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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ–REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
APROVAÇÃO E REPROVAÇÃO ESCOLAR
Por: Janete Pereira Jorge Paiva
Trabalho monográfico apresentado como
requisito parcial para obtenção de grau
de Especialista em Docência do Ensino
Fundamental e Médio
Rio de Janeiro, RJ, junho/2002
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Agradeço ao professor Marco Antonio
Chaves pela força, apoio e amizade.
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SUMÁRIO
Introdução .......................................................................................................... 4
I. Avaliação ........................................................................................... 7
1.1- Avaliações – Conceitos e Definições.................................................. 7
1.2- Modalidades de Avaliação ............................................................... 10
1.3- Avaliação Diagnóstica...................................................................... 12
1.4- Avaliação Somativa.......................................................................... 13
1.5- Avaliação Formativa ........................................................................ 13
1.6- Funções da Avaliação...................................................................... 15
1.7- Avaliação como Processo Integral .................................................. 16
1.8- Medidas e Alternativas na Avaliação Escolar .................................. 19
1.9- A Auto-Avaliação ............................................................................. 23
II. Recuperação ................................................................................... 27
III. Reprovação ..................................................................................... 31
3.1- A Reprovação – Evasão e suas Causas.......................................... 33
3.2- Repetência e Dependência.............................................................. 35
Conclusão ........................................................................................................ 39
Bibliografia ....................................................................................................... 44
Anexos.............................................................................................................. 47
4
INTRODUÇÃO
“A prática de pensar a prática é a
melhor maneira de pensar certo.”
Paulo Freire
No atual contexto educacional muitas discussões, muitas
experiências vêm ocorrendo entre educadores, coordenadores em relação à
necessidade de rever a avaliação no processo ensino aprendizagem. Tenta
enfatizar a importância dessa ação política, desse ato de avaliar e reprovar
isoladamente, corre seu risco de levantar polêmicas diversas sem se preocupar
com a essência e o fundamental da aprendizagem. Pode-se dizer que a
avaliação da aprendizagem é a espinha dorsal do processo.
O presente trabalho, apresentando fundamentação, elementos de
pesquisa, técnicas possíveis, abre perspectivas para repensar não somente a
avaliação, mas analisar mais profundamente toda ação educativa na obra que
fazemos.
É assunto de interesse de todos, pois muitas vezes é angústia de
muitos alunos; frustração de educadores, decepção dos pais e preocupação
dos que orientam e dirigem as instituições.
O ato de avaliar na vida cotidiana se dá, permanentemente, pela
unidade imediata do pensamento e ação. Nesta unidade, a pessoa precisa
estar sempre pronta para identificar o que é para si “o verdadeiro e o correto”,
opções que lhe vão indicar o melhor caminho a seguir, o que fazer.
No processo de ensino aprendizagem é sem dúvida a tarefa mais
complexa, difícil, conflitiva, pois saber avaliar com justiça e com certeza o que
de fato o aluno aprendeu e sabe, é um desafio para o educador.
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A grande preocupação de muitos professores é saber o quanto o
aluno merece, a do aluno quanto precisa para passar, da equipe pedagógica e
da direção quais os percentuais de aprovação e reprovação; dos pais se o filho
tirou nota para passar.
Tudo gira em torno de testes, provas e notas. Esquecendo-se do
essencial, do fundamental da aprendizagem que por vezes é colocada no
segundo plano.
A nota infelizmente é o passaporte da aprovação ou reprovação
do aluno. Porém, a avaliação verdadeira é aquela que consegue verificar como
o aluno é capaz de movimentar-se num campo de estudos estimulá-lo, através
de uma reflexão conjunta, sobre o que ele realizou e a encontrar os caminhos
de seu próprio desenvolvimento.
Diretamente, neste processo de ensinar e aprender quem
organiza a ação avaliativa é o professor, por isso é necessário iniciar com o
resultado pesquisado, analisado e refletido de um grupo de professores que
buscam e procuram em conjunto pistas de soluções e respostas referentes ao
tema abordado.
O capítulo primeiro desse trabalho, trata da avaliação na prática
pedagógica bem como sua classificação e função do processo ensino
aprendizagem.
O capítulo segundo destina-se a analisar as causas da não
aprendizagem e as diversas maneiras de recuperar os tropeços, as
dificuldades que o educando encontra na caminhada de sua aprendizagem.
O capítulo terceiro apresenta uma pesquisa bibliográfica
fundamentada por diversos autores, pedagogos e educadores quanto a
reprovação, repetência e evasão escolar.
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Vários são os fatores contatados que mostram apenas o
educando se transferindo de escola ou a deixando, mas a própria escola que
os expulsa com suas formas de avaliações classificatórias, currículos
desinteressantes, fora da realidade de cada educando dos quais eles buscam.
Diante disso é que se propõe uma metodologia comprometida
com o avanço, com o crescimento de cada educando individualmente e dos
educandos no seu processo coletivo.
Através da pesquisa análise da mesma pode se ter uma visão
mais clara, um diagnóstico mais perfeito da situação da própria escola que é
um mini universo dentro do grande universo da educação.
Avaliar uma perspectiva pedagógica e evangelizadora, partindo
dos princípios que norteiam a práxis educativa proposta requer um movimento
transformador que implica num processo de interação educador-educando,
mediado pelo engajamento pessoal e comunitário.
O que fazes, como o fazes?
É no questionamento, revisão constante dos métodos, técnicas,
posturas, relações, conteúdos, planejamentos e toda prática educativa, que se
descobrem novos caminhos, novas alternativas e meios para o crescimento
individual e globalizado.
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I. A AVALIAÇÃO
1.1- Avaliação: Conceitos e Definições
Definir a avaliação seria limitar e esgotar a sua essência bem
como o seu conteúdo dinâmico que a sua própria palavra contém numa ação
educativa.
Sabe-se que os povos antigos, como os romanos, antes de Cristo
já exerciam essa prática avaliativa numa maneira classificatória e autoritária
que vem se prolongando até os nossos dias.
Avaliar deriva de valia, que significa valor. Assim a avaliação
corresponde ao ato de determinar o valor. A todo momento o ser humano
avalia os elementos da realidade que o cerca. A avaliação é uma operação
mental que integra o seu próprio pensamento, e ela orienta ou reorienta a sua
conduta.
Foram selecionados alguns conceitos e definições de
especialistas em educação que dedicaram parte de sua vida e de seu tempo a
esse tema. Em Educação:
“A avaliação consiste essencialmente em determinar em que medida os objetivos educacionais estão sendo realmente alcançados pelo programa do currículo e do ensino”.
R.W. Tyler, 1981, p.98
Outras definições de avaliação:
“Processo sistemático contínuo e integral, destinado a determinar até que ponto os objetivos educacionais foram alcançados”.
Fermin, 1982, p.31
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“A avaliação educativa é um processo complexo, que começa com a formulação de objetivos e requer a elaboração de meios para obter evidência de resultados, interpretação dos resultados para saber em que medida foram os objetivos alcançados e formulação de um juízo de valor”.
Sarabbi, 1971
“A avaliação é essencialmente um processo centralizado em valores. Avaliadores e interessados, juntos em colaboração, criam uma construção consensual de valor a respeito de algum tema. Tal construção, está sujeita a contínua reconstrução, incluindo revisão e se necessário, substituição.”
Penna Firme, 1976
“A avaliação é o processo de delinear, obter e fornecer informações úteis para julgar decisões alternativas.”
Apud Silva, 1977, p.7
“É um processo contínuo, sistemático, compreensivo, comparativo, cumulativo, informativo e global, que permite avaliar o conhecimento do aluno.”
Juracy C. Marques, 1976
“Avaliação é a coleta sistemática de dados, por meio da qual se determinam as mudanças de comportamento do aluno e em que medida estas mudanças ocorrem.”
