situacao da sadc no espaco globalizado desafios

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1 Universidade Eduardo Mondlane Faculdade de Letras e Ciências Sociais Departamento de Geografia Curso de Licenciatura em Geografia Tema: O papel da SADC no contexto do Espço Globalizado Discentes: MUSSAGY, Lor Ibraimo MUJOVO, Carlos Eduardo HILÁRIO, Calisto da Paz RASO, Germias Marcelino SOARES, Belmiro Manuel MUGABE, Dionísio Gilberto Maputo, Novembro de 2013 NB: o trabalho foi da exclusiva produção de estudantes tendo apenas passado das mãos do Docente para a avaliação. Pode não ter-se cumprido com aspectos cientificamente aceites.

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este trabalho fala do papel da SADC no espaço globalizado sobre tudo sua participação no comercio internacional. obviamente a situacao actual dos paises membros da regiao

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Page 1: Situacao da sadc no espaco globalizado desafios

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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Letras e Ciências Sociais

Departamento de Geografia

Curso de Licenciatura em Geografia

Tema: O papel da SADC no contexto do Espço

Globalizado

Discentes:

MUSSAGY, Lor Ibraimo

MUJOVO, Carlos Eduardo

HILÁRIO, Calisto da Paz

RASO, Germias Marcelino

SOARES, Belmiro Manuel

MUGABE, Dionísio Gilberto

Maputo, Novembro de 2013

NB: o trabalho foi da exclusiva produção de estudantes tendo apenas passado das

mãos do Docente para a avaliação. Pode não ter-se cumprido com aspectos

cientificamente aceites.

Page 2: Situacao da sadc no espaco globalizado desafios

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Índice

I.Introdução ................................................................................................................................................... 3

II. Objectivos................................................................................................................................................. 4

III. Metodologia ............................................................................................................................................ 4

IV.Enquadramento Teórico ........................................................................................................................... 5

V.Contexto Histórico da Comunidade para o desenvolvimento da África Austral (SADC) ........................ 6

VI. Objectivos da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). ................................. 8

VII. Integração regional: Fundamentos e métodos Básicos .......................................................................... 8

VIII.Caracterização da situação sócio económico e política da Região ..................................................... 10

IX.Tendência actual da integração regional dos países da região ao nível global ...................................... 15

X.Desafios da SADC no espaço globalizado .............................................................................................. 15

XII.Anexos .................................................................................................................................................. 18

XIII. Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 22

Page 3: Situacao da sadc no espaco globalizado desafios

3

I.Introdução

A história moderna tem sido caracterizada pela formação de blocos de países como estratégia de

auto defesa e de desenvolvimento. Na África essa, mesma tendência pode ser identificada na

criação da comunidade para o desenvolvimento de África Austral (SADC) e da Comunidade

Económica dos Estados da Africa Ocidental que tem sido consideradas determinantes na

integração regional económica Africana. Os países soberânos consideram a necessidade de

integrar ou cooperar regionalmente apenas se perceberem ganhos colectivos ao acordo (Murapa,

2002).

A Comunidade de desenvolvimento de África Austral (SADC) guia se por uma visão comum de

desenvolvimento baseado na agenda regional definida no Plano estratégico Indicativo Órgão

(Idem).

Com uma estratégia de desenvolvimento a longo prazo rumo ao crescimento económico e o

desenvolvimento, carece de mecanismos de financiamento próprio a fim de mobilizar fundos

para a agenda de integração económica e a cooperação política regional (SADC, 2012).

Reconhecendo a importância que os blocos regionais têm no processo de integração de regiões

no concernente aos aspectos económicos, políticos e sociais, o presente trabalho visa analisar o

papel da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral no contexto do espaço

Globalizado.

