos os que deram a sua valiosa contribuição para transformar este sonho em realidade vai a nossa expressão de gra-tidão e de encorajamento para que esta não seja a última iniciati-va em que se envolvem. Moçambique, esta Pérola do Índico, é um mar de oportunidades turísticas ainda por explorar.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Transformar sonhos em realidade:

O papel da perserverança e da confiança nas

capacidades individuais e colectivas41

Saudamos, de forma amiga e calorosa, a todos os presentes nesta cerimónia, alusiva ao décimo aniversário da criação da Moçambi-que Capitais, que, entre outras acções de investimento, detém a maioria do capital do Moza Banco. Endereçamos uma saudação especial aos accionistas e à Administração da Moçambique Capi-tais, pela visão e ousadia que tiveram, há dez anos, de juntar, grão a grão, os recursos financeiros de que cada um dispunha para apostar neste projecto. Graças à vossa determinação de realizar esse sonho colectivo, hoje este projecto é catalogado de sucesso e enche de orgulho a família moçambicana.

Através deste projecto, demonstra-se que com trabalho abnegado, dedicação e perseverança realizamos os nossos sonhos.

Dedicamos uma saudação especial aos gestores do Banco Espírito Santo e à Geocapital por terem apostado nesta Pérola do Índico, como destino para o seu investimento e pela parceria que esta-beleceram com a Moçambique Capitais. Um dos resultados desta parceria é o Moza Banco, uma instituição financeira que, apesar de recente no panorama financeiro moçambicano, desponta com pujança para enfrentar os desafios conjunturais e estruturais que caracterizam o nosso sector financeiro.

41Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na Gala dos 10 anos do Moçambique Capitais. Maputo, 22 de Dezembro de

2011.

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Superando esses desafios, o Moza Banco cresce e contribui para a:

geração de mais postos de trabalho;

diversificação de produtos financeiros; e

para a melhoria da qualidade de serviços prestados.

Mais ainda, esta instituição financeira participa, de forma activa, no processo de bancarização da nossa economia, factor indispensá-vel na promoção da prática de poupança e de dinamização da cap-tação das poupanças dos cidadãos. Estes recursos desempenham um papel fundamental no financiamento das pequenas e médias unidades económicas na nossa Pátria Amada e no apoio a outras iniciativas empreendedoras de muitos mais compatriotas nossos.

A nossa presença neste evento tem em vista participar no brinde a este sucesso da transformação de uma ideia em projecto e de um projecto numa obra, visível e com impacto nas nossas vidas. Foi o poder magnético desse projecto e dessa obra que foram atraindo mais accionistas, que se convenceram que estavam perante algo em que poderiam acreditar e confiar. Foi nessa sequência que in-vestiram as suas poupanças, saber e energias para participarem na consolidação desta obra, desta instituição e para darem a sua valiosa contribuição para que ela continue a conquistar mais espa-ço no mercado. Esta experiência e este trajecto sui generis na sua concepção, e ímpar no seu crescimento e afirmação, revela como na conjugação de sinergias se concretizam sonhos.

Esta é uma experiência cuja réplica propomos e cuja partilha su-gerimos, particularmente, com os nossos jovens, dinâmicos, em-preendedores e desejosos de referências de sucesso nas parcerias e nos negócios.

Há um outro aspecto que nos agrada nesta parceria: é o facto de a Moçambique Capitais deter uma posição maioritária no Moza Banco. Esta realidade sublinha a capacidade dos moçambicanos de empreender e de assumir um papel de grande relevo no nosso sector económico e financeiro. Esta é uma experiência útil e um exemplo louvável e ambos demonstram que os capitais também podem ter origem moçambicana.

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Os indicadores económico-financeiros da nossa Pátria Amada es-pelham as nossas realizações e o empenho do nosso Governo em assegurar um contínuo crescimento endógeno e sustentado da nossa economia. São fortes as perspectivas de aceleração desse crescimento, a curto e a médio prazos, mercê do potencial que derivamos de importantes recursos naturais e dos investimentos em florestas que estão a ser implantadas em diversos pontos deste nosso Moçambique. Apregoamos que estas riquezas devem servir, em primeiro lugar, os moçambicanos e os seus rendimentos devem catapultar o desenvolvimento social e económico desta Pérola do Índico. Em particular, devem promover o nascimento de pólos de desenvolvimento em diferentes partes do nosso solo pátrio contri-buindo, deste modo, para um desenvolvimento harmonioso e equi-librado, no quadro da nossa estratégia de luta contra a pobreza e pelo bem-estar da Nação Moçambicana.

Importa aqui frisar, minhas senhoras e meus senhores, que esta cerimónia ocorre num momento em que a conjuntura económica e financeira internacional continua a ser caracterizada por uma persistente incerteza, decorrente dos problemas de excessiva dí-vida e défice que algumas economias da Europa enfrentam, com potencial risco de contágio generalizado, para a economia glo-bal. Apesar desta conjuntura adversa, a economia moçambicana dá mostras de resiliência à crise, com perspectivas animadoras. Continuamos a atrair investimento directo, nacional e estrangei-ro, em muitos sectores da nossa economia, com incidência para as áreas de exploração de recursos naturais, energia, transportes, turismo, agro-indústrias e sector financeiro. As nossas estimativas são de que o crescimento económico em 2011 respeitará os nossos compromissos plasmados no Plano Económico e Social do Governo e, para 2012, temos em vista assegurar um crescimento robusto e com crescente impacto na vida deste Povo muito especial, o mara-vilhoso Povo Moçambicano.

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Neste contexto, exortamos os nossos gestores públicos e privados a continuarem a pautar-se por regras de gestão criteriosa das ins-tituições e dos projectos que administram. Devem, ainda, aquila-tar e acautelar os riscos, implementando as melhores práticas de gestão que preservem e multipliquem os investimentos realizados, em benefício dos seus accionistas, do erário público e da sociedade que todos, em última instância, servimos.

Uma vez mais, endereçamos as nossas saudações aos gestores e aos colaboradores da Moçambique Capitais por terem ousado em-preender nesta epopeia que a todos nós orgulha. Fazemos votos para que continuem a desempenhar a vossa missão com brio pro-fissional e comprometidos com o desenvolvimento económico e social deste nosso belo Moçambique que todos amamos e juramos defender e fazer crescer, sempre unido e em paz e com crescente prestígio no concerto das nações.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Ponte Base Kassuende:

Uma resposta aos desafios que o crescimento

económico e social nos impõe42

A ponte está aqui!

Para os moçambicanos que não sabiam como se constrói uma pon-te, hoje guardam no seu imaginário os processos envolvidos na construção de uma infra-estrutura desta magnitude e imponência.

Este é mais um produto do nosso Governo, um governo de realiza-ções, com impacto na vida do nosso Povo muito especial. Por isso, hoje,

os munícipes de Tete e de Moatize estão em festa!

a população da Província de Tete também está em festa!

o nosso maravilhoso Povo, do Rovuma ao Maputo e do Índico até ali ao Zumbo, está igualmente em festa!

Estamos todos em festa porque os holofotes de toda a Nação Mo-çambicana estão virados para este belo torrão da nossa Pátria, Mpáduè, onde há pouco presidimos o acto de inauguração da Ponte Base Kassuende, ligando o Distrito de Moatize e a Cidade de Tete.

A Base Kassuende situa-se no Distrito de Marávia, tendo entre 1968 e 1974 servido de base logística para a Frente de Tete. Esta base foi, igualmente, estratégica para a extensão da Luta de Libertação Nacional para a então Província de Manica e Sofala, cuja frente foi aberta a 25 de Julho de 1972. 42Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na inauguração da Ponte Base Kassuende. Tete,12 de Novembro de 2014.

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Na Base Kassuende conviveram combatentes de diferentes espaços geográficos do nosso belo Moçambique unidos e determinados a levar de vencida a dominação estrangeira para que nos proclamás-semos livres e independentes.

Esta nova ponte carrega e reproduz assim, a História dessa em-blemática base e o seu papel na nossa libertação da dominação estrangeira, nossa principal agenda de então. Carrega, igualmen-te, os fundamentos da nossa agenda da actualidade, a agenda de luta contra a pobreza e pelo nosso bem-estar. Por isso, ela terá um grande impacto social e económico não só aqui em Tete e em Moatize, mas também, em outras partes do nosso Moçambique e na região.

Digno de nota é que esta ponte está projectada para acomodar o tráfego de veículos significativamente pesados e vai, deste modo, responder aos desafios que nos são impostos pelo crescimento da indústria extractiva e mineira, em particular. Para além disso, esta nova ponte vai impulsionar o corredor Cuchamano-Tete-Zóbuè, ser-vindo de âncora para a economia nacional e da dos países vizinhos, nomeadamente, Zimbabwe, Zâmbia e Malawi. Neste sentido, esta infra-estrutura vai contribuir para incrementar o desenvolvimento da Província de Tete, de modo particular e, da nossa Pátria Amada, em geral, e interligar-nos aos países da região, também em cres-cimento.