Bloom et alii
A avaliação deve ser um instrumento auxiliar da aprendizagem e
não um instrumento de aprovação e reprovação. Ajuda tanto o professor
quanto ao aluno a se auto-avaliarem e em conjunto encontrarem uma forma de
prosseguirem no processo, redirecionando quando necessário a caminhada
(Luckesi, 1988, p.52):
Avaliação é um sistema intencional e discriminatório de verificação que tem por objetivo tornar a aprendizagem mais efetiva.
Ilza Martins Santana, p.36
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Avaliação não deve ser vista como uma caça aos incompetentes, mas como uma busca de crescimento e de excelência para toda comunidade educativa como um todo.
Castro, 1992, p.12
A avaliação na perspectiva de uma pedagogia libertadora, é um prática coletiva que exige uma consciência crítica e responsável de todos na problematização das situações. A avaliação só será eficiente e eficaz se ocorrer de forma interativa entre professor e aluno, ambos caminhando na mesma direção em busca dos mesmos objetivos.
Jussara Hoffmann, p.26
Conforme as definições expressas constato a unanimidade dos
autores em considerá-la um processo, e conseqüentemente deve ser percebida
como aquela condição que imprime dinamismo ao trabalho escolar, pois
diagnostica uma situação e permite modificá-la de acordo com as
necessidades detectadas. Assim a avaliação é um processo pelo qual se
procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do
comportamento e rendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando
se a construção do conhecimento, seja esse teórico ou prático.
Avaliar é conscientizar a ação educativa.
As definições levam a concluir a importância da avaliação no
sistema escolar, pois é através da mesma que o professor e a escola
verificarão se os objetivos do ensino e do sistema foram alcançados.
Constata-se também que, como processo, apresenta
características de continuidade, totalidade, organicidade e orientação para fim,
ou seja, se fundamenta em pressupostos como:
å É dinâmica: não é estática
å É contínua: não é terminal
å É integrada: não é isolada do ensino
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å É voltada para o aluno: não para os conteúdos.
å É abrangente: não a alguns aspectos da personalidade do aluno.
å É cooperativa: não realizada somente pelos professores.
å É versátil: não se efetiva sempre da mesma forma
Analisando-se todas as definições apresentadas, conclui-se que,
em educação, a avaliação:
A) Difere semanticamente de medida, porém, a inclui como
condição indispensável à sua objetividade e precisão;
B) Realiza-se em funções de objetivos claramente definidos;
C) É um processo amplo, voltado para diferentes aspectos da
situação educacional: rendimento escolar de alunos, atuação de
professores, eficácia de programas e currículos etc.
D) Fornece informações úteis para a tomada de decisões com
relação a alunos e com relação a projetos e programas
educacionais;
E) É um processo contínuo, sistemático e integral que julga o aluno
em todos os níveis e domínios, de seu comportamento e de sua
aprendizagem global.
1.2. Modalidades de Avaliação
No processo ensino-aprendizagem, a avaliação assume
diferentes papéis. Bloom classifica-os em três tipos:
1. Diagnóstica;
2. Somativa;
3. Formativa.
Essas classificações já foram utilizadas por Scrivar que considera
e dá ênfase a formativa com parte integrante no processo de elaboração do
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currículo, capaz de fornecer uma retroalimentação. Bloom destaca importância
em torno da instrução e da aprendizagem.
A avaliação é um processo contínuo de pesquisa que visa
interpretar os conhecimentos e atitudes dos alunos tendo em vista mudanças
de comportamento. Através dela, os resultados que vão sendo obtidos no
decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comprados com
os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades e reorientar
o trabalho.
É uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar
tanto do professor como dos alunos. Os dados coletados no decurso do
processo de ensino, quantitativos ou qualitativos, são interpretados em relação
a um padrão de desempenho e expressos em juízos de valor, a cerca do
aproveitamento escolar.
Avaliação é busca de certeza de que o aluno aprendeu, de que
alcançou os objetivos. É juntar todas as informações possíveis para se
conhecer as atitudes, as habilidades, os hábitos, os conceitos que o aluno
adquiriu. É fazer um julgamento das qualidades que o aluno já possui. É
análise e interpretação do efeito que as informações produzem no
comportamento do aluno.
Segundo Luckesi, a avaliação é uma apreciação qualitativa sobre
os dados relevantes do processo ensino e aprendizagem que auxilia o
professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. Os dados relevantes se
referem às várias manifestações das situações didáticas, nas quais o professor
e os alunos estão empenhados em atingir os objetivos do ensino. A apreciação
qualitativa desses dados através da análise de provas, exercícios, respostas
dos alunos, permite uma tomada de decisão para o que deve ser feita em
seguida.
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“A avaliação é um componente no processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos, e daí, orientar a tomada de decisão em relação as atividades didáticas seguintes.”
José Carlos Libâneo, p. 196
1.3. Avaliação Diagnóstica
Visa determinar a presença ou ausência de conhecimentos e
habilidades, inclusive buscando detectar pré–requisitos para novas
experiências de aprendizagem. Permite averiguar as causas de repetidas
dificuldades de aprendizagem.
A partir de uma avaliação diagnóstica segura, providências para
estabelecimento de novos objetivos não atingidos, elaboração de diferentes
estratégias de reforço “feedback”, levantamento de situações alternativas em
termos de tempo e espaço poderão e deverão ser providenciados para que a
maioria, ou quem sabe todos os estudantes aprendam de modo as habilidades
e os conteúdos que se pretenda ensinar-lhes.
O diagnóstico se constitui por uma sondagem, projeção e
retrospecção da situação de desenvolvimento do aluno, dando-lhe elementos
para verificar o que aprendeu e como aprendeu. É uma etapa do processo
educacional que tem por objetivo verificar em que medida os conhecimentos
anteriores ocorreram e o que faz necessário planejar para selecionar
dificuldades encontradas, reflexão constante, crítica, participativa.
• Ocorre em dois momentos diferentes, antes e durante o processo de
instrução.
• Verifica se o aluno possui padrão aceitável, com os pré-requisitos para a
nova aprendizagem.
• Determina que objetivos já foram dominados.
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• Classifica e agrupa os alunos conforme suas características ou níveis de
aprendizagem.
• Encaminha alunos a estratégias e programas alternativos.
• Busca identificar as causas não pedagógicas dos repetidos fracassos da
aprendizagem.
• Encaminha o aluno quando necessário à especialistas da área.
1.4. Avaliação Somativa
É estabelecido um critério de alcance dos objetivos: é medida a
realização do aluno e esta comparada ao critério preestabelecido. Seguem-se
decisões e atuações, certamente planejadas, para que se proceda
adequadamente a seguir, com base na avaliação.
Sua função é classificar os alunos ao final da unidade, semestre
ou ano letivo, segundo níveis de aproveitamento apresentados:
– Ocorre no final da instrução, a fim verificar se o aluno
efetivamente aprendeu.
– Inclui os conteúdos mais relevantes e objetivos mais amplos.
– Visa a atribuição de notas e certificados.
– Serve, em relação a cursos subseqüentes, para determinar o
ponto de partida do ensino e para estimular o desempenho do
aluno.
– Presta-se a comparação de resultados obtidos com diferentes
alunos, métodos e materiais de ensino.
1.5. Avaliação Formativa
Avaliar o progresso dos alunos, significa identificar o que eles
aprenderam e o que não aprenderam a identificar quaisquer problemas que
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devem ser apurados pelo professor ou por ambos, para que o aluno possa
continuar a progredir.
“...A medida que os dados avaliados vão sendo coletados, o professor deve saber qual a maneira mais adequada de agir no futuro. A avaliação por notas tende a produzir uma confusão excessivamente comum: uma imagem da avaliação como uma coisa terminal. Porém sua função muito mais significativa é uma investigação constante sobre o melhor modo de levar o aluno a progredir.”