Page 4: Situacao da sadc no espaco globalizado desafios

4

II. Objectivos

Geral

Analisar o papel da Região da SADC no contexto do espaço Globalizado

Específicos

Identificar os (Estados menbros) e principais objectivos da criação da Comunidade para

Desenvolvimento da África Austral;

Apresentar os fundamentos e métodos da integração regional;

Caracterizar a nível político e sócio-económico a região;

Avaliar a tendência actual da intengração regional dos países da região ao nível global;

Apresentar os desafios da SADC no espaço globalizado

III. Metodologia

Com vista o alcance dos objectivos acima preconizados através da elaboração do presente

trabalho, recorreu-se ao uso de método de consulta bibliográfica que consistiu na consulta

bibliográfica de literaturas que versam sobre os blocos regionais em particular da SADC, tendo

se, recorrido ao uso de internet bem como a visita a biblioteca do Centro de Análise de Políticas

(CAP) para a consulta dos Relatório Regional sobre desenvolvimento Humano da SADC

publicado pelo PNUD no ano de 1998, do Plano Estratégico Indicativo de desenvolvimento

Regional Publicado pela SADC no ano de 2003, do manual sobre o Desenvolvimento Regional:

Abordagens Interdisciplinares publicado pela Universidade De santa Cruz de Sul no ano de 2003

entre outras bibliografias consultadas de carácter pertinente a este trabalho.

Para a organização dos dados qualitativos e quantitativos em tabelas e Gráficos, recorreu-se ao

método estatístico e por fim recorreu se ao método cartográfico que consistiu na elaboração do

mapa dos países membros da SADC com recurso ao ARCGIS, versão 10.

Page 5: Situacao da sadc no espaco globalizado desafios

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IV.Enquadramento Teórico

Principais conceitos e Acrónimos

Integração Regional, “é um movimento para estabelecer ligações entre e em meio de um grupo

de países dentro de um determinado espaço geográfico, motivados por interesses comuns e

compartilhados para a cooperação nas áreas de comércio e outros sectores econômicos, com vista

uma zona de livre comércio e, subsequentemente estabelecer uma união alfandegária” (Evans et

al, 1999 citado por CAP, 2011).

Migração, refere-se ao movimento de pessoas, grupos ou povos de um lugar para outro. De um

modo geral, na actualidade as migrações são causadas pela globalização, superpopulação de

certos países ou regiões, violação dos direitos, desemprego, desorganização das economias

tradicionais, perseguições, discriminações, xenofobia, conflitos internos, desigualdade

econômica entre os países e entre os hemisférios Norte e Sul (CAP, 2011).

Globalização, é um processo de integração de distintas actividades humanas, (sobretudo os que

tem haver com a produção, comércio, fluxos financeiros, redes de informação e as corentes

culturais), o que está permitindo que o mundo se perceba cada vez mais pequena (FMI, 1997

citado por Sánchez, 2002).

Espaço é o movimento das relações entre a concretude física do planeta e a humanidade. A

mediatização realizada pelo trabalho produz a construção do espaço que se vislumbraria como

um conjunto indissociável de objetos geográficos, naturais e sociais, com a sociedade em

movimento. O espaço seria um conjunto de formas, contendo frações da própria sociedade que se

movimenta (Santos, 1994 citado por Rocha, 2008).

Território, forma-se a a partir do espaço, é resultado de uma accao conduzida por um actor

sintagmático em qualquer nível.Ao se apropriair de um espaço, concreta ou abstratamente, o

actor terroriza-o. A sua construção revela relações de poder (Bordo at al S/d apoud Raffestin

Page 6: Situacao da sadc no espaco globalizado desafios

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CAP-Centro de Análise de Políticas

GATT-General Agreement on Tariffs and Trade (Acordo geral sobre tarifas e comércio)

NEPRU- Unidade de Pesquisa de Políticas Económicas da Namíbia

NAFTA-Zona de comércio Livre da Amércia do Norte

OMC- Organização Mundial de Comércio

OCDE-Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico

PEIDR-Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional

PIB- Produto Interno Bruto

RDC-República Democrática do Congo

RIDH- Relatório Índice de Desenvolvimento Humano

RRDH-Relatório Regional de Desenvolvimento Humano

SADCC- Conferência para a Coordenação de Desenvolvimento da África Austral

SADC- Comunidade para o desenvolvimento da África Austral

V.Contexto Histórico da Comunidade para o desenvolvimento da África Austral (SADC)