*****

A Ponte Base Kassuende integra-se numa grelha de infra-estruturas idênticas que fomos construindo ao longo desta década de gover-nação. Para além das muitas dessas infra-estruturas rodoviárias que já entraram em funcionamento, temos em previsão ou em pro-gresso outras obras, nomeadamente:

a ponte sobre o Rio Luía, no Distrito de Chifunde;

nove pontes na estrada que liga Guro, Tambara, Chemba e Sena, nas Províncias de Manica e Sofala, das quais o desta-que vai para a ponte sobre o Rio Muíra;

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Treze pontes na estrada que liga os Distritos do Ile, Gurué e Cuamba, nas Províncias da Zambézia e do Niassa;

Sete pontes na estrada Litunde-Marrupa, na Província do Niassa;

as pontes sobre os rios Incomáti, Maputo, Futi e Umbelúzi, na Província de Maputo; e

a Ponte Maputo-Ka Tembe, na Cidade de Maputo.

*****

A terminar, endereçamos palavras de apreço ao Ministério das Obras Públicas e Habitação e ao Governo da Província de Tete que lide-raram o processo de construção desta Ponte. As nossas saudações são extensivas aos munícipes das Cidades de Tete e de Moatize que se apropriaram destas obras, dando o necessário apoio a todos os que estiveram, directa ou indirectamente, ligados à sua execução.

As nossas saudações são, ainda, extensivas aos quadros, técnicos e trabalhadores que dia e noite asseguraram que passássemos de projecto para esta imponente e majestosa ponte.

Para o empreiteiro e para o fiscal da obra inscrevemos palavras de agradecimento pela sua contribuição com o seu saber e experiên-cia.

Inscrevemos palavras de gratidão ao Governo Português pelo apoio em recursos que complementaram a nossa capacidade interna para erguer esta infra-estrutura.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Segurança Rodoviária:

Um imperativo que clama pelo reforço da intervenção

de todos nós43

Acedemos ao convite para participarmos nesta Terceira Gala Na-cional da Associação Moçambicana para as Vítimas de Insegurança Rodoviária (AMVIRO), em reconhecimento do seu papel e empenho em prol da segurança rodoviária. Queremos, pois, saudar o traba-lho que têm feito ao longo destes seis anos, quer no contexto da prevenção da sinistralidade rodoviária, quer no contexto da soli-dariedade e do apoio às vítimas sobreviventes dos acidentes de viação.

*****

A frequência com que temos registado acidentes de viação no nosso País está a atingir níveis cada vez mais preocupantes. Mais preocupante ainda é o aumento do número de vítimas mortais e de cidadãos que transportam deficiências e traumas para toda a sua vida, em consequência desses acidentes. Quando os dados são anunciados, não lemos nem devemos ler esses números como me-ros dados estatísticos. Mais do que isso, consternamo-nos, e cons-ternemo-nos sempre, com as vidas humanas que essas estatísticas representam e com o peso social e económico que esses números enunciam.

São homens e mulheres que deixam de dar a sua contribui-ção na família e na sociedade.

43Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, por ocasião da 3a Gala Nacional da “AMVIRO”. Maputo, 28 de Julho de

2014.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

São bens, como viaturas e motociclos, cuja aquisição custou anos de sacrifício que são destruídos num ápice.

São infra-estruturas que muito custaram ao erário público que devem ser reconstruídas, desviando-se recursos que po-deriam ser aplicados em outros projectos.

Para a nossa Presidência definímos a Luta contra a Pobreza como a nossa missão, como a missão do nosso Povo muito especial. Na sua tradução em produtos tangíveis, apostamos, por exemplo, na construção e reabilitação de estradas e pontes que:

encurtam os tempos de viagem e melhoram a comodidade;

aumentam a longevidade dos meios de transporte; e

facilitam a ligação entre os centros de produção e os mer-cados de consumo.

Por outro lado, em resultado dos sucessos que a implementação desta agenda de luta contra a pobreza regista, constatamos, com muito agrado, que o poder de compra dos nossos compatriotas au-mentou e o seu nível de vida alcançou novos e mais altos patama-res. O aumento de veículos automóveis em circulação nas nossas estradas é consequência directa destas mudanças positivas, por todos nós saudadas.

Estes avanços tecem uma teia complexa com outros factores e fenómenos para induzirem o aumento de acidentes de viação nas nossas estradas. As primeiras versões das causas destes acidentes têm sido divulgadas pelas autoridades competentes. Para além dis-so, têm sido organizados seminários envolvendo diferentes actores e instituições que dão o próximo passo na análise das causas dos acidentes de viação em Moçambique. Por isso, estamos todos mi-nimamente informados:

sobre as causas dos acidentes;

sobre o seu impacto na sociedade; e

sobre aquilo que devemos fazer para preveni-los.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Todavia, não devemos assumir que já conhecemos, individualmen-te, todas as causas dos acidentes só porque estamos informados sobre algumas destas causas. Não devemos assumir que temos respostas completas para o fenómeno só porque participamos em alguns eventos onde esta questão foi escalpelizada. A nossa parte da resposta ganhará maior relevância e importância quando for adicionada às outras partes que os outros compatriotas dominam.

Por isso, no espírito de diálogo que nos caracteriza, como moçam-bicanos, devemos estar sempre de coração aberto e preparados para ouvir e debater outras versões, outros pontos de vista, outros factores e fenómenos por detrás da sinistralidade rodoviária. Es-tejamos todos sensibilizados pela gravidade deste problema, para esta abertura e diálogo profícuo.

Tenhamos sempre presente que no centro desta tragédia estão os utentes das vias públicas, como condutores, passageiros ou como peões, e os veículos. Por isso, é preciso que tenhamos mais respon-sabilidade ainda, por nós mesmos, pelas nossas vidas e pelas vidas de outros utentes das vias públicas e dos meios de transporte, públicos e privados.

Devemos ter presente que cada um de nós é uma das chaves que viabiliza a prevenção dos acidentes de viação. Neste contexto:

que cada condutor, cada passageiro e cada peão respeite e valorize a sua própria vida e as vidas das outras pessoas;

que cada veículo que se faça à estrada esteja em condições de circular em segurança e de não perigar a circulação, em segurança, dos outros utentes da via;

que todos aqueles que têm a missão de prevenir os aciden-tes, de garantir a segurança rodoviária e de impôr o cum-primento do código de estrada e da Lei assumam sempre o seu papel com isenção, profissionalismo e responsabilidade.

Não nos contentemos em alistar e hierarquizar as causas dos aci-dentes. Este é um passo importante mas, mais importante ainda é a materialização dessas recomendações, através dos diferentes sectores e das instituições que têm um papel nesta equação.

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As mortes nas nossas estradas, a destruição de propriedade pública e privada não devem ser veiculadas apenas, e de forma recorren-te, como meros “acidentes”. Não podemos abordar cada um dos acidentes que ocorre nas nossas estradas com respostas pré-con-cebidas e estereotipadas. Isto anestesia-nos, isto insensibiliza-nos para tomarmos uma atitude que aborde cada acidente como um caso, um caso que deve e merece ser investigado ao detalhe para se evitar que um outro acidente ocorra em circunstâncias similares e no mesmo local ou num outro local com idênticas características.

Temos que começar a divulgar os resultados dos inquéritos que realizamos, a começar pelos casos dramáticos e mediáticos de aci-dentes aparatosos, e ir abrangendo outra categoria de acidentes. Esta é mais uma forma de educar a sociedade e todos os utentes da via.

*****

Está claro, para todos nós, que a proliferação de acidentes de via-ção não tem justificação plausível. O código de estrada aconselha prudência e condução preventiva em todos os momentos e circuns-tâncias. A sinistralidade que vem semeando dor e luto na nossa Pátria Amada é um problema, sobretudo, de atitude, de mentali-dade. Neste quadro, a segurança rodoviária deve impôr-se como resultado da conjugação de acções dos vários intervenientes:

na sensibilização;

na prevenção; e

na aplicação da Lei.

As instituições públicas e privadas, a sociedade civil e o público em geral, todos nós, devemos emprestar o nosso saber, autoridade e prestígio, tendo em vista contribuir para a elevação dos níveis de segurança rodoviária. Esta é uma problemática cujos contornos a fazem merecer esta abordagem multi-sectorial onde cada um de nós faz a sua parte.

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Queremos saudar, neste contexto, uma vez mais, o trabalho que tem estado a ser desenvolvido pela AMVIRO, na advocacia pela segurança rodoviária e na solidariedade e assistência às vítimas da sinistralidade rodoviária.

A terminar, endereçamos uma saudação especial ao nosso compa-triota Dom Dinis Sengulane, hoje distinguido, e a todos os interve-nientes, pelo seu papel na prevenção da sinistralidade rodoviária e no amparo às vítimas deste triste fenómeno. Garantir segurança rodoviária é uma forma de valorizar os avanços que temos estado a registar na luta contra a pobreza e pelo nosso bem-estar. Todavia, estes avanços em nada devem justificar o aumento da sinistralida-de rodoviária.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

Sistema Integrado de Infra-estruturas

de Transporte Rodoviário:

Impulsionadores do Desenvolvimento Social e

Económico44

É para nós, motivo de grande satisfação, dirigirmo-nos a esta en-tusiástica audiência por ocasião do lançamento oficial da Primeira Pedra de dois projectos estruturantes do nosso desenvolvimento.

Referimo-nos:

ao Projecto das Estradas KaTembe-Ponta D’Ouro e Bela Vista – Boane que inclui as Ponte Maputo/KaTembe e sobre os rios Futi e Umbelúzi; e

ao Projecto de Construção da Estrada Circular de Maputo.

