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Arquivos privados na prática da história da ciência e da técnica: o caso do acervo Itupararanga da Light & Power / Brazilian Traction. Alexandre Ricardi 1 Apresentação Trataremos das formas de préstimo de um arquivo privado ao tornar-se fonte para compreensão da história da técnica no Brasil, a partir da investigação e análise do acervo mantido na UHE Itupararanga, em Sorocaba. Usina construída para fornecimento de energia elétrica para a cidade de São Paulo entre 1911 e 1914 pela São Paulo Electric Co., subsidiária da Brazilian Traction entre 1909 e 1920, que também controlava as Light & Power, todas empresas do grupo Pearson (Apêndice A). São Paulo era então o maior mercado consumidor da Light & Power, absorvendo cerca de 60% da eletricidade ali produzida com o restante sendo distribuído para outras áreas de concessão como Sorocaba, Una, Piedade e São Roque. Desde 1974 a usina do Itupararanga pertence ao grupo Votorantim que a adquiriu para fornecimento de energia elétrica para a produção de alumínio iniciada em 1941 em Mairinque, perto de Sorocaba e a 74 km da capital do estado, próxima dos centros consumidores e exportadores, São Paulo, Rio de Janeiro e Santos. A São Paulo Electric Co. manteve organização documental nos moldes já seguidos pelas companhias canadenses em São Paulo e Rio de Janeiro com preocupação, obviamente, concernente ao funcionamento de sua estrutura operacional-administrativa e sua análise, acreditamos, pode trazer novas considerações para a história da eletrificação no Brasil. Um pouco mais de cem anos depois o acervo permanece praticamente intocado na ainda afastada localidade da usina, a cerca de 8 km de Sorocaba. O acervo vem sendo pesquisado desde o início de 2016 como parte do projeto de doutoramento, podendo já ser verificada documentação referente a toda a rotina operacional da usina, cronologicamente guardada, com poucas unidades referentes a assuntos não operacionais. Nosso interesse no momento é perceber como C&T aparecem nessa documentação e como podem ter sido transferidas para o Brasil, pois a 1 Agradecemos o apoio da Fapesp fomento n. 2015/03666-5, do Memória Votorantim e da Votorantim Energia na consulta ao acervo.

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Page 1: Apresentação - SBHC · Heloísa Bellotto tanto quanto à natureza do documento, quanto às propostas de descrição. Aliás, sua definição de documento suscitou aprofundamento,

Arquivos privados na prática da história da ciência e da técnica: o caso do acervo

Itupararanga da Light & Power / Brazilian Traction.

Alexandre Ricardi1

Apresentação

Trataremos das formas de préstimo de um arquivo privado ao tornar-se fonte para

compreensão da história da técnica no Brasil, a partir da investigação e análise do

acervo mantido na UHE Itupararanga, em Sorocaba. Usina construída para

fornecimento de energia elétrica para a cidade de São Paulo entre 1911 e 1914 pela São

Paulo Electric Co., subsidiária da Brazilian Traction entre 1909 e 1920, que também

controlava as Light & Power, todas empresas do grupo Pearson (Apêndice A). São

Paulo era então o maior mercado consumidor da Light & Power, absorvendo cerca de

60% da eletricidade ali produzida com o restante sendo distribuído para outras áreas de

concessão como Sorocaba, Una, Piedade e São Roque.

Desde 1974 a usina do Itupararanga pertence ao grupo Votorantim que a adquiriu

para fornecimento de energia elétrica para a produção de alumínio iniciada em 1941 em

Mairinque, perto de Sorocaba e a 74 km da capital do estado, próxima dos centros

consumidores e exportadores, São Paulo, Rio de Janeiro e Santos. A São Paulo Electric

Co. manteve organização documental nos moldes já seguidos pelas companhias

canadenses em São Paulo e Rio de Janeiro com preocupação, obviamente, concernente

ao funcionamento de sua estrutura operacional-administrativa e sua análise,

acreditamos, pode trazer novas considerações para a história da eletrificação no Brasil.

Um pouco mais de cem anos depois o acervo permanece praticamente intocado na ainda

afastada localidade da usina, a cerca de 8 km de Sorocaba.