A história da SADC é caracterizada por conflitos influenciados pela Guerra-fria e impulsionados

pela postura sul-africana e suas políticas de tentativa de dominação da África Austral. Estas

políticas sul-africanas constituíram o principal ímpeto para a formação da Conferência de

Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral (SADCC), onde os Estados da região se

aliaram para se contraporem à África do Sul dirigida pelo regime do apartheid. A identidade

inicial da SADCC foi mais política do que econômica, O principal objectivo da SADCC

consistia na redução da dependência em relação à África do Sul, que serviria também como uma

espécie de isolamento (CAP, 2011).

A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) é um bloco regional que

surgiu em substituição da SADCC, proveniente dos Países da Linha da Frente, com um objectivo

eminentemente político, para dar maior dinamismo ao projecto das independências de outros

países da região. Da Linha de Frente passou-se, em 1980, para a SADCC e desta, em 1992, para

a SADC (CAP, 2011).

Page 7: Situacao da sadc no espaco globalizado desafios

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A SADC, é constituída actualmente por 15 países noemedamente: Angola, Botswana, Lesotho,

Malawi, Moçambique, Suazilândia, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe, Maurícias, Namíbia, África

do Sul, República Democrática do Congo, Madagáscar e Seychelles (CAP, 2011).

MAPA 1: Países Membros da SADC

Fonte: elaborado pelo grupo

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VI. Objectivos da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC).

A SADC, com sede em Gaberone, Botswana tem como línguas oficiais o Inglês, o Francês e o

Português.

Segundo o CAP, 2011 & Murapa (2002), Os objectivos da SADC, podem ser resumidos em 5

pontos basilares:

I. Alcançar o desenvolvimento e crescimento económico, aliviar a pobreza, aumentar o

padrão e a qualidade de vida dos países da África Austral e dar apoio aos socialmente

desamparados por meio da integração regional;

II. Desenvolver valores, sistemas e instituições políticas comuns e promover e defender a

paz e segurança;

III. Promover o desenvolvimento sustentado a partir da autoconfiança colectiva e da

interdependência dos Estados membros e alcançar a complementaridade entre estratégias

e programas nacionais e regionais;

IV. promover e maximizar a produtividade, o emprego e a utilização dos recursos da região e

alcançar o uso sustentável dos recursos naturais e a efectiva protecção do meio ambiente;

V. Fortalecer e consolidar as antigas afinidades históricas, sociais e culturais e os elos entre

os povos da região.

VII. Integração regional: Fundamentos e métodos Básicos

Integração Regional

Para Evans et al (1999) citado por CAP, (2011), Integração Regional, é um movimento para

estabelecer ligações entre e em meio de um grupo de países dentro de um determinado espaço

geográfico, motivado por interesses comuns e compartilhados para cooperação nas áreas de

comércio e outros sectores económicos, com vista a alcançar uma zona de livre comércio e,

subsequentemente, estabelecer uma união alfandegária.

O processo de integração regional a nível da África inicia nos anos 70. No que diz respeito à

SADC, com a libertação da Namíbia (1990) e da África de Sul (1994), os Estados da região

empenharam-se afincadamente na “construção” de uma cooperação regional, a fim de garantir

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uma integração fundada no desenvolvimento de uma comunidade económica e integração

política (Evans et al 1999) citado por CAP, 2011).

Os países soberanos consideram a necessidade de integrar ou cooperar regionalmente apenas se

perceberem ganhos colectivos no acordo, sendo que o benefício fundamental da integração

económica está na utilização de vantagens comparativas pelos Estados Membros (idem,2011).

De realçar que, embora a dimensão económica esteja acima mais evidenciada, o processo de

integração regional compreende várias outras dimensões, a saber: cultural, política, social, dentre

outras (idem,2011).