Herbert J. Klausmeier p. 539
É chamada formativa no sentido que indica como os alunos estão
se modificando em direção aos objetivos.
Para que se processe a avaliação formativa deve-se observar:
• Seleção dos objetivos e conteúdos distribuídos em pequenas unidades de
ensino. As unidades previstas deverão contar com a participação dos
alunos. O aluno deverá não apenas conhecer, mas ver os objetivos, para
que se engaje no processo.
• Formulação de objetivos com vista à avaliação em termos de
comportamento observáveis, estabelecendo critérios de tempo, qualidade
e/ou quantidade.
• Elaboração de um quadro ou esquema teórico que permita a identificação
das áreas de maiores dificuldades.
• Correção de erros e insuficiências para reforço dos comportamentos
bem-sucedidos e eliminação dos desacertos, assegurando uma ótima
seqüência do ensino-aprendizagem (feedback de ação).
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• Seleção adequada de alternativas terapêuticas para ajudar o aluno a se
recuperar de alguma insuficiência no processo ensino-aprendizagem. Ex:
utilização de estudos dirigidos que propiciem revisão de pré-requisitos.
Organização de grupos de monitoria para assessoramento e elaboração
de atividades de reforço, etc.
Conforme Erica Grassau, para que se processe a avaliação
formativa devemos:
• Especificar o que deseja avaliar e a razão por que se avalia.
• Determinar os objetivos que se deseja alcançar.
• Selecionar as variáveis relevantes para se obter uma informação
objetiva.
• Traduzir os objetivos educacionais e estabelecer critérios para se
emitirem juízos valorativos.
• Construir instrumentos para obter as informações.
• Fixar uma amostra que servirá de base para obter as informações
relevantes.
• Processar e analisar os dados coletados para obter informações que
permitam um diagnóstico do que se deseja avaliar.
• Tomar decisões para executar a ação desejada. (Grassau, 1973,p.30)
1.6. Funções da Avaliação
A importância da avaliação, bem como seus procedimentos, têm
variado no decorrer dos tempos, sofrendo a influência das tendências de
valoração que se acentuam em cada época, em decorrência dos
desenvolvimentos da ciência e da tecnologia.
Considera-se a avaliação dos resultados do ensino-aprendizagem
de grande relevância porque permite:
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• Oferecer informações fundamentais para o processo de tomada de
decisões quanto ao currículo;
• Melhorar o processo ensino-aprendizagem;
Segundo Robert Stalze (1967), a avaliação educacional tem seu
aspecto formal ou informal.
O aspecto informal se evidencia em sua dependência aos
objetivos implícitos, as normas intuitivas e julgamentos subjetivos; o aspecto
formal, por sua vez, decorre de objetivos bem formulados, de comparações
controladas de instrumentos fidedignos.
Um programa de avaliação se constitui por funções gerais e
específicas. São funções gerais da avaliação:
• Fornecer as bases para o planejamento;
• Possibilitar a seleção e a classificação de pessoa (professores, alunos,
especialistas, etc.);
• Ajustar políticas e práticas curriculares.
São funções específicas da avaliação:
• Facilitar o diagnóstico;
• Melhorar a aprendizagem e o ensino (controle);
• Estabelecer situações individuais de aprendizagem;
• Interpretar os resultados;
• Promover, agrupar alunos (classificação).
1.7. Avaliação como Processo Integral
Avaliar o aluno integralmente, significa avaliá-lo em todos os
domínios de seu comportamento e de sua aprendizagem. No nível cognitivo,
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afetivo e psicomotor. Só assim ela é integral. Sabe-se, que a experiência do
estado do Rio de Janeiro (1980), proibia-se terminalmente a junção dos
conceitos dados excluindo a área afetiva, na promoção do aluno. Porque?
å Dificuldade do professor avaliar o comportamento, atitudes, valores,
interesses, motivações e outras características da personalidade.
A avaliação não é só necessária, como deve ser realizada de
forma eficaz, e isto só será se o seu processo for dinâmico, participativo,
sistemático, objetivo e válido.
Avaliação Dinâmica:
As ações avaliativas dão movimentos força propulsora no
processo. Este mecanismo de ação-reflexão-ação deve ser realizado numa
ação conjunta assim os resultados obtidos são força propulsora para iluminar o
caminho da transformação, como diz Saul (1988,p.61)
“A avaliação está comprometida com o futuro, com o que se pretende transformar, a partir do auto-conhecimento, do concreto, do real, que possibilita a classificação de alternativas para a revisão desse real.”
A avaliação só será dinâmica se promover situações ou tarefas
que, através do diálogo da discussão seguida de análise crítica sobre a real
condição de cada um dos participantes, inclusive do professor. E com base
nesses resultados vão encontrar alternativas de solução para que o aluno
consiga superar aqueles aspectos que não foram vencidos. Concluindo, os
resultados vão encontrar alternativas de solução.
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Avaliação Participativa
Esta se faz através da interação entre o aprendiz e o professor
numa forma participativa desde a elaboração dos critérios até os resultados.
Quando o professor vai discutir sua proposta de trabalho com os
alunos deve deixar claro que os resultados da avaliação vão depender do
desempenho ao longo do processo, dos critérios traçados, com o objetivo de
obter uma causa crítica dentro de um compromisso de crescimento com a
práxis dialética em um projeto histórico de transformação.
Num clima favorável, os alunos manifestam suas dúvidas,
inquietações e incompreensões sobre os assuntos estudados ajudando assim,
o aluno a desenvolver as suas potencialidades e o professor as registra e
discute com ele as respostas certas concluindo com a auto-avaliação. Isto
exige do professor que tenha habilidades de relacionamento interpessoal,
competência técnica e uma conscientização maior da proposta pedagógica.
Avaliação Sistemática
A sistematização na avaliação é necessária e importante para
não correr o risco de tornar-se espontaneísta. Requer rigor técnico necessário,
pois ela é mais ampla do que apenas apresentar uma nota, ou um conceito. A
avaliação das ações educativas é formada de três componentes básicos: a
operação, a execução e avaliação propriamente executada.
Avaliação Objetiva
É característica de toda atividade que pretenda ter caráter
científico. Deve ser capaz de fornecer uma imagem correta, isenta de
deformação sobre as reais condições do aluno. Só é objetiva quando elimina
ou reduz, tanto quanto possível, a subjetividade do avaliador.
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Requer cuidado e precaução no registro de dados:
• Registrar os aspectos observados e os comentários em separado.
• Apresentar questões claras e precisas.
• Solicitar respostas específicas e objetivas.
Avaliação Válida
Quando a avaliação é confiável, dá segurança e sua
confiabilidade decorre da apresentação de resultados coerentes na sua
aplicação. É importante também que os instrumentos de avaliação sejam
coerentes entre si e com o projeto na qual são vinculados.
Num processo de educação construtiva, a avaliação é um
elemento indispensável para a reorientação dos desvios ocorridos durante o
processo e para gerar novos desafios ao aprendiz.
1.8. Medidas e Alternativas na Avaliação Escolar
“Diga-me como é o exame e
direi como é a escola.”
Lauro Oliveira Lima
Muito tem se discutido sobre a avaliação em educação e nem
sempre, tais discussões têm levado a uma prática avaliativa eficiente, portanto
se estribam apenas em opiniões pessoais, sem a indispensável fundamentação
teórica. Ora, menospreza-se a nota numérica e enfatiza-se os conceitos, como
se fosse recomendável atribuí-los sem o apoio da medida.
Adicionam-se resultados de avaliação no domínio afetivo a
resultados da avaliação nos domínios cognitivos e psicomotor, em nome da
avaliação integral. Pronunciam-se frases como: “provas não medem” ou
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“provas não avaliam bem”, sem a lembrança de que sua construção adequada
é condição “sine qua non” para que cumpram sua finalidade a contento.