Concluídas as obras destas estradas e destas pontes, estaremos a falar da ligação da nossa Pátria Amada do Rovuma ao Maputo, na sua plenitude. Mais importante ainda, as estradas KaTembe-Ponta D`Ouro e Bela Vista-Boane e as pontes integrantes destes projec-tos irão impulsionar o crescimento sócio-económico dos distritos de Boane e Matutuíne, bem como do Distrito Municipal da KaTembe.

Irão, igualmente, trazer maior comodidade para o cidadão e redu-zir, de forma substancial, os tempos de viagem, criando condições para descongestionar a Cidade de Maputo. Por seu turno, a Estrada Circular de Maputo vai promover a facilitação da circulação rodo-44Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, por ocasião do lançamento da primeira pedra do projecto da Ponte

Maputo/Katembe, estradas Katembe Ponta D’Ouro/Bela Vista-Boane e do projecto de

construção da Estrada Circular de Maputo. Maputo, 20 de Setembro de 2012.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

viária nas cidades de Maputo, Matola e Marracuene, pois, vai cons-tituir-se em mais uma alternativa de entrada e de saída da Cidade das Acácias.

A Circular vai, igualmente, promover o desenvolvimento de Mar-racuene e da parte norte da Cidade de Maputo que passarão a ficar mais perto da capital, dada a maior fluidez do trânsito que se prevê.

*****

Estas obras integram a matriz de projectos em implementação em diferentes cantos e encantos da nossa Pátria Amada.

Na verdade, estão em fase avançada as obras de construção da se-gunda ponte sobre o Zambeze, em Tete, bem como a reabilitação dos troços:

Mueda–Mocímboa da Praia-Palma-Namoto;

Macomia–Awasse;

Montepuez-Marrupa;

Lichinga-Litunde;

Namialo-Rio Lúrio;

Nampula-Cuamba;

Alto Ligonha-Nampula.

Mocuba-Milange;

Chimoio-Espungabera; e

Caniçado–Chicualacuala.

Importa que todos os sectores da sociedade saibam tirar vantagens destes empreendimentos, usando-os como importantes instrumen-tos na luta contra a pobreza.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

A terminar, queremos agradecer ao Governo da República Popular da China pelo apoio para que estes projectos conhecessem a luz do dia. Uma saudação especial vai para a empresa chinesa de constru-ção de estradas e pontes, a China Roads and Bridges Company, que assume o papel de empreiteiro:

do Projecto das Estradas KaTembe-Ponta D’Ouro e Bela Vis-ta – Boane que inclui as Pontes Maputo/KaTembe e sobre os rios Futi e Umbelúzi; e

o Projecto de Construção da Estrada Circular de Maputo.

Saudamos esta empresa, em particular, pelo compromisso de exe-cutar estas obras, com a qualidade exigida e dentro dos prazos estipulados.

Uma palavra de gratidão vai também para todos aqueles que, afec-tados por estes projectos, compreendem que devem dar a sua má-xima colaboração para a sua execução para o bem de todos e de cada um de nós.

Com estas palavras, temos a honra de declarar lançada a Primeira Pedra de Construção das Estradas KaTembe - Ponta D`Ouro e Bela Vista – Boane que integram as Pontes Maputo/KaTembe e sobre os rios Futi e Umbelúzi, bem como o Projecto de Construção da Estra-da Circular de Maputo.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Matchedje Motors:

Com Moçambique na rota da industrialização45

É com muita alegria e emoção que endereçamos a todos os presentes as nossas mais calorosas boas vindas a esta cerimónia de inauguração da fábrica de montagem de viaturas da marca Matchedje nesta Pátria dos que ousaram lutar e conquistar a nossa Independência Nacional. Trata-se de um feito que demonstra e sublinha, de forma inequívoca, que o Moçambique de todos nós está a crescer, está a mudar e para o melhor! Moçambique está a crescer e a explorar, de forma cada vez mais eficiente e profícua, as Tecnologias de Informação e Comunicação ao serviço do seu próprio crescimento e desenvolvimento.

A Matchedje Motors constitui a primeira marca automóvel regista-da em Moçambique, facto que nos enche de alegria e eleva, mais ainda, a nossa auto-estima como moçambicanos. A implantação desta unidade fabril surge no contexto das longas e históricas rela-ções de amizade, solidariedade e cooperação que desenvolvemos com o povo e com o Governo da República Popular da China. Tra-ta-se de uma cooperação estratégica iniciada desde a alvorada da constituição do nosso movimento libertador, passando pelo desen-cadeamento da Luta Armada de Libertação Nacional e conquista da nossa doce e irrepetível independência até o presente, e com excelentes perspectivas de que se venham a diversificar e a conso-lidar, mais ainda!

Matchedje foi o local da realização, no longínquo ano de 1968, do Segundo Congresso do nosso movimento libertador, a FRELIMO, o seu primeiro congresso em território nacional, evento cujas deci-sões abriram e marcaram uma nova era na luta pela nossa liberda-de e independência.

45Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de inauguração da fábrica de montagem de viaturas da marca

Matchedje Motors. Maputo, 2 de Outubro de 2014.

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Recordamo-nos que os membros do Comité Central eleitos por este Congresso viriam a aprovar a nossa primeira Constituição, no Tofo, em 1975. Contámos com a República Popular da China nessa longa e tortuosa caminhada.

Hoje, uma vez mais, a República Popular da China, nossa parceira de sempre, está connosco no contexto da cooperação estratégica que desenvolvemos entre os nossos dois países, desta feita na luta contra a pobreza e pelo nosso bem-estar. Com a República Popular da China, dizíamos, estamos hoje na inauguração desta fábrica, re-sultado da implementação da política nacional de industrialização que prevê a criação de modelos de desenvolvimento industrial que integram as zonas francas de que esta empresa se beneficia e com vista a competir nos mercados nacional, regional e internacional.

*****

A indústria automóvel constitui uma alavanca para o desenvolvi-mento sócio-económico e tem o condão de contribuir para a cons-tante melhoria da nossa qualidade de vida. A Matchedje Motors inaugura uma nova oportunidade de emprego para os moçambica-nos mostrarem as suas capacidades e habilidades, respondendo aos padrões internacionais. Ficámos muito bem impressionados por ver jovens formados pelo nosso Instituto Nacional de Emprego e For-mação Profissional mostrarem os seus dotes na montagem de via-turas, reiterando o papel e lugar desta instituição na qualificação profissional dos nossos compatriotas para o mercado de emprego e suas sempre crescentes exigências.

Apraz-nos sobremaneira notar que, de modo geral, a indústria au-tomóvel de que faz parte a fábrica que assim inauguramos, vai contribuir para a redução da importação de viaturas, ligeiras e pesadas e propiciar condições para:

a retenção de divisas no nosso País;

a transferência de tecnologias de ponta;

a criação de mais postos de trabalho; bem assim

a geração de empresas especializadas.

A implantação e entrada em funcionamento da Matchedje Motors abre boas perspectivas para o crescimento da nossa economia e

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

para a atracção e diversificação do investimento, através, por exemplo, da interligação entre a indústria automóvel e;

a indústria logística;

de telecomunicações e outros serviços;

da petroquímica e de borracha; entre outras permitindo que os componentes que agora são importados possam ser fabricados em Moçambique ou fornecidos por empresas moçambicanas especializadas. Este é o caminho certo para o desenvolvimento e robustecimento da cadeia de valor da indústria automóvel, com o condão de trazer alternativas para a problemática da escassez de transporte público, um desafio que deixamos para a reflexão do corpo dirigente da Matchedje Motors. A jusante desta indústria e da sua cadeia de valor residem muitas oportunidades e vantagens para o desenvolvimento do empresariado nacional, um facto aqui sublinhado, através do convite que foi formulado pelo Presidente do Conselho de Administração desta empresa aos nossos empreendedores para à Matchedje Motors se juntarem.

*****

A terminar, queremos endereçar palavras de agradecimento ao Embaixador da República Popular da China pelo empenho e dedi-cação revelados na transformação deste sonho em realidade. Mo-çambique passa, assim, a integrar o grupo de países que, mais do que constar como palco de montagem de viaturas, disponibilizam viaturas que ostentam a sua marca nacional.

Com efeito, Machedje é um ode à vontade colectiva dos moçambi-canos de se unirem para materializarem o seu desiderato colecti-vo, ontem na luta pela independência e, hoje, na industrialização que marca um novo passo na materialização da nossa Agenda Na-cional de Luta Contra a Pobreza.

Matchedje é o orgulho Moçambicano, um hino à nossa auto-estima.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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A indústria automóvel em Moçambique:

As perspectivas para o seu desenvolvimento à luz das

políticas nacionais46

Queremos dar as nossas boas vindas à empresa SOM-YOUNG MO-TORS, SA a esta Pérola do Índico, terra de muita hospitalidade, potencialidades e oportunidades de negócio. Moçambique é um país em crescimento e quem investe num país em crescimento tem maiores probabilidades de também crescer. Por isso, saudamos-vos pela vossa visão estratégica que resultou na tomada da decisão de se instalarem no nosso solo pátrio. Estamos certos que esta deci-são vai reverberar na Coreia, chamando atenção a outros homens de negócios coreanos sobre Moçambique e atraí-los para a vós se juntarem.

A vós e a outros empresários queremos recordar que Moçambique é também uma porta de entrada para o vasto mercado da SADC, cujo número de consumidores vai subir de forma exponencial com a integração tripartida desta nossa organização com a COMESA e com a Comunidade da África Oriental.