De acordo com a NEPRU, (1998) citado por Murapa 2002 o protocolo comercial da SADC, os

objectivos da integração regional

são os seguintes:

Liberalizar ainda mais o comércio intra-regional de bens e serviços, com base em acordos

de comércio justos, mutuamente equitativos e benéficos, complementados por protocolos

em outras áreas (como a de energia), para garantir uma produção eficiente dentro da

SADC, reflectindo as actuais e dinâmicas vantagens comparativas dos seus membros;

Contribuir para melhorar o clima de investimentos domésticos;

Intensificar o desenvolvimento económico, a diversificação e a industrialização da

região; e,

Intensificar o processo de integração regional através do aumento do comércio intra-

regional e facilitando o comércio entre fronteiras.

Fundamentos e Métodos

O mercado regional repousa sobre seis princípios fundamentais, sendo três de natureza política e

três de natureza económica:

Natureza Política: a) igual oportunidade, isto é, todos os participantes têm assegurado o pleno

desenvolvimento de seus recursos e possibilidades e, se forem pequenos e atrasados, terão

tratamento adequado a esse menor desenvolvimento económico relativo; b) voluntariedade, ou

seja, que cada país membro resolve, por livre arbítrio, participar da forma de integração no

momento que julgar melhor; e c) não exclusividade, que significa que não haverá, dentro da área

integrada, blocos cerrados, sendo os acordos acessíveis a todos(CAP, 2011).

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Natureza Económica: a) produtividade, o que significa que a área integrada buscará o aumento

da produtividade em regime de livre concorrência para atingir progressiva especialização das

actividades produtivas; b) concorrência; c) especialização. O mercado regional será assim,

multilateral e competitivo especialização das actividades produtivas; b) concorrência; c)

especialização. O mercado regional será assim, multilateral e competitivo.

Contudo, os efeitos realocacionais da liberalização do comércio podem ser importantes nas

regiões industrialmente desenvolvidas. Nas áreas subdesenvolvidas, porém, o mecanismo de

mercado e dos preços não desfruta da mesma eficiência, capaz de operar uma mudança radical na

alocação de recursos de modo mais racional. Daí a política de desenvolvimento servir se do

planeamento, ao qual se subordina a liberalização do comércio (Idem,2011).

Segundo CAP, (2011) há dois métodos de integração regional:o liberal ou funcional e o dirigista

ou institucional.

O Liberal é aquele em que há remoção de todas as restrições quantitativas ao fluxo de

mercadorias, serviços e pagamentos através das fronteiras, bem como eliminação de obstáculos

ao movimento dos factores de produção - capital e trabalho;

O Dirigista é o método em que há coordenação e harmonização das políticas governamentais

para a consecução da integração

VIII.Caracterização da situação sócio económico e política da Região

Situação Política

O bloco da SADC é composto por Estados altamente diversificados em suas condições

socioeconômicas e políticas. Embora todos eles se declarem democráticos, bem poucos contêm

as instituições que caracterizam as modernas democracias em seus sistemas políticos, como

eleições livres e justas, um Judiciário independente e imprensa livre. Em muitos deles, a elite

governante não tolera a oposição política e pouco respeita o sistema de leis. Em alguns países

envolvidos em guerras civis, a busca de ideais democráticos obviamente tornou-se difícil. Pelo

menos dois dos Estados membros, Angola e República Democrática do Congo, estão envolvidos

em contínuas guerras civis que têm impedido os esforços do governo para exercer a hegemonia

política em todo o território nacional (Murata, 2012).

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No entanto, em um esforço para alcançar a integração política, a SADC tem tido um papel cada

vez maior na solução de conflitos nesses Estados (Idem, 2012).

Situação social

População

Os Países membros da SADC somam uma população de aproximadamente, 240 milhões de

habitantes e um Produto Interno Bruto de 350 biliões de dólares. A sua área total da região é 9.8

milhões de km². Africa do Sul, Angola e RDC compõe perto de 50% da área total ao mesmo

tempo Lesotho, Maurícias e Swazilândia compõe 0.5% da área total (CAP, 2011).