“A característica que, de imediato, se evidencia na nossa prática educativa é que a avaliação da aprendizagem ganhou um espaço tão amplo nos processos de ensino, que nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada por uma ‘pedagogia do exame’”.
Cipriano C. Luckesi
O uso inteligente dos objetivos com precisão e clareza é ao meu
ver uma maneira eficaz para se obter bom resultado na avaliação educacional.
Para isso inclui-se: boa formulação, emprego de objetivo que possuem maior
generalidade de conteúdo, de modo que no ser todo possam facilitar
alternativas possíveis de avaliar; bem como flexibilidade no seu uso, sendo
possível atingir resultados que não foram previstos.
Para tornar a avaliação mais fidedigna, pode-se dispor de alguns
recursos, tais como:
Ü Associação de técnicas e instrumentos de medida bem definidos, claros
e objetivos.
Ü Recomenda-se que se associem as técnicas de observação e
investigação; acompanhamento sistemático. No entanto, apresenta
dificuldades no processo de avaliação, uma vez que o tempo é limitado e o
professor sobre tarefado.
Ü Cuidar com a camuflagem do instrumento de medida, através de
perguntas submersas e o emprego de teste projetivos.
Ü Perguntas submersas são aquelas em cuja resposta o avaliador
efetivamente tem interesse. (Por exemplo: entre dez perguntas, apenas dois
têm interesse)
Ü Cuidar com o emprego de técnicas dissimuladas: concorda que os fins
justificam os meios. Exemplo: se os indivíduos não sofrerem nenhum tipo de
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prejuízo e se os resultados de avaliação reverterem em seu próprio
benefício.
Ü Contra-indicações para atribuição de notas ou conceitos no domínio
afetivo, que possam interferir na promoção do aluno.
Muitos educadores não acham apropriado dar uma nota para
atitudes, posturas, valores, interesses ou opiniões de alunos. Esses aspectos,
no entanto, interferem favoravelmente de maneira não oficial no desempenho
do aluno.
Bloom (1993, p.45 e 46) defende sua opinião e julga:
“Para conceitualizar adequadamente o comportamento devemos separa-lo em componentes de algum tipo tendo em mente durante todo tempo a interrelação desses componentes.”
Castilho (1974) acha que nos cursos profissionalizantes o aspecto
cognitivo é de suma importância, por que todo bom profissional coloca em
prática técnicas e conhecimentos. No entanto as tendências, habilidades,
gosto, valores e aptidões são o complemento desta aprendizagem motivando o
educando a fazer com paixão e obtendo resultados mais eficazes e
satisfatórios. Considero a sua operacionalização tão importante quanto na área
cognitiva. A avaliação no domínio afetivo e psicomotor devem estar presentes
em todos os graus de ensino.
A atividade avaliativa auxilia ao professor a indicar não só o que o
aluno não sabe mas principalmente o porquê ele não sabe, quais são suas
dificuldades.
O erro deve ser dimensionado e todas as situações convertidas
em instrumento de melhoria e crescimento.
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A questão fundamental é que fomos poucos preparados para
trabalhar, enfrentar, solucionar o problema, a dificuldade e as questões
problemáticas que a vida nos apresenta.
A mudança de mentalidade se dá pela mudança da prática.
Toda mudança implica numa conversão, no enfrentar o novo, no arriscar-
se, na coragem de tentar algumas alternativas.
O professor que quer superar o problema da avaliação precisa, a
partir de uma autocrítica:
Ü Abrir mão do uso autoritário da avaliação que o sistema lhe faculta, lhe
autoriza;
Ü Rever a metodologia de trabalho em sala de aula;
Ü Redimensionar o uso da avaliação tanto do ponto de vista de forma
quanto de conteúdo.
Ü Alterar a postura diante dos resultados da avaliação;
Ü Criar uma nova mentalidade junto aos alunos, educadores, pais e equipe
pedagógica.
Não há receita ou modelo pronto. É juntos comunitariamente com
princípios e metas definidas que através da ação-reflexão-ação que se faz
pequenas experiências partilhando os acertos e os erros.
Não se pode conceber uma avaliação reflexiva, crítica e
emancipatória, num processo de ensino passivo, repetitivo alienante.
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É nesta tarefa comum, que se consegue fazer a virada daquilo
que tornou-se um fim transformá-la em meio, motivando para que o aluno
estude para aprender e não para tirar nota.
Para isso também o professor deve propiciar uma metodologia
que leve ao interesse, a motivação, a participação ativa dos educandos
(debates, exposição interativa dialogada, pesquisas, trabalhos de grupos,
dramatização, construção de modelos, seminários, júris etc.).
A dúvida é um dos direitos fundamentais do educando justamente
porque está em fase de formação. No entanto, na prática em sala de aula esse
direito tem sido sistematicamente desrespeitado, (colegas que ficam gozando
quando alguém pergunta). Desta forma o aluno não constrói adequadamente o
seu conhecimento o que o leva a se desinteressar pela aula, as dúvidas se
acumulam e o professor não tem elementos para fazer uma avaliação contínua
da aprendizagem. A avaliação que importa é aquela que é feita no processo,
quando o professor pode estar acompanhando a construção do conhecimento
pelo educando, avaliar na hora em que precisa ser avaliado, para ajudar o
aluno a construir e não julgando-os apenas num determinado momento. Avaliar
o processo e não apenas o produto, avaliar o produto no processo.
1.9. A Auto–Avaliação
“A auto-avaliação é o ato de julgar seu próprio julgamento.”
Luckesi
Na concepção tradicional de educação, a auto-avaliação não
existia, pois o professor era o dono da nota do aluno. Na Escola Nova, passou
a ter soberania; porém com cautela e certos receios, pois da forma como era
realizada e aplicada surgiu desvios, constrangimentos e afastamento por parte
de alguns professores.
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Entendendo-se a auto-avaliação segundo a forma socrática: do
“conhece-te a ti mesmo”, o papel da auto-avaliação é fundamental para auxiliar
o professor a melhor conhecer os seus alunos e para o próprio conhecimento
de suas capacidades.
A auto-avaliação desenvolve a capacidade crítica com análise
voltada para si próprio, para suas relações com o conhecimento e com os
outros, através da autocrítica.
A auto-avaliação é capaz de conduzir o aluno a uma modalidade
de apreciação que se põe em prática durante a vida inteira.
Graças a ela os alunos adquirem uma capacidade cada vez maior
de analisar suas próprias aptidões, atitudes, comportamento, pontos fortes,
necessidades e êxito na consecução de propósitos. Eles desenvolvem
sentimentos de responsabilidade pessoal ao apreciar a eficácia dos esforços
individuais e de grupo. Aprendem a enfrentar corajosamente as competências
necessárias em várias tarefas e a aquilatar suas próprias potencialidades e
contribuições.
Seu papel em processo de grupo pode ser aclarado, quando
aferem sua atenção individual por critérios desenvolvidos de modo cooperativo.
Uma vez que se espera do aluno a responsabilidade por sua
própria aprendizagem, é importante que se considere que isto somente
ocorrerá se ele tiver uma visão clara do que está tentando obter e de como
está agindo a respeito. Quando o desejo de melhorar ocorre, como decorrência
de suas percepções e análises, ocorrerão melhores condições para se
aperfeiçoar.
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Propiciar condições para ajudar o aluno a pensar sobre si mesmo
e o que tem realizado, é prepará-lo para uma aprendizagem significativa na
caminhada da vida.
Para que a auto-avaliação tenha êxito é preciso que o professor
acredite no aluno e ofereça condições favoráveis à aprendizagem, pois só
assim este se sentirá seguro, confiante e manifestará autenticidade.