A Política e Estratégia Industrial de Moçambique têm como visão uma indústria de relevo e altamente competitiva no contexto glo-bal. Visam ainda a criação de capacidades humanas, institucionais e tecnológicas e a satisfação da demanda interna e externa, atra-vés da valorização do produto nacional e maior integração regio-nal. No quadro desta política e estratégia industrial compete ao Estado, por exemplo:46Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da inauguração da fábrica de montagem de viaturas Hyundai da

Som-Young Motors. Matola, 6 de Novembro de 2014.

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promover o desenvolvimento industrial;

promover a produção nacional e as exportações;

melhorar, de forma contínua, o ambiente de negócios;

melhorar as infra-estruturas para a redução dos custos de transacção; e

promover as ligações empresariais verticais e horizontais.

Ao sector privado compete identificar oportunidades de investi-mento no sector industrial, criando novas indústrias, revitalizando e modernizando as existentes, tendo em vista alargar a matriz in-dustrial da nossa Pátria Amada. Compete ainda ao sector privado identificar, num diálogo aberto e profícuo com o Governo, as bar-reiras para o desenvolvimento industrial e participar na sua supe-ração.

******

O nosso parque automóvel tem estado a crescer em catadupa. Em 2004 situava-se em pouco mais de 185 mil unidades, com um re-gisto total desse ano de cerca de vinte e uma mil unidades. Em 2013, o número subiu para mais de 542 mil unidades e com um registo total desse ano de 62 mil unidades. Os registos do Ministé-rio dos Transportes e Comunicações, através do Instituto Nacional dos Transportes Terrestres, revelam que a média mensal de registo de viaturas subiu de pouco mais de 1700, em 2004, para mais de 5 000, em 2013. Das 45 marcas de viaturas registadas:

95% são de origem asiática;

2.2% são de origem africana (1.3% dos quais da África do Sul).

1.8% provêm da Europa; e

1% tem origem nos Estados Unidos da América;

Para nosso orgulho, para a elevação da nossa auto-estima e espíri-to patriótico, a nossa Pátria Amada já contribuiu com uma marca, Made in Mozambique: a Matchedje, nome do emblemático local da realização do Segundo Congresso da FRELIMO. Seriam os mem-

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bros do Comité Central eleitos neste Congresso que aprovariam, na Praia do Tofo, em Junho de 1975, a primeira Constituição do nosso Moçambique livre e independente.

O crescimento do nosso parque automóvel é reflexo do crescimento económico que temos estado a registar, ao ritmo de uma média de 7% por ano, há mais de uma década e meia. Um crescente número de compatriotas nossos tem estado a integrar a aquisição de viatura pró-pria na matriz da melhoria da sua qualidade de vida. Neste prisma, a viatura própria representa um sucesso na vida e, por isso, a sua aquisi-ção é celebrada com a mesma pompa com que se celebra um diploma, um emprego e uma casa própria. Ao mesmo tempo, a viatura própria apresenta-se como uma necessidade, um importante factor de produ-ção, ao permitir que o seu proprietário aumente a sua produtividade, que se define pelo tempo gasto para se fazer a um evento ou pelo número de eventos que é possível atender numa unidade de tempo. Quer dizer, com viatura própria, o seu proprietário pode fazer muitas mais coisas que seriam impensáveis sem ela.

O crescimento do parque automóvel, e do número de viaturas pessoais em particular, tem estado a gerar muitas e diversificadas oportunidades de negócio. Referência pode ser feita:

às empresas de sobressalentes, de reparação e manutenção de viaturas;

aos serviços de lavagem e limpeza de viaturas, as chamadas car-wash;

aos serviços de montagem de dispositivos de segurança; e

às estações de abastecimento de combustíveis.

O crescimento do parque automóvel associa-se a um problema que a todos nós constrange e pode concorrer para reduzir os nossos níveis de produtividade que a viatura própria tem o potencial de nos levar ao seu alcance. Referimo-nos ao congestionamento no trânsito. Este é um problema do desenvolvimento que tem vindo a merecer a atenção do nosso Governo. Na verdade, ao longo destes quase dez anos da nossa Governação demos particular ênfase à reabilitação, construção e ampliação de infra-estruturas rodoviá-rias. Um dos resultados em vista para Maputo e Matola é a Estrada Circular e a implantação e encorajamento de implantação de in-

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

fra-estruturas sociais e económicas fora dos grandes aglomerados urbanos, centros esses que se irão, gradualmente, autonomizar.

No mesmo quadro, destinamos consideráveis investimentos para o transporte público e temos vindo a encorajar cada vez mais inves-tidores nacionais e estrangeiros a fazerem sua parte neste progra-ma. Como é do domínio público, a existência de incentivos fiscais e o ambiente de negócios em Moçambique propicia estes e outros investimentos privados em qualquer espaço geográfico da nossa Pátria Amada.

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A unidade fabril que temos hoje a honra de inaugurar tem o poten-cial de aumentar o número de cidadãos com viatura própria. Tem, sobretudo, o potencial de alargar o leque de opções, não através do écran do computador mas a partir de um stand. Estes desen-volvimentos têm a grande vantagem de colocar mais compatriotas nossos a produzir nesta cadeia de valor, desde a venda de aces-sórios e manutenção até à limpeza e segurança dessas viaturas. Todavia, o potencial desta fábrica não se limita a estas vantagens. Vamo-nos referir a mais duas delas.

A primeira é a geração de postos directos de trabalho. Na visita que realizámos às instalações desta fábrica vimos jovens, treina-dos e atentos ao que faziam com entusiasmo e júbilo por estarem a produzir para este empreendimento e para o crescimento econó-mico da Nação Moçambicana.

Lemos no seu semblante a alegria que o uniforme, as botas e outro material de protecção e identitário geram em cada um deles.

Aquilatámos o seu sentimento de realização ao manipula-rem as ferramentas de trabalho e ao complementarem-se na linha de montagem.

Sentimos o pulsar do seu orgulho por terem a oportunidade de apoiar as suas famílias com os seus rendimentos.

A segunda vantagem prende-se com o potencial que esta unida-de fabril tem de gerar mais postos de trabalho em sectores afins,

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ou clusters a ele associados e nos serviços complementares. Na verdade, face às suas características de multi-sectorialidade e da natureza pluri-tecnológica, esta unidade fabril tem o condão de induzir efeitos multiplicadores na globalidade do tecido empresa-rial nacional. Com a instalação desta indústria, várias actividades complementares poderão ser dinamizadas para florescerem numa relação simbiótica com esta fábrica de montagem de viaturas. Re-ferência poderá ser feita:

às indústrias têxtil e de curtume;

às indústrias do vidro, da borracha e do plástico;

às indústrias de fios e de cabos eléctricos; bem assim

às indústrias metalo-mecânica e de produção de baterias; e

às indústrias de publicidade e marketing.

O nosso ensino técnico-profissional tem mais uma oportunidade de demonstrar a sua relevância, explorando parcerias para está-gios, no quadro da nova legislação para o primeiro emprego e de formação em exercício. De igual modo, os nossos inovadores têm terreno fértil para investigar e desenvolver processos tecnológicos que possam contribuir para impulsionar a evolução dos processos de produção de viaturas, permitindo a utilização de meios digita-lizados ou robotizados.

Portanto, num conjunto de indústrias tanto a montante como a ju-sante, que também nos ligam ao mercado coreano e global, surgem oportunidades de negócio abertas a empreendedores nacionais. Esperamos que esta empresa se enraíze na terra moçambicana, promovendo a terciarização de serviços dando, assim, expressão e conteúdo à nossa Política e Estratégia Industrial.

O nosso Governo, minhas senhoras e meus senhores, no quadro da sua Política e Estratégia Industrial está a fazer a sua parte. Exorta-mos os empresários nacionais e estrangeiros a fazerem a sua.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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MOÇAMBIQUE:

O imperativo de divulgar as suas potencialidades47

As palavras que nos acabam de dirigir tocam-nos profundamen-te e a distinção com que nos brindam impele-nos a continuarmos nesta caminhada de promoção das reformas estruturais tendentes a atrair mais investimento, nacional e estrangeiro, e a levar mais investidores a despertarem para o facto de que Moçambique, esta Pérola do Índico, é destino seguro para os seus investimentos.

Como a experiência nos ensina, a melhoria do ambiente de negó-cios passa, necessariamente:

pela consolidação do ambiente de diálogo e de parceria com todos os actores relevantes; e

pela formação do capital humano, quer no sector público, quer no sector privado.

Passa ainda pela realização de reformas, no sector público, de modo a melhorar a qualidade dos seus serviços ao cidadão, bem como pela criação de condições infra-estruturais e logísticas ade-quadas. Passa ainda pela consolidação da boa governação e pela adopção e adequação de um quadro legal favorável ao desenvolvi-mento de negócios.

Em Moçambique temos estado a registar sucessos nesta caminhada e os empresários, nacionais e estrangeiros, têm sabido tirar parti-do deste ambiente de negócios. Consequentemente, temos estado a registar crescentes volumes de investimento privado, ano após

47Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da cerimónia de recepção do prémio da “The business year”.

Maputo, 27 de Junho de 2014.