Gráfico 1: Distribuição da população da SADC

Fonte de dados: BM1, 2007 citado por CAP, 2011

Outra característica importante da economia política da SADC reside na cultura fortificada de

movimentos humanos, simbolizada pelas migrações e dento da SADC, de acordo com a

experiência existe quatro tipos principais de migração:

1 Banco Mundial

46,9

15,9

1,8

57,5

1,8

18,6 12,9

1,2

19,8

2 1,1

38,3

11,7 13

Distribuição da População da SADC (Milhões de Habitantes)

População (Milhões de Habitantes)

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12

a) Migração de controlo de trabalhadores semi-qualificados principalmente para as minas

sul-africanas;

b) Migração irregular em busca de trabalho como os vendedores ambulantes, trabalhadores

domésticos ou trabalhadores agrícolas;

c) Os refugiados, qua normalmente residem noutros países, fugindo da perseguição politica

ou sendo deslocados rigorosamente devido a conflitos internos violentos; e

d) Dreno de cérebro, que é a migração de profissionais altamente qualificados, o que chega

na maior parte dos casos, a provocar o dreno de recursos, por parte dum Estado de

provisão, e o ganho de recursos, por parte dum estado acolhedor (idem, 2011).

Diante estas formas de migração na região, é necessário encontrar formas adequadas de proteção

social, que garantam aos migrantes um bem-estar, tanto nos países hospedeiros assim como nos

países de origem quando necessário. Outro aspecto é facto de que a região tem uma grande taxa

de pobreza, que atinge quase todos os países embora em diferentes graus (CAP, 2011). (Vide a

tabela 1 feito com base ao relatório do desenvolvimento humano publicado pelo PNUD em 2013.

Tabela 1: Situação de desenvolvimento Humano da SADC em 2012

País Índice Classificação do IDH

Seychelles 0.806 Muito Elevado

Maurícias 0.737 Elevado

Botswana 0.634 Médio

África do Sul 0.629 Médio

Namíbia 0.608 Médio

Suazilândia 0.536 Médio

Angola 0.508 Baixo

Madagáscar 0.483 Baixo

Tanzânia 0.476 Baixo

Moçambique 0.327 Baixo

RDC 0.304 Baixo

Malawi 0.418 Baixo

Zâmbia 0.448 Baixo

Zimbabwe 0.397 Baixo

Lesotho 0.461 Baixo Fonte: RIDH, 2013

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Situação económica

Segundo Cruz (2005), a integração regional em África tem sido um dos mais apregoados desde

as independências. A débil industrialização e a ausência de bens transacionáveis entre países

africanos têm, porém, impedido o seu sucesso.

As agendas internas e internacionais têm-se mantido sempre curiais para os regimes Africanos, o

que tem secundarizado a integração económica Regional, apesar de número de cimeiras,

reuniões, recomendações, documentos traduzidos sobre o assunto.

Nos últimos anos têm-se vindo a verificar, um aumento da importância de regionalismo em

África provocado por razões políticas e de segurança e não por razões de índole económico

(Idem,2005).

Porém a característica que se destaca no presente cenário económico da SADC, é o facto de estes

países tenderem a comercializarem menos entre eles próprios, estando mais ligados ao mundo

desenvolvido. A SADC, está mais integrada relativamente ao mundo desenvolvido do que entre

si próprio (PNUD, 1998).

As importações consistem principalmente em produtos acabados e em bens de capital enquanto

as exportações são de matérias-primas (commodities primárias) e artigos semi-processados. A

debilidade do sector de comércio internacional é evidenciada pelos grandes défices de balança

comercial e pelas altas obrigações com a dívida.

A estrutura fundamental da economia regional Africana (SADC), é extremamente dependente

onde, a divida externa é enorme e o seu pagamento depende da ajuda externa. Apresenta uma

base de produção interna fraca, exceptuando a de Africa do Sul (CAP, 2001 & PNUD, 1998).

