apresentação do powerpointubest.lnec.pt/pdfs/cerejaetal_ene2018.pdf · figura 1 - variação da...

1
Variabilidade nas comunidades de fitoplâncton do estuário do Tejo devido aos ritmos de maré. Rui Cereja 1,2 , Joana Cruz 1 , Marta Rodrigues 3 , Ana Brito 1 , Vanda Brotas 1 1 Mare – Marine and Environmental Sciences Centre, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Campo Grande 016, 1749-016 Lisboa; 2 Instituto Dom Luiz, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Campo Grande 016, 1749-016 Lisboa; 3 Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Av. do Brasil 101, 1700-066 Lisboa; Email para correspondência: [email protected] Comunidades estuarinas de Fitoplâncton Estuários Principal produtor primário dos estuários Base da cadeia trófica Respondem rapidamente a alterações no ambiente Zonas de elevada produção de matéria orgânica Grande variabilidade espacial e temporal Zonas de elevada pressão antropogénica Mais suscetíveis às alterações climáticas que zonas costeiras e oceânicas Utilização de fitoplâncton como indicador de qualidade ambiental Necessário mais conhecimento sobre a resposta das comunidades fitoplânctónicas às variações ambientais Objetivo: perceber a influência dos ciclos de maré na dinâmica das comunidades de fitoplâncton do estuário do Tejo Este projeto foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia através da bolsa de doutoramento PD/BD/135064/2017 atribuída a Rui Cereja, Ana C. Brito foi financiada pelo programa de Investigador Auxiliar atribuída a Ana C. Brito (IF00331/2013). Teve também contribuição dos projetos Interreg iFADO, Interreg COCKLE, NIPOGES (MAR–01.03.02-FEAMP-0013), FCT UBEST (PTDC/AAG- MAA/6899/2014 e pelo projeto estratégico do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (UID/MAR/04292/2013). Alcântara Foto de Teixeiraduarte.com.br Barreiro Foto de: portodelisboa.pt Metodologias Amostragem Semanal de forma a amostrar as diferentes situações de maré Pontos de amostragem: Cais do Lavradio (Barreiro) e Terminal de Alcântara Parâmetros analisados: Concentração de clorofila quantificado por espectrofotometria como proxy de biomassa de fitoplâncton Restantes pigmentos fotossintéticos (Cromatografia Líquida de alta performance) Análise da comunidade utilizando as equações de Uitz et al., (2008) Parâmetros físico-químicos (salinidade, temperatura, pH, profundidade de Secchi, matéria orgânica, inorgânica e sólidos totais em suspensão) Nutrientes (ortofosfatos, silicatos, amónia, nitritos e nitratos) Pluviosidade, radiação e temperatura média do dia e dos últimos sete dias antes da amostragem recolhidos no SNIRH (https://snirh.apambiente.pt/) Análise estatística: Interação entre as várias variáveis através de Análise de Componentes Principais e analise cluster Alcântara Barreiro Imagem composta do Landsat 8 Conclusões: Estuário com vários picos de Clorofila entre maio e agosto, com padrão semelhante em ambos os pontos de amostragem, tendo o ponto mais a montante, em geral, maiores valores de clorofila. Ambos os pontos são dominados por diatomáceas, principalmente na maré cheia, ganhando as clorófitas importância durante a maré baixa. Temperatura do ar e da água, salinidade, radiação solar e pH foram os parâmetros mais relacionados com o aumento da clorofila em geral. Nutrientes não foram fatores limitantes para estas comunidades. Sólidos em suspensão estão principalmente relacionados com matéria inorgânica. Emissões da ETAR de Alcântara são detetáveis na amostragem, principalmente em marés vazias, mas não mostraram influência na concentração de clorofila do local de amostragem. Foto de: Juan Fariñas Barceló Figura 3 - Análise de Componentes Principais para o Barreiro (a) e Alcântara (b) utilizando os parâmetros Clorofila (Chl, concentração em μg/L), nutrientes (amónia, nitritos, nitratos, fosfatos e silicatos em μmol/L) sólidos em suspensão (SPM), matéria orgânica em suspensão (MO), matéria inorgânica em suspensão (MI), Coeficiente de extinção da luz (Coef.Ext), pH, temperatura da água e do ar (Tagua e Tar respetivamente) e radiação, pluviosidade e temperatura média do último dia e dos últimos sete dias (r1, r7, p1, p7, t1, t7 respetivamente). Pontos identificados de acordo com a maré: Maré Cheia Viva, Maré Cheia Morta, Maré Vazia Viva, Maré Vazia Morta. A concentração de clorofila relacionou-se principalmente com a salinidade, pH, temperatura do ar (Tar, t1 e t7), tendo mantido uma relação inversa com o coeficiente de extinção da luz e pluviosidade nas últimas 24 h (p1). Marés vazias apresentaram menor concentração de clorofila, principalmente em Alcântara. Os nutrientes não se relacionaram com as concentrações de clorofila. Esta ausência de relação indicia que estes não são um fator limitante à semelhança de alguns estuários túrbidos como é o caso do estuário do Tejo. Em ambos os pontos, o SPM variou principalmente em conjunto com a matéria inorgânica. Figura 1 - Variação da concentração de (a) clorofila, (b) salinidade, (c) azoto inorgânico total, (d) ortofosfatos e (e) sólidos em suspensão para os pontos de amostragem de Barreiro (azul) e Alcântara (laranja). Marés altas estão sombreadas a cinzento. Pode-se verificar a ocorrência de picos de concentração de clorofila em maio, junho e agosto. Os valores de clorofila atingiram valores mais elevados nas marés altas e no Barreiro, sendo que o pico máximo foi de 8.59 μg/L a 6 de agosto no Barreiro e o mínimo 0,41 μg/L a 29 de junho em Alcântara. A salinidade apresentou um padrão crescente desde 21 PSU em ambos os pontos no início da amostragem até 34.7 PSU em Alcântara em outubro. É visível a ocorrência de elevadas concentrações de ortofosfatos (valores acima de 6 μmol/L) e azoto (valores acima de 150 μmol/L) em Alcântara, principalmente nas marés vazias, provavelmente devido ao emissário da ETAR de Alcântara. a b c d e a b Figura 2 - Variação de clorofila (linha verde no eixo secundário) sobreposta sobre a importância relativa de cada grupo de fitoplâncton (eixo principal: Clorófitas – verde, cianobactérias – azul, criptófitas – amarelo, diatomáceas – castanho e dinoflagelados – vermelho), para o Barreiro (a) e Alcântara (b) ao longo da amostragem. Pode-se ver que ambos os pontos são dominados por diatomáceas tendo as clorófitas também uma importância elevada, principalmente no Barreiro. É possível verificar que a importância das diatomáceas na comunidade é maior quando são registados maiores valores de clorofila. a b