O acervo vem sendo pesquisado desde o início de 2016 como parte do projeto de

doutoramento, podendo já ser verificada documentação referente a toda a rotina

operacional da usina, cronologicamente guardada, com poucas unidades referentes a

assuntos não operacionais. Nosso interesse no momento é perceber como C&T

aparecem nessa documentação e como podem ter sido transferidas para o Brasil, pois a

1 Agradecemos o apoio da Fapesp fomento n. 2015/03666-5, do Memória Votorantim e da Votorantim

Energia na consulta ao acervo.

Page 2: Apresentação - SBHC · Heloísa Bellotto tanto quanto à natureza do documento, quanto às propostas de descrição. Aliás, sua definição de documento suscitou aprofundamento,

eletricidade esteve associada à expansão do capitalismo financeiro ao final do século

XIX como uma das mais recentes inovações técnicas daquele momento.

1 – O arquivo e os documentos: a proposta

O acervo que ora analisamos está guardado em dois locais diferentes na própria

UHE Itupararanga em Sorocaba e sua autorização para estudo foi dada em 2015 pela

Votorantim, através do departamento Memória, após apresentação em 2014 da Proposta

de pesquisa de Doutorado baseado no acervo documental mantido na Usina do

Itupararanga (Apêndice B). A efetivação da pesquisa consumiu três dias da semana do

pesquisador durante os meses de abril, maio e junho.

Ao realizar diagnóstico do acervo para a preparação da proposta, procedemos ao

mapeamento dos depósitos de documentos, os locais de preservação atuais, conforme

recomendação de Márcia Pazin para organização de arquivos de empresas, a fim de

“fornecer uma visão geral do corpus documental a ser organizado” (2005: 10). Além

disso procuramos estabelecer o volume documental, outra sugestão de Pazin, para

planejar mais acuradamente as etapas de consulta e descrição, mais demoradas e críticas

durante pesquisas de campo e que podem comprometer seriamente os prazos dados

pelos programas de pós-graduação, assim como por agências de fomento à pesquisa.

Dos dois locais de preservação o primeiro abordado pela pesquisa foi o cofre

instalado na casa de máquinas da usina (Apêndice C) onde eram guardadas, até onde

pudemos verificar, as rendas cobradas pelo fornecimento de energia elétrica pública e

privada às cidades de Sorocaba, Una, Piedade e São Roque, além das armas de fogo que

eram mantidas na propriedade. A partir de determinado momento, ainda não sendo

possível determinar exatamente qual, sua função primeira foi descaracterizada e o cofre

foi transformado em repositório de documentos em condições de conservação, senão

ideais, pelo menos razoáveis.

Temos encontrado pouquíssimos sinais de danos e de restos de insetos, sem marcas

de água, apenas com muito pó, sendo que do espaço foi retirada a fiação de energia, a

fim de evitar princípios de incêndio, permanecendo lacrado. Visto a grande quantidade

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de encadernados e pacotes, é inviável estabelecer as dimensões do acervo, e, vale notar,

a manutenção em formato encadernado e os embrulhos em papel kraft tem contribuído

para melhor conservação do material, observamos inclusive que os materiais ali

guardados sem embrulhos ou encadernações se apresentam em pior aspecto.

O segundo local de guarda, ainda não abordado pela pesquisa, é um armário

embutido no terceiro andar da casa de máquinas (Apêndice D) em condições diversas

de conservação. Nele podemos observar, em análise rápida, uma aparente ausência de

organização que, se existiu em algum momento, deve ter sido perdida ou alterada. No

entanto, pudemos verificar a existência ali de encadernados, em um incrível bom estado

de conservação, com os registros dos alunos, nome e número, da escola que era mantida

pela companhia para os filhos dos funcionários da usina, porém, não conseguimos aferir

quantidade maior de material.

Do primeiro local de guarda, o cofre, foram retirados materiais num total de seis

caixas enviadas a São Paulo (Apêndice E) e cuja abordagem pelo pesquisador já previa

na proposta uma limpeza básica do material, em sua maioria encadernados e pacotes

embrulhados com papel kraft, com recondicionamento dos embrulhos, trocando o papel

e os barbantes que os prendem (Apêndice F). A proposta era devolver o material ao seu

local de origem, uma vez que a custodiadora pretende mantê-los na usina por enquanto,

intactos e na mesma organização em que estão guardados, até onde sabemos, nenhum

material foi acrescentado pelos atuais proprietários da usina do Itupararanga, ou seja,

desde pelo menos 1974 essa documentação permanece isolada e intocada.