A estrutura económica dos países da SADC, é característica da região em desenvolvimento em

que grandes porções do PIB têm como origem os sectores primários da produção, nomeadamente

a agricultura e a indústria extractiva cuja contribuição total é, em média de cerca de 50% do total

do PIB (SADC, 2003). Vide o gráfico 3 em anexo.

O gráfico 2, em anexo, mostra variação do PIB da SADC entre os anos de 1997 e 2007 em

milhões de dólares, sendo Seychelles, África do Sul, Botswana, Maurícias e Namíbia

apresentava um PIB elevado em comparação com os restantes países membros da SADC ano de

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1996. Todavia no ano de 2007 a RDC, Malawi, Maurícias, Zâmbia apresentavam um PIB

elevado quando comparado com os restantes países membros da SADC. Tendo como ponto de

partida 1997, a região da SADC o seu PIB cresceu significativamente ano de 2007.

Especificamente o PIB na SADC o seu crescimento foi em função dos sectores económicos,

nomeadamente agricultura, industria e serviços, sendo esta ultima actividade que mais contribuiu

significativamente no PIB sendo os países que mais contribuíram significativamente no PIB,

Mocambique, Botswana, Africa do Sul, Seychelles, Maurícias e Namíbia quando comparados

com os demais países membros da SADC, de forma sumaria, a SADC contou com o incremento

significativo do seu PIB dominado maioritariamente pela área dos serviços. Vide os gráficos 3,

4e 5.

No que diz respeito ao rendimento per capita, o nível médio do rendimento, é avaliado pelo

produto nacional bruto (PNB) que é muito baixo a mais ou menos três décadas que tem registado

um declínio na maioria dos países da SADC. No ano de 2002 o PNB médio per capita na SADC,

afixou-se em 1563 USD (Idem, 2003).

Em suma existe grande discrepância entre os Países membros, em termos de distribuição do PIB

por sectores de actividades. Na africa de Maurícias e Swazilândia, mais de 60% do PIB provém

da indústria manufactureira, enquanto em Países como Angola e Botswana o sector mineira

contribui com mais de 80% do PIB (Idem,2003).

Tomando como base a situação macroeconómica, os Países da SADC diferem grandemente em

termos de indicadores macroeconómicos e estrutura industrial, bem como a situação geral de

pobreza. Contudo a região dispõe de vários recursos que podem ser aproveitados e

comercializados pelo bloco e o resto do mundo para reduzir a pobreza e melhorar a cooperação

regional (CAP, 2011).

Page 15: Situacao da sadc no espaco globalizado desafios

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IX.Tendência actual da integração regional dos países da região ao nível global

Segundo a SADC, 2003, uma parte considerável das exportações dos países da África Austral, a

OCEDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico), é o principal mercado de

exportação. A Ásia como destino de exportações é significativo para Angola, Moçambique,

Maurícias, Africa do Sul, Tanzânia, Zâmbia e Seychelles (PNUD, 1998).

O volume das importações dos estados membros da SADC, tem origem a OCEDE. Para RDC,

Maurícias, Seychelles e Tanzânia, a fonte asiática representa uma cota significativa das suas

exportações; enquanto para Angola e África do Sul a zona de comércio livre da América do

Norte (NAFTA) serve de importante fonte das suas receitas de importações. O comércio

intrarregional na SADC é influenciado tanto pelo protocolo sobre trocas comerciais da SADC

como pelos acordos bilaterais comercial negociados pelos estados membros antes da entrada em

vigor do protocolo (Idem, 1998).

A experiencia e resultados da SADC mostram uma improcedente tendência para a liberalização

comercial e certa convergência na abordagem das políticas económicas e gestão

macroeconómica ao nível da região. O desempenho do mercado económico regional da SADC

da região tem mostrado melhorias onde, inclui algumas economias dinâmicas como a Angola,

Moçambique, Tanzânia que tiveram um crescimento do PIB 7% e acima (CAP, 2011).