Upload: others

Post on 05-Feb-2021

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Variabilidade nas comunidades de fitoplâncton do estuário do Tejo devido aos ritmos de maré.

    Rui Cereja1,2, Joana Cruz1, Marta Rodrigues3, Ana Brito1, Vanda Brotas1

    1Mare – Marine and Environmental Sciences Centre, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Campo Grande 016, 1749-016 Lisboa; 2Instituto Dom Luiz, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Campo Grande 016, 1749-016 Lisboa; 3Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Av. do Brasil 101, 1700-066 Lisboa; Email para correspondência: [email protected]

    Comunidades estuarinas de Fitoplâncton

    Estuários

    • Principal produtor primário dos estuários

    • Base da cadeia trófica• Respondem rapidamente a

    alterações no ambiente

    • Zonas de elevadaprodução de matériaorgânica

    • Grande variabilidadeespacial e temporal

    • Zonas de elevada pressão antropogénica

    • Mais suscetíveis àsalterações climáticas quezonas costeiras eoceânicas

    Utilização de fitoplâncton como

    indicador de qualidade ambiental

    Necessário mais conhecimento sobre a

    resposta das comunidades

    fitoplânctónicas às variações ambientais

    Objetivo: perceber a influência dos ciclos de maré na dinâmica das

    comunidades de fitoplâncton do estuário do Tejo

    Este projeto foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia através da bolsa de doutoramento PD/BD/135064/2017 atribuída a Rui Cereja, Ana C. Brito foi financiada pelo programa deInvestigador Auxiliar atribuída a Ana C. Brito (IF00331/2013). Teve também contribuição dos projetos Interreg iFADO, Interreg COCKLE, NIPOGES (MAR–01.03.02-FEAMP-0013), FCT UBEST (PTDC/AAG-MAA/6899/2014 e pelo projeto estratégico do MARE - Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (UID/MAR/04292/2013).