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ano, o que tem concorrido, de forma significativa, para a acele-ração dos níveis de crescimento económico e de criação de mais postos de trabalho para os nossos compatriotas. Só para ilustrar estes desenvolvimentos positivos, nos últimos cinco anos, foram aprovados cerca de 1.500 projectos de investimento, avaliados em quase 20 biliões de dólares norte-americanos, com o potencial de gerar mais de 100 mil postos de trabalho.

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Não basta orgulharmo-nos de possuir potencialidades e oportuni-dades de negócio para pequenos, médios e grandes investidores em inúmeras e diversificadas áreas e esperar que isso, por si só, atraia o investidor. Isso equivaleria à atitude de quem se contenta em usar o diamante apenas para afiar uma catana. Precisamos de ir para além deste tipo de atitudes e similares.

Temos que saber promover o nosso manancial de potencialidades e de oportunidades, dentro do nosso solo pátrio e além-fronteiras.

Temos que ser capazes de articular as nossas enormes vantagens comparativas e competitivas, o nosso quadro legal e os nossos mercados e os acordos que ampliam esse mercado nacional;

Temos que divulgar os acordos que protegem os investimentos e estruturam os processos de resolução de disputas, bem como a nossa experiência de diálogo tripartido.

Temos que ter instituições capazes de acolher, apoiar e orientar o investidor e assegurar que o seu investimento se estabeleça, se consolide, floresça e se diversifique.

O nosso Governo tem estado a realizar a sua missão, quer do ponto de vista de promoção, quer do ponto de vista de enquadramento e acompanhamento dos investidores, de forma directa e de for-ma indirecta, através das suas instituições vocacionadas. O sector privado tem estado a fazer a sua parte, no âmbito desta parceria,

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disponibilizando informação e partilhando experiências. Os órgãos de comunicação social, nacionais e estrangeiros, que são também nossos parceiros nesta missão de promoção desta Pérola do Índico como destino seguro para investidores de todas as dimensões, as-sumem o seu papel de forma exemplar. A revista The Business Year vem, assim, ocupar um espaço que por ela há muito aguardava. Neste contexto, acaba de nos brindar com a segunda edição sobre Moçambique, a qual destaca os principais marcos económicos dos últimos anos em matérias de investimento. Trata-se de reporta-gens que são apoiadas não só por dados e outras ilustrações como também por testemunhos de quem já está a investir no nosso Mo-çambique. Por isso, damos as nossas mais calorosas boas vindas a esta nossa nova parceira e contamos convosco na projecção da imagem da nossa Pátria Amada e na disponibilização de informação económica actualizada e fiável aos homens de negócios nacionais e estrangeiros. Fica aqui reafirmada a nossa abertura para con-tinuarmos a colaborar com esta e outras publicações que nesta parceria fazem a sua parte na projecção desta Pérola do Índico além-fronteiras: suas oportunidades e potencialidades.

A terminar, queremos dedicar este prémio a todos os que, no sec-tor público e privado, têm contribuído para que as reformas em curso se traduzam em produtos tangíveis. Dedicamo-lo ainda aos nossos investidores que têm sabido tirar partido das oportunida-des e potencialidades que oferecemos para gerar riqueza, produzir renda e criar postos de trabalho.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Fiscalização Marítima:

Um imperativo para a segurança marítima e para a

exploração sustentável dos recursos pesqueiros48

Estamos todos de parabéns com o que estamos hoje a testemunhar. Estamos a demonstrar a nós mesmos e ao mundo que, com poucos recursos mas clareza de objectivos, podemos realizar acções de grande impacto na vida do nosso Povo, da Nação, da região e do Mundo.

Somos um País com mais de 2.700 quilómetros de linha de costa. Cerca de dois terços da nossa população vive ao longo dessa zona costeira e, por estas razões, a pesca e as actividades a ela ligadas são de primordial importância para a sua subsistência e desenvol-vimento social e económico.

Pelos dados disponíveis, sabemos que o sector das pescas represen-ta 4% das exportações globais do País, sendo o camarão, a gamba e o atum os maiores contribuintes para essa cifra. A contribuição deste sector para o PIB é de 3%.

Das cerca de 200 mil toneladas de pescado produzidas anualmen-te, cerca de 70% provêm da pesca artesanal, um segmento com muitos desafios e que, por isso, tem merecido atenção especial nos nossos programas integrados e transversais de desenvolvimento do sector e desta Pérola do Índico.

Tendo em conta todas estas nervuras que sublinham a importân-cia da pesca na nossa Agenda Nacional de Luta Contra a Pobreza, 48Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, por ocasião da inauguração do Barco de Fiscalização Marítima e do Centro

de Monitoração e Vigilância de Moçambique. Maputo, 6 de Abril de 2012.

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temos que assegurar a exploração sustentável dos nossos recursos pesqueiros em toda a extensão das nossas águas. Neste contex-to, devemos prosseguir com as acções de promoção de uma pesca responsável para garantir que as presentes e as futuras gerações destes recursos se beneficiem.

A inauguração do Barco de Fiscalização Antillas Reefer e do Centro de Monitorização e Vigilância, cujas cerimónias temos a honra de hoje presidir, constituem um importante passo na realização desse grande e nobre objectivo.

Testemunhamos, como através destes investimentos foi possível dotar o nosso País de tecnologias de primeira geração que permi-tem o controlo automático e permanente da posição dos barcos, seu rumo e velocidade e as zonas de pesca bem como a realização de acções de fiscalização nas nossas águas.

Estamos assim, a partir de hoje, em melhores condições do que an-tes, para prevenir e desencorajar a pesca ilegal, a não reportada e a não regulamentada. Estas são algumas das actividades ilícitas que ocorrem no mar e que têm contribuído negativamente no de-sempenho dos diferentes sectores da nossa vida social e económica cuja base ou enfoque é o mar. Ao mesmo tempo, estas duas inaugu-rações anunciam que as condições agora criadas vão-nos ajudar a adoptar medidas mais eficientes na gestão dos recursos pesqueiros existentes nas águas jurisdicionais moçambicanas.

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Não obstante os avanços registados nos domínios da fiscalização, em particular da pesca, e no fortalecimento da cooperação re-gional e internacional, ainda temos inúmeros desafios que nos aconselham a prosseguir com acções de capacitação institucional para o uso partilhado e coordenado dos meios que são colocados à disposição dos diferentes sectores públicos que lidam com o mar. Colectivamente, devemos continuar, assim, a transformar os cons-trangimentos do presente em desafios na fiscalização marítima e na exploração sustentável dos nossos recursos pesqueiros. Para além disso, o uso partilhado e coordenado dos parcos meios dispo-

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níveis vai contribuir para o combate contra as várias ilegalidades no mar, desde a pesca ilegal, não reportada e não regulamentada, à imigração clandestina, tráfico de estupefacientes, contrabando e, mais recentemente, a pirataria.

Importa, igualmente, que reforcemos as acções de inspecção obri-gatória, em porto, para detectar e sancionar as embarcações que procuram delapidar os nossos recursos pesqueiros.

Os prevaricadores devem servir de exemplo para os que ainda se preparam para essas acções contra a nossa economia, meio am-biente e segurança marítima.

Com estes instrumentos, pretendemos dinamizar as áreas de con-trole e fiscalização marítima, melhorando, assim, as condições de garantia de uma exploração mais sustentável e protegida dos re-cursos marinhos em benefício do País, e permitir que os operado-res económicos desenvolvam as suas actividades num ambiente de segurança e de competitividade leal. Porém, os desafios permane-cem enormes e complexos, tendo em conta as águas a proteger e os meios que temos disponíveis para o fazer em pleno. Importa, neste contexto, que persistamos na busca de soluções coordena-das, sustentadas e sustentáveis para a sua superação, centrando a nossa atenção no Homem, como o recurso mais valioso que temos disponível.

Queremos inscrever a nossa mensagem de gratidão e apreço aos nossos parceiros de desenvolvimento que têm dado uma valiosa contribuição para a fiscalização marítima e para que o nosso Povo tire maiores benefícios dos seus recursos pesqueiros para o seu desenvolvimento social e económico e para o usufruto do resto da Humanidade. Reafirmamos o nosso empenho em garantir seguran-ça nas nossas águas e em contribuir para uma marinha mercante internacional em segurança.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Estatística Oficial:

Fonte para a tomada de decisões melhor informadas49

O nosso encontro de hoje decorre sob um pano de fundo que tem estampados traços de uma feliz coincidência: por um lado, a inau-guração do edifício-Sede do Instituto Nacional de Estatística e, por outro, a celebração do Dia Africano da Estatística. Queremos sau-dar os dirigentes, técnicos e colaboradores do Instituto Nacional de Estatística e toda a Família da Estatística Africana pela passa-gem desta data.

O lema para as celebrações desta data, este ano, convoca-nos para a reflexão sobre a importância das Contas Nacionais no desenvolvi-mento social e económico dos nossos países.

Exorta-nos, igualmente, para nos dotarmos de um amplo manan-cial de informação estatística para a formulação e tomada de de-cisões melhor informadas para a realização desse nosso desiderato colectivo.

À direcção, aos técnicos e aos colaboradores do Instituto Nacional de Estatística endereçamos as nossas felicitações pela inauguração desta majestosa infra-estrutura que, de forma significativa, me-lhora as suas condições de trabalho.