Do conteúdo das seis caixas trabalhadas durante a pesquisa resultou a descrição feita

em planilha de software Excel, com campos predefinidos, seguindo as orientações de

Heloísa Bellotto tanto quanto à natureza do documento, quanto às propostas de

descrição. Aliás, sua definição de documento suscitou aprofundamento, pois base de

cuidado da pesquisa com a conservação do acervo e para futuras consultas. Para

Bellotto documento seria “… tudo o que seja produzido, por razões funcionais,

jurídicas, científicas, técnicas, culturais ou artísticas pela atividade humana” (1991: 14),

reconhecendo a enorme abrangência dessa conceituação próxima das definições de

outros autores como Theo Thomassen para quem o documento seria “... a menor

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unidade de informação registrada com significado próprio” (2006: 6), que pode ser mais

sucinta, mas não menos abrangente.

Michael Buckland nos lembra que os documentalistas frequentemente definem seu

objeto como “qualquer expressão do pensamento humano”, retomando entre outros,

Suzanne Briet, para quem um documento é “qualquer signo físico ou simbólico,

preservado ou registrado, com a intenção de representar, reconstruir, ou demonstrar um

fenômeno físico ou conceitual” (1998: 221-230).2 À altura em que Briet postulou seus

princípios, seu manifesto sobre a natureza da documentação, Qu'est-ce que la

documentation é de 1951, a arquivologia já havia rearticulado propostas como a de

Paul Otlet, considerado o pai da ciência da informação e que, a partir de seu Traité de

documentation de 1934, passou a considerar todos os objetos potenciais portadores de

informação como documentos. Para Johanna Smit (2008: 15) a proposta de Briet é

oportuna, pois restringe as condições nas quais o objeto poderia ser considerado um

documento, o que vale é a evidência com que outros o percebem como documento.

Sem pretender esgotar o assunto,3 devemos considerar ainda que o acervo

Itupararanga foi formado em período anterior a essas postulações, herança da sociedade

industrial do século 19, quando “… a estrutura organizacional espelhava diretamente a

estrutura das funções dos negócios e na maioria dos casos determinava a estrutura do

arquivo” (THOMASSEM, 2006: 10). Com essas reflexões propusemos inserir e

manejar as informações em banco de dados estruturado sob normas arquivísticas, assim

como executar a tarefa de higienização e conservação, durante a consulta aos

documentos, pensando em dinamizar as tarefas. Procedemos a descrição por série,

seguindo Bellotto que diz que ao contrário de bibliotecas e museus onde o tratamento

documental é feito peça por peça, em arquivos: “… o tratamento técnico é dispensado

não à unidade, mas às séries documentais que formam agrupamentos dentro dos

diferentes fundos” (1991: 17).

2 São regras de Briet: 1. Há materialidade: somente objetos físicos podem ser documentos; 2. Há

intencionalidade: pretende-se que o objeto seja tratado como evidência; 3. Os objetos têm que ser

processados: quando são transformados em documentos; 4. Há uma posição fenomenológica: o objeto é

percebido como um documento. No entanto, para Buckland essas regras não são claras para determinar

quando um objeto se torna um documento. (BUCKLAND, 1998 / SMIT, 2008). 3 Vale inclusive as advertências de Odile Welfelé feitas aos arquivistas sobre os perigos de uma “visão

esclerosada do documento” (2004: 67).

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Aqui cabe discorrermos sobre a natureza do Memória Votorantim, o departamento

que faz a ligação do pesquisador com esse acervo, apesar da guarda ser feita ainda pela

unidade de negócios denominada UHE Itupararanga em Sorocaba. Inaugurado em 2005

como centro de documentação do grupo Votorantim sua “... estrutura conta com

biblioteca, reserva técnica e todos os recursos para os processos de gestão documental”,4

e como centro deve cumprir a função de órgão referenciador ou colecionador com

objetivos fundamentalmente científicos (BELLOTTO, 1991: 16), voltado mais para as

necessidades dos diversos departamentos do grupo, ávidos por informação, o que dá ao

centro alta incidência de consultas.