    Alcântara

    Foto de Teixeiraduarte.com.br

    Barreiro

    Foto de: portodelisboa.pt

    Metodologias

    • Amostragem Semanal de forma a amostrar as diferentes situações de maré• Pontos de amostragem: Cais do Lavradio (Barreiro) e Terminal de Alcântara• Parâmetros analisados:

    • Concentração de clorofila quantificado por espectrofotometria como proxy de biomassa de fitoplâncton• Restantes pigmentos fotossintéticos (Cromatografia Líquida de alta performance)• Análise da comunidade utilizando as equações de Uitz et al., (2008)• Parâmetros físico-químicos (salinidade, temperatura, pH, profundidade de Secchi, matéria orgânica, inorgânica e

    sólidos totais em suspensão)• Nutrientes (ortofosfatos, silicatos, amónia, nitritos e nitratos)

    • Pluviosidade, radiação e temperatura média do dia e dos últimos sete dias antes da amostragem recolhidos no SNIRH (https://snirh.apambiente.pt/)

    • Análise estatística:• Interação entre as várias variáveis através de Análise de Componentes Principais e analise cluster

    AlcântaraBarreiro

    Imagem composta do Landsat 8

    Conclusões:• Estuário com vários picos de Clorofila entre maio e agosto, com padrão semelhante em ambos os pontos de amostragem, tendo o ponto mais a montante, em geral, maiores valores de clorofila.• Ambos os pontos são dominados por diatomáceas, principalmente na maré cheia, ganhando as clorófitas importância durante a maré baixa.• Temperatura do ar e da água, salinidade, radiação solar e pH foram os parâmetros mais relacionados com o aumento da clorofila em geral.• Nutrientes não foram fatores limitantes para estas comunidades.• Sólidos em suspensão estão principalmente relacionados com matéria inorgânica.• Emissões da ETAR de Alcântara são detetáveis na amostragem, principalmente em marés vazias, mas não mostraram influência na concentração de clorofila do local de amostragem.

    Foto de: Juan Fariñas Barceló

    Figura 3 - Análise de Componentes Principais para o Barreiro (a) e Alcântara (b) utilizando os parâmetros Clorofila (Chl,concentração em µg/L), nutrientes (amónia, nitritos, nitratos, fosfatos e silicatos em µmol/L) sólidos em suspensão (SPM),matéria orgânica em suspensão (MO), matéria inorgânica em suspensão (MI), Coeficiente de extinção da luz (Coef.Ext), pH,temperatura da água e do ar (Tagua e Tar respetivamente) e radiação, pluviosidade e temperatura média do último dia e dosúltimos sete dias (r1, r7, p1, p7, t1, t7 respetivamente). Pontos identificados de acordo com a maré: Maré Cheia Viva,

    Maré Cheia Morta, Maré Vazia Viva, Maré Vazia Morta.

    A concentração de clorofila relacionou-se principalmente com a salinidade, pH, temperatura do ar (Tar, t1 e t7), tendomantido uma relação inversa com o coeficiente de extinção da luz e pluviosidade nas últimas 24 h (p1). Marés vaziasapresentaram menor concentração de clorofila, principalmente em Alcântara. Os nutrientes não se relacionaram com asconcentrações de clorofila. Esta ausência de relação indicia que estes não são um fator limitante à semelhança de algunsestuários túrbidos como é o caso do estuário do Tejo. Em ambos os pontos, o SPM variou principalmente em conjunto coma matéria inorgânica.

    Figura 1 - Variação da concentração de (a) clorofila, (b) salinidade, (c) azoto inorgânico total, (d) ortofosfatos e (e)sólidos em suspensão para os pontos de amostragem de Barreiro (azul) e Alcântara (laranja). Marés altas estãosombreadas a cinzento.

    Pode-se verificar a ocorrência de picos de concentração de clorofila em maio, junho e agosto. Os valores de clorofilaatingiram valores mais elevados nas marés altas e no Barreiro, sendo que o pico máximo foi de 8.59 µg/L a 6 de agostono Barreiro e o mínimo 0,41 µg/L a 29 de junho em Alcântara. A salinidade apresentou um padrão crescente desde 21PSU em ambos os pontos no início da amostragem até 34.7 PSU em Alcântara em outubro. É visível a ocorrência deelevadas concentrações de ortofosfatos (valores acima de 6 µmol/L) e azoto (valores acima de 150 µmol/L) emAlcântara, principalmente nas marés vazias, provavelmente devido ao emissário da ETAR de Alcântara.

    a b c

    d e

    a b

    Figura 2 - Variação de clorofila (linha verde no eixo secundário) sobreposta sobre a importânciarelativa de cada grupo de fitoplâncton (eixo principal: Clorófitas – verde, cianobactérias – azul,criptófitas – amarelo, diatomáceas – castanho e dinoflagelados – vermelho), para o Barreiro (a) eAlcântara (b) ao longo da amostragem.

    Pode-se ver que ambos os pontos são dominados por diatomáceas tendo as clorófitas tambémuma importância elevada, principalmente no Barreiro. É possível verificar que a importância dasdiatomáceas na comunidade é maior quando são registados maiores valores de clorofila.

    a b

    mailto:[email protected]