Auto-avaliação deve ser uma aprendizagem já explorada nas
séries iniciais para que, através da educação, o aluno seja capaz de parar,
pensar, concluir e continuar a escalada do conhecimento com pés firmes,
consciência tranqüila e garantindo seu próprio progresso. Afirma-se que o
educando é o sujeito, e não o objeto da ação educativa; no entanto, ele próprio
não participa do processo de sua avaliação, apenas recebe, direta ou
indiretamente, o resultado de sua vitória ou fracasso.
Assim, é indiscutível a importância do preparo das pessoas para
fazerem uma auto-avaliação, com critérios bem definidos e aceitos no seu
contexto.
“O estudante necessita tornar-se auto-avaliativo. À medida que os estudantes são encorajados a avaliar continuamente seus próprios esforços, os seus critérios aumentam em sofisticação e se aproximam daqueles do instrutor, são promovidos tanto a aprendizagem quanto a capacidade de autodirecionamento e auto-avaliação.”
Dressel (Apud Krahe, 1990, p. 165)
O professor deve ajudar o aluno a aprender a se auto-avaliar,
estabelecendo, a princípio, os critérios de forma clara e precisa.
A discussão sobre as auto-avaliações e o confronto das
percepções permitem, em geral, uma conscientização em cada indivíduo sobre
a importância do cumprimento de sua parcela, num projeto de crescimento
26
mútuo, visando à transformação da realidade. Contribuem ainda, para reforçar
o autoconceito positivo, se os resultados positivos forem enfatizados, ou para,
em conjunto, encontrarem as soluções aos problemas ainda não resolvidos.
O momento da auto-avaliação deve ser uma parada para refletir
profundamente sobre as mudanças ocorridas durante as interações entre o
individualismo que é o sujeito da aprendizagem e novo saber.
27
II- RECUPERAÇÃO
Na aprendizagem, cada aluno possui um ritmo diferente, um limite
próprio na aquisição, na compreensão, na assimilação de determinados
conhecimentos. Uns com mais habilidades para Ciências Exatas outros para
humanas, outros com uma inteligência prática e manual assim, cada ser
humano com suas aptidões, inclinações e dons realiza a aprendizagem.
Cabe ao professor no processo de ensinar e aprender: observar,
orientar, estimular para que o aluno descubra seus talentos bem como suas
limitações e dificuldades na aprendizagem.
Daí a importância e a necessidade da recuperação para trabalhar
todos os diferentes limites, os desvios, os entraves da não aprendizagem.
Ela padece de uma ambigüidade: onde é apontada como a
grande saída para ajudar os alunos com dificuldades, mas freqüentemente não
passa de uma proposta que não sai do papel.
A partir daí alguns problemas se apresentam:
Ü Recuperação da aprendizagem, mas não da nota;
Ü A recuperação da nota, mas não da aprendizagem; nem uma
nem outra.
Daí é necessária a pergunta: a recuperação recupera? O quê?
Ela se faz presente em momentos diferentes.
1. Percepção Imediata
É a oportunidade que o professor oferece ao aluno para refazer
ou reorganizar um determinado trabalho, que não seja satisfatório. O conceito
28
ou nota obtido pelo aluno pode ser substituído se houve melhoria do seu
desempenho.
2. Recuperação Preventiva
É a oportunidade dada ao aluno para que tenha atingido um
desempenho satisfatório em relação aos objetivos não atingidos. Esta se faz
durante o período letivo regular com a finalidade de eliminar os desvios do
progresso do aluno.
3. Recuperação Terapêutica
É uma nova oportunidade oferecida ao aluno para que obtenha
um desempenho satisfatório em relação ao realizado nos períodos letivos
regulares destinando-se aos alunos cujo nível de aprendizagem situa-se em
AR (aprovado, mas necessita de recuperação) ou IR (Indispensável
recuperação).
Dado o compromisso do educador com aprendizagem dos alunos
a recuperação mais do que uma estrutura da escola deve significar uma
postura do educador nos sentido de garantir a aprendizagem por parte de
todos os alunos, especialmente daqueles que tem maior dificuldade em
determinados conteúdos.
Pode acontecer que a recuperação paralela não foi suficiente,
devendo neste caso providenciar-se atividades diversificadas para o aluno,
fornecimento de roteiros de estudo, entrevistas para diagnosticar melhor a
dificuldade, oferecimento e aulas de reforço, etc. Conclui-se que todos os
alunos tem capacidade de aprender só com ritmos e caminhos diferentes.
A nova oportunidade de ensino de acordo com as características
dos alunos é uma necessidade porque o acúmulo de noções não dominadas
29
impedem regularmente cada vez mais de prosseguir aprender novas
aprendizagens.
Essa atividade na prática pedagógica já é incluída na própria
legislação do ensino prescrevendo certos critérios e em que momentos ela
deverá ocorrer.
Além das questões já citadas incluímos outras para reflexão
dessa prática pedagógica.
A recuperação busca:
Ü Recuperar a nota?
Ü Recuperar presenças?
Ü Recuperar aprendizagens não realizadas?
Se considerarmos a aprendizagem um auto processo, contínuo e
ascencional, como ser coerente numa atividade de recuperação realizadas em
períodos definidos e distanciados do momento em que a aprendizagem não
ocorreu?
Constatamos que há muitas contradições na nossa ação
educativa na maneira como fazemos e quando fazemos a recuperação.
Acreditamos que a recuperação inserida no processo de
aprendizagem como nova alternativa de ensino caracterizada por outros meios
e imediatamente após o ato do não processamento de uma aprendizagem se
constitui numa necessidade desse processo. Por outro lado se o aluno não
realizou uma aprendizagem, a simples e direta oportunidade de realizar um
novo teste com a função de verificação da aprendizagem, não o credencia a
saber o que não sabia.
30
As causas da não aprendizagem podem ser as mais variadas
possíveis: Falta de hábitos de estudos, pré-requisitos, pouco interesse,
distração, métodos inadequados, problemas pessoais ou sociais. Com essa
defasagem o aluno não tem mais condições de acompanhar a programação
regular. Necessita de atividades especiais para colocá-lo em condições de
seguir sua aprendizagem. Sendo a atividade didática acompanhado por uma
avaliação sistemática e contínua, é fácil detectar os problemas que forem
surgindo. O ideal é que no ato da constatação da deficiência seja realizado
imediatamente a recuperação das falhas.
Como realizar esse tipo de recuperação?
• Intensificando os exercícios;
• Concentrando mais atenção sobre os aspectos mais
deficientes;
• Promovendo tarefas estudos individuais;
• Organizando grupos específicos de estudos;
• Incentivando através de monitores de alunos que auxiliam os
alunos que apresentam maiores dificuldades.
Constatando o não aproveitamento ao fim do período regular de
aulas, semestres ou ano faz-se a recuperação terapêutica. Esta deverá constar
no calendário escolar com períodos bem determinados, atividades
programadas de acordo com as necessidades dos alunos. Não se trata de
repetir simplesmente as aulas ou atividades anteriores. Exige-se uma
programação especial com métodos diversificados e atendimento às
dificuldades de cada aluno.
Só assim o aluno é apto e se encontra em condições de enfrentar
um novo conteúdo, um conhecimento maior e melhor e prosseguir a sua
aprendizagem.
31
III- REPROVAÇÃO
Em princípio, olhando a questão na perspectiva teórica, a grade
curricular da escola, em todos os seus níveis, oferece uma pauta de estudos e
de desenvolvimento da inteligência acessível a todo aluno.
Apesar desse possível teórico ser real, há nas escolas, em todos
os seus níveis, muitas reprovações.