A documentação do Fundo Itupararanga nos faz pensar quanto a essa função

primeira do centro, pois, ainda que se disponham abertamente ao atendimento de

consulentes externos, possuindo excelente estrutura física e de recursos humanos para

atendimento, sua gerência é exercida por bibliotecária de formação e conta com

historiador em seu quadro fixo, além de pessoal de ciências humanas em seu quadro de

estagiários, nos parece que sua especialidade não mais permanece determinada,

conforme indicado por Heloísa Bellotto.5

O fundo Itupararanga continuará tratando da produção de eletricidade iniciada pela

São Paulo Electric Co. em 1914, porém com uma gama tão maior de tópicos que podem

ali ser observados, inclusive em sua dimensão temporal já que construída durante a

Primeira República, que certamente extrapola os limites de um centro de documentação,

abordaremos alguns desses tópicos adiante. Não temos a pretensão aqui obviamente de

propor qualquer transformação institucional ou que seja repensada a guarda do fundo,

mas somente analisar como os caminhos de um centro de documentação o aproximam

do arquivo em seu alcance como órgão receptor e o que Bellotto chama de fins

4 http://www.memoriavotorantim.com.br/memoria_votorantim/Paginas/memoriavotorantim.aspx. 5 “Só o centro de documentação se preocupa em reunir material, sejam fundos, coleções,

documentação avulsa, em torno de um único tema, mesmo que abrangente, ou ainda em torno da história

de uma empresa ou órgão, dos serviços por ela prestados ou atividades desenvolvidas” (1992: 17).

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secundários, a saber fins culturais e de pesquisa histórica, ou seja, de herança cultural,6

precisam ser considerados pela instituição de guarda.

Em outras palavras, como o que pode vir a ser um importante fundo por seu

ineditismo para a historiografia que versa sobre a eletrificação em São Paulo e no Brasil

pode possuir documentos passíveis de fornecer dados significativos para a “…

sociedade, em cujo seio atuaram os órgãos ou entidades responsáveis por sua

produção/acumulação” (BELLOTTO, 1992: 15). Já cabe comemorarmos junto à

Votorantim o franqueamento do acervo para a pesquisa de doutoramento, pois como

adverte Maria Blassioli:

Geralmente os arquivos de empresas ainda são inacessíveis ao público,

mas algumas empresas que sublinham sua função de responsabilidade social

e utilizam esta função como estratégia de comunicação, têm realizado a

organização de seus arquivos e os têm disponibilizado ao público (2008: 13).

E cabe esclarecer que a pesquisa, assim como a tese, podem servir também para

rompermos os limites, comumemente ditados pelos receios relacionados a questões

jurídicas, que engessam a consulta aos arquivos privados, inviabilizando pesquisas de

cunho acadêmico às vezes. O ponto da estratégia de comunicação levantado por

Blassioli pode ser o definidor que apresentaria o grupo como parceiro das pesquisas em

ciências humanas, assim como já é das engenharias, setor estratégico para os

diversificados negócios do grupo, além de contribuir para a produção historiográfica do

setor elétrico e para os processos da arquivologia.

Muitos diriam que esse tipo de cooperação seria na realidade uma relação simples

de negócios, onde o comprador é beneficiário da comercialização de bens e produtos, o

que implicaria atritos com a produção das ciências humanas, muito mais reticentes a

essas parcerias onde o pagante preocupado tentaria subordinar o que pode e o que não

pode ser publicado. É evidente que o controle pode ser exercido devido às mais diversas

questões, daí que a advertência tem mão dupla, quando alertamos sobre os caminhos

que a instituição pode percorrer, que podem não levá-la onde exatamente seus

6 Segundo Theo Thomassem: “esta função secundária dos arquivos não é inerente aos próprios

documentos, mas é a consequência da ação deliberada de pessoas, famílias, comunidades, governos e

nações em acrescentá-los à sua memória coletiva.” (2006: 8).

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mecanismos de gestão preveem, uma vez que o pesquisador deve ter autonomia em

relação ao detentor da informação, para disponibilizar mais concretamente à sociedade

ocorrências que nem sempre foram esperadas.