X.Desafios da SADC no espaço globalizado

A integração Regional na SADC, abre a possibilidade de resposta a uma multiplicidade de

fenómenos políticos, culturais, sociais e económicos, que são transversais, influenciada pela

incapacidade organizacional dos agentes regionais de superar as contradições e resolver os

conflitos através da integração dos interesses locais com os interesses socio ambientais

regionalizados, que impossibilita a construção de um projecto próprio e específico (CAP, 2011 &

UNICS, 2003).

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16

Nessa forma passiva os interesses socioeconómicos são abortados regionalmente, quando o são

de acordo com os interesses económico-cooperativos multinacionalizados (mercado capitalista).

É um mercado, a economia globalizada que determina a dinâmica do desenvolvimento regional

ou por outras a dinâmica económica da SADC, é ditada pelas forças do mercado capitalista e

economia globalizada (CAP, 2011 & UNICS, 2003).

O principal desafio da região da SADC, é evidentemente transformar a estrutura

subdesenvolvida da economia regional, melhorar o desempenho macroeconómica, a governação

política e corporativa e, assim, explorar o potencial existente nos recursos Humanos e naturais da

região (SADC, 2003).

De forma sumaria o principal desafio que a região enfrenta é o desenvolvimento de um clima

económico e social que conduza à integração regional, ao crescimento económico, a erradicação

da pobreza e ao estabelecimento de uma via sustentável de desenvolvimento (Idem, 2003).

O crescimento económico referido anteriormente resulta na consolidação da união aduaneira

através de implementação de uma tarifa comum e consolidar a atuação sobre área de livre

comércio e aumentar a capacidade infraestruturais e de produção (Idem,2003).

Page 17: Situacao da sadc no espaco globalizado desafios

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XI. Conclusão

O contexto de desenvolvimento das economias contemporâneas mostra que a abordagem

tradicional que explica e defende a imposição de políticas comerciais como forma de atingir um

rápido crescimento e desenvolvimento económico traduzido em elevado nível de vida ou de

bem-estar das populações, são ineficazes sobretudo para os países em vias de desenvolvimento

que, em maioria constituem a SADC na medida em que não conseguem suprimir as dificuldades

que os países membros da comunidade.

O comércio e relativamente a componente mais importante do PIB dos países mais pequenos tais

como Lesotho, Swazilândia, em relação aos países maiores como a Africa do Sul. No que diz

respeito a indústria, a sua participação no PIB é através da exploração mineira caracterizada

significativamente pela indústria petrolífera em Angola, de carvão na África de Sul e

Moçambique, de dimanante na Africa do sul e Angola entre outros.

Para o caso de Moçambique a integração económico regional da SADC, desempenha um papel

importante na medida em que pode criar um impulso significativo no que tange a economia

através de absorção e implementação de novas capacidades e competências a vários níveis que

estimulam o aumento da produtividade e consequente aumento da competitividade da economia

ao nível da Região da SADC bem como ao nível dos mercados globais.

Page 18: Situacao da sadc no espaco globalizado desafios

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XII.Anexos

Estrututura Económica da Região da SADC

Gráfico 2: Distribuição do PIB pelos países da SADC em Milhões de dólares

Fonte de dados: CAP (2011) & PNUD (1998) elaborado pelo grupo

Gráfico:3 Distribuição de PIB da Região da SADC em sectores por países membros

Fonte de dados: PNUD, 1998

010002000300040005000600070008000

PIBs da SADC em Milhões de USD

1996-1997 2007

01020304050607080

PIBs (%) dos sectores económica da SADC

Agricultura (1995) Indústria (1995) Serviços (1995)

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19

Não foram usados dados de Madagáscar

Gráfico:4 Distribuição de PIB da Região da SADC por países membros

Fonte de dados: Arndt et al (2007) citado por,CAP (2011) & PEIDR (2003) elaborado pelo grupo

Não foram usados dados de Syshelles dos 2 anos e Madagascar apenas de 2002.