As causas imediatas dessas reprovações são facilmente
detectadas por uma pesquisa empírica. No mais das vezes essas causas são
pertinentes. E a direção escolar deve se empenhar por saná-las, uma vez que
estejam ao seu alcance. Assim, em alguns casos, a reprovação é devida ao
professor, ao aluno no seu desinteresse pela matéria, ao grupo, ao ambiente
escola, ao ambiente da família, etc. etc. Uma pesquisa empírica bem
conduzida pode detectar causas de reprovação jamais suspeitadas e
imaginadas. Entre as inúmeras causas podemos citar, isto através da própria
pesquisa com alunos: a falta de hábito de estudo; a falta de motivação;
concentração e atenção; problemas pessoais, familiares e sociais; limites
pessoais, uma metodologia mais criativa e dinâmica por parte dos professores,
clareza de objetivos na aprendizagem; descoberta da importância da
necessidade do estudo para a vida.
Mas o fenômeno da reprovação pode ser engajado por causas
que não estejam no âmbito da escola. Isso é possível porque a escola não é
uma instituição social autônoma e absoluta em si mesma. Ela é uma “amostra”
da sociedade no seu todo. Sendo amostra, nela se espelham em miniatura
todos os problemas sociais, todas as alegrias e tristezas, todos os fracassos e
sucessos. Em síntese, a escola traduz o espírito da sociedade.
32
O espírito da sociedade brasileira e mais concretamente o espírito
da sociedade da Baixada Fluminense está todo no aluno que vem à escola.
Esse espírito é bem diferente daquele que está no imaginário da escola, na
exatidão das ciências que ela ensina e no comportamento que ela exige. Uma
horrível contradição! Que o aluno nem sempre se dá conta. Mas essa
contradição atua dentro dele e pode explodir de muitas maneiras. Quando não
explode, ele pode querer cultivar em si mais o espírito da sociedade que o
espírito da escola.
Por certo, o espírito da sociedade brasileira e sobretudo da
Baixada Fluminense não é uniforme. Nós o imaginamos bastante uniforme. E
subestimamos seu caráter de elevação moral e cívica. Mas o que se diz, se
pensa e se faz nessa sociedade, está muito em desacordo com o que se diz,
se pensa e se faz na escola.
Entende-se que a prática da reprovação na escola precisa ser
repensada no âmbito da busca de uma melhor educação e de uma educação
de qualidade. Sabe-se que algumas iniciativas já vêm sendo tomadas, mas o
debate deve se ampliar para uma tomada de maior consciência e seriedade da
importância das nossas crianças e jovens permanecerem em nossas escolas.
Pensando a reprovação deve ser superada pelos seguintes
motivos:
¬ Socialmente, escola é usada no sentido de colaborar com a
marginalização dos setores das camadas populares, justamente onde se
encontra maior índice de reprovação; na medida que sai dela com um
certo complexo de incompetentes.
33
3.1. A Reprovação – Evasão e suas causas
Num país onde ainda há significativo déficit de vagas, a
reprovação representa um agravante, pois este lugar poderia ser ocupado por
um novo aluno.
As pesquisas pedagógicas têm demonstrado que, na verdade,
para além dos mitos e preconceitos, toda a criança é capaz de aprender,
precisando apenas de estimulação e acompanhamento adequado.
Uma das causas do baixo rendimento das nossas escolas é a
evasão, comum nos três níveis de ensino. O abandono da escola talvez se
deva em parte aos currículos desatualizados e absolutamente desinteressante,
incapazes de atrair os alunos.
No mesmo sentido negativo agem os métodos de ensino, já
obsoletos. São baseados na memorização e a eles grande parte dos alunos
não se adapta.
Outro fator de evasão está no fato das escolas de grau médio não
prepararem para uma colocação imediata no mercado de trabalho. Assim
sendo, os mais necessitados, os que precisam urgentemente de um emprego
para si, ou para ajudar na família, não podem se dar ao luxo de continuar os
estudos.
Outro fator bastante significante na evasão está na forma de
avaliação. Em que a atividade escolar consiste em aulas expositivas, exames,
em que se verifica o que sabem, por meio de provas.
Em verdade, o que os alunos procuram cursar na escola, é um
meio de ascensão social e não verdadeiramente uma habilitação para o
trabalho profissional.
34
“O ponto crítico da evasão escolar localiza-se entre a primeira e a segunda série do ensino de primeiro grau. Nesta fase inicial dos estudos o grande índice de reprovação ou repetência constitui um dos principais fatores que induzem a evasão”.
Gilberto Cotrin, p.119
Conscientes de que milhares de crianças e jovens perambulam
pelas ruas, que milhares sentem fome, outros tantos morrem antes de
completarem o primeiro ano de vida..., que 80% das crianças que ingressam na
escola não concluem a 8ª série, que para aqueles que na escola permanecem
não estão garantidos padrões de qualidade que os habilitem profissional,
afetiva e intelectualmente para o exercício pleno da cidadania, almeja-se não
apenas a vaga num estabelecimento escolar para todos e o direito de nela
permanecer, mas o direito ao pleno desenvolvimento, possibilitando assim a
sua qualificação técnica, espírito crítico, em suma, a formação de homens
competentes, críticos e livres.
Para muitos professores, a possibilidade da reprovação coloca-se
como uma exigência de ordem ética, ou seja, considera que não se deve
enganar o aluno e a sociedade: “se o aluno não sabe, não deve passar”. Há
aqui este fundo ético que deve ser respeitado; mas há também um enfoque
limitado que deve ser superado.
Diante da reprovação, surgem alguns questionamentos:
• O critério que está sendo utilizado para classificar o aluno de inapto para
série seguinte está baseado em que fundamentação teórica?
• É bom lembrar que, em muitos casos, o aluno é reprovado por um
determinado professor, por uma determinada instituição escolar em
outra é automaticamente promovido.
• Será que o aluno realmente não tem condições de seguir na série
seguinte ou na verdade não teve a necessária atenção, estimulação e
acompanhamento para refazer a sua não aprendizagem?
35
Existem uma série de mitos que sustentam a reprovação o mito
da indolência das classes populares, o mito da desnutrição como causa do
fracasso escolar, o mito da carência afetiva, o mito da evasão escolar para o
trabalho, o mito da gratuidade do ensino público, o mito da reprovação é
condição para não rebaixar o nível, o mito de querer mudar, o mito de que sem
reprovação os alunos vão se desinteressar.
Todos esses mitos e afirmações precisam ser revisados e
repensados frente ao compromisso com a aprendizagem e de um ensino de
melhor qualidade.
3.2. Repetência e Dependência
a) Repetência
Quanto a repetência, temos pela frente um grande desafio: é ela
a prova de rigor no ensino (e portanto displicência do aluno), ou incompetência
docente deste mesmo ensino? E nesta dúvida, pode-se perceber que embora
exigente, real, a repetência não é o fim último da Educação; ideal seria se o
processo da aprendizagem alcançasse todos os alunos, em suas diferenças
existenciais, sociais... e assim conseguisse que estes superassem com
facilidade este problema. A primeira vista, tenderíamos a culpar nosso
processo educacional. Mas, se aprofundarmos nossa ótica na realidade de
nosso tempo (terceiro milênio) e por que não nosso espaço (um Brasil
multiracional, e desigual), perceberemos uma complexidade maior. Como
conseguir uma elasticidade tamanha no ensino a ponto de atender às
individualidades de cada aluno, e ainda assim formá-lo eficientemente para
assumir sua posição de cidadão? No ensino público, não há condição viável
(os profissionais mal são remunerados); no privado, não há condição estrutural
(sustentar o nível de ensino, a fim de manter-se na “competição” profissional).
Diante desse impasse, buscam-se novas saídas. Entre elas, a aprovação
automática.