Partimos da premissa que grupos empresariais sujeitos apenas às conveniências do

lucro e não de questões sociais, procurarão restringir o livre pensamento, ainda mais

quando não lhes favorece, e a subordinação não pode ser definidora quando trabalhamos

com informações que devem chegar a toda a sociedade. Adotamos então duas posturas

em nosso projeto para deixar claro que a autonomia é intrínseca à pesquisa, anuindo de

imediato que acervos privados representam informação não pública, exceção quando o

custodiador autoriza por documento legal que deseja tornar essa informação pública.

Contudo, ao solicitar aprovação, balizamos que os programas de pós-graduação de

instituição pública produzem pesquisas acadêmicas que se tornam de conhecimento

público. Assim nos comprometemos que submeteríamos ao mantenedor os documentos

que pretendemos abordar e/ou incorporar à pesquisa (RICARDI, 2014: 5), endossando a

seriedade do trabalho científico executado com rigor a fim de estabelecer relação de

confiança, notando que a pesquisa e seus resultados detêm autonomia. A informação

passa a ser de conhecimento público, sendo dada publicidade a ela e à própria pesquisa

a partir da divulgação de seus resultados, como apresentação em seminários e

congêneres, e não somente quando da produção da tese. Não cabe, então, interferência

no trabalho do pesquisador, que se faz dessas partes fragmentadas inclusive, mas que

está comprometido nessa relação de confiança.

Em seguida lembramos que os programas de pós-graduação contam com o apoio

financeiro de diversas instituições de fomento à pesquisa e os integrantes da proposta

que não possuem vínculo empregatício com a mantenedora do acervo procurariam os

canais devidos para solicitação de bolsas de estudo para desenvolvimento da pesquisa.

Reiterando que todos os integrantes tinham ciência de que a aprovação não

caracterizaria esse vínculo nem durante e nem depois de concluída a pesquisa, nos

dispusemos a assinar os documentos que o departamento jurídico entendesse necessário

para resguardar a empresa.

Assim, uma vez mais ficou reiterada a autonomia da investigação com seu suporte

financeiro não subordinado à mesma instituição que detém a guarda do acervo privado.

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E também o comprometimento dos envolvidos ao declararem que não almejam pleitear

elos definitivos com a mantenedora que, ao analisar a proposta, verificou que os

aproveitamentos podiam ser mais relevantes do que os riscos e que não precisavam estar

na posição de beneficiário imediato de bens e produtos.

O volume de informação gerada pode ser tão ou mais interessante quando se dá

acesso aos acervos e Maria Blassioli é enfática afirmando que “... os interesses privados

não devem prevalecer sobre os interesses coletivos sobre o acesso à informação” (2008:

14) parafraseando Manuel Vázquez. O arquivista se compromete com o fazer da

democracia quando permite trânsito ao arquivo de sua instituição para toda a sociedade,

ainda segundo Vázquez; aliás responsabilidade social é evocada por Johanna Smit como

um dos móveis primeiros da ciência da informação (2007: 29).

Citaremos agora dois casos, triviais, para exemplificar entre alguns desses

aproveitamentos, quais sejam a origem do nome Votorantim advinda do trabalho de

consultoria realizado para o evento “100 anos da usina do Itupararanga”, realizado em

2014, e a própria consultoria em si. Dessa consultoria resultou a proposta de pesquisa

do doutoramento já aludida e foi realizada em caráter privado e exclusivo para a

Votorantim ao celebrar o centenário da usina.

Entre as inúmeras informações levantadas, está a origem do nome do grupo advinda

do Salto do Votorantim, a famosa cachoeira “das espumas brancas”7 pintada por Debret

em 18278 e por Almeida Júnior em 18939 e que fora visitada por D. Pedro II em duas

ocasiões em que estivera em Sorocaba. Seu significado não era ignorado, porém não

havia procedência atestada por referência historiográfica e com a pesquisa verificamos

que sua primeira descrição foi feita por August de Saint-Hilaire em 1820 em seu

Viagem à província de São Paulo, parte do périplo pelo Brasil, quando a visitou em

excursão com o ouvidor de Itu em dia chuvoso e registrou que “suas águas saltam,

espumam” (1940: 264).