Gráfico 5: Taxa de crescimento económico da região da SADC

Fonte de dados: Ministério das Finanças (2009) e PEIDR 9 2003) elaborado pelo Grupo

Para o cálculo de PIB de 2008, nao foi usada a taxa de Syeshelles e Zimbabwe

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Distribuição do PIB (%)da SADC por países membros

PIB(%) em 2002 PIB (%) em 2007

0

1

2

3

4

5

6

7

8

1999 2000 2001 2002 2008

Taxa de crescimento da SADC

Taxa de crescimento da SADC por Ano

Page 20: Situacao da sadc no espaco globalizado desafios

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Importações e exdportações da SADC

Tabela 2: Principais Exportações da SADC

Fonte: ABSA Bank, 1988 citado por RRDH, 1998

País Principal Exportação Total de Exportações em % Destino

Angola Petróleo 86 França, EUA

Botswana Diamantes 88 Suíça

RDC Cobre 60

Bélgica/Luxemburgo,

EUA, Itália

Lesotho Produtos manufacturados 80 África do Sul

Malawi Tabaco 76

Grã-Bretanha, EUA, Japão,

Alemanha

Maurícias Têxteis 56 Grã-Bretanha, Franca, EUA

Moçambique Camarão e outro pescado 47 Espanha, EUA, Japão

Namíbia Diamantes 35 Suíça

Seychelles

Conserva de atum,

Peixe fresco e congelado 0 Itália, Tailândia

África do Sul Ouro 22 Japão, Itália, EUA

Suazilândia Alimentos e açúcar 58 África do Sul, UE

Tanzânia Café 25 Alemanha, Grã-Bretanha

Zâmbia Cobre e cobalto 90 Japão, UE, Índia

Zimbabwe Tabaco 20

Grã-Bretanha, Alemanha,

África do Sul

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Tabela 3: Principais importações da SADC

Principal País

Principal Importação

Importação

como %

do Total de

Exportações Origem

Angola Bens de consumo 40 França, Portugal, EUA, Brasil

Botswana

Bens de consumo

e maquinaria 81 África do Sul

RDC Produtos manufacturados 37 Bélgica, Luxemburgo, Hong Kong

Lesotho Bens de consumo 33 África do Sul

Malawi

Bens industriais e de

capital 60 África do Sul

Maurícias Fio para têxteis Franca, África do Sul, Índia

Moçambique Bens de consumo 40 África do Sul, EUA

Namíbia Bens de capital 29 África do Sul

Seychelles

Produtos manufacturados,

Maquinaria e equipamento

de transporte --------- EUA, Grã-Bretanha, França, SA, Kuwait

África do Sul ------- --------- ---------

Suazilândia Bens de capital 20 África do Sul

Tanzânia Bens de consumo 23 Grã-Bretanha, Alemanha, Japão

Zâmbia Fertilizantes 20 África do Sul, Grã-Bretanha, Japão

Zimbabwe Bens de capital 41 África do Sul, Grã-Bretanha,

Fonte: ABSA Bank, 1988 citado por RRDH, 1998

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XIII. Referências Bibliográficas

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São Paulo. S/d.

Centro de Análise de Políticas (CAP) FLCS/UEM. Economia, Política e

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MURAPA, Rukodzo. A comunidade de Desenvolvimento de África Austral: Rumo a

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Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD). Relatório Regional do

Desenvolvimento Humano (RRDH) na SADC.1998.

Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD). Relatório de Desenvolvimento

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Washisngton DC, 2013.

Relatório Regional de Desenvolvimento humano (RRDH) na SADC. Governação e

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ROCHA, José Carlos. Diálogo entre as categorias de Geografia: espaço, território e paisagem.

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SÁNCHEZ, Erick Romám. Breve visita a Globalização. Novembro de 2002.

SADC- Estratégia de Mobilização de Recursos da SADC.Gaberone.2012.

SADC-Plano Estratégico Indicativo de Desenvolvimento Regional(PEIDR). Gaberone.2003.

UNICS (Universidade de Santa Cruz do Sul). Desenvolvimento Regional: Abordagens

multidisciplinares.Rio Grande. 2003.