Saibam preservar e valorizar o investimento neste bem público e dele se apropriem como um meio para a produção de informação estatística:

49Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de

Moçambique, na cerimónia de inauguração do novo edifício-sede do Instituto Nacional de

Estatística. Maputo, 18 de Novembro de 2011.

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de crescente qualidade;

abrangência territorial; e

representatividade sectorial.

Mais uma obra de assinalável imponência ergue-se nesta nossa ci-dade das acácias, diversificando, mais ainda, a sua riqueza pa-trimonial e arquitectónica. Este edifício desponta como mais um símbolo de uma das dimensões do crescimento rápido da nossa cidade capital que aumenta, assim, a sua capacidade de oferta de edifícios para diversos fins. São infra-estruturas que resultam de iniciativas do Estado e da comunidade empresarial ou de soluções de natureza público-privada.

Na verdade, quem se ausente por alguns dias desta urbe ou não pas-se por determinadas artérias ou bairros por algum tempo, quando regressa à Maputo ou quando por essas artérias ou bairros passar, poderá ter uma surpresa à sua espera. Basta olhar do alto, ou para o alto, para contemplar o número de gruas que povoam o horizonte desta bela cidade. São obras que geram postos de trabalho e renda para os nossos compatriotas quer na fase da sua construção quer na fase do seu funcionamento pleno, uma informação estatística que deve ser recolhida, sistematizada e disponibilizada ao público pelas instituições especializadas, sob a direcção do Instituto Nacio-nal de Estatística. São dados que vão contribuir para melhor se en-tender como várias iniciativas concorrem para combater a pobreza urbana em Maputo e em toda a nossa Pátria Amada. Essa informa-ção estatística vai ainda ajudar-nos na identificação do que mais se deve fazer para gerar mais renda e mais postos de trabalho para levarmos a pobreza de vencida nesta Pátria de Heróis e construir, em seu lugar, o bem-estar para o maravilhoso Povo Moçambicano.

*****

A estatística ocupa um lugar de destaque na nossa Agenda Nacional de Luta contra a Pobreza. Os dados recolhidos, processados, siste-matizados e publicados são instrumentos de grande utilidade para o nosso Estado e para os seus órgãos de formulação de políticas,

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estratégias e programas de desenvolvimento social e económico da nossa Pátria Amada. São, também, valiosos instrumentos para a comunidade empresarial, para os cientistas e para toda a socie-dade moçambicana bem como para todos aqueles que no País e ou no estrangeiro procuram informação oficial sobre Moçambique. Por isso, o desafio permanente que se coloca ao Instituto Nacional de Estatística é o de produzir e disponibilizar informação credível, fidedigna e em tempo oportuno. Isto significa que o sistema esta-tístico nacional deve, continuamente, aprimorar as suas metodo-logias de recolha de dados e reforçar a sua capacidade de realizar esta nobre missão. Por outro lado, tem pela frente o desafio de desagregar, cada vez mais, a informação estatística e de cobrir um crescente número de áreas de intervenção humana.

Hoje, no Distrito, o nosso pólo de desenvolvimento, a problemática da planificação coloca-se com maior acuidade. Para que o desen-volvimento local que pretendemos tenha o sucesso que almejamos deve ter um forte suporte estatístico.

Por exemplo, para que:

aumentemos a produção agrária e a nossa capacidade de agro-processamento;

abramos mais escolas e unidades sanitárias;

para que electrifiquemos mais postos administrativos e lo-calidades;

para que abramos mais vias de acesso, ferrovias e portos precisamos de basear a nossa planificação e decisão em informação estatística oficial. É ela que nos vai indicar o universo de utentes desses serviços, as projecções do seu crescimento, os recursos humanos que temos e os que pre-cisamos, as condições de trabalho disponíveis, só para dar alguns exemplos.

Como temos testemunhado nas diferentes edições da Presidência Aberta e Inclusiva, a planificação é um processo difícil mas neces-sário e possível, um processo que não desafia apenas as estruturas

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do Distrito mas as de toda a nossa máquina governativa. Não po-demos saber para onde vamos, como o fazemos e se seguimos na rota certa se não tivermos um plano para nos orientar: quem não sabe para onde vai qualquer caminho leva-o para esse destino des-conhecido, correndo o risco de celebrar qualquer realização como meta final.

Uma das questões que temos estado a colocar aos nossos adminis-tradores tem a ver com as casas para os funcionários. Na interac-ção que com eles estabelecemos, procuramos fazer-lhes entender que não basta que tenham construído 5 ou 10 casas melhoradas para os seus funcionários: precisam de ter sempre presente:

quantos funcionários têm sob a sua responsabilidade;

quantos destes precisam de casa melhorada; e

em quantos anos esperam satisfazer esta demanda.

Perante estes e outros dados estatísticos e todos os factores que entram na equação, o nosso administrador coloca-se em melhores condições para visualizar os desafios em presença e para despertar o seu sentido de liderança para encontrar soluções para os proble-mas que enfrenta, com a participação dos próprios beneficiários, uma das quais é a auto-construção. Usamos o caso do Distrito para ilustrar a relevância do uso da estatística na nossa governação, uma questão que se coloca a todos os níveis.

Uma vez mais, fica aqui demonstrada a natureza transversal da estatística e a sua importância na planificação do nosso desenvol-vimento social e económico.

A grande aposta deve, pois, continuar a ser a formação de mais quadros, a todos os níveis, para darem resposta aos múltiplos de-safios que são colocados ao sector. O moçambicano formado e que esteja, por exemplo, imbuído de auto-estima e sentido de missão e comprometido com a causa e com indefectível fé no seu triunfo, é a chave do sucesso em todas as áreas da intervenção humana na nossa Pátria Amada.

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A terminar, gostaríamos de endereçar uma palavra de saudação e de apreço a todos os intervenientes que tornaram possível a mate-rialização desta imponente obra de engenharia, Sede do Instituto Nacional de Estatística. Aos Ministérios da Planificação e Desen-volvimento e das Finanças, ao Instituto Nacional de Estatística, ao Governo da Cidade de Maputo, ao Conselho Municipal da Cidade de Maputo, aos empreiteiros e fiscais da obra e aos trabalhadores que estiveram envolvidos na sua construção vão os nossos agrade-cimentos pela sua valiosa e indelével contribuição.

Aos funcionários do Instituto Nacional de Estatística reiteramos a nossa exortação para que tenham orgulho no crescimento da sua instituição e para que maximizem a exploração das condições acrescidas para a produção de informação estatística credível, fidedigna e em tempo oportuno, um factor indispensável para a planificação do desenvolvimento social e económico desta Pérola do Índico.

Muito obrigado pela vossa atenção!

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Campeonato mundial:

Uma oportunidade para Moçambique explorar o seu

potencial e recursos para se desenvolver50

Damos as nossas calorosas boas vindas aos nossos hóspedes que, de diferentes cantos do mundo, se deslocaram para Maputo, a nossa cidade capital, para tomarem parte nos trabalhos desta Cimeira de Investimento Turístico em África. Agradecemos a todos os pre-sentes por terem aceite o convite de participar neste importante evento e fazemos votos para que se sintam bem acolhidos e para que desfrutem do que esta Pérola do Índico tem para vos oferecer. A vossa presença neste evento é já em si um sinal da vossa predis-posição para enriquecer os debates que corporizarão este evento, facto que agradecemos e encorajamos antecipadamente.

Saudamos a todos os que deram uma valiosa contribuição para que este evento tivesse tido lugar. Em particular os nossos agradeci-mentos vão para o Africa Investor, para o empresariado nacional, unido em torno do CTA, e a todos os nossos parceiros de desenvol-vimento.

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Moçambique tem um grande potencial na área do turismo:

uma costa com mais 2.500 km de extensão, salpicada de ilhas paradisíacas e de praias cristalinas, com águas mornas e areias brancas;

50Comunicação de Sua Excelência, Armando Emílio Guebuza, Presidente da República

de Moçambique, na cerimónia de abertura do Congresso sobre investimento na área do

turismo. Maputo, 27 de Fevereiro de 2009.

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Moçambique tem ainda uma singular característica de li-gação da costa com o interior onde se localizam parques e uma exuberante flora.

No lançamento ontem da Marca Moçambique também nos referi-mos à nossa hospitalidade e gastronomia como aditivos ao nosso potencial turístico. Temos, na verdade, esse toque que faz o nosso visitante se sentir bem e bem acolhido entre nós.

Investidores e turistas, nacionais e estrangeiros, têm sabido explo-rar este potencial. Em razão disso, o turismo apresenta-se como um dos sectores com assinalável nível de crescimento em Moçam-bique:

projectos de investimento nesta área distribuem-se por to-das as nossas províncias;

os postos de trabalho que geram beneficiam a mais moçam-bicanos; e

as receitas que se arrecadam contribuem para o nosso cres-cimento económico.

Para além destes benefícios, o turismo em Moçambique, seja ele feito por nacionais ou por estrangeiros, seja ele de que índole for, tem o condão de colocar em interacção gentes de diferentes cul-turas, origens, saberes e experiências.

No turismo de negócios, homens e mulheres que apenas se conheciam através das mensagens via telefax, correio elec-trónico ou telefonia móvel ou fixa, têm a oportunidade de se sentarem lado a lado e trocarem impressões, de viva voz, nas nossas salas de conferências que continuam a aumentar em número, em resposta à crescente procura.