36
E aqui encontra-se outra questão, que de saída/solução passa a
ser também problema. Embora já adotada em alguns níveis de rede pública
(nas séries iniciais do primeiro grau), continua questionável sua função e sua
eficácia. Se de um lado diminui a evasão escolar, porque elimina a repetência –
e isso é fato – por outro, desvia-se mais uma vez voltar nossos olhos para o
objetivo último da Educação; aprovar o aluno, ou fornecer-lhe condições
(conteúdo), aptidões (técnica), comportamento (ética)? Se nossa resposta for
“aprovação” somente, então podemos nos tranqüilizar, pois o problema está
resolvido. Mas se nossa resposta for, e como de fato o é, a formação integral
de nosso alunato, questiona-se: há condição material para uma aprovação
automática eficaz? Nosso corpo docente está preparado – não por
incompetência individual, mas por má formação acadêmica – para colocá-la em
prática? Mesmo nossos alunos, a partir da sua convivência cotidiana em nossa
sociedade “desequilibrada” tem condições de encará-la com seriedade? Tantas
questões... E um agravante maior se impõe: se a proposta governamental
permanecer, de estender a aprovação automática a todo o primeiro e segundo
graus, problemas mais complexos virão. Afinal, com a consciência que temos
(não por sabedoria livresca, mas por experiência concreta com nosso trabalho
profissional), vemos um futuro tortuoso, tanto a nível profissional (“nosso aluno,
que nunca fora reprovado seria competente?”), quanto humano (“nosso aluno,
que sempre soubera de sua aprovação independente de seu esforço,
compromisso, responsabilidade, seria completamente cidadão?”) Não nos
parece o caminho para uma educação comprometida...
b) Dependência Disciplinar
Um problema muito complexo, de maneira simplista. Afinal, um
aluno que seja aprovado esta seria outra saída ou solução. E aqui, salvo
equívocos, visualiza-se uma possível melhoria em nossa árdua tarefa. É de
fundamental importância perceber que dentro do “pacote educacional” lançado
pelo Ministro da Educação, esta questão é tão problemática quanto as outras,
pois parece tentar amenizar, embora em dependência em alguma disciplina
37
(“devendo-a”, portanto), deverá participar das aulas daquela mesma disciplina
(“pagá-la”, portanto), ou realizar atividades complementares? Há condições
físicas e humanas para estas aulas (principalmente na rede pública)?
Observando nossa realidade, parece que muito mais do que resolver
problemas, estaríamos transferindo-os para o futuro, e um futuro bem próximo,
da mesma forma que as outras soluções acima citadas nos levariam.
No entanto, parece possível utilizar esta proposta de forma
coerente. Partamos do princípio de que o aluno, mesmo em um ensino
globalizante como o nosso, que tenta harmonizar as diversas disciplinas
(embora o esforço pela interdisciplinaridade devesse ser mais constante de
nossa parte), tende como todos nós, a ter afinidade com determinada
disciplina, e dificuldades com outra. Ou ainda, afinidade natural com
determinado professor (que mesmo sendo de uma disciplina não muito
agradável, lhe incentiva o estudo), bem como falta da mesma (o que poderia ou
não implicar em seu rendimento). Assim sendo, nenhum espanto traz o fato do
aluno conseguir um desempenho satisfatório em algumas disciplinas (senão
em muitas), e não conseguir em outras. Seria justo reprovar este aluno? Se
não podemos e responder, a resposta dada por ele é clara: ou submete-se a
repetir todas as disciplinas estudadas (mesmo aquelas que ele não encontra
nenhum problema); ou transfere-se para outra escola; ou ainda, abandona os
estudos... É uma falta de responsabilidade tamanha para nós, educadores,
fecharmos os olhos a isto! Então, como usar a dependência disciplinar de
forma justa? Seguem algumas propostas concretas para a implantação deste
“caminho” em nosso estabelecimento de ensino.
¬ Determinar um limite de disciplinas que aprovariam um aluno por
dependência. De um modo geral são três, afim de não comprometer o
conhecimento global do aluno.
38
¬ Esclarecer completamente ao corpo docente, discente, bem como aos
responsáveis, o objetivo, a forma e o processo de dependência, através do
diálogo/debate sobre o “regimento específico”.
¬ Organizar turmas de dependência, que teriam aula no horário fora do
núcleo comum ou profissionalizante. Que fique esclarecido que as aulas de
dependência configuram um “outro curso”, referente ao ano anterior.
¬ Contratar profissionais, ou aproveitar aqueles já pertencentes ao quadro
de funcionários, para administrar as aulas. Estas devem ser bem mais que
uma repetição do conteúdo do ano anterior, devem despertar o interesse do
aluno, e dar-lhe condições para um processo de aprendizagem.
¬ Organizar calendário de provas específicos, de preferência não
contemporaneamente àquele do bimestre.
¬ Valorizar, neste processo, alunos que melhor se desempenharam em
determinadas disciplinas, através de grupos de estudo, ou até mesmo
monitoria.
39
CONCLUSÃO
A educação não é um caminho onde se pode medir exatamente o
início e o fim do conhecimento, ela se faz caminho numa constante avaliação
de tudo que se faz na caminhada. Assim, a avaliação é o termômetro que
permite confirmar o estado em que se encontram os elementos envolvidos no
processo da aprendizagem. Ela tem um papel altamente significativo na
educação a ponto de dizermos que é a alma do processo educacional.
Assim, desejamos que a nota, conceito ou outra simbologia usada
na avaliação expresse o resultado dessa análise que deve estar baseada em
dois aspectos: ponto de partida e os objetivos a atingir bem como a nova etapa
no processo da construção do conhecimento.
Infelizmente, na forma como é colocada para os alunos, a
avaliação, muitas vezes, passa uma imagem de repressão, cobrança e
principalmente classificação. Tendo como ponto relevante o processo de medir
e testar conhecimentos, deixando em aberto o verdadeiro ato de avaliar, de
valorizar o que o aluno sabe ou melhor, adquiriu de acordo com as suas
potencialidades. A idéia de testar inteligência é uma idéia antiquada que se
baseia no pressuposto de que inteligência se mede. Como podemos
determinar quem é mais ou menos inteligente que o outro pelas notas de uma
avaliação?
Em educação poucas coisas acontecem por acaso, e se formos
bem atentos a esta questão poderemos constatar que a nota (como resultado
da “medida” do que o aluno conseguiu aprender), está inserida neste contexto,
o resultado (positivo ou não) de determinado aluno em uma disciplina não é
aleatório, mas sinaliza situações muito mais preocupante para os educadores
do que a simples “nota vermelha”.
40
Os nossos cem anos de avaliação não constam de muitas
inovações. Sempre o mesmo modelo... os mesmos instrumentos... a mesma
forma de avaliar as potencialidades e capacidades do aluno em aprender.
O avaliador deve criar novos métodos, descobrir novas
alternativas, para juntos trabalhar o problema da não aprendizagem. Thereza
Penna Firme classifica a maneira de avaliar por quatro gerações:
å 1ª geração: mensuração (anos 20 do nosso século) – com a
preocupação de elaborar perguntas, respostas e através de
questionários verificar se o aluno aprendeu ou não aprendeu.
å 2ª geração: descrição (anos 40) – década áurea, em que o educador
verifica se os alunos atingiram os objetivos, ou a porcentagem da
aprendizagem. Se aprendeu 50%, muito bem... e o que não conseguiu?
Que pena! Esquecendo que os objetivos devem ser avaliados, criticados
e renovados.
å 3ª geração: julgamento (anos 60) – avançando-se na avaliação tenta-
se fazer um juízo de valores. Olha-se o aluno como um todo e
descobre-se onde não está bem, em que necessita recuperá-lo.
å 4ª geração: negociação (anos 80) – o educador preocupa-se por que o
aluno não aprendeu. Busca outro modelo. Analisa as causas, abertura
ao diálogo com o aluno, com os pais, com os demais educadores, com a
comunidade. Juntos vamos descobrir, vamos chegar a um consenso,
queremos que o próprio aluno aprenda a se auto-avaliar e o
capacitamos a ser parceiro da avaliação, porque a avaliação é mais do
que Ciência: é ética, moral, social e pedagógica, é uma força dinâmica
que capacita, facilita, ilumina, liberta o educando e a ser co-responsável
no seu processo de aprendizagem.