7 Não se trata do salto do Itupararanga de 300 metros coberto pela barragem da usina a cerca de 8 km

de Sorocaba. A cachoeira do Votorantim, também conhecida como cachoeira da Chave, foi totalmente

engolida pelo perímetro urbano, estando hoje a poucos metros do centro do município de Votorantim e

em estado de degradação ambiental. 8 Queda do Sorocaba em Votorantim, de J. B. Debret. Aquarela sobre papel 13,2 x 22,9 cm, 1827

(LAGO, 2008: 274). 9 Cascata do Votoratim, de Almeida Júnior. Óleo sobre tela, 116 X 87, 1893 (SANTOS, 2004: 25).

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Pudemos inclusive verificar a partir dessa mesma edição que o historiador Francisco

Adolfo de Varnhagen também se referiu ao famoso salto: "Existe, a uma légua da vila

de Sorocaba, no rio de igual nome uma queda de água de cerca de 300 pés ingleses, à

qual se dá o nome de Salto do Vuturatí” (ibidem: 265) e procurou estabelecer-lhe a

etimologia. Para isso recorreu ao jesuíta peruano Antonio Ruiz de Montoya, criador de

duas linguísticas guarani intituladas Tesoro Guaraní e Arte de la Lengua Guaraní, de

onde então o Conde de Porto Seguro menciona:

E' possível que Vuturatí provenha de itú (cascata), ra (cousa semelhante,

que se parece), ty (brancura). Pela decomposição da palavra acima feita,

equivaleria a mesma a cascata branca, nome que, certamente, foi dado a essa

queda de água, por causa da alvura de suas espumas (idem).

E quando citamos a própria consultoria estamos nos referindo aos valores gastos

com uma pesquisa encomendada externamente e a partir do acervo da usina do

Itupararanga, sendo que o domínio de tais informações pode ser de posse da própria

equipe interna. A partir dos instrumentos propostos, a pesquisa e o banco de dados,

essas informações deverão ser desveladas e poderão contribuir para que tais demandas

acabem satisfeitas internamente, valendo, acreditamos, a recomendação que Heloísa

Barbuy faz para a pesquisa em documentação museológica:

O objetivo principal é constituir uma base ampla de informações, que

alimente pesquisas e ações de curadoria, tanto da própria instituição como

externas, e se alimente, por sua vez, das pesquisas realizadas sobre o acervo

institucional ou em torno dele (2008: 37).

2 – O arquivo e os documentos: a pesquisa

Voltaremos agora para o acervo, discorrendo um pouco sobre o que tem sido

encontrado de mais relevante. Até o momento temos como resultado 85 séries descritas,

em um total de 25.300 unidades documentais, com 35.609 páginas verificadas. Com

data limite entre 1911 e 1947, é farta a documentação que se refere a todo o período de

construção e funcionamento da usina, como plantas e mapas, relatórios de progresso das

obras, requisições de compra, contratação de pessoal, relatórios médicos etc (Apêndice

G). Pudemos encontrar poucos documentos que abordam providências prévias à

construção, levantamento de dados, sendo escassos os da inauguração, mas para este

episódio, encontramos razoável quantidade de relatos nos jornais da época.

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Os tipos documentais têm variado, mas observa-se como maioria de tipos o

memorando, comunicação interna feita quase sempre entre o gerente de operações da

usina e a diretoria em São Paulo, tratando de assuntos relacionados à rotina da usina,

identificados pela data e pela seriação numerada que todos recebiam (Apêndice H).

Foram selecionados pelo pesquisador 225 documentos, em um total de 397 páginas,

ressalvando que a série Physical Properties (id 18, 163 páginas, Julho de 1921) poderá

ser integralmente de grande valia para a tese por reunir informações consolidadas, além

de mapas e desenhos da usina e das áreas de concessão.

Por ora, analisando essa documentação pudemos perceber dois modos de

funcionamento dos mecanismos que poderiam ter significado apropriação de C&T de

geração de eletricidade, de técnicas construtivas de usinas etc no Brasil a partir de

Itupararanga naquele período. Essa apropriação sabemos ser parcial ou inexistente

quando se tratava de empresas de capital estrangeiro como a The São Paulo Light &

Power Co., controlada pela Brazilian Traction.

O primeiro deles se daria por via direta e embaraçaria as possibilidades dessa

apropriação se consubstanciar, ficando a contratação de mão de obra especializada

quase que exclusiva a ingleses, canadenses e americanos, os engenheiros, no topo da

hierarquia de todos os processos decisórios na Light & Power até engenheiros

brasileiros começarem a ocupar cargos de alto escalão na estrutura administrativa nos

anos 50. Pudemos verificar em quantidade e em temporalidade muitas comunicações

com oferecimentos e pedidos de emprego trocadas com profissionais radicados no

Chile, Estados Unidos, Canadá etc, mas sempre a efetivação da contratação pela

Canadian Engineering Agency Inc., com sede em Nova York (Apêndice I), demarcando

bem claramente a divisão do trabalho imposta nessas companhias.

O segundo desses modos se daria por via indireta e funcionaria de forma positiva,

pois poderia ser ferramenta para que essa apropriação se materializasse, caso estivesse

em circulação, o que acreditamos que não deveria ser o caso. Temos encontrado grande

número de revistas especializadas editadas em inglês, com assuntos concernentes à

engenharia elétrica, tais como o The Electrical Journal (Apêndice J) publicado nos

Estados Unidos pelo The Westinghouse Club com as seções de artigos (A Surge

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Generator for Transformer Testing); editoriais (A Voltage Regulator Falsely Acused);

Research (Low-Impedance Transmission Towers); Technical Library, entre outras.

Alguns relacionamentos e suas ilações já podem ser feitos, mesmo que uma parte

muito maior do acervo não tenha sido pesquisada, como a troca de mensagens em 1911

entre o supervisor da construção Frank Robbotton e A. R. Mendonça do jurídico da

Light & Power (Apêndice K), documentos da série número 61 do banco de dados.

Mendonça em nota escrita a mão em papel timbrado da companhia, entre outros

assuntos, preveniu o amigo Frank sobre Guido Caldini e Frederico Rizzo, trabalhadores

nas obras em Sorocaba, afirmando que eram considerados anarquistas perigosos e que

não era conveniente tê-los como funcionários. Dias depois Robbotton respondeu a

Mendonça que os dois homens trabalhavam de empreitada há bastante tempo,

construindo casas para o pessoal, além de serem moradores da região, mas arrematou

que “fácil será liquidar negocios com elles” caso a informação tivesse base.

Esse tipo de precaução deveria ser importante justamente em período em que as

relações trabalhistas no Brasil não estavam suficientemente consolidadas, havendo

pouco espaço para reivindicações trabalhistas, quase sempre tratadas como “caso de

polícia” (SEGATTO, 2002: 209), afora o fato de que boa parte da mão de obra era de

imigrantes espanhóis, italianos e portugueses, alguns militantes da causa anarquista.

Exatamente um ano depois, em Agosto de 1912 (Apêndice L), duas caldeiras no

canteiro de obras da usina, uma do motor do plano inclinado e outra de uma barca

guindaste que descarregava areia, foram sabotadas, tendo sido esvaziadas, com a polícia

concluindo que “a pessoa que assim procedeu era bastante conhecedora do trabalho com

caldeira a vapor visto ter deixado o indicador com água presa indicando haver água na

caldeira.”10 Quando as caldeiras foram acesas pelos foguistas ficaram inutilizadas,

parecendo que prudência nunca era demais.

3 – Conclusões

Segundo Johanna Smit o pesquisador é alguém que não se conforma com o que já

sabe, pois acredita que aquilo que ele ainda não sabe é mais interessante do que aquilo

10 Documento ITUPA_065_Oficios de Policia Inquerito sobre atentado, In Officios e [Inquerito] da

Policia - Diversas datas e anno.

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que ele já sabe (2008: 64). Inspira-nos assim à continuidade da investigação no acervo,

mirando a coleta e inserção das informações no banco de dados, para recuperação com

rapidez, eficiência e clareza, ainda que falte uma quantidade maior de informação a ser

triada. Pretendemos que preparando instrumentos de pesquisa para recuperação da

informação aliando com os princípios norteadores da Arquivologia,11 será criado um

caminho para que outros pesquisadores consigam, sozinhos, construir o caminho de sua

pesquisa (MORAES, 2008: 13 / BARBUY, 2008: 36.), habilitando o acesso para

abrigar e difundir os dados, colocando-os à disposição senão de grande número de

pesquisadores, pelo menos para os que forem franqueados pela mantenedora.

Uma vez que o propósito dos sistemas de informação é armazenar e manter o acesso

(BUCKLAND, 1997: 804-809) à documentação e o acervo do Itupararanga deverá

permanecer em Sorocaba, dentro da usina, isto é, fora do alcance da maioria dos

pesquisadores, passou a ser cuidado fundamental a manutenção da informação em

formato eletrônico com o fito de poder recuperá-la. O intuito dessa exposição, se e

como foram desenvolvidas C&T de eletricidade no Brasil a partir da disposição oficial e

privada durante a Primeira República, acabou sendo influenciado pelas necessidades e

inquietações com relação ao acervo, mostrando que há muitos caminhos a percorrer.

Relembro que essa questão está associada com a tese que investiga os liames entre a

S.P.E. Co. e a Brazilian Traction e entre esta e a Canadian and General Finance.

Odile Welfelé adverte que em certos domínios os historiadores consideram que “os

arquivos são uma coisa séria demais para ser deixada com os arquivistas” (2004: 69),

fazendo concorrência aos profissionais dessa área, mas de forma alguma é nossa

intenção substituir o arquivista procurando fazer-lhe o trabalho. Vale a advertência de

Heloísa Barbuy que questiona se o profissional mais indicado para tratar uma

documentação seria aquele que a utiliza para responder às suas próprias problemáticas

(2008: 33). No entanto, nem sempre é possível que dois profissionais coabitem nos

arquivos como quer Welfelé, o conservador, que coleta a memória e utiliza o seu saber-

fazer e o pesquisador que reflete sobre os novos modos de constituição documental

aceitando esquecer que sabe ou acredita saber o que convém fazer (2004: 67). Por isso o 11 Princípio da proveniência; organicidade; unicidade; indivisibilidade e acumulação. (PAZIN, 2005: 7-

8).

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plano proposto segue as diretrizes apontadas pelas especialistas Johanna Smit e Heloísa

Bellotto, procurando inclusive evitar o que é denominado pela professora Ana Maria

Camargo como um modelo pronto que poderia servir a todos os fundos (2009: 31),

frisando que o cuidado foi ordenar dados para ser possível seu uso e difusão, evitando

também o perigo de “naufragar num mar de documentos” (GOMES, 1998: 125).

Pensando na natureza do acervo Itupararanga, nos veio a indagação sobre as formas

de préstimo desse acervo como fonte para compreensão da história da técnica no Brasil,

como anunciamos na apresentação, se haveria validade por não se tratar especificamente

de um arquivo científico. Nos alinhamos de novo a Ana Maria Camargo que sustenta

que a expressão “arquivos científicos” não seria adequada, pois só seriam científicos por

contaminação, propondo então substituí-la pela expressão “arquivos de interesse para a

ciência ou para a história da ciência” por mais conveniente (2006: 11).

A aplicação do conhecimento científico para a reprodução da vida material passou a

ser uma constante, principalmente a partir do século XIX, quando ocorreu uma

crescente integração do conhecimento aos processos produtivos demonstrando um

relacionamento que aproximou a ciência “dos centros de poder econômico, social e

político, os quais passaram a ter um papel decisivo na definição de prioridades

científicas” (SMIT/ TÁLAMO, 2007: 31). Esse papel se revela de diferentes formas

como, por exemplo, contratação de mão de obra especializada em momento que o país

já formava engenheiros.

E para finalizarmos até o que não é dito pelo documento deve ser examinado e

pressuposto pelo pesquisador, afinal arquivos também existem para que seus produtores

sejam lembrados, é a memória dos produtores que às vezes precisam ser escrutinadas e

percebidas pelo pesquisador quando o memorialista tenta não ser lembrado

(THOMASSEN, 2006: 7). Dois exemplos: o caso da folha de pagamentos confidencial

e a Letter 10910, com aviso colocado para indicar que o que ali havia não deveria ser

lido, mas ao termo acabaria não sendo necessariamente ignorado (Apêndice M).

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APÊNDICE B - Proposta de pesquisa

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