No turismo de sol e praia os que são seduzidos pelas bele-zas desta Pérola do Índico têm a possibilidade de interagir com os guardiões desse tesouro e estes a possibilidade de enriquecerem os seus conhecimentos sobre outros povos do mundo.

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Visitas a amigos e familiares apresenta-se como uma ou-tra componente do turismo que se pratica em Moçambique. Como qualquer outra componente do turismo, esta tem também a virtude de contribuir para dinamizar a economia local, pois, o receber bem e com requinte faz parte da nossa matriz cultural.

Moçambique é, pois, terra de muita hospitalidade, potencialidades e oportunidades. Durante este evento os ilustres participantes re-ceberão mais detalhes sobre os recursos ao nosso dispor e sobre as facilidades que se criam para os investidores nesta área.

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Lançámos ontem a Marca Moçambique, distintivo que sintetiza o nosso património material e imaterial e se apresenta como o sím-bolo do nosso compromisso com a excelência na exploração do nosso potencial e recursos. Um dos desafios que temos de imediato prende-se com as vantagens que poderemos derivar com a realiza-ção, próximo ano, do Campeonato Mundial de Futebol na vizinha África do Sul.

A criação da Aliança 2010, tem precisamente, como um dos seus objectivos centrais mobilizar o sector privado, as organizações da sociedade civil e singulares para participarem com acções coorde-nadas tendentes a trazer vantagens substanciais a cada um destes actores, advindas com a realização do Mundial. Temos, igualmen-te, estado a adoptar medidas estratégicas que facilitem a promo-ção do turismo, a dinamização da indústria e comércio, e a implan-tação de infra-estruturas, bem como a atracção de investimentos para diferentes áreas sócio-económicas.

A liberalização do espaço aéreo nacional para vôos intercontinen-tais directos para Moçambique deve ser visto neste quadro. No mesmo quadro deve ser visto, o soerguer do Parque Nacional da Gorongosa, uma reserva de referência mundial, que hoje testemu-nha a reabilitação das suas infra-estruturas básicas, repovoamento animal, construção de equipamentos turísticos e conservação da biodiversidade.

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Temos, igualmente, estado a tomar medidas tendentes à preser-vação do meio ambiente, formação de pessoal a todos os níveis e melhoria da qualidade de serviços, pois, o nosso compromisso é com a excelência que a Marca Moçambique encerra.

Saudamos o facto deste evento ter identificado os desafios do Mun-dial de Futebol, próximo ano, como seu tema central para debate. Tendo em consideração o nosso potencial turístico, acreditamos que os investimentos que estão sendo feitos em preparação desta grande festa mundial do futebol, serão um importante legado para criar oportunidades para hospedar eventos internacionais e turis-tas que continuarão a fluir para Moçambique e para a região depois daquele grande evento mundial.

A nível da SADC foi já definida uma estratégia que permitirá que sete áreas de conservação transfronteiriça sejam convertidas em destinos turísticos únicos. Com satisfação, gostaríamos de parti-lhar com esta ilustre audiência a notícia de que duas destas áreas de conservação transfronteiriça incluem Moçambique. São elas a área de conservação transfronteiriça dos Libombos, onde Moçam-bique participa com a Reserva Especial de Maputo, e a área de con-servação transfronteiriça do Grande Limpopo, onde participamos através dos Parques Nacionais do Limpopo, Banhine e Zinave.

Prevê-se para 2010 um elevado fluxo de turistas para a região da África Austral. As estimativas indicam mais de 600.000 pessoas que procurarão lazer, serviços e produtos diversos que devemos estar preparados para fornecer. Este encontro pode-nos galvanizar a avançar mais decididamente na busca desses resultados.

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A presença de membros dos Governos da região e de África, de em-presários e outros interessados é um ingrediente essencial para o sucesso desta Cimeira Africana de Investimento Turístico em África que temos agora a honra de declará-la aberta.

Muito obrigado pela vossa atenção.

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Sua Excelência Armando Emílio Guebuza

Nasceu a 20 de Janeiro de 1943, em Murrupula, Província de Nampula onde, seu

pai, Miguel Guebuza, exercia a função de enfermeiro e sua mãe, Marta Bocota Guebuza, doméstica.

Em 1948, o seu pai é transferido para Lourenço Marques, nome como era chamada a Cidade de Maputo, no período colonial. Aqui, aos seis anos, Armando Guebuza inicia os seus estudos no Centro Associativo dos Negros da Colónia de Moçambique, no Bairro de Xipamanine.

Como crente da Igreja da Missão Suíça é integrado nas Patrulhas (Mintlawa), que para além das actividades religiosas, desenvol-viam outras de carácter social e cultural que exigiam a participa-ção de todos, irmanados no espírito de sacrifício, ajuda mútua e promoção de uma visão comum.

No ensino secundário, junta-se a outros jovens, membros do Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM), e que era conhecido por “Núcleo”, uma organização cívica fundada por Eduardo Mondlane em 1949. O Núcleo tinha como actividades principais, a realização de aulas de compensação ou sejam, ex-plicações, educação cívica e cultural e, de uma forma discreta, a mobilização política.

Em 1963, Armando Guebuza é eleito Presidente do Núcleo cargo anteriormente exercido por Joaquim Chissano, antes da sua saída para Portugal em 1960. A sua escolha correspondeu à expectativa, tornando o Núcleo um centro de atracção e de referência para muitos jovens e adolescentes de então. No mesmo ano de 1963, Ar-mando Guebuza junta-se à rede clandestina da FRELIMO, na então Cidade de Lourenço Marques.

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Armando Guebuza: Liderando o desenvolvimento e o crescimento económico de Moçambique

A sua experiência na direcção do Núcleo, a sua qualidade de moni-tor da escola dominical e o seu carisma concorreram para promo-ver e desenvolver o trabalho clandestino no meio estudantil.

Em Março de 1964, Armando Guebuza e outros colegas, decidem deixar Moçambique para se juntarem à FRELIMO. Para escapar ao controlo da PIDE, a tenebrosa polícia secreta do regime colonial, tiveram que abandonar, em Mapai, cerca das 4 horas da manhã, o comboio em que se faziam transportar para sair de Moçambique.

Fizeram depois os mais de 80 quilómetros de Mapai à vila fron-teiriça de Chicualacuala a pé, enfrentando o cansaço, a fome e a sede. Vinte e quatro horas depois de terem deixado o comboio, e encontrando-se do lado rodesiano, continuaram a caminhar inin-terruptamente mais de 30 Kms até retomarem o comboio para Sa-lisbúria, hoje Harare. Neste percurso a eles se juntam mais dois moçambicanos seguindo a mesma viagem.

De Salisbúria, o grupo que integrava Armando Guebuza, retoma a viagem para a Zâmbia. No comboio, são presos pela polícia rode-siana, quando se preparavam para abandonar aquele país, e encar-cerados em Victoria Falls.

Armando Guebuza e os seus colegas são entregues à PIDE e durante aproximadamente cinco meses são torturados para se lhes extrair confissões.

Entretanto, por alturas da sua libertação são presos os guerrilhei-ros da Quarta Região que se preparavam para abrir a Frente Sul. Apesar de estarem em liberdade vigiada, Armando Guebuza e os seus camaradas decidem vingar-se da acção da PIDE e reafirmar com actos de coragem que a FRELIMO estava activa.

Na noite de 24 para 25 de Dezembro de 1964, espalham panfletos, na Região Sul de Moçambique, constituída por Inhambane, Gaza e Maputo, que continham a fotografia do Presidente Eduardo Mon-dlane. Esta situação forçou a PIDE a divulgar, um comunicado com a lista dos guerrilheiros detidos, dando detalhes sobre a trajectória política de cada um deles.

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Não obstante as intimidações e chantagens da PIDE, Guebuza e os seus companheiros retomam o sonho de se juntarem à FRELIMO. Refugiam-se na Suazilândia, onde permanecem por alguns meses. Mais tarde, conseguem atravessar clandestinamente a África do Sul e, no protectorado britânico da Bechuanalândia, hoje Botswana, são novamente detidos e ameaçados com a deportação pelas auto-ridades britânicas.

Em resultado da intervenção do Dr. Eduardo Mondlane, Presidente da FRELIMO, exigindo a sua incondicional libertação, o grupo é en-tregue ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e conduzido para a Zâmbia. Dali, mais tarde, o grupo segue para a Tanzânia, conduzido por Mariano Matsinha, então representante da FRELIMO na Zâmbia.

Na Tanzânia, Armando Guebuza é submetido aos treinos militares em Bagamoyo. Faz depois parte do grupo de combatentes que abre o Campo de Preparação Político Militar de Nachingweya.

Em 1966, é transferido de Nachingweya para Dar-es-salam, para exercer as funções de Secretário Particular do Presidente Mondla-ne, em substituição de Joaquim Chissano que se preparava para seguir para formação na União das Repúblicas Socialistas Sovié-ticas. Cumulativamente, Armando Guebuza lecciona no Instituto Moçambicano.

Mais tarde e ainda nesse mesmo ano de 1966 é nomeado Secretário para a Educação e Cultura. Por inerência destas funções passa a membro do Comité Central da FRELIMO, nesse mesmo ano.

Em 1968, é nomeado Inspector das escolas da FRELIMO e em 1970 Comissário Político Nacional.

No Governo de Transição Guebuza ocupa a pasta da Administração Interna, cargo que acumula com o de Comissário Político Nacional. No primeiro Governo do Moçambique independente é nomeado Mi-nistro do Interior.