41
A concepção de testes de inteligências usadas oitenta anos atrás,
podiam marcar uma pessoa para sempre, esta validade começou a cair a
medida e quem as teorias da educação foram evoluindo. Esses oitenta anos
marcam uma concepção de inteligência que não se modificou muito na nossa
prática pedagógica, eles impregnaram em nós, educadores, determinadas
idéias que são justificativas para nosso comportamento.
Quando o aluno vai mal o professor diz: “puxa! eu expliquei, eu
expliquei e ele não entendeu nada!” Como se ir bem ou mal estivesse
geneticamente determinado.
Outro lugar que ficou marcado a nossa idéia de testagem é o
nosso processo de avaliação. Temos um excelente aluno, é criativo, participa,
faz tudo, fala, dá palpite. Aplico a prova e ele vai mal: “Coitado, vou dar outra
prova, foi tão bem em classe!” Agindo dessa forma é como se garantíssemos e
confirmássemos que a aprendizagem só pode ser garantida através de provas
e testes.
Hoje se fala muito em sistemas de inteligências múltiplas. Haward
Gardner, psicólogo norte-americano, que vem causando muita polêmica nos
meios acadêmicos dos Estados Unidos e Europa começou a tratar as pessoas
que saíam da escola com dificuldades, e fora dela tinham sucesso. Ficaram
desconfiados com esta situação e começaram a detectar que a escola está
privilegiando duas áreas da inteligência: a lingüística e a lógico matemática.
Então diz “começo a desconfiar que há mais inteligência que respostas curtas
para perguntas curtas”. Conclui então que:
• Inteligência não se mede
• Não deve ser única para todos
• Os testes de QI nada mais fazem que medir inteligência
lógica a matemática
42
• A inteligência é melhor descrita por um conjunto de
habilidades ou talentos.
• A vida da pessoa em sociedade, a família, a educação,
serão tão determinantes para evolução quanto a
hereditariedade.
A forma mais fecunda e conveniente de avaliar é motivar a
produção científica em ambiente próprio, com liberdade acadêmica, na qual o
aluno possa enfrentar o desafio de crescer por si. Nesse sentido, cabe melhor,
por exemplo o trabalho em casa, sobretudo discutido em grupo mas
individualmente elaborado, ou o trabalho com consulta no qual seja viável uma
discussão aberta com conseqüente chance de participação produtiva. Isto por
que foi capaz de ter criatividade própria no aprender. Isso requer um novo
mestre, que aprende a aprender, pois a sua marca é saber criar soluções,
construir alternativas no diálogo produtivo com o aluno e com a realidade.
O fundamental na avaliação é que o professor e alunos juntos
reflitam sobre os erros, transformando-os em uma situação de aprendizagem
para que ambos possam concluir: acertamos, erramos, aprendemos,
assumimos os riscos e alcançamos os objetivos.
Sinto como estamos longe de fazer da escola um lugar agradável
para se aprender a aprender, um lugar que se tenha o prazer de se gostar de
estudar e aí descobrir que a vida é uma contínua escola de aprendizagem.
Quanto mais o aluno entra no espírito da escola todo ele é voltado para o
estudo, para o desenvolvimento da mente e do corpo as reprovações vão
deixar de existir.
E assim em toda escola e quem a avaliação e compreendida e
realizada com eficiência, seriedade como meio de avaliar toda aprendizagem
deveria de ter em sua entrada as palavras de Sócrates “aqui só entra quem
quer aprender”.
43
Bem sabemos que ninguém tem respostas prontas em relação a
avaliação, mas é necessário refletir, repensar como estamos avaliando todo
processo de ensino-aprendizagem na educação e com consciência e justiça
unir as experiências e com sabedoria buscar novas alternativas.
44
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46
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de Bonlanden. Província da Santíssima Trindade. Brasil Pastoral da
Educação. Triênio 1992-1994.
47
ANEXOS
48
ANEXO 1
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO SANTO ANTÔNIO
SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL
QUERIDO ALUNO
Este questionário faz parte de uma pesquisa sobre o que pensa e
sente o aluno do IESA, portanto, não é preciso assinar, nem se identificar de
forma alguma.
Faça uma revisão ao terminar, ao final, dobre-o ao meio e
devolva. Seja o mais sincero possível, refletindo antes de responder.
Muito agradecida,
Ir Yeda Maria Dalcin
Diretora
Faça um X no parêntese que corresponde à sua resposta em cada item:
escolha apenas um item, a não ser que a questão permita expressamente a
escolha de mais de uma opção.
1. Já repetiu o ano alguma vez?
a.( ) sim, somente uma vez
b.( ) sim, mais de uma vez
c. ( ) não, nunca
2. Se já repetiu, foi: (pode ter mais de uma resposta)
a.( ) por não ter levado o estudo à serio
b.( ) por dificuldade real de entender uma disciplina
c.( ) os professores não explicavam bem
d.( ) por ter estudado apenas quando tinha provas
e.( ) por vergonha de tirar dúvidas com os professores e os colegas
zombarem de você
f.( ) por ter passado por algum problema
49
3. se nunca repetiu o ano, foi: (pode ter mais de uma resposta)
a.( ) por ter hábito de estudar diariamente
b.( ) por ter tido bons professores
c.( ) por não faltar às aulas
d.( ) por estudar com seus colegas
e.( ) por ter explicador(a)
f.( ) por ser inteligente e ter bons professores
4. Em termos de avaliação na escola, você se sente: (pode ter mais de uma
resposta)
a.( ) mal avaliado e injustiçado o tempo todo
b.( ) muitas vezes foi mal avaliado
c.( ) algumas vezes foi mal avaliado
d.( ) prejudicado por algum professor
e.( ) perdendo tempo com determinados trabalhos e provas que não
acrescentaram nada à sua aprendizagem.
f.( ) limitado com dificuldades na aprendizagem de alguma disciplina
g.( ) sempre foi avaliado de forma justa
5. Na escola você:
a.( ) “mata aula” sempre que pode e se assiste não presta atenção
b.( ) só “mata aula” quando o professor é ruim ou o assunto não te interessa
c.( ) “mata aula” quando não cumpriu suas tarefas escolares
d.( ) não “mata aula” nunca, mas bem que gostaria de “fugir” de certas aulas
6. Com relação aos professores que teve até hoje, você acha que:
a.( ) a maioria explicou mal e tinha pouco conhecimento da matéria
b.( ) muitos sabiam a matéria mas ensinaram mal
c.( ) muitos foram excelentes em tudo, os outros, em igual número, muito ruins
d.( ) a maioria teve bom conteúdo e ensinou bem
e.( ) alguns perderam muito tempo até começar a aula
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ANEXO 2
Instituto de Educação Santo Antônio
Querido aluno:
Responda com atenção e seriedade:
POR QUE NÃO APRENDI? SIM NÃO PORQUE..................
1. Prestei atenção às aulas? ( ) ( )
2. Tive hábito de estudo diário? ( ) ( )
3. Fiz as tarefas de casa? ( ) ( )
4. Tive dificuldade de compreender?( ) ( )
5. Tive algum problema? ( ) ( )
6. Não gosto de estudar? ( ) ( )
7. A dificuldade é em qual disciplina?( ) ( )
8. Na dúvida, você pergunta? ( ) ( )
9. A que atribuo a minha não aprendizagem?.......................................................
...............................................................................................................................
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ–REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
INSTITUTO DE PESQUISAS SÓCIO-PEDAGÓGICAS
APROVAÇÃO E REPROVAÇÃO ESCOLAR
Por:
Janete Pereira Jorge Paiva
Professor Orientador:
Marco Antonio Chaves de Almeida
Rio de Janeiro, RJ, junho/2002