Em 1974, Armando Emílio Guebuza, dirige na sua qualidade de Co-missário Político, o processo de criação e implantação dos Grupos Dinamizadores.

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Em 1977, Armando Guebuza é eleito membro do Comité Político Permanente da FRELIMO, sucessivamente denominado por Bureau Político e Comissão Política.

No mesmo ano, o Comité Político Permanente designa Armando Guebuza para dirigir a Comissão de reassentamento das popula-ções vítimas das cheias na Província de Gaza. É em resultado desse esforço, e em colaboração com as autoridades e populações locais, que nascem as aldeias comunais erguidas nas partes altas do Vale do Limpopo, e hoje em franco progresso.

Ainda em 1977, o Comissário Político Nacional Armando Guebuza é nomeado Vice-Ministro da Defesa Nacional e, em 1978, acumula estes cargos com o de Governador da Província de Cabo Delgado.

Em 1981, é designado Governador da Província de Sofala, e em 1983, é novamente, nomeado Ministro do Interior.

Em 1984, é nomeado Ministro na Presidência, responsável pela coordenação das áreas da Agricultura, Comércio, Indústria Ligeira e Turismo, assim como a cooperação com a China, Coreia do Norte, Paquistão e Vietname.

Em 1986, assume a pasta dos Transportes e Comunicações e da Pre-sidência do Comité de Ministros dos Transportes e Comunicações da Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral.

Em 1990, é nomeado chefe da delegação do Governo às conversa-ções de Roma que resultaram na assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992.

Em 1992, é designado Chefe da Delegação do Governo na Comis-são de Supervisão e Implementação do Acordo Geral de Paz para Moçambique.

Armando Guebuza, Tenente-General na Reserva, esteve também envolvido no processo de Paz do Burundi sob a égide do faleci-do Presidente da Tanzânia Julius Nyerere e, mais tarde, do anti-go Presidente sul-africano, Nelson Mandela. Armando Guebuza foi

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responsável da Comissão sobre a Natureza do Conflito Burundês, Problemas do Genocídio e Exclusão e suas Soluções.

Em 2000 ele foi escolhido, por consenso, pelas partes em conflito no Burundi para presidir à Comissão sobre as Garantias para a Im-plementação do Acordo resultante das negociações de Paz.

Guebuza foi Chefe da Bancada da FRELIMO desde o primeiro par-lamento multipartidário, saído das Eleições Gerais de 1994, até ao VIII Congresso da FRELIMO.

Em 2002, é eleito Secretário-Geral da FRELIMO e candidato deste Partido às eleições Presidenciais de 2004.

Em Fevereiro de 2005 foi empossado como terceiro Presidente da República, depois da sua vitória nas Eleições de Dezembro 2004. Em Março do mesmo ano foi eleito Presidente da FRELIMO tendo sido reeleito no IX Congresso realizado em Novembro de 2006.

Em Janeiro de 2010 foi empossado para o segundo mandato depois da sua vitória nas Eleições de Outubro de 2010.

Sua Excelência Armando Emílio Guebuza é casado com Maria da Luz Guebuza, e é pai de 4 filhos e tem três netos.

Títulos, Medalhas e Homenagens

Titulos1

Moópoli, o Salvador - O salvador, aquele que resgata as pessoas de uma situação aflitiva, aquele que muda a condição social de mal para o bem (Distrito de Balama, 2004).

1Entre os AMAKHUWA existe a tradição de entronamento do indivíduo cuja estatura so-cial é encarada com prestígio e, por isso, na linhagem de transmissão do poder, assume facilmente a sua candidatura. Essa candidatura ou admissão para a entrada no areópago dos influentes é feita por decisão consensual por um colégio de sábios, (Macyée = Wa-zée(Kiswahili), Mahumu, Mapewe), os quais estabelecem o título ou cognome por que a pessoa eleita passa a ser conhecida. Antigamente essa pessoa era-lhe atribuída um

território e um conjunto de súbditos.

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Malokiha, o endireitador, o que corrige coisas mal feitas. Aquele de quem se esperam só boas coisas, o corrector (Distrito de Chiúre, 2006).

Maréériha, o que torna as coisas bonitas. O pacificador, o purifi-cador. O polidor, purificador, o que faz as coisas ficarem bonitas/boas. (Namuno, 2009).

Mpéwe Nan’teka, o Rei Construtor. Aquele que constrói (Aldeia Sa-mora Machel Chiúre, 7.6.11.

Professor Doutor, com nota vinte sobre a sua tese com o título: Mwhusiha (Professor): fonte de Esperança (Alto Molócuè 10.04.14).

Maseko Nkwakwa- Rei dos Ngunis – Acto Orientado pela Rainha Inkossi Ya Makhosi (Angónia 14.06.14).

Plantador, como corolário do sucesso das iniciativas presidenciais um aluno, uma planta por ano e um líder, uma floresta comunitá-ria nova Barwé (19.06.14).

Medalhas e prémios

Ordem Eduardo Mondlane do 1º Grau, Resolução 6/85, de 17 de Junho;

Ordem Amizade e Paz do 1º Grau, Decreto Presidencial 12/2005, de 1 de Fevereiro;

Ordem de Mérito, Chile, 8.05.08;

Prémio do Instituto Afro-Americano, edição 2008, em reco-nhecimento pelo desenvolvimento humano;

Ordem Amílcar Cabral do 1º Grau, 16.11.08;

Prémio africano “Nandi” 2009, em reconhecimento do seu papel na promoção do género;

Prémio Crans Montana 2009, em reconhecimento do seu tra-balho visando minorar o sofrimento dos cerca de 20 milhões de moçambicanos;

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Prémio de ouro, atribuído pela Rede de Investigação de po-líticas Agrícolas e Recursos Naturais, FANRPAN, em reconhe-cimento do seu papel na promoção da Revolução Verde em Moçambique e pelo facto do seu governo estar a injectar os 7 milhões para o desenvolvimento acelerado das zonas ru-rais e pela segurança alimentar e Revolução Verde, Maputo, 1.09.09;

Prémio do Conselho do Superior do Desporto em Africa pela sua liderança na criação de condições para a realização, com sucesso da X Edição dos Jogos Africanos Maputo 2011;

Prémio do Comité Olímpico Internacional edição 2011, pela forma como tem contribuído e participado na promoção dos ideais olímpicos no País e no mundo.

Prémio “Excellence Award”, atribuído pela Aliança dos Líde-res Africanos Contra a Malária (ALMA), pela sua determina-ção no combate a esta doença.

Prémio de Ouro da FAO de 2012, pelo seu papel no desenvol-vimento rural.

Embaixador de Boa Vontade sobre a Saúde Materna e Infantil 2013, conferido pelas Primeiras Damas de África, pelo seu papel na promoção da saúde materna, neonatal e infantil.

Ordem Excelente da Pérola de África em reconhecimento pela República do Uganda em 2013, do seu papel a nível político e diplomático no país e na região da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Cruz de São Marco do Primeiro Grau, por Sua Beatitude Papa e Patriarca de Alexandria e de toda África, Theodoros II, em 2014, em reconhecimento do seu papel na promoção da li-berdade religiosa em Moçambique.

Prémio da Revista The Business Year pelo seu papel nas re-formas e melhoria do ambiente de negócios em Moçambique 27.06.14;

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Ordem Infante D. Henrique, 3.11.14;

Prémio Mérito Ambiental, atribuído pelo Ministério do Meio Ambiente, por ocasião dos seus 20 anos, pelo lançamento e liderança da Iniciativa Presidencial “um aluno, uma planta por ano” e “um líder, uma floresta nova”, 19.12.14;

Reconhecimentos

Presidente do Órgão da SADC para a Cooperação nas áreas de Política, Defesa e Segurança, 2009-2010;

Presidência da III Cimeira sobre Clima, em 2009, em reco-nhecimento do seu papel gestão de calamidades;

Presidente dos PALOP (2010-2012);

Presidente da CPLP (2012-2014);

Presidente da SADC (2012-2013);

Membro do Movimento Internacional de promoção da Nutri-ção “Scaling Up Nutrition (SUN) Movement”, desde 2012;

Membro da equipa nomeada em 2013 pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Educação em primeiro lugar;

Presidente do Conselho de Paz e Segurança da União Africa-na, Março de 2014.

Homenagens

Serviço de Informações e Segurança do Estado, 23.04.14;

Artistas e homens da cultura, 14.08.14;

Ministério de Energia, 28.08.14;

Confederação das Associações Económicas, CTA, 26.09.14;

Organização Nacional dos Professores, 12.10.14;

Organização Continuadores, 25.10.14;

Ministério da Agricultura, 5.10.14;

Desportistas, 27.10.14;

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Titulares dos Órgãos do Sistema de Administração da Justiça, 5.11.14;

Ministério das Obras Públicas e Habitação, 12.11.14;

Instituto Superior de Estudos de Defesa “Tenente-General Armando Emílio Guebuza”, 21.11.14;

Conselho de Ministros, 9.12.14;

Casa Militar, 11.12.14;

Ministério dos Transportes e Comunicações, 13.12.14;

Conselho da Polícia da República de Moçambique, 17.12.14;

Doutor Honoris causa em Economia do Desenvolvimento, Universidade Eduardo Mondlane, 18.